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Unidade Curricular: Fisioterapia nas fases da vida Adaptações anatômicas e fisiológicas na gravidez, no parto e no puerpério. @LIV_FISO A gravidez é o momento em que ocorre mudanças anatômicas, fisiológicas e biomecânicas para manter a evolução do feto e que seu desenvolvimento consiga acontecer sem problemas. Esses ajustes dão início após a fertilização e permanecem durante a gravidez. OBS.: É importante que o (a) fisioterapeuta compreenda as mudanças no corpo da gestante para que possa adequar os cuidados a nível ambulatorial e a nível intensivo. Para ocorrer a fecundação, é necessário o encontro do espermatozoide com o óvulo, após isso, ocorre a formação do zigoto que se divide em células até gerar o blastocisto, que se fixará ao útero e depois de algumas semanas dará origem ao embrião. As alterações que ocorrem durante a gestação são para o intuito de preparar o útero para receber o embrião, além de providenciar um espaço para o seu desenvolvimento. OBS.: Os ovários são fixos na cavidade abdominal por meio de ligamentos. Muitos acreditam que eles são ligados a tuba uterina, porém, entre eles há um espaço. OBS.: A movimentação das fimbrias produz uma leve sucção para captar o óvulo que foi liberado pelo ovário. OBS.: O endométrio é a camada interna que se modifica para acolher o embrião. O miométrio é a camada muscular responsável pelas contrações uterinas. O perimétrio envolve todo o útero. Ciclo menstrual É o processo fisiológico que ocorre de modo cíclico em todas as mulheres férteis, o marco inicial denomina-se menarca e tende a ocorrer, em média, dos 12 aos 15 anos de idade, podendo ocorrer antes, já a menopausa, o encerramento do processo fisiológico, tende acontecer dos 45 aos 55 anos de idade. Durante o período menstrual, ocorre transformações no útero, que é responsável por preparar a parede uterina para receber um embrião, casa ocorra gravidez. O processo fisiológico possui três fases: Fase proliferativa ou folicular. Fase secretora ou ovulatória. Fase menstrual. Em média, o ciclo menstrual tem duração de 28 dias, podendo haver variações, sendo intermediados pelos hormônios, que são sintetizados pela hipófise (FSH e LH) e pelos ovários (estrogênio e progesterona). A interação entre os hormônios interliga o ciclo menstrual com o ciclo ovariano. OBS.: Existem mulheres que possuem, tanto o ciclo menstrual de menor duração quanto de maior duração. OBS.: O ciclo ovariano ocorre no óvulo e envolve a maturação do folículo ovariano e a ovulação. OBS.: O ciclo menstrual da início a partir do primeiro dia de menstruação. Fase proliferativa ou folicular Ele começa no primeiro dia da menstruação, por não haver gravidez, o endométrio é expulso do útero. Nessa fase, a hipófise começa a produzir o hormônio FSH e no D7 (dia 07), esses folículos começam a sintetizar o estrogênio, que é responsável pelo espessamento do endométrio. OBS.: A famosa cólica que muitas mulheres sentem durante seu período menstrual se deve a essa expulsão do endométrio pelo útero. OBS.: FSH significa hormônio folículo-estimulante, ele é responsável pelo crescimento dos folículos ovarianos. OBS.: Os folículos serão os responsáveis por estimular o endométrio a preparar o útero. O folículo estimulante tem a função de estimular todos os folículos de forma igualitária, com o passar do tempo, apenas um desses folículos, em média, se torna o dominante e também, é o único que permanece no processo de amadurecimento sendo liberado durante a ovulação. OBS.: Pode haver mais de um folículo dominante. Fase secretora ou ovulatória Nessa fase, a quantidade de estrogênio sofre um aumento levando o corpo a sintetizar o hormônio luteinizante (LH), ao finalizar o amadurecimento do ovócito (ocorre por volta do dia 14), ocorre a ovulação. Após esse óvulo ser liberado, o espaço em que ele se encontrava fica uma marca que recebe o nome de corpo lúteo, que tem a função pela reprodução do segundo hormônio feminino, a progesterona. A progesterona possui a importância de impedir a secreção de LH pela hipófise, já no útero, a progesterona iguala o endométrio fazendo com que ele fique rico em fluidos e nutrientes para o provável embrião. O ovulo fica nas tubas uterinas por aproximadamente 24 horas e durante esse tempo, ocorre a possibilidade de ele ser fecundado ou não. Mesmo fazendo todo trajeto pelo órgão interno da mulher, o espermatozoide consegue sobreviver por até 5 dias, sendo assim, caso ela não tenha tido nenhuma relação sexual até 5 dias antes de sua ovulação, há chances de engravidar. Fase menstrual Caso não ocorra a fecundação do óvulo, a queda do LH fará com que o corpo lúteo comece a reduzir de tamanho, em consequência, não haverá produção de progesterona e estrogênio, além da produção do endométrio não surtir efeito e com isso, sendo expelido pelo útero, caracterizando assim, a menstruação. Após isso, começa tudo de novo na fase folicular. OBS.: O corpo lúteo da prosseguimento a produção de estrogênio e progesterona. Porém, caso o óvulo seja fecundado, o embrião começa a sintetizar um hormônio denominado gonadotropina coriônica, que tem a função de manter o corpo lúteo e a produção de progesterona ativos, o corpo lúteo permanece íntegro e com isso, a ovulação não ocorre mais. O ovário, na presença do corpo lúteo, estimula a sintetização de estrogênio e progesterona. Na espécie humana, a gestação tende a durar, em média, por 266 dias, o equivalente a aproximadamente 9 meses. Nesse período, muitas mudanças costumam acontecer, tanto físicas quanto psicológicas, sendo necessário cuidados exclusivos com a saúde da gestante. A gravidez faz com que a mulher tenha alguns sintomas, tais como: Falta da menstruarão. Sensibilidade nos seios. Sono. Náuseas e vômitos. OBS.: Os sintomas costumam variar de gestante para gestante. OBS.: A sensibilidade nos seios ocorre devido o aumento da produção de progesterona e estrogênio, está muito presente no primeiro trimestre da gestação. Algumas gestantes podem apresentar todos os sintomas, enquanto outras não apresentam e só conseguem identificá-lo quando ele está em um nível mais avançado. Diagnóstico O diagnóstico não é feito apenas baseado nos sintomas, é necessário a realização de alguns exames para sua comprovação. Teste de farmácia: exame de fácil acesso e muitas vezes mais acessível em questão financeira, porém, não é o mais confiável uma vez que seu resultado nem sempre mostra a confirmação certa, ou seja, ele apresenta um falso positivo. Exame beta hcg: apresenta a concentração do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hcg) no sangue. Essa concentração é capaz de estimar o tempo da gestação. Exame de imagem (ultrassonografia): é necessário para observar se o óvulo está implantado no local adequado (cavidade uterina) e se a gestação está desenvolvendo de forma correta. OBS.: O exame de sangue (beta hcg) é o mais recomendado para confirmação de gravidez. OBS.: Existem relações do aumento do nível de hcg com CA de câncer de próstata, CA de câncer de ovário, porém, ele é especifico para gestação. OBS.: Existem casos em que o óvulo se fixa na tuba uterina, ou seja, ela está fora do lugar onde deveria estar, sendo denominada de gravidez ectópica. Esse tipo de gravidez é uma gravidez de risco. Duração da gestação A contagem da gestação é feita em semanas, isso se deve pelo fato de os profissionais conseguirem acompanhar o desenvolvimento da gestante, uma vez que seu corpo possui rápido desenvolvimento nesse período. Ele também pode ser contado de duas formas, a partir do momento em que ocorre a fertilização e a partir do primeiro dia da última menstruação. OBS.: Caso a contagem seja feita a partir do momento em que ocorre a fertilização, a gestação temduração de 38 semanas, mas se ela for contada a partir do primeiro dia da última menstruação, a gestação terá duração de 40 semanas. OBS.: Muitas vezes é mais fácil contar a partir do primeiro dia da última menstruação, isso se, a mulher fizer o registro no calendário. A gravidez pode ser dividia em primeiro, segundo e terceiro trimestre. Primeiro trimestre 1° mês: 1 a 5 semanas. 2° mês: 6 a 9 semanas. 3° mês: 10 a 13 semanas. Segundo trimestre 4° mês: 14 a 18 semanas. 5° mês: 19 a 22 semanas. 6° mês: 23 a 27 semanas. Terceiro trimestre 7° mês: 28 a 31 semanas. 8° mês: 32 a 35 semanas. 9° mês: 36 a 40 semanas. Primeiro trimestre Vai da 1° até a 13° semana de gestação, nela, o zigoto se fixa na cavidade uterina liberando hcg, nesse trimestre a mulher já começa a sentir os sintomas, a placenta começa a ser formada, além de os órgãos do embrião já serem formados. OBS.: Zigoto é o óvulo fecundado. OBS.: Esse trimestre necessita de cuidados especiais devido a organogênese. Derivada do sinciotrofoblasto (camada do blastocisto), placenta tem a importante função de nutrir o embrião a partir da 6° semana de gestação, além de ser responsável pela sua respiração, excreção e circulação fetal. Anteriormente, quem era responsável pela nutrição do embrião era o endométrio. Existem dois tipos de placenta: Placenta normal: considerada o ideal, ela se apresenta no fundo do útero, levemente lateralizada. Placenta prévia: se forma próxima a região de colo do útero, sendo necessário cuidados especiais. Quando esse tipo de placenta é identificado na gestante, ela imediatamente é colocada em repouso. Segundo trimestre Nesse trimestre ocorre o crescimento do embrião, uma vez que a mãe consegue sentir seus movimentos. A partir desse trimestre, a placenta se torna responsável pela sintetização de progesterona e estrogênio, que são os hormônios responsáveis pela manutenção da gestação. OBS.: Anteriormente, o ovário era o responsável pela sintetização de progesterona e estrogênio. Terceiro trimestre Durante esse trimestre, ocorre um grande crescimento do embrião, fazendo com que o espaço seja cada vez menor, com isso, os seus movimentos sofrem uma redução e quando acontecem, alguns órgãos são comprimidos e isso faz com que a mãe sinta dor. Hormônios Gonadotrofina coriônica humana (hcg) É secretado pelas vilosidades coriônicas e pela placenta em desenvolvimento, tem a função de manter o corpo lúteo ativo durante toda a gestação, possui grande produção nos três meses e após, ela sofre uma redução. Sua molécula é detectada pelos testes de gravidez. Hormônio lactogênio placentário humano (hPL) ou Somatomamotrofina Coriônica Humana (hSC) Ele auxilia para lactação, ou seja, ajuda os seios da mãe para a alimentação pós-parto, além de alterar o metabolismo da glicose e dos ácidos graxos da gestante para sustentar o crescimento do embrião. Estrogênio e Progesterona Ambos mantêm a maturação dos folículos, ou seja, não permite que outro conjunto comece a se desenvolver. O estrogênio colabora para o desenvolvimento dos ductos mamários, já a progesterona, atua na manutenção do endométrio e ajuda no mecanismo das contrações uterinas. Finalização A gravidez se encerra no parto, momento em que um novo indivíduo vem ao mundo. A data provável do parto (DPP) é no final da 40° semana, podendo ocorrer de duas formas. Parto normal ou vaginal: as contrações uterinas expilem o bebê e a placenta do útero por meio do canal vaginal. Cesária: ocorre por meio de procedimento clínico para a retirada do bebê. OBS.: Caso a mãe opte por ter seu bebê pelo parto normal, ela pode esperar até a 42° semana, não gerando problemas de saúde nem para a mesma e nem para a criança. OBS.: Caso a criança não esteja encaixada na posição correta, se estiver com circular de cordão umbilical ou até mesmo alguma situação de sofrimento fetal, será necessário a realização do parto cesária. Gravidez Metabolismo De acordo com o metabolismo, a gestação é dividida em duas fases, anabólica e catabólica materna. Fase anabólica: ocorre até a 26° semana de gestação, é caracterizada pelo acúmulo de gordura e glicose materna, seu consumo de energia fetal é pequeno. Fase catabólica: acontece após a 26° semana de gestação. Seu consumo energético fetal será maior devido ao crescimento fetal, tudo o que a mãe reservou na 1° fase, será utilizado nessa para a nutrição do bebê e para a mesma. Ganho ponderal A medida que o bebê vai se desenvolvendo na barriga da mãe, ela vai obtendo um ganho ponderal de aproximadamente 12,5 Kg, que é dividido da seguinte forma: Feto: 3,5 Kg. Líquido amniótico, placenta: 2 Kg. Útero: 1 Kg. Mamas: 500 gramas. Liquido extravascular e sangue: 2,5 Kg. Reservas maternas: 3 Kg. Sistema endócrino Durante a gravidez, ocorre uma troca entre os produtos nutritivos e metabólicos do feto e da mãe, ou seja, todos os alimentos que a gestante consome vão para seu bebê. Tireoide: Responsável pela produção de T3 e T4 que durante a gestação, não é possível perceber alguma alteração vinda deles, mas em certos casos, é possível perceber uma hipertrofia fisiológica gestacional, ou seja, o aumento do tamanho da tireoide, ocorrendo somente na gestação, após, ela retorna ao seu tamanho normal, sendo necessário acompanhamento. OBS: Os hormônios T3 e T4 são hormônios responsáveis pela regulação de funções como batimentos cardíacos, movimento do intestino, além da capacidade de concentração do cérebro, o ajuste do ciclo menstrual e da respiração celular. Pâncreas Estrogênio e progesterona promovem a hiperplasia das células β pancreáticas, ou seja, ocorre o aumento das células beta pancreáticas, em consequência, também são elevados: Produção de insulina. Uso periférico. Formação de glicose. OBS.: A formação de glicose sofre um aumento com o intuito de armazenar energia. É comum surgirem casos de hipoglicemia e cetonúria no começo da gestação, já na 2° metade da gravidez, é comum de surgir os hormônios contrainsulinares (lactogênico placentário, cortisol, progesterona e estrogênio), que será responsável pelo aumento da resistência periférica à insulina. OBS.: Cetonúria é o aparecimento de corpos cetónicos (insulina) na urina. OBS.: Em órgãos periféricos, é comum que o desbalanceio ocorra, mesmo com a presença de altos níveis de insulina, porém, é necessário que ocorra o acompanhamento, pois esse desbalanceio pode gerar uma diabetes gestacional. Hipófise e supra-renal Com a presença do corpo lúteo, a hipófise reduz a produção de FSH e LH devido a ausência de estímulo, porém, ocorre o aumento da liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que é estimulada pela supra-renal e com isso, produz mais cortisol. A hipófise também libera a prolactina, que é o hormônio hipofisário responsável pela estimulação do desenvolvimento das glândulas mamárias. OBS.: A cortisol é conhecido como o hormônio do estresse, tendo reações no sistema imunológico, no ciclo circadiano (variações biológicas), na produção de insulina. Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) Conhecido como hormônio do teste gestacional, o HCG tem como efeito manter o corpo lúteo íntegro, ou seja, ele mantém a secreção de estrogênio e progesterona, além de impedir uma nova menstruação. Progesterona Além de ter a função de organizar o endométrio, ele possui os seguintes efeitos: Redução do tônus da musculatura lisa. Redução da contratilidade do útero. Aumento dos níveis de gordura e a temperatura do corpo. Auxílio no desenvolvimento das células produtoras de leite. Estimulação do centro respiratório. Estrogênio É responsável pelo aumento da retenção de líquido, atua na homeostase (equilíbrio) do cálcio no sistemamusculoesquelético, promove o crescimento do útero e dos ductos mamários, além da vascularização da mucosa vaginal. O estrogênio juntamente com a relaxina elevam a flexibilidade das articulações, ou seja, eles deixam os ligamentos mais relaxados. OBS.: A retenção hídrica ocorre devido a reabsorção de sódio (Na) no sistema urinário. Relaxina Atua na dispersão das fibras de colágeno, tendo como maior responsabilidade elevar a flexibilidade da sínfise púbica e da articulação sacrilíaca para que a passagem do bebê seja facilitada. A relaxina atua também com o impedimento das contrações uterinas, ou seja, ela relaxa o miométrio. Prolactina Produzida pela hipófise, a prolactina atua na produção de leite pelas glândulas mamárias, e na 20° semana de gestação, ocorre a produção do pré-colostro em pequenas quantidades. OBS.: Nesse momento podem ocorrer os famosos escapes de leites, molhando o sutiã da gestante. OBS.: Colostro é o leite sintetizado logo após o bebê nascer, é considerado mais líquido do que o leite maduro e é secretado entre três e cinco dias. Ocitocina No começo da gestação, a ocitocina não é muito aparente, porém, a medida que ela vai se desenvolvendo, os seus níveis sofrem um aumento. A ocitocina é secretada pela hipófise posterior para que ocorra uma maior ejeção do leite a medida que a criança suga o leite da mãe. A ocitocina tem os seguintes efeitos: Contração do útero. Ejeção do leite. OBS.: A ocitocina é um hormônio produzido pela hipófise posterior. OBS.: Ambos os efeitos serão necessários no final da gestação e após ela. OBS.: O mamilo é estimulado por meio da sucção (principalmente) e pelo feedback positivo). Sistema cardiovascular É normal a gestante apresentar um aumento de 10 a 20 batimentos cardíacos por minuto (BPM) durante a gestação, isso se deve pela sua ação corporal, ocorre também o aumento do volume sistólico, isso ocorre em decorrência do volume sanguíneo causado pelo aumento do volume de sódio. Com o aumento da frequência cardíaca e do volume sistólico, consequentemente, haverá o aumento do debito cardíaco, que voltará aos seus valores normais após a 32° semana de gestação. Em decorrências hormonais, há uma redução da resistência vascular periférica, ou seja, os vasos ficam mais dilatados, com isso, há também uma redução da pressão arterial (PA) sistólica e da pressão arterial diastólica, já a pressão venosa sofre um aumento, isso se deve pela retenção líquida. OBS.: Débito cardíaco é volume sistólico X FC. Se a gravida costuma ficar muito tempo no decúbito dorsal (barriga para cima), ela pode desenvolver a Síndrome da Hipotensão Supina, que é quando ocorre o comprimento da aorta e da veia cava inferior gerando fraqueza, tonturas, náuseas vertigem, queda na FC e na PS e até mesmo síncope (desmaio), esses sintomas passam quando ela troca de decúbito. Essa síndrome pode ser evitada por meio de orientações, tanto do médico responsável pela gestação quanto pelo (a) fisioterapeuta. Sistema hematológico Devido a retenção de sódio, a gestante desenvolverá anemia fisiológica ou anemia de diluição, nele, ocorrerá a perda de hematócrito devido o volume plasmático ser maior do que os eritrócitos (células sanguíneas), a gestante também pode ter anemia adquirida, ou seja, por falta de ferro. Com as mudanças que o corpo passa devido a gestação e por estar na reta final, os níveis de plaquetas sofrem uma redução no último trimestre com o intuito de preparar o corpo para o parto. Além do alto volume plasmático, a pressão coloidosmótica, ou seja, a quantidade de proteínas dissolvidas no plasma sofrerá uma redução, o sistema fibrinolítico vai reduzindo a medida que o momento do parto vai se aproximando. OBS.: A anemia fisiológica ou anemia de diluição é um quadro característico da gestação, se reequilibrando logo após o nascimento da criança. Sistema respiratório A medida que o pulmão cresce, ele vai empurrando o superior do diafragma, eleva o diâmetro tanto do anteroposterior (AP) quanto do transverso do tórax, ocorre o aumento do consumo de oxigênio (O). Para conseguir preencher essa demanda necessária de oxigênio, o volume da corrente e da capacidade inspiratória sofrem um aumento, isso faz com que a progesterona estimule o centro respiratório, aumentando a frequência e a profundidade das respirações. Com o aumento do volume corrente, ocorre o aumento do volume-minuto que gera uma hiperventilação, que é característica da gestação. Com isso, todas essas alterações podem fazer com que a gestante tenha a sensação de dispneia, ou seja, ela pode sentir ausência de ar. Devido a compressão do diafragma, há redução do: Volume residual (VR). Volume de reserva expiratória (VRE). Legenda: Imagem 1: posição supina (barriga para cima). Imagem 2: posição lateral (direita ou esquerda) Capacidade residual funcional (CRF). OBS.: Volume minuto é o produto de VC x FR. OBS.: A dispneia também está relacionada com aspectos emocionais. Sistema gastrointestinal A digestão dos alimentos ficará mais lenta devido a redução do peristaltismo, que tem como objetivo aumentar o tempo de absorção dos nutrientes para o fornecimento adequado para o bebê, porém, o peristaltismo pode gerar: Êmese gravídica: enjoo, náuseas. Refluxo gastresofágico. Obstipação intestinal: redução dos hábitos fecais em decorrência da compressão. A medida que a gestação se desenvolve, o deslocamento do útero e dos intestinos são para cima, gerando assim, uma piora nas complicações. OBS.: O refluxo gastresofágico pode ocorrer também pelo próprio crescimento da barriga que vai comprimindo os demais órgãos presentes no corpo da mãe. Sistema urinário Em decorrência do aumento do tamanho do útero, a bexiga que antes era uma cavidade pélvica, fica comprimida se tornando um órgão intra-abdominal, com isso, a vontade de fazer xixi aumenta, além do quadro de incontinência urinária, há também o aumento do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular, e consequentemente, há redução na concentração de uréia e creatinina. Os dois fatores apresentados colaboram para que ocorra a polaciúria, ou seja, a gestante faz xixi toda hora. Em decorrência dos hormônios, há a dilatação: Da uretra. Dos ureteres. Das pelves renais. Ou seja, ocorre uma hipotonia dos canais urinários. Dessa forma, a válvula que faz a regulagem da urina não irá funcionar, gerando o refluxo, que é quando uma pequena quantidade de urina não é expelida na hora da evacuação, esse fator acaba fazendo com que mãe contraia um quadro denominado infecção urinária. Além desses fatores, há a dextrorrotação do útero gravídico, ou seja, o útero que antes era antrovertido sofre uma rotação a medida que cresce, que comprime o ureter e impede o escoamento de urina. OBS.: Polaciúria é o aumento da frequência urinária. OBS.: No final da gestação é muito comum haver casos de infecção urinária. OBS.: Útero antrovertido é quando a bexiga se encontra acima do útero. Sistema musculoesquelético No sistema musculoesquelético, o centro de gravidade é deslocado anteriormente devido ao crescimento abdominal, há alteração de curvatura da coluna como hiperlordose lombar, hipercifose torácica e hiperlordose cervical, com isso, ocorre a protusão dos ombros, anteversão da cabeça. Com a relaxina preparando a região pélvica para o parto, ocorre uma maior anteversão pélvica, o joelho fica hiperextendido. Com isso, a gestante tende a jogar o peso nos calcanhares, o arco longitudinal medial é perdido, em decorrência dos hormônios, a pelve fica mais instável, ou seja, o sacro-ilíaco fica mais relaxado. Em decorrência do crescimento abdominal, ocorre a diástase, ou seja, os músculos reto-abdominais se separam um do outro. É comum a gestante possuir parestesia nos membros superiores (MMSS),isso ocorre devido ao aumento do volume sanguíneo, compressão dos meios, principalmente do mediano e do ulnar. Existem alguns fatores que podem gerar agravamento no sistema musculoesquelético, tais como: Postura profissional. Esporte. Traumatismo. Problemas emocionais. OBS.: A diástase dos reto-abdominais é fisiológica até os 3 cm, voltando ao normal após o parto. OBS.: Parestesia são perturbações da sensibilidade tátil, nele, a gestante tende a ter a sensação de formigamento, dormência e/ou ardor. Sistema tegumentar Em decorrência dos hormônios (progesterona e estrogênio), a mãe terá uma ativação dos melanócitos, tendo a pigmentação de área especifica, como: Aréolas. Linha media do abdômen, também conhecida como linha nigra. Vulva. Face. As manchas na face também a denominação de cloasmas gravídico, eles costumam aparecer mais durante a gestação e no puerpério eles vão reduzindo. Para evitar que essas manchas permaneçam na face, é necessário a utilização do filtro solar. Em decorrência do ganho ponderal, a gestante terá tendência em ter: Estrias: aumento de peso, além das fibras de colágeno estarem alteradas. Varizes: aumento de peso, redução do retorno venoso e disposição genética. Aumento nas atividades das glândulas sudoríparas e sebáceas: a grávida transpira mais. Unhas: ficam mais fracas a ponto de ficarem quebradiças. A eflúvio telógeno pós-parto, mais conhecida como queda de cabelo no puerpério é algo comum de acontecer após o nascimento da criança, parando um tempo depois. OBS.: Melanócitos são as glândulas responsáveis pela coloração da pele. OBS.: Pessoas com tom de pele mais escuro, tendem a ter mais pigmento na pele, além da linha alba ser mais pigmentada. OBS.: Em alguns casos, as estrias aparecem devido as fibras de colágeno alteradas. OBS.: Não existe nenhum produto que impeça as estrias de surgirem durante a gestação. Mamas Nas primeiras semanas de gravidez, a sensibilidade sofre um aumento em decorrência do estrogênio e da progesterona, há a preparação para a lactação e com isso, as mamas sofrem um aumento no volume. As aréolas e os mamilos também sofrem uma elevação no volume, além de ficarem mais pigmentados, gerando as bolinhas brancas. A partir da 20° semana de gravidez, é possível notar, espontaneamente, a secreção de colostro. OBS.: Na região da aréola, é comum encontrar bolinhas brancas, elas são denominadas tubérculos de Montgomery e são nodulações superficiais geradas devido aumento de volume de aréola. Sistema nervoso Devido a alteração no retorno venoso, quando a gestante está em supino, principalmente, há uma sobrecarga do plexo venoso extradural, com isso, a sensibilidade sofre um aumento à anestesia regional epidural, por exemplo, caso a gestante fique muito tempo deitada em trabalho de parto, o seu plexo extradural será sobrecarregado, isso faz com que a menor quantidade de anestésico seja o suficiente para gerar efeito. A medida que o útero vai crescendo, o plexo lombossacral é comprimido fazendo com que a gestante desencadeie quadros de neuropatias. O edema dos tecidos moles causado pela retenção líquida pode gerar compressão do nervo, principalmente mediano ou ulnar (se for em menor frequência), gerando a Síndrome do Túnel do Carpo, que tende a desaparecer após o parto. Sistema nervoso Há o aumento na secreção de citocinas, podendo estar relacionada com a melhora ou a piora clínica de doenças imunológicas, como Lúpus e esclerose múltipla (EM), em decorrência da progesterona, a gestante possui um pequeno edema cerebral que afeta a área responsável pela atenção fazendo com que a mesma esqueça as coisas mais rápido. Dessemelhantemente dos outros órgãos fora do SNC, a circulação cerebral não é afetada pelas adaptações que ocorrem durante a gravidez, uma vez que mantem o microambiente sutil do funcionamento do encéfalo. OBS.: Gestantes que possuem EM apresentam uma remissão, ou seja, os sintomas estão controlados. OBS.: O edema cerebral é fisiológico. Estado emocional Durante a gravidez, a mãe passará por: Mudanças de humor. Déficit de memória. Sonolência. Irritação. Ansiedade. Humor deprimido. Fisiologia do parto Uma das características do parto são as contrações do miométrio, que fazem com que ocorra a dilatação do colo uterino e o bebê seja expelido para fora através dos mecanismos de adaptação ao canal de parto, como relaxamento da musculatura e das articulações, movimentação sacral. O parto costuma ser dividido em quatro etapas: Quiescência. Ativação. Estimulação. Involução. Quiescência Está presente em 95% do tempo gestacional, porém, não possui uma contração efetiva devido o tônus do miométrio não ser um tônus relevante, sendo caracterizado pela relativa ausência de resposta aos agentes que determinam a contratilidade do útero. Algumas contrações podem ser observadas durante esse período, mas não há modificação da estrutura cervical e nem dilatação do colo do útero. Ativação Nessa fase há o início das contrações, ocorrendo nas últimas 6° a 8° semana de gravidez, ela é mediada em ação hormonal (prostaglandina, estrógeno e ocitocina) e a medida que as contrações vão acontecendo, o colo uterino é remodelado ficando mais aberto, inflamado e reduz a sua espessura, remodelamento também a matriz extracelular. OBS.: O colo uterino amadurece enquanto se prepara para a passagem do bebê. Estimulação É separada em três momentos: Dilatação: área está sendo dilatada. Expulsão: momento em que a criança está saindo. Dequitação: finalização do trabalho de parto. As contrações uterinas efetivas são consideradas um fenômeno importante por ficarem cada vez mais regulares e frequentes, gerando as dilatações cervicais. Essas contrações são necessárias para que ocorra um adequado trabalho de parto (TP). Involução A involução acontece na presença da ocitocina, que faz com que a contração ocorra mesmo após o parto, porém, menos dolorosa o que antes. O maior tônus do útero mantém a hemostasia após o parto, ajudando na volta do útero ao seu estado normal, antes da gravidez. Períodos do trabalho de parto Primeiro período: dilatação As contrações uterinas só param quando o colo uterino atinge 10 cm de dilatação que é o necessário para a passagem do bebê, nesse momento, a gestante pode ficar na postura em que se sentir mais confortável para que seja possível suportá-las, uma vez que elas são consideradas dolorosas. É importante realizar o monitoramento e registro das contrações uterinas, da dilatação cervical e das condições do bebê e da mãe. Também é realizado: Enteroclisma: o medicamento é aplicado geralmente, por via retal com o intuito de a gestante não defecar na hora do TP. Tricotomia: é feita a depilação da área genital da mãe, caso ela não tenha feito. Amniotomia: rompimento manual da bolsa amniótica, isso se ela não tiver rompido de forma natural. Ocitocina: caso a mãe queira realizar o parto normal, mas não há dilatação o suficiente, é aplicado a ocitocina para agilizar o processo. Anestesia: não é aplicado em um parto natural. OBS.: Para a gestante ficar em uma posição que se sinta confortável, é importante que ela não tenha nenhuma comorbidade relacionada. OBS.: A ocitocina é aplicada somente com a autorização da gestante. Segundo período: expulsão Da início com a dilatação total e finaliza com a saída do bebê. Caso as contrações uterinas não estejam sendo efetivas, ou seja, a gestante está tendo contração e dilatação, mas ainda é necessário um auxílio, nesse caso pode ser utilizado o fórceps ou vácuo-extrator. Além de causar laceração de pele, de região de cabeça e dependendo da posição em que for usado, o fórceps lesiona o plexo braquial, fazendo com quea criança nasça com paralisia braquial obstétrica (PBO). Atualmente, existem critérios rigorosos na hora de utilizar o fórceps, como a posição correta, ou seja, a cabeça sai primeiro que a região glútea, porém, se essa região sair primeiro, é provável que a cabeça fique presa, sendo necessário a utilização do fórceps, OBS.: O fórceps foi muito utilizado nas décadas de 80 e 90, tendo seu uso reduzido após. OBS.: Se o bebê não estiver encaixado de forma adequada, o médico não realiza o parto normal. No momento da saída do bebê é feito a episiotomia, que é uma alternativa para elevar a passagem do bebê, ela pode ser feita de duas formas: Episiotomia mediana: aumento da laceração do esfíncter anal, além da dor e redução da contração da musculatura do assoalho pélvico. Episiotomia media-lateral: aumenta a quantidade de períneos intactos e reduz a dor perineal no pós-parto, porém, se relacionada com o fórceps, ocorre a laceração do esfíncter anal, dispareunia (dor geral), além da dor no pós-parto e redução da força de contração da musculatura perineal. OBS.: Por estar relacionada à violência obstétrica, a episiotomia mediana não é realizada devido a laceração ocorrer da região longitudinal até a região próxima ao reto. Já a episiotomia media-lateral é a mais realizada. Terceiro período: dequitação ou secundamento Nessa etapa, ocorre a expulsão da placenta podendo ser uma saída: Espontânea: por estar conectada ao bebê pelo cordão umbilical, a placenta sai após a saída da criança. Manual: a equipe realiza uma mini operação para a retirada da placenta. Após a saída e a esterilização da placenta, é feito uma revisão do canal de parto para observar se há algo incomum, como um sangramento de forma exagerada. Logo após, é realizado a episiorrafia, que é a sutura do corte. O local ideal para que a placenta se concentre é no fundo do útero (podendo existir variações), a medida que a contrações forem acontecendo no útero, ela vai se deslocando OBS.: A placenta é expelida logo após a saída do bebê. Quarto período: observação 1° hora após o parto, começa o processo de observação em que irá averiguar: Estado geral da mãe e do bebê. Se há sangramentos. Processo de involução do útero. Características principais do trabalho de parto Contrações É considerado uma característica principal do TP, fazendo com que a frequência, intensidade e tempo aumentem, ou seja, o tempo entre uma contração e outra vai reduzindo até ocorrer a dilatação cervical. OBS.: A dilatação do colo uterino máximo (cervical) é 10 centímetros. As contrações começam no segundo trimestre de maneira irregular, geralmente são contrações indolores e de intensidade baixa. Essas contrações são denominadas de Braxton- Hicks, nesse momento, o útero está se preparando para o momento de contração de forte intensidade. A medida que a gestante sente as contrações de maneira mais frequente e de maior intensidade, mais regulares, há a eliminação do tampão mucoso e do líquido pelos genitais, algo que costuma ocorrer em quase todas as gestações uma vez que existam casos de mulheres que tiveram sua bolsa rompida de forma natural. OBS.: O tampão mucoso é uma cerosa de aspectos variados localizado na região de colo do útero. OBS.: A eliminação do tampão mucoso pode ser percebida ou não pela gestante. Posições de parto Litotomia ou decúbito dorsal Posição usada para exames ginecológicos, o litotomia ou decúbito dorsal é considerado relativamente confortável, além de ser muito usada devido ao apoio que a região dorsal possui e não joga o peso total na região sacral. OBS.: Se a gestante não tiver alguma comorbidade, ela poderá realizar a posição em que se sentir mais confortável. Decúbito lateral esquerdo Nessa posição, a gestante também terá apoio de um dos profissionais, ou seja, ele (a) segurará sua perna direita enquanto ela realiza força para retirar o bebê. Gaskin (quatro apoios) Também conhecido como gaskin, a gestante pode realizar esse tipo de posição desde que não sinta nenhum incomodo. Semi sentada Não é uma posição muito recomendada, uma vez que ao se posicionar, o peso ficará todo na região do sacro, que é o responsável pelo aumento da abertura pélvica. Sentada Nessa posição, a gestante pode se sentar em uma bola ou por banquinho, e atrás dela estará um acompanhante escolhido pela mãe que lhe dará apoio físico e emocional. OBS.: Perante a lei n° 11.108/2005, mais conhecida como Lei do Acompanhante, os serviços de saúde como SUS, rede particular e/ou conveniada deve conceder a gestante a liberdade de escolher um acompanhante durante todo o trabalho de parto, além do parto e puerpério, sendo ele (a) pai da criança, parceiro atual pai, mãe, amigo (a), doula. Cócoras Considerada uma posição muito estimulada devido a sua posição vertical, o cócoras faz com que a gestante obtenha uma boa abertura na região pélvica, ou seja, essa posição facilita a saída do bebê. Em pé Nessa posição, a gestante realiza semi-flexão de joelho, suas mãos e sua coluna estão apoiados na parede dando um descanso para a lombar, favorecendo o TP. OBS.: As posições mais verticais (em pé) favorecem o TP. Parto cesárea A cesariana é um tipo de parto cirúrgico, nela, o (a) médico (a) realiza um corte no abdômen e na parede do útero para a retirada do bebê, ela é indicada em situações especificas, tais como: Desproporção céfalo-pélvica: a criança é maior do que a pelve. Apresentação pélvica: caso a criança não esteja encaixada corretamente. Placenta prévia: placenta localizada perto do colo uterino. Doenças maternas ou intercorrências gestacionais, como diabetes e síndromes hipertensivas. Sofrimento fetal agudo ou crônico. O corte é feito no formato de arco próximo a região de sínfise púbica, medindo de 10 a 12 centímetros, não há muito sangramento, a retirada da criança é considerada fácil uma vez que a mãe não precisa fazer força. Pela extração ser considerada fácil, muitas gestantes estão optando por fazer esse tipo de parto, além de médicos (as) sugerirem esse tipo de parto. A maioria das gestantes costuma optar pelo parto cesária, muitas vezes por não conhecerem os benefícios do parto transpélvico. Puerpério Após o nascimento da criança, a mãe entra na fase do puerpério, que se inicia no final do parto e se estende da 6° até a 8° semana. Todos os órgãos da reprodução que se adaptaram ao período gestacional retornam para o seu estado não gravídico, ou seja, de quando a mãe não estava grávida, além das mudanças corporais, a mulher passará por um período modificações psíquicas, podendo ter mais preocupações e questionamentos. Sendo assim, o puerpério é uma fase que necessita de cuidados. O puerpério é dividido em três etapas: Puerpério Imediato: 1° ao 10° dia. Puerpério Tardio: 11° ao 40° dia. Puerpério Remoto: 41° ao 60° dia. Os puerpérios, Imediato e Tardio, são conhecidos como “período de ressoar”, ou seja, a mãe se encontra no resguardo. Além das orientações passadas à gestante no pré-natal e no pré-parto, as orientações passadas no puerpério, como posição de amamentação, cuidados com a mama, estratégia para a troca de fralda também são importantes. Adaptações e fisiológicas do puerpério Útero No útero ocorre a involução uterina, ou seja, o útero retorna ao seu formato não gravídico, ou seja, ele reduz seu tamanho, ocorrendo no decorrer das semanas: Logo após o parto: 15 cm de comprimento, 12 cm de largura, de 8 a 10 cm de espessura, pesando 1 Kg. No final da 1° semana: 500 gramas. No final da 2° semana: 350 gramas. 6° semana: 80 gramas. 8° semana: 60 gramas. Nos três primeiros dias, o útero reduz 1 centímetro e 0,5 cm até tangenciar a borda superior da sínfise púbica, podendo ser acompanhadaou não de cólicas decorrentes da contração uterina. Na 2° semana, é possível palpar o útero e na 6° semana, ele já se encontra em seu formato fisiológico não gravídico. A atividade contrátil permanece acontecendo, sendo importante para o retorno das vilosidades foliônicas que se constituem no endométrio para implante da placenta, a lactação possui um papel relacionado com a involução uterina sendo chamado de reflexo útero-mamário ou efeito de Fergunson, nele, a sucção do mamilo encaminha o estimulo para a hipófise, que libera ocitocina. O colo uterino que antes estava com 10 centímetros para a realização do trabalho de parto, se fecha completamente e volta a se espessar do 7° ao 10° dia de puerpério. A involução também acontece nos ligamentos uterinos, todos os ligamentos que acompanharam o crescimento do útero irão retornar o seu estado não gravídico no puerpério. OBS.: O colo do útero de uma mulher que não teve filho recebe a denominação de nulípara, enquanto o da mulher que teve mais de uma gestação recebe o nome de multípara. Existem duas situações relacionadas com a involução: Hiperinvolução: costuma ocorrer em: ▫ Mulheres multíparas. ▫ Lactantes. ▫ Mulheres que voltam a praticar exercícios físicos precocemente. Hipoinvolução: costuma ocorrer em: ▫ Gravidez gemelar (gêmeos). ▫ Útero polidrâmnio (produção exagerada de líquido amniótico). ▫ Parto cesárea. ▫ Mulheres não-lactantes (mulheres que não conseguem amamentar). ▫ Situação de infecção, como a endometrite. OBS.: Endometrite é uma enfermidade infecciosa que atinge o endométrio, podendo gerar dores e incômodos (aguda), além de gerar a infertilidade na mulher (crônica). Durante o puerpério, a mulher possui secreção vaginal pós-parto denominada lóquio, seu estado tende a sofrer alterações com passar dos dias: 1° ao 5° dia: sanguinolento (resquícios do endométrio). 6° ao 10° dia: serossanguinolento (mais líquido, mais claro). 11° ao 21° dia: seroso (cada vez mais claro e em pouca quantidade). O lóquio tende a acabar de vez da 4° a 6° semana após o parto, aproximadamente, já a menstruação volta a acontecer em, aproximadamente, 45 dias de puerpério, podendo estar associada com a ovulação. Durante a fase de aleitamento materno, a mãe pode apresentar amenorreia, ou seja, a ausência da menstruação. Em decorrência dos hormônios responsáveis pela produção de leite, pode gerar uma ausência na menstruação, porém, a mulher continuará a ovular. OBS.: Em decorrência da secreção uterina, quem realiza parto cesária também possui lóquio. Genitália externa Nas primeiras 48 horas, aproximadamente, haverá sinais de traumatismo, como vermelhidão e edema, devido a passagem da cabeça da criança, que não durarão muito. Toda a região da genitália externa passará por uma atrofia, ou seja, uma grande redução dos níveis de estrogênio, fazendo com que a mulher a sinta a sua vagina seca, que voltará ao seu estado normal gradativamente. Por passar pela episiotomia durante o puerpério, a mãe poderá dor, ela também poderá apresentar hemorroidas devido a força realizada no período de retirada do bebê. Mamas As mamas se preparam para o aleitamento durante toda a gestação e de 2 a 3 dias após o parto, os seus níveis de prolactina sofrem um aumento, sendo que no 3° dia, a mãe começa a produzir leite materno. Anteriormente, a mulher estava amamentando o colostro, que possui uma maior quantidade de imunoglobulinas (igg e ige), além de ter uma maior quantidade de proteínas e menor de lipídios. Passada das 24 às 72 horas, as mamas recebem a denominação de apojadura do leite ou ingurgitamento mamário prévio, que é o aumento gradual da produção de leite devido ao aumento dos níveis de prolactina, com isso, as mamas aumentam seu tamanho conforme a produção. Há a possibilidade de alguns dos canais seja obstruído, fazendo com que a mulher desenvolva a mastite, que é a inflamação da mama. Com a mastite, a mãe poderá sentir dor, hiperemia, ou seja, crescimento do fluxo de sangue, que deixará a mama avermelhada, a temperatura sofrerá um aumento, para auxiliar na dor, é recomendado a realização de compressas quente, massagens e se a mãe conseguir resistir, realizar a amamentação. OBS.: A boca do bebê também pode causar mastite na mãe, devido as bactérias presentes. Parede abdominal No puerpério, a região da parede abdominal fica flácida em decorrência da redução da sua estrutura (músculos, face da parede abdominal, peritônio), algumas mães chegam a relatar um “vazio” abdominal. Uma alteração corporal fisiológica que costuma ocorrer é a diástase abdominal, ou seja, há o aumento na largura da fáscia do musculo reto abdominal devido a gestação, ela acontece, aproximadamente na 6° semana, chegando a medir de 3 a 4 centímetros e retorna de forma gradual ao seu estado pré-gravídico. quando a diástase é considerada maior que 3, 4 cm, é necessário o auxílio da fisioterapia e de outros profissionais para que ela possa retornar ao seu estado pré-gravídico. OBS.: Caso a diástase seja maior do que 5 cm, pode ser necessário a realização de um procedimento cirúrgico. Aparelho urinário Em decorrência dos hormônios, há o relaxamento de esfíncter, pelve renal. No puerpério, a diurese é reduzida, ou seja, a mãe não sente mais tanta vontade de ir no banheiro fazer xixi, há a hiperdistensão vesical. A bexiga retorna ao seu tamanho normal de forma gradativa, caso ela esteja associada ao anestésico, peridural ou geral, a mulher pode apresentar uma pequena quantidade de urina residual nos primeiros dias após o parto, podendo fazer com que ela tenha incontinência urinária. Outro fator que pode fazer com que a mãe apresente essa doença é a fraqueza na musculatura de assoalho pélvico. OBS.: Urina residual é urina que fica presa na bexiga e não consegue ser eliminada, sendo considerado um dos fatores que gera a incontinência urinária. Peso A sua redução é gradativa, ou seja, com a saída da criança, placenta e sangue, a mãe chega a perder de 5 a 6 Kg, além de perder 2 a 5 Kg em: Eliminar mais urina. Transpirar mais. Ocorre involução uterina. Lóquios. Na reta final do 6° mês de gestação, a mãe ficará, em média, de 1 a 4 Kg acima do peso em que estava antes da gravidez, isso se deve pela amamentação e dos edemas. OBS.: Nem toda gestante apresentará edemas. Alterações psíquicas O puerpério é o período em que a mãe apresenta mudanças de humor, sendo necessário atentar-se à melancolia da maternidade, que é o sentimento de tristeza que a atinge do 3° ao 5° dia, sendo resolvido espontaneamente. Diferentemente da depressão pós-parto, que é de suma importância o tratamento, nele, a mãe não se preocupa somente com consigo, mas com o bebê e isso faz com que sua insegurança, preocupação aumentem, existem fatores que facilitam no surgimento dessa doença, como: Ausência do parceiro e/ou pai da criança. Trabalho. Situação financeira. Além do apoio da família, é necessário que a mulher procure ajuda profissional para realizar o tratamento. OBS.: Não é necessário tratamento para a melancolia da maternidade, uma vez que ela não dura muito tempo. OBS.: A depressão pós-parto vem sofrendo um aumento nos números de casos.
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