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Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) - Epidemiologia: 93% homens; 99% mulheres; 40% com regularidade. - Tipos de cefaleia: *Cefaléia primária: Não é diagnosticada por exames, e não existe uma causa propriamente dita. Cefaleia tensional: É uma dor em aperto ou uma pressão frontal, que também pode ser holocraniana. Está relacionada ao estresse emocional e físico, tendo como sintoma associado tensão muscular. Cefaleia migrânea (ou enxaqueca): É hemicraniana, pulsátil e associada a fenômenos visuais (auras). Cefaleia salvas: Dor retrorbitária e unilateral associada a congestão nasal, lacrimejamento e coriza. *Cefaléia secundária: É um tipo de cefaléia causada por uma doença de base, sendo a dor uma consequência de uma condição sistêmica ou neurológica. Ex.: Cefaléia decorrente de sinusite, dengue, covid, TCE, meningite, etc. - Instalação da dor (classificação das cefaleias): Questionar o início (instalação) da dor na anamnese. Investigar se é uma dor explosiva e aguda (menos de 7 dias) ou subaguda (mais de 7 dias). Aguda emergente (EX.: cefaleia atribuída a sinusite): Cefaleia nova no indivíduo, nunca experimentada previamente. Aguda recorrente (EX.: cefaleia migrânea e tensional): Cefaleia que já ocorreu previamente no indivíduo. Crônica não progressiva (EX.: cefaleia migrânea crônica e cefaleia tensional crônica): Cefaleia que se manifesta em mais de 14 dias por mês, por mais de 3 meses e sem grandes variações da intensidade de dor. Crônica progressiva (EX.: cefaleia atribuída a neoplasia intracraniana e a meningite): Cefaleia que piora, em intensidade, com o passar dos dias, semanas ou meses. *Cefaleia aguda recorrente: Dura de 2-3 dias. *Cefaleia crônica: Permanece sempre, variando intensidade e frequência. - Solicitação de exames: Deve-se solicitar exames quando há manifestações neurológicas, como convulsão, síncope ou vômito em jato; e também em casos de histórico de tromboembolismo, TCE, paciente HIV+, paciente com CA, etc. - Sinais de alerta em casos de cefaleia secundária: Dor súbita e a piora da vida; Cefaleia de início recente; Cefaleia relacionada a TCE; Cefaleia em paciente convulsionando; Cefaleia que interrompe o sono; Sinais neurológicos focais ou sinais meníngeos; Neurologia CEFALEIAS Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) Cefaleia depois dos 50 anos é mais comum em adulto, não em idoso; Paciente HIV+, portador de CA ou coagulopatia; Cefaleia pós relação sexual; Cefaleia insidiosa, com piora progressiva e ápice doloroso súbito. *É uma cefaleia primária com subtipos diferentes (migrânea sem aura, migrânea com aura, síndromes periódicas da infância, migrânea retiniana e complicações da migrânea); *É mais comum em mulheres devido à interferência hormonal; *Atinge principalmente a faixa etária de 30 a 50 anos; *Histórico familiar influencia. *Fator de risco importante: Cefaleia tensional frequente. - Epidemiologia: - Tem início entre a segunda e terceira décadas da vida. - O pico de prevalência se dá na quarta década e, após essa idade, a prevalência reduz progressivamente. - Fases da enxaqueca: - A cefaleia migrânea é caracterizada por crises recorrentes de cefaleia, sendo composta por até 4 fases: 1. Pródromos ou sintomas premonitórios: Precedem a cefaleia por até 48h e ocorrem em 60% dos casos. O paciente tem manifestações de euforia, irritabilidade, raciocínio lento, desânimo, avidez por doces, distúrbios do sono. 2. Aura: Ocorre em 20% dos casos. Há manifestação de sinais e sintomas neurológicos reversíveis (que precedem a cefaleia em até 1h e duram de 5 min até 1h). Fenômenos luminosos, como escotomas cintilantes, hemianopsia, parestesia, hipoestesia, disfasia ou paresia reversíveis, podem ocorrer. *OBS.: Quando a aura da migrânea é composta por escotomas, disartria, vertigem, zumbido, hipoacusia, diplopia, ataxia, parestesias bilaterais e/ou diminuição do nível de consciência é denominada de aura do tipo basilar. 3. Cefaleia: Predomina na região frontotemporal, tem moderada a forte intensidade, dor latejante/pulsátil, com fator de piora a movimentação de rotina. Náuseas, vômitos, foto/fonofobia são sintomas associados. A duração desta fase de dor é cerca de 4 a 72h. *OBS.: 2/3 das crises de dor são unilaterais, mudando a dor de um lado para outro em crises diferentes. 4. Pósdromo: Cansaço pós-crise (exaustão). Há manifestações de fraqueza, depressão, dificuldade de concentração e sensação de cansaço. - Complicações da migrânea: - Migrânea crônica: Quadro de cefaleia ocorrendo em 15 dias ou mais por mês, em pelo menos 3 meses, sem uso abusivo de analgésicos. - Estado migranoso: Quadro de cefaleia (forte intensidade) com duração de mais de 72h sem remissão. - Infarto migranoso: Quadro de infarto isquêmico que ocorre durante uma crise de migrânea há desaparecimento dos sinais/sintomas da aura. *OBS.: O infarto migranoso é mais frequente em mulheres com migrânea e aura, que fazem uso de ACO e tem fatores de risco para doenças cardiovasculares. - Crise epilética desencadeada por migrânea: Crise epilética que ocorre durante ou até 1h da aura migranosa. *OBS.: A fisiopatologia associada a crise epilética está relacionada à hipoperfusão cortical Cefaleia migrânea ou Enxaqueca Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) da fase de aura, a qual desencadeia eventos neurofisiológicos da epilepsia. *Pode haver isquemia cerebral vasoconstrição morte celular de neurônios sequelas (hemiplegia). - Fatores desencadeantes: Estresse, menstruação, alguns alimentos, álcool, luz forte, calor, viagens, odores, fome, alterações do ciclo vigília-sono e mudanças climáticas. - Fatores de melhora: Repouso em local silencioso e escuro, sono e compressa fria nas têmporas. - Enxaqueca silenciosa: *É uma enxaqueca em que pode não haver manifestação dolorosa, porém, há ocorrência de pontos de isquemia vistos em ressonância magnética. - Fisiopatologia: *É uma doença vascular em que os vasos permanecem mais sensíveis, dilatando e contraindo facilmente. Além disso, alguns alimentos e fatores hormonais podem desencadear as alterações vasculares. *Inicialmente, ocorre hiperexcitabilidade cortical no encéfalo do paciente com enxaqueca (herança genética), possivelmente em decorrência da redução do íon magnésio encefálico, do aumento de aminoácidos excitatórios (aspartato e glutamato) e de alterações dos canais de cálcio voltagem- dependentes. *Os sintomas da fase inicial (pródromo) seriam provocados por distúrbios límbico-hipotalâmicos e a aura seria decorrente de uma depressão alastrante da atividade cortical (DAC) que ocorre como consequência da hipoperfusão cerebral. *A fase de dor seria devido à ativação do sistema trigêmino-vascular, resultando em reação inflamatória estéril (sem patógenos) no espaço perivascular ao nível de meninges. *O fenômeno da DAC ativa o núcleo do nervo trigêmeo, que transmite estímulos para as meninges, local onde há liberação de substância P e peptídio relacionado com gene da calcitonina (CGRP). Essas substâncias provocariam vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, promovendo inflamação local. Assim, haveria estimulação das aferências trigeminais, provocando estímulos de dor no núcleo do trigêmeo. - Tratamento abortivo: *Trata-se a crise com analgésico, anti- inflamatórios não esteroidais, relaxantes musculares, antieméticos e triptanos (reduzem a inflamação neurogênica). - Tratamento contínuo (profilaxia): *É realizado em pacientes com 3ou mais crises de enxaquecas ao mês que tenham de 2-3 dias de duração; *Faz profilaxia com betabloqueador de canais de cálcio, antidepressivos e antiepiléticos. - Associada a estresse; Cefaleia tensional Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) - Paciente apresenta tensão muscular ao ser examinado; - É um tipo de cefaleia comum, associada a fatores como: Sexo, etnia, histórico familiar, depressão, fibromialgia, ciclo hormonal, privação de sono, etc. - Quadro clínico: - Dor em aperto ou em pressão, com intensidade leve a moderada. - Pode ser frontal, occipital ou holocraniana. - A dor surge no final da tarde após um dia cansativo de trabalho ou estresse, por exemplo. - Por meio da palpação muscular, observam-se dor (hiperestesia também) e hipertonia da musculatura pericraniana. - Não está associada a náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. - Melhora com a prática de atividade física. - Tipos de cefaleia tensional: - A SBN classifica a cefaleia tensional como episódica ou crônica. *Cefaleia tensional episódica infrequente: Acontece menos que 1 dia/mês. *Cefaleia tensional episódica frequente: Acontece de 1 a 14 dias/mês. *Cefaleia tensional crônica: Ocorre em mais de 15 dias/mês. - Epidemiologia: - É a mais frequente das cefaléias primárias. - Estima-se que a prevalência mundial é de 38%. - O subtipo de cefaleia tensional mais comum é a episódica infrequente (<1 dia/mês). - Acomete um pouco mais as mulheres do que os homens (5:4). - A faixa etária de início é entre 25-30 anos de idade. - A incidência anual de cefaleia tensional episódica frequente é de 14,3 casos/1000 pessoas. - Diagnóstico: *É necessário pelo menos 10 crises preenchendo os seguintes critérios: - Cefaleia com duração de 30 min a 7 dias. - Cefaleia em aperto ou pressão (não pulsátil), bilateral, de leve a moderada intensidade e que não piora à prática de atividade física rotineira. - Ausência de náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. - História pregressa e/ou exame físico sem transtornos. - Fisiopatologia: - Há fatores periféricos e centrais envolvidos. *Em relação à cefaleia episódica, acredita-se que a dor tenha origem na musculatura pericraniana, em pontos musculares de gatilho. *Com o aumento da frequência das crises, acredita-se que haja sensibilização de neurônios localizados no tronco cerebral e na porção rostral da medula espinhal isso promove maior facilidade no desencadeamento de outras crises. - Tratamento: - A mudança de estilo de vida é recomendada primeiramente. O tto costuma ser iniciado quando as crises são frequentes. - Relaxante muscular; analgésicos comuns (dipirona, paracetamol) ou AINES. - Profilaxia: - Antidepressivos, MEV. Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) - É uma cefaleia trigêmino-autonômica, unilateral. Os sintomas autônomos, como lacrimejamento, congestão conjuntival e obstrução nasal, ocorrem do mesmo lado da dor. - Exige tto rápido. - Epidemiologia: - É uma condição rara, cuja prevalência é de 0,01-0,09%. - Acomete mais homens do que mulheres (4:1). - Tem incidência anual de 2,5 casos/100.000 pessoas. - Picos de incidência: Entre 20-30 anos de idade e entre 40-49 anos. - Quadro clínico: - Sintoma guia: Dor unilateral, dor periorbital, supraorbital e/ou temporal forte ou muito forte com duração de 15 a 180 min. - Sintomas ipsilaterais: Hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão conjuntival, edema palpebral, ptose palpebral, sudorese frontal e facial, miose, coriza, obstrução nasal; - A cefaleia em salvas dura no mínimo 7 dias até 1 ano, com períodos de remissão maiores que 1 mês. *Subforma crônica: Dura mais de 1 ano e o período de remissão é menor que 1 mês. - Fenômenos parassimpáticos; - Acometimento de NC V; - Manifestada em horários regulares, com surtos que podem durar de 1-3 meses e crises de 1-3 vezes ao dia; - As crises podem se repetir a cada 6 meses; - A cefaleia em salvas é um tipo de cefaleia primária. - Fisiopatologia: *Consideram hipóteses, como: - Pode ser decorrente de uma doença autoimune que acomete o nervo trigêmeo; - Pode ser decorrente de um processo inflamatório no seio cavernoso ou em proximidades, que pode acometer o nervo trigêmeo; - Pode ser de causa vascular; *Na RM, é possível visualizar hipermetabolismo de região hipotalâmica supraquiasmática ipsilateral à dor. - Tratamento: *O tto é dividido em abortivo e profilático, e tto cirúrgico. *Na subforma crônica: A profilaxia permanece continuamente juntamente ao uso de drogas para abortar crise. *O tto cirúrgico é indicado para casos refratários, casos de efeitos não toleráveis aos medicamentos ou de contraindicações. Um dos principais tto cirúrgicos é a estimulação hipotalâmica. *Abortivo: - Abstinência alcoólica e restrição a odores que possam desencadear crises; - Tratar crise com oxigênio (por máscara facial) a 100% 12L/min durante 20 minutos Estimular vasoconstrição dos vasos e reduzir a circulação de citocinas pró-inflamatórias, a fim de reduzir a inflamação local; - Tratar crise com oxigênio e inflamação com sumatriptana de forma subcutânea (3 injeções ao dia). *Profilático: - Deve ser iniciado após crise da cefaleia em salvas; - A profilaxia dura 15 dias e o seu desmame de 2-3 semanas; Cefaleia em salvas Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) - Uso de lítio, verapamil, valproato de sódio, topiramato, prednisona, corticóide para prevenção de novo quadro inflamatório. ’ - É secundária a doenças. - Deve-se tratar a doença de base e avaliar se a cefaleia persiste; se persistir, então é uma cefaleia ocasionada por outro fator. - Investigar as características da cefaleia secundária. - Buscar alterações no exame clínico, como: Nível de consciência; Cefaleia nova em paciente menor que 5 anos ou maior que 50 anos; Primeiro episódio agudo e intenso; Início abrupto e explosivo; Mudança no padrão de cefaleia; Mais intensa que o habitual; Cefaleia orgástica ou de esforço físico; Paciente HIV+; Uso de coagulante; Após relação sexual; Noturna ou ao acordar; Cefaleia associada a alterações sistêmicas; Estado de mal migranoso (mal estar após cefaleia cessar). - Causas de cefaleias secundárias mais frequentes: - Ressaca, febre, metabolismo, nariz/seios paranasais, pós-traumas, drogas, ocular, coluna cervical, covid, dengue, sinusite, alterações renais e hepáticas, cetoacidose diabética, uso excessivo de medicação, patologias da coluna. - Casos especiais: *Cefaleia por uso excessivo de medicação: Dura mais de 15 dias por mês, sendo associada ao uso abusivo de analgésicos há pelo menos 3 meses. A dor aparece ou piora durante o uso excessivo dos analgésicos. OBS.: O uso excessivo é quantificado quando o analgésico é utilizado por mais de 10-15 dias/mês. *Cefaleia cervicogênica: Dor em uma ou mais regiões da cabeça e/ou face cuja origem é cervical. O diagnóstico é feito pelo bloqueio anestésico do ponto desencadeante da dor, seguido por abolição da cefaleia. *Cefaleia secundária a arterite de células gigantes Mais comum em idosos e associada a dor no m. masseter que pode comprimir a artéria temporal, ocasionando febre e polimialgia. O diagnóstico pode ser realizado por VHS e PCR, e biópsia de artéria temporal. *Cefaleia secundária a disfunção de ATM Associada a bruxismo e luxação da ATM. Pode causar dor a mastigação, zumbido e dificuldade de abertura de boca. A cefaleia pode ser nos maxilares, nas têmporas ou holocraniana. O tratamento é feito com uso de placas e acupuntura. O diagnóstico, normalmente, é feito por dentistas. *Cefaleia secundáriaa nevralgia de trigêmeo Dor de choque, unilateral, desencadeada por estímulos em qualquer ramo do nervo trigêmeo. Gera hipersensibilidade a movimentos de abertura de boca, sons altos e estímulos triviais. O tratamento é feito com medicamento para dor neuropática (anticonvulsivante, gabapentina). É necessário que o paciente faça uma RM para investigar se é problema no NC V ou um tumor, por exemplo. Cefaleias secundárias
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