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1 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 09/03/2022 – parte 3 Medicamentos por mecanismo de ação As estatinas são a primeira droga de escolha para o tratamento da dislipidemia. 1. Inibidores da HMG-CoA redutase (estatinas) – 1ª escolha para o tratamento das dislipidemias 2. Ativadores da lipoproteína lipase (fibratos) – LPL faz hidrólise de triglicerídeo. O fibrato é utilizado para os pacientes que tem aumento do triglicerídeo. 3. Permutadores de ácidos biliares (resinas) – exemplo de resina importante: colestiramina (preço mais elevado), indicado para alguns pacientes específicos 4. Ácido nicotínico – niacina, usado para pacientes com aumento de triglicerídeos. 5. Inibidores de PCSK9 (mais novo tratamento para dislipidemias) – comodidade posológica, facilita a adesão ao tratamento. Estatinas Cargo chefe para o tratamento da dislipidemia. As estatinas diminuem LDL, principal objetivo, e, consequentemente diminuem triglicerídeos. Cronologia... Estatinas que precisam estar na nossa cabeça: sinvastatina, atorvastatina e rosuvastatina (mais nova no mercado). Essa evolução permitiu uma maior potência nos medicamentos mais novos, ou seja, menor dose para o mesmo efeito, o que diminui os efeitos adversos. O maior tempo de meia vida está na atorvastatina e na rosuvastatina. A síntese do colesterol corresponde a uma série complexa de reações com 26 etapas. O processo de síntese do colesterol pode ser interrompido com a inibição da HMG- CoA redutase. Essa enzima catalisa a redução do substrato em mevalonato e envolve o NADPH. Assim, com a inibição da atividade da HMG-CoA redutase a síntese de colesterol não prossegue. A alteração no curso dessa síntese não leva a efeitos tóxicos em decorrência do acúmulo de substrato, mas a inibição do colesterol em estágios avançados o acúmulo de desmosterol pode causar danos a saúde. Questão levantada em aula... se o paciente faz uso de antirretrovirais ele precisaria fazer reajuste de uma estatina. Qual a lógica? Os antirretrovirais são hepatotóxicas, se há lesão hepática, também ocorre diminuição da função hepática, há diminuição da produção de colesterol pelo fígado, por isso não preciso da dose convencional de estatina no paciente que tem lesão hepática. Uso de Atorvastatina, preferencialmente. Na etapa em que a estatina impede a síntese hepática de colesterol não há acúmulo de substâncias tóxicas. O mecanismo primário das estatinas é a inibição da HGM- CoA redutase levando a diminuição da concentração de colesterol no interior da célula. Mas, a gente sabe que as células precisam de colesterol para manter suas funções, então a célula ”percebe” que não está havendo a síntese de colesterol endógeno (produção hepática) e começa a capturar o colesterol presente na circulação sanguínea através da estimulação para a expressão de receptores de LDL na membrana celular. Assim, o mecanismo primário do uso de estatinas também promove o recrutamento do LDL-c para o interior das células, ao diminuir o colesterol endógeno ocorre o estímulo para as células que precisam desse colesterol expressarem receptores LDL para capturar o LDL-c (proveniente da dieta), em excesso. Com a diminuição da produção de LDL, VLDL, IDL da circulação para repor o colesterol intracelular ocorre o aumento dos níveis de HDL, o que aumenta as propriedades antioxidativa e anti aterogênicas. Dislipidemia 2 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 O efeito da estatina começa a ser verificado após 2 semanas de tratamento. A estatina demora em torno de 4 semanas para alcançar níveis estáveis, lembrar que precisa alterar síntese proteica celular, esse processo demora é gradativo. Por isso, o monitoramento para saber da responsividade à estatina demora mais um pouco. Só se faz estatina quando o paciente está com LDL em excesso. O colesterol basal não é alterado com o uso correto de estatina, ou seja, o uso de estatina não prejudica na síntese de hormônios esteroides e não interferem na formação e na função da membrana celular. A escolha da dose da estatina leva em consideração a necessidade de redução de LDL-c de cada paciente. Efeitos colaterais ao uso de estatinas são na maioria das vezes, efeitos tardios (rabdomiólise, aumento de TGP e TGO). Em geral, tem uma segurança boa. Exemplo de caso... Paciente apresenta colesterol de 200mg/dL, e a meta é que esse paciente tenha 130mg/dL. Então, o paciente deverá reduzir o valor de colesterol em 35%. Assim, podermos aplicar essa meta terapêutica na meta dos seis. A meta dos seis funciona da seguinte maneira: - 10 mg de estatina tem a capacidade de provocar 35% de redução do LDL-c, aproximadamente. E, se a dose de estatina dobrar a capacidade de redução da estatina aumenta 6%, e assim sucessivamente como pode- se observar no esquema abaixo. A diferença entre as estatinas consiste na potência (menor dose para gerar o mesmo efeito), efeito colateral, na lipofilicidade (estatina precisa penetrar na célula para gerar efeito) e na farmacocinética (tempo de meia vida). O que interfere mais na escolha da estatina de uso é a potência. Cálculo da dose Quando se quer tratar paciente com doença metabólica, se trabalha com meta terapêutica. Paciente com 230 mg/dL de LDL-c (risco intermediário) e o ideal é que se tenha menos de 100mg/dL de LDL-c. Assim, pode-se constatar que o a percentagem de redução necessária margeia 60%. Observa-se na tabela (Quadro 31.10) e percebe-se que apenas a Atorvastatina e a Rosuvastatina são capazes de alcançar essa meta terapêutica. Quando a percentagem de redução necessária para o uso de estatina atinge o valor máximo tem-se a associação da estatina com demais medicamentos que são capazes de juntos alcançar uma eficácia maior. A professora cobra na prova escolha terapêutica. Regra dos seis – corresponde a redução de -6% dos níveis de LDL-c conforme dose de estatina é dobrada Lovastatina – primeira estatina utilizada clinicamente, muito lipofílica e tem pouca potência (pode penetrar muito na célula e pode levar à mais efeitos adversos – rabdomiólise, mialgia e aumento de transaminases). É administrada por via oral na forma precursora de lactona. A absorção é completa e o metabolismo de primeira passagem, extenso. Os metabólitos são excretados principalmente na bile. Pravastatina – bastante hidrofílica, com isso ela já confere uma menor atividade de conseguir penetrar a membrana celular, fica mais concentrada no sangue. Em baixas doses, mostra-se equipotente com a lovastatina, entretanto, nas doses mais altas (40mg/dia), o efeito de redução do CH é menor. Não precisa de metabolismo de primeira passagem. Em doses muitos altas (40mg/dia) o efeito da Pravastatina é muito reduzido. Pode ser administrada quando se pretende redução do LDL-CH em menor ou igual a 25%. A Pravastatina também reduz os níveis plasmáticos de fibrinogênio, o que aumentaria o risco de sangramento, mas essa ação só é observada em dose mais alta, o que geraria toxicidade. A Pravastatina poderia ser usada em pacientes com doença tromboembólica? O risco seria maior que o benefício, assim, não haveria segurança para o uso de 3 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Pravastatina em pacientes com excesso de coagulação/processos isquêmicos, uma vez que a redução dos níveis plasmáticos de fibrinogênio é um efeito secundário da Pravastatina, isso é, ainda não é bem controlado. Sinvastatina – É duas vezes mais potente do que a lovastatina e mais eficaz. Foi observada maior elevação dos níveis de HDL-CH (quando baixos, e em números absolutos). À semelhança da lovastatina, é lipofílica e administrada na forma precursora de lactona (inativa).A absorção oral é melhor, e o metabolismo de primeira passagem também é extenso – forma ativa → ácido graxo β-OH. O tratamento da dislipidemia tem como única via de administração a via oral. Todas as estatinas sofrem efeito de primeira passagem. Atorvastatina – é uma das mais potentes, também consegue diminuir a porcentagem de até 55% de colesterol, na dose máxima de 80mg. Com essa dose observa-se maior redução nos níveis de TG, quando elevados em condições basais. A atorvastatina tem uma meia vida de 18 a 24 horas, muito mais longa do que as outras estatinas, e exibe propriedade anti oxidante adicional. Devido à meia vida dessa estatina ela não precisa ser prescrita necessariamente à noite para ter mais efeito sobre a síntese de colesterol endógeno. Rosuvastatina – maior potência das que alcançam a maior porcentagem de redução de colesterol dentre todas as estatinas. Melhor de todas as estatinas, porém é a mais cara. Pitavastatina – limite de diminuição de até 40% nos níveis de colesterol, tem a maior potência entre todas as estatinas enquanto a meta terapêutica máxima for a redução de 40% dos níveis de LDL-c. Comentários sobre a tabela de cinética O horário de pico da produção de colesterol é entre 20:00 a 21:00 horas, então se prescreve o uso da estatina no período noturno para beneficiar o mecanismo de ação da estatina, uma vez que até então a maioria das estatinas tinham meia vida curta variando entre 1 a 3 horas. Mas, com o uso da Atorvastatina e da Rosuvastatina essa história de determinação de horário para o uso de estatinas não é mais necessária para essas estatinas especificamente porque a Atorvastatina (14 horas de tempo de meia vida) e a Rosuvastatina (19 horas de tempo de meia vida) apresentam alta meia vida, o que não exige o uso da medicação no horário noturno. Equivalência de dose das estatinas Como utilizar essa tabela?? Exemplo: Paciente em uso de Sinvastatina 40 mg. Quanto isso equivale de Atorvastatina? Ou de Rosuvastatina? Só checar na tabela. 40 mg de Sinvastatina = 5 mg de Rosuvastatina = 20 mg de Atorvastatina. Associação de risco e meta terapêutica Monitoração de efeito e toxicidade ao paciente deve ocorrer de 6 em 6 meses no primeiro ano e nos próximos anos a monitoração pode ser feita de maneira anual. O paciente pode tentar fazer a MEV, e depois de 2 a 3 meses reavaliar. Se o paciente não estiver alcançando a meta terapêutica, deve-se fazer estatina. HDL (L-cat e ApoA) corresponde ao produto do metabolismo de apoproteína com colesterol “ruim”. Por isso, quem mais metabolizar LDL tem mais capacidade de aumentar HDL. Revisando alguns conceitos Droga corresponde a qualquer substância natural ou sintética (substancia criada pelo homem) que, quando administrada ou consumida por um ser vivo, modifica uma ou mais de suas funções, com exceção daquelas substâncias necessárias para a manutenção da saúde normal (água alimentos etc.). Fármaco é a substância química conhecida e com estrutura química definida dotada de propriedades farmacológicas e terapêutica. Os medicamentos são substâncias ou preparações que se utilizam como remédio, elaborados em farmácias ou indústrias farmacêuticas e atendendo especificações técnicas e legais. 4 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Ezetimibe Esse medicamento não tem um grupo específico, ele é sozinho. Esse medicamento é um inibir da absorção de colesterol e faz praticamente a mesma coisa que a estatina, promovendo a expressão de mais receptores LDL para captar o LDL do sangue para o interior da célula, mas o mecanismo que o Ezetimibe faz isso é diferente. O Ezetimibe se liga a uma proteína transportadora, NPC1L1, inibindo o transporte de colesterol e fitoesteróis. Essa proteína fica localizada na membrana da célula, impedindo o transporte do colesterol para o interior de qualquer célula, não exclusivamente na célula intestinal. Esse mecanismo permite que o efeito da estatina seja potencializado, por isso ele é comercializado já junto com a estatina, medicamento conhecido como Vytorin (Sinvastatina + Ezetimibe). Tem rápida absorção, conjugado no intestino a glicuronídeo ativo. Sobre absorção enterohepática (tempo de meia vida de 22 horas), 80% excretado nas fezes. Não parece inibir a CYP3A4. Demora cerca de 2 semanas para atingir níveis estáveis e começar a ter ação. Reduz o LDL-c, em conjunto com estatinas. Há indicação para prescrição do Vytorin quando a meta terapêutica ultrapassa 55%, uma vez que a sinvastatina em dose máxima consegue reduzir cerca de 50% de colesterol e o Ezetimibe 10 a 20% (em conjunto com as estatinas), então o uso desses fármacos em conjunto potencializa a redução do LDL em pacientes graves. Útil em pacientes intolerantes as estatinas, única indicação para o uso sozinho do Ezetimibe. Reações adversas: baixa incidência; reações alérgicas; redução da função hepática, miosite. – Como a dose prescrita de Ezetimibe é bem baixa, não são relatados muitos problemas com relação aos efeitos colaterais. Segurança durante a gravidez e lactação não estabelecida (efeitos teratogênicos relatados em animais). Não precisa administrar com alimento. Dose e interações medicamentosas Função hepática: não é necessário ajuste de dose. Função renal: insuficiência renal grave deve ser monitorada, e a medicação deve ser iniciada somente se houver tolerância a doses baixas de estatinas. Diálise: não é necessário ajuste de dose. Interações medicamentosas Colestiramina: atrapalha na absorção de medicamentos que são absorvidos no intestino, além de vitaminas lipossolúveis. Pode diminuir os efeitos da Ezetimibe. Administrar 2 horas antes ou 4 horas depois da colestiramina. Ciclosporina: uso concomitante pode aumentar os efeitos e os níveis séricos da ciclosporina e diminuir os efeitos da Ezetimibe. Interações com alimentos: a presença e alimentos não afeta significativamente a absorção do medicamento. Resina Uso “tópico”, local. Atua apenas nas células intestinais. Fibratos Classe de medicamentos que se tem os derivados do ácido fíbrico. - Bezafibrato - Ciprofibrato - Genfibrozila - Fenofibrato - Clofibrato Entre os fibratos também temos diferenças entre eles. Diferente meia vida, potência, farmacocinética, efeitos colaterais, preço. Produzem acentuada redução dos VLDL e triglicerídeos, moderada redução no LDL (composição maior é colesterol) e aumento de aproximadamente 10% no HDL. Então, os fibratos são mais direcionados aos pacientes com hipertrigliceridemia ou hiperlipidemia mista. 5 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Os fibratos atuam especificamente para pacientes com hipertrigliceridemia, porque o mecanismo de ação dele é direcionado para o aumento da hidrólise de triglicerídeo. Além de levar a uma redução moderada no LDL e aumento de 10% no HDL, o que não é substancial quando comparado ao uso de estatinas para redução do LDL-c. Os fibratos são derivados do ácido fíbrico que atuam estimulando receptor alfa ativados de proliferação de peroxissoma (PPAR-alfa), o que aumenta a produção enzima de lipase lipoproteica (LPL), responsável pela hidrólise intravascular dos TG, e redução da Apo C3 (responsável pela inibição da LPL). Então, o fibrato aumenta a atividade da LPL por dois mecanismos, levando a uma grande hidrólise de TG, o que facilita sua eliminação. Ciprofibrato: mais barato. Acesso facilitado. Mecanismo de ação Ação evidenciada no 5º dia de tratamento, esse medicamento não tem a latência da estatina para a identificação da ação. Ação rápida! Diminuem principalmente os níveis dos TG e das VLDL (até 70%) e também do colesterol total e do LDL-c (até 20%). Elevam as taxas do HDL-c (até 25%). Aumentam a capacidadefibrinolítica do plasma, potencializam as ações dos anticoagulantes orais. Possuem efeito hipoglicemiante (cuidado com paciente que fazem uso de antidiabético oral). Farmacocinética: são absorvidos rapidamente pelo intestino e excretados pela urina. Devem ser ingeridos durante as refeições (1 a 2 vezes por dia) e são inibidores de CYP3A4. Por serem inibidores de CYP3A4 os fibratos tem muitas interações medicamentosas, uma vez que alteram o metabolismo dos medicamentos que são metabolizados por esse sistema enzimático que é inibido. Potencializa o uso de anticoagulantes orais, cuidado porque o paciente que toma AAS, varfarina, pode ter o risco de sangrar. Muitas reações adversas: sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, dores abdominais, diarreias; tontura; cefaleia; insônia; colestase e litíase biliar; prurido, urticária; diminuição da libido; dores musculares, astenia e miosite (rara); leucopenia. Fenofibrato é uricosúrico – eliminação de ácido úrico pela urina. Dose Fenofibrato Função hepática: E contraindicado em insuficiência hepática grave ou em alterações hepáticas inexplicadas e permanentes. Função renal: Uso não recomendado em pacientes com insuficiência renal grave. Diálise: Não é necessário ajuste. Interações medicamentosas do Fenofibrato – fibrato mais diferente. Ezetimibe, sinvastatina, Pravastatina, lovastatina, colchicina: Podem aumentar risco de miopatia ou rabdomiólise. – Se precisar associar fibrato e estatina é prescrito, isso não é contraindicação é só para ficarmos atentos a esses efeitos adversos. Colestiramina: Pode reduzir os efeitos do Fenofibrato. Ciclosporina: Pode desencadear piora da função renal. Varfarina: Pode resultar em aumento do INR e em possíveis riscos de sangramento. Interações com alimentos. A presença de alimentos não interfere significativamente na absorção do medicamento. Contra indicações Paciente alcoolista; pacientes com alteração da função hepática ou renal, litíase biliar; gravidez e lactação. Exigem controle mais frequente do tempo de protrombina (controle rigoroso) e da glicemia, respectivamente, nos pacientes em uso de coagulantes e diabéticos. O uso de fibrato é realizado quando o valor de TG está maior que 400-500 mg/dL. O uso de fibrato não é iniciado logo quando os TG começam a aumentar, porque orientar o paciente a mudar o estilo de vida e iniciar com uma estatina já pode refletir em uma redução considerável dos níveis de triglicerídeos, não sendo necessário iniciar o uso de fibratos. O fibrato é prescrito quando o TG estiver muito aumentado, nesse momento se tira a estatina e tanta colocar apenas o fibrato. Não tem muita indicação de fazer fibrato e estatina junto por causa da miopatia, mas as vezes é necessário. Deve-se evitar o uso do Genfibrozila associado a estatina porque como se faz doses muito altas desse fibrato, as chances de causar efeitos colaterais é grande. 6 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Permutadores dos ácidos biliares Colestiramina (Questran®) é uma resina de ligação de ácidos biliares. Qual o objetivo dos permutadores dos ácidos biliares? Agem de maneira local, não penetram na célula. Ela age na própria bile. Os sais biliares são componentes orgânicos da bile, e a função deles é permitir a digestão e absorção/reabsorção de gorduras. E, a resina se liga aos sais biliares e impede que ele solubilize essa gordura, as vitaminas lipossolúveis para que elas sejam reabsorvidas. Então, as resinas não se ligam a nenhuma estrutura do nosso organismo, elas agem localmente, se complexam aos sais biliares impedindo a reabsorção de gordura. Isso promove a diminuição da absorção do colesterol exógeno, e levam ao aumento do metabolismo do endógeno (recruta LDL sanguíneo) em ácidos biliares no fígado (mecanismo de ação secundário: melhora o perfil lipídico do sangue). A colestiramina pode funcionar como excipiente de alguns medicamentos, e dessa forma ela aumenta a absorção desses medicamentos, mas isso não tem relação com a dislipidemia. Exemplo: Flotac 70, Diclofenaco com colestiramina (anti-inflamatório). As resinas, na sua forma livre, solta, vão acabar interagindo muito na absorção de substâncias lipossolúveis, impedindo a absorção, como em vitaminas lipossolúveis e varfarina, por exemplo. São fármacos que reduzem a absorção intestinal de sais biliares e, consequentemente, de colesterol. Com a redução da absorção, reduz-se o colesterol intracelular no hepatócito e, por este motivo, aumenta-se o número de receptores de LDL e a síntese de colesterol É potencializado pelo uso de estatinas. Contribui com a ação da estatina. Então, pode fazer uma associação de resina + estatina. Pode promover pequena elevação do HDL-C Vantagem: Pode ser utilizada em crianças, sendo a única liberada para mulheres no período reprodutivo sem método anticoncepcional efetivo. Não é de uso sistêmico. As resinas promovem, mesmo que indiretamente, o aumento na expressão de receptores de LDL nos hepatócitos e, portanto, a remoção aumentada do LDL no sangue e redução da concentração plasmática de LDL-c. Restrição em relação as resinas: podem provocar aumento de triglicerídeos, uma vez há aumento da síntese de sais biliares também promove o aumento da síntese hepática de triglicerídeos. Assim, não é recomendado usar resinas em pacientes com hipertrigliceridemia. A concentração de HDL-c permanece inalterada. Efeitos adversos Como não são absorvidas, a toxicidade sistêmica é baixa. Pode ocorrer sintomas no TGI, como náusea, distensão abdominal, constipação ou diarreia. Interferem na absorção de vitaminas lipossolúveis e de alguns fármacos – clorotiazida, digoxina e warfarin. A colestiramina é apresentada em envelopes de 4g (posologia inicial), mas pode usar até 24g/dia do medicamento. Interações medicamentosas Paracetamol, amiodarona, calcitriol, digoxina, metotrexato, micofenolato, AINEs, anticoncepcionais orais, fenobarbital, cefalexina, furosemida, hidroclorotiazida, metronidazol, Pravastatina: O uso concomitante com colestiramina pode aumentar o clearance desses medicamentos e diminuir seus efeitos. Interações com alimentos. Pode ser administrada com alimentos, sem alteração na absorção. A resina faz efeito rápido, não demora 4 semanas para atingir níveis séricos estáveis e começar a fazer efeito. Para o paciente infartado pode se iniciar um tratamento medicamentoso com a resina e a estatina, pelo menos no primeiro momento, justamente porque o uso da resina tem uma ação mais rápida, assim, o perfil lipídico do paciente melhora em um período mais curto. 7 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Ácido nicotínico Inibe a produção hepática de TG e secreção de VLDL. Assim é diminuída moderadamente o LDL, levando a um aumento do HDL (15 a 35%). A niacina inibe a lipólise e a liberação de triglicerídeo, porque ela inibe a lipase lipoproteica, assim, o transporte de ácidos graxos de cadeia livre para o fígado é reduzido, o que reduz a síntese de TG. É absorvido rapidamente por via oral, se distribui para todos os tecidos e é eliminada pela urina. Tem tempo de meia vida pequena (precisa fazer 3 vezes ao dia, tempo de mais vida de 60 minutos), e por isso precisa ser feito em doses muito altas (2 a 6 gramas diárias), aumentando a possibilidade de reações adversas. Reações adversas Cuidados na titulação da dose do ácido nicotínico na hora da prescrição porque não se pode começar com doses altas. Tem que começar com uma dose inicial baixa, e vai aumentando gradativamente a dose em um intervalo mínimo de 4 semanas a cada titulação de dose, até atingir a meta diária, 1 a 2 gramas. Exemplo de titulação da dose de ácido nicotínico: Semana0 – dose inicial: 500 mg/dia (durante 4 semanas) Semana 4 – aumento para 750 mg/dia (durante mais 4 semanas) Semana 8 – aumento para 1000 mg/dia (durante mais 4 semanas). ... Assim, sucessivamente até se alcançar a dose necessária. Essa titulação se faz necessária por causa dos efeitos adversos relacionados à grande dose. Inibidores da PCSK9 Medicamentos novos, são anticorpos monoclonais, inibidores da PCSK9. São medicamentos que ainda estão com um custo muito alto, não tem genéricos ou similares. Vantagens: não é necessária fazer a aplicação todos os dias, tem umas doses que são semanais e outras que são mensais. Quem é a PCSK9? É uma molécula que se liga aos receptores de LDL na superfície dos hepatócitos, de forma a competir com o LDL, assim essa molécula impede que o LDL seja absorvido pela célula, o que gera um aumento de LDL no sangue. Esse é um dos problemas dos pacientes que tem dislipidemia, porque além de se ligar aos receptores de LDL essas moléculas degradam esses receptores, piorando o perfil lipídico desses pacientes. Então, os medicamentos inibidores dessa molécula aumentam a viabilidade dos receptores (impedindo a ligação do PCSK9 aos receptores de LDL), permitindo uma maior absorção do LDL, para serem metabolizados e eliminados. E, esses inibidores da PCSK9 são anticorpos monoclonais. Vantagens do uso de inibidores de PCSK9: alguns estudos demonstraram que eles reduzem cerca de 50% dos níveis séricos do LDL-c; a posologia é muito boa também, são administrados na forma de injeção subcutânea a cada duas semanas, ou em dose maior, 1 vez ao mês). São dois medicamentos disponíveis com esse mecanismo de ação: - Evolocumabe, na apresentação de 140mg 1 caneta a cada 2 semanas Ou 3 canetas 1 vez por mês - Alirocumabe, na apresentação de 75mg e 150mg. 1 caneta a cada 2 semanas. A escolha da dose depende do peso do paciente e dos níveis de LDL. Esses medicamentos podem ser usados em crianças acima de 12 anos. 8 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Reações adversas Por esse medicamento ser bem seletivo ele apresenta efeitos adversos mais leves. ➢ 10% → nasofaringite ➢ 1 a 10% → infecção do trato respiratório superior, gripe, dor nas costas, reações no local da injeção, reação alérgica, tosse, infecção do trato urinário, sinusite, dor de cabeça e mialgia. Ajuste posológico conforme a função renal 1 – Achar a taxa de filtração glomerular. 2 – Olhar a tabela. Exemplo: Paciente com taxa de filtração glomerular de 30, que faz uso de 20mg de rosuvastatina, precisa fazer ajusta de dose? Deve-se reduzir a dose da Rosuvastatina para 10 mg ou pode trocar para a Atorvastatina. Depois que esta decidida a terapêutica mediante a eficácia, pode-se ponderar outras variáveis, como comodidade terapêutica. Ômega-3 não é um medicamento, é um suplemento. Ele pode ser usado com profilaxia, e para ajudar no tratamento. O ômega-3 é formado por três tipos de substâncias, as mais importantes são o EPA e o DHA. Percentual dividido por essas três substâncias. O EPA tem uma importante ação anti- inflamatória, ele consegue minimizar a ação inflamatória causada pelo LDL, por isso ele tem uma capacidade de prevenção muito grande no paciente com dislipidemia. O DHA tem função importante a nível de sistema nervoso central. O ômega-3 é um suplemento não é um medicamento.
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