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Aula 2 - Erros inatos da imunidade

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1 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
14/02/2022 – Aula 2 
Os erros inatos da imunidade (EII) correspondem um 
conjunto de doenças hereditárias (mais de 430 doenças já 
identificadas), genéticamente heterogêneas, no qual há 
comprometimento específico no desenvolvimento e na 
função do sistema imunológico normal (afetam diferentes 
componenetes da imunidade inata e adaptativa). São 
marcados por uma clínica variável que, geralmente, tem 
inicio na infância, mas o diagnóstico é mais comum em jovens 
e adultos. Deve-se atentar aos sinais de alerta e as 
manifestações clínicas uma vez que grande parte dessas 
doenças se manifestam de forma primária com infecções 
frequentes no trato respiratório, o ideal é o que o 
reconhecimento ocorra na atenção primária.. 
A imunidade inata corresponde ao primeiro mecanismo de 
desfesa ativado, abrange as barreias físicas e químicas, 
células fagocíticas, dendríticas e células natural killer (NK), 
além de proteínas do sistema complemento. A imunidade 
adaptativa apresenta maios especificidade (memória e 
resposta mais eficaz) e abrange os linfócitos T e B. 
Por que os EII acontecem? 
Os EII são ocasionados por mutações monogênicas na linha 
germinativa que resultam na perda de expressão, perda de 
função ou ganho de função da proteína codificada, por isso 
sua clínica é tão variada. Podem ser de herança dominante, 
recessiva, autossômica ou ligada ao X e com penetrância 
completa ou incompleta. Essas falhas pode ser causadas por 
erros embriológicos no desenvolvimento do sistema imune, 
também pela ineficiência ou ausência de alguns dos 
elementos da imunidade. O paciente fica mais sucesptível à 
infecções, doenças autoimunes, doenças inflamatórias, 
tumores malignos, já que a primeira linha de defesa está 
vulnerável. 
Apesar da clínica ser variável, ela apresenta um ponto em 
comum, infecções de “rotina”. Podem se manifestar em 
qualquer idade, seu diagnóstico requer alto índice de 
suspeita e testes especializados. 
O diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais 
para prevenir a morbidade associada à doença significativa e 
melhorar os desfechos do paciente. Por isso, há necessidade 
de reconhecimento precoce dos sinais de alerta dessas 
doenças. 
 
 
 
 
 
 
TESTE DO PEZINHO SUS 
6 DOENÇAS: FENILCETONÚRIA, HIPOTIREOIDISMO, 
FIBROSE CÍSTICA, ANEMIA FALCIFORME, 
HEMOGLOBINOPATIAS, HIPERPLASIA ADRENAL 
CONGÊNITA E DEF. BIOTINIDASE. 
TESTE AMPLIADO- ATÉ ENTÃO, SEM COBERTURA 
OBRIGATÓRIA PELOS PLANOS DE SAÚDE. (ATÉ 50 
DOENÇAS, INCLUINDO EII - SCID E AGAMAGLOBULINEMIA 
CONSULTA PÚBLICA- CONITEC-2020- AMPLIAÇÃO DO 
TESTE DO PEZINHO NO SUS - SANCIONADO POR LEI- 
ALTERAÇÃO COMEÇA A PARTIR DE MAIO 2022 
 
Imunidade inata – corresponde a primeira linha de defesa, 
com uma resposta precoce, padronizada a diferentes agentes 
infecciosos, não tem memória prolongada, e a especificidade 
não é boa (identifica estuturas comuns em grupos de 
patógenos). 
Imunidade adaptativa – se adapta ao estímulo, tem memória 
e é específico. Possui um repertório diverso, identificando 
diferentes epítopos. Em situações de normalidade, não reage 
com antígenos próprios, uma vez que possui tolerância. Ele é 
autocontrolável e aumenta a eficiência de acordo com a 
exposição. 
Componentes do sistema imuno adaptativo 
1- Linfócitos B-CD19+ (produtores de imunoglobulinar); 
CD20+ (linfócitos pré B e linfócito B maduro). 
2- Linfócitos T – CD3+ - reconhecem antígenos de 
superfície celular e são subdivididos em: linfócitos T 
citotóxicos CD8+ (induz morte de células infectadas); 
linfócitos TCD4+ (recrutamento e ativação da 
fagócitos e outros leucócitos, ajudam os linfócitos B 
a produzir anticorpos) e linfócito Treg CD25+ (função 
inibitória) 
3- Células NK CD56+. 
 
Figura 1: Tipos de linfócitos. 
 
Erros inatos da imunidade 
 
2 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
Manifestações clínicas 
Como já dito, as manifestações clínicas dos EII têm inicio na 
infância, mas algumas podem iniciar após a segunda ou 
terceira década de vida, e outras podem ser transitórias 
(como a hipogamaglobulinemia na infância, importância da 
história patológica pregressa na anamnese). 
As manifestações mais comuns são infecções de repetição; 
infecções graves (sepse, meningite, pneumonias complicadas 
e de evolução pouco usual); atraso de desenvolvimento 
pôndero-estatural na criança; abcessos cutâneos profundos e 
recorrentes ou em órgãos internos. Podem também fazer 
parte das manifestações clínicas dos EII, outras patologias, 
como as doenças autoimunes, inflamatórias, alérgicas e 
neoplásicas – em particular as linfo proliferativas (FERREIRA, 
2011; PINTO-MARIZ, 2021). 
Definições de infecções de repetição. 
Otite média aguda: > três episódios em seis meses ou 
quatro em 12 meses 
Rinite infecciosa: > cinco episódios em 12 meses 
Faringite/amigdalite: > três episódios em 12 meses 
Pneumonia: > episódios em 12 meses 
OU ≥ 6 infecções respiratórias em 12 meses 
≥1 infecções respiratórias de vias aéreas superiores por 
mês 
≥3 infecções de vias aéreas inferiores em 12 meses 
 
12 sinais de alerta para IDP neonatos e lactentes 
1- INFECÇÕES FÚNGICAS, VIRAIS E/OU BACTERIANAS 
PERSISTENTES OU GRAVES 
2-REAÇÃO ADVERSA A VACINAS DE GERME VIVO EM 
ESPECIAL A BCG 
3-DIABETES MELLITUS PERSISTENTE OU OUTRA DÇA AUTO 
IMUNE OU INFLAMATÓRIA 
4- QUADRO SEPSE SÍMILE, FEBRIL, SEM IDENTIFICAÇÃO DO 
AGENTE INFECCIOSO 
5-LESÕES CUTÂNEAS EXTENSAS 
6-DIARREIA PERSISTENTE 
7-CARDIOPATIA CONGÊNITA (EM ESPECIAL ANOMALIAS 
DOS VASOS DA BASE) 
8-ATRASO DA QUEDA DO COTO UMBILICAL (MAIOR 30 
DIAS) 
9-HIST. FAMILAR DE IDP OU ÓBITOS PRECOCES POR 
INFECÇÃO 
10-LINFOCITOPENIA (MENOR 2500CEL/MM³) OU OUTRA 
CITOPENIA, OU LEUCOCITOSE SEM INFECÇÃO 
PERSISTENTES 
11-HIPOCALCEMIA COM OU SEM CONVULSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
10 sinais de alerta para IDP em crianças 
* 4 OU MAIS NOVAS OTITES EM UM ANO 
 * 2 OU + SINUSITES GRAVES EM 1 ANO 
 * 2 OU +MESES EM USO DE ATB, COM POUCO EFEITO 
 *2 OU + PNEUMONIAS EM 1 ANO 
 * DIFICULDADE DE GANHAR OU CRESCER 
ADEQUADAMENTE 
 *INFEC. CUTÂNEAS RECORRENTES, PROFUNDAS OU 
ABSCESSOS 
 *CANDIDÍASE PERSISTENTE EM CAVIDADE BUCAL OU INF 
FÚNGICA CUTÂNEA PERSISTENTE 
 *NECESSIDADE DE ATB VENOSO 
 *2 OU + INFECÇÕES GENERALIZADAS- SEPTICEMIA 
 * HISTÓRIA FAMILAIR DE IDP 
 
Dez sinais de alerta para EII em adultos. 
1- 2 OU MAIS NOVAS OTITES EM UM ANO 
2- 2 OU + SINUSITES EM 1 ANO NA AUSÊNCIA DE ALERGIA 
3-DIARREIA CRÔNICA COM PERDA DE PESO 
4- 1 OU + PNEUMONIAS EM 1 ANO 
5-INFEÇÕES VIRAIS DE REPETIÇÃO (RESFRIADOS, HERPES, 
VERRUGAS) 
6-ABSCESSOS CUTÂNEAS RECORRENTES E PROFUNDAS OU 
ABSCESSOS EM ORGÃOS INTERNOS 
7-CANDIDÍASE PERSISTENTE EM CAVIDADE BUCAL OU INF 
FÚNGICA PERSISTENTE EM QQ LUGAR 
8-NECESSIDADE DE ATB VENOSO DE REPETIÇÃO 
9-INFECÇÃO POR Mycobacterium tuberculosis ou atípica 
10- HISTÓRIA FAMILIAR DE IDP 
 
Sinais e sintomas importantes em EII. 
● Infecção em local incomum ou por patógeno incomum 
(agentes oportunistas). 
● Diarreia crônica com perda de peso. 
● Febre inexplicada ou recorrente prolongada. 
● Dificuldade de cicatrização de feridas. 
● Ausência de dentes ou queda precoce. 
● Gengivite grave. 
● Fácies sindrômica. 
● Anomalias cardíacas congênitas. 
● Ataxia. 
● Linfadenopatias ou ausência/atrofia de gânglios linfáticos 
e de amígdalas palatinas. 
● Hepatoesplenomegalia. 
● Lesões cutâneas (exantema, seborreia, piodermites, 
abcessos, alopecia, eczemas, telangiectasias, petéquias, 
dermatomiosite, rash “lúpus-like”, úlceras orais, vasculite). 
● Bronquiectasias inexplicadas, pneumatoceles. 
● Doenças autoimunes: tireoidite, anemia hemolítica, 
trombocitopenia, neutropenia, anemia perniciosa, doença 
celíaca, 
vitiligo. 
● Doenças inflamatórias: artrites, doença inflamatória 
intestinal, doenças do tecido conjuntivo; 
● Angioedema (sem urticária). 
● Eosinofilia inexplicada.Fonte: Vieira et al., 2013. 
 
 
 
3 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
Associação de infecções e possíveis falhas imunológicas. 
Infecções respiratórias recorrentes com bactérias 
encapsuladas sugerem alteração no funcionamento da célula 
B. 
Infecção viral grave, infecção fúngica grave oportunista, 
micobactérias atípicas, TB grave sugerem alteração no 
funcionamento de célula T. 
Abscessos cutâneos ou em órgãos, atraso da queda do coto 
umbilical sugerem alteração no funcionamento de fagócitos. 
Infecções por Neisseria recorrente sugerem alteração no 
funcionamento do complemento terminal (C5 a C9) 
Doenças auto imunidade ou/e infecções por pneumococo 
sugerem alteração no funcionamento da via inicial (C2, C3 e 
C4). 
Noções da investigação 
Triagem 
Hemograma para a avaliação quantitativa de leucócitos e 
outras linhagens, além da avaliação da morfologia celular. 
Sorologia HIV. 
Imunoglobulinas séricas IgG, IgM, IgE, IgA e subclasses de 
Iglobulinas. 
Triagem linfocitária (depende de CD4, CD8, CD19, CD20, 
CD56). 
Complemento total hemolítico, C3, C4 e outros após a 
triagem inicial. 
Teste do nitroblue tetrazolium (NBT) e teste DHR (di hidro-
rodamina) que detecta a produção de radicais de oxigênio 
decorrente do burst oxidativo dos neutrófilos. 
Avaliação funcional 
Teste cutâneo de hipersensibilidade tardia – adesão 
leucocitária 
Sorologias vacinais, isohemaglutinas (IgM para antígenos do 
sistema ABO). 
Dosagem de anticorpos anti pneumocócicos após estímulo 
vacinal. 
Imunidade inata = hemograma, CH50, C3, C4, DHR, células NK 
(CD56). Se neutropenia pedir HMG seriados. 
Cardiopatia + hipocalemia cursam com erro de 
imunidade inata. 
Imunidade adaptativa = hemograma, dosagem séricas de 
imunoglobulinas IgG, IgM, IgA. Resposta a vacina: qualidade 
das imunoglobulinas (IgG hemófilo, pneumococo, 
meningococo); subpopulações de linfócitos CD3, CD4, CD8, 
CD19. 
Teste PPD → teste de sensibilidade tardia. 
Fazer uma dosagem de imunoglobulinas antes da 
vacina de pneumo 23 e depois, para fazer uma 
avaliação funcional. 
 
Propriedades da imunidade no idoso 
Imunossenescência 
Processo natural de envelhecimento com aumento da 
susceptibilidade a infecções, distúrbios autoimunes, doenças 
crônicas, cardiovasculares e neoplasia (acima dos 60 anos). 
Redução de células T de memória de células tronco 
Redução da cooperação de linfócitos B e T 
Redução de moléculas regulatórias. 
Avaliação da competência imunológica no adulto 
Em adultos, o tempo entre a primeira manifestação 
clínica relacionada ao EII e o diagnóstico leva 
aproximadamente quatro anos. 
O hemograma com contagem diferencial de células pode 
evidenciar linfopenia, <1500 linfócitos/µL em adultos, 
relacionada a EII de anticorpos ou celular combinada, 
neutropenia e leucocitose (infecção crônica). 
Lembrar que infecções, malignidade, autoimunidade e auto 
inflamação podem estar relacionadas ao EII. 
O que avaliar no paciente adulto?? Avaliação de citocinas e 
investigação genético molecular. 
Pensar em comorbidades... será que a comorbidade faz parte 
de uma síndrome de EII. Comorbidades com imunodeficiência 
secundária (abuso grave de álcool ou drogas, SIDA, fibrose 
cística). 
ANOS ATRÁS = DIABETES MELLITUS, NEFROPATIAS, 
DIARRÉIAS, 
NEOPLASIAS = PERDA IMUNOGLOBULINAS 
SECUNDÁRIA. 
Medicina multidisciplinar 
Citopenias nos EII → hematologista/ oncologista 
Autoimunidade e inflamação → reumatologista 
Diarreia persistente → gastroenterologista 
 
4 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
Pneumopatias → pneumologista 
Classificação fenotípica dos EII 
Os EII, são classificados em oito categorias definidas pela 
International Union of Immunological Societies (IUIS): 
imunodeficiências combinadas das células T e B, síndromes 
de imunodeficiência bem definidas ou imunodeficiências 
combinadas com características sindrômicas, as deficiências 
predominantemente de anticorpos, doenças da desregulação 
imunológica, defeitos de número ou função de fagócitos, 
defeitos na imunidade inata, distúrbios auto inflamatórios e 
deficiência de complemento 
1- Imunodeficiências combinadas células T e B 
2- Imunodeficiências predominantemente de anticorpos 
3- Defeitos da imunidade inata 
4- Deficiência de complemento 
5- Defeitos de fagócitos 
6- Doenças de desregulação imunes 
7- Doenças auto inflamatórias 
8- Síndromes bem definidas que cursam com IDP 
(imunodeficiência primária) 
Imunodeficiências predominantemente de anticorpos 
A imunodeficiência predominantemente de anticorpos 
representa o tipo mais comum de imunodeficiência. Os 
pacientes com esse fenótipo comumente apresentam 
infecções bacterianas recorrentes do trato respiratório 
superior e inferior por bactérias encapsuladas (Giardia → 
diarreia crônica). 
Nesse tipo de EII a principal célula envolvida é o linfócito B 
(imunidade humoral). O quadro clínico, mais uma vez, é bem 
variável, podendo ser desde assintomático até fatal 
dependendo do nível da mutação. 
A maturação do linfócito B (CD19+) se inicia na medula óssea 
e é finalizada na periferia quando um antígeno é apresentado 
à célula por uma célula apresentadora de antígeno. 
A imunodeficiência predominantemente de anticorpos, na 
América Latina, está relacionada a deficiência de IgA. 
O IgA é o principal encontrado nas mucosas, quando 
na forma de dímero (2 moléculas unidade por um 
peptídeo). Está presente na lágrima, saliva, suco 
gástrico e secreções pulmonares. Não é responsável 
por fixar o complemento. Tem a função de 
neutralizar o vírus ainda na mucosa, impedindo o 
estabelecimento da infecção (entrada do vírus na 
célula, por exemplo), assim diz-se que o IgA faz a 
primeira linha de defesa, uma vez que ele se 
encontra sobre a mucosa. 
Idade de início: desde a infância ao adulto. 
Caracterizada por infecções recorrentes de gravidade 
variável. Os patógenos mais frequentes relacionados são o S. 
pneumoniae, Hib, S. aureus, enterovírus, Campylobacter, 
Giardia, Criptosporidium. E, os órgãos mais afetados por 
infecções são os sinopulmonares e os gastrointestinais. 
Há comprometimento da produção de um ou mais classes de 
Ig, ou na função de um deles. 
Há infecções de vias aéreas recorrentes por germes 
encapsulados. 
1- AGAMAGLOBULINEMIA LIGADA AO X 
Doença de caráter recessivo: mutação que codifica a tirosina 
quinase de Bruton, essencial para o desenvolvimento e 
maturação de células B na medula óssea 
Compromete toda a imunidade humoral, é um defeito na 
medula óssea, diminuição ou ausência de linfócitos B 
maduros e todos os tipos de Ig. 
IgG menor que 200mg/dL 
IgA e IgM abaixo de 20mg/dL 
Linfonodos periféricos e tonsilas pouco desenvolvidos 
Infecções por germes encapsulados 
Paciente não pode receber vacina de vírus atenuado. 
Infecções do SNC pelo virus atenuado da vacina da 
poliomielite e coxsakievirus. 
Com frequência os pacientes vão apresentar bronquiectasia. 
Agamaglobulinemia ligada ao X - Doença de Bruton: 
corresponde a forma grave. 
Germes encapsulados - S. aureus, Pseudomonas sp, diarreia 
persistente por G. lamblia. 
Infecções virais - combate ineficiente 
Germes oportunistas - são raras, refletindo a eficiente 
resposta celular (micobactérias, histoplasmose). 
Paciente do sexo masculino aos 4 anos de idade: OMA de 
repetição a partir dos 3 meses de idade; 4 pneumonias dos 2 
aos 4 anos (uma delas com derrame pleural associado); 
celulite em MIE aos 3 anos sendo internado; exame físico: 
ausência de amígdalas; hemograma normal, imunoglobulinas 
começas a diminuir aos 6 meses (queda das IgG materna); 
níveis baixos ou ausentes de imunoglobulinas (pelo menos 2 
desvios padrão abaixo do valor médio para a idade); ausência 
de célula B (CD19) detectável por citometria de fluxo; exame 
genético; risco de bronquiectasias; vacinas de vírusvivos são 
contra indicadas. 
 
 
 
 
5 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
 
 
 
 
Aconselhamento genético – mãe, tias maternas devem ser 
rastreadas. Podem ser portadoras assintomáticas- realizar 
testes genéticos. 
 
Tratamento – reposição de imunoglobulinas – concentrado 
de anticorpos. 
2- IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL 
Mais comum o diagnóstico em adultos entre a 1ª a 3ª 
décadas. A incidência entre os sexos é igual. 
O número de linfócitos B pode ser normal ou reduzido, 
respondem à expansão clonal, porém existe falha no 
amadurecimento dessa linhagem, levando a produção 
deficiente de mais um tipo de imunoglobulinas (IgG, IgA, e as 
vezes IgM). 
A apresentação clínica é de hipogamaglobulinemia – 
pneumonias de repetição, bronquiectasia, diarreia crônica, 
etc... 
Há associação de risco aumentado para malignidade e 
doenças autoimunes. 
3- DEFICIÊNCIA SELETIVA DE ANTICORPOS 
Deficiência seletiva de subclasses de IgG. 
Deficiência seletiva de IgA. É a imunodeficiência mais comum. 
Prevalência 1/1000 a 1/1500. Não pode fechar o diagnóstico 
de deficiência de IgA antes dos 4 anos de idade. Padrão 
hereditariedade desconhecido, contudo, se um familiar tiver 
deficiência IgA, o risco aumenta em 50 vezes. 
Na maioria das vezes assintomática ou IVAS de repetição ou 
diarreia persistente por Giardia. 
O diagnóstico pode ser fechado após 4 anos de idade. 
Presença de IgA menor 7mg/dl. Uma parcela evolui com IDVC 
na idade adulta. Risco aumentado de evoluir com 
autoimunidade. 
4- HIPOGAMAGLOBULINEMIA TRANSITÓRIA DA 
INFÂNCIA 
Período de transição ente a dependência de imunoglobulinas 
maternas e a produção adequada pelo próprio lactente, 
ocorre entre 4 a 6 meses. É um diagnóstico diferencial. 
Tipicamente eles têm resposta adequada a antígenos T 
dependentes (proteicos) e redução na resposta a antígenos 
polissacarídeos. 
Análise das vacinas com antígenos polissacarídeos X 
antígenos proteicos. 
A produção de anticorpos contra antígenos proteicos 
necessita da participação do linfócito T helper – auxiliadores, 
que reconhecem o antígeno e ativam a expansão clonal de 
linfócito B. 
Antígenos não proteicos, como polissacarídeos e os lipídeos 
não necessitam da participação dos linfócitos T, porém 
induzem resposta mais fraca e pouco duradoura (parede 
celular S. pneumoniae, H. influenza). 
Antígenos proteicos geram melhor resposta de memória. 
5- SÍNDROME DE HIPER IgM 
Imunodeficiências combinadas células T e B 
Corresponde a um grupo bastante heterogêneo (fenotípico e 
genotípico), com defeitos em ambos os ramos de células B e 
T, afetam a imunidade celular e humoral. 
Pacientes com defeitos de células T podem apresentar 
infecções virais, fúngicas e/ou bacterianas, incluindo 
infecções oportunistas (por exemplo, pneumonia por 
Pneumocystis jirovecii) e infecções de vacinas vivas (por 
exemplo, sarampo, caxumba e rubéola). O tipo mais grave é a 
imunodeficiência combinada grave (do inglês, SCID – severe 
combined immunodeficiency), que se apresenta na infância 
(importância do teste do pezinho). 
Representam os casos mais graves e precoces, necessitam de 
diagnóstico precoce. 
Candidíase persistente, infecções por germes oportunistas 
(Pneumocystis jirovecii, CMV...) BCG disseminado, infecção 
por poliovírus, retardo crescimento, diarreia crônica, 
septicemia. 
O tratamento curativo consiste no transplante de células 
tronco hematopoiéticas. 
O tratamento suporte consiste na reposição de 
imunoglobulinas e antibioticoprofilaxia extensa. 
SCID – emergência médica. A herança pode estar associada 
ao cromossoma X (pesquisar a história familiar, mãe, tia 
maternas) ou autossômica. 
 
 
6 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
 
 
 
CASO CLINICO SCID 
Lactente sexo masculino, segundo filho de pais não 
consanguíneos, antecedentes familiares- morte súbita de 
um tio materno aos 13 dias de vida. Gestação sem 
intercorrências, Apgar 9/10. vacinas atualizadas, BCG aos 13 
dias de vida, com úlcera no sítio de aplicação. Seio materno 
exclusivo até 2 meses. Após essa idade, estagnação ponderal 
e eczema extenso. Vários diagnósticos e tratamentos. Aos 8 
meses internado com febre e diarreia e em 48 horas evoluiu 
com sepse. Detectada hipogamaglobulinemia (IgG menor 
77mg/gL), IgA e IgM indetectáveis, diminuição acentuada de 
linfócitos T (CD 4, CD8), B (CD19) ... 
 
 
RX tórax no lactente e RN timo- hipotransparência 
homogenia mais frequente à direita, condicionando 
alargamento do mediastino acima da silhueta cardíaca. 
 
 
 
Defeito do número ou função dos fagócitos 
Corresponde a um defeito nos componentes da imunidade 
inata. Pacientes com imunidade fagocitária prejudicada 
apresentam infecções / abscessos bacterianos e fúngicos na 
pele, pulmão e linfonodos. 
Neutrófilos e macrófagos reconhecem e ingerem 
microrganismos promovendo a morte intracelular. 
A doença representante desse defeito é a doença 
granulomatosa crônica e a deficiência de adesão leucocitária. 
A disfunção leucocitária ocorre por um defeito na NADPH 
oxidase, que é a enzima responsável pela produção de 
metabólitos necessários para a atividade microbicida 
intracelular. 
 
7 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
Sem o mecanismo de fagocitose funcionando da maneira 
adequada infecções bacterianas e fúngicas graves tornam-se 
recorrentes, ocorre resposta inflamatória anormal, defeito na 
lise intracelular dos fungos e bactérias e na formação de 
granulomas. Ocorrem, então, abscessos cutâneos, perianais, 
aumento de linfonodos e fígado, celulites, adenites, 
periodontite, onfalite (infeção da pele e tecidos moles do 
umbigo e regiões circundantes) e osteomielite também são 
comuns. 
Os pacientes com essas infecções não apresentam febre, 
inflamação local ou secreção purulenta. As infecções ocorrer 
por patógenos comuns, mas a evolução é mais grave que o 
usual. 
Há também infecções por patógenos oportunistas: 
Burkolderia cepacia, Nocardia, micobactérias não 
tuberculosas. 
É comum a ocorrência de ABSCESSOS RECORRENTES, 
INFLAMAÇÃO DENTÁRIA COM QUEDA PREMATURA 
DOS DENTES, PNEUMONIAS DE REPETIÇÃO E 
INFECÇÕES PERIANAIS. 
CASO CLINICO DEFEITO DE FAGÓCITOS 
Paciente 14 anos com quadro de infecções 
recorrentes. Na primeira infância apresentou diversas 
infecções cutâneas de difícil cicatrização, com uso 
frequente de antibióticos; aos 10 anos contactante de 
parente com BK evoluiu com abscesso hepático por 
Mycobacterium tuberculosis, diagnosticado através de 
uma biópsia hepática. Aos 12 anos diagnóstico inicial 
de pneumonia comunitária complicada com derrame 
pleural, tratada com amoxicilina -clavulanato venoso, 
com alta após boa evolução. Um mês após retorna 
febre com dor em hemitórax direito, tosse produtiva, 
emagrecimento. realizado TC tórax com imagem de 
arvore em brotamento, opacidades em vidro fosco e 
imagem cística justa cisural em segmento ápico 
posterior do LSD, sugestiva de pneumonia fúngica. Aos 
13 anos, paciente apresentou hidradenite supurativa 
em axila direita. 
CASO CLÍNICO -DISCUSSÃO HIPOTESES DIAGNÓSTICA - 
EII investigado na evolução - pesquisa para TORCH, 
hepatites virais, HIV, PPD, BAAR nas pneumonias. Na 
ocasião pneumonia fúngica- sorologias para 
histoplasmose, aspergilose e paracoccidioidomicose 
negativas. Utilizado cefuroxima e itraconazol. 
Investigação EII - dosagem de imunoglobulinas, perfil 
linfocitário, e resposta vacinal com resultados normais 
e DHR alterado configurado o diagnóstico de DGC. 
Diagnóstico - teste que mensuram a capacidade dos 
leucócitos fagocíticos em formar superóxido ou 
peróxido de hidrogênio. 
TESTE NITRO-BLUE TETRAZOLIUM(NBT) - mensuram 
superóxido. 
DHR - teste de dihidrorodamina 1,2,3- mensura o 
peróxido de hidrogênio. 
 
Síndrome bem definidas que cursam com IDP 
SÍNDROME DEWISKOTT- ALDRICH 
micro trombocitopenia, eczema (sangramentos, diarreia 
sanguinolenta, petéquias) 
Mutação no gene que codifica a proteína WASP- proteína 
presente no citoesqueleto e em várias sinapses imunológicas. 
EII ligada ao cromossomo X. 
Comprometimento da imunidade humoral, celular e inata. 
Diagnóstico – genético - quadro clínico de gravidade variável. 
Tratamento é o transplante de células progenitoras 
hematopoiéticas. 
SÍNDROME DE CHEDIAK- HIGASHI 
ID grave, albinismo óculo-cutâneo, fotofobia, nistagmo 
rotatório, aumento do reflexo vermelho - envolvimento 
ocular. 
Defeitos neurológicos progressivos, tendências a patologias 
linfo proliferativas 
Defeito imunológico afeta fagócitos e células NK. Presença de 
inclusões citoplasmáticas gigantes em leucócitos, plaquetas, 
melanócitos, hepatócitos, células tubulares renais, mucosa 
gástrica, pâncreas, tec. neural e tireoide, coradas pelo 
corante Wright. 
Diminuição da quimiotaxia e capacidade bactericida dos 
fagócitos, função diminuída das células NK. 
Fenótipos brandos sobrevivem até a vida adulta, mas 
desenvolvem déficit neurológico progressivo que leva ao 
óbito. 
Tratamento – TMO 
 
Fenótipo característico 
Deficiência do complemento 
EII relacionada à imunidade inata. Associada a infecções 
recorrentes e/ou graves ou doenças reumatológicas, ou 
angioedema hereditário. 
O quadro clínico e o tipo de infecção dependem do 
componente deficiente. 
Def. de C1, C4, C2 tem baixa prevalência de infecções pois a 
via alternativa compensa a deficiência. 
Def.de C3 ou algum componente que faz a ativação de C3 
leva a predisposição a infecções por bactérias encapsuladas. 
 
8 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 
Def. dos componentes terminais, C5-C9 levam a 
susceptibilidade a infecções por Neisseria. 
Doenças auto inflamatórias 
Surgem da hiperativação das vias inflamatórias inatas, o que 
resulta na liberação excessiva de citocinas pró-inflamatórias 
que causam febre recorrente e danos aos tecidos. É sugerida 
por uma história de inflamação recorrente na ausência de 
outros distúrbios ou infecções identificáveis. Causadas por 
defeitos monogênicos em proteínas da imunidade inata. 
Outras manifestações: Erupção urticariforme sem prurido, 
Paniculite Lipodistrofia, Lesões líticas ósseas. 
Exames iniciais: Provas de atividade inflamatória, 
Autoanticorpos, dosagem de imunoglobulinas e fenotipagem 
de linfócitos para descartar outros diagnósticos. 
Diagnóstico diferencial: doenças infecciosas, doenças 
auto imunes e outras imunodeficiências primárias. 
Febre Familiar do Mediterrâneo 
Episódios recorrentes e dor abdominal ou torácica causadas 
por serosites (simula abdome agudo). O paroxismo dura 24 a 
96 horas, tem resolução espontânea, periodicidade variável, 
sem fatores precipitantes e intercrises assintomáticas. 
Comum manifestações articulares, monoarticular e de 
grandes articulações de MMII. Mais prevalente entre Judeus, 
Armênicos, Turcos e Árabes, gregos e italianos (ausência não 
é critério de exclusão). Ambos os sexos, antes dos 30 anos. 
Mutações no gene MEFV1 bç curto cromossomo 16 que 
levam a aumento da ativação do inflamossomo (aumento da 
produção IL1beta). 
FPAPA 
Febre periódica, lesões aftosas, faringite e adenite 
cervical Episódios recorrentes- regulares de febre alta, 
com duração 3 a 6 dias, durante as crises há 
leucocitose, culturas de orofaringe negativas. Iniciam-se 
geralmente antes dos 5 anos. Patogênese incerta, 
associação com gene não demonstrada 30 % resolve-se 
espontaneamente após os 5 anos corticoide é eficaz em 
abortar o surto. 
Referência: Considerações sobre erros inatos da imunidade – um desafio diagnóstico na pediatria. Disponível em: 
https://dx.doi.org/10.37885/210404167. 
 
Avaliação imunológica de acordo com o tipo de infecção, de agente infeccioso e manifestações associadas 
 
https://dx.doi.org/10.37885/210404167
 
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Retirada de https://jped.elsevier.es/pt-pdf-X2255553621006250

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