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1 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 14/02/2022 – Aula 2 Os erros inatos da imunidade (EII) correspondem um conjunto de doenças hereditárias (mais de 430 doenças já identificadas), genéticamente heterogêneas, no qual há comprometimento específico no desenvolvimento e na função do sistema imunológico normal (afetam diferentes componenetes da imunidade inata e adaptativa). São marcados por uma clínica variável que, geralmente, tem inicio na infância, mas o diagnóstico é mais comum em jovens e adultos. Deve-se atentar aos sinais de alerta e as manifestações clínicas uma vez que grande parte dessas doenças se manifestam de forma primária com infecções frequentes no trato respiratório, o ideal é o que o reconhecimento ocorra na atenção primária.. A imunidade inata corresponde ao primeiro mecanismo de desfesa ativado, abrange as barreias físicas e químicas, células fagocíticas, dendríticas e células natural killer (NK), além de proteínas do sistema complemento. A imunidade adaptativa apresenta maios especificidade (memória e resposta mais eficaz) e abrange os linfócitos T e B. Por que os EII acontecem? Os EII são ocasionados por mutações monogênicas na linha germinativa que resultam na perda de expressão, perda de função ou ganho de função da proteína codificada, por isso sua clínica é tão variada. Podem ser de herança dominante, recessiva, autossômica ou ligada ao X e com penetrância completa ou incompleta. Essas falhas pode ser causadas por erros embriológicos no desenvolvimento do sistema imune, também pela ineficiência ou ausência de alguns dos elementos da imunidade. O paciente fica mais sucesptível à infecções, doenças autoimunes, doenças inflamatórias, tumores malignos, já que a primeira linha de defesa está vulnerável. Apesar da clínica ser variável, ela apresenta um ponto em comum, infecções de “rotina”. Podem se manifestar em qualquer idade, seu diagnóstico requer alto índice de suspeita e testes especializados. O diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para prevenir a morbidade associada à doença significativa e melhorar os desfechos do paciente. Por isso, há necessidade de reconhecimento precoce dos sinais de alerta dessas doenças. TESTE DO PEZINHO SUS 6 DOENÇAS: FENILCETONÚRIA, HIPOTIREOIDISMO, FIBROSE CÍSTICA, ANEMIA FALCIFORME, HEMOGLOBINOPATIAS, HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA E DEF. BIOTINIDASE. TESTE AMPLIADO- ATÉ ENTÃO, SEM COBERTURA OBRIGATÓRIA PELOS PLANOS DE SAÚDE. (ATÉ 50 DOENÇAS, INCLUINDO EII - SCID E AGAMAGLOBULINEMIA CONSULTA PÚBLICA- CONITEC-2020- AMPLIAÇÃO DO TESTE DO PEZINHO NO SUS - SANCIONADO POR LEI- ALTERAÇÃO COMEÇA A PARTIR DE MAIO 2022 Imunidade inata – corresponde a primeira linha de defesa, com uma resposta precoce, padronizada a diferentes agentes infecciosos, não tem memória prolongada, e a especificidade não é boa (identifica estuturas comuns em grupos de patógenos). Imunidade adaptativa – se adapta ao estímulo, tem memória e é específico. Possui um repertório diverso, identificando diferentes epítopos. Em situações de normalidade, não reage com antígenos próprios, uma vez que possui tolerância. Ele é autocontrolável e aumenta a eficiência de acordo com a exposição. Componentes do sistema imuno adaptativo 1- Linfócitos B-CD19+ (produtores de imunoglobulinar); CD20+ (linfócitos pré B e linfócito B maduro). 2- Linfócitos T – CD3+ - reconhecem antígenos de superfície celular e são subdivididos em: linfócitos T citotóxicos CD8+ (induz morte de células infectadas); linfócitos TCD4+ (recrutamento e ativação da fagócitos e outros leucócitos, ajudam os linfócitos B a produzir anticorpos) e linfócito Treg CD25+ (função inibitória) 3- Células NK CD56+. Figura 1: Tipos de linfócitos. Erros inatos da imunidade 2 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Manifestações clínicas Como já dito, as manifestações clínicas dos EII têm inicio na infância, mas algumas podem iniciar após a segunda ou terceira década de vida, e outras podem ser transitórias (como a hipogamaglobulinemia na infância, importância da história patológica pregressa na anamnese). As manifestações mais comuns são infecções de repetição; infecções graves (sepse, meningite, pneumonias complicadas e de evolução pouco usual); atraso de desenvolvimento pôndero-estatural na criança; abcessos cutâneos profundos e recorrentes ou em órgãos internos. Podem também fazer parte das manifestações clínicas dos EII, outras patologias, como as doenças autoimunes, inflamatórias, alérgicas e neoplásicas – em particular as linfo proliferativas (FERREIRA, 2011; PINTO-MARIZ, 2021). Definições de infecções de repetição. Otite média aguda: > três episódios em seis meses ou quatro em 12 meses Rinite infecciosa: > cinco episódios em 12 meses Faringite/amigdalite: > três episódios em 12 meses Pneumonia: > episódios em 12 meses OU ≥ 6 infecções respiratórias em 12 meses ≥1 infecções respiratórias de vias aéreas superiores por mês ≥3 infecções de vias aéreas inferiores em 12 meses 12 sinais de alerta para IDP neonatos e lactentes 1- INFECÇÕES FÚNGICAS, VIRAIS E/OU BACTERIANAS PERSISTENTES OU GRAVES 2-REAÇÃO ADVERSA A VACINAS DE GERME VIVO EM ESPECIAL A BCG 3-DIABETES MELLITUS PERSISTENTE OU OUTRA DÇA AUTO IMUNE OU INFLAMATÓRIA 4- QUADRO SEPSE SÍMILE, FEBRIL, SEM IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE INFECCIOSO 5-LESÕES CUTÂNEAS EXTENSAS 6-DIARREIA PERSISTENTE 7-CARDIOPATIA CONGÊNITA (EM ESPECIAL ANOMALIAS DOS VASOS DA BASE) 8-ATRASO DA QUEDA DO COTO UMBILICAL (MAIOR 30 DIAS) 9-HIST. FAMILAR DE IDP OU ÓBITOS PRECOCES POR INFECÇÃO 10-LINFOCITOPENIA (MENOR 2500CEL/MM³) OU OUTRA CITOPENIA, OU LEUCOCITOSE SEM INFECÇÃO PERSISTENTES 11-HIPOCALCEMIA COM OU SEM CONVULSÃO 10 sinais de alerta para IDP em crianças * 4 OU MAIS NOVAS OTITES EM UM ANO * 2 OU + SINUSITES GRAVES EM 1 ANO * 2 OU +MESES EM USO DE ATB, COM POUCO EFEITO *2 OU + PNEUMONIAS EM 1 ANO * DIFICULDADE DE GANHAR OU CRESCER ADEQUADAMENTE *INFEC. CUTÂNEAS RECORRENTES, PROFUNDAS OU ABSCESSOS *CANDIDÍASE PERSISTENTE EM CAVIDADE BUCAL OU INF FÚNGICA CUTÂNEA PERSISTENTE *NECESSIDADE DE ATB VENOSO *2 OU + INFECÇÕES GENERALIZADAS- SEPTICEMIA * HISTÓRIA FAMILAIR DE IDP Dez sinais de alerta para EII em adultos. 1- 2 OU MAIS NOVAS OTITES EM UM ANO 2- 2 OU + SINUSITES EM 1 ANO NA AUSÊNCIA DE ALERGIA 3-DIARREIA CRÔNICA COM PERDA DE PESO 4- 1 OU + PNEUMONIAS EM 1 ANO 5-INFEÇÕES VIRAIS DE REPETIÇÃO (RESFRIADOS, HERPES, VERRUGAS) 6-ABSCESSOS CUTÂNEAS RECORRENTES E PROFUNDAS OU ABSCESSOS EM ORGÃOS INTERNOS 7-CANDIDÍASE PERSISTENTE EM CAVIDADE BUCAL OU INF FÚNGICA PERSISTENTE EM QQ LUGAR 8-NECESSIDADE DE ATB VENOSO DE REPETIÇÃO 9-INFECÇÃO POR Mycobacterium tuberculosis ou atípica 10- HISTÓRIA FAMILIAR DE IDP Sinais e sintomas importantes em EII. ● Infecção em local incomum ou por patógeno incomum (agentes oportunistas). ● Diarreia crônica com perda de peso. ● Febre inexplicada ou recorrente prolongada. ● Dificuldade de cicatrização de feridas. ● Ausência de dentes ou queda precoce. ● Gengivite grave. ● Fácies sindrômica. ● Anomalias cardíacas congênitas. ● Ataxia. ● Linfadenopatias ou ausência/atrofia de gânglios linfáticos e de amígdalas palatinas. ● Hepatoesplenomegalia. ● Lesões cutâneas (exantema, seborreia, piodermites, abcessos, alopecia, eczemas, telangiectasias, petéquias, dermatomiosite, rash “lúpus-like”, úlceras orais, vasculite). ● Bronquiectasias inexplicadas, pneumatoceles. ● Doenças autoimunes: tireoidite, anemia hemolítica, trombocitopenia, neutropenia, anemia perniciosa, doença celíaca, vitiligo. ● Doenças inflamatórias: artrites, doença inflamatória intestinal, doenças do tecido conjuntivo; ● Angioedema (sem urticária). ● Eosinofilia inexplicada.Fonte: Vieira et al., 2013. 3 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Associação de infecções e possíveis falhas imunológicas. Infecções respiratórias recorrentes com bactérias encapsuladas sugerem alteração no funcionamento da célula B. Infecção viral grave, infecção fúngica grave oportunista, micobactérias atípicas, TB grave sugerem alteração no funcionamento de célula T. Abscessos cutâneos ou em órgãos, atraso da queda do coto umbilical sugerem alteração no funcionamento de fagócitos. Infecções por Neisseria recorrente sugerem alteração no funcionamento do complemento terminal (C5 a C9) Doenças auto imunidade ou/e infecções por pneumococo sugerem alteração no funcionamento da via inicial (C2, C3 e C4). Noções da investigação Triagem Hemograma para a avaliação quantitativa de leucócitos e outras linhagens, além da avaliação da morfologia celular. Sorologia HIV. Imunoglobulinas séricas IgG, IgM, IgE, IgA e subclasses de Iglobulinas. Triagem linfocitária (depende de CD4, CD8, CD19, CD20, CD56). Complemento total hemolítico, C3, C4 e outros após a triagem inicial. Teste do nitroblue tetrazolium (NBT) e teste DHR (di hidro- rodamina) que detecta a produção de radicais de oxigênio decorrente do burst oxidativo dos neutrófilos. Avaliação funcional Teste cutâneo de hipersensibilidade tardia – adesão leucocitária Sorologias vacinais, isohemaglutinas (IgM para antígenos do sistema ABO). Dosagem de anticorpos anti pneumocócicos após estímulo vacinal. Imunidade inata = hemograma, CH50, C3, C4, DHR, células NK (CD56). Se neutropenia pedir HMG seriados. Cardiopatia + hipocalemia cursam com erro de imunidade inata. Imunidade adaptativa = hemograma, dosagem séricas de imunoglobulinas IgG, IgM, IgA. Resposta a vacina: qualidade das imunoglobulinas (IgG hemófilo, pneumococo, meningococo); subpopulações de linfócitos CD3, CD4, CD8, CD19. Teste PPD → teste de sensibilidade tardia. Fazer uma dosagem de imunoglobulinas antes da vacina de pneumo 23 e depois, para fazer uma avaliação funcional. Propriedades da imunidade no idoso Imunossenescência Processo natural de envelhecimento com aumento da susceptibilidade a infecções, distúrbios autoimunes, doenças crônicas, cardiovasculares e neoplasia (acima dos 60 anos). Redução de células T de memória de células tronco Redução da cooperação de linfócitos B e T Redução de moléculas regulatórias. Avaliação da competência imunológica no adulto Em adultos, o tempo entre a primeira manifestação clínica relacionada ao EII e o diagnóstico leva aproximadamente quatro anos. O hemograma com contagem diferencial de células pode evidenciar linfopenia, <1500 linfócitos/µL em adultos, relacionada a EII de anticorpos ou celular combinada, neutropenia e leucocitose (infecção crônica). Lembrar que infecções, malignidade, autoimunidade e auto inflamação podem estar relacionadas ao EII. O que avaliar no paciente adulto?? Avaliação de citocinas e investigação genético molecular. Pensar em comorbidades... será que a comorbidade faz parte de uma síndrome de EII. Comorbidades com imunodeficiência secundária (abuso grave de álcool ou drogas, SIDA, fibrose cística). ANOS ATRÁS = DIABETES MELLITUS, NEFROPATIAS, DIARRÉIAS, NEOPLASIAS = PERDA IMUNOGLOBULINAS SECUNDÁRIA. Medicina multidisciplinar Citopenias nos EII → hematologista/ oncologista Autoimunidade e inflamação → reumatologista Diarreia persistente → gastroenterologista 4 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Pneumopatias → pneumologista Classificação fenotípica dos EII Os EII, são classificados em oito categorias definidas pela International Union of Immunological Societies (IUIS): imunodeficiências combinadas das células T e B, síndromes de imunodeficiência bem definidas ou imunodeficiências combinadas com características sindrômicas, as deficiências predominantemente de anticorpos, doenças da desregulação imunológica, defeitos de número ou função de fagócitos, defeitos na imunidade inata, distúrbios auto inflamatórios e deficiência de complemento 1- Imunodeficiências combinadas células T e B 2- Imunodeficiências predominantemente de anticorpos 3- Defeitos da imunidade inata 4- Deficiência de complemento 5- Defeitos de fagócitos 6- Doenças de desregulação imunes 7- Doenças auto inflamatórias 8- Síndromes bem definidas que cursam com IDP (imunodeficiência primária) Imunodeficiências predominantemente de anticorpos A imunodeficiência predominantemente de anticorpos representa o tipo mais comum de imunodeficiência. Os pacientes com esse fenótipo comumente apresentam infecções bacterianas recorrentes do trato respiratório superior e inferior por bactérias encapsuladas (Giardia → diarreia crônica). Nesse tipo de EII a principal célula envolvida é o linfócito B (imunidade humoral). O quadro clínico, mais uma vez, é bem variável, podendo ser desde assintomático até fatal dependendo do nível da mutação. A maturação do linfócito B (CD19+) se inicia na medula óssea e é finalizada na periferia quando um antígeno é apresentado à célula por uma célula apresentadora de antígeno. A imunodeficiência predominantemente de anticorpos, na América Latina, está relacionada a deficiência de IgA. O IgA é o principal encontrado nas mucosas, quando na forma de dímero (2 moléculas unidade por um peptídeo). Está presente na lágrima, saliva, suco gástrico e secreções pulmonares. Não é responsável por fixar o complemento. Tem a função de neutralizar o vírus ainda na mucosa, impedindo o estabelecimento da infecção (entrada do vírus na célula, por exemplo), assim diz-se que o IgA faz a primeira linha de defesa, uma vez que ele se encontra sobre a mucosa. Idade de início: desde a infância ao adulto. Caracterizada por infecções recorrentes de gravidade variável. Os patógenos mais frequentes relacionados são o S. pneumoniae, Hib, S. aureus, enterovírus, Campylobacter, Giardia, Criptosporidium. E, os órgãos mais afetados por infecções são os sinopulmonares e os gastrointestinais. Há comprometimento da produção de um ou mais classes de Ig, ou na função de um deles. Há infecções de vias aéreas recorrentes por germes encapsulados. 1- AGAMAGLOBULINEMIA LIGADA AO X Doença de caráter recessivo: mutação que codifica a tirosina quinase de Bruton, essencial para o desenvolvimento e maturação de células B na medula óssea Compromete toda a imunidade humoral, é um defeito na medula óssea, diminuição ou ausência de linfócitos B maduros e todos os tipos de Ig. IgG menor que 200mg/dL IgA e IgM abaixo de 20mg/dL Linfonodos periféricos e tonsilas pouco desenvolvidos Infecções por germes encapsulados Paciente não pode receber vacina de vírus atenuado. Infecções do SNC pelo virus atenuado da vacina da poliomielite e coxsakievirus. Com frequência os pacientes vão apresentar bronquiectasia. Agamaglobulinemia ligada ao X - Doença de Bruton: corresponde a forma grave. Germes encapsulados - S. aureus, Pseudomonas sp, diarreia persistente por G. lamblia. Infecções virais - combate ineficiente Germes oportunistas - são raras, refletindo a eficiente resposta celular (micobactérias, histoplasmose). Paciente do sexo masculino aos 4 anos de idade: OMA de repetição a partir dos 3 meses de idade; 4 pneumonias dos 2 aos 4 anos (uma delas com derrame pleural associado); celulite em MIE aos 3 anos sendo internado; exame físico: ausência de amígdalas; hemograma normal, imunoglobulinas começas a diminuir aos 6 meses (queda das IgG materna); níveis baixos ou ausentes de imunoglobulinas (pelo menos 2 desvios padrão abaixo do valor médio para a idade); ausência de célula B (CD19) detectável por citometria de fluxo; exame genético; risco de bronquiectasias; vacinas de vírusvivos são contra indicadas. 5 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Aconselhamento genético – mãe, tias maternas devem ser rastreadas. Podem ser portadoras assintomáticas- realizar testes genéticos. Tratamento – reposição de imunoglobulinas – concentrado de anticorpos. 2- IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL Mais comum o diagnóstico em adultos entre a 1ª a 3ª décadas. A incidência entre os sexos é igual. O número de linfócitos B pode ser normal ou reduzido, respondem à expansão clonal, porém existe falha no amadurecimento dessa linhagem, levando a produção deficiente de mais um tipo de imunoglobulinas (IgG, IgA, e as vezes IgM). A apresentação clínica é de hipogamaglobulinemia – pneumonias de repetição, bronquiectasia, diarreia crônica, etc... Há associação de risco aumentado para malignidade e doenças autoimunes. 3- DEFICIÊNCIA SELETIVA DE ANTICORPOS Deficiência seletiva de subclasses de IgG. Deficiência seletiva de IgA. É a imunodeficiência mais comum. Prevalência 1/1000 a 1/1500. Não pode fechar o diagnóstico de deficiência de IgA antes dos 4 anos de idade. Padrão hereditariedade desconhecido, contudo, se um familiar tiver deficiência IgA, o risco aumenta em 50 vezes. Na maioria das vezes assintomática ou IVAS de repetição ou diarreia persistente por Giardia. O diagnóstico pode ser fechado após 4 anos de idade. Presença de IgA menor 7mg/dl. Uma parcela evolui com IDVC na idade adulta. Risco aumentado de evoluir com autoimunidade. 4- HIPOGAMAGLOBULINEMIA TRANSITÓRIA DA INFÂNCIA Período de transição ente a dependência de imunoglobulinas maternas e a produção adequada pelo próprio lactente, ocorre entre 4 a 6 meses. É um diagnóstico diferencial. Tipicamente eles têm resposta adequada a antígenos T dependentes (proteicos) e redução na resposta a antígenos polissacarídeos. Análise das vacinas com antígenos polissacarídeos X antígenos proteicos. A produção de anticorpos contra antígenos proteicos necessita da participação do linfócito T helper – auxiliadores, que reconhecem o antígeno e ativam a expansão clonal de linfócito B. Antígenos não proteicos, como polissacarídeos e os lipídeos não necessitam da participação dos linfócitos T, porém induzem resposta mais fraca e pouco duradoura (parede celular S. pneumoniae, H. influenza). Antígenos proteicos geram melhor resposta de memória. 5- SÍNDROME DE HIPER IgM Imunodeficiências combinadas células T e B Corresponde a um grupo bastante heterogêneo (fenotípico e genotípico), com defeitos em ambos os ramos de células B e T, afetam a imunidade celular e humoral. Pacientes com defeitos de células T podem apresentar infecções virais, fúngicas e/ou bacterianas, incluindo infecções oportunistas (por exemplo, pneumonia por Pneumocystis jirovecii) e infecções de vacinas vivas (por exemplo, sarampo, caxumba e rubéola). O tipo mais grave é a imunodeficiência combinada grave (do inglês, SCID – severe combined immunodeficiency), que se apresenta na infância (importância do teste do pezinho). Representam os casos mais graves e precoces, necessitam de diagnóstico precoce. Candidíase persistente, infecções por germes oportunistas (Pneumocystis jirovecii, CMV...) BCG disseminado, infecção por poliovírus, retardo crescimento, diarreia crônica, septicemia. O tratamento curativo consiste no transplante de células tronco hematopoiéticas. O tratamento suporte consiste na reposição de imunoglobulinas e antibioticoprofilaxia extensa. SCID – emergência médica. A herança pode estar associada ao cromossoma X (pesquisar a história familiar, mãe, tia maternas) ou autossômica. 6 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 CASO CLINICO SCID Lactente sexo masculino, segundo filho de pais não consanguíneos, antecedentes familiares- morte súbita de um tio materno aos 13 dias de vida. Gestação sem intercorrências, Apgar 9/10. vacinas atualizadas, BCG aos 13 dias de vida, com úlcera no sítio de aplicação. Seio materno exclusivo até 2 meses. Após essa idade, estagnação ponderal e eczema extenso. Vários diagnósticos e tratamentos. Aos 8 meses internado com febre e diarreia e em 48 horas evoluiu com sepse. Detectada hipogamaglobulinemia (IgG menor 77mg/gL), IgA e IgM indetectáveis, diminuição acentuada de linfócitos T (CD 4, CD8), B (CD19) ... RX tórax no lactente e RN timo- hipotransparência homogenia mais frequente à direita, condicionando alargamento do mediastino acima da silhueta cardíaca. Defeito do número ou função dos fagócitos Corresponde a um defeito nos componentes da imunidade inata. Pacientes com imunidade fagocitária prejudicada apresentam infecções / abscessos bacterianos e fúngicos na pele, pulmão e linfonodos. Neutrófilos e macrófagos reconhecem e ingerem microrganismos promovendo a morte intracelular. A doença representante desse defeito é a doença granulomatosa crônica e a deficiência de adesão leucocitária. A disfunção leucocitária ocorre por um defeito na NADPH oxidase, que é a enzima responsável pela produção de metabólitos necessários para a atividade microbicida intracelular. 7 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Sem o mecanismo de fagocitose funcionando da maneira adequada infecções bacterianas e fúngicas graves tornam-se recorrentes, ocorre resposta inflamatória anormal, defeito na lise intracelular dos fungos e bactérias e na formação de granulomas. Ocorrem, então, abscessos cutâneos, perianais, aumento de linfonodos e fígado, celulites, adenites, periodontite, onfalite (infeção da pele e tecidos moles do umbigo e regiões circundantes) e osteomielite também são comuns. Os pacientes com essas infecções não apresentam febre, inflamação local ou secreção purulenta. As infecções ocorrer por patógenos comuns, mas a evolução é mais grave que o usual. Há também infecções por patógenos oportunistas: Burkolderia cepacia, Nocardia, micobactérias não tuberculosas. É comum a ocorrência de ABSCESSOS RECORRENTES, INFLAMAÇÃO DENTÁRIA COM QUEDA PREMATURA DOS DENTES, PNEUMONIAS DE REPETIÇÃO E INFECÇÕES PERIANAIS. CASO CLINICO DEFEITO DE FAGÓCITOS Paciente 14 anos com quadro de infecções recorrentes. Na primeira infância apresentou diversas infecções cutâneas de difícil cicatrização, com uso frequente de antibióticos; aos 10 anos contactante de parente com BK evoluiu com abscesso hepático por Mycobacterium tuberculosis, diagnosticado através de uma biópsia hepática. Aos 12 anos diagnóstico inicial de pneumonia comunitária complicada com derrame pleural, tratada com amoxicilina -clavulanato venoso, com alta após boa evolução. Um mês após retorna febre com dor em hemitórax direito, tosse produtiva, emagrecimento. realizado TC tórax com imagem de arvore em brotamento, opacidades em vidro fosco e imagem cística justa cisural em segmento ápico posterior do LSD, sugestiva de pneumonia fúngica. Aos 13 anos, paciente apresentou hidradenite supurativa em axila direita. CASO CLÍNICO -DISCUSSÃO HIPOTESES DIAGNÓSTICA - EII investigado na evolução - pesquisa para TORCH, hepatites virais, HIV, PPD, BAAR nas pneumonias. Na ocasião pneumonia fúngica- sorologias para histoplasmose, aspergilose e paracoccidioidomicose negativas. Utilizado cefuroxima e itraconazol. Investigação EII - dosagem de imunoglobulinas, perfil linfocitário, e resposta vacinal com resultados normais e DHR alterado configurado o diagnóstico de DGC. Diagnóstico - teste que mensuram a capacidade dos leucócitos fagocíticos em formar superóxido ou peróxido de hidrogênio. TESTE NITRO-BLUE TETRAZOLIUM(NBT) - mensuram superóxido. DHR - teste de dihidrorodamina 1,2,3- mensura o peróxido de hidrogênio. Síndrome bem definidas que cursam com IDP SÍNDROME DEWISKOTT- ALDRICH micro trombocitopenia, eczema (sangramentos, diarreia sanguinolenta, petéquias) Mutação no gene que codifica a proteína WASP- proteína presente no citoesqueleto e em várias sinapses imunológicas. EII ligada ao cromossomo X. Comprometimento da imunidade humoral, celular e inata. Diagnóstico – genético - quadro clínico de gravidade variável. Tratamento é o transplante de células progenitoras hematopoiéticas. SÍNDROME DE CHEDIAK- HIGASHI ID grave, albinismo óculo-cutâneo, fotofobia, nistagmo rotatório, aumento do reflexo vermelho - envolvimento ocular. Defeitos neurológicos progressivos, tendências a patologias linfo proliferativas Defeito imunológico afeta fagócitos e células NK. Presença de inclusões citoplasmáticas gigantes em leucócitos, plaquetas, melanócitos, hepatócitos, células tubulares renais, mucosa gástrica, pâncreas, tec. neural e tireoide, coradas pelo corante Wright. Diminuição da quimiotaxia e capacidade bactericida dos fagócitos, função diminuída das células NK. Fenótipos brandos sobrevivem até a vida adulta, mas desenvolvem déficit neurológico progressivo que leva ao óbito. Tratamento – TMO Fenótipo característico Deficiência do complemento EII relacionada à imunidade inata. Associada a infecções recorrentes e/ou graves ou doenças reumatológicas, ou angioedema hereditário. O quadro clínico e o tipo de infecção dependem do componente deficiente. Def. de C1, C4, C2 tem baixa prevalência de infecções pois a via alternativa compensa a deficiência. Def.de C3 ou algum componente que faz a ativação de C3 leva a predisposição a infecções por bactérias encapsuladas. 8 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Def. dos componentes terminais, C5-C9 levam a susceptibilidade a infecções por Neisseria. Doenças auto inflamatórias Surgem da hiperativação das vias inflamatórias inatas, o que resulta na liberação excessiva de citocinas pró-inflamatórias que causam febre recorrente e danos aos tecidos. É sugerida por uma história de inflamação recorrente na ausência de outros distúrbios ou infecções identificáveis. Causadas por defeitos monogênicos em proteínas da imunidade inata. Outras manifestações: Erupção urticariforme sem prurido, Paniculite Lipodistrofia, Lesões líticas ósseas. Exames iniciais: Provas de atividade inflamatória, Autoanticorpos, dosagem de imunoglobulinas e fenotipagem de linfócitos para descartar outros diagnósticos. Diagnóstico diferencial: doenças infecciosas, doenças auto imunes e outras imunodeficiências primárias. Febre Familiar do Mediterrâneo Episódios recorrentes e dor abdominal ou torácica causadas por serosites (simula abdome agudo). O paroxismo dura 24 a 96 horas, tem resolução espontânea, periodicidade variável, sem fatores precipitantes e intercrises assintomáticas. Comum manifestações articulares, monoarticular e de grandes articulações de MMII. Mais prevalente entre Judeus, Armênicos, Turcos e Árabes, gregos e italianos (ausência não é critério de exclusão). Ambos os sexos, antes dos 30 anos. Mutações no gene MEFV1 bç curto cromossomo 16 que levam a aumento da ativação do inflamossomo (aumento da produção IL1beta). FPAPA Febre periódica, lesões aftosas, faringite e adenite cervical Episódios recorrentes- regulares de febre alta, com duração 3 a 6 dias, durante as crises há leucocitose, culturas de orofaringe negativas. Iniciam-se geralmente antes dos 5 anos. Patogênese incerta, associação com gene não demonstrada 30 % resolve-se espontaneamente após os 5 anos corticoide é eficaz em abortar o surto. Referência: Considerações sobre erros inatos da imunidade – um desafio diagnóstico na pediatria. Disponível em: https://dx.doi.org/10.37885/210404167. Avaliação imunológica de acordo com o tipo de infecção, de agente infeccioso e manifestações associadas https://dx.doi.org/10.37885/210404167 9 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Retirada de https://jped.elsevier.es/pt-pdf-X2255553621006250
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