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Negociações preliminares

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1. O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação. Na maior parte dos casos, porém, a oferta é antecedida de uma fase, às vezes prolongada, de negociações preliminares, caracterizada por sondagens, conversações, estudos e debates.
2. As negociações preliminares são consideradas pela doutrina e pela jurisprudência como a primeira fase do contrato, apesar de o Código Civil não tratar expressamente dessa fase. 
3. Nas negociações preliminares as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Entretanto, apesar de ainda não terem assumido obrigação, essa fase pode gerar responsabilidade (responsabilidade extracontratual), em função dos deveres jurídicos derivados do princípio da boa-fé. 
4. Na Jornada de Direito Civil realizada em Brasília em setembro de 2002, foi aprovada a Conclusão n. 25, do seguinte teor: “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”.
5. Como assevera Ruy Rosado de Aguiar Júnior, o princípio da boa-fé, durante as tratativas preliminares, é fonte de deveres de esclarecimento, situação que surge seguidamente quando uma das partes dispõe de superioridade de informações ou de conhecimentos técnicos, que devem ser repassados amplamente e de forma compreensível à contraparte. 
6. Ruy Rosado diz também que “surgem, nas tratativas, deveres de lealdade, decorrentes da simples aproximação pré-contratual. Censura-se, assim, quem abandona inesperadamente as negociações já em adiantado estágio”!
7. A violação a esse dever secundário pode ensejar indenização, por existir uma relação obrigacional, independentemente de contrato, fundada na boa-fé.
8. Pode ensejar pagamento de perdas e danos em função, por exemplo, de despesas que a parte prejudicada adquiriu na expectativa de que faria o negócio.
9. A jurisprudência entende que para aja responsabilidade extracontratual decorrente das negociações preliminares é preciso dois requisitos:
· Uma parte gerar expectativa na outra parte;
· Ter ocorrido efetivo dano.
GONÇALVES. Carlos Roberto. Coleção Direito civil brasileiro volume 3. 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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