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RESUMO DIREITO CIVIL II

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1. Conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer.
Evolução histórica do Direito das Obrigações
1. No Direito Romano o credor podia exigir do devedor “o cumprimento de determinada prestação, sob pena de responder com seu próprio corpo, podendo ser reduzido, inclusive, à condição de escravo [..]”. 
2. No século IV a.C. a lei Papiria Poetelia suprimiu essa forma de execução. A obrigação passou, então, a ter conteúdo econômico, “deslocando a sua garantia da pessoa do devedor para o seu patrimônio”. 
3. Essa conquista do Direito Romano foi consagrada pelo Código Napoleão.
Diferença entre direitos reais e direitos obrigacionais
1. Direito real é poder jurídico, direito e imediato, do titular sobre a coisa. O direito obrigacional, por sua vez, constitui uma relação de pessoa a pessoa. 
2. Os direitos obrigacionais diferem, em linhas gerais, dos reais: 
· Quanto ao objeto, porque exigem o cumprimento de determinada prestação, ao passo que estes incidem sobre uma coisa;
· Quanto ao sujeito, porque o sujeito passivo é determinado ou determinável, enquanto nos direitos reais é indeterminado (são todas as pessoas do universo, que devem abster-se de molestar o titular);
· Quanto à duração: porque são transitórios e se extinguem pelo cumprimento ou por outros meios, enquanto os direitos reais são perpétuos;
· Quanto à formação, pois podem resultar da vontade das partes, sendo ilimitado o número de contratos inominados (números apertus), ao passo que os direitos reais só podem ser criados pela lei, sendo seu número limitado e regulado por esta (numerus clausus); 
· Quanto ao exercício, porque exigem uma figura intermediária, que é o devedor, enquanto os direitos reais são exercidos diretamente sobre a coisa, sem necessidade de existência de um sujeito passivo; 
· Quanto a ação, que é dirigida somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito passivo (ação pessoal), ao passo que a ação real pode ser exercida contra quem quer que detenha a coisa.
Figuras híbridas entre os direitos reais e obrigacionais
Obrigações propter rem
1. São obrigações que acompanham a coisa. O fato de o indivíduo ter se tornado proprietário de um apartamento o torna devedor das obrigações de pagar IPTU, taxa de condomínio, etc. Ou então a obrigação de não perturbar os inquilinos de um prédio. Essas obrigações não são decorrentes de contrato, nem de ato unilateral de vontade, nem de ato ilícito. É algo que surge a partir do exercício de propriedade ou posse. 
2. As obrigações propter rem se transmitem automaticamente para o novo titular da coisa. Nesse sentido o fim da coisa determina o fim da obrigação. 
Obrigações com eficácia real 
1. Obrigações com eficácia real são as que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro. 
Ex.: A lei do inquilinato diz que o locatário de um imóvel terá preferência na aquisição do imóvel. Se um indivíduo aluga uma casa com um proprietário qualquer, isso gera o direito obrigacional de o indivíduo adquirir com primazia o imóvel, caso o proprietário deseje vendê-lo. Esse direito obrigacional é uma obrigação com eficácia real, pois transmite-se e é oponível a terceiro que adquira o bem. Dando continuidade ao exemplo: se o proprietário oferece o imóvel por 100 mil ao locatário, mas vende a casa por 80 mil a um terceiro, o proprietário não terá propiciado a mesma oportunidade de aquisição (foi violado o direito de preferência na aquisição). O locatário poderá exigir juridicamente o adquirimento o imóvel pelo valor 80 mil. Se trata de uma relação obrigacional com eficácia real, pois um terceiro (o que inicialmente comprou o imóvel por 80 mil), ficará sujeito ao direito subjetivo do locatário.
Ônus real
1. É uma restrição (gravame) ao exercício da propriedade sobre determinado bem. Propter rem é obrigação que surge do direito de propriedade. Ônus real é uma obrigação que limita o exercício da propriedade. Ex.: Se um indivíduo faz um contrato de financiamento de um carro com um banco, o banco pode gravar o carro com uma restrição de transferibilidade. Ou seja, o indivíduo não poderá alienar o carro, pois este estará gravado de um ônus.
Estrutura da obrigação
1. A relação obrigacional é composta por três elementos fundamentais:
· Elemento subjetivo: que se refere aos sujeitos da relação obrigacional (credor e devedor).
· Elemento objetivo: que é a prestação, objeto da relação obrigacional. 
· Vinculo jurídico
Elemento subjetivo
1. Credor (sujeito ativo): é o titular do direito de crédito, ou seja, é o detentor do poder de exigir, em caso de inadimplemento o cumprimento coercitivo (judicial) da prestação pactuada.
2. Devedor (sujeito passivo): é a parte a quem incumbe o dever de efetuar a prestação.
Elemento objetivo
1. Objeto imediato ou direto: é a prestação. Prestação é a atividade positiva (ação) ou negativa (omissão) do devedor, satisfativa do interesse do credor. A prestação, para ser considerada válida, deverá ser lícita, possível e determinável.
· Lícita: implica no respeito aos limites impostos pelo direito e pela moral. Ninguém defenderá, por exemplo, a validade de uma prestação que imponha ao devedor cometer um rime ou realizar favores de ordem sexual;
· Possível: a prestação deve ser fisicamente e juridicamente possível. Ninguém pode, por exemplo, contrair a obrigação de pavimentar a lua (impossibilidade física). Também não pode transferir herança e pessoa viva (impossibilidade jurídica).
· Determinável: prestação determinada é aquela especificada certa, individualizada. Isso será melhor compreendido quando for estudado as obrigações de dar.
2. Objeto mediato ou indireto: é a coisa de interesse do credor. 
Vínculo jurídico
1. Trata-se do elemento abstrato que une credor e devedor. O devedor está obrigado (vinculado) a cumprir a prestação patrimonial de interesse do credor.
Fontes das obrigações
1. A Lei é a fonte primária ou imediata das obrigações. Pablo Stolze sustenta que entre a lei e os efeitos obrigacionais sempre existirá um fato jurídico. 
2. Os fatos jurídicos constituem as fontes mediatas das obrigações, que são:
· Os contratos
· Os atos ilícitos
· Os atos unilaterais 
Contratos
1. É a principal fonte das obrigações. Será estudado em Direito Civil III.
Atos ilícitos
1. Dirigir acima da velocidade permitida, por exemplo, gera a obrigação de pagar multa. 
2. A disciplina dos atos jurídicos foi esmiuçada na parte geral. 
Atos unilaterais de vontade 
1. Trata-se da promessa de recompensa, da gestão de negócios, do pagamento indevido e do enriquecimento sem causa. Também será trabalhado na disciplina de Direito Civil III. 
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020
GOLÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro volume 2 – teoria geral das obrigações. 17 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Introdução
1. As obrigações podem ser positivas ou negativas. As obrigações positivas se subdividem em obrigações de dar e obrigações de fazer. E as obrigações negativas consistem em obrigações e não fazer. Aqui será tratado das obrigações de dar.
Obrigações de dar: modalidades e subdivisões
1. A obrigação de dar tem por objeto a prestação de coisa. Possui 3 modalidades: 
· Atividade de dar: transferindo-se a propriedade da coisa;
· Entregar: transferindo-se a posse da coisa;
· Restituir: quando o credor recupera a posse ou a detenção da coisa entregue ao devedor. 
2. O Código Civil subdivide as obrigações de dar em obrigações de dar coisa certa e obrigações de dar coisa incerta. 
Obrigações de dar coisa certa
1. Nas obrigações de dar coisa certa, o devedor obriga-se a dar, entregar ou restituir coisa específica, certa, determinada. Se contrapõe a obrigação de dar coisa incerta, que será estudada em seguida.2. Nessas obrigações segue-se o princípio jurídico de que o acessório segue o principal (matéria estudada em Bens jurídicos). Veja a art. 233:
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
3. Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição (da entrega da coisa), ou pendente condição suspensiva (o negócio encontra-se subordinado a um acontecimento futuro e incerto: o casamento do devedor, por exemplo), fica resolvida a obrigação para ambas as partes, suportando o prejuízo o proprietário da coisa que ainda não a havia alienado.
4. Se a coisa se perder, por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente (valor da coisa), mais perdas e danos. Neste caso, suportará a perda o causador do dano, já que terá de indenizar a outra parte. Imagine a hipótese de o devedor, por culpa ou dolo, haver destruído o bem que devia restituir. 
5. Perda é a destruição total da coisa, deterioração é a perda parcial da coisa. Na hipótese de a coisa se deteriorar (ao invés de se perder) segue-se as regras abaixo. 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
6. Para ficar claro, é importante que se diga que a obrigação de entregar uma coisa só surge depois de o devedor ter recebido um valor (preço), muitas vezes em dinheiro, por aquela coisa. Se o devedor fizer melhoramentos na coisa antes da tradição, poderá exigir um aumento no preço. Se o credor não anuir (concordar) a obrigação pode ser resolvida (o devedor devolverá todos os valores pagos pelo credor). Veja o art. 237.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
7. Conforme estudado em Bens Jurídicos, frutos são utilidades que a coisa principal periodicamente produz, cuja percepção não diminui a sua substância (ex.: a soja, a maçã, o bezerro, os juros, o aluguel). Percepção (percebido) significa colhido ou produzido.
8. O art. 238 se refere a obrigação de dar na modalidade restituir. Isso significa que o devedor está na posse de um bem que pertence ao credor (proprietário). Um possui o direito de posse e o outro o direito de propriedade. Isso ocorre, por exemplo, quando o devedor aluga uma coisa. Nessa situação a coisa pode eventualmente perecer (se perder) ou ser deteriorada. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
9. Quando o legislador diz que estão ressalvados os direitos do credor até o dia da perda, se refere, a situações como a do seguinte exemplo: uma coisa depositada gerou frutos até a sua perda, sem atuação ou despesa do depositário, que inclusive tinha ciência de que as utilidades pertenceriam ao credor. Este terá direito sobre elas até o momento da destruição fortuita da coisa principal.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
10. Como assim “perdas e danos”? Imagine a hipótese em que um indivíduo (o devedor) aluga um carro. O carro se perde antes da tradição por culpa do devedor. Imagine que o credor alugaria esse carro para uma outra pessoa no dia seguinte. A perda do carro, incorreria em um prejuízo, pois o credor não poderia mais alugá-lo. O devedor deverá indenizar o credor por esse prejuízo. 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
11. Se os acréscimos se referem a benfeitorias necessárias ou úteis (isso foi estudado em Bens Jurídicos) o devedor de boa fé terá direito a ser indenizado, podendo inclusive reter a coisa restituível, até que lhe seja pago o valor devido.
12. Estando de má-fé, o devedor só terá direito a reclamar a indenização pelos acréscimos necessários, sem possibilidade de retenção da coisa. 
Obrigações de dar coisa incerta
1. A coisa incerta é aquela indicada apenas pelo gênero e pela quantidade, sem que se especifique a qualidade. 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
2. Pelo art. 244, vê-se que a prestação indeterminada deverá se converter em prestação determinada, quando o devedor ou o credor escolher o tipo de produto a ser entregue, no momento do pagamento. A conversão da coisa certa em incerta é chamada de concentração (concentração do débito ou concentração da prestação devida).
3. Se a escolha couber ao devedor, este não poderá escolher a pior (nem é obrigado a escolher a melhor) – é o chamado princípio do meio termo.
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
4. Art. 246: o gênero nunca perece (genus nunquam perit).
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020
Prestação fungível e infungível
1. A prestação de fato (serviço) é fungível quando puder ser realizada por outro que não aquele com quem a obrigação foi pactuada. Ex.: se contrato o serviço de um pedreiro, na hipótese de esse não poder realizar um determinado serviço, outro pode fazer.
2. A prestação de fato é infungível quando puder ser realizada apenas por aquele com quem a obrigação foi pactuada. Ex.: se contrato um cantor para o meu aniversário, apenas ele pode satisfazer a prestação. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
3. O artigo se refere à obrigações infungíveis. Se contrato um cantor para meu aniversário, apenas este poderá realizar a prestação, caso se recuse, terá que me pagar perdas e danos.
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
4. O artigo se refere a obrigações fungíveis. Mora, grosso modo,significa demora. Havendo recusa ou demora para o devedor executar o serviço, pode o credor exigir judicialmente a execução, a custas do devedor. 
5. Quanto ao parágrafo único, imagine a hipótese de contratação de uma empresa para fazer a laje de concreto de um prédio, procedimento que requer tempo e época precisos. Caracterizada a recusa e a mora, bem como a urgência, aguardar uma decisão judicial, inda que liminar, no caso concreto, poderá causas prejuízo de difícil reparação.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
1. As obrigações de não fazer tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do devedor. Ex.: não instalar ponto comercial em determinado local; não construir muro a partir de determinada altura, etc.
 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
2. Onde tem extingue-se leia-se resolve-se. Se a obrigação for descumprida sem culpa, o devedor devolverá o valor correspondente ao que ele não cumpriu. Se recebeu valor pra deixar de fazer por 1 ano, e com 5 meses a Lei o obrigou a fazer, deverá devolver o equivalente aos 7 meses não cumpridos.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
1. As obrigações alternativas ou disjuntivas são aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas.
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
2. Ou seja, uma parcela pode ser paga com uma prestação e outra parcela pode ser paga com prestação distinta da primeira.
§ 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
3. Havendo pluralidade de optantes (imagine, por exemplo, um grupo de devedores com direito de escolha), não tendo havido acordo unânime entre eles, a decisão caberá ao juiz, após expirar o prazo judicial assinado para que chegassem a um entendimento (suprimento judicial da manifestação de vontade)
§ 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
4. Título pode ser entendido aqui como contrato. 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
5. se a impossibilidade de todas as prestações alternativas decorrer de culpa do devedor, não competindo a escolha ao credor, ficará aquele obrigado a pagar o valor da prestação que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
6. Se a escolha da prestação couber ao credor o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
1. As obrigações divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestação; as indivisíveis, por sua vez, só podem ser cumpridas por inteiro.
Obrigações divisíveis
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
1. Assim, se a obrigação é de dar um determinado valor (R$ 1.000,00, por exemplo) ou três sacas de café, a obrigação — melhor dito, a prestação —, é divisível por excelência.
Obrigações indivisíveis
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
1. A indivisibilidade poderá ser:
· Natural (material): quando decorre da própria natureza da prestação (a entrega de um touro reprodutor, por exemplo);
· Legal (jurídica): quando decorre de norma legal (a pequena propriedade agrícola — módulo rural —, por exemplo, é indivisível por força de lei, assim como as servidões prediais, nos termos do art. 1.386 do CC/2002)
· Convencional: quando decorre da vontade das próprias partes, que estipulam a indivisibilidade no próprio título da obrigação (em geral, o contrato).
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
3. Sub-rogar significa substituir. Então se um dos devedores paga a dívida inteira, os outros devedores terão uma dívida para com ele. A obrigação alternativa se assemelha às obrigações solidárias nesse ponto.
 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
4. Inciso I: o devedor (es) para a todos conjuntamente, e deve exigir recibo (quitação).
5. Inciso II: nesse caso, pode o devedor pagar a apenas um dos credores da obrigação indivisível, desde que este apresente uma garantia (caução) de que os outros credores ratificam o pagamento. Essa garantia de ratificação deverá ser documentada em instrumento escrito, datado e assinado pelos outros credores, com as suas firmas (assinaturas) devidamente reconhecidas, para que não haja dúvida a respeito de sua autenticidade. 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
6. Remitir é perdoar. Se um dos credores perdoa a dívida, estará perdoando, na verdade, apenas a sua quota parte. 
7. O parágrafo único elenca algumas formas especiais de pagamento, que ainda serão estudadas.
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação,2020. 
A solidariedade
1. Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva).
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
2. A título de exemplo imagine a solidariedade passiva em que A, B e C são credores de D. Nos termos do contrato (título da obrigação), os devedores encontram-se coobrigados solidariamente (solidariedade passiva) a pagar ao credor a quantia de R$ 300.000,00. Assim, o credor poderá exigir de qualquer dos três devedores toda a soma devida, e não apenas um terço de cada um. Nada impede, outrossim, que o credor demande dois dos devedores, ou, até mesmo, todos os três, conjuntamente.
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
3. Assim, não havendo norma legal ou estipulação negocial expressa que estabeleça a solidariedade, o juiz não poderá presumi-la da simples análise das circunstâncias negociais.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
4. A pluralidade de sujeitos (credores ou devedores) podem ser obrigados em modalidades distintas. Por exemplo: o codevedor condicional não pode ser demandado senão depois da ocorrência do evento futuro; o lugar e o tempo do pagamento podem ser de uma forma para os devedores e de outra para outro devedor; etc.
Solidariedade Ativa
1. É muito raro encontrar na prática casos de solidariedade ativa.
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
2. o pagamento feito pelo devedor a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Assim, se o devedor pagou menos do que devia, continuará obrigado ao pagamento do restante da dívida, abatida, por óbvio, a parte que já quitou, mantida a solidariedade ativa quanto ao saldo devedor.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
3. A solidariedade, para os herdeiros, desaparece. Imagine a hipótese de A, B e C são credores
solidários de D (de uma dívida e 300 mil). Como se sabe, qualquer deles pode cobrar toda a soma devida pelo devedor. Pois bem. B morre, deixando os seus filhos, E e F, como herdeiros. Neste caso, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, isto é, a metade (1/2) da quota de B (50.000). Entretanto, se a obrigação for indivisível, um cavalo de raça, por exemplo, o herdeiro poderá exigi-lo por inteiro (dada a impossibilidade de fracioná-lo), respondendo, por óbvio, perante todos os demais pela quota-parte de cada um.
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
3. O credor que houver recebido o pagamento, deve “prestar conta” com os demais credores solidários, ou seja, deve repassar para estes a parte do pagamento que lhes é devido. 
4. Se, em vez de exigir o pagamento, tiver perdoado a dívida, responderá perante os demais credores pela parte que lhes caiba. 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
5. Exceção aqui significa defesa. Assim, se apenas um dos credores atuou dolosamente quando da celebração do contrato (título da obrigação), estando todos os demais de boa-fé, a exceção (alegação de dolo) não poderá ser oposta contra todos. Não prejudicará, pois, os credores de boa-fé.
Art. 274.  O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.  
6. Por exemplo, se um dos credores solidários cobra sozinho a dívida, e o devedor alega prescrição, sendo esta acolhida pelo magistrado, este julgamento contrário não afeta os demais credores solidários. Por isso que se diz que o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais. Assim, os demais credores solidários podem ainda cobrar a dívida, claro que suscitando causas que demonstrem a não consumação do prazo prescricional.
Solidariedade Passiva
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
1. Se o credor aceitar o pagamento parcial de um dos devedores, os demais só estarão obrigados a pagar o saldo remanescente. Da mesma forma, se o credor perdoar a dívida em relação a um dos devedores solidários (remissão), os demais permanecerão vinculados ao pagamento da dívida, abatida, por óbvio, a quantia perdoada.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
2. Um exemplo irá facilitar a compreensão da norma: A, B e C são devedores solidários de D (valor total da dívida: R$ 300.000,00). Como se sabe, de qualquer dos devedores poderá ser exigido o pagamento total ou parcial da obrigação. Pois bem, B morre, deixando os seus filhos, E e F, como herdeiros. Neste caso, cada um destes só estará obrigado a pagar a quota que corresponder a seu quinhão hereditário, isto é, a metade (1/2) da quota de B (50.000). Entretanto, se a obrigação for indivisível — um touro reprodutor, por exemplo —, o credor poderá exigi-lo por inteiro (dada a impossibilidade de fracioná-lo), cabendo ao herdeiro que pagou haver dos demais coobrigados, via ação regressiva, se necessário, as partes de cada um. Mas observe a parte final da norma: se o credor houver por bem demandar todos os herdeiros de B (E e F), conjuntamente, estes serão considerados como um único devedor solidário em relação aos demais devedores, estando, portanto, obrigados a pagar toda a dívida, ressalvado o posterior direito de regresso.
3. Não se esqueça, todavia, de que o pagamento total da dívida pelos herdeiros reunidos não poderá, obviamente, ultrapassar as forças da herança, uma vez que não seria lícito admitir que os referidos sucessores (E e F) diminuíssem o seu patrimônio pessoal para cumprir uma obrigação a que não deram causa.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
3. Se A, B e C, devedores solidários, obrigaram-se a entregar ao credor D uma saca de café, e esta é destruída pela desídia de A, que a deixou próxima de uma fornalha, todos os devedores permanecerão solidariamente adstritosao pagamento do valor da saca de café. Entretanto, os prejuízos resultantes do fato (perdas e danos), experimentados pelo credor (que não pôde, na data fixada, repassar o café ao seu consumidor), serão compensados exclusivamente pelo devedor culpado (A). 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
4. Todos os devedores se responsabilizam pela mora. E o devedor culpado pela mora se responsabiliza perante os outros devedores.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
5. O devedor que for demandado poderá opor ao credor as exceções (defesas) que lhe forem pessoais e, bem assim, as defesas que forem comuns a todos os devedores (valor cobrado excessivo, por exemplo).
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
6. Entendem Silvio Rodrigues e Maria Helena Diniz que, nessa hipótese, deverá ser deduzido o valor correspondente ao quinhão dos exonerados da responsabilidade, pelo que o credor somente poderia demandar os remanescentes pelo valor restante.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
7. O devedor que satisfez integralmente a obrigação tem direito a receber a quota parte dos outros co-devedores. Caso algum dos devedores seja insolvente (está falido) sua quota parte da dívida será dividida entre os outros devedores. 
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
8. Rateio significa divisão proporcional dos prejuízos ou dos lucros. O devedor que foi perdoado da solidariedade pelo credor, não está perdoado pela quota do insolvente (aquele que faliu).
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
9. Se A tá interessado em pegar 100 mil com o banco, e dois co-devedores (B e C) vão ao banco com A para constituir uma obrigação solidária, mas não ficam com quotas (vão apenas para ajudar A). Nesse caso, o débito interessava apenas a A. Se A se torna insolvente, B e C terão que pagar. A responderá depois perante B e C, que pagaram. 
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. RODOLFO, Pamplona Filho. Novo curso de direito civil – Parte geral – vol. 1. 23 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
GOLÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro volume 2 – teoria geral das obrigações. 17 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020
1. Além da classificação básica considerando a natureza do objeto (obrigações de dar, fazer e não fazer), existem outras classificações (algumas delas já estudadas), que denominaremos de especiais.
2. As obrigações especiais podem ser classificadas quanto ao elemento subjetivo (os sujeitos) e quanto ao elemento objetivo (a prestação). Mas podem também ser classificadas quanto ao elemento acidental e quanto ao conteúdo.
Classificação especial quanto ao elemento subjetivo
Obrigações fracionárias
1. Nas obrigações fracionárias, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito apenas a uma proporcionalidade do crédito.
Obrigações conjuntas 
1. Nessas obrigações concorrem uma pluralidade de devedores ou credores, impondo-se a todos o pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando a um dos credores exigi-la individualmente.
Obrigações disjuntas
1. Nesta modalidade de obrigação, existem devedores que se obrigam alternativamente ao pagamento da dívida. Vale dizer, desde que um dos devedores seja escolhido para cumprir a obrigação, os outros estarão consequentemente exonerados.
2. Se difere das obrigações solidárias, pois nestas existe o direito regressivo do devedor que paga.
Obrigações solidárias
1. As obrigações solidárias já foram devidamente esmiuçadas noutro documento.
2. O código civil as disciplinam entre os artigos 264 e 285. 
Classificação especial quanto ao elemento objetivo
Obrigações alternativas
1. As obrigações alternativas ou disjuntivas são aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas.
2. O Código Civil trata das obrigações alternativa entre os artigos 252 e 256.
3. Essas obrigações, tal como as obrigações solidárias, já foram devidamente estudadas noutro documento.
Obrigações facultativas 
1. A obrigação é considerada facultativa quando, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente. Exemplo: o devedor A obriga-se a pagar a quantia de R$ 10.000,00, facultando-se-lhe, todavia, a possibilidade de substituir a prestação principal pela entrega de um carro usado. 
Obrigações cumulativas
1. As obrigações cumulativas ou conjuntivas são as que têm por objeto uma pluralidade de prestações, que devem ser cumpridas conjuntamente. É o que ocorre quando alguém se obriga a entregar uma casa e certa quantia em dinheiro.
Obrigações divisíveis e indivisíveis
1. As obrigações divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestação; as indivisíveis, por sua vez, só podem ser cumpridas por inteiro. 
2. Disciplinadas entre os arts. 257 e 263 do Código Civil. 
3. Essa matéria foi devidamente tratada em documento próprio.
Obrigações líquidas e ilíquidas
1. Líquida é a obrigação certa quanto à sua existência, e determinada quanto ao seu objeto. A prestação, pois, nesses casos, é certa, individualizada, a exemplo do que ocorre quando alguém se obriga a entregar ao credor a quantia de R$ 100,00.
2. A obrigação ilíquida, por sua vez, carece de especificação do seu quantum, para que possa ser cumprida. A apuração processual desse valor dá-se por meio de procedimento específico de liquidação, na forma do disposto na legislação processual.
3. Tradicionalmente, três métodos são invocados para a quantificação de obrigações ilíquidas: simples cálculos, artigos de liquidação ou arbitramento.
· Cálculos: a liquidação por cálculos é a espécie mais cotidianamente utilizada. Ela se dá quando existirem nos autos todos os elementos suficientes para a quantificação do julgado.
· “Liquidação por artigos”: a “liquidação por artigos” é o nome que se dava ao procedimento a ser utilizado quando inexistissem nos autos provas suficientes para a quantificação do julgado, devendo ser esta obtida por meio de um procedimento ordinário. Ou seja, trata-se de um procedimento para alegar e provar um fato novo — entendido como “novo” o inexistente nos autos — necessário para a liquidação do julgado.
· A liquidação por arbitramento é feita quando inexistem elementos objetivos para a liquidação do julgado, seja nos autos ou fora deles, devendo valer-se o magistrado de uma estimativa para quantificar a obrigação.
Classificação especial quanto ao elemento acidental
Obrigações condicionais 
1. Trata-se de obrigações condicionadas a evento futuro e incerto, como ocorre quando alguém se obriga a dar a outrem um carro, quando este se casar.
Obrigações a termo
1. Se a obrigação subordinar a sua exigibilidade ou a sua resolução, outrossim, a evento futuro e certo, estaremos diante de uma obrigação a termo.
2. Realizado o ato, já surgem o crédito e o débito, estando estes apenas com a exigibilidade suspensa.
Obrigações modais
1. As obrigações modais são aquelas oneradas com um encargo (ônus), imposto a uma das partes, que experimentará um benefício maior.
Classificação especial quanto ao conteúdo
Obrigações de meio
1. Aobrigação de meio é aquela em que o devedor se obriga a empreender sua atividade, sem garantir, todavia, o resultado esperado. As obrigações do médico, em geral, assim como as do advogado, são fundamentalmente, de meio. 
Obrigações de resultado
1. Nesta modalidade obrigacional, o devedor se obriga não apenas a empreender a sua atividade, mas, principalmente, a produzir o resultado esperado pelo credor.
Obrigações de garantia
1. Tais obrigações têm por conteúdo eliminar riscos que pesam sobre o credor, reparando suas consequências.
2. O exemplo típico de tais obrigações são os contratos de seguro, em que, mesmo que o bem pereça em face de atitude de terceiro (incêndio provocado), a seguradora deve responder.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
1. Obrigação natural é aquela em que não se pode exigir juridicamente a responsabilização do devedor. É o caso da dívida que prescreveu e também da dívida de jogo. 
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. 
2. O principal efeito da dívida de jogo é a irrepetibilidade da prestação feita espontaneamente. Ex.: se uma dívida prescreve, não pode ser cobrada judicialmente. Se ela for adimplida mesmo assim, o credor terá direito de reter o pagamento espontâneo feito pelo devedor. Ou seja, o devedor não pode exigir que o credor “devolva o dinheiro” sob a alegação de que não tinha a obrigação de pagar.
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. 
De quem deve pagar
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.
1. Terceiro interessado é a pessoa que, sem integrar o polo passivo da relação obrigacional-base, encontra-se juridicamente adstrita ao pagamento da dívida, a exemplo do fiador que se obriga ao cumprimento da obrigação caso o devedor direto (afiançado) não o faça.
2. Terceiro não interessado, por sua vez, são pessoas que não guardam vinculação jurídica com a relação obrigacional-base, nutrirem interesse meramente moral. É o caso do pai, que paga a dívida do filho maior, ou do provecto amigo, que honra o débito do seu compadre. Existe duas possibilidades quando o pagamento é feito por terceiro não interessado:
· Paga a dívida em nome e à conta do devedor: neste caso, não tem, a priori, o direito de cobrar o valor que desembolsou para solver a dívida, uma vez que o fez, não por motivos patrimoniais, mas por sentimentos filantrópicos, pelo que pode, inclusive, lançar mão dos meios conducentes à exoneração do devedor, a exemplo da consignação em pagamento.
· Paga a dívida em seu próprio nome: neste caso, tem o direito de reaver o que pagou, embora não se subrogue nos direitos do credor.
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.
3. O devedor pode se opor ao pagamento de sua dívida por terceiro, quando houver justo motivo para tanto.
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
A quem se deve pagar
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
1. O pagamento só pode ser feito ao credor ou a quem o represente. Se for pago a outro, o pagamento só valerá se o credor confirmar que recebeu, se ele disser que não recebeu, o devedor terá que pagar novamente. 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
2. Credor putativo é o credor aparente. Trata-se da pessoa que se apresenta como sujeito ativo da relação obrigacional (sujeito passivo do pagamento), não havendo razão plausível para o devedor desconfiar da sua ilegitimidade. Portanto há dois requisitos indispensáveis: a boa-fé (estado psicológico de firme crença na legitimidade daquele que se apresenta ao devedor) e escusabilidade do erro (o erro deve ser perdoável, se tem motivos para desconfiar do impostor, deve evitar o pagamento).
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
3. Assim, se Caio, devedor de Tício, paga a dívida a Xisto, terceiro sem poderes de representação, o pagamento só valerá se for ratificado (confirmado) por Tício, verdadeiro credor, ou, mesmo sem confirmação, se houver revertido em seu próprio proveito (ex.: o devedor prova que o credor recebeu o dinheiro do terceiro, e comprou um carro).
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
4. Assim, por exemplo, se Caio deve a Tício a importância de 1.000,00, temos que tal crédito poderá ser penhorado pelos credores de Tício. Nesse caso, se Mévio obtém a constrição judicial (penhora) de tal crédito (o que, por óbvio, somente pode acontecer antes de ser efetivado o pagamento) e, mesmo assim, Caio, ciente dela, paga a importância diretamente a Tício, temos a aplicação da regra: “quem paga mal, paga duas vezes”, pois Mévio poderá exigir de Caio o valor correspondente, como se o valor não tivesse sido pago. Da mesma forma, se Caio deve a mesma importância ou um cavalo de raça a Tício, e Mévio impugna tal relação creditícia, alegando ser o efetivo destinatário do bem, poderá Mévio exigir que lhe seja pago o valor equivalente por Caio, caso este, precipitadamente, pague diretamente o suposto crédito de Tício.
Objeto do pagamento e sua prova
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívidaquitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
1. Quem atua no interior do País sabe que o conhecimento das leis é, na generalidade dos casos, raridade. Por isso, o cidadão humilde não poderia ser alijado do seu direito à quitação pelo simples fato de não haver exigido o recibo com todos os requisitos exigidos por lei.
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido.
2. Havendo débitos literais, ou seja, documentados por títulos, se a quitação consistir na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido (art. 321 do CC/2002). Exemplificando: Caio é devedor de Tício, por força de uma cambial (nota promissória), emitida em benefício deste último. No dia do vencimento, o credor alega haver perdido o título de crédito. Em tal hipótese, impõe--se ao devedor, no ato do pagamento, exigir uma declaração, datada e assinada (preferencialmente com firma reconhecida), pelo próprio credor, no sentido de que reconhecia a inutilidade do título extraviado, e que estava quitando a dívida contraída.
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
3. No pagamento realizado em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. Para afastarem essa presunção, os credores (escolas, por exemplo) costumam inserir no título a advertência de que o pagamento da última mensalidade em atraso não quita as pretéritas.
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.
4. Ou seja, privilegiam-se os usos e costumes do local, medida das mais salutares para preservar a boa-fé dos contratantes, que, em regra, se valem dos parâmetros que habitualmente utilizam no seu dia a dia (metros ou léguas; quilômetros de altura ou pés; quilogramas, arrobas ou onças; hectares, tarefas ou metros quadrados etc.).
Lugar do pagamento
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
1. A regra geral, portanto, poderá ser afastada pela própria lei (imagine que lei municipal crie determinado tributo, determinando que o pagamento seja feito na prefeitura, ou em determinado banco), ou pelas circunstâncias ou natureza da obrigação (a prestação decorrente de um contrato de trabalho, por exemplo, poderá ser cumprida fora do domicílio do devedor
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.
2. O motivo grave pode ser, por exemplo, uma inundação. 
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
3. Se o pagamento for feito reiteradamente (várias vezes, quando dividido em várias parcelas, por exemplo) em outro local, presume-se que o credor renunciou ao local que estava previsto no contrato.
Tempo do Pagamento
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.
Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
1. Inciso I: no caso de falência do devedor ou de concurso de credores — nesse caso, o credor deverá acautelar-se, habilitando o crédito antecipadamente vencido no juízo falimentar;
2. Inciso II: se os bens, hipotecados ou empenhados (objeto de penhor), forem penhorados em execução de outro credor — aqui, a antecipação do vencimento propiciará que o credor possa tomar providências imediatas para garantir a satisfação do seu direito;
3. Inciso III: se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias (fiança, por ex.), ou reais (hipoteca, penhor, anticrese), e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las — a negativa de renovação ou reforço das garantias indica que a situação do devedor não é boa, razão por que a lei autoriza a antecipação do vencimento
4. Enunciado 17, aprovado na I Jornada de Direito Civil realizada em Brasília pelo Conselho da Justiça Federal: “A interpretação da expressão ‘motivos imprevisíveis’ constante do art. 317 do novo Código Civil deve abarcar tanto causas de desproporção não previsíveis como também causas previsíveis, mas de resultados imprevisíveis”.
5. O devedor que não cumpre a obrigação no vencimento sujeita-se às consequências do inadimplemento, respondendo por perdas e danos, mais juros, atualização monetária e honorários de advogado (CC, art. 389). O pagamento, no entanto, exonera o devedor pontual, ou que purga a sua mora, liberando-o do vínculo obrigacional. É importante, pois, que possa comprovar, de modo cabal, o adimplemento. Por essa razão, realizando a prestação devida, o devedor tem o direito de exigir do credor a quitação da dívida. Esta é a prova do pagamento.
6. A quitação é a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado. É a declaração escrita a que vulgarmente se dá o nome de recibo.
7. Se o credor se recusar, pois, a fornecer recibo, o devedor pode legitimamente reter o objeto da prestação e consigná-lo. Prevê, com efeito, o art. 335, I, do Código Civil, que a consignação tem lugar se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, “ou dar quitação na devida forma”.
8. A exibição do recibo de quitação é o meio normal de comprovação do pagamento. Essa comprovação pode fazer-se, no entanto, em alguns casos, por meios diversos da quitação. Quando a dívida se acha incorporada numa nota promissória ou letra de câmbio, por exemplo, o meio probatório normal consiste na devolução do título. O Código Civil estabelece, com efeito, três presunções, que facilitam essa prova, dispensando a quitação: a) quando a dívida é representada por título de crédito, que se encontra na posse do devedor; b) quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo quitação da última; c) e quando há quitação do capital, sem reserva dos juros, que se presumem pagos.
9. A presunção de pagamento decorrente da posse do título pelo devedor é,todavia, relativa (juris tantum), pois o credor pode provar, no prazo legal, que o título se encontra indevidamente em mãos do devedor (casos de furto, extravio, conluio com o encarregado da cobrança etc.).
10. Se o título foi perdido, “poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido” (CC, art. 321).
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
Aspectos gerais e hipóteses de ocorrência
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
1. Não se pode negar o devedor de cumprir a prestação que foi pactuada. Se o credor se nega a recebe-la ou surge um outro fato qualquer obstativo, o devedor pode ser valer da consignação para se ver livre da obrigação assumida. Poderá, então, depositar judicialmente ou em estabelecimento bancário o valor devido, evitando a caracterização da mora. 
2. O devedor é chamado de consignante, o credor de consignatário e o bem objeto do depósito é chamado de consignado. 
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Requisitos de validade
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.
1. Em relação às pessoas: a consignação deverá ser feita pelo devedor ou quem o represente. 
2. Em relação ao objeto: o pagamento deve ser feito na integralidade (nos termos do art. 545 do CPC).
3. Em relação ao modo: não poderá mudar o local do pagamento (nos temos do art. 337, abaixo).
4. Quando ao tempo: deve ser efetuado antes de vencida a dívida. 
Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.
Possibilidade de levantamento do depósito pelo devedor
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham anuído.
1. Antes da aceitação ou impugnação do depósito tem o devedor total liberdade para levantar o depósito, uma vez que a importância ainda não saiu de seu patrimônio jurídico (art. 338).
2. Depois da aceitação ou impugnação do depósito pelo credor: nesse momento, embora ainda não tenha sido julgada a procedência do depósito, o fato é que o credor já se manifestou sobre ele, pretendendo incorporá-lo ao seu patrimônio (aceitação) ou o considerando, por exemplo, insuficiente (impugnação). A oferta, portanto, já está caracterizada. O depósito, porém, poderá ainda ser levantado pelo devedor, mas, agora, somente com anuência do credor, que perderá a preferência e a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada (ex.: preferência por hipoteca, no concurso de credores), com liberação dos fiadores e codevedores que não tenham anuído (art. 340 do CC/2002). Isso se justifica pela regra de que é patrimônio do devedor a garantia comum dos seus credores, e essa não incorporação patrimonial, no caso, se deu pela vontade do credor, não podendo tal ato unilateral de verdadeira renúncia prejudicar os demais interessados na extinção da obrigação.
3. Julgado procedente o depósito: o devedor já não poderá levantá-lo. Isso porque, sendo julgado procedente o depósito, consuma-se o pagamento, extinguindo-se juridicamente a obrigação, pelo que não podem ser prejudicados os codevedores e fiadores. Obviamente, se estes concordarem com o levantamento, cai o impedimento criado pela lei, retornando tudo ao status quo ante por expressa manifestação da autonomia da vontade.
Consignação de coisa certa e incerta
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.
Despesas processuais
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Considerações iniciais
1. Sub-rogar é o ato pela qual se substitui uma pessoa ou coisa em lugar de outra.
2. A sub-rogação pode ser objetiva (ou real) ou subjetiva (ou pessoal):
· Sub-rogação objetiva: se um indivíduo gravou determinado bem de sua herança com cláusula de inalienabilidade, o sucessor não poderá, sem a devida autorização judicial, aliená-lo, e, caso o faça, justificará o gasto, aplicando o valor remanescente na aquisição de outro bem, que substituirá o primeiro, o qual passará a suportar a cláusula restritiva.
· Sub-rogação subjetiva: trata-se do pagamento com substituição de sujeitos no polo ativo da relação obrigacional. Tal ocorre, por exemplo, quando o fiador paga a dívida do afiançado, passando, a partir daí, a ocupar a posição do credor, substituindo-o.
3. A sub-rogação pode ser classificada em ainda em legal e convencional. 
Sub-rogação legal
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
1. Esclarecendo inciso II: A hipoteca é um direito real de garantia incidente sobre imóveis. Em geral, quando uma pessoa pretende obter um empréstimo, o credor, antes de fornecer o numerário, costuma exigir garantias e, em especial, uma garantia real, a exemplo da hipoteca de um imóvel do devedor (uma fazenda, por exemplo). Neste caso, o proprietário terá o seu bem gravado (pela hipoteca), podendo o credor hipotecário reavê-lo em mãos de quem quer que seja, por força do chamado “direito de sequela”. Nada impede, porém, que o devedor aliene o bem hipotecado a um terceiro, ciente da hipoteca (aliás, toda hipoteca deve ser registrada no Cartório de Registro Imobiliário). Este adquirente (o comprador da fazenda), portanto, objetivando liberar o imóvel, poderá pagar a soma devida ao credor hipotecário, sub-rogando-se em seus direitos. “um terceiro efetivar o pagamento para não ser privado de direito sobre o imóvel”: No caso, nãose trata do terceiro que adquire imóvel hipotecado, eis que essa hipótese está contida na primeira parte da norma. A previsibilidade legal compreende situações outras, de pessoas que tenham algum direito sobre o imóvel, e, para não perdê-lo, pagam a dívida do proprietário, sub-rogando-se nos direitos do credor.
2. Sobre o inciso III: é a situação mais comum. É o que ocorre no caso do fiador, que paga a dívida do devedor principal, passando, a partir daí, a poder exigir o valor desembolsado.
Sub-rogação convencional
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito.
Efeitos jurídicos da sub-rogação
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.
1. Assim, se a dívida vale R$ 1.000,00, e o terceiro juridicamente interessado (fiador) obteve desconto e pagou apenas R$ 800,00 — com a devida anuência do credor, que emitiu quitação plena e irrevogável —, só poderá exercer os seus direitos e garantias contra o devedor até o limite da soma que efetivamente desembolsou para solver a obrigação (R$ 800,00).
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
2. Finalmente, cumpre-nos anotar que, se houver concorrência de direitos entre o credor originário e o credor sub-rogado, ao primeiro assistirá preferência na satisfação do crédito. Assim, se A é credor de R$ 300,00 em face de B, e C (credor sub-rogado) paga-lhe apenas parte da dívida (R$ 150,00), ficará sub--rogado em seus direitos até essa quantia. Pois bem. Suponhamos que o patrimônio de B não seja suficiente para saldar os dois créditos concorrentes (de A e C). Nesse caso, por expressa determinação legal (art. 351 do CC/2002), o credor originário terá preferência ao sub-rogado, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
1. Ninguém está impedido de contrair mais de uma dívida com a mesma pessoa.
2. Imputação do pagamento é a determinação pelo devedor de qual dívida quer solver. 
3. Esse conteúdo dispensa maiores considerações, bastando, para o entendimento, a leitura da literalidade dos artigos abaixo.
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Conceito
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
1. Dação em pagamento consiste na realização de uma prestação diferente da que é devida. 
2. Assim, se o devedor se obriga a pagar a quantia de R$ 1.000,00, poderá solver a dívida por meio da dação, entregando um automóvel ou prestando um serviço, desde que o credor consinta com a substituição das prestações.
3. Não se confunde com a pluralidade de prestações existente nas obrigações alternativas, haja vista que, nestas, a diversidade de prestações está prevista no próprio título da obrigação (p. ex.: nos termos do contrato, eu me obrigo a entregar um imóvel ou dez mil reais).
Requisitos da dação em pagamento 
1. São requisitos dessa forma de extinção das obrigações: 
· a existência de uma dívida vencida;
· o consentimento do credor — vale dizer, não basta a iniciativa do devedor, uma vez que, segundo a legislação em vigor, a dação só terá validade se o credor anuir;
· a entrega de coisa diversa da devida;
· o ânimo de solver (animus solvendi) — o elemento anímico, subjetivo, da dação em pagamento é, exatamente, o animus solvendi. Sem esta intenção de solucionar a obrigação principal, o ato pode converter-se em mera liberalidade, caracterizando, até mesmo, a doação.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
2. Assim as regras gerais referentes aos riscos da coisa, à invalidade do negócio, e tudo o mais que for compatível com o contrato de compra e venda, será aplicado, no caso à dação em pagamento.
3. Ainda segundo a nossa legislação em vigor, não existirá propriamente dação quando a coisa dada em pagamento consistir em título de crédito, visto que, no caso, haverá mera cessão de crédito, com extinção da obrigação originária por um meio de pagamento.
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.
Evicção da coisa dada em pagamento
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
1. Ocorre a evicção – que traduz a ideia de ‘perda’ –, quando o adquirente de um bem vem a perder a sua propriedade ou posse em virtude de decisão judicial que reconhece direito anterior de terceiro sobre o mesmo. 
2. Serão 3 os sujeitos: 
1) alienante: que será responsabilizado pelo prejuízo causado ao adquirente; 
2) evicto: o adquirente, que sucumbe à pretensão reivindicatória do terceiro; 
c) evictor: o terceiro que prova o seu direito anterior sobre a coisa. 
3. Deverão ser ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé, a exemplo do que ocorreria se a prestação originária fosse a entrega de um veículo, e este já estivesse alienado a terceiro. No caso, havendo sido perdido o imóvel, objeto da dação em pagamento, por força da evicção, as partes não poderão pretender restabelecer a obrigação primitiva, mantendo o mesmo objeto (a entrega do carro), que já se encontra em poder de um terceiro de boa-fé. Deverão, pois, na falta de solução melhor, resolver a obrigação em termos pecuniários.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
Conceito
1. Dá-se a novação quando, por meio de uma estipulação negocial, as partes criam uma nova obrigação, destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior. 
Requisitos
1. Existência de uma obrigação anterior: É interessante que se diga que se o ato for anulável, nada impede que a obrigação aí compreendida seja extinta, e substituída por outra, por meio da novação. Se, por outro lado, a obrigação for nula ou já extinta, ela não pode ser objeto de novação.
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.
2. A criação de uma nova obrigaçãosubstancialmente diversa da primeira: é necessário que ocorra mudança de alguma das partes ou no objeto. Simples alterações setoriais de um contrato não traduzem novação. Assim, quando a instituição financeira apenas concede o parcelamento da dívida, aumenta o prazo para pagamento, ou recalcula a taxa de juros aplicada, não necessariamente estará realizando uma novação.
3. O ânimo de novar: é indispensável que as partes tenham o propósito de novar. A simples modificação do objeto não representa novação.
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
4. Exemplificamos: vendedor e comprador acordam modificar o objeto da obrigação: ao invés de ser alienado o apartamento 1 do condomínio X, o comprador adquirirá um terreno contíguo. Nesses termos, a simples alteração do objeto da prestação não caracterizará novação. Assim, mantidos todos os termos do contrato (prazo, forma de pagamento, valor da venda, garantias), a alteração do objeto, sem o propósito de novar, apenas confirmará a obrigação pactuada (de dar) no contrato de compra e venda.
Espécies de novação
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
1. Novação objetiva: é o caso do inciso I.
2. Novação subjetiva: pode ser ativa, quando ocorre mudança dos credores, ou passiva, quando ocorre mudança de devedores. E o caso dos incisos II e III.
3. Novação mista: quando ocorre mudança tanto de objeto quanto de sujeitos.
Novação subjetiva passiva por expromissão e por delegação
1. Novação subjetiva por expromissão: a substituição do devedor se dá independentemente do seu consentimento, por simples ato de vontade do credor
Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste.
2. Novação subjetiva por delegação: o devedor participa do ato novatório, indicando terceira pessoa que assumirá o débito, com a devida aquiescência do credor. Assim, participam da delegação: o antigo devedor (delegante), o novo devedor (delegado), e, finalmente, o credor (delegatário).
3. O art. 363 se trata de norma que visa a reprimir a atuação danosa do devedor que indica terceiro, para substituí-lo, sabendo do seu estado de insolvência.
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
Efeitos
1. O principal efeito da novação é liberatório, ou seja, a extinção da primitiva obrigação, por meio de outra, criada para substituí-la.
2. Em geral, realizada a novação, extinguem-se todos os acessórios e garantias da dívida (a exemplo da hipoteca e da fiança), sempre que não houver estipulação em contrário.
3. Da mesma forma, a ressalva de uma garantia real (penhor, hipoteca ou anticrese) que tenha por objeto bem de terceiro (garantidor da dívida) só valerá com a anuência expressa deste (art. 364, segunda parte)
Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação.
4. Quanto à fiança, o legislador foi mais além, ao exigir que o fiador consentisse para que permanecesse obrigado em face da obrigação novada. Veja:
Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.
5. Finalmente, ocorrida a novação entre o credor e um dos devedores solidários, o ato só será eficaz em face do devedor que novou, recaindo sobre o seu patrimônio as garantias do crédito novado, restando, por consequência, liberados os demais devedores
Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 2. 21 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Conceito
1. A compensação é uma forma de extinção de obrigações, em que seus titulares são, reciprocamente, credores e devedores.
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Espécies de compensação
1. São duas as espécies de compensação:
· Legal: a compensação legal é a regra geral, exigindo, para sua configuração, o atendimento a diversos requisitos legais.
· Convencional: é decorrência direta da autonomia da vontade.
2. É possível compensar obrigações de natureza diversa, o que não seria possível, como veremos, na compensação legal.
Requisitos da compensação legal
Reciprocidade das obrigações 
1. É necessário que as obrigações sejam recíprocas com inversão dos sujeitos em seus polos. 
2. A única exceção, na forma do art. 371 do CC/2002) que pode compensar a sua dívida própria com a de seu credor ao afiançado, tendo em vista que se trata de um terceiro interessado, que é responsabilizado sem débito próprio. 
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
Liquidez das dívidas
1. para que haja a compensação legal, é necessário identificar a expressão numérica das dívidas.
Fungibilidade dos débitos
1. As coisas devem ser fungíveis entre si, ou seja, de mesma natureza.
Exigibilidade atual das prestações
1. Não pode ser compensado um débito vencido com outro a vencer.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compensação.
2. Exemplificando: se A tem uma dívida vencida de R$ 1.500,00 com B e este lhe concede um prazo maior para pagá-la, nada impede que B possa compensar tal crédito com outra dívida vencida que tem em relação a A.
Hipóteses de impossibilidade de compensação
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
1. Inciso I: A ilicitude do fato gerador da dívida contamina sua validade, pelo que, não sendo passível de cobrança, muito menos o será de compensação.
2. Inciso II: O comodato e o depósito obstam a compensação por serem objeto de contratos com corpo certo e determinado, inexistindo, portanto, a fungibilidade entre si necessária à compensação.
3. Inciso III: A impenhorabilidade de determinados bens justifica-se por sua relevância.
Art. 374. (Revogado pela Lei nº 10.677, de 22.5.2003)
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever.
Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-las,

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