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DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA Thayla Maine DOENÇAS MAMÁRIAS BENIGNAS - DIAGNÓSTICO • Sintomatologia • Exame clínico • Ultrassonografia e mamografia • Outros exames de imagem • Citologia e anatomia-patológica DOENÇAS MAMÁRIAS BENIGNAS • Nódulos mamários (fibroadenoma, hamartomas…) • Cistos mamários • Descarga mamilar (ectasia ductal, papiloma…) • Mastalgia (cíclica, acíclica) • Inflamações e infecções • Anormalidades do desenvolvimento mamário NÓDULOS MAMÁRIOS • Fibroadenoma • Adenoma • Adenose (simples e esclerosante) • Lipoma • Hamartoma • Tumor Filodes • Outras neoplasias (menos comuns) FIBROADENOMA Neoplasia benigna da mama com proliferação de tecido epitelial e estromal. Doença mamária mais comum em mulheres abaixo de 30 anos. 90% dos casos é isolado e 10% múltiplos nódulos. Etiologia duvidosa, com padrão de resposta promotora a esteroides sexuais. • Fibroadenoma complexo (apresenta associação histológica com adenose, microcistos, metaplasia apócrina) - variável marcadora de risco = RR para câncer 3,1 (15% dos casos) • Fibroadenoma gigante - forma incomum (2-4%) com diâmetro acima de 5cm CLÍNICA Nódulo bem delimitado, móvel, macrolubulado, consistência fibroelástica. ULTRASSONOGRAFIA Nódulo com limites precisos, ovalado ou macrolubulado, homogênio (eventualmente há calcificação grosseira em seu interior), hipoecoico - BI-RADS 3. MAMOGRAFIA (achado ocasional em mulheres > 40 anos) Nódulo bem delimitado, macrolubulado, com (BI-RADS 2) ou sem (BI-RADS 3) macrocalcificações Exame indireto = radiodensidade do nódulo semelhante à do parênquima (sobreposição) TRATAMENTO Diagnóstico é essencialmente clínico e ultrassonográfico. Mamografia apenas acima de 40 anos de idade (diagnóstico diferencial com CA). Em caso de macrocalcificação (BI-RADS 2) = acompanhamento de rotina para a idade BI-RADS 3 = repetição semestral de ultrassonografia por 2 anos. Indicação cirúrgica: • Tumores maiores que 2 a 3cm • Aspecto duvidoso na imagem e/ou alteração do padrão no seguimento (BI-RADS 4-A ou maior) ADENOMA MAMÁRIO Proliferação exclusiva do tecido epitelial com ausência ou mínimo componente estromal. Diagnóstico diferencial com fibroadenoma em geral é histológico Mesmas características clínicas e ultrassonográficas dos fibroadenomas Predomina em mulheres jovens com 3 apresentações: • Adenoma tubular • Adenoma da lactante (associado à gestação/amamentação) • Adenoma de mamilo (mulheres mais idosas - 40 a 50 anos = diagnóstico diferencial com CA) ADENOSE DA MAMA Proliferação de tecido epitelial com padrão acinar Achado clínico mais comum é de alteração mamográfica com microcalcificações Eventualmente forma nódulos Divisão de aspectos histológicos relevantes: • Adenoses variadas (simples, florida, tubular, microglandular) - sem risco associado ao CA • Adenose esclerosante - marcadora de risco aumentado ao CA de mama (RR 1,5 a 2,0) • Pico de incidência entre 30-40 anos = recomendação de seguimento para paciente de risco. LIPOMA E HAMARTOMA Lesões benignas com nódulos bem delimitados (eventualmente de grande volume) Lipoma - consistência amolecida em relação ao parênquima Hamartoma (fibroadenolipoma) - palpação limitada pela consistência parecida ou idêntica ao parênquima mamário = em geral achado de imagem (“breast in a breast”) Para ambas neoplasias não há necessidade cirúrgica em função da benignidade, com exceção (muito eventual) de questões estéticas. TUMOR FILODES Tumor misto com componente epitelial e mesenquimal (predominante) de comportamento histológico variável. • Benignas (mais comuns) - até 4 mitoses, baixa celularidade e leve pleomorfismo • Comportamento incerto (borderline) - 5 a 9 mitoses, moderada celularidade e pleomorfismo • Maligno ≥ 10 mitoses, alta celularidade e pleomorfismo agressivo Predomínio em mulheres de etnia negra na 4ª e 5ª décadas de vida. Alto índice de recidiva indo das formas benignas (8%) a malignas (23%) - cuidado cirúrgico com margens. Clinicamente se apresenta como nodulação volumosa lobulada, em geral móvel e indolor. ULTRASSONOGRAFIA Lesão em geral heterogênea com áreas sólidas e císticas de limite preciso. MAMOGRAFIA Muitas vezes limitada pelo volume de nódulo - aspectos semelhantes ao fibroadenoma DIAGNÓSTICO Diagnóstico das variedades (benignas ou malignas) é anatomopatológico TRATAMENTO Exérese com margem de segurança mínima de 1cm CISTO MAMÁRIO Doença comum da mama (10% das mulheres) - pico de incidência de 35 a 50 anos. Classificação: • Volume: microcistos (<3mm) ou macrocistos (≥ 3mm) • Quantidade: único ou múltiplos Perfil de recidivas de novos cistos em pacientes com diagnóstico prévio. Clinicamente aparecem como nodulações (podem ser súbitas) muitas vezes dolorosas, bem delimitadas, com mobilidade variável (volume e inflamação peri-cística) Macrocistos são decorrentes de obstrução ductal e retenção de secreção fisiológica ULTRASSONOGRAFIA • Lesões circunscritas (em geral arredondadas) anecoicas com reforço acústico posterior e paredes finas - BI-RADS 2 • Microcistos agrupados (cada um ≤ 2mm) - sendo bilaterais ou mais de um foco (BI-RADS 2) e sendo foco único (BI-RADS 3) • Cistos complicados - conteúdo espesso homogêneo (BI-RADS 3) - risco 0,3% • Cistos complexos - parede ou septos espessos, áreas sólidas no interior e heterogeneidade (BI-RADS 4) - risco de 23 a 31% MAMOGRAFIA Imagem circunscrita inespecífica (BI-RADS 0) indica US complementar CONDUTA Cistos simples sem sintomas: seguimento de rotina Cistos simples sintomático: PAAF (punção aspirativa por agulha fina) • Conteúdo citrino - seguimento controle (recidiva) • Massa palpável residual - mamografia e exérese • Conteúdo hemático - para a punção e faz exérese Cisto complexo: exérese cirúrgica com margem de segurança (importante remover íntegro) DESCARGA MAMILAR • Galactorreia (bilateral aspecto lácteo = origem endocrinológica) • Ectasia ductal • Papiloma intraductal • Carcinoma intraductal (in situ) • Carcinoma invasor da mama - 5% dos fluxos papilares Fisiológica: saída à expressão, multiductal, bilateral, multicolorida Patológica: saída espontânea, uniductal, unilateral, aquoso ou sanguinolento • Fluxo aquoso (água mineral ou “água de rocha”) - 45% Câncer • Fluxo sanguíneo (vivo) - 24% câncer • Fluxo sero-sanguinolento - 12% câncer • Fluxo seroso - 7% câncer ECTASIA DUCTAL - MASTITE PERIDUCTAL Inflamação periductal obstrutiva com acúmulo de secreção e contaminação produzindo infecção recorrente (mastite periareolar recidivante) Aumento progressivo com a idade - principalmente após 40 anos. Risco relativo fortemente aumentado em tabagistas (RR-9,0) Contaminação predomina por anaeróbios e secundariamente por Gram + Clinicamente apresenta descarga mucopurulenta (amarela ou esverdeada) com hiperemia que pode evoluir para abscesso e fistulização (em geral na transição da pele areolar e pele normal), inversão mamilar em casos crônicos (fibrose e retração). Os dados clínico são típicos do quadro, com exames complementares usados para descartar diagnósticos diferenciais (incluindo CA) Ultrassonografia revela dilatação de ductos terminais e eventualmente fibrose com aumento da ecogenicidade periareolar TRATAMENTO Fase aguda: • Clindamicina 600mg 8/8h • Cefalexina 500mg 6/6h + Metronidazol 500mg 12/12h A duração dos tratamento é de 7 a 10 dias. Indicação de abandono do tabagismo (redução de risco de recidivas) Em recidivas frequentes - tratamento cirúrgico com exérese de ductos terminais. PAPILOMA INTRADUCTAL Ao redor de 30% de todas as descargas mamilares. Descargas muitas vezes sanguinolenta (variando de sangue vivo a sero-sanguinolento) Diagnóstico diferencial com carcinoma intraductal da mama (in situ) e carcinoma invasor. Clinicamente se apresenta com descarga espontânea uniductal em geral em mulheres de 30 a 50 anos (pode ocorrer em outras idades). Na quase totalidade dos casos é indolor, sem sinais inflamatóriosassociados, podendo eventualmente formar massas palpáveis periareolares - provoca muita ansiedade nas pacientes pelo aspecto da secreção. Na maioria dos casos é uma lesão única: Tratamento: exérese da unidade mamária comprometida para análise histológica e diagnóstico diferencial com carcinoma (obs.: formas in situ somente serão diferenciadas pelo anatomopatológico) Variável em jovens = papilomatose (papiloma múltiplo periférico) e papiloma juvenil - em geral forma massa palpável - alta associação com CA de mama no futuro. • Conduta para ambas formas clínicas = exérese cirúrgica • Acompanhamento rigoroso de risco para CA MASTALGIA Dor mamária de causas múltiplas - de acordo com faixa etária. Paciente faz associação errônea com o CA de mama - apenas 5% dos CA tem dor Em adolescentes e adultas jovens em geral está associada ao estímulo cíclico fisiológico dos esteroides sexuais na mama. Outras causas de dor mamária verdadeira incluem cistos, mastites, tromboflebite e outras apresentações menos frequentes. Em mulheres acima de 40 anos há um predomínio de fatores extra-mamário na origem da dor. MASTALGIA CÍCLICA Acomete até 60% das mulheres em alguma fase da vida. Intensidade variável, inclusive em função de fatores emocionais. Ação de estrógeno e progesterona (principalmente) no epitélio ductal e alveolar da mama. Edema estromal associado - algumas mulheres com aumento real de circunferência torácica. Início da dor entre 1 e 2 semanas antes da menstruação (2ª fase do ciclo) 15% tem formas severas incapacitantes Além da ação hormonal fisiológica, questiona-se o papel de desvios da normalidade e distúrbios endócrinos na etiologia dos quadros mais severos - destaque para alterações de prolactina. Tratamento visa redução do stress associado à dor com orientação sólida sobre a origem benigna do quadro = 70% de controle dos casos. Medidas gerais: atividade física, padrão de sutiã, relaxamento, analgésicos simples Casos severos: antiinflamatório tópico 3x/dia; tamoxifeno 10mg/dia Medidas com efeito placebo: vitaminas B e E, ácido gamalinolênico, restrições alimentares MASTALGIA ACÍCLICA Padrões álgicos da mama não relacionados ao ciclo menstrual Diagnóstico diferencial com as doenças mamárias que cursam com dor - investigação com ultrassonografia e/ou mamografia. Múltiplas causas não mamárias na origem da dor, em especial após os 40 anos: • Neurites intercostais - desvio de coluna, osteofitos, vícios posturais • Fibromialgia e outras doenças musculares da parede torácica • Artroses e artrites costocondrais • Herpes zoster e outras doenças neuronais periféricas que acometam a parede torácica INFLAMAÇÕES E INFECÇÕES DA MAMA Quadros específicos em etiologia e terapia Mastites: • Puerperais • Não-puerperais (APAR, tuberculose mamária, blastomicose, outras) Processos inflamatórios: • Mastite granulomatosa idiopática • Doença de Mondor - tromboflebite de veias superficiais do tórax DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO Transtornos do desenvolvimento da mama em número, simetria ou posição. Politelia: muitas vezes confundida com “manchas congênitas” na linha mamária Polimastia: comum, acometendo entre 5 e 10% das mulheres com desenvolvimento de parênquima acessório além da área mamária principal (sítio mais comum é axila) Hipomastia: subdesenvolvimento da mama (congênito ou iatrogênico) Amastia: ausência completa da mama e do mamilo, podendo ser uni ou bilateral Síndrome de Poland: amastia unilateral, associada a agenesia de mm. Peitoral maior homolateral Hipertrofia Virginal: aumento excessivo das mamas na puberdade - tratamento estético Hipertrofia: muitas vezes de aspecto pessoal, fortemente associada à obesidade Hipotrofia: excluindo-se as doenças congênitas é de aspecto constitucional - tratamento estético de inclusão (prótese) Assimetria: muito comum haver pequenas diferenças em volume e posicionamento de mama, aréola e mamilos. Casos severos: tratamento estético adequado Adolescentes: importante aguardar completo desenvolvimento das mamas (corrige muitas vezes naturalmente) RISCO RELATIVO DAS NEOPLASIAS BENIGNAS DA MAMA
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