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1 CURSO: Ministério Público Estadual Estagiando Direito @estagiando_direito_ AULA 01 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Mi 2 Apresentação do curso É com muita esperança e animação que iniciamos nossa disciplina de Processo Penal voltada para diversos cargos de concurso, mas principalmente para todos aqueles que almejam conquistar sua vaga de estagio nos órgãos públicos. Em nosso estudo vamos sempre buscar tratar de forma objetiva e clara os tópicos mais recorrentes nas provas e nas questões, pois estamos aqui para acertar o máximo de questões a fim de conquistar a vaga. O material foi elaborado com base em diversas anotações de leituras realizadas em doutrinas como a de Nestor Távora e Guilherme Nucci, sempre observando os assuntos mais cobrados e, consequentemente, com maior chance de incidência em provas, não deixando de citar alguns temas com menor incidência. A nossa metodologia a ser seguida é a leitura do material teórico, capítulos da lei seca mais recorrentes, e por fim, e não menos importante, vamos ter algumas questões para a fixar o conteúdo e verificar onde devemos melhorar. Noções iniciais e Princípios do Processo Penal Introdução: De início é necessário retornamos aos estudos de Teoria Geral do Direito para relembrarmos o que se entende por processo. A fim de facilitar nosso entendimento pela matéria, o direito penal é considerado MATERIAL enquanto o direito processual penal é considerado FORMAL. Continuando, o Processo, em suma, é o instrumento de resultado, de efetividade, de aplicação do direito material (penal) ao caso concreto, sendo considerado como um mecanismo instrumental da jurisdição. Dessa maneira, já possuímos base para conceituar a nossa disciplina. O Direito Processual Penal é o conjunto de normas jurídicas que orientam e disciplinam o processo penal. A tutela do Direito Penal se concretiza através do Direito Processual Penal, sendo esse um conjunto de normas que disciplinam a solução das lides, por meio da aplicação do direito material. Fontes São divididas em dois caminhos, fontes materiais, ou seja, quem tem a competência para tratar sobre o processo e fontes formais, sendo aquelas verificadas em nosso código, julgados, etc. • Materiais: compete privativamente à União legislar sobre direito processual, mas há a possibilidade de LEI COMPLEMENTAR delegar essa competência aos Estado (até hoje não se verificou isso possibilidade). Além disso, os Estados têm competência concorrente para legislar sobre procedimentos (não é a mesma coisa que processo). • Formais: São vários os tipos formais aplicados em nosso processo: o lei ordinária na maior parte dos casos; o lei complementar; o emendas; 3 o normas constitucionais; o costume (para parte da doutrina); o princípios gerais do direito; o jurisprudência. Sistemas processuais penais • Sistema inquisitivo: de grande verificação no período da santa inquisição (idade medieval), com características bem marcantes como: o Concentração das funções de acusar, processar e julgar nas mãos do Juiz. o Sigiloso e sem contraditório e ampla defesa; o O réu era considerado apenas coisa e não parte, sendo assim fonte de prova (tortura); o Confissão (muitas vezes realizada sobre tortura), considerada como rainha das provas. • Sistema acusatório: A doutrina majoritária aponta como o sistema vigente em nosso ordenamento, principalmente depois da reforma do juiz das garantias. Com o passar dos anos e a evolução da sociedade e do Direito se viu cada vezes mais a necessidade de humanizar o processo, tornando ele o mais justo possível, possuindo como características: o Separação das funções de acusar (partes ou ministério Público), processar e julgar. o Gestão de provas não mais na mão do juiz, mas sim das partes; o Presença do contraditório e ampla defesa em todo o processo; o Livre convencimento motivado pelo juiz (imparcialidade); o Sistema misto: como o próprio nome já nos mostra, é a mistura dos dois sistemas anteriormente citados, divido em duas fases, a primeira inquisitiva e a segunda acusatória. Parte minoritária da doutrina aponta como esse sistema presente em nosso ordenamento, pois como veremos mais a frente, o nosso inquérito policial é inquisitivo enquanto o processo em si é acusatório. Princípios fundamentais do processo Vamos citar apenas aqueles princípios de maiores importância ou mais verificados em questões de provas. • Presunção de inocência: em nossa CF, art. 5º LVII, estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; De mesma maneira a Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), art. 8º, item 2 - Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. 4 • Contraditório: CF, art. 5º - LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. • Ampla defesa: verifica-se na união de direitos: direito de informação; bilateralidade da audiência e direito de acesso e produção de provas. Além disso, é possível a realização de autodefesa (renunciável), aquela exercida pelo próprio acusado, nas oportunidades que tem para se manifestar, como por exemplo no interrogatório, como também a defesa técnica (irrenunciável), exercida por profissional habilitado, leia-se advogado ou defensor público, com capacidade postulatória. • Publicidade: A regra é a publicação dos atos praticados no processo, sendo sigiloso apenas quando ocorrer o risco na intimidade das partes ou interesse social, “CF, art. 5º, LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. “ • Inadmissibilidade das provas ilícitas: CF, art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. De mesma maneira o CPP nos traz no art. 157 - são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas. No paragrafo 1º supracitado verificamos a teoria da arvore com frutos envenenados, pois todas as provas que forem obtidas através daquela que foi conquistada por via ilícita, deverá ser desentranhada do processo sobre pena de nulidade. • Juiz natural: CF, art. 5º: XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. • Nemo tenetur se detegere: ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo concebido na CF com as seguintes garantias: o direito ao silêncio e de não confessar; o não praticar comportamento ativo incriminador; o não produzir prova invasiva. Lei processual penal no espaço Conforme podemos verificar no primeiro artigo do CPP, a regra geral é a aplicação do processo penal em TODO O TERRITÓRIO BRASILEIRO, ressalvadas as exceções específicas como: • os tratados, as convenções e regras de direito internacional; • prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade. 5 • processos da competência da Justiça Militar; • processos da competência do tribunal especial; • processos por crimes de imprensa. Lei processual penal no tempo No artigo 2º nos mostra a caracterização do princípio do tempus regit actum, ou seja, o tempo rege o ato. Assim a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior, independente se a nova lei é benéfica ou maléfica ao réu, não se aplicando aretroatividade da lei benéfica. • A contagem do prazo é diferente da realizada no direito penal, aqui se aplica a contagem boleto (hahaha), pois se exclui o dia do começo (dia que realiza a compra) e conta o ultimo dia (dia do vencimento), contando apenas os dias uteis, nunca mais vão confundir com o penal. • ATENÇÃO: existem artigos que são ao mesmo tempo material (penal) e formal (processo penal), como realiza a contagem do prazo? Esses tipos são chamados de mistos, aplicando a regra do direito penal (tempus delicti e retroagirá para beneficiar o réu) e não o tempo rege o ato (CPP) Interpretação das leis penais Novamente verifica-se uma diferença com o código penal com relação a interpretação, enquanto no direito penal não se admite a analogia e a interpretação extensiva para incriminar o reu, no processo penal admitem a analogia e a interpretação extensiva. • Analogia: forma de autointegração das normas, consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante • Interpretação analógica: É método de interpretação. Diferentemente da analogia, na interpretação analógica há uma lei a ser aplicada e interpretada e, então, não há lacuna ou omissão legislativa ou normativa. LEI SECA TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - Os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); III - os processos da competência da Justiça Militar; 6 IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa. Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. SUMULAS Súmula 523 STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Súmula Vinculante 14 STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados (gravem isso) em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. QUESTÕES 1. Sobre o inquérito policial, é INCORRETO afirmar que: A. estando o indiciado solto, o prazo para seu encerramento é de 30 (trinta) dias, podendo ser solicitada dilação de prazo. B. é presidido por autoridade policial ou por membro do Ministério Público. C. se trata de procedimento escrito, inquisitivo e sigiloso. D. após instaurado, não pode ser arquivado pela autoridade policial. E. não é regido pelos princípios do contraditório e da ampla defesa. 2. A respeito do inquérito policial, é correto afirmar: A. O inquérito policial, uma vez instaurado, não poderá ser arquivado pela autoridade policial. B. O inquérito policial constitui-se na única forma de investigação criminal. C. O inquérito policial pode ser presidido pelo Ministério Público. D. O princípio do contraditório deve ser observado no inquérito policial. E. O sigilo do inquérito policial, necessário à elucidação do fato, se estende ao Ministério Público. 3. A condenação de um réu sem defensor viola o princípio A. da oficialidade. 7 B. da publicidade. C. do juiz natural. D. da verdade real E. do contraditório. 4. O princípio constitucional que assegura ao acusado o direito de ampla defesa, em processo em que seja: A. assegurada a igualdade das partes, denomina-se princípio B. do juiz natural. C. do estado de inocência. D. da verdade real. E. da obrigatoriedade. F. do contraditório. 5. No que se refere às disposições preliminares do Código de Processo Penal (CPP) e ao inquérito policial, assinale a opção correta. A. O delegado de polícia só poderá determinar o arquivamento de inquérito policial se car provado que o investigado agiu em legítima defesa. B. Em respeito ao princípio constitucional da legalidade, não são admitidas, no que concerne à lei processual penal, interpretação extensiva ou aplicação analógica. C. Nova lei processual penal tem aplicação imediata, devendo ser desconsiderados, quando de sua edição, os atos realizados sob a vigência da lei anterior. D. O CPP aplica-se em todo o território brasileiro, inclusive aos processos da competência da justiça militar. E. O MP poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial para que se realizem novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 6. Assinale a opção correta acerca das disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. A. A garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa aos litigantes, em processo judicial, e aos acusados em geral não se aplica ao processo administrativo. B. Segundo disposição expressa da Constituição Federal de 1988, o civilmente identificado não pode, em nenhuma hipótese, ser submetido a identificação criminal, em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. 8 C. Segundo previsão expressa da Constituição Federal de 1988, assegura-se aos presos o respeito à integridade física e moral e às presidiárias, condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. D. Só será admissível a concessão de extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião se ele tiver sido processado e sentenciado pela autoridade judicial competente. E. São inadmissíveis, no processo judicial, as provas obtidas por meios ilícitos, e, exceto nas hipóteses da prática de crimes hediondos, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 7. Apesar do sigilo do inquérito policial, é assegurado o seu amplo acesso ao investigado e a seu advogado, em qualquer circunstância, ainda que haja diligências em curso. A. Certo B. Errado 8. O CPP não admite as provas ilícitas, determinando que devem ser desentranhadas do processo as obtidas com violação a normas constitucionais ou legais, inclusive as derivadas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente. A. Certo B. Errado Respostas 1-B; 2-A; 3-E; 4-E; 5-E; 6-C-7-E 8-E
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