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fichamento ensino-aprendizagem 07-11 (1)

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Mizukami, M. D. G. N. (1986). Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária.
Disciplinas pedagógicas
As disciplinas pedagógicas dos cursos de Licenciatura, geralmente, possibilitam ao futuro professor contato com um corpo organizado de ideias que procura subsidiar e justificar a prática educativa p.4.
Abordagem tradicional
O ensino em todas as suas formas, nessa abordagem será centrado no professor. Esse tipo de ensino volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas,o professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores p.8.
Como se sabe, o adulto, na concepção tradicional é considerado como um homem acabado, “pronto”, e o aluno um “adulto em miniatura”, que precisa ser atualizado.
A abordagem tradicional é caracterizada pela concepção de educação como um produto, já que os modelos a serem alcançados estão pré-estabelecidos, daí a ausência de ênfase no processo. Trata-se, pois, da transmissão de ideias selecionadas e organizadas logicamente p.11.
A escola é fundada nas concepções dessa abordagem, é o lugar por excelência onde se realiza a educação, a qual se restringe, em sua maior parte, a um processo de transmissão de informações em sala de aula e funciona como uma agencia sistematizadora de uma cultura complexa.
A ênfase é dada às situações de sala de aula, onde os alunos são “instruídos” e “ensinados” pelo professor. Comumente, pois, subordina-se a educação à instrução, considerando a aprendizagem do aluno como um fim em si mesmo: os conteúdos e as informações têm de ser adquiridos, os modelos imitados. P.13.
Em termos gerais, é um ensino caracterizado por preocupar mais com a variedade e quantidade de noções/conceitos/informações que com a formação do pensamento reflexivo p.14.
A relação professor-aluno é vertical sendo que um dos polos (o professor) detém o poder decisório quanto à metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula etc. Ao professor compete informar e conduzir seus alunos em direção a objetivos que lhes são externos, por serem escolhidos pela escola e/ou pela sociedade em que vive e não pelos sujeitos do processo p.14.
O papel do professor está intimamente ligado à transmissão de certo conteúdo que é predefinido e constitui o próprio fim da existência escolar p.15.
 O professor já traz o conteúdo pronto e o aluno se limita passivamente, a escutá-lo. O ponto fundamental desse processo será o produto da aprendizagem. A reprodução dos conteúdos feita pelo aluno, de forma automática e sem variações, na maioria das vezes, é considerada como um poderoso e suficiente indicador de que houve aprendizagem e de que, portanto, o produto está assegurado. A didática tradicional quase que poderia ser resumida, pois, em “dar a lição” e em “tomar a lição”. São reprimidos frequentemente os elementos da vida emocional ou afetiva por se julgarem impeditivos de uma e útil direção do trabalho de ensino p.15.
No método expositivo como atividade normal está implícito o relacionamento professor-aluno: o professor é o agente, o aluno é o ouvinte. O trabalho intelectual do aluno será iniciado, propriamente, após a exposição do professor quando então realizara os exercícios propostos p.16.
Algumas matérias são consideradas mais importantes que outras, o que se constata pela diferença de carga horária entre as disciplinas do currículo. Privilegiam-se igualmente o verbal (escrito e oral), as atividades intelectuais e o raciocínio abstrato p.16.
A escola é o local da apropriação do conhecimento, por meio da transmissão de conteúdos e confrontação com modelos e demonstrações. A ênfase não é colocada no educando, mas na intervenção do professor, para que a aquisição do patrimônio cultural seja garantida. O individuo nada mais é do que um ser passivo, um receptáculo de conhecimentos escolhidos e elaborados por outros para que ele deles de aproprie p.18.
Abordagem comportamentalista
Esta abordagem se caracteriza pelo primado do objeto (empirismo). O conhecimento é uma “descoberta” e é nova para o individuo que a faz. O que foi descoberto, porem, já se encontrava presente na realidade exterior p.19.
O conteúdo transmitido visa objetivos e habilidades que levem à competência. O aluno é considerado como um recipiente de informações e reflexões p.20.
A educação está intimamente ligada à transmissão cultural p.27.
A educação, pois, deverá transmitir conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente (cultural e social etc) p.27.
A escola é considerada e aceita como uma agencia educacional que deverá adotar forma peculiar de controle, de acordo os comportamentos que pretende instalar e manter. Cabe a ela, portanto, manter, conservar e em parte modificar padrões de comportamento aceitos como uteis e desejáveis para uma sociedade, considerando-se um determinado contexto cultural. A escola atende, portanto, aos objetivos de caráter social, à medida em que atende aos objetivos daqueles que lhe conferem o poder p.29.
Os comportamentos desejados dos alunos serão instalados e mantidos por condicionantes e reforçadores arbitrários, tais como: elogios, graus, notas, prêmios, reconhecimentos do mestre e dos colegas, prestigio etc., os quais, por sua vez, estão associados como uma outra classe de reforçadores mais remotos e generalizados, tais como: o diploma, as vantagens da futura profissão, a aprovação final no curso, possibilidade de ascensão social, monetária, status, prestígio da profissão etc p.30.
Segundo tal abordagem, o professor teria a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino-aprendizagem, de forma tal que o desempenho do aluno seja maximizado, considerando-se igualmente fatores tais como economia de tempo, esforços e custos p.31.
Abordagem humanista
A proposta rogeriana é identificada como representativa da psicologia humanista a denominada terceira força em psicologia. O “ensino centrado no aluno” é derivado da teoria, também rogeriana, sobre personalidade e conduta p.37.
O professor em si não transmite conteúdo, dá assistência, sendo um facilitador da aprendizagem. O conteúdo advém das próprias experiências dos alunos. A atividade é considerada um processo natural que se realiza através da interação com o meio. O conteúdo da educação deveria consistir em experiências que o aluno reconstrói. O professor não ensina: apenas cria condições para que os alunos aprendam p.38.
O conhecimento é inerente à atividade humana. O ser humano tem curiosidade natural para o conhecimento p.44.
A educação tem como finalidade primeira a criação de condições que facilitem a aprendizagem do aluno, e como objetivo básico liberar a sua capacidade de auto-aprendizagem de forma que seja possível seu desenvolvimento tanto intelectual quanto emocional. Seria a criação de condições nas quais os alunos pudessem tornar-se pessoas de iniciativa, de responsabilidade, de autodeterminação, de discernimento, que soubessem aplicar-se a aprender as coisas que lhes servirão para a solução de seus problemas e que tais conhecimentos os capacitassem a se adaptar com flexibilidade às novas situações, aos novos problemas, servindo-se da própria experiência, com espírito livre e criativo. Seria, enfim, a criação de condições nas quais o aluno pudesse tornar-se pessoa que soubesse colaborar com os outros, sem por isto deixar de ser individuo p. 44 e 45.
A escola decorrente de tal posicionamento será uma escola que respeite a criança tal qual é, e ofereça condições para que ela possa desenvolver-se em seu processo de vir a ser. É uma escola que ofereça condições que possibilitem a autonomia do aluno p.47.
 O professor, nessa abordagem, assume a função de facilitador da aprendizagem, e nesse clima facilitador, o estudante entrara em contato com problemas vitais que tenham repercussão na sua existência. Daí o professor ser compreendido como um facilitador da aprendizagem, devendo, para isso, ser autentico (aberto às suas experiências) econgruente, ou seja, integrado p.52.
Abordagem cognitivista
Para os epistemológos genéticos, conhecimento é considerado como uma construção contínua. A passagem de um estado de desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por formação de novas estruturas que não existiam anteriormente no individuo p. 63 e 64.
Pela própria essência desse construtivismo sempre se cria algo novo no processo, como condição necessária para a sua existência, o que implica que, no processo da evolução, a criatividade seja permanente, como processo vital. Construir, na teoria piagetiana, implica tornar as estruturas do comportamento – quer sejam elas motoras, verbais ou mentais – mais complexas, mais moveis, mais estáveis. Criar implica realizar novas combinações. A criatividade, pois, pode ser realizada tanto no aspecto sensório-motor quanto no verbal e no mental p.66.
O processo educacional, consoante a teoria de desenvolvimento e conhecimento, tem um papel importante, ao provocar situações que sejam deseliquibradoras para o aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de desenvolvimento em que se encontram, de forma que seja possível a construção progressiva das noções e operações ao mesmo tempo em que a criança vive intensamente (intelectual e afetivamente) cada etapa de seu desenvolvimento p.70.
A educação pode ser considerada igualmente como um processo de socialização (que implica equilíbrio nas relações interindividuais e ausência de regulador externo/ordens externas), ou seja, um processo de “democratização das relações”. Socializar, nesse sentido, implica criar-se condições de cooperação. A aquisição individual das operações pressupõe necessariamente a cooperação, colaboração, trocas e intercambio entre as pessoas p. 71.
A atividade em grupo deveria ser implementada e incentivada, pois a própria atividade grupal tem um aspecto integrador, visto que cada membro apresenta uma faceta da realidade p.71.
A escola, dessa forma, deveria dar a qualquer aluno a possibilidade de aprender por si próprio, oportunidades de investigação individual, possibilitando-lhe oportunidades de investigação individual, possibilitando todos os tateios, ensaios que uma atividade real pressupõe p. 73.
A escola deve possibilitar ao aluno o desenvolvimento de suas possibilidades de ação motora, verbal e mental, de forma que possa, posteriormente, intervir no processo sócio-cultural e inovar a sociedade. Deve ser algo que possibilite ao aluno ter um interesse intrínseco à sua própria ação p.73.
O ensino nessa abordagem deve estar baseado em proposição de problemas (projetos de ação ou operação que contenham em si um esquema antecipador) p. 77.
Finalmente, é necessário que se considere o “aprender a aprender”, divulgado como slogan, mas que necessita profunda compreensão da teoria de conhecimento de Piaget p.77.
Caberá ao professor criar condições onde possam se estabelecer reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo tempo moral e racional. Cabe ao professor evitar rotina, fixação de respostas, hábitos. Deve simplesmente propor problemas aos alunos, sem ensinar-lhes as soluções. Sua função consiste em provocar desequilíbrios, fazer desafios. Deve orientar o aluno e conceder-lhe ampla margem de autocontrole e autonomia p.77.
Abordagem sócio-cultural 
Cultura popular de Paulo Freire 
O processo de conscientização é sempre inacabado, continuo e progressiva, é uma aproximação critica a realidade que vai desde as formas de consciência mais primitivas ate a mais critica e problematizadora e, consequentemente, criadora. Implica a possibilidade de transcender a esfera da simples apreensão da realidade para chegar a uma esfera crítica, na qual o homem assume uma posição epistemológica: a realidade se dá como um objeto cognoscível ao homem. Conscientização implica e consiste, portanto, um continuo e progressivo dês-velamento da realidade, “quanto mais se dês-vela a realidade, mais se penetra na essência fenomenológica do objeto que se pretende analisar (Freire, 1974a, p.30) p.91 Mizukami.
Toda ação educativa, para que seja valida, deve, necessariamente, ser precedida tanto de uma reflexão sobre o homem como de uma análise do meio de vida desse homem concreto, a quem se quer ajudar para que se eduque. O homem se torna nessa abordagem, o sujeito da educação p.94.
O homem não participará ativamente da historia, da sociedade, da transformação da realidade, se não tiver condições de tomar consciência da realidade e, mais ainda, da sua própria capacidade de transformá-la p.94.
A educação é fator de suma importância na passagem das formas mais primitivas de consciência para a consciência crítica, que, por sua vez, não é um produto acabado, mas um vir-a-ser contínuo p.95.
A escola, pois, para Paulo Freire, é uma instituição que existe num contexto histórico de uma determinada sociedade. Para que seja compreendida é necessário que se entenda como o poder se constitui na sociedade e a serviço de quem está atuando p.96.
Uma situação de ensino-aprendizagem, entendida em seu sentido global, deverá procurar a superação da relação opressor-oprimido. A superação deste tipo de relação exige condições tais como: reconhecer-se, criticamente, como oprimido engajando-se na práxis libertadora, onde o dialogo exerce papel fundamental na percepção da realidade opressora; solidarizar-se com o oprimido, o que implica assumir sua situação e lutar para transformar a realidade que o torna oprimido; transformar radicalmente a situação objetiva, entendida como a transformação da situação concreta que gera a opressão (tarefa histórica dos homens) p.97. 
A educação, portanto, é uma pedagogia do conhecimento, e o dialogo, a garantia deste ato de conhecimento. Para que sejam atos de conhecimento, o processo de alfabetização de adultos, assim como qualquer outro tipo de ação pedagógica, devem comprometer constantemente os alunos com a problemática de suas situações existenciais p.99.
A relação professor-aluno é horizontal e não imposta. Para que o processo educacional seja real é necessário que o educador se torne educando e o educando, por sua vez, educador. Quando esta relação não se efetiva, não há educação. O homem assumira a posição de sujeito de sua própria educação e, para que isto ocorra, devera estar conscientizado do processo: é, portanto, muito difícil pretender participar de um processo educativo que, por sua vez, é processo de conscientização, a menos que se seja consciente de si e de tal processo p.99.
Os alunos, pois, participarão do processo juntamente com o professor p.99.
Numa abordagem sócio-cultural a educação assume caráter amplo e não se restringe às situações formais de ensino-aprendizagem p. 102.
PARA ANÁLISE
Desarticulação teoria em cursos de licenciatura
A desarticulação e a não interferência das linhas teóricas, estudadas em cursos de formação de professores, na prática pedagógica poderá indicar que as teorias que constituem o ideário pedagógico permanecem externas ao professor. Não são incorporadas, discutidas, refletidas a ponto de serem vivenciadas p.107 e 108.
Essa possível desarticulação sugere a necessidade de se repensar cursos de formação de professores. Sugere igualmente a necessidade de análise dos conteúdos usualmente veiculados em disciplinas pedagógicas, especialmente daquelas que analisam abordagens do processo ensino-aprendizagem, procurando articulá-los com a prática pedagógica, em suas diferentes manifestações, possibilitando assim uma compreensão cada vez mais abrangente e significativa do real p.108.
Uma das soluções em que se pode pensar para superar tal problema é a da estruturação dos cursos de Licenciatura de forma a que teorias e práticas pedagógicas não fossem consideradas de forma dictomizada, mas sim que, a partir da pratica, se pudesse refletir, discutir, analisar, questionar, criticar diferentes opções teóricas em confronto com esta mesma prática p.108.
Davis, C., & Oliveira, Z. D. M. R. D. (1994). Psicologia na educação. In Psicologia na educação.
Concepção inatista
A concepção inatista parte do pressuposto de queos eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais e/ou importantes para o desenvolvimento. As qualidades e capacidades básicas de cada ser humano – sua personalidade, seus valores, hábitos e crenças, sua forma de pensar, suas reações emocionais e mesmo sua conduta social – já se encontrariam basicamente prontas e em sua forma final por ocasião do nascimento, sofrendo pouca diferenciação qualitativa e quase nenhuma transformação ao longo da existência. O papel do ambiente (e, portanto, da educação e do ensino) é tentar interferir o mínimo possível no processo do desenvolvimento espontâneo da pessoa p.27.
Como, na concepção inatista, o homem “já nasce pronto”, pode-se apenas aprimorar um pouco aquilo que ele é ou, inevitavelmente, virá a se. Em consequência, não vale a pena considerar tudo o que pode ser feito em prol do desenvolvimento humano. O ditado popular “pau que nasce torto morre torto” expressa bem a concepção inatista, que ainda hoje aparece na escola, camuflada sob o disfarce das aptidões, da prontidão e do coeficiente de inteligência. Tal concepção gera preconceitos prejudiciais ao trabalho em sala de aula p.29.
Concepção ambientalista
Ou comportamentalista 
[...] os indivíduos buscam maximizar o prazer e minimizar a dor. Manipulando-se os elementos presentes no ambiente – que, por esta razão, são chamados de estímulos – é possível controlar o comportamento: fazer com que aumente ou diminua a frequência com que ele aparece; fazer com que ele desapareça ou só apareça em situações consideradas adequadas; fazer com que o comportamento se refine e aprimore etc. Daí o motivo pelo qual se atribui à concepção ambientalista uma visão do individuo enquanto ser extremamente reativo à ação do meio p.31.
A aprendizagem na visão ambientalista, pode assim ser entendida como o processo pelo qual o comportamento é modificado como resultado da experiência. Além das condições já mencionadas para que a aprendizagem se dê – estabelecimento de associações entre um estimulo e uma resposta e entre uma resposta e um reforçador –, é importante que se leve em conta o estado fisiológico e psicológico do organismo. Crianças com fome tornam-se apáticas: não prestam atenção aos estímulos, não conseguem discriminá-los, não percebem as associações que estes provocam. Como consequência, não conseguem aprender. Crianças privadas de afeto tornam-se excessivamente dependentes da aprovação da professora: são incapazes de tomar iniciativa, por medo de que a sua maneira de comportar-se provoque sanções e reprimendas.
Para que a aprendizagem ocorra é preciso, portanto, que se considere a natureza dos estímulos presentes na situação, tipo de resposta que se espera obter e o estado físico e psicológico do organismo. É ainda importante aquilo que resultará da própria aprendizagem: mais conhecimentos, elogios, prestígio, notas altas etc p.33.
Concepção interacionista
A concepção interacionista de desenvolvimento apoia-se, portanto, na ideia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento como um processo construído pelo individuo durante toda sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio. Experiências anteriores Server de base para novas construções que dependem, todavia, também da relação que o individuo estabelece com o ambiente numa situação determinada.
PÉREZ GÓMEZ, A. I; SACRISTÁN, J. G. (1998). Compreender e transformar o ensino. Trad. Ernani F. da Fonseca Rosa, 4.
PÉREZ GÓMEZ, A. I. (1998). Os processos de ensino-aprendizagem: análise didática das principais teorias da aprendizagem. In: SÁCRISTÁN, J. Gimeno; PÉREZ GÓMEZ, Angel. Compreender e transformar o ensino. Tradução: Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: ArtMed. 
Capitulo 2
Aprendizagem mediante a recompensas 
O aluno / a pode aprender mecanicamente uma conduta e ao mesmo tempo se tornar incapacitado para desenvolver estratégias de busca nesse mesmo âmbito, ou desencadear aversões emotivas em relação à mesma. Por exemplo, o individuo pode aprender, mediante prêmios ou reforços positivos, uma conduta desejada pelo professor/a, a memorização de uma determinada lição, ao mesmo tempo que aprende o hábito de agir na esperança da recompensa. Qual das aprendizagens é mais definitiva e mais relevante do ponto de vista pedagógico? Toda intervenção pedagógica deverá abordar as conseqüências educativas, a médio e longo prazo, da utilização freqüente da motivação extrínseca p. 32.
Aprendizagem significativa
A aprendizagem significativa, seja por recepção, seja por descoberta, opõe-se à aprendizagem mecânica, repetitiva, memorialística. Compreende a aquisição de novos significado p.37.
A essência da aprendizagem significativa reside em que as idéias expressadas simbolicamente são relacionadas de modo não-arbitrário, mas substancial com o que o aluno/a já sabe. O material que aprende é potencialmente significativo para ele AUSUBEL, 1976 p. 57. P. 37 e 38
A aprendizagem escolar é um tipo de aprendizagem peculiar, por se produzir dentro de uma instituição com uma clara função social, onde a aprendizagem dos conteúdos do currículo transforma-se no fim especifico da vida e das relações entre os indivíduos que formam o grupo social p.49.
(...) Por isso condiciona e artificializa as atividades e processos de aprendizagem, em virtude de seu valor na troca de atuações do aluno/a por qualificações do professor/a p. 49.
 (...) podemos afirmar que as teorias dão a informação básica, mas não suficiente, para organizar a teoria e a pratica do ensino. Cabe a esta disciplina cientifica teórico-prática a organização das condições externas da aprendizagem e o controle do modo de interação destas; com as condições internas do sujeito, uma vez identificadas, durante todos os processos que balizam a aprendizagem; com o objetivo de produzir certos resultados determinados que suponham o desenvolvimento e aperfeiçoamento das próprias condições internas (estrutura cognitiva efetiva e de conduta do sujeito). Por isso, deve se dar especial atenção à interação nos processos de motivação, atenção, assimilação, organização, recuperação e transferência. Agora, tais processos não se desenvolvem na “redoma” da entidade individual chamado aluno/a, mas em complexas redes de intercâmbio social, dentro e fora da aula, dentro e fora do recinto escolar, de modo que as variáveis contingenciais culturais, sociais e materiais do meio são de extraordinária importância para compreender e orientar os processos de aprendizagem e desenvolvimento p. 50 e 51.
PÉREZ GÓMEZ, A. I. (1998). As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do conhecimento e da experiencia. In: SÁCRISTÁN, J. Gimeno; PÉREZ GÓMEZ, Angel. Compreender e transformar o ensino. Tradução: Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: ArtMed. 
Capitulo 1
A escola como socializadora
A função da escola, concebida como instituição especificadamente configurada para desenvolver o processo de socialização das novas gerações, aparece puramente conservadora: garantir a reprodução social e cultural como requisito para a sobrevivência mesma da sociedade p.14.
(...) a vida da aula como a de qualquer grupo ou instituição social pode ser descrita como um cenário vivo de interações onde se intercambiam explícita ou tacitamente idéias, valores e interesses diferentes se seguidamente enfrentados p.19.
Currículo comum para todos
Defender a conveniência de um currículo comum e compreensivo para a formação de todos os cidadãos não pode supor de modo algum impor a lógica didática da homogeneidade de ritmos, estratégias e experiências educativas para todos e cada um dos alunos/as. Se o acesso destes à escola está presidido pela diversidade, refletindo um desenvolvimento cognitivo, emocional e social evidentemente desigual, em virtude da quantidade e qualidade de suas experiências e intercâmbios sociais, prévios e paralelos à escola, o tratamento uniforme não pode supor mais do que a consagração da desigualdade e injustiça de sua origem social p. 23.
Assim, a igualdade de oportunidadesde um currículo comum na escola compreensiva obrigatória não é mais do que um principio e um objetivo necessário numa sociedade democrática. Sua realização é um evidente e complexo desafio que requer flexibilidade, diversidade e pluralidade metodológica e organizativa p.23.
Favorecimento de alguns devido ao currículo
A lógica da uniformidade no currículo, nos ritmos, nos métodos e nas experiências didáticas favorece os grupos que, precisamente, não necessitam da escola para o desenvolvimento das habilidades instrumentais que a sociedade atual requer: aqueles grupos que, em seu ambiente familiar e social, se movem numa cultura parecida à que a escola trabalha e que, por isso mesmo, no trabalho acadêmico da aula só consolidam e reafirmam os mecanismos, as capacidades, as atitudes e as pautas de conduta já induzidos “espontaneamente” em seu ambiente p.23.
Desafio da escola: diminuir as desigualdades
A igualdade de oportunidades não é um objetivo ao alcance da escola. O desafio educativo da escola contemporânea é atenuar, em parte, os efeitos da desigualdade e prepara cada individuo para lutar e se defender, nas melhorias condições possíveis, no cenário social p. 24.
A escola deve transformar-se numa comunidade de vida e, a educação deve ser concebida como uma contínua reconstrução da experiência. Comunidade de vida democrática e reconstrução da experiência baseadas no dialogo, na comparação e no respeito real pelas diferenças individuais, sobre cuja aceitação pode se assentar um entendimento mútuo, o acordo e os projetos solidários. O que importa não é a uniformidade, mas o discurso. O interesse comum realmente substantivo e relevante somente é descoberto ou é criado na batalha política democrática e permanece ao mesmo tempo tão contestado como compartilhado (BERNSTEIN, 1987, p. 47). P.25.
PÉREZ GÓMEZ, A. I. (1998). A função e formação do professor/a no ensino para a compreensão: diferentes perspectivas. In: SÁCRISTÁN, J. Gimeno; PÉREZ GÓMEZ, Angel. Compreender e transformar o ensino. Tradução: Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: ArtMed. 
Capitulo 11
A prática do professor
A formação do professor/se baseará prioritariamente na aprendizagem da prática, para a prática e a partir da prática p. 363.
Atuação reflexiva do professor
O professor é considerado um profissional autônomo que reflete criticamente sobre a prática cotidiana para compreender tanto as características dos processos de ensino-aprendizagem quanto do contexto em que o ensino ocorre, de modo que sua atuação reflexiva facilite o desenvolvimento autônomo e emancipador dos que participam no processo educativo p. 373.
Rego, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Editora Vozes, 1995. – (Educação e conhecimento).
Devido a essas características especificadamente humanas torna-se impossível considerar o desenvolvimento do sujeito como um processo previsível, universal, linear ou gradual. O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto sócio-cultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica (e dialética) através de rupturas e desequilíbrios provocadores de continuas reorganizações por parte do individuo p.58.
Abordagem inatista (tradicional)
(...) se baseia na crença de que as capacidades básicas de cada ser humano (personalidade, potencial, valores, comportamentos, formas de pensar e de conhecer são inatas, ou seja, já se encontram praticamente prontas no momento do nascimento ou potencialmente determinadas e na dependência do amadurecimento para se manifestar. Enfatiza assim os fatores maturacionais e hereditários como definidores da constituição do ser humano e do processo de conhecimento. Exclui, conseqüentemente, as interações sócio-culturais na formação das estruturas comportamentais e cognitivas da criança. Nessa visão o desenvolvimento é pré-requisito para o aprendizado e desenvolvimento mental é visto de modo retrospectivo p.86.
Esse paradigma promove uma expectativa significadamente limitada do papel da educação para o desenvolvimento individual, na medida em que considera o desempenho do aluno fruto de suas capacidades inatas. O processo educativo fica assim na dependência de seus traços comportamentais ou cognitivos. Desse modo, acaba gerando um certo imobilismo e resignação provocados pela convicção de que as diferenças não serão superáveis pela educação p.87.
Abordagem ambientalista ou comportamentalista
Em contrapartida, a concepção ambientalista (também chamada de associacionista, comportamentalista ou behaviorista), inspirada na filosofia empirista e positivista, atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das características humanas e privilegia a experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de comportamento. Assim, as características individuais são determinadas por fatores externos ao individuo. Nesta abordagem desenvolvimento e aprendizagem se confundem e ocorrem simultaneamente p.88.
Pedagogia (abordagem) tradicional
O papel da escola e do ensino é supervalorizado, já que o aluno é um receptáculo vazio (alguém que em principio nada sabe). A transmissão de um grande numero de informações torna-se de extrema relevância. A função primordial da escola é a preparação moral e intelectual do aluno para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola é com a “transmissão da cultura” e a “modelagem comportamental” das crianças p.89.
Cabe ao aluno apenas executar prescrições que lhes são fixadas por autoridades exteriores a ele p. 89.
O adulto é considerado o homem acabado, pronto e completo, ou seja, o modelo perfeito que deve ensinar as crianças e, principalmente, moldar seu caráter, comportamento e conhecimento. Assim, o ensino, em todas as formas desse tipo de abordagem, será centrado no professor, que monta programas a partir de uma progressão de grau de complexidade da matéria (definidos a partir de seu referencial). Cabe a ele ser exigente e rigoroso na tarefa de direcionar, punir, treinar, vigiar, organizar conteúdos e meios eficientes que garantem o ensino e a aprendizagem p.90.
Abordagem sócio-interacionista
A influência do materialismo dialético
Em síntese, nesta abordagem, o sujeito produtor de conhecimento não é um mero receptáculo que absorve e contempla o real nem o portador de verdades oriundas de um plano ideal; pelo contrário, é um sujeito ativo que em sua relação com o mundo, com seu objeto de estudo, reconstrói (no seu pensamento) este mundo. O conhecimento envolve sempre em fazer, um atuar do homem p.98.

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