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Deontologia Médico-veterinária

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OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a construção da bioética ao longo da História, suas definições, seus conceitos e
suas aplicações na Medicina Veterinária
MÓDULO 2
Analisar os termos “ética” e “moral” e suas aplicações na função do médico-veterinário
MÓDULO 3
Descrever, com base em princípios éticos, a relação e a comunicação profissional do médico-
veterinário
DESCRIÇÃO
Estudo da ética e moral na área na saúde e suas aplicações na Medicina Veterinária em
relação aos animais e nas relações profissionais.
PROPÓSITO
Compreender a diferença entre ética e moral e sua importância na atuação profissional sob
diferentes vertentes da prática médico-veterinária.
INTRODUÇÃO
A ética pertence a um ramo da Filosofia que estuda a ação humana partindo de princípios e
valores que são construídos e que orientam o indivíduo. Esses valores e princípios constituem
a moral, e são eles que nos norteiam para considerar o que é bom ou ruim, justificável ou não,
variando entre as sociedades. Uma conduta ética é fundamental para o exercício de qualquer
profissão e, assim como em todas as outras áreas, é fundamental para o exercício da profissão
na área da saúde.
Outros termos, como “bioética” e “ética médica”, são utilizados como sinônimos de ética na
saúde. O profissional da área da saúde, em seu trabalho diário, necessita exercer a sua
moralidade e se depara, em diversas situações, com o sentido tão valoroso da vida, com
deveres e obrigações a respeito do que é correto fazer e o que não é, o que é adequado ou
não.
Dessa forma, é imposta aos profissionais da saúde, a todo momento, a decisão de como
devemos nos comportar diante do outro e de nós mesmos. É cada vez mais notória a
necessidade de os alunos de graduação de Medicina Veterinária aprenderem a fornecer um
atendimento humanizado, com qualidade e espírito de coletividade. A ética não deve ser
utilizada apenas na atuação profissional, mas também em nossas relações pessoais, com
comprometimento social.
O comportamento ético transcende a deontologia, porque está baseado no desenvolvimento
dos valores humanizadores, que são os valores morais compartilhados em nossa profissão. É
um modelo de orientação para as nossas ações, pois traz a capacidade de reflexão sobre
esses valores e de forma individual, permitindo-nos optar sobre o que é justo ou injusto, certo
ou errado, bom ou mau. O graduando desenvolve a sua ética com base em seus preceitos
morais, que darão a ele condições de se relacionar melhor e de maneira mais justa com a
sociedade.
Embora todo indivíduo desenvolva sua moral primária desde a infância com base em sua
cultura, sua religião e seu meio social e familiar, no meio acadêmico, esse processo tem
continuidade, e o aluno deve participar de forma ativa nas suas relações sociais enquanto
aprende sobre questões e valores da vida profissional e da área da saúde e suas
particularidades.
Reconhecendo a importância da ética em nossa futura profissão, nós nos tornamos mais
atentos aos valores humanizadores que devemos levar conosco por toda a vida de médico-
veterinário.
MÓDULO 1
 Descrever a construção da bioética ao longo da História, suas definições, seus
conceitos e suas aplicações na Medicina Veterinária
HISTÓRICO DA BIOÉTICA
O embrião da bioética foi concebido ao fim da Segunda Guerra Mundial, justamente quando
tivemos um grande avanço científico e tecnológico dentro da Medicina. Apesar das muitas
mudanças ocorridas na época, tanto na esfera social como nas esferas política e cultural, isso
não foi suficiente para evitar que atrocidades e experimentos terríveis resultassem em
catástrofes ambientais e crimes contra a humanidade, como os ocorridos dentro dos campos
de concentração durante o regime nazista.
 
Fonte: Shutterstock.com
Esses acontecimentos demostraram a ausência de princípios éticos e morais dos profissionais
da saúde e a ideia de superioridade que muitos julgavam ter devido aos seus conhecimentos
científicos.
EM 1947
Foi divulgado o Código de Nuremberg, que determinava condutas éticas em todas as
pesquisas que envolviam seres humanos. O primeiro artigo se referia à necessidade de
consentimento expresso para qualquer experimentação de que um ser humano viesse a
participar. Anos mais tarde, transcorreu mais um avanço com a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, que trazia as seguintes afirmações:
 ATENÇÃO
Art. 1º: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. 
Art. 3º: “Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.
EM 1953
Com a descoberta da estrutura molecular dos ácidos nucleicos, o DNA, o homem poderia
passar a compreender, por exemplo, os defeitos de evolução e até descobrir a cura para
determinadas enfermidades. Entretanto, o receio do que o homem seria capaz de fazer com
esses conhecimentos assustou a humanidade.
 
Quais seriam os seus limites?
O que poderia ser considerado certo e errado?
Quem teria essa definição?
 
Fonte: Shutterstock.com
EM 1960
Com mais avanços da ciência e o advento de novas tecnologias, o homem foi novamente se
afastando do seu lado humano. Por exemplo, com a criação das pílulas anticoncepcional e do
dia seguinte, a Igreja fez seus questionamentos de ordem religiosa e moral.
 
Fonte: Shutterstock.com

 
Fonte: Shutterstock.com
Outros questionamentos surgiram com o advento da hemodiálise, à qual apenas algumas
pessoas tinham acesso. Como fazer a escolha daqueles que teriam o direito ao tratamento?
Os próprios funcionários da saúde tinham agora um problema moral nas mãos, tendo sido
criado, a partir desse problema, um comitê com sete pessoas que tinham o papel de escolher
os contemplados. Essas pessoas tinham critérios que consideravam relevantes à época, como:
idade, estado civil e raça. Filósofos e teólogos da época questionaram a ética desse processo.
Nessa mesma época, cientistas publicaram um artigo denunciando diversas pesquisas
científicas, muitas delas ocorridas em centros universitários, com diversas violações éticas,
utilizando pessoas humildes e sem o consentimento delas. Portanto, isso deixava claro que a
falta de ética não tinha sido superada.
EM 1967
Ocorreu o primeiro transplante de coração, que deu origem a novas perguntas: “Quem poderia
ser um doador?”; “Se o cérebro parasse de funcionar, poderia ser atestada a morte do
doador?”. Entre tantas outras perguntas, mais áreas entraram na discussão.
 
Fonte: Shutterstock.com
 VOCÊ SABIA
Anos mais tarde, um estudo sobre sífilis não tratada em pacientes negros iria deixar tanto a
comunidade científica como parte da sociedade perplexas. Diversos doentes não tratados e
outros pacientes saudáveis foram colocados próximos em campos de estudos. Nenhum dos
pacientes envolvidos tinha ideia do risco, e muitos achavam, inclusive, que aquilo seria
benéfico a eles. Embora já tivesse ocorrido a descoberta da penicilina, seu uso foi recusado
pelos pesquisadores do campo, que colocaram o objetivo do estudo acima do bem-estar
humano, ou melhor, da vida humana.
Anos depois, esse estudo foi completamente rechaçado, não apenas pela pesquisa, mas
também pelo racismo completamente desvelado. O Executivo e o Congresso norte-americanos
criaram, então, a “Comissão Nacional para a Proteção de Sujeitos Humanos na Pesquisa
Biomédica e Comportamental” e estabeleceram que todos os projetos de pesquisas
deveriam ser revisados por um comitê de ética.
EM 1970
A preocupação com outros seres vivos e o meio ambiente aumentava. Foi nessa época, então,
que o médico oncologista norte-americano Van Ressenlaer Potter, considerado o pai da
bioética, afirmou que esta tinha a missão de conscientizar a humanidade para uma vida digna,
na qual o homem teria de aprender, com suas próprias experiências e tecnologias disponíveis,
a respeitar todos os outros seres vivos. Ele afirmava que:
NÓS TEMOS UMA GRANDE NECESSIDADE DE UMA
ÉTICA DA TERRA, UMA ÉTICA PARA A VIDA
SELVAGEM, UMA ÉTICA DE POPULAÇÕES, UMA
ÉTICA DO CONSUMO,UMA ÉTICA URBANA, UMA
ÉTICA INTERNACIONAL, UMA ÉTICA GERIÁTRICA, E
ASSIM POR DIANTE. (...) TODAS ELAS ENVOLVEM A
BIOÉTICA (...).
A preocupação de Potter era justamente com a ideia de que muitos, na época, pensavam que
a genética seria capaz de resolver todos os problemas humanos, sendo que, para ele, a
bioética era uma ética relacionada a todos os seres vivos, a um ecossistema, e não somente
ligada ao ser humano. Portanto, alterações genéticas iriam afetar todos os indivíduos, e não
apenas o homem.
A partir do pensamento de Potter, a década de 1970 foi marcada pelas definições da
microbioética, que atendia a parte restrita da ética na clínica devido aos avanços tecnológicos
na área, e da macrobioética, que, por definição, tinha uma visão mais ampla da palavra, ou
seja, a ética na vida de todos os seres vivos no planeta, contemplando todos os ecossistemas.
 
Fonte: Shutterstock.com
Nos dias de hoje, a Bioética é uma disciplina que se direciona para os dilemas práticos que
invocam a análise e as propostas de resolução para as áreas envolvidas em dilemas, como o
que ocorre entre a vida e a ciência. Todo profissional da área da saúde se confronta todos os
dias com o sentido “da vida” em seu contexto mais real e primitivo e com a dignidade que deve
ser dispensada a ela. Portanto, a bioética está presente em todas as áreas de atuação do
médico-veterinário, devendo ser respeitada em toda a sua integralidade.
PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA
A palavra bioética se origina das palavras gregas bios (vida) + ethos (ética), ou seja, a ética da
vida. De início, consistia apenas em uma associação entre a ética e a biologia; entretanto, com
as longas discussões sobre o assunto, ganhou outro enfoque, tornando-se uma área
interdisciplinar envolvendo também outros saberes, como Medicina, Filosofia, Sociologia,
Direito, além do meio ambiente.
A bioética norteia os princípios básicos da ética que envolvem a conduta humana em relação à
vida de outros seres humanos e seres não humanos, quer seja na medicina, quer seja no meio
científico. Ela tenta resolver os dilemas gerados pelo avanço da biotecnologia e pela própria
valorização da vida, na tentativa de encontrar um meio-termo, não procurando criar proibições,
mas fazendo com que o olhar humanizado se volte para todos os seres vivos, trazendo à luz a
reflexão sobre os limites humanos na ciência.
Uma das grandes preocupações bioéticas é que o homem não perca a humanidade diante dos
desenvolvimentos científicos, tecnológicos, sociais e históricos.
Foram estabelecidos quatro princípios que norteiam a bioética:
AUTONOMIA
Para os enfermos, o respeito pela pessoa; o indivíduo deve ter sua essência resguardada,
tendo o direito e a capacidade de tomar decisões por si só. No caso de crianças e pessoas
com necessidades especiais, essas decisões devem ser tomadas pela família.
Como um exemplo, podemos pensar nos pacientes terminais, que podem ter suas dores
amenizadas mesmo não existindo mais a cura. Nesse caso, o paciente pode recusar tomar
qualquer tipo de paliativo, desde que não cause danos a outra pessoa.
No caso de crianças e pessoas com necessidades especiais, essas decisões devem ser
tomadas pela família.
No caso da Medicina Veterinária, quem tem a autonomia é o tutor do animal, tomando as
decisões pelo nosso paciente.
BENEFICÊNCIA
Consiste na prática do bem; nunca provocar o mal do outro. Um exemplo são as indicações e o
uso de medicamentos, que somente podem ser realizados após pesquisas e quando se tem a
certeza real do benefício produzido aos indivíduos. Outro exemplo desse princípio é a liberação
de terapias para os pacientes, desde que se mostrem benéficas.
NÃO MALEFICÊNCIA
(Para os médicos). O mal nunca deve ser feito de forma proposital a cobaias ou a pacientes.
Na verdade, a não maleficência é um complemento da beneficência. Um exemplo desse
princípio é a produção de um medicamento que, após pesquisa, demonstra ter alta taxa de
cura, mas também alta taxa de efeitos colaterais indesejáveis, bem acima do esperado.
Portanto, com base no princípio de beneficência, essa medicação não deve ser utilizada devido
aos males que pode vir a causar nos pacientes.
JUSTIÇA
Com base nesses princípios, fica claro que a mais sucinta definição de bioética é o tratamento
e o respeito dispensado à vida de todos os seres vivos e em todos os seus aspectos, não
permitindo que a dignidade deles seja superada pelos avanços tecnológicos.
APLICAÇÕES CONCEITUAIS EM MEDICINA
VETERINÁRIA
O termo “bioética” já era utilizado desde o início do século XX por alguns autores que
pleiteavam que a ciência fosse vista com mais bioética.

Reich a define como: “O estudo sistemático da conduta humana no âmbito das ciências
da vida e da saúde.”
Já Fritz Jahr, em 1927, defendia, em seu artigo, que as obrigações da bioética não deveriam
ser dispensadas apenas ao homem, mas, sim, a todos os seres vivos.


Reich produziu o seguinte imperativo: “Respeita cada ser vivo em princípio como uma
finalidade em si e trata-o como tal na medida do possível.”
O professor Aldo Leopold reafirma esse pensamento em suas palavras: “A ética da terra
amplia as fronteiras da comunidade para incluir também o solo, a água, as plantas e os
animais”. Ele também fala da necessidade de extensão de consciência para com o planeta no
que tange ao respeito pelo homem, pelas plantas e pelos animais, podendo, assim, assegurar
o bem-estar das futuras gerações.

Da mesma forma, Albert Schweitzer, repensando a bioética, afirma:
Fonte: Wikimedia Commons/licença (CC BY 3.0...)
Para Rui Nunes, a bioética, por mais que envolva a clínica médica, deve englobar a
preservação da biodiversidade dos ecossistemas.
Para Daniel Callahan, a bioética é uma mudança radical da definição restrita da ética médica.
No fim dos anos 1990, Potter redefiniu seu conceito de bioética, colocando-a no patamar de
movimento social que combinaria humildade, responsabilidade e uma competência
interdisciplinar, intercultural e que potencializa o senso de humanidade. Ele se basearia na
ecologia profunda, na qual o homem não é o centro do universo, mas faz parte dele, exaltando,
então, a macrobioética.
 
De acordo com Comte-Sponville:
Fonte: Wikimedia Commons/licença (CC BY 3.0...)
Com o avanço de novas biotecnologias, o homem viu a necessidade de rever conceitos éticos
sobre o valor da vida. Entretanto, muitas dessas situações envolviam a Medicina Veterinária
devido ao fato de que diversas ações do homem voltadas ao avanço da Medicina humana
ocorrem em cima da natureza e, logicamente, sobre os animais. O conceito, na Medicina
Veterinária, parte do princípio de que devemos saber quais são as nossas obrigações como os
animais, pois a bioética, em um conceito bem abrangente, engloba as ações humanas que
interferem de forma irreversível na vida.
 
A bioética confronta a moral na área da saúde e doença de animais não humanos e de seres
humanos. Existem diversas situações que sempre foram motivo de muitas controvérsias, como:
o aborto, a eutanásia, a fertilização in vitro, a clonagem e o uso de animais em experimentação
científica. Por isso, na década de 1970, iniciaram-se diversos protestos em defesa dos animais
e uma grande preocupação com o seu bem-estar. Hoje, a bioética se relaciona intimamente
com o bem-estar animal.
DÉCADA DE 1980
A partir da década 1980, apoiada na consolidação desse bem-estar, a ética ganhou força,
passando a ser ilegais e imorais as intervenções em animais sem justificativa, caso houvesse
uma alternativa.
 ATENÇÃO
A resolução CNE/CES nº 1, de 18 de fevereiro de 2003, no artigo 4, diz que o médico-
veterinário deve realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos
princípios da bioética.
A Pesquisa Científica também passaria a ser mais refinada, buscando menos sofrimento aos
animais, métodos menos invasivos e mais inovadores e mais eficazes. No Brasil, em 2008, foi
promulgada a Lei Arouca, que regulamenta o uso de animaisem pesquisa. Essa lei criou o
Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), que é responsável por
credenciar instituições para criação e utilização de animais em pesquisas científicas.
 
A utilização de animais fica restrita às atividades de ensino médio e superior das áreas
biomédicas. O uso de animais também fica liberado à ciência básica e aplicada, ao
desenvolvimento tecnológico, à produção e ao controle da qualidade de drogas,
medicamentos, alimentos, imunobiológicos, instrumentos e quaisquer outros testados em
animais.
 
O CONCEA, além de fiscalizar, fica responsável por rever e estabelecer regras para instalação
e funcionamento de criadouros, biotérios e laboratórios de estudos experimentais. O
credenciamento das instituições se inicia pela criação de uma Comissão Ética do Uso de
Animais (CEUA), que é formada por médicos-veterinários, biólogos, docentes, pesquisadores e
um representante da sociedade protetora dos animais legalmente reconhecida.
 ATENÇÃO
A Lei Arouca estabelece que, no caso de descumprimento dessas regras, os estabelecimentos
ficam passíveis de advertência, multa, interdição temporária, suspensão de financiamentos e
até interdição definitiva. Por isso, qualquer projeto de atividade que envolva animais vivos
necessita ser submetido ao CEUA da instituição para que seja liberado ou não. Atividades
zootécnicas não são consideradas como pesquisas em animais.
ZOOTÉCNICAS
Relacionado à zootecnia, que consiste na produção por meio da criação de animais.
Além desse, outros aspectos foram revistos, tais como:
ANIMAIS DE COMPANHIA
Além de as cirurgias mutilantes e desnecessárias às quais algumas raças eram submetidas
serem proibidas, esses animais não podem ser privados de boa alimentação, água, liberdade,
boas condições de saúde e um local tranquilo para viver.
ANIMAIS DE PRODUÇÃO
Mesmo destinados, muitas vezes, à alimentação humana, de acordo com a Declarações
Universal dos Direitos dos Animais, eles possuem o direito a terem sua ansiedade diminuída, a
serem bem tratados e a não serem submetidos a nenhum sofrimento físico.
ZOOLÓGICOS
Os que conhecemos na atualidade se destinam à conservação animal, à pesquisa científica, ao
desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, à educação ambiental e ao lazer. No
passado, eles eram, muitas vezes, capturados da natureza e expostos à sociedade como
criaturas exóticas. O bem-estar animal preza o conforto e a segurança desses animais,
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estabelecendo a necessidade de enriquecimento ambiental e alimentação natural, por
exemplo. Entretanto, a bioética traz à tona questões sobre as vantagens e desvantagens de se
ter esses animais em cativeiro.
EUTANÁSIA
De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), na
eutanásia — que consiste na abreviação do sofrimento do animal por motivos de
impossibilidade de cura, de saúde coletiva ou de proteção à economia do país —, o animal
precisa ser sedado antes de ser induzido ao óbito. Antes, sem a bioética, muitos animais
perdiam a vida por motivos fúteis, como idade avançada, mesmo estando bem de saúde, por
viagem, por mudança de casa para apartamento, entre outras causas espúrias.
CIRURGIAS GERAIS
Todo animal deve ser submetido à anestesia e analgesia, conforme cada caso. Antigamente,
em alguns procedimentos, só era utilizada a contenção física do animal, trazendo dor e
sofrimento.
CIRURGIAS ESTÉTICAS MUTILANTES
A ética também é aplicada no que se refere a cirurgias mutilantes de cães de companhia de
determinadas raças. Hoje, só são permitidas em caso de indicação clínica, pois esse tipo de
procedimento impede a expressão corporal do animal, além de trazer sofrimento infundado
durante o pós-operatório. Eram práticas comuns o corte de orelhas (conchectomia), o corte de
cauda (caudectomia), a retirada das unhas de felinos (onicectomia) e a retirada das cordas
vocais de forma parcial ou total (cordectomia).
A biotecnociência, com o advento da engenharia genética, trouxe:

DÉCADA DE 1980
A produção de animais transgênicos.
DÉCADA DE 1990
A clonagem de animais.

 SAIBA MAIS
Para a produção de animais transgênicos, é inserido um DNA exógeno no genoma do animal,
alterando toda a genética de suas células com a finalidade de serem realizados estudos para a
melhor compreensão sobre a sua fisiologia e a genética, além de aplicações na biotecnologia
medicinal e agropecuária.
Observa-se, assim, a quantidade de situações às quais os animais podem ser expostos. Por
isso, o médico-veterinário teve seu papel reconhecido como peça-chave na bioética animal
pela Associação Mundial de Veterinária. Os riscos presumíveis aos animais são:
RISCOS DE MUTAÇÃO
EXPRESSÃO
METODOLÓGICOS
SISTEMÁTICOS
RISCOS DE MUTAÇÃO
Não há como prever o que pode vir a ocorrer, e seus efeitos podem surgir muito tempo depois.
EXPRESSÃO
São consequências de alterações fisiológicas que podem gerar graves problemas ao bem-
estar, inclusive deixando esses animais inadequados para a destinação projetada.
METODOLÓGICOS
Produção de animais com anormalidades graves que podem levá-los ao óbito dentro de um
quadro de sofrimento.
SISTEMÁTICOS
Referem-se ao tratamento que esses animais recebem de acordo com a finalidade de sua
utilização pelo ser humano. Muitas situações podem deixá-los distantes dos aspectos que lhes
proporcionam bem-estar, como ocorre no caso de experimentação científica, na qual as
condições de vida não são as mais adequadas.
Os xenotransplantes, ou seja, a utilização de animais como fonte de órgãos para transplantes
em seres humanos, poderiam gerar uma ameaça à vida dos animais, pois eles seriam
geneticamente modificados para que houvesse um aumento de compatibilidade. Somando-se
ao avanço de imunossupressores mais eficientes, essa técnica poderia alcançar maior
sucesso.
Por outro lado, teria o potencial de aumentar os riscos de infecções para os seres humanos.
Para que essas infecções fossem evitadas, esses animais deveriam ser criados em completo
isolamento. Outra questão seria o sofrimento causado a esses animais somente para
contemplar o bem-estar dos seres humanos. Isso seria ético?
Em todo o mundo, tem se notado a criação de comitês éticos para o uso científico, políticas de
classificação de dor animal, além do ensino sobre bem-estar animal e bioética nas
universidades, o que demonstra maior preocupação do ser humano para com os demais
animais, o meio ambiente e, consequentemente, para consigo mesmo.
Para tanto, preparamos um vídeo que demonstrará como abordar a questão da eutanásia de
maneira ética perante o tutor do animal:
A ética na eutanásia animal.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE OS PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA EM DETERMINADA SITUAÇÃO
NA QUAL UM TRATAMENTO APRESENTA ALTA TAXA DE CURA, MAS
TAMBÉM ALTA FREQUÊNCIA DE EFEITOS COLATERAIS NEGATIVOS, A
ORIENTAÇÃO DA COMUNIDADE CIENTÍFICA DE REJEITAR A SUA
UTILIZAÇÃO É DENOMINADA DE:
A) Benevolência
B) Justiça
C) Não maleficência
D) Bem-estar
E) Autonomia
2. O CONCEITO DE QUE A BIOÉTICA ESTÁ RELACIONADA A UMA VISÃO
MAIS AMPLA CONTEMPLANDO O MEIO AMBIENTE E O MEIO SOCIAL, E
NÃO APENAS O SER HUMANO, COMO SERES VIVOS É A BASE DA:
A) Autonomia
B) Macrobioética
C) Justiça
D) Microbioética
E) Bem-estar
GABARITO
1. Sobre os princípios da bioética em determinada situação na qual um tratamento
apresenta alta taxa de cura, mas também alta frequência de efeitos colaterais negativos,
a orientação da comunidade científica de rejeitar a sua utilização é denominada de:
A alternativa "C " está correta.
 
O princípio da não maleficência é baseado justamente no ato de não causar danos à saúde
dos pacientes. Por isso, tratamentos que apresentam boa eficiência, mas ainda oferecem risco
de danos à saúde em alta frequência não devem ser utilizados.
2. O conceito de que a bioética está relacionada a uma visão mais ampla contemplando
o meio ambiente e o meio social, e não apenas o ser humano, como seres vivos é a base
da:A alternativa "B " está correta.
 
Diferentemente da microbioética, que tem uma visão mais restrita, a macrobioética preconiza
que a ética deva envolver todos os seres vivos, e não apenas o homem e o campo da
medicina. Portanto, a vida, em seu sentido mais amplo, como os animais, vegetais ou qualquer
outra forma de vida, deve ser eticamente respeitada, pois, assim, preservaremos toda a vida no
meio ambiente.
MÓDULO 2
 Analisar os termos “ética” e “moral” e suas aplicações na função do médico-
veterinário
CONCEITUAÇÃO
“Ética” e “moral” são termos que estão sempre inseridos na dimensão do comportamento
humano. Desde crianças, recebemos diversas informações oriundas da família, de amigos, da
mídia e da escola. A convergência de todas essas vertentes constitui a nossa moral. Isso quer
dizer que, ao nascermos, não temos, ainda, um padrão moral, mas este vai se moldando
conforme nos inserimos no meio de existência. Entretanto, à medida que crescemos, vamos
também fazendo reflexões sobre diversos aspectos dessa moral primária adquirida.
Essas reflexões definem se devemos aceitar esses aspectos morais ou negá-los, sendo que
essa conduta variará de acordo com a consciência de cada indivíduo. Esse processo de
conscientização que determina uma conduta se denomina interiorização e ocorre durante o
amadurecimento individual, podendo ser influenciado por fatores e instituições presentes no
meio social.
 ATENÇÃO
A palavra “moral” tem origem no latim mores e tem relação com normas, preceitos e condutas
de uma sociedade pertencente a determinada região. Trata-se de um conjunto de valores,
crenças e costumes de um indivíduo ou de um grupo. Serve de guia para saber como agir,
orientando se as ações são corretas ou incorretas. Outra definição é de que a moral seria a
soma do que se conhece de mais nobre e que limita a conduta de uma pessoa
A moral também é definida como o conjunto dos princípios religiosos e éticos que uma
comunidade respeita. Todo um conjunto de normas é chamado de moralidade. Segundo
Cotrim, a moral:
"É o conjunto de normas, princípios e costumes que orientam o comportamento humano, tendo
como base os valores próprios a uma dada comunidade ou grupo social"
 ATENÇÃO
Já a ética se origina da palavra grega ethos e tem o significado de “forma de ser”. É entendida
como o conjunto de valores que norteiam o comportamento de um indivíduo em relação aos
outros, proporcionando um bom convívio social. Desde a Grécia Antiga, vários pensadores
conceituaram o termo “ética”.
Vamos conhecê-los:
ÉTICA SOCRÁTICA
Sócrates, filósofo da Grécia Antiga, argumentava que o homem não era mau, porém é
ignorante, e, por isso, poderia conhecer a virtude e passar a tê-la, o que seria chamado de
intelectualismo moral. A ética de Sócrates é baseada no bom caráter e nos valores morais.
ÉTICA SOFISTA
O termo “sofista” era usado para fazer referência a técnicas ensinadas por professores de elite
da Grécia Antiga. Esse conceito é antagonista ao de Sócrates, pois afirma que só vale o que
for útil; é tudo sobre a habilidade de defender um argumento, independentemente de qual seja.
Para os sofistas, valor e verdade são relativos e o homem é a medida de todas as coisas.
ÉTICA PLATÔNICA
Segundo Platão, filósofo e matemático da Grécia Antiga, a ética tem por base a ideia da ordem
ou da justa proporção que equilibrem elementos diversos que se destinem ao mesmo fim. Ele
afirmava que era pelo equilíbrio entre inteligência e a beleza que o homem alcançaria o bem. E
o bem não estaria presente em coisas materiais, mas, sim, em tudo o que permitisse que a
alma engrandecesse. Nesse sentido, o homem deveria desprezar prazeres e riquezas e buscar
as virtudes, pois seria pelo agir correto que o homem almejaria sua felicidade.
ÉTICA ARISTOTÉLICA
Aristóteles, filosofo grego, afirmava que a ética dizia respeito ao indivíduo e seria a arte de
viver agregando valores, sabendo utilizar os prazeres e sempre tendo boas ações.
ÉTICA DO ESTOICISMO
Uma concepção ética que diz “viver conforme a natureza”, ou seja, viver de acordo com a
razão. O homem sábio só se torna feliz de acordo com a razão, não se deixando escravizar
pela paixão e por coisas externas.
ÉTICA DO EPICURISMO
Proveniente da escola de filosofia helenista, que afirma que a ética é proporcionar a felicidade
ao homem libertando-o das mazelas oriundas da política, da sociedade e da religião.
Atualmente, segundo Cordi (2003), “ética é uma reflexão sistemática sobre o
comportamento moral. Ela investiga, analisa e explica a moral de determinada
sociedade”. É como se a ética representasse as regras que determinam o que é moralmente
aceito e o que não é. Ou, ainda, como se fosse um controle de qualidade sobre a moral.
Exatamente por isso, podemos ter diferentes códigos de ética para atender diferentes grupos
sociais, denominados de microssociedades, que compõem todo um sistema. Logo, a ética
pode ser definida como a teoria ou a ciência das condutas que a sociedade denomina de
moral.
Notamos, com isso, que o conceito de ética é mais amplo, pois ela é pura reflexão da moral,
afinal revisa e critica a conduta humana validando-a ou não, estudando com profundidade se
determinada conduta é boa ou ruim, correta ou incorreta, justa ou injusta, adequada ou
inadequada, independentemente de sociedade na qual aconteça.
 
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DIFERENCIAÇÃO ENTRE MORAL E ÉTICA
É bastante comum a confusão entre os termos “moral” e “ética”, inclusive muitas pessoas os
utilizam como se fossem sinônimos, mas não são. Portanto, vamos diferenciá-los.
MORAL
A moral de um indivíduo é formada por regras, valores, proibições e tabus — impostos por
diversos segmentos — de cunho político, cultural, social, econômico, ideológico e religioso. Ela
tem como base as normas a serem seguidas pela sociedade, pela comunidade ou pelo grupo
social de uma região. Entretanto, se esses grupos sociais forem de diferentes regiões e
épocas, podem apresentar códigos morais bastante diferentes entre si. Isso quer dizer que a
moral varia entre locais e ao longo do tempo e está muito relacionada à cultura de determinada
sociedade.

ÉTICA
Já a ética seria um estudo que reflete sobre as diversas morais existentes. É por meio dela que
podemos compreender, justificar, analisar e criticar, se quisermos aperfeiçoar a moral de um
grupo social, sendo a base dos valores e juízes da moral de um povo.
 EXEMPLO
Um exemplo disso é o costume e a cultura que alguns países têm de praticar o casamento
forçado entre crianças e adultos. Essa prática é moral para essas sociedades, porém estarrece
muitas outras. Daí, questiona-se se essa prática é ética ou não, ou seja, se o ser humano tem
o direito de exercer sobre o outro a sua moral.
Portanto, é função da ética conhecer a origem da moral, fazer a distinção entre a forma de agir
e o comportamento moral, tratando da liberdade individual e da responsabilidade sobre
questões controversas, como eutanásia, aborto e pena de morte.
A ética não tem a função de fazer o julgamento do que é correto ou não; isso é função da
moral. Entretanto, é papel da ética tentar tirar conclusões analisando os fundamentos de um
comportamento moral. Enquanto a moral é a conjunção dos costumes e das práticas de
uma sociedade, a ética é o comportamento moral de cada indivíduo.
Na prática, um indivíduo que tem um comportamento moral sabe que precisa fazer algo sem
considerar se terá vantagens ou desvantagens com o ato. Muitas pessoas não dão valor à
presença da moral, pois são amorais ou imorais. Por exemplo: a pessoa que tem a chance de
fazer uma manobra errada no trânsito e não faz, mesmo que ninguém esteja vendo e que não
haja possibilidade de levar uma multa, tem uma conduta moral. Já aquele que não faz a
manobra por medo da multa apenas segue uma lei, uma regra, mas não tem moral.
AMORAL
O amoral desconhece a existência da conduta moral.

IMORAL
O imoral é aquele que até conhece a conduta moral, mas se coloca contraela.
Para se ter um comportamento moral, é necessário ter conhecimento do que é proibido, do que
é certo e do que é uma virtude. A moral julga o valor dos atos corretos e as consequências de
não os seguir.
CONSCIÊNCIA DE SI E DOS OUTROS
Enxergar no outro um indivíduo ético como ele mesmo.
DOMÍNIO DE SUA VONTADE
Ser capaz de controlar seus impulsos, anseios, desejos e sentimentos e de saber decidir entre
diversas situações.
RESPONSABILIDADE
Assumir seus atos e as consequências deles derivadas.
LIBERDADE
Ser livre para ser e sentir sem ser influenciado pelos outros.
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Infelizmente, nem todas as pessoas têm todos esses requisitos, por isso é necessário que se
aplique a ética de forma moral por meio de códigos legais ou por meio de códigos de ética que
determinam a forma de viver em uma sociedade.
APLICAÇÃO DA ÉTICA E DA MORAL
Como já foi abordado, a moral tem suas bases de acordo com a cultura e o meio social no qual
vivemos, e sempre a aplicamos no nosso dia a dia quando nos questionamos da seguinte
forma:
QUAIS DEVEM SER OS MEUS ATOS PARA QUE EU
SEJA JUSTO?
EM QUE VALORES DEVO ME BASEAR PARA VIVER?
EXISTEM VALORES EM HIERARQUIA E EU DEVO
SEGUI-LOS?
COMO EU DEVO SER COMIGO MESMO, COM AS
OUTRAS PESSOAS E COM A NATUREZA?
COMO DEVO AGIR COMO PESSOA E COMO
CIDADÃO?
Já a ética, em toda a sua subjetividade e relatividade, pode ser aplicada em diversas situações,
com base em três questionamentos básicos:
O QUE DEVO FAZER?

O QUE POSSO FAZER?

O QUE QUERO FAZER?
Existem coisas que você pode fazer, mas não deve. Há coisas que você deve fazer, mas não
quer. Há coisas que você deve fazer, mas não pode. Nesse caso, o indivíduo é o seu próprio
julgador e avaliador, procurando o seu próprio equilíbrio quando reprime alguns desejos e
reforça outros.
Nós aplicamos a ética e a moral em diversas situações de forma muito rotineira, como veremos
a seguir:
 
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NAS RELAÇÕES SOCIAIS
Para que haja equilíbrio entre mim e os outros, buscamos ter atitudes dentro da ética e
notamos quando o indivíduo não tem um comportamento baseado nos valores morais,
inclusive chamando-o de antiético. Muitas pessoas acham normal viver sem a conduta
adequada, equiparando-se, por exemplo, a políticos que também não o fazem. Ou seja, se o
outro não tem ética, por que eu deveria ter? Esse processo é uma naturalização do
comportamento antiético. Estamos sempre utilizando a ética para decidir o que é certo e
errado. Nas situações nas quais temos uma escolha que julgamos certa, mesmo que não nos
favoreça tanto, estamos tendo uma conduta ética.
 
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NAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
São todas as normas seguidas para que profissionais possam se orientar a fim de ter uma
conduta correta e digna de sua profissão. Na Medicina Veterinária, temos um código de ética
de acordo com resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária, que determina a
postura esperada do profissional perante todos os setores com os quais se relaciona.
 
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NA CIDADANIA
Mesmo com todas as evoluções ocorridas em nosso meio social, político e cultural, temos, em
nosso país, diversas distorções, como analfabetismo e pobreza extrema. A cidadania busca um
país mais justo, com menos desigualdades, e tem a ética como princípio norteador. Países que
exercem com mais vigor sua cidadania têm forte base ética, o que nos mostra como devemos
melhorar a da nossa sociedade.
 
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NA TECNOLOGIA
Não é intenção da ética atrasar o desenvolvimento tecnológico de uma nação, o qual não deve
ser suprimido para que alguns países não se tornem subordinados a outras nações. Entretanto,
a ética busca fazer com que a própria sociedade discipline a aplicação tecnológica para o bem
do homem, dos animais e do meio ambiente.
Nota-se que ética e moral servem como guia para o comportamento humano dentro das
sociedades.
A MORAL
A moral estaria, então, ligada aos hábitos e costumes de uma sociedade, que, localizada
sempre dentro de um espaço e de um tempo, tem características próprias que mudam com o
passar dos anos e dos séculos.

A ÉTICA
A ética, por ser um estudo da moral, apresenta-se de maneira imparcial, racional e organizada.
Assim, como a moral pode nem sempre estar correta, a ética serviria para dar validade às
ações morais.
Diferença
entre ética
e moral
Vimos a diferença entre ética e moral. De forma bem simplista,
podemos resumir da seguinte maneira: se o foco é moral, estamos
preocupados com a maneira como a sociedade nos julga; se o foco é a
ética, estamos preocupados com o nosso próprio julgamento.
Aplicações
do uso da
ética
As diversas aplicações do uso da ética em nossa vida e sua
importância para que os membros de uma sociedade possam viver e
conviver uns com os outros. Se pararmos para pensar, é fácil imaginar
o caos que seria se vivêssemos sem princípios morais e sem
refletirmos sobre a nossa conduta o tempo todo.
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A seguir, você conhecerá situações em que a falta de ética prejudica a vida profissional:
Ética e moral na Medicina Veterinária.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS QUE A ÉTICA TEM DIFERENTES CONCEITUAÇÕES,
DESDE A GRÉCIA ANTIGA. ENTRETANTO, ATUALMENTE, PODEMOS
DEFINIR ÉTICA COMO SENDO:
A) Valores que são constituídos desde a infância, por meio de preceitos religiosos.
B) Costumes e crenças de uma sociedade que surgem na vida adulta dos indivíduos.
C) Reflexão sobre os atos morais de cada indivíduo que compõe uma sociedade.
D) Determinador sobre práticas e crendices de uma sociedade que são erradas ou certas.
E) Somatório de todas as crendices e práticas de uma sociedade.
2. NA VIDA PRÁTICA, APLICAMOS UM COMPORTAMENTO ÉTICO TODA
VEZ QUE PENSAMOS:
A) Se queremos realmente fazer o que deve ser feito.
B) Sobre o que devemos fazer para sermos justos.
C) Em quais valores devemos nos basear para viver.
D) Como devemos agir como cidadãos.
E) Se existem valores hierárquicos e se devemos segui-los.
GABARITO
1. Estudamos que a ética tem diferentes conceituações, desde a Grécia Antiga.
Entretanto, atualmente, podemos definir ética como sendo:
A alternativa "C " está correta.
 
A ética problematiza a moral de uma sociedade, embora não determine o que é certo ou
errado; ela submete a moral à avaliação crítica, à procura de justificativas sobre atos, costumes
e crenças que determinam o comportamento humano de um grupo social.
2. Na vida prática, aplicamos um comportamento ético toda vez que pensamos:
A alternativa "A " está correta.
 
A moral se constitui de valores, crenças e práticas aprendidas dentro de uma sociedade, e a
ética é o pensamento reflexivo sobre esses atos morais. Praticamos a ética toda vez que nos
questionamos e julgamos nossas ações em qualquer ato moral.
MÓDULO 3
 Descrever, com base em princípios éticos, a relação e a comunicação profissional do
médico-veterinário
RELAÇÃO E COMUNICAÇÃO
PROFISSIONAL
Manter o respeito no ambiente profissional é muito importante para se ter tranquilidade,
harmonia e sucesso na carreira. É com base na conduta ética, especificamente na ética
profissional, que alcançamos esse objetivo. Embora possamos verificar, na vida prática
profissional, a importância do bom comportamento e das boas relações, muitos estudantes não
levam em consideração essas informações durante a graduação. Por isso, abordaremos a
conduta ética adequada na relação e na comunicação profissional entre médicos-veterinários.
 
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Na relação com nossos colegas de profissão, necessitamos seguir o código de ética
profissional, determinado em resolução pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Contudo, muitas condutas éticas estabelecidas por esse código são as mesmas que utilizamos
em nossa vida perante nossa família e nossos amigos. A vida profissional não deixa de ser
umaextensão da aplicação dessa ética que utilizamos no nosso dia a dia. No código de ética,
consta como dever profissional manter uma relação de respeito mútuo com todos os outros
profissionais, a fim de obter o bem-estar entre todos.
Fazem parte de uma relação e de uma comunicação ética entre profissionais a cordialidade e a
solidariedade. Apesar de já sabermos disso, o código de ética do médico-veterinário reforça
essa postura entre os profissionais da área.
 EXEMPLO
Por exemplo, não é considerado ético um médico-veterinário apoiar ou esconder qualquer ato
antiético de outro colega, assim como usar uma posição de superioridade hierárquica para
exigir o mesmo de alguém.
 
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É sempre esperado que um colega atenda à solicitação de ajuda profissional quando
necessário. Se possível fazê-lo, inclusive em casos de busca por especialidade de sua área,
será estabelecida uma relação de solidariedade.
 
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Espera-se também que não se procure atrair a clientela de outro colega ou que se pratique
concorrência desleal para se favorecer.
 
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Também nunca se deve fazer comentários sobre a vida íntima ou profissional de qualquer
colega nem criticar seus procedimentos ou tratamentos diante de outros.
Alterar prescrições de colegas sem o seu consentimento também é falta de ética. É uma
postura adequada, sempre que se atender o paciente de outro colega de profissão por motivo
de emergência ou de especialidade, encaminhar o paciente de volta ao colega, comunicando-
se com o mesmo e prestando todas as informações pertinentes ao caso.
Em casos de relações de trabalho, é adequado sempre respeitar os contratos de trabalho ou
de sociedade, pois assim se mantêm o equilíbrio entre as partes e o respeito profissional.
Ainda podemos citar a comunicação, que, além de ser cordial, deve ser sempre livre de ruídos
no que tange a prontuários, laudos, exames ou a qualquer outro documento, que devem estar
sempre com todas as informações cabíveis, legíveis e disponíveis aos colegas que delas
necessitem.
 ATENÇÃO
Além de ser nossa obrigação profissional seguir o código de ética de nossa profissão, é de
bom tom que a comunicação com os colegas de profissão seja sempre educada, amigável,
respeitosa e cordial. A forma como tratamos o outro espelha diretamente como queremos e
esperamos ser tratados pelos outros. Assim, todos nós, médicos-veterinários, ganhamos com
as parcerias e com um ambiente mais acolhedor, fortalecendo os laços entre todos os colegas
de profissão.
RELAÇÃO DE EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
EM SAÚDE
O médico-veterinário vem conquistando mais respeito perante a sociedade nos últimos anos.
Além do nosso trabalho relacionado diretamente à saúde animal, cada vez mais a nossa
função de proteção à saúde humana, de forma indireta, vem sendo reconhecida. No SUS,
temos a função de participar na elaboração de programas de controle e erradicação de
diversas doenças que circulam entre os seres humanos e os outros animais, por meio da busca
do equilíbrio entre o animal humano, o animal não humano e o meio ambiente.
 
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Nossa atuação nos âmbitos sanitário e ambiental compõe uma especialidade e uma soma de
conhecimentos muito importantes para o bem-estar da sociedade. Devido a esse papel, não é
difícil imaginar que necessitamos trabalhar com diversos profissionais de áreas diferentes das
nossa, formando uma equipe multidisciplinar.
Porém, o que é uma equipe multidisciplinar e como deve ser a relação entre seus
membros? Diferentemente da equipe interdisciplinar, que conta com vários especialistas que
possuem conhecimentos e qualificações distintos e que trabalham juntos de forma colaborativa
para o mesmo propósito, a equipe multidisciplinar corresponde a um grupo formado por
diferentes profissionais que têm habilidades diversas e que fazem suas avalições de forma
independente.
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Na equipe multidisciplinar, não existe um trabalho coordenado nem uma identidade de grupo.
Assim, no trabalho multidisciplinar, além das especialidades diferentes, ainda existem
comportamentos, vivências e experiência que variam muito entre si. Ou seja, há uma
integralização de trabalhos especializados que funcionam de forma independente.
O trabalho de uma equipe multidisciplinar não pretende abolir as especificidades de cada área,
mas, sim, estar diretamente ligado aos diferentes tipos de contribuições que todas as áreas
têm a oferecer. É necessário manter as diferenças técnicas correlatas, mas também é preciso
flexibilizar o trabalho para que possa ser alcançado o objetivo final.
 
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A equipe multidisciplinar foi criada justamente para quebrar o intenso processo de
especialização que vem ocorrendo nos últimos anos. Cada grupo de profissionais, em suas
respectivas áreas, tem suas próprias intervenções técnicas, mas também executa, de certa
forma, ações em comum com os membros de outras especialidades.
É necessário que a flexibilidade da divisão de trabalho esteja em equilíbrio com as
especificidades de cada área, de modo a não propor uma nova realidade de trabalho coletivo,
mas, sim, trazer à luz questionamentos sobre as desigualdades entre os trabalhos e,
provavelmente, um novo olhar sobre as necessidades de atuação de cada profissional na área
da saúde.
 
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É uma característica comum nessas equipes multidisciplinares que os grupos de profissionais
trabalhem de forma independente e que, por serem de uma mesma área, usem uma linguagem
informal para se comunicar. Portanto, nem sempre, em uma equipe multidisciplinar, a
comunicação é a melhor, embora quase todo profissional da saúde reconheça a comunicação
como ponto-chave para a melhor integração da equipe.
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Dessa forma, poderíamos ter uma transformação da sociedade utilizando a subjetividade, a
objetividade e os próprios meios sociais. Sua teoria tem como característica o desenvolvimento
da racionalidade, criticidade e razoabilidade, servindo de ação estratégica para interesses
individuais ou de grupos. A ação comunicativa propõe uma deliberação de todos baseada no
diálogo para se alcançar um consenso e beneficiar a todos os envolvidos. Segundo Habermas,
são normas universais de que os participantes do agir comunicativo necessitam:
Estar abertos e dispostos a transcender suas posições iniciais e preferências.
Ter um diálogo imparcial.
Permitir a inclusão da oposição para que possa ocorrer o diálogo, de modo que futuras
decisões possam ser tomadas.
Facilitar a interação de todos, respeitando a liberdade de opinião de cada um sem
interferências internas ou externas.
Revisar os resultados e posicionamentos sempre que solicitado.
 
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É muito comum que, em equipes multidisciplinares, sejam encontradas três formas de
comunicação. São elas:
COMUNICAÇÃO EXTERNA AO TRABALHO
Embora a comunicação seja esperada, não é efetivada ou é utilizada apenas como
instrumentalização da técnica. Nesse caso, a comunicação é restrita aos profissionais da área
ou é utilizada somente para otimizar uma técnica. Existe uma tensão entre o comunicativo e o
instrumental, sem ocorrer o desejado agir comunicativo. Nessa situação, os membros
pertencentes aos grupos técnicos se comunicam apenas entre si ou com outras equipes da
mesma área técnica. Assim, ocorre tão somente uma troca de informações de cunho técnico,
não havendo interação entre profissionais de áreas distintas e, embora os conhecimentos
técnicos sejam inerentes a cada área, é necessário que haja uma troca e cooperação entre
todos para alcançar o mesmo objetivo de toda a equipe.
 
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COMUNICAÇÃO ESTRITAMENTE PESSOAL
Os profissionais, com base em suas amizades e afeições, comunicam-se sobrepondo
dimensões pessoais e tecnológicas, o que acarreta menor interação, reduzindo-se a noção do
trabalhoe, consequentemente, a equipe. Essa comunicação não é a desejada, pois o conhecer
profissional equivale a saber do trabalho que o outro executa e de sua fundamentação técnica.
Essa situação é muito comum quando observamos os profissionais conversando de forma até
íntima em clima harmônico, porém sem nenhuma interação profissional.
 
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COMUNICAÇÃO INTRÍNSECA AO TRABALHO
Concebida e praticada no trabalho em equipe. Ocorre a elaboração de uma linguagem e de
objetivos comuns a todos. Existe um projeto assistencial comum que surge a partir da
execução de intervenções técnicas e da comunicação existente entre os profissionais. Essa
seria a perspectiva do agir-comunicativo, que, dada a hegemonia do instrumental técnico, pode
gerar tensões na equipe. Consiste nas situações de trabalho nas quais há boas interações
entre as diferentes profissões, pois uma equipe auxilia a outra dentro de sua capacidade
técnica. Porém, se todos não tiverem a mesma atitude comunicativa e colaborativa, uma
equipe pode querer se sobressair sobre a outra, gerando situações desagradáveis. Por isso, é
importante o envolvimento de todos na ação comunicativa.
 
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O agir instrumental visa um fim, a princípio, enquanto o agir comunicativo busca o
entendimento e o reconhecimento mútuo. Na prática, o ato de se comunicar é fazer com que as
mediações objetivem um fim, por meio do diálogo. Interagindo, podemos chegar a um
consenso dentro de cada contexto, trazendo benefício a todos. Enquanto no agir-instrumental,
as soluções são apenas temporárias. No agir-comunicativo e técnico, a solução ocorre porque
há uma definição do fim por meio de um processo participativo e de intervenção.
O que fazer para que a equipe possa se relacionar e progredir no trabalho? Três pontos são
importantes e devem ser seguidos:
AUTONOMIA TÉCNICA
CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
INTERFACE PROFISSIONAL
AUTONOMIA TÉCNICA
Deve haver o respeito por cada área de trabalho, por suas competências e formas de agir. Um
profissional não pode e não deve agir tentando impor aos outros uma hierarquia que, na
verdade, não existe, pois todos são especialistas trabalhando de forma independente, mas com
o mesmo objetivo, que é a saúde da população.
CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
É importante que todo profissional da saúde se aprimore academicamente de forma a
compreender desde cedo o que significa trabalhar junto a outras especialidades. Quando isso
não ocorre, o profissional tende a olhar sua área de forma isolada, como se a saúde não fosse
a soma de diversos fatores. É o que notamos, por exemplo, quando um profissional encaminha
o paciente para um especialista sem avaliar toda sua condição de saúde, como se ele fosse
dividido em partes e seu organismo não funcionasse com todos os sistemas movimentando
apenas uma engrenagem.
INTERFACE PROFISSIONAL
O profissional deve compreender e respeitar o trabalho dos outros profissionais, conhecendo a
importância de cada um deles e respeitando suas competências.
Quanto mais foco houver na flexibilização da divisão do trabalho, mais perto estaremos de uma
equipe integrada, a qual difere de uma equipe agrupada, na qual o foco são as especificidades
do trabalho de cada profissional. O trabalho multidisciplinar não deixa de ser um trabalho
coletivo, porém baseado na reciprocidade de intervenções técnicas e na interação respeitosa
entre profissionais de diferentes áreas, que só é possível por meio da comunicação.
O que determina a melhor ou a pior integração entre os membros da equipe é a possibilidade
de arguição técnica entre os membros e a valorização por cada área. Porém, essa valorização
não se baseia apenas no reconhecimento técnico, indo muito mais além, uma vez que está
baseada na ética profissional que cada um aprende, reflete e carrega consigo.
COMUNICAÇÃO COM PARES, TUTORES E
PRODUTORES
Como já vimos, uma boa habilidade de comunicação entre colegas de profissão e equipes
multidisciplinares é muito importante em nossas relações de trabalho. O mesmo ocorre com os
tutores e produtores. A boa comunicação tem a capacidade de criar e conservar a credibilidade
em nossa função. Quando isso não ocorre, surgem mal-entendidos, desentendimentos e
desconfiança por parte dos clientes. Por isso, saber se comunicar é crucial para que o sucesso
profissional seja alcançado.
 
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Pesquisas apontam que a comunicação mais minuciosa com o médico-veterinário pode
aumentar a confiança dos tutores e produtores em 40%. Inclusive, essa boa comunicação
também nos preserva em processos éticos que possam ser instaurados pelos tutores dos
animais em situações nas quais eles se sintam lesados de alguma forma. No passado, a
função de se comunicar não era tão enfatizada na atuação médico-veterinária, como se ela
surgisse ou se aprimorasse conforme o profissional fosse adquirindo mais experiência. Em
alguns países, a comunicação é levada tão a sério que são oferecidos cursos e palestras para
o aperfeiçoamento da habilidade de comunicação, na modalidade de workshops.
WORKSHOPS
Seminário ou curso intensivo, de curta duração, em que técnicas, habilidades, saberes,
artes etc. são demonstrados e aplicados em oficinas ou laboratórios.
A comunicação entre médicos-veterinários e tutores ou produtores é fundamental e, se for
realizada com excesso de confiança na tecnologia, no foco clínico na enfermidade ou no
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aspecto econômico do procedimento, geralmente traz insatisfações na relação de confiança
entre esses atores sociais.
 
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A importância da comunicação na Medicina Veterinária pode ser vista em diferentes contextos:
NA PUBLICIDADE
Realizar propaganda de forma ética faz com que muitos tutores e produtores se sintam
confiantes em pagar por serviços que julgam ser os melhores para seus animais.
BEM-ESTAR ANIMAL
Quando o médico-veterinário, por meio da boa comunicação, coloca o animal acima de
condições econômicas e de ganho financeiro pessoal, ele proporciona conforto e segurança
aos tutores ou produtores, trazendo à luz a questão de como aquele animal está inserido em
um meio social.
ÉTICA PESSOAL
A comunicação também serve para a autodefesa do profissional, pois sempre que ele informa,
principalmente por escrito, e pede a ciência sobre procedimentos e tratamentos, está se
resguardando para o caso de qualquer processo na justiça ou perante o seu órgão de classe.
O número de processos contra médicos-veterinários e estabelecimentos aumenta cada vez
mais.
Esses são bons motivos para nos preocuparmos e aperfeiçoarmos nossas habilidades
comunicativas. Em 2006, Beach e Inui criaram um conceito denominado Relationship centered-
carr (RCC), objetivando desenvolver a comunicação entre médicos e pacientes. Esse conceito
pode ser adaptado à Medicina Veterinária, de modo que, desde o início, seja criado um vínculo
a partir de quatro fundamentos:
1º FUNDAMENTO
Desde o início do atendimento, deve-se criar um ambiente de harmonia, permitindo que o
requisitante do serviço médico-veterinário se expresse sobre o histórico e a evolução do caso,
não apenas respondendo a perguntas frias com um “sim” ou um “não”.
2º FUNDAMENTO
Perspectiva do tutor ou produtor: é importante ouvir a opinião do requisitante do serviço
médico-veterinário sobre as observações profissionais realizadas pelo médico-veterinário.
3º FUNDAMENTO
Empatia: com os avanços tecnológicos e as pressões econômicas, muitas vezes deixamos de
olhar o outro e de entender seus medos e suas angústias. Isso pode ser demonstrado com
perguntas-chave, um tom de voz mais suave, um olhar mais acolhedor e uma linguagem
corporal adequada.
4º FUNDAMENTO
Finalização de atendimento: caso o serviço requisitado gere uma experiência negativa ou uma
má notícia, como a penalização por não cumprimento da legislação ou o óbito de um animal,
são necessárias, além da empatia, técnicas de comunicação que envolvam o momento
adequado de dara notícia, aguardar a reação do requisitante em silêncio e seu
restabelecimento. É preciso ter cuidado para não usar linguagem ambígua, sendo direto e
objetivo, ouvindo sua opinião e sanando todas as dúvidas existentes.
Avanços
tecnológicos
Com tantos avanços tecnológicos na Medicina Veterinária, o lado
ético da comunicação não pode ser esquecido.
Relação e
comunicação
profissional
Vimos como é importante que o profissional busque sempre a boa
comunicação com seus pares, tutores e produtores, diminuindo
riscos de desinformação, de má interpretação e de desconfiança.
Dessa forma, o profissional não perde sua credibilidade diante dos
outros profissionais e de clientes.
Relação com
tutores
Um bom relacionamento com os proprietários traz um ambiente mais
tranquilo e permite uma melhor troca de informações, uma
intervenção mais bem-sucedida e até a aceitação de notícias
desfavoráveis.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Para finalizar, o vídeo a seguir sintetizará o comportamento ético do médico-veterinário como
membro de uma equipe multidisciplinar de saúde.
O médico-veterinário na equipe de saúde multidisciplinar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NA RELAÇÃO E COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS FAZ PARTE
DO COMPORTAMENTO ÉTICO A SEGUINTE CONDUTA:
A) Tratar os colegas de profissão sempre com cordialidade, mas buscando atrair o máximo de
clientes para si com bons descontos em procedimentos.
B) Atender, sempre que for possível, ao pedido de auxílio profissional de colegas quando eles
necessitarem de seus conhecimentos especializados.
C) Julgar e criticar prescrições e tratamentos de outros colegas sempre que considerar
necessário e benéfico para o animal.
D) Repassar informações importantes de pacientes para o colega que ficará responsável pelo
mesmo paciente, desde que se tenha tempo.
E) Separar a ética entre colegas de profissão dos negócios, principalmente nas questões
relacionadas a contratos de trabalho.
2. ENTRE AS VANTAGENS DE CONSTRUIR UMA BOA RELAÇÃO E
COMUNICAÇÃO COM OS TUTORES E PRODUTORES, ESTÃO:
A) Menor facilidade dos proprietários de aceitação de diagnósticos e prognósticos
desfavoráveis.
B) Maiores chances de estar envolvido em processos éticos e judiciais.
C) Menores chances de sucesso em tratamentos e ganho de confiança dos clientes.
D) Maior chance de ganhar a confiança do proprietário, melhor troca de informações e sucesso
no diagnóstico e tratamento.
E) Menor número de informações detalhadas repassadas entre veterinário e proprietário,
aumentando as chances de sucesso do diagnóstico e do tratamento.
GABARITO
1. Na relação e comunicação entre profissionais faz parte do comportamento ético a
seguinte conduta:
A alternativa "B " está correta.
 
Faz parte da ética na saúde ter uma boa relação com os colegas dentro da cordialidade e
solidariedade. Portanto, atender a um pedido de auxílio profissional de outro colega está dentro
da conduta ética do médico-veterinário, sempre que assim for possível.
2. Entre as vantagens de construir uma boa relação e comunicação com os tutores e
produtores, estão:
A alternativa "D " está correta.
 
Procurar abrir um canal de comunicação com tutores e produtores desde o primeiro contato
permite que a relação se torne mais amigável e a troca de informações seja mais eficiente,
trazendo mais credibilidade ao profissional e aumentando as chances de sucesso no
diagnóstico e no tratamento do animal.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ética na saúde é necessária para que todo profissional da área, incluindo o médico-
veterinário, reflita sobre seu o comportamento humano perante todas as formas de vida
existentes no planeta, já que os avanços crescentes da biotecnologia são inevitáveis. A
conduta ética é requerida ao médico-veterinário e deve ser exercida tanto em sua vida privada
como em seu exercício profissional. Utilizando uma boa comunicação como ferramenta, a ética
deve ser aplicada nas relações com todos os nossos colegas de profissão, sejam individuais,
sejam em grupos de trabalho, sejam em equipes multidisciplinares, servindo também como um
instrumento para conquistar a confiança dos tutores e produtores e obter sucesso profissional.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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meio eletrônico em: 22 dez. 2020.
 
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FRANCO, A. L. et al. Pesquisas em animais: uma reflexão bioética. Acta Bioethica, [s. l.], v.
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JANKOSKI, L. G. Q.;  FISCHER, M. L. O papel da bioética nas comissões de ética animal.
Revista Bioética, [s. l.], v. 27, n. 3, 2019. Consultado em meio eletrônico em: 22 dez. 2020.
LEIRA, M. H. et al. Bem-estar dos animais nos zoológicos e a bioética ambiental. Pubvet:
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LOPES, J. A. Bioética – uma breve história: de Nuremberg (1947) a Belmont (1979). Revista
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PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Revista Saúde
Pública, [s. l.], v. 35, n. 1, p. 103-109, 2001. Consultado em meio eletrônico em: 22 dez. 2020.
ULIANA. D.; CARVALHO, D.; BONAMIGO, E. L. Bioética e Bem-Estar Animal nos Cursos de
Medicina Veterinária Brasileiros. Revista Brasileira Bioética, [s. l.], v. 14, n. 13, p. 1-16, 2018.
Consultado em meio eletrônico em: 22 dez. 2020.
EXPLORE+
Pesquise, acesse e leia os artigos científicos:
Integração do profissional médico-veterinário na equipe multiprofissional em saúde: relato
de experiência, de Fernanda da Silva, Susane Werle Dill e João Paulo da Exaltação
Pascon, publicado nos Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão.
 
Eutanásia: morte humanitária. De Lilian Aparecida Cardoso Santos e Francisco Pizzolato
Montanha, publicado na Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF.
 
Pesquise, acesse e ouça:
Ética e bioética nos dias de hoje, podcast do Instituto CPFL, com Mário Sérgio Cortella e
Paulo Saldiva.
 
Pesquise, acesse e assista a vídeos que versem sobre:
Ética e moral.
Comissão ética no uso dos animais.
CONTEUDISTA
Cristina Fernandes do Amarante
 CURRÍCULO LATTES
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DESCRIÇÃO
Conhecer a legislação pertinente à profissão médico-veterinária, destacando a regulamentação
do exercício da profissão, os conselhos profissionais de medicina veterinária e o código de
ética do médico veterinário.
PROPÓSITO
Conhecer a legislação que cria, regula e fiscaliza o exercício profissional do médico veterinário
e articular, de forma consciente, sua aplicação nas relações que envolvem a prática médico-
veterinária.
PREPARAÇÃO
Para iniciar este estudo, você deverá consultar os documentos normativos mais importantes
para a construção de uma compreensão abrangente sobre o tema. São eles:
A lei que dispõe sobre o exercício da profissão de médico veterinário (Lei n. 5.517/1968);
O decreto que regulamenta o exercício da profissão de médico veterinário e os conselhos
de medicina veterinária (Decreto n. 64.704/1969);
O código de ética profissional do médico veterinário(Resolução n. 1.138, de 16 de
dezembro de 2016).
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Compreender a prática veterinária com base na legislação sobre o exercício da profissão de
médico-veterinário (Lei n. 5.517/1968) e seu regulamento (Decreto n. 64.704/1969)
MÓDULO 2
Identificar os órgãos de classe vinculados ao exercício da Medicina Veterinária nos planos
federal (CFMV) e estaduais (CRMV)
MÓDULO 3
Compreender o código de ética do médico veterinário e a responsabilidade técnica desse
profissional
INTRODUÇÃO
O código de ética, também conhecido como código de conduta, define os padrões de
comportamento e procedimentos a serem adotados pelos profissionais em seu dia a dia de
trabalho.
Neste tema iremos entender a importância de uma legislação apropriada para regular o
comportamento profissional do médico veterinário e, para isso, vamos conhecer os
documentos normativos que compõem a base legal do assunto.
MÓDULO 1
 Compreender a prática veterinária com base na legislação sobre o exercício da
profissão de médico veterinário (Lei n. 5.517/1968) e seu regulamento (Decreto n.
64.704/1969)
AGIR DE OFÍCIO
Ocorre quando um administrador público, ou mesmo um juiz, realiza um ato administrativo sem
que esse ato tenha vindo de uma demanda, participação ou iniciativa de terceiros. Vem do
latim ex officio, que significa “oficialmente”, “em razão do cargo ocupado”.
REVEL
Se refere ao indivíduo que, acusado de algo e citado em uma ação, não responde a essa
citação, tornando-se ausente. Para não responder à revelia, ou seja, sem defesa, é indicado
um defensor.
A PROFISSÃO MÉDICO-VETERINÁRIA –
BREVE HISTÓRICO
A primeira escola de veterinária foi criada na França, no século XVIII, por um advogado que,
cansado de testemunhar tratamentos empíricos ineficientes em seus cavalos, convenceu o Rei
Luiz XV a instituir a Escola de Veterinária de Lyon. Isso foi em 1761. Somente a partir daí a
profissão de médico veterinário passou a ser reconhecida como uma profissão científica.
Logo depois, em 1766, foi fundada a École Nationale Vétérinaire d’Alfort, nos subúrbios de
Paris. No século XVIII, já havia dessas escolas na Áustria (1768), Itália (1769), Dinamarca
(1773), Suécia (1775), Alemanha (1778), Hungria (1781), Inglaterra (1791) e Espanha (1792).
Ao final do século XIX, a Europa contava com 19 escolas de veterinária. (CRMV, 2020)
 VOCÊ SABIA
Algumas importantes pesquisas e consequentes descobertas foram feitas por veterinários,
principalmente franceses, no século XIX. O desenvolvimento da seringa para injeção
hipodérmica foi trabalho de François Tabourin, um professor da escola de medicina veterinária
de Lyon. Gaston Ramon, veterinário do Instituto Pasteur, descobriu os toxoides antitetânicos de
antidiftérico. Os trabalhos sobre atenuação de cepas de Mycobacterium, usadas na vacina
contra a tuberculose – conhecida como BCG –, foi realizado por dois veterinários que
eternizaram seus nomes na sigla da vacina: Bacilo de Calmette e Guérin.
E quanto ao Brasil? Quando iniciamos a trajetória dessa profissão por aqui?
No Brasil, o desenvolvimento da medicina veterinária está ligado à chegada da corte
portuguesa em 1808. Fugindo de Napoleão, que havia imposto o bloqueio continental e
ameaçava invadir Portugal, Dom João VI e grande parte da corte portuguesa se deslocaram
até as terras brasileiras. A presença do rei e da corte no Rio de Janeiro acarretou o
desenvolvimento de diversas áreas, entre as quais cultura, ciência, finanças e política. O
surgimento de biblioteca, imprensa e faculdades também marcou aquele período. Trazendo a
experiência portuguesa, Dom João criou e implantou o ensino teórico e prático da agricultura.
Criou também o Museu Nacional e o Jardim Botânico.
Em 1875, no período do império, o Imperador Dom Pedro II, após voltar de uma viagem à
França, onde visitou a escola de medicina veterinária de Alfort, nas cercanias de Paris, pensou
na criação de um estabelecimento de ensino no Brasil, no qual também se estudasse medicina
veterinária. No entanto, só na república, no governo Nilo Peçanha, com o Decreto n. 8.319, de
20 de outubro de 1910, é que o ensino da medicina veterinária foi regulamentado. Esse
decreto criou a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária. Um pouco depois,
em 1914, o Exército Brasileiro criou a Escola de Veterinária do Exército, com o apoio do
Instituto Pasteur francês, e a primeira turma dessa escola se formou em 1917. Também se
formou, nesse ano, a primeira turma da Escola Superior de Agricultura de Medicina Veterinária.
A regulamentação da profissão e do exercício da medicina veterinária só foi estabelecida
pelo Decreto n. 23.133, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas em 9 de setembro de
1933, dia que foi escolhido, posteriormente, como o Dia do Médico Veterinário. Essa legislação
normatizou as condições e os campos de atuação do médico veterinário. Também estabeleceu
normas para a organização, a direção e a execução do ensino veterinário, bem como para:
[...] OS SERVIÇOS REFERENTES À DEFESA
SANITÁRIA ANIMAL, INSPEÇÃO DOS
ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DE PRODUTOS DE
ORIGEM ANIMAL, HOSPITAIS E POLICLÍNICAS
VETERINÁRIAS, PARA ORGANIZAÇÕES DE
CONGRESSOS E REPRESENTAÇÃO OFICIAL E
PERITAGEM EM QUESTÕES JUDICIAIS QUE
ENVOLVESSEM APRECIAÇÃO SOBRE OS ESTADOS
DOS ANIMAIS, DENTRE OUTRAS. PARA O EXERCÍCIO
PROFISSIONAL TORNOU-SE OBRIGATÓRIO O
REGISTRO DO DIPLOMA, QUE PASSOU, A PARTIR DE
1940, A SER FEITO NA SUPERINTENDÊNCIA DO
ENSINO AGRÍCOLA E VETERINÁRIO DO MINISTÉRIO
DA AGRICULTURA, ÓRGÃO IGUALMENTE
RESPONSÁVEL PELA FISCALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO
PROFISSIONAL.
Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, 1933.
No ano de 1968 foi editada a Lei n. 5.517 e, no ano seguinte, o Decreto n. 64.704 – os
principais instrumentos que regulamentam a profissão do médico veterinário, bem como seus
órgãos de classe: o Conselho Federal de Medicina Veterinária e os Conselhos Regionais de
Medicina Veterinária.
LEI N. 5.517/1968
Essa lei dispõe sobre o exercício da profissão de médico veterinário e cria os respectivos
Conselho Federal e Conselhos Regionais. Em seus 43 artigos distribuídos em sete capítulos, a
lei trata de todos os aspectos relevantes para o profissional dessa área.
O capítulo I da referida lei trata da profissão do médico veterinário, estabelecendo os
requisitos necessários para o seu exercício, a saber: ser portador de diplomas expedidos por
escolas oficiais ou reconhecidas e registradas na Diretoria do Ensino Superior do Ministério da
Educação e Cultura; quanto aos profissionais diplomados no estrangeiro, é exigido que tenham
revalidado e registrado seu diploma no Brasil, na forma da legislação em vigor (art. 3º).
A seguir, vejamos os dois artigos desse capítulo que estabelecem as competências dos
médicos veterinários:
ARTIGO 5
O exercício profissional está descrito nesse artigo, que estabelece as diversas competências
privativas (exclusivas) dos médicos veterinários:
 
a) prática da clínica em todas as suas modalidades; 
b) direção dos hospitais para animais; 
c) assistência técnica e sanitária aos animais sob qualquer forma; 
d) planejamento e execução da defesa sanitária animal; 
e) direção técnica sanitária dos estabelecimentos industriais e, sempre que possível, dos
comerciais ou de finalidades recreativas, desportivas ou de proteção onde estejam,
permanentemente, em exposição, em serviço ou para qualquer outro fim, animais ou produtos
de sua origem; 
f) inspeção e fiscalização, sob o ponto de vista sanitário, higiênico e tecnológico dos
matadouros, frigoríficos, fábricas de conservas de carne e de pescado, fábricas de banha e
gorduras em que se empregam produtos de origem animal, usinas e fábricas de lacticínios,
entrepostos de carne, leite, peixe, ovos, mel, cera e demais derivados da indústria pecuária e,
de um modo geral, quando possível, de todos os produtos de origem animal nos locais de
produção, manipulação, armazenagem e comercialização; 
g) peritagem sobre animais,identificação, defeitos, vícios, doenças, acidentes e exames
técnicos em questões judiciais; 
h) perícias, exames e pesquisas reveladores de fraudes ou operação dolosa nos animais
inscritos nas competições desportivas ou nas exposições pecuárias; 
i) ensino, direção, controle e orientação dos serviços de inseminação artificial; 
j) regência de cadeiras ou disciplinas especificamente médico-veterinárias, bem como direção
das respectivas seções e laboratórios; 
k) direção e fiscalização do ensino da medicina veterinária, bem como do ensino médio
agrícola, nos estabelecimentos em que a natureza dos trabalhos tenha por objetivo exclusivo a
indústria animal; 
l) organização dos congressos, comissões, seminários e outros tipos de reuniões destinados
ao estudo da medicina veterinária, bem como assessoria técnica do Ministério das Relações
Exteriores, no país e no estrangeiro, no que se refere a problemas relativos à produção e à
indústria animal.
ARTIGO 6
Nesse artigo, a lei prevê outras competências do médico veterinário relacionadas com:
 
a) pesquisas, planejamento, direção técnica, fomento, orientação e execução dos trabalhos de
qualquer natureza relativos à produção animal e às indústrias derivadas, inclusive as de caça e
pesca; 
b) estudo e aplicação de medidas de saúde pública no tocante às doenças de animais
transmissíveis ao homem; 
c) avaliação e peritagem relativas aos animais para fins administrativos de crédito e de seguro; 
d) padronização e classificação dos produtos de origem animal; 
e) responsabilidade pelas fórmulas e preparação de rações para animais e sua fiscalização; 
f) participação nos exames dos animais para efeito de inscrição nas sociedades de registros
genealógicos; 
g) exames periciais tecnológicos e sanitários dos subprodutos da indústria animal; 
h) pesquisas e trabalhos ligados à biologia geral, à zoologia, à zootecnia, bem como à
bromatologia animal em especial; 
i) defesa da fauna, especialmente o controle da exploração das espécies animais silvestres,
bem como dos seus produtos; 
j) estudos e organização de trabalhos sobre economia e estatística ligados à profissão; 
k) organização da educação rural relativa à pecuária.
Já o capítulo 3 trata dos Conselhos Federal e Estaduais de Medicina Veterinária, objeto de
estudo do Módulo 2. O capítulo 4 se refere às anuidades e taxas a serem pagas aos
conselhos pelos profissionais inscritos e o capítulo 5 trata do poder disciplinar dos conselhos
regionais, bem como da aplicação das penalidades nos casos em que o médico veterinário for
considerado responsável pelo cometimento de alguma infração profissional ou disciplinar –
tema que será desenvolvido no Módulo 3. Por fim, os capítulos 6 e 7 apresentam,
respectivamente, as disposições gerais e as disposições transitórias.
 ATENÇÃO
Vale ressaltar que a lei não admite denúncias anônimas contra os veterinários.
A Lei n. 5.517/68 está regulamentada pelo Decreto n. 64.704/1969, que veremos a seguir.
DECRETO N. 64.704/1969
Esse decreto, editado em 17 de junho de 1969, aprovou, com base na própria Lei n. 5.517/68,
o regulamento do exercício da profissão de médico veterinário e dos Conselhos de Medicina
Veterinária.
O título I do regulamento dispõe sobre a profissão de médico veterinário, estabelecendo, em
seus cinco capítulos, os seguintes temas: campo profissional; atividade profissional; título
profissional; exercício profissional; e as firmas, empresas e associações.
O título II trata dos Conselhos de Medicina Veterinária, dispondo em seu capítulo I sobre a
conceituação, a vinculação e finalidade dos Conselhos Federal e Regionais.
O título III determina as anuidades e taxas que o médico veterinário está obrigado a pagar.
Ressalte-se que a taxa será devida quando houver uma contraprestação do Conselho, isto é,
quando ele prestar algum serviço ou expedir documento. Um exemplo é a taxa de inscrição. Já
as anuidades, que devem ser pagas a cada ano até o dia 31 de março, são devidas ao
Conselho Regional ao qual o veterinário está vinculado. No título III também estão previstos
outros tipos de renda dos Conselhos. A propósito, confira-se o art. 26 do Decreto n.
64.704/1969 e seus parágrafos:
Art. 26 – O médico veterinário está obrigado ao pagamento de taxa de inscrição e anuidade ao
Conselho a cuja jurisdição estiver sujeito.
§ 1º A anuidade deve ser paga até o dia 31 de março de cada ano, acrescida de 20% quando
fora desse prazo;
§ 2º O médico veterinário ausente do país não fica isento do pagamento da anuidade, que
poderá ser paga após o regresso sem o acréscimo de 20% previsto no parágrafo anterior.”
O título IV, espelhado na Lei n. 5.517/1968, estabelece as penalidades a serem impostas no
caso de infringência à lei, a esse regulamento e ao Código de Ética Profissional, estabelecido
pela Resolução CFMV n. 1.138/2016.
O decreto ainda prevê um quinto título dedicado às disposições gerais e transitórias. E no art.
48 estabelece que os casos referentes ao exercício da profissão de médico veterinário omissos
no documento serão resolvidos pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária.
A PROFISSÃO MÉDICO-VETERINÁRIA
No vídeo a seguir, abordaremos um pouco mais o histórico da profissão médico-veterinária.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Identificar os órgãos de classe vinculados ao exercício da Medicina Veterinária nos
planos federal (CFMV) e estaduais (CRMV)
OS CONSELHOS DA CLASSE
Com o exercício da profissão estabelecido, foi necessária a criação de órgãos de
fiscalização do exercício profissional do veterinário. Os conselhos profissionais têm essa
função. Por intermédio deles a própria classe profissional fica responsável pela atividade
fiscalizadora. Em 1968, com a Lei n. 5.517, que dispôs sobre o exercício da profissão do
médico veterinário, foram também criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de
Medicina Veterinária. O CFMV ficou responsável por instalar os CRMV. Inicialmente foram
instalados 13 Conselhos Regionais. Atualmente, no Brasil, eles são em número de 27. Quando
foram criados, os Conselhos eram designados por ordem numérica.
 Símbolo do CFMV.
Em uma resolução posterior, editada pelo CFMV em 1990, a denominação passou a ser pela
sigla dos estados (ex.: CRMV-RJ; CRMV-SC), indicando que cada Conselho Regional tem
jurisdição exclusivamente sobre o estado que representa. Trata-se de órgãos importantes
dentro de sua jurisdição estadual, para orientação e fiscalização do exercício da profissão.
Também são fundamentais nas questões ligadas ao ensino, à pesquisa, à extensão, à defesa
sanitária, à saúde coletiva, à produção animal, ao meio ambiente e no que se refere a temas
relacionados com a indústria e o comércio de produtos veterinários, produtos de origem animal
e seus derivados.
Os CRMV, na forma da Lei n. 5.517/1968, são subordinados diretamente ao Conselho Federal
de Medicina Veterinária. No entanto, cada CRMV tem independência administrativa e
financeira. A reunião de todos os CRMV forma uma autarquia. No caso de conselhos
profissionais, como é o caso dos CRMV, as autarquias são denominadas autarquias de
regime especial, por terem características de entidades privadas, apesar de serem públicas.
Cada Conselho Regional é como se fosse um “braço” da autarquia nas várias regiões do Brasil
e eles não sofrem interferência federal, ou seja, não sofrem influências administrativas ou
financeiras do CFMV (exceto em casos descritos em lei).
Os conselhos profissionais também são chamados de autarquias corporativas. De
acordo com a legislação em vigor – Decreto n. 64.704/1969 – as atribuições dos CRMV estão
listadas no seguinte artigo:
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AUTARQUIAS DE REGIME ESPECIAL
Uma autarquia é uma entidade dotada de personalidade jurídica própria, criada por lei
específica e pertencente à Administração Federal Indireta. Seu papel é desempenhar funções
próprias, reservadas ao Estado. Nos termos do art. 5º do Decreto-Lei n. 200/1967, a autarquia
é “o serviço

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