Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 1 APG 9 – Masterchef 1) COMPREENDER A HISTOFISIOLOGIA DO SISTEMA TEGUMENTAR A pele é o maior órgão do corpo humano! Ela possui funções como: Barreira contra invasão de micro-organismos; Proteção contra desidratação e atrito, devido ter uma camada queratinizada; Proteção contra os raios ultravioleta (melanina); Excreção de diversas substâncias; Síntese de vitamina D, pela ação da radiação ultravioleta; Percepção sensorial; Contribui com a termo regulação do corpo, por conta dos vasos na derme, tecido adiposo e glândulas. A pele é composta por: EPIDERME: origem ectodérmica, a parte superficial e mais fina, que é composta por tecido epitelial DERME: origem mesodérmica, a parte mais profunda e espessa de tecido conjuntivo HIPODERME: Abaixo da derme, encontra-se a tela subcutânea, que não compõe a pele, é apenas um tecido celular subcutâneo que forma um tecido conjuntivo frouxo com células adiposas e que serve para a união da pele com os órgãos subjacentes. É responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas nas quais se apoia. Enquanto a epiderme é avascular, a derme é vascularizada. Por esse motivo, se você cortar a epiderme não haverá sangramento, porém, se o corte atingir a derme, haverá sangramento. Na hipoderme e as vezes na derme também contém terminações nervosas chamadas de corpúsculos lamelares ou corpúsculos de Pacini, que são sensíveis à pressão A junção da epiderme e derme é irregular. A derme tem projeções, as papilas dérmicas, que se encaixam em reentrâncias da epiderme, as cristas epidérmicas, aumentando a coesão entre essas duas camadas. Há dois tipos de pele: Pele fina: há poucas camadas celulares, principalmente, pouca camada queratinizada (a última da epiderme). Pele espessa: está presente da região de maior atrito, como, nas palmas das mãos, nas plantas dos pés e também em algumas articulações, sendo assim, ela possui várias camadas celulares e uma camada de queratina bem espessa. Aqui não é encontrado glândulas sebáceas, nem pelos, apenas glândulas sudoríparas! EPIDERME É constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, ou seja, há várias camadas de células que são achatadas e no final tem-se uma camada de queratina, que é maior na pele espessa, mas é encontrada também na pele fina. É encontrado na epiderme alguns tipos celulares: Queratinócitos: são as células mais abundantes e se organizam em camadas. As camadas são mais distinguíveis quando é uma pele espessa, já que na pele fina há poucas camadas. As camadas são: (da derme até a superfície) APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 2 1) Camada basal ou camada germinativa: Está em contato com a derme; Células prismáticas ou cuboides; Citoplasma basófilo: filamentos intermediários de queratina, que se tornam mais abundantes à medida que a célula avança para a superfície; Apoiadas sobre a membrana basal que separa a epiderme da derme; Rica em células tronco, ou seja, é a camada responsável pela renovação constante da pele (INTENSIVA ATIVIDADE MITÓTICA). A pele se renova a cada 15 a 30 dias, dependendo principalmente do local e da idade da pessoa. 2) Camada espinhosa: É a parte mais espessa da epiderme; Células cuboides, (observa-se uma tendência de achatamento das células à medida que caminha--se para o estrato mais superficial; Possui o núcleo central, com um CITOPLASMA possuindo feixes de filamentos de queratina (chamados TONOFILAMENTOS). As células dessa camada se ligam umas às outras através de desmossomos, gerando uma coesão celular, garantindo a resistência ao atrito intrínseca à nossa pele. Essa ligação entre as células origina a morfologia espinhosa celular que dá o nome para a camada. 3) Granulosa: É composta por 3 a 5 fileiras de células poligonais + achatadas; No citoplasma contém grânulos basófilos, compostos por filamentos de querato-hialina, ricos em proteína histidina fosforilada e cistina, que são precursoras da filagrina (uma proteína responsável pela queratinização adequada da pele); Além disso, ainda o citoplasma podem se observar à microscopia eletrônica a presença de GRÂNULOS LAMELARES, responsáveis pela exocitose de um material lipídico que permanece na superfície da pele, tornando-a impermeável à água, impedindo a desidratação. Essa impermeabilização permite que os seres humanos consigam ser animais terrestres. 4) Lúcida: Mais evidente na pele espessa; Representa uma camada bem fina; São células achatadas eosinófilas (filamentos de queratina no citoplasma) e translúcidas, devido à ausência de núcleo celular e organelas nesses tipos celulares, estruturas que foram digeridas por lisossomos. Nessa camada, as células ainda se encontram unidas firmemente através dos desmossomos. 5) Camada córnea: Possui uma espessura muito variável, sendo maior em peles do tipo espessa e menor na pele fina; É composta por células achatadas e anucleadas, ou seja, são células mortas. O citoplasma dessas células é repleto de filamentos de queratina. Sofre uma descamação contínua, sendo reposta através da proliferação e desenvolvimento das células basais ao longo do estrato epidérmico. As células da camada córnea NÃO SÃO UNIDAS ATRAVÉS DE DESMOSSOMOS = por isso a descamação contínua. Melanócitos: Mais comum na camada basal da epiderme. São oriundos das cristas neurais do embrião cujas células invadem a pele em torno da 12ª a 14ª intrauterina. Essas células são arredondadas, com prolongamentos citoplasmáticos, citoplasma claro e núcleo ovoide. A função dos melanócitos é a SÍNTESE DA MELANINA, um pigmento pardo-amarelado ou marrom escuro que é absorvido posteriormente pelos queratinócitos. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 3 SÍNTESE DA MELANINA A síntese de melanina ocorre dentro dos melanossomos, que são vesículas membranosas presentes nos melanócitos. A TIROSINA presente nos melanossomos sofre oxidação através da enzima tirosinase, originando a 3,4-di- hidroxifenilalanina (DOPA). A substância DOPA, por sua vez, é novamente oxidada pela tirosinase, originando o pigmento melanina. A melanina é armazenada nos grânulos citoplasmáticos de melanina, que quando presente nos prolongamentos dos melanócitos são fagocitados pelos queratinócitos. Nas diferentes raças, há uma mesma concentração de melanócitos, o que muda É A ATIVIDADE DA ENZIMA TIROSINASE, havendo uma maior efetividade de produção e transferência da melanina aos queratinócitos em indivíduos com pele mais escura = MAIS RÁPIDO PARA CHEGAR NOS QUERATINÓCITOS E MAIS RÁPIDO PARA SER DEGRADADA. Geralmente a melanina começa nas células basais e espinhosas (peles brancas), e pode ir subindo para a superfície, na pele negra até a camada córnea. A melanina serve para proteger o material genético da radiação ultravioleta. Ela é localizada na região supranuclear, ou seja, em cima do núcleo, evitando que o mesmo sofra degradação por ação da luz ultravioleta. Células de Merkel: Mais comum na camada basal da epiderme; Possui prolongamentos curtos; Tem ligação com queratinócitos por desmossomos; Núcleo volumoso; Filamentos de queratina no citoplasma; Histologicamente são bem parecidas com os melanócitos, porém são bem escassas, difíceis de serem observadas; Geralmente o citoplasma das células de Merkel é composto por VESÍCULAS NEUROENDÓCRINAS. A presença dessas vesículas é justificada pela função dessas células como terminações nervosassensitivas, presentes na base da célula, funcionando como mecanorreceptoras, principalmente encontradas na ponta dos dedos e na base dos folículos pilosos. São, portanto, receptores táteis que fazem contato direto com terminações nervosas. Células de Langerhans: Mais visíveis na camada espinhosa da epiderme, mas podem estar presente em todas as camadas de queratinócitos da epiderme. Fazem parte do sistema mononuclear fagocítico, sendo células muito ramificadas histologicamente, que fagocitam e processam os antígenos estranhos encontrados na pele, os apresentando posterior aos linfócitos T. DERME É composta por tecido conjuntivo, com espessura variável de acordo com a sua localização e possui duas camadas: Camada Papilar: superficial, camada que está em contato íntimo com a epiderme. Composta pelas papilas dérmicas e acompanha as reentrâncias da epiderme, sendo mais frequentes nas zonas sujeitas à pressão e atritos. Nessa camada pode-se observar um tecido conjuntivo frouxo em que predomina fibrilas especiais de colágeno, que se mantém unidas à membrana basal da epiderme, possibilitando a manutenção da junção entre epiderme e derme papilar. As fibras de colágeno são distribuídas em diversas direções. Além disso, pode-se observar também pequenos vasos sanguíneos, os quais realizam a irrigação da epiderme. Camada reticular: profunda, camada que está em contato com o tecido celular subcutâneo, com a hipoderme. Formada por um tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras elásticas, ao contrário da derme papilar. As fibras elásticas presentes nessa camada são responsáveis pela manutenção da elasticidade da pele. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 4 Nessa região podem ser encontrados diversos vasos sanguíneos e linfáticos, bem como nervos e anexos da pele. SISTEMA VASCULAR O sistema vascular da pele pode ser dividido em 3 partes: sistema arterial, sistema venoso e sistema linfático. O sistema arterial é formado por 2 plexos: O PRIMEIRO PLEXO se localiza entre a derme e a hipoderme (tecido celular subcutâneo); Já o SEGUNDO PLEXO se localiza entre as camadas reticular e papilar da derme, emitindo ramos para as papilas dérmicas, possibilitando a irrigação da re- gião epidérmica. O sistema venoso é formado por 3 plexos: Semelhante ao sistema arterial, o PRIMEIRO PLEXO se encontra entre a derme e a hipoderme O SEGUNDO PLEXO se localiza entre as camadas reticular e papilar da derme, recebendo drenagem venosa das papilas dérmicas. O TERCEIRO PLEXO, diferentemente, se localiza na região média da derme. O sistema linfático de drenagem da pele se inicia em capilares em fundo cego localizados nas papilas dérmicas, que confluem para um plexo linfático presente entre as camadas papilar e reticular da derme, seguindo por fim para um plexo entre a derme e a hipoderme. RECEPTORES SENSORIAIS DA PELE Uma das principais funções da pele é receber estímulos do meio externo, a percepção sensorial. Pra isso, existe dois tipos de terminações: Terminações nervosas livres: Geralmente tem forma de CESTO, e quando possuem essa forma são mecanorreceptores (receptores táteis), localizadas ao redor de folículos pilosos. Em forma de bulbo, são mecanorreceptores e nociceptores (receptores p/ dor), localizadas paralelamente à junção dermoepidérmica. Terminações nervosas encapsuladas: existem 4 tipos: Corpúsculos de Meissner: estão presentes nas papilas dérmicas de áreas sem pelo, nos lábios, dedos, palmas das mãos, plantas dos pés. E são estruturas alongadas. São mecanorreceptores e detectam pequenas deformações (pressão) da epiderme. Corpúsculos de Pacini: estão na derme profunda e hipoderme, geralmente, são esféricos ou ovais, mais presentes nas palmas da mãos e plantas dos pés. São mecanorreceptores que detectam pressão e vibração. Corpúsculos de Ruffini: se localizam na derme da pele, leitos ungueais, ligamentos periodontais e nas cápsulas articulares. A cápsula de tecido conjuntivo que envolve esses receptores está ancorada em cada extremidade, aumentando a sensibilidade à distensão e à pressão nas cápsulas articulares, sendo essa a sua principal função. Bulbos terminais de Krause: O bulbo terminal de Krause, por sua vez, se localizam na região papilar da derme nas articulações, conjuntiva, peritônio, regiões genitais e no tecido conjuntivo subendotelial das cavidades oral e nasal. Sua função é desconhecida. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 5 ANEXOS A pele possui como anexos os pelos, as unhas e as glândulas da pele, sendo que essas podem ser de 3 tipos, sudoríparas, sebáceas e mamárias. PELOS São estruturas delgadas e queratinizadas; Possuem um crescimento descontinuo: fase de repouso e fase de crescimento; A cor, tamanho, espessura e a disposição dos pelos varia de acordo com a cor da pele e a região do corpo, fator que é diretamente influenciado por hormônios sexuais. A cor do pelo também depende dos melanócitos, localizados entre a papila e o epitélio da raiz do pelo. A duração de cada uma das fases é variável de uma região do corpo para a outra. Os pelos de desenvolvem em estruturas que são invaginações na epiderme: O FOLÍCULO PILOSO. A dilatação terminal do folículo piloso é chamada de BULBO DO PELO, cujo centro contém a PAPILA DÉRMICA. Na papila dérmica existem células que revestem e formam a raiz do pelo, de onde emerge o eixo do pelo. Na fase de crescimento, as células da raiz se multiplicam e diferenciam em diversos tipos celulares, como as CÉLULAS DA MEDULA (células grandes, vacuolizadas, com pouca queratina), as CÉLULAS DO CÓRTEX (na região que envolve o pelo, células mais queratinizadas e compactas) e as CÉLULAS DA CUTÍCULA (região mais externa, células fortemente queratinizadas que envolvem o córtex, como se fossem escamas). As células epiteliais periféricas possuem uma bainha epitelial interna e uma bainha epitelial externa. A bainha epitelial envolve o pelo em sua porção inicial, sendo que sua porção externa se continua com a epiderme. Ao redor do folículo piloso existe uma bainha de tecido conjuntivo bem espessa que o envolve. Essa bainha é conectada a um músculo liso (controle involuntário) chamado MÚSCULO ERETOR DE PELO, cuja contração é responsável por “eriçar” os pelos, resposta que ocorre diante de estímulos adrenérgicos (SNA). Associado ao folículo piloso, sempre terá uma glândula sebácea. UNHAS Unhas são placas de células queratinizadas. A camada córnea, nessa região, possui escamas compactas e fortemente aderidas uma sobre a outra, que crescem deslizando sobre o leito ungueal. É importante lembrar que o leito ungueal é uma estrutura da pele, não tendo relação com o crescimento das unhas, apenas realiza a sua acomodação. As unhas estão presentes na superfície dorsal das falanges distais dos dedos, tendo a sua formação iniciada a partir de sua porção mais proximal, chamada de raiz da unha. Na raiz da unha pode-se observar a proliferação e diferenciação das células epiteliais até a formação das escamas córneas. A raiz da unha é composta por duas estruturas bem distintas, sendo elas duas CAMADAS DE EPIDERME e uma CAMADA CÓRNEA que forma a cutícula (eponíquo) da unha. GLÂNDULAS SEBÁCEAS Estão situadas na derme. São abundantes no couro cabeludo, porém estão ausentes nas palmas das mãos e plantas dos pés, já que sempre estão associadas aos folículos pilosos, onde usualmente desembocam! APG – SOI II Emilly Lorena QueirozAmaral – Medicina/2º Período 6 Em algumas regiões, as glândulas sebáceas podem desembocar diretamente na pele, como nos lábios, mamilos, na glande e vagina. O ducto de saída para os folículos pilosos é caracteristicamente um ducto curto revestido por epitélio estratificado pavimentoso. As glândulas sebáceas produzem uma secreção lipídica nomeada como “sebo”, sendo ela rica em triglicérides, ácidos graxos livres, colesterol e ésteres de colesterol. Essa produção ocorre principalmente após a puberdade devido ao estímulo de hormônios sexuais associado, tendo como principal função a lubrificação da superfície da pele e dos pelos, aumentando as características hidrofóbicas da queratina, o que exacerba a função de impermeabilidade exercida pela queratina na pele, ou seja, protege a pele contra a perda de água. GLÂNDULAS SUDORÍPARAS As glândulas sudoríparas podem ser de dois tipos: MERÓCRINAS (amplamente distribuídas) ou APÓCRINAS (encontradas nas axilas, região perianal e região pubiana). MERÓCRINAS: São glândulas muito numerosas, encontradas em toda a pele, com exceção de raros locais, como a glande peniana. São glândulas tubulosas simples enoveladas, localizadas na derme e seus ductos se abrem diretamente na superfície da pele. A secreção produzida por esse tipo de glândula é uma secreção aquosa, conhecida como SUOR. O suor é um ultrafiltrado do plasma, responsável por auxiliar na termorregulação e participar da excreção de algumas substâncias, sendo derivado de capilares localizados ao redor das porções secretoras das glândulas sudoríparas. A secreção das glândulas sudoríparas merócrinas é eliminada por exocitose! As glândulas tubulosas simples enoveladas que correspondem às glândulas sudoríparas merócrinas são formadas por células secretoras piramidais, podendo essas serem de dois tipos, células escuras e células claras. As células escuras secretam glicoproteínas, sendo encontradas próximas ao lúmen glandular, contém muitos grânulos de secreção apicais e são ricas em retículo endoplasmático rugoso (RER), o que justifica a sua coloração escura. As células claras se encontram mais na porção basal glandular, tendo com função o transporte de íons e de água, sendo dotada, portanto, de muitas mitocôndrias para possibilitar a produção da parte aquosa do suor. APÓCRINAS: São glândulas situadas na derme e na hipoderme, encontradas apenas em algumas regiões do corpo, como axilas, região perianal e pubiana e na aréola mamária. Os ductos das glândulas sudoríparas apócrinas desembocam no folículo piloso, eliminando uma secreção viscosa e inodora. Com a ação das bactérias na pele e a degradação da secreção liberada, pode passar a apresentar um odor característico. Além disso, existem as glândulas ceruminosas do conduto auditivo externo (produtoras do cerúmen auricular) e as glândulas de Moll (das pálpebras), que constituem glândulas sudoríparas apócrinas modificadas. REFERÊNCIAS: JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. TORTORA, G. J; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia humana. 14ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Compartilhar