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1 Aline David – ATM 2025/B PATOLOGIA II – AULA 09 CARACTERÍSTICAS GERAIS ❖ Tubo da cavidade oral ao ânus: esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso (cólon), reto, ânus. ❖ Porções anatomicamente diferentes com funções diferentes e integradas, complementares → digestão de alimentos, absorção de nutrientes e remoção de resíduos. ❖ Visualização direta por endoscopia digestiva alta (EDA – até início do jejuno) ou colonoscopia/endoscopia digestiva baixa (até a porção inicial do íleo). - Não consegue avaliar direito o intestino delgado por conta da extensão. É o sítio de menor prevalência de doenças específicas, principalmente no jejuno. - Na colonoscopia o paciente precisa ter uma série de cuidados, estar com o intestino limpo com alteração da dieta que pode ocasionar choque na hora do exame. - Endoscopia/Colonoscopia virtual: está sendo aprimorada para melhorar o bem-estar do paciente na hora dos exames e para observar mais a porção do jejuno. Não é tão utilizada. ESÔFAGO ANATOMIA/HISTOLOGIA - Esôfago: porção cervical, torácica e abdominal (junção esôfago- gástrica). O esôfago está em íntimo contato com estruturas importantes do mediastino: aorta, traqueia e artérias carótidas comum D e E e veias jugulares. - Camada adventícia: camada de gordura que confere um maior risco de invasão de estruturas locais. Quanto menor for a adventícia, maior é a chance de a lesão se disseminar. ATRESIA E FÍSTULA ❖ Anormalidades congênitas → geram sintomas logo após o nascimento (regurgitação). ❖ Necessitam de correção cirúrgica, ou se tornam incompatíveis com a vida. ❖ Atresia: esôfago que não se formou direito ou que está interrompido. Esôfago pode estar involuído ou uma quebra no meio do esôfago (mais comum – se não for corrigido é incompatível com a vida – ácido e bile caem na traqueia). ❖ Fístula: comunica a traqueia com o esôfago. Pode ser só ela ou associada a atresia de esôfago. ACALÁSIA ❖ Distúrbio mecânico do esôfago (não acontece em outras regiões do TGI). Distúrbio incomum, mas não tão raro. 2 Aline David – ATM 2025/B ❖ Tríade da acalásica: esfíncter esofágico inferior (EEI) com tônus aumentado, e dificuldade de relaxamento + esôfago aperistáltico. - Faz com que o alimento não desça corretamente e tem dificuldade de esvaziamento do esôfago. ❖ Primária: degeneração dos neurônios inibidores do esôfago distal (responsáveis por fazer a peristalse e o relaxamento do EEI). ❖ Secundária: doença de Chagas é a principal causa; diabetes (neuropatia disautonômica), amiloidose e infiltração por tumor maligno são outros exemplos de causas ❖ Quadro clínico: disfagia, dor torácica, odinofagia, inapetência, dificuldade de eructação. ❖ Risco pouco aumentado para câncer (pequeno). ❖ Tratamento: miotomia (corte no EEI – faz com que ele relaxe e fique permanentemente aberto, tendo como consequência um refluxo gastroesofágico), dilatação pneumática com balão, botox. HÉRNIA DE HIATO ❖ Distúrbio mais comum do esôfago. ❖ Herniação de conteúdo abdominal (geralmente porção do estômago) através do diafragma para a cavidade torácica. ❖ Tipo I: ~95% dos casos ❖ Maioria assintomática; podem causar refluxo gastroesofágico, disfagia, regurgitação, pirose. ❖ Por deslizamento: a junção esôfago-gástrica sobe para o tórax. Herniação de cárdia. Mais comum. - Maior parte dos pacientes são assintomáticos. ❖ Paraesofágica: diafragma está mais aberta e tem herniação da porção do fundo do estômago. ❖ Sintomas: pirose, regurgitação (passa ácido gástrico para cima porque o EEI não está funcionando direito). ❖ Asma do refluxo: paciente só tem tosse, mas ao tratar o refluxo melhora e não melhora com o tratamento de asma. ❖ Tratamento: inibidor da bomba de prótons ajuda, mas não resolve. Só usa em pacientes que tem sintomas (usa por um tempo e para). Se o paciente tem sintomas muito refratários tem que operar. ESOFAGITE LACERAÇÕES ❖ Mallory-Weiss: longitudinas, próximas à junção gastroesofágica. ❖ Na endoscopia aparecem cortes longitudinais de acordo com as dobras do esôfago que são causadas por vômitos incoercíveis. ❖ Associadas a náuseas e vômitos graves secundários a intoxicação por álcool. ❖ Pode se estender até porção proximal do estômago. ❖ Quadro clínico: hematêmese, dor epigástrica. - Autolimitada, a não ser em pacientes que recorrem muito e não param de sangrar (bem mais raro). ❖ Tratamento não requer correção cirúrgica. ESOFAGITE INFECCIOSA ❖ Herpes simples (úlceras), CMV (as vezes faz úlceras e as vezes faz peseudomembranas sendo mais amareladas), cândida (pseudomembranas): germes mais comuns, geralmente pacientes imunossuprimidos. - CMV é menos comum. - Na prática é feito biópsia porque a diferenciação na endoscopia não é tão clara. ❖ Aparência endoscópica difere entre os agentes. ❖ Quadro clínico variável: odinofagia, hemorragia, estenose, perfuração. - Desnutrição, dificuldade de se alimentar. - Aspecto característico de candidíase. - Inclusões virais por herpes (núcleo cheio de partícula). - Macroscopia de herpes. 3 Aline David – ATM 2025/B - Núcleo engurgitado viral de CMV. ESOFAGITE DE REFLUXO ❖ Doença do refluxo gastroesofágico → DRGE. ❖ Refluxo de conteúdo ácido do estômago no esôfago inferior é a causa mais comum de esofagite. ❖ Causa mais comum de refluxo é relaxamento transitório do EEI, não funciona direito e não consegue segurar o conteúdo alimentar do estômago, fazendo com que ele volte para o esôfago (não é hérnia de hiato). - Pode haver aumento de pressão intra-abdominal associado (refeição copiosa, tosse, esforço abdominal → aumenta o refluxo). Ao deitar-se, com EEI incompetente, o alimento se espalha e volta para o esôfago (orientar não ingerir nada duas horas antes de deitar-se). - Álcool, tabaco, hérnia de hiato, gravidez, obesidade, uso de depressores do SNC, atraso no esvaziamento gástrico. ❖ Mais comum em > 40a, mas pode acontecer em bebês (ou por má formação ou por imaturação do TGI). ❖ Quadro clínico: azia, pirose, disfagia, regurgitação, dor epigástrica. ❖ DRGE crônica pode ter episódios de dor torácica aguda ❖ Macroscopia: hiperemia pode ser a única alteração; casos severos podem ulcerar. - Se tiver úlceras é biopsiado (quando se pensa em complicação, principalmente esôfago de Barret). ❖ Microscopia: na doença leve, mucosa pode ser normal; doença significativa possui grande quantidade de eosinófilos na mucosa escamosa, seguidos por neutrófilos (doença mais grave); hiperplasia de zona basal ❖ Complicações: ulceração, sangramento, estreitamento esofágico, esôfago de Barrett (metaplasia intestinal – não é normal ter ácido na mucosa do esôfago que começa a agredir a mucosa e aos pouquinhos ela vai tentando se adaptar a realidade ácida. O epitélio da mucosa esofágica fica muito parecido com o epitélio do duodeno que está acompanhado a receber conteúdo ácido). Não acontece em toda a circunferência do esôfago (começa em porções do esôfago distal). É considerada uma lesão pré maligna (epitélio pseudoestratificado para colunar que pode se diferenciar formando tumores malignos). ❖ Tratamento: inibidores de bomba de prótons (omeprazol) ou antagonistas do receptor da histamina H2 (mais antigos) melhoram sintomas por reduzirem acidez gástrica (aumentar o pH do conteúdo gástrico). Dá para apertar o EEI com uma costura para fechar mais ele. - Asteriscos indicam áreas de esôfago de Barret. - Epitélio mais glandular com núcleos mais redondos que não é normal do esôfago. - Epitélio mais estratificado com uma área de displasia (núcleos irregulares e ninhos celulares). ESÔFAGO DE BARRET ❖ Complicação da DRGE crônica: metaplasia intestinal dentro da mucosa escamosa esofágica. ❖ Estima-se que ocorra em ~10% dos pacientes com DRGE sintomática. ❖ Maiscomum em homens brancos, 40-60 anos. ❖ Confere alto risco de desenvolvimento de adenocarcinoma → lesão pré-maligna, antecede a maioria dos adenocarcinomas de esôfago (não é a maioria dos esôfagos de Barret que viram adenocarcinoma). ❖ Maioria dos indivíduos com esôfago de Barrett não desenvolverá tumores. - Não é todos os pacientes com esôfago de Barret que tem que ficar repetindo endoscopia. Varia com o médico e não é baseado em evidência fazer o rastreio. ❖ Quadro clínico: sintomas de DRGE ❖ Macroscopia: placas avermelhadas, aveludadas, ascendentes (a partir da JEG), alternando-se com mucosa 4 Aline David – ATM 2025/B escamosa lisa e pálida (esofágica) e se conectando a mucosa colunar marrom-clara (gástrica). ❖ Microscopia: substituição do epitélio esofágico escamoso por epitélio glandular, com células caliciformes (característico do epitélio intestinal). ❖ Diagnóstico: evidência endoscópica de epitélio glandular acima da JEG. - Biopsia e se tiver epitélio glandular acima da JEG confirma o dx. ❖ Se houver displasia celular associada (baixo ou alto grau), aumenta a chance de progressão para adenocarcinoma. - Mitoses atípicas, hipercromasia nuclear, cromatina irregular, não maturação de células epiteliais ascendentemente, formas irregulares de glândulas, aglomeração celular. ❖ Tratamento: acompanhamento endoscópico de displasia (embora não haja evidência de aumento em taxas de sobrevida). - Se houver evidência de invasão de lâmina própria (carcinoma invasivo), está indicada intervenção terapêutica (remoção – patologista avalia quanto deve ser retirado). - Bem vermelho Barret e algumas áreas brancas de epitélio normal. - Branco epitélio escamoso e rosinha epitélio glandular (Barret). - C – porção de epitélio normal escamoso com núcleos mais achatados e evolução ascendente que vai perdendo os núcleos aos poucos. Surge o epitélio glandular abruptamente com muitas células caliciformes. - Displasia com muitas células caliciformes, com núcleos diferenciados. - Tudo bagunçado indicando displasia. VARIZES ESOFÁGICAS ❖ Dilatação de vasos no esôfago. ❖ Principal causa: hipertensão portal em pacientes cirróticos. - Cirrose faz com que aumente a pressão portal e faz com que tenha aumento da pressão portal direto. - Paciente vomita, faz lacerações e vai ter muito sangramento (pode ser espontâneo - hematêmse). É um fator de descompensação dos pacientes, sendo uma emergência, precisa de endoscopia de urgência. ❖ Macroscopia: veias dilatadas no esôfago distal e estômago proximal; ruptura pode causar hemorragia na luz ou na parede esofágica. - Ruptura no passado pode ocasionar trombose ❖ Tratamento: entra com endoscópio e coloca um elástico (ligadura elástica). Feito nas varizes anais e nas varizes esofágicas. - Várias dilatações dos vasos no esôfago. 5 Aline David – ATM 2025/B - Veia bem dilatada característica de varizes esofágigas. TUMORES ESOFÁGICOS ❖ Principais (95%): adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas. - CEC é o mais comum no mundo (ainda); - Adenocarcinoma tem aumentado incidência, sendo hoje mais de 60% dos tumores esofágicos dos EUA. ❖ Mais comuns em homens, ambos têm cigarro como fator de risco. ❖ Fatores de risco diferentes, populações diferentes → distribuição geográfica diferente. ADENOCARCINOMA ❖ Grande maioria surge de lesão pré-maligna (esôfago de Barrett). ❖ Ocorre mais em esôfago distal → tumor de JEG (região onde tem esôfago de Barret que precede a maioria dos adenocarcinomas de esôfago). - No início são chamados de adenocarcinoma de junção esôfago-gástrico de estômago porque são mais comuns. Depois da biópsia prova o que é sendo importante para o tratamento. ❖ Mais comum em caucasianos. ❖ Obesidade e exposição à radiação são fatores de risco. ❖ Dieta rica em frutas frescas e vegetais parece ser fator protetor. - Infecção por determinados sorotipos de H.pylori também. ❖ Quadro clínico: disfagia, perda de peso, hematêmese, dor torácica, vômitos (não são sintomas específicos – geralmente já tem histórico de DGRE); quando sintomático, maioria já tem metástases linfonodais - Sobrevida < 25% em 5 anos; se limitado à mucosa ou submucosa (in situ), ~80% ❖ Macroscopia: placas planas ou elevadas, podendo desenvolver massas grandes (>5cm de diâmetro); podem infiltrar estruturas adjacentes ou ulcerar. - Geralmente é uma massa que cresce na luz do esôfago. ❖ Microscopia: geralmente adjacentes a esôfago de Barrett; formação de glândulas secretoras de mucina, com morfologia semelhante ao tipo intestinal; podem conter células em anel de sinete, infiltrantes, difusas (semelhantes ao câncer gástrico difuso). ❖ Como eles crescem na JEG quando vai dar sintomas, o tumor já avançou muito. Por isso alguns médicos preferem fazer endoscopia seriada em pacientes que possuem esôfago de Barret. Quando está restrito à mucosa e submucosa ainda tem tratamento curativo. - Células bagunçada com núcleos disformes e ilhas de produção de mucina. - Massa na JEG. CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS ❖ Mais prevalente em negros. ❖ Bastante associado a tabagismo e etilismo; acalasia, lesões esofágicas cáusticas, dietas deficientes em frutas e vegetais, radiação prévia (tumor de mama), infecção pelo HPV são outros fatores de risco. ❖ Localização predominante em terço médio do esôfago (vai dar sintomas um pouco mais precoce dos que os adenocarcinomas); inicia com lesão escamosa in situ (displasia escamosa). ❖ Quadro clínico insidioso: odinofagia, disfagia, obstrução parcial, perda de peso, hemorragia (deficiência de ferro); fístula traqueoesofágica. - Tumores sintomáticos geralmente já são muito grandes e já invadiram parede esofágica, com disseminação linfática. - Sobrevida 75% em 5 anos para tumores superficiais; em geral, < 20%. ❖ Macroscopia: placas pequenas, acinzentadas, de espessamento da mucosa, que evoluem para massas polipoides ou exofíticas que obstruem a luz esofágica; podem também surgir como lesões ulceradas ou infiltrativas difusamente, que causam espessamento e 6 Aline David – ATM 2025/B enrijecimento da parede, com estreitamento da luz; podem invadir estruturas adjacentes. ❖ Microscopia: ninhos de células malignas que imitam, parcialmente, a organização do epitélio escamoso - Aspecto característica de CEC. Terço médio do esôfago com enrugaçamento da mucosa causando enrijecimento que não estica mais. As vezes o endoscópio tranca que não consegue injetar ar para ar para baixo. - Ninhos celulares com células displásicas. - Pérolas córneas. QUESTÕES 1. Um homem de 30 anos de idade sofreu um evento súbito de hematêmese após consumir grande quantidade de álcool durante 1 semana. O sangramento parou, mas ele apresentou outro episódio sob circunstâncias semelhantes 1 mês depois. A endoscopia gastroesofágica superior mostrou lacerações longitudinais da junção gastroesofágica. Qual é o mecanismo mais provável de causar a hematêmese no paciente? a) Gânglio mioentérico ausente b) Infecção pelo vírus herpes simples c) Hipertensão portal d) Vômitos e) Crura diafragmática alargada 2. Uma mulher de 23 anos de idade, grávida pela primeira vez, deu à luz um menino. O exame de ultrassom antes do parto mostrou poli-hidrâmnios. Uma única artéria umbilical foi observada no momento do nascimento. Notou-se que o recém-nascido vomitava toda a alimentação e, em seguida, desenvolveu febre e dificuldade respiratória durante 2 dias. Uma radiografia mostrou os pulmões e o coração com tamanho normal, mas com presença de infiltrado pulmonar e nenhuma bolha no estômago (sem ar no estômago, não passa ar pelo TGI). Qual é o diagnóstico mais provável? a) Acalasia b) Hérnia diafragmática c) Atresia esofágica d) Hérnia hiatal e) Divertículofaringoesofágico (de Zenker) 3. Um homem de 70 anos de idade com longo histórico de alcoolismo crônico apresentava aumento da disfagia (dificuldade de deglutição) e relatou que emagrecera 6 kg nos últimos 2 meses. No exame físico, não houve achado digno de nota. A endoscopia gastrintestinal superior mostrou a presença de massa ulcerada no meio do esôfago e que ocluía parcialmente seu lúmen. A esofagectomia foi realizada; a aparência macroscópica da lesão é exibida na figura. Qual das seguintes é mais provável de ser observada no corte microscópico dessa massa? a) Células multinucleadas com inclusões intranucleares b) Carcinoma de células escamosas c) Cicatriz de colágeno denso d) Adenocarcinoma e) Canais vasculares trombosados ESTÔMAGO ANATOMIA/HISTOLOGIA - Parietal: produção do ácido clorídrico: - Principal: pepsinogênio e lipase. - Células G: produção de gastrina. - Proporção maior ou menor de células dependendo da região do estômago. 7 Aline David – ATM 2025/B - Na superfície tem as células produtoras de muco que são muito sensíveis ao muco. Logo, em cima o pH não pode ser tão ácido quanto lá embaixo. As células da superfície produzem um muco que é a grande barreira protetora do epitélio gástrico. - Praticamente não tem adventícia e a muscular é mais fina, o que propicia ainda mais chance de invasão local de estruturas por lesões malignas. GASTRITE AGUDA ❖ Gastrite: inflamação da mucosa gástrica. - Presença de neutrófilos → processo agudo. ❖ Perda de mecanismos protetores de mucosa gástrica. Principalmente perda de muco e outras coisas que fazem com que seja perdida a barreira da mucosa. - AINEs: inibem síntese de prostaglandinas (PGs) E2 e I2, dependentes da COX (1 e 2) → inibem os mecanismos protetoras da mucosa. - Estados de uremia (doentes renais crônicos, doença renal aguda – ureia muito alta → perda de barreira protetora do estômago), infecção pelo H. pylori secretor de urease (perda da barreira protetora do estômago). - Doentes críticos que estão sob estresse (UTI, grandes queimados), tem maior chance de perder a barreira protetora do estômago e desenvolver gastrite. - O muco é composto de bicarbonato. Por isso a uremia é importante. ❖ Quadro clínico: podem ser assintomáticos; dor epigástrica, azia, náuseas, vômitos; erosão de mucosa, ulceração, hemorragia leve com deficiência de ferro a maciça com hematêmese/melena. - Dx diferencial de lesão maligna feita pela biópsia. ❖ Microscopia: edema de lâmina própria e congestão vascular leve, hiperplasia de células foveolares. - Quando a gente começa a ter lesão e perda de muco, começa a expor as células da mucosa ao ácido e as enzimas pépticas, isso que irá fazer a lesão de mucosa da gastrite. Quando evolui e perde as células da mucosa, pode ocasionar uma ulceração. Se tirar os fatores de risco da gastrite aguda, o muco volta a ser produzido e a barreira é restaurada. GASTRITE CRÔNICA ❖ Causa mais comum: infecção pelo Helicobacter pylori (HP) → bactéria (bacilo) predominantemente da mucosa gástrica. Cepas diferentes predispõem graus diferentes de malignidade. - Em pacientes sem infecção, é a gastrite autoimune (deficiência de fator intrínseco, causa de deficiência de B12, ocasionando anemia megaloblástica). ❖ Quadro clínico: dor epigástrica, náuseas, vômitos, pirose. - Sintomas menos graves do que gastrite aguda, mas persistentes. Paciente não vai ter hematêmese, hemorragia e melena → é mais brando, mas mais prolongado. ❖ Infecção por HP é predominantemente antral. - Produção de ácido normal ou elevada, sem hipergastrinemia. - Se localizada, aumenta risco de desenvolvimento de úlcera duodenal. - Se progredir com envolvimento de corpo e fundo gástricos, desenvolve gastrite atrófica multifocal (se a infecção por H. pylori se estender para corpo e fundo), que pode evoluir para metaplasia intestinal e determina risco aumentado de adenocarcinoma gástrico. - Microscopia: presença de bacilo concentrado em região de muco (superfície mucosa). - Não melhora com inibidor da bomba de H+. - Bacilos próximas da região antral do estômago. Biopsia o antro e a 1ª/2ª porção duodenal. Hiperemia difusa, com uma pequena úlcera rasa que não tem características de malignidade. 8 Aline David – ATM 2025/B - Glândula gástrico com várias células caliciformes, com o pretinho dentro dos bacilos de H. pylori. - Não consegue identificar os bacilos na hematoxilina e eosina. Aparece mais metaplasia. Borda mucosa com muitos núcleos que são linfócitos intraepiteliais (marca específica dessa coloração que faz pensar em infecção por H. pylori). - Formação de glândulas semelhante ao esôfago com metaplasia intestinal. Bem embaixo tem um aglomerado de linfócitos que é semelhante a um centro germinativo, semelhante ao linfoma MALT (Ativa os linfócitos intraepiteliais, fazendo hiper proliferações, fazendo esse centro germinativo, podendo desenvolver o linfoma MALT). ❖ Gastrite autoimune ocorre mais em corpo do estômago, poupa o antro. - Perda de células parietais: acloridria (redução do ácido clorídrico e do fator intrínseco). - Hipergastrinemia (aumenta a gastrina), hiperplasia de células G produtoras de gastrina → por isso que acontece a lesão. - Associada a deficiência de fator intrínseco (anemia perniciosa). - Pacientes são diagnosticados somente após muito tempo de doença (2 a 3 décadas), anemia ocorre em poucos (como tem redução da produção de ácido, não vai ter muitos sintomas). - Além dos sintomas de gastrite, pode ocorrer manifestações por deficiência de vitamina B12 (glossite atrófica, anemia megaloblástica, neuropatia periférica) - Microscopia: atrofia difusa de mucosa oxíntica (produtora de ácido), infiltrado inflamatório com predomínio de linfócitos e macrófagos, em associação com agregados linfoides; pequenas elevações da superfície podem representar áreas de metaplasia intestinal, caracterizada pela presença de células caliciformes e células absortivas colunares - Bastante infiltrado inflamatório de neutrófilos, glândulas disformes. O infiltrado lesiona a mucosa e faz o aspecto de displasia. - Várias células caliciformes com metaplasia (irregulares e com núcleos estratificados). DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP) ❖ Ulceração crônica da mucosa duodenal ou gástrica (locais mais comuns). - Perda de barreira protetora do estômago e o conteúdo gástrico está mais ácido do que o normal e agride a mucosa duodenal. ❖ Associadas a infecção pelo HP, uso de AINEs ou tabagismo. 9 Aline David – ATM 2025/B ❖ Mais comum em região de antro/duodeno (proximal), associada a gastrite induzida pelo HP, com aumento de secreção ácida e redução de secreção de bicarbonato duodenal. - Duodeno proximal, parede anterior - Gástricas são mais comuns na pequena curvatura, entre corpo e antro. ❖ Úlceras de bordos planos com fundo limpo. Pelo aspecto endoscópico não consegue diferencial úlceras benignas e malignas. Úlceras rasas e fundo limpo fala mais a favor de úlceras pépticas; úlceras de bordo elevado e fundo sujo fala mais a favor de lesão maligna → na prática é melhor biopsiar. ❖ Únicas em mais de 80% dos pacientes (mais de uma tem que pensar em tumor). ❖ Quadro clínico: queimação epigástrica ou dor de forte intensidade (se romper dói mais ainda), geralmente após 1 a 3h das refeições (a presença de alimento aumenta a secreção gástrica), com piora à noite, alívio por álcalis ou alimentos; pode complicar com anemia ferropriva, hemorragia maciça (pode ser oculto nas fezes ou ser mais maciço dependendo do tamanho e do grau da ulceração), perfuração. ❖ Transformação maligna é rara (dx diferencial de tumor, mas não são pré-malignas). ❖ Macroscopia: defeito em “saca-bocado”, arredondado a oval, com margens niveladas com a mucosacircundante (na maioria das vezes), deposição de fibrina local, pode haver hemorragia, pode perfurar (emergência cirúrgica), base lisa e limpa. ❖ Microscopia: infiltrado de neutrófilos, com fina camada de restos fibrinoides acima e tecido de granulação com leucócitos abaixo, associado a cicatriz fibrosa. - Úlcera de fundo gástrico (rasa com fundo limpo e bordos bem contíguos com a mucosa adjacente). - Úlcera duodenal (haustrações do intestino). A seta aponta um vaso bem proeminente que recém sangrou. - Úlcera mais suspeita para malignidade (bordos mais elevados). - Ulceração com perda de epiderme e sangramento. NEOPLASIAS BENIGNAS ❖ Pólipos inflamatórios ou hiperplásicos → correspondem a 75% dos pólipos gástricos. Sem risco de malignização. - Associados à infecção pelo HP (inflamação crônica). - Maioria é < 1,0cm (sem risco de malignidade); pólipos > 1,5cm tem maios risco de displasia (risco de lesões malígnas), sendo indicada sua excisão. - Geralmente múltiplos, associados a gastrite atrófica. ❖ Adenoma → até 10% dos pólipos gástricos (risco de transformação maligna). - Mais comum em homens, entre 50-60 anos; incidência maior em indivíduos com pólipos e adenomatosa familiar (PAF) → doença em que o paciente tem produção de muitos pólipos adenomatosos no TGI, o local disparado é no cólon. O DX é pela presença de mais de 100 pólipos no cólon. Condição genética geralmente hereditária e esses 10 Aline David – ATM 2025/B pacientes podem fazer adenomas gástricos também. Tem que excisar. - Ocorrem em indivíduos com gastrite crônica, metaplasia intestinal. - Lesões >2,0cm tem alto risco de transformação maligna → excisar. - Geralmente lesões únicas, mais comuns em antro. - São lesões pré-malignas, com maior risco de transformação do que os intestinais. ADENOCARCINOMA DE ESTÔMAGO ❖ Corresponde a 90% das neoplasias malignas do estômago. ❖ Tipos intestinal e difuso (classificação de Lauren): massas volumosas ou infiltrantes de parede (células em anel de sinete), respectivamente. - Intestinal: massas volumosas/grandes que podem infiltrar. - Difuso: infiltração difusa (células em anel de sinete → não é patognomônico). ❖ Incidência maior em países como Japão (rastreamento endoscópico periódico a partir de uma certa idade – acredita-se que por fatores alimentares), Chile, Costa Rica →realiza-se rastreamento endoscópico. ❖ Quadro clínico: dispepsia, disfagia, náuseas; quando iniciam perda de peso, anorexia, sensação de plenitude gástrica, anemia, hemorragia, geralmente já são tumores avançados quando apresentam sintomas. ❖ É comum que já sejam metastáticos no momento do diagnóstico. - Nódulo de Virchow (linfonodo sentinela supraclavicular direita), nódulo de Sister Mary-Joseph (linfonodo periumbilical), nódulo de Irish (linfonodo axilar esquerdo – menos prevalente), tumor de Krukenberg (nódulo ovariano), massa de Blummer (fundo de saco de Douglas). ❖ Maioria envolve antro (onde encontra mais H. pylori), pequena curvatura (úlcera de pequena curvatura tem que pensar mais em neoplasia do que úlcera péptica). ❖ Fator prognóstico mais importante é profundidade de invasão tumoral e extensão de metástases no momento do diagnóstico. Ao invadir camada muscular provavelmente já tem metástase linfonodal e invasão de estruturas adjacentes. - É comum haver invasão de estruturas adjacentes ao diagnóstico: pâncreas, duodeno, retroperitônio. ❖ Na pequena curvatura, retira-se o estôma inteiro; quando é antro, retira-se apenas a porção; tem que ressecar as cadeias linfonodais dependendo do acometimento (Dependendo da quantidade de linfonodos ressecados é pior ou melhor o prognóstico). ❖ Se operável, sobrevida em 5 anos pode superar 90% de chance de ele não voltar. Os 10% são metástases microscópicas que não consegue identificar em exames. - Se avançado, reduz para 20%; taxa geral, nos EUA, é < 30%. ❖ Adenocarcinoma tipo intestinal: tendem a formar massas volumosas com estruturas glandulares. - Predomina em áreas de alto risco, associado a displasia plana e adenomas. - Mais comuns em homens, idade média 55 anos. - Macroscopia: forma massas exofíticas que podem ulcerar - Microscopia: possui células com vacúolos apicais de mucina, bastante presente na luz das glândulas - Úlcera que distorce a arquitetura do estômago, com borda elevada e aspecto de fundo sujo. - Úlcera com aspecto péptico. - Células com vacúolos de mucinas (vermelho). Glândula que perdeu o aspecto glandular característico (azul). ❖ Adenocarcinoma tipo difuso: tendem a invadir estruturas de maneira difusa (maneira mais plana). - Não existem lesões precursoras identificadas, incidência semelhante no mundo todo. - Macroscopia: linite plástica (estômago endurecido e todo ele com uma mucosa diferente) → pedra arredondada, pedra em calçamento (não está tão maleável pelo endoscópio). - Microscopia: células em anel de sinete com núcleo achatado na periferia devido a grande quantidade de mucina em seu interior, não tem padrão glandular - Linite plástica (aumento da espessura da parede, perde as dobras e fica muito endurecido). 11 Aline David – ATM 2025/B - Células em anel de sinete com o núcleo bem achatado, preenchidas por mucina. QUESTÕES 1. Um homem de 70 anos de idade tomou grande quantidades de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) devido a uma artrite degenerativa crônica do quadril e joelhos. Recentemente, ele apresentou dor epigástrica com náusea e vômito e um episódio de hematêmese. No exame físico, não havia achados dignos de nota. A amostra proveniente de biópsia gástrica mais provavelmente exibirá qual das seguintes lesões? a) Displasia epitelial b) Pólipos hiperplásicos c) Gastrite aguda d) Adenocarcinoma e) Infecção por Helicobacter pylory 2. Uma mulher de 69 anos de idade apresentou náusea intensa, vômitos e saciedade precoce, e emagreceu 9 kg nos últimos 4 meses. No exame físico, foi observada perda muscular leve. A endoscopia gastrintestinal superior mostrou que toda a mucosa gástrica estava erodida, eritematosa com aspecto de "pedra arredondada". A radiografia gastrintestinal superior evidenciou que o estômago estava pequeno e encolhido. Qual das seguintes opções é a mais provável de ser encontrada no exame histopatológico da amostra da biópsia gástrica? a) Carcinoma gástrico inicial b) Tumor do estroma gastrintestinal c) Inflamação granulomatosa d) Gastrite atrófica crônica (não faz o estômago ficar encolhido e endurecido). e) Adenocarcinoma de células em anel de sinete 3. Um homem de 52 anos de idade apresentou perda de 6 kg e náuseas nos últimos 6 meses. Ele não manifestava vômitos ou diarreia. No exame físico, não houve nenhum achado digno de nota. A endoscopia gastrintestinal superior evidenciou uma área irregular de 6 cm, mucosa do fundo gástrico pálida e perda das pregas rugosas. A amostra da biópsia mostrou infiltrado monomórfico de células linfoides. Os microrganismos Helicobacter pylori foram identificados no muco que reveste a mucosa adjacente. O paciente recebeu antibioticoterapia para H. pylori, e a biópsia foi repetida e apresentou resolução do infiltrado. Qual é o diagnóstico mais provável? a) Gastrite crônica b) Linfoma de células B difuso c) Doença de Crohn d) Tumor do tecido linfoide associado a mucosa e) Tumor do estroma gastrintestinal INTESTINO DELGADO + CÓLON ANATOMIA/HISTOLOGIA ❖ Muito importante na parte de nutrição do corpo humano. ❖ Por ser o maior componente do TGI, a maior parte das doenças estão localizadas nessa porção do TGI. - Intestino delgado, jejuno e íleo, principalmente tem a formação glandular em criptas, com as vilosidades que parecem dedinhos que vão conferir o aspecto microscópico também do intestino delgado. Importante para aabsorção de água e dos nutrientes do corpo humano → aumenta muito a superfície de contato para absorção do intestino. 12 Aline David – ATM 2025/B - O cólon já não tem tantas vilosidades. Tem a camada muscular mais pressão, pois suporta mais pressão, responsável pela formação do bolo fecal. É responsável pela expulsão do bolo fecal, logo, principalmente o colón sigmoide precisa ter uma camada muscular mais espessa. É caracterizado pelas haustrações (entrada que aumenta a superfície de contato, mas a principal função é a formação do bolo fecal). Local onde tem maior absorção de água. DIVERTÍCULO DE MECKEL ❖ Divertículo verdadeiro: todas as camadas da parede intestinal. - Semelhante ao aneurisma verdadeiro → contém todas as camadas da parede intestinal. ❖ Meckel: mais comum do tipo verdadeiro, acontece no íleo. - Conexão entre o íleo e o umbigo na fase intrauterino que não regride totalmente, ficando uma bolsinha para fora que não regrediu completamente. ❖ Anormalidade congênita. ❖ Mais sintomáticos até os 2 anos de idade e depois não mais. - Sintomas: dor abdominal, diarreia, constipação (depende do tamanho do divertículo e se há complicações ou não). ❖ Complicações: pode conter tecidos ectópicos na mucosa (pancreático, gástrico). - Perfuração do divertículo, dor, peritonite. DOENÇA CELÍACA ❖ Espru celíaco ou enteropatia sensível ao glúten. - Hiper inflamação por causa do glúten por meio da ativação de mecanismos autoimunes (reação exagerada inflamatória quando se alimenta de glúten). ❖ Enteropatia mediada pelo sistema imunológico, ativada por ingesta de alimentos contendo glúten (trigo, aveia, centeio, cevada) por indivíduos com predisposição genética. ❖ Incidência em aumento nos países em desenvolvimento. ❖ Patogenia: ativação direta de linfócitos T CD8+ (NK) intraepiteliais e de linfócitos T CD4+ e B, a partir de peptídeos de degradação do glúten (gliadina) → a gliadina é responsável por ativar os linfócitos, ativando a cadeia imunológica. - Componente de predisposição genética é fator determinante para o desenvolvimento da doença ou não. - Existe associação com outras doenças autoimunes: DM1, tireoidite, síndrome de Sjögren, nefropatia por IgA, entre outros. - Aumento de Linfócito intraepiteliais, aumento do número de mitoses, vilosidade perde epitélio e vai achatando. O glúten é degradado, libera gliadina, é absorvida pela parede do intestino, vai ativar resposta linfocitária. Os LT intraepiteliais são ativados de maneira direta, que vão liberar interleucinas por algum fator do paciente, fazendo com que as NK degradem o epitélio ali → perde epitélio → perde área de absorção (desnutrição, emagrecimento profuso, diarreia). ❖ Diagnóstico: é feito através de biópsias da segunda porção duodenal ou do jejuno proximal (EDA), com alterações características. - Testes sorológicos para detecção de autoanticorpos aumentaram sensibilidade diagnóstica: anti-tTG IgA, anti-endomísio IgA. - O padrão ouro continua sendo a biópsia: perda de vilosidades e aumento de linfócitos intraepiteliais. ❖ Quadro clínico: diarreia crônica por má absorção, distensão abdominal, fadiga crônica; dor abdominal; fadiga; anemia; sangramento oculto nas fezes; - Podem ser assintomáticos (doença silenciosa) ou ter sorologia positiva sem atrofia de vilosidades (doença latente – assintomático; descoberto por rastreio → pacientes com outras doenças autoimunes ou com história familiar). - Em adultos se apresenta normalmente entre 30 e 60 anos de idade, mais comum em mulheres. - Em crianças pode se manifestar com má absorção ou com sintomas atípicos que afetam outros órgãos (estomatite, dor articular); geralmente entre 6 e 24 meses → manifestações extra intestinais da doença celíaca. O Dx nas crianças não se faz antes dos 6 meses porque os bebês não devem ingerir glúten antes. - Dermatite herpetiforme pode estar presente em mais de 10% dos pacientes. - Indivíduos com maior risco de desenvolver câncer (tumores em geral), principalmente, – linfoma de células T (hiperativação imunológica), adenocarcinoma de ID (inflamação local crônica e recorrente). ❖ Macroscopia: perda de vilosidades (perda de superfície total absortiva) ❖ Microscopia: linfocitose intraepitelial (primeiro marcador, embora menos específico), hiperplasia de criptas, atrofia de vilosidades 13 Aline David – ATM 2025/B - Perda de vilosidades, as criptas ficam mais profundas. - Aumento de linfócitos intraepiteliais mais na base das criptas. - Doença de muito tempo, com o epitélio bem achatado. As criptas já não são mais tão longas perdendo a arquitetura. Bastante infiltrado inflamatório. Se parar com o glúten provavelmente não recupera. - Linfócitos intracelulares/intraepiteliais. ❖ Tratamento: com dieta sem glúten resolve sintomas e restaura histologia normal (ou quase) da mucosa em 6 a 24 meses. Se o paciente tem uma doença grave de muito tempo, pode ser que não recupere totalmente. DOENÇA DIVERTICULAR COLÔNICA ❖ Divertículos são as bolsinhas no TGI (desde o esôfago até o cólon). O local mais comum é o sigmoide, onde são pseudodivertículos (a camada muscular não acompanha a formação do divertículo). Ocorrem em locais de fraqueza do divertículo (na borda da tênia/borda antimesentérica). ❖ Bolsas externas adquiridas, pseudodiverticulares, da mucosa e submucosa colônicas. - Não são revestidas pelas 3 camadas da parede colônica. ❖ Quanto mais constipada a pessoa for, maior é a chance de adquirir divertículos. ❖ Raros em pessoas < 30 anos, ~50% em > 60 anos → grande maioria dos pacientes são assintomáticos. ❖ Divertículos geralmente são múltiplos –diverticulose. ❖ Muscular própria do cólon + pressão aumentada no sigmoide estão envolvidos na patogenia; mais comuns no sigmoide ❖ Quadro clínico: assintomáticos na maioria das vezes; em 20% dos casos pode haver dor abdominal em cólicas (QIE), constipação, distensão abdominal, tenesmo, alteração de hábito intestinal, sangramentos (pode fazer anemia ferropriva por sangramento oculto). - Podem obstruir → inflamação: diverticulite (dor abdominal importante, diarreia/constipação, febre, quadro mais traumáticos pode ter abcessos, peritonismos, abdome agudo em caso de perfuração). → Risco de perfuração, com formação de abscessos pericolônicos e peritonite. → Não tem correlação com comer sementes. O principal mecanismo de obstrução é fecálitos que impactam na saída e ocasionam inflamação. Como a parede é frágil estão mais predispostos a romper. ❖ Macroscopia: pequenas bolsas externas (em forma de cantil), ~0,5-1,0cm de diâmetro, distribuídas lateralmente à tênia do cólon; - Haustrações do cólon com as bolsinhas no meio da parede. Paciente com diverticulose moderada. 14 Aline David – ATM 2025/B ❖ Microscopia: parede fina composta por mucosa achatada, submucosa comprimida e muscular própria adelgaçada ou ausente (mais frequente) - Bolsinha com mucosa, submucosa que quase não acompanha e não tem nada de muscular → parede bem mais fina porque não tem camada muscular. - Epitélio, mucosa, muscular e no divertículo não tem camada muscular. DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL (DII) ❖ Doenças crônicas resultantes da ativação imunológica inapropriada da mucosa. ❖ Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU). - São doenças inflamatórias que ocasionam inflamação da parede do intestino. - DC: a inflamação pode acontecer em qualquer parte do TGI, da boca ao ânus, e não é uma lesão contínua (são salteadas). O local mais comum de acometimento é o íleo terminal e a porção inicial do ceco. - RCU: doença restrita ao cólon. Geralmente o reto está acometido, mas existe algumas apresentações em que o reto não está acometido, começa no sigmoide e vai subindo de forma contínua. Geralmenteé ascendente. ❖ Crohn: “da boca ao ânus”, pode fazer estenoses (pelo espessamento da parede, ocasionando obstrução intestinal), ulcerações profundas e fístulas. ❖ RCU: exclusiva do cólon, raramente cria estenoses (parede intestinal deralmente é mais delgado), úlceras superficiais (inflamação é mais de mucosa e submucosa, não passa da camada muscular, faz úlceras, mas não faz fístulas). ❖ Geralmente em adultos jovens/adolescentes, RCU é mais comum em mulheres. ❖ Mais comum em caucasianos, 3 a 5x mais comum entre judeus Ashkenazi, do leste europeu (fatores genéticos possivelmente envolvidos). ❖ Tratamento com agentes imunossupressores corrobora tese de defeitos na imunorregulação dos pacientes com DII. ❖ Patogenia ainda não é bem definida, acredita-se que haja alterações na interação entre hospedeiros e microbiota intestinal. Existem fatores imunológicos hiperativados. - Se acredita que a flora intestinal normal desses pacientes possa ser diferenciada, tendo bactérias diferentes na colonização normal da formação do bolo fecal e essas bactérias têm componentes que entram mais na mucosa e ativam mecanismos inflamatórios que ocasionam as lesões. A base patogênica na questão da flora intestinal, trouxe a ideia de fazer um transplante fecal na tentativa de trocar a microbiota intestinal do paciente por bactérias que não sejam tão ativadoras do sistema imunológico na tentativa de cessar a inflamação. 15 Aline David – ATM 2025/B DOENÇA DE CROHN ❖ Locais mais comumente atingidos na apresentação diagnóstica: íleo terminal, válvula ileocecal, ceco. ❖ Limitada ao Intestino Delgado em 40% dos casos, envolvimento de Intestino Delgado e cólon em 30%, demais somente envolvimento de cólon (desafio diagnóstico diferencial com RCU). ❖ Quadro clínico: diarreia invasiva (sanguinolenta) recorrente, febre (fatores inflamatórios muito alterados), dor abdominal, abscessos anorretais, úlceras no intestino delgado e cólon, aftas orais, fístulas de trajeto gastrointestinal (ligam intestino com intestino; intestino com ureter, rim, ovário → sai fezes por onde não deveria). - Episódios de diarreia, febre, dor abdominal, estabiliza e depois volta os episódios. Depois tem uma crise mais forte, que dura mais tempo com perda de peso e depois precisa de medicamentos para ter remissão dos sintomas. - Tabagismo pode ser fator precipitador de crises ❖ Macroscopia: áreas acometidas pela doença nitidamente delineadas, múltiplas, separadas, conferindo aspecto de lesões salteadas é característico da doença de Crohn; estreitamento de luz intestinal também é comum. - Lesão inicial com úlcera aftosa progride, lesões múltiplas podem coalescer e formar úlceras serpentiformes. - Parede intestinal perde textura normal, torna-se espessada com textura grosseira em pedra de calçamento (toda a parede é acometida, fica espessa e endurecida). - Fissuras podem se desenvolver em locais de dobra e se tornar fistulosos ou perfurar - Estenose: parede bem espessa e endurecida por causa do acometimento transmural. - Região de inflamação (mais escura) e região de mucosa normal. Bem delimitada. - Perfuração intestinal em uma área acometida por Crohn. ❖ Microscopia: edema e inflamação transmural (principal diferenciação para retocolite), fibrose submucosa, hipertrofia de muscular própria (estenose) - Neutrófilos abundantes infiltrando e lesionando o epitélio da cripta (abscessos de cripta). - Distorção da arquitetura da mucosa por regeneração e destruição repetidos das criptas - Granulomas não caseosos são encontrados em aproximadamente 35% dos casos, são característicos da DC → não tem granulomas não caseosos na RCU. → Podem aparecer na parede intestinal ou em linfonodos mesentéricos → Podem ocorrer na pele → Ausência de granulomas não exclui o diagnóstico - Infiltrado inflamatório bem importante com perda de arquitetura da mucosa. 16 Aline David – ATM 2025/B - Granulomas não caseosos → aspecto desorganizado tipo um granuloma, mas que dentro tem células e componentes inflamatórios. ❖ Pacientes podem desenvolver anemia por deficiência de ferro (doença colônica), sintomas de má absorção e perda de proteínas nas fezes, desnutrição (doença de ID). ❖ Estenoses podem causar obstruções que necessitem de ressecção cirúrgica. ❖ Fístulas podem envolver bexiga, vagina e pele (abdome, perianal). ❖ Perfurações e abscessos peritoneais são comuns. ❖ Manifestações extraintestinais: uveíte, poliartrite migratória, sacroileíte, espondilite anquilosante, eritema nodoso, baqueteamento digital → podem se desenvolver antes de a doença intestinal se manifestar. ❖ Risco aumentado de adenocarcinoma de cólon existe, em pacientes com doença colônica de longa data → principalmente relacionado com o tempo de inflamação do local (tempo de doença). RETOCOLITE ULCERATIVA ❖ Restrita ao cólon e reto (começa no reto e vai ascendente em direção ao cólon). ❖ Prognóstico depende da gravidade da doença ativa e de sua duração. Macroscopia: inicia no reto e se estende de maneira proximal e contínua pelo cólon, podendo envolver todo ele ou não (pancolite). Pode acometer valva ileocecal e porção terminal do íleo. - Pancolite (quando acomete todo o intestino grosso) grave pode fazer ileíte por refluxo, mas acometimento direto do ID pela doença não acontece. - Mucosa levemente avermelhada ou granular, pode conter úlceras de base larga. - Úlceras ao longo do eixo colônico, mas sem aspectos erpentiforme - Ilhas isoladas de mucosa normal formam protuberâncias no lúmen, conferindo aspecto de pseudopólipos → pontas podem se fundir, formando as pontes mucosas. - Doença crônica pode levar a atrofia de mucosa, sem dobras normais colônicas - Não ocorre espessamento transmural e nem estenoses (não tem inflamação transmural). - Retirada das lesões pode acabar com a doença. ❖ Microscopia: infiltrados inflamatórios, abscessos criptíticos, distorção arquitetural, metaplasia pseudopilórica. - Processo inflamatório difuso e limitado à mucosa e submucosa superficial (raramente invade muscular) - Não há formação de granulomas - Mucosa bastante ulcerada e hiperemiada, mas sem as úlceras profundas como tem no Crohn. - Paciente que tirou todo o cólon e que tinha pancolite. - RCU no cólon acometido, bastante ulcerado e contínuo. - Mini pólipos (reais) inflamatórios. - Pseudopólipos e pontes de mucosa. 17 Aline David – ATM 2025/B - Abcessos críticos, com bastante inflamação dentro das criptas. - Perda arquitetural como tem na doença de Crohn, sem formação de granulomas. As criptas ficam com um aspecto mais largo do que as criptas normais. - Mais em cima fica o infiltrado inflamatório e a inflamação. ❖ Distúrbio recorrente caracterizado por diarreia sanguinolenta, com conteúdo mucoide, dor abdominal inferior. ❖ Mais de 50% dos pacientes têm doença sintomática leve, com recaída pelo menos uma vez em 10 anos. - Mais de 30% necessitam de colectomia nos 3 primeiros anos, por sintomas incontroláveis →cura. ❖ Manifestações extraintestinais: poliartrite migratória, sacroileíte, espondilite anquilosante, uveíte, lesões de pele →também podem se desenvolver antes de a doença intestinal se manifestar e podem persistir mesmo após cura ❖ Associação entre neoplasias e DII: - Principal complicação tardia. - Risco de displasia está associado a tempo (>8 a 10a) e extensão da doença (pancolite), bem como a natureza da resposta inflamatória (frequência e gravidade). - Pacientes são inscritos em programas de vigilância após 8 anos do diagnóstico. → Necessitam de biópsias regulares e extensas da mucosa, para identificar epitélio displásico. Quando começa a apresentar displasias, te que pensar em fazer ressecção daquela parte do intestino. - Displasiapode se desenvolver em áreas de mucosa normal. - Presença de vários núcleos no epitélio, displásicos e de tamanho diferentes com aglomerados celulares superficiais. 18 Aline David – ATM 2025/B - Mucosa anormal com mais abaixo uma área de displasia de alto grau, indicativo de tumor. - Epitélio com displasia e muitas alterações. PÓLIPOS NÃO NEOPLÁSICOS ❖ São pólipos reativos: inflamatórios, hamartomatosos, hiperplásicos (não tem proliferação celular acentuada). ❖ Hiperplásicos (mais comuns): - Patogenia não é completamente compreendida - Diagnosticados entre 6ª e 7ª décadas de vida. - Benignos, sem potencial de malignização. - Diagnóstico diferencial com adenomas serrilhados sésseis (semelhantes histologicamente), que tem potencial maligno (por isso precisam ser retirados). - Mais comuns no cólon descendente. - Macroscopia: protrusões nodulares lisas de mucosa, < 5 mm de diâmetro, podem ser únicos ou múltiplos (mais comum). - Microscopia: células caliciformes e absortivas maduras, superfície serrilhada (bem diferenciadas por ser uma lesão benigna). - Pólipo hiperplásicos, menores do que 0,5 cm. Podem ser pedunculados ou sésseis (sem pedúnculos). - Aspecto bem definido. - Aspecto serrilhado da mucosa. Tem células caliciformes e células maduras. - Arquitetura que faz com que os pólipos adquiram o aspecto serrilhado. Bastante células caliciformes e bem maduras. PÓLIPOS NEOPLÁSICOS ❖ Adenoma (mais comum). ❖ É uma lesão pré-maligna, dependendo do grau de displasia que tem, tem mais ou menos chance de malignizar. ❖ Precursores da maioria dos adenocarcinomas colorretais, embora a maioria dos adenomas não progrida para câncer. - Toda vez que encontra adenoma, tem que tirar. ❖ Podem se apresentar como pequenos pólipos pedunculados até grandes lesões sésseis (lesões maiores). ❖ Presentes em até 30% dos adultos até 60 anos de idade – recomendado rastreamento para exérese de lesões (colonoscopia). - A partir dos 50 anos na população geral. - Pacientes com história familiar (10 anos antes da idade que o familiar de primeiro grau teve o diagnóstico de adenoma) ou risco aumentado para neoplasia (como DC ou RCU → fazer antes a colonoscopia, não esperar os 50 anos). - Depois que retira o adenoma que vai ser definido quando será feito a nova colonoscopia, dependendo da biópsia daquele adenoma. ❖ Tamanho é característica mais correlacionada com risco de desenvolver CA. - Raramente ocorrerá câncer em lesões < 1cm. - > 4 cm, 40% das lesões têm focos de câncer. ❖ Característica: displasia epitelial. 19 Aline David – ATM 2025/B ❖ Quadro clínico: maioria assintomática; podem causar anemia ferropriva (por sangramento intermitente microscópico). ❖ Macroscopia: 0,3 – 10 cm de diâmetro, aspecto aveludado ou “em framboesa”. - Pedículos são delgados, contendo vasos proeminentes. - Lesão séssil grande → adenoma viloso. - Pólipo com aspecto aveludado ou em framboesa. - Adenoma maior, com superfície aveludada. - Microscopia de um adenoma com pedículo e bastante hipercelular na porção mais cortical. Núcleos bem hipercromáticos e numerosos (displasia). ❖ Microscopia: displasia epitelial (hipercromasia e alongamento nuclear), nucléolos proeminentes, citoplasma eosinofílico, redução do número de células caliciformes ❖ Classificação em tubulares, vilosos ou túbulo vilosos - De acordo com arquitetura, pouca relevância clínica - Adenomas vilosos (mais associados a malignização). - Adenomas tubulares. - Núcleos bem alongados. - Adenoma de cólon, com aproximadamente 3cm. Não tem como dizer por aspecto macroscópico se é maligno ou não. ❖ Adenomas serrilhados sésseis são mais encontrados no cólon direito. Menos associado com malignização. Formados por defeitos genéticos da parede. - Se assemelham aos pólipos hiperplásicos (macroscopicamente – dx diferencial por microscopia). - Não possuem displasia, fazem crescimento lateral da cripta. 20 Aline David – ATM 2025/B - Criptas diferentes. Polipose adenomatosa familiar (PAF) ❖ Distúrbio autossômico dominante caracterizado pelo desenvolvimento de inúmeros adenomas colorretais, na adolescência. ❖ Mutação do gene APC (adenomatose polipose coli) –75% são hereditários. ❖ 100% dos pacientes que tem PAF vai desenvolver adenocarcinoima de cólon. Esses pacientes precisam fazer colectomia profilática. ❖ Parentes de 1º grau precisam fazer colonoscopia na hora, porque a chance de terem é bastante alta. ❖ Diagnóstico necessita de pelo menos 100 pólipos. ❖ Morfologicamente semelhantes aos adenomas esporádicos. - Um pólipo grande e um monte de pequenos pólipos lisos ao redor. - Aspecto parecido com os anteriores. Lisos, mas muitos pólipos aglomerados (mais de 100). ❖ 100% dos pacientes desenvolverão adenocarcinoma colorretal, comumente antes dos 30 anos. - Mesmo que não enxergue pólipos tem que fazer biópsia para ver se há pólipos microscópicos. ❖ Colectomia profilática é realizada em pacientes portadores do gene APC. ❖ Ainda podem desenvolver neoplasias em outros locais. - Pólipos microscópicos (parte mais roxa). ADENOCARCINOMA ❖ Malignidade mais comum do trato gastrointestinal: adenocarcinoma de cólon. - Principal causa de morbidade e mortalidade do mundo. A sobrevida não é tão ruim, mas tem consequências do tumor (morbidade – colostomia, dor crônica). - Intestino delgado é local incomum. - Tumores de reto/sigmóide têm clínica diferente e tratamento diferente. ❖ Incidência maior entre 60 e 70 anos ❖ Fatores dietéticos associados: baixa ingesta de fibras vegetais inabsorvíveis e alta ingestão de carboidratos refinados e gorduras + bebida alcoólica e cigarro. ❖ Lesões de cólon ascendente geralmente são polipoides, exofíticas (invadem a luz e sangram bastante). - Tendem a se manifestar com sangramento (muitas vezes oculto). ❖ Lesões de cólon descendente geralmente são circunferenciais. - Manifestam-se por estreitamento luminal e obstrução → manifestam-se por obstrução intestinal (mudança do padrão de hábito intestinal, podendo chegar à obstrução). Fezes em fita, ou 5 dias constipado e depois tem diarreia por transbordamento. ❖ Microscopia: células colunares altas, semelhantes ao epitélio displásico encontrado nos adenomas, com invasão e resposta desmoplásica estromal (conferindo consistência firme das lesões). - Alguns tumores podem produzir mucina abundante, que se acumula na parede intestinal –pior prognóstico (lesões mais invasivas). - Alguns tumores podem ser compostos por células em anel de sinete. 21 Aline David – ATM 2025/B - Tumor exofítico, mais comum em cólon ascendente. - Leão estenosante, com aspectos diferentes entre si. - Lesão ulcerada por um tumor circunferencial pegando toda a parede. - Lesão de cólon. A seta aponta a porção de necrose do tumor. Invade toda a porção da serosa. Os amarelinhos indicam áreas de gordura normal. - Núcleos bem hipercromáticos muito densos. Alguns deles tem nucléolo proeminente. - Epitélio intestinal com arquitetura glandular irregular. - Tumor produtor de mucina, com células em anel de sinete. ❖ Quadro clínico: geralmente insidioso, com longo período entre surgimento da lesão e diagnóstico. - Cólon direito: fadiga e fraqueza relacionados a anemia ferropriva - Cólon esquerdo: alterações de hábito intestinal, cólicas ou desconforto ❖ Fatores prognósticos: - Principais: profundidade da invasão (muscular própria) e presença de metástases linfáticas → a chance de invadir e fazer metástases é muito maior, além de presença de linfonodo acometido. - Produção de mucina - Grau de diferenciação histológica - Metástases à distância ❖ Taxa de sobrevida global em 5 anos é de 65% nos EUA. - Variação entre 40 e 90%, dependendodo estádio. ❖ Sítio mais comum de metástases é o fígado → drenagem portal da circulação colônica (quando a metástase no fígado é única e não tem outro lugar, ainda assim o tumor é considerado curável, diferente dos outros tumores). Tira o tumor primário, faz quimioterapia adjuvante e o paciente tem chance de cura, porque esses tumores não são tão agressivos quanto os demais. 22 Aline David – ATM 2025/B - Pulmões e ossos também são acometidos. - Reto é exceção: não possui drenagem portal, pode metastatizar para outros locais sem acometer fígado → desvia a circulação pulmonar (pode fazer implante pulmonar antes de fazer metástase hepática). - Metástase única pulmonar de fácil acesso. - Fígado todo acometido por várias lesões. Não é tratamento curativo. QUESTÕES 1. Uma mulher de 30 anos de idade visitou seu médico porque apresentava diarreias e fadiga e relatou que emagrecera 3 kg nos últimos 6 meses. No exame médico, ela estava febril e apresentava perda muscular leve, mas a força muscular estava normal. Estudos laboratoriais não evidenciaram sangue oculto, ovos ou parasitas nas fezes. A amostra da biópsia foi obtida da região superior do jejuno, e os achados microscópicos foram analisados. A paciente foi orientada a fazer uma dieta com restrição de produtos à base de grãos de centeio e trigo. Qual das seguintes características microscópicas mais provavelmente foi observada na amostra da biópsia? a) Obstrução linfática b) Granulomas não caseosos c) Vilosidades achatadas e planas d) Macrófagos espumosos na lâmina própria e) Abscessos da cripta 2. Um homem de 27 anos de idade apresentava cólica abdominal e diarreia de baixo volume por várias semanas. No exame físico, ele não estava febril; há sensibilidade abdominal inferior leve, mas sem presença de massa, e os sons intestinais estavam presentes. O resultado da amostra fecal foi positivo para sangue oculto. Os sintomas regrediram em 1 semana. Seis meses mais tarde, a dor abdominal retornou com dor perianal. No momento do exame físico, havia uma fístula perirretal. A colonoscopia revelou várias áreas de edema da mucosa e ulceração e algumas áreas que pareciam normais. O exame microscópico da amostra da biópsia da parte ulcerada evidenciava um infiltrado crônico e agudo em placa, abscessos das criptas e granulomas não caseosos. Qual das seguintes doenças subjacentes melhor explica tais achados? a) Doença de Crohn b) Amebíase c) Shigelose d) Sarcoidose e) Colite ulcerativa 3. Uma mulher de 53 anos de idade foi a seu médico para uma consulta de rotina. O único achado anormal foi a amostra fecal contendo sangue oculto. A colonoscopia revelou um pólipo solitário, arredondado e eritematoso, de 1,5 cm, pedunculado na flexura esplênica. O pólipo foi removido; a aparência histológica é exibida na figura em (A) menor e (B) maior aumento. Ao discutir tais achados com a paciente, qual das seguintes declarações é a mais apropriada ao médico? a) Você apresenta uma cópia defeituosa hereditária do gene APC b) Outros membros da família provavelmente devem apresentar pólipos do cólon c) Muito mais pólipos aparecerão nos próximos anos d) Existe uma alta probabilidade de que você desenvolva câncer endometrial e) Exames detalhados para detectar metástases dessa lesão não são justificáveis → só indicaria se fosse adenocarcinoma de cólon.
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