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1 Aline David – ATM 2025/B PATOLOGIA II – AULA 13 ANATOMIA/HISTOLOGIA ❖ - O normal do útero é ser antro-verso-fletido, contato com a bexiga e contato com o reto. - Colo uterino normal, rosadinho. A consistência do colo normal é como se tocasse o nariz. Gestação e alterações fisiológicas, além de doenças alteram a consistência. - Canal vaginal revestido por um epitélio escamoso. A porção do canal uterino externo também é epitélio escamoso. Quando passa pela JEC é um epitélio colunar produtor de muco, que é o epitélio interno. Bem ao redor da JEC é o local de maior de incidência de tumores de colo de útero por ser o local mais suscetível a infecção por HPV. - JEC. Seta aponta a transição. Esquerda epitélio escamoso estratificado não queratinizado e a direita epitélio glandular produtor de muco com células colunares. Abaixo há produção de muco. VULVA ❖ Leucoplasia: espessamento epitelial em placas brancas e opacas, que pode ocasionar descamação e prurido - Distúrbios benignos ou malignos. Toda vez que identifica leucoplasia na vulva é preciso biopsiar. DISTÚRBIOS EPITELIAIS NÃO NEOPLÁSICOS ❖ Líquen escleroso e hiperplasia de células escamosas são as principais causas de leucoplasia ❖ Líquen escleroso: placas ou máculas lisas que podem crescer e coalescer, superfície se assemelha a porcelana, lábios podem se tornar atróficos (dependendo do nível que chega do líquen). Fases iniciais são plaquinhas brancas e bastante pruriginosas. - Mais comum após a menopausa - Microscopia: adelgaçamento acentuado da epiderme (fininha), degeneração de células basais, hiperceratose, esclerose da derme superficial, infiltrado linfocitário em faixa na derme profunda. 2 Aline David – ATM 2025/B - Leucoplasia em geral. Aspecto esbranquiçado em toda a vulva ou apenas em porções. - Líquen bem avançado, com atrofia de grandes lábios. - Líquen: epitélio mais fino e uma camada de queratina lá em cima que não é normal. Na derme profunda tem infiltrado linfocitário. ❖ Hiperplasia de células escamosas: “líquen simples crônico”. - Condição resultante de arranhadura da pele por prurido. - Microscopia: espessamento da epiderme (acantose) e hiperceratose (em maior quantidade) → essa condição geralmente acontece por causa do prurido e da descamação. - Também é mais comum em mulheres pós-menopausa. Pode estar associado com outras doenças que ocasionam prurido. - Na macroscopia é muito parecido com líquen e neoplasia, na prática precisa biopsiar todas as lesões. LESÕES EXOFÍTICAS BENIGNAS ❖ Condiloma acuminado: verrugas genitais causadas por HPVs de baixo risco oncogênico (tipos 6 e 11, principalmente). - Frequentemente multifocais (visíveis ou não – toda vez que encontra um tem que procurar por outros), mas podem ser lesões isoladas. - Macroscopia: lesões verrucosas com aspecto em “couve-flor”. - Microscopia: epitélio escamoso espessado recobrindo eixo conjuntivo exofítico, papilar; epitélio superficial exibe coilocitose (aumento nuclear, hipercromasia e um halo citoplasmático perinuclear). - Não são lesões pré-malignas. - Coilocitose, atipia coilicítica → vacuolização ao redor do núcleo → sinal de infecção por HPV. A célula está cheia de HPV, na hematoxilina eosina não cora, por isso fica branco. 3 Aline David – ATM 2025/B LESÕES NEOPLÁSICAS ESCAMOSAS NEOPLASIA INTRAEPITELIAL VULAR E CARCINOMA DE VULVA ❖ Incomum, principalmente em mulheres >60 anos (pós- menopausa). ❖ CEC é o principal tipo histológico ❖ Desenvolvimento a partir de NIV (neoplasias intraepiteliais vulvares) –risco depende de tempo e extensão da lesão e estado imunológico da paciente ❖ Carcinoma basaloide (30%): relacionados ao HPV de alto risco (principalmente 16). - Formados na camada basal do epitélio. - Pacientes jovens. - Lesão precursora: NIV clássica (carcinoma in situ). - 10-30% das pacientes com NIV também possuem lesões vaginais ou cervicais. - Lesões de NIV podem regredir espontaneamente (porque geralmente são pacientes jovens e o sistema imunológico consegue combater a lesão). - Macroscopia: lesão branca hiperceratótica ou lesão elevada e pigmentada (NIV); carcinomas podem ser exofíticos, endurecidos, ulcerados, pode haver necrose central. - Microscopia: NIV apresenta espessamento da epiderme, , hiperceratose, atipias nucleares, aumento de mitoses e imaturação celular; carcinoma apresenta ninhos e cordões de células pequenas, agrupadas, imaturas (lembram camada basal). - Coiloicitose. - Ninho celular parecido com células da camada basal que vai acontecer dentro do tumor. ❖ Carcinoma de células escamosas queratinizantes (70%): - Não relacionados ao HPV - Mais frequente em pacientes idosas com história de líquen escleroso ou hiperplasia de células escamosas de longa data; pico de incidência aos 80 anos - Lesão precursora: NIV diferenciada (ou simples). - Microscopia: NIV diferenciada possui atipia acentuada da camada basal com diferenciação normal das outras camadas; carcinomas queratinizantes contém ninhos e línguas de epitélio escamoso com proeminentes pérolas córneas centrais - Atipia importante desde a camada basal, com núcleos irregulares e mais corados. Na camada córnea tem núcleos que não deveriam existir. Quando invade a camada basal é chamado de carcinoma epidermoide. - Ninhos córneos abaixo da camada basal → carcinoma epidermoide. VAGINA ❖ Dificilmente acometida por doenças primárias. ❖ Tumor maligno mais comum é a propagação do carcinoma de colo uterino. COLO DO ÚTERO CONCEITOS INICIAIS ❖ Anatomicamente corresponde a porção vaginal externa (ectocérvice) + canal endocervical. ❖ Ectocérvice é visível ao exame ginecológico, epitélio escamoso que converge centralmente em orifício externo, conectado ao canal endocervical pela junção escamo colunar (JEC). ❖ Endocérvice possui epitélio colunar secretor de muco. ❖ Posição da JEC pode mudar com idade e influência hormonal (gestação, ACO, DIU, idade) – à medida que sobe, epitélio colunar é substituído por escamoso (metaplasia escamosa). Essa região é bastante suscetível a infecção pelo HPV. ❖ Podem ocorrer doenças inflamatórias, pólipos. ❖ Células epiteliais metaplásicas imaturas da zona de transformação são mais suscetíveis à infecção pelo HPV. 4 Aline David – ATM 2025/B - Junção escamocolunar: é um epitélio escamoso que não está bem estratificado, que é o epitélio escamoso imaturo. Essas células basais escamosas são muito mais suscetíveis a serem infectadas pelo HPV. É nessa região que vai acontecer os tumores, NIC e demais alterações. CÂNCER DE COLO UTERINO ❖ 3ª causa de câncer ginecológico, 3ª causa de morte por câncer em mulheres nos EUA. - Devido a rastreamento eficaz, possui menores taxas de incidência e mortalidade do que neoplasias de corpo uterino e ovários. ❖ No mundo, é a 4ª causa mais comum de câncer em mulheres; 84% ocorrem em regiões mais pobres, sendo nestes a 2ª causa mais comum de câncer e a terceira causa mais comum de morte por câncer. ❖ Tumor que melhor demonstra efeitos práticos de triagem, diagnóstico precoce e tratamento definitivo –há 50 anos, era a principal causa de morte por câncer entre mulheres nos EUA. ❖ > 99% são relacionados ao HPV de alto risco. - Tipo 16 é responsável por ~60% dos casos; tipo 18 ~10% (são os cobertos pelas vacinas). Imunidade contra um tipo de HPV não confere imunidade contra outros tipos de HPV. - Vírus de DNA com capacidade de infectar células basais imaturas do epitélio escamoso ou células metaplásicas imaturas na JEC. Chegam na camada basal por atrito ou por exposição por metaplasia escamosa. • Necessária ruptura do epitélio superficial em outras regiões que não o colo uterino. - Infecções pelo HPV são comuns, maioria assintomática e não causa alterações teciduais –transitórias, eliminadas por resposta imune em meses; caso persista, aumenta orisco de desenvolvimento de lesões precursoras e carcinomas. - Indicação de NIC I é acompanhar e não de remover a lesão → evitar iatrogenia em lesões que se resolveriam espontaneamente. - Vírus entra no núcleo celular. HPV não oncogênico vai conviver com o DNA do hospedeiro e fazer proliferação celular benigno (condiloma). O HPV oncogênico, entra no núcleo e interfere o ciclo celular, fazendo produção desenfreada de células com DNA diferente, formando um tumor maligno que invade. NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL (LESÕES INTRAEPITELIAIS ESCAMOSAS) ❖ Neoplasia intraepitelial cervical (NIC) I, II e III –displasia leve, moderada ou grave; termo histológico. Invadem apenas a epiderme, não acometem a derme. - Clinicamente NIC II e NIC III tem a mesma conduta. Na patologia, NIC II e III são diferentes. ❖ Lesão intraepitelial escamosa (LIE ou SIL) – baixo ou alto grau; termo citológico. - LIE de baixo grau – somente 10 a 15% evolui para LIE de alto grau; 60% regridem. - LIE de alto grau – podem virar tumores, somente 10% evolui para câncer; 30% regridem. NIC II e NIC III tem que intervir (precisa tirar a lesão e ver se não tem carcinoma in situ e para que não progrida). - Termos mais usados na clínica ❖ Diagnóstico de LIE se baseia na microscopia: atipias nucleares (hipercromasia, aumento nuclear, presença de grânulos grosseiros de cromatina, variação de tamanho e formas nucleares), presença de vacúolos perinucleares (atipias coilocitóticas). - Baixo grau (NIC I): células imaturas basais com atipias em até 1/3 inferior do epitélio. - Alto grau (NIC II e III): células imaturas basais com atipias ultrapassando 1/3 inferior do epitélio. - NIC I: camada basal disforme e aumentada, com núcleos mais alongados, achatados e mais roxos. Em até 1/3 de toda a espessura do epitélio. - NIC II: ultrapassa 1/3 com células atípicas. Ultrapassa o terço inferior, mas não chega até o topo. - NIC III: toda a espessura do epitélio acometida. - Como o HPV acomete as células basais, o crescimento da lesão é de baixo para cima. - Coiloicitose, núcleos cheios de grânulos, bem hipercromáticos. - A última imagem indica coloração com B16, corou tudo porque está repleto de HPV. ALTERAÇÕES GLANDULARES ❖ AGUS ou AGC – células glandulares atípicas de significado indeterminado. - Significado patológico indeterminado, muitas vezes não oncogênico (não necessariamente significa tumor, pode ocorrer em outras doenças). 5 Aline David – ATM 2025/B ❖ AGC-favor neoplastic – “com potencial oncogênico” → pode ser que seja tumor, melhor biopsiar e daí se faz colposcopia. CARCINOMA CERVICAL ❖ Idade média ao diagnóstico é 45 anos. ❖ CEC é o mais comum (80%); adenocarcinoma é segundo (15%). Os outros 5% são de tumores neuroectodérmicos e outros tumores menos comuns. ❖ Macroscopia: massa vegetante exofítica (diferente do condiloma) ou infiltrativa. ❖ Microscopia: CEC possui ninhos celulares e projeções de epitélio escamoso maligno queratinizado ou não, alterações de atipia que invadem o estroma subjacente. - Adenocarcinomas possuem proliferação de epitélio glandular composto por células endocervicais malignas com núcleos grandes, hipercromáticos, e citoplasma com redução de mucina (mais escuro). ❖ Principal invasão é local, envolvendo tecidos paracervicais, bexiga, ureteres, reto, vagina –invasão linfática também ocorre, local e à distância. - Metástases hematogênicas: fígado, pulmões, medula óssea. - Importante toque vaginal para ver se tem tecido endurecido, porque é o primeiro local que se espalha é o paramétrio. - Colo do útero com região da JEC acometida. Lesão escamosa (por fora) mas que pega a porção interna também. - Pega porção glandular de endocérvice e porção escamosa de ectocérvice. - Roxinho de cima com atipia: núcleos roxos bem escuros com formato diferente. Está em tudo. Depois que está em tudo, começa a invadir a derme, sendo um carcinoma invasor (invade derme subjacente). - Se for tumor de células glandulares faz glândulas disformes e atípicas. Queratinização. - Carcinoma glandular com glândulas atípicas (adenocarcinoma). - Glândulas bem disformes, com revestimento em várias camadas e núcleos atípicos (adenocarcinoma). ❖ Maioria acomete pacientes que não realizam rastreio. ❖ Iniciais podem ser tratados localmente (conização). 6 Aline David – ATM 2025/B ❖ Maioria necessita de histerectomia radical, quimioterapia, radioterapia. ❖ Prognóstico depende do estádio ao diagnóstico e tipo histológico (adenocarcinoma e neuroendócrinos tem pior prognóstico). - Em 5 anos, 100% para tumores microinvasores → sem invasão de paramétrio e linfonodal. Tumores; e 50% para os que se estendem além da pelve. - Invasão de órgãos adjascentes. Pode fazer fístulas e endurecimento dos paramétrios. RASTREAMENTO E PREVENÇÃO ❖ Lesões precursoras descamam células anormais. ❖ Espátula + escova em exame especular raspam a zona de transformação de maneira circunferencial –colocadas em lâmina por esfregaço e fixadas. ❖ Pegar amostra da ectocérce e da endocérvice e mandar para o patologista. A → normal. B → célula multinucleada, com núcleo disforme e bem aumentados em relação ao citoplasma. C → núcleo grande, cromatina descondensada, células de tamanhos diferentes. D → algumas figuras mitóticas com núcleo se dividindo. Isso é o que a gente enxerga no CP que é sugestivo de alteração. A partir disso será feito colposcopia. RECOMENDAÇÕES DE RASTREAMENTO: ❖ EUA: a partir dos 21 anos, independentemente do início da atividade sexual, a cada 3 anos. - Abaixo dos 21 anos o rastreamento trás mais malefícios do que benefícios, porque provavelmente essas lesões não progrediriam e não virariam câncer. ❖ Brasil: a partir dos 25 anos (mulheres que já iniciaram vida sexual), anualmente; pode ser espaçado para cada 3 anos, caso tenha 2 testes negativos consecutivos. ❖ Realização após os 65 anos deve ser individualizada. - Muito controverso se rastreia ou não. Mulheres que nunca fizeram exame de colo do útero e que foram sexualmente ativas, é recomendado fazer 2 anos consecutivos. - Mulheres que já fizeram e tem vida sexual ativa, após os 65 anos não precisa fazer. - Mulheres que já tiveram NIC é bom fazer. ❖ Vacinação também entra na prevenção: jovens entre 11 e 26 anos. - Apesar de câncer de pênis ser menos comum, homens também devem ser vacinados. - Protegem contra os principais subtipos de risco oncogênico: HPV-16 e HPV-18 CORPO DO ÚTERO E ENDOMÉTRIO ENDOMETRIOSE ❖ Presença de tecido endometrial ectópico em local fora do útero. ❖ Pode conter tecido estromal endometrial ou tecido estromal + glandular. ❖ Locais mais acometidos: ovários, ligamentos uterinos, septo retovaginal, fundo de saco, peritônio pélvico, intestinos grosso e delgado, mucosa do colo uterino, vagina e tubas uterinas. ❖ Clínica frequentemente significativa, causando infertilidade, dismenorreia, dor pélvica, dispareunia. - Dor decorrente de sangramento intrapélvico e aderências (quando sangra esse tecido cicatriza depois que pode ocasionar aderências → fibrose com outros tecidos e daí doer também). - Dor e sangramento em uma região que não era para acontecer. ❖ Mais frequente entre 30 e 40 anos (prevalência de 6 a 10%). 7 Aline David – ATM 2025/B ❖ Patogenia não muito bem esclarecida, diversas teorias - Foco de tecido endometrial fora de localização. - Glândulas que tem muco dentro → foco de endometriose. Causa sangramento dentro das glândulas, descama o epitélio, todas as alterações do ciclo normal da mulher. ❖ Lesões sangram periodicamente em resposta à estimulação hormonal –em doenças extensas, ocasiona fibrose entre tubas, ovários, útero; pode obliterar fundo de saco de Douglas (condição um pouco mais grave). ❖ Ovário podem ser distorcidos por grandes massas císticas (3 a 5cm de diâmetro) preenchidas por líquido marrom (hemorragia prévia)– cistos de chocolate ou endometriomas → geralmente são ruins e pode espalhar a endometriose. São lesões que precisam de acompanhamento. ❖ Não são lesões neoplásicas, mas podem romper, sangrar e torcer o ovário se forem muito grandes. ADENOMIOSE ❖ Presença de tecido endometrial no miométrio (foco de endométrio). ❖ Clínica semelhante à da endometriose. - Tecido avermelhado, glandular no miométrio, onde era para ter apenas músculo. PÓLIPOS ENDOMETRIAIS ❖ Lesões exofíticas de tamanho variável no interior da cavidade endometrial. ❖ Não são consideradas pré-malignas, mas podem virar tumores, apesar de ser raro. ❖ Podem ser únicos ou múltiplos, geralmente são sésseis, tamanho entre 0,5-3cm; eventualmente são grandes e pediculados. ❖ Podem ser assintomáticos ou podem ser causa de sangramento uterino anormal → sangramento fora do ciclo menstrual que vem de dentro do útero (estão entre as principais causas). - Paciente com sangramento uterino anormal precisa descartar que ela tenha câncer de endométrio. LEIOMIOMAS ❖ Podem ser outra causa de sangramento anormal. ❖ Neoplasias benignas de músculo liso muito comuns, miometriais na maioria das vezes. - Não invadem tecidos adjacentes, não tem capacidade de infiltração, não tem atipias. - Mais raramente podem ser encontrados nos ligamentos uterinos, segmento uterino inferior, colo uterino (maioria deles é de miométrio mesmo). ❖ Podem ocorrer isoladamente, mas frequentemente são múltiplas. ❖ Podem ser assintomáticos; pode ocorrer sangramento uterino anormal, dor, problemas de fertilidade ❖ Macroscopia: circunscritos, nítidos, arredondados, firmes, branco-acinzentados, variação grande de tamanho (pode ocupar toda pelve). - Dentro do miométrio (intramurais), logo abaixo do miométrio (submucosos) ou abaixo da serosa (subserosos). - Os submucosos podem ser pedunculados, sendo mais comum terem sangramento uterino anormal por conta deles. - Nem sempre precisa fazer cirurgia para retirada de miomas. Só vai fazer cirurgia se a mulher tenha muito sintomas por conta deles (muito sangramento, muita dor). Raramente precisa fazer histerectomia, geralmente só retira o mioma isolado, a não ser que o útero esteja tomado de miomas. 8 Aline David – ATM 2025/B ❖ Microscopia: padrão turbilhonado dos feixes de músculo liso. - Pode ter atipia no meio do mioma, mas isso não quer dizer que ele irá malignizar. - Leiomiomas. ❖ Células musculares com tamanho e forma homogêneos, núcleo oval, processos citoplasmáticos bipolares longos e finos; figuras mitóticas escassas ❖ Podem ocorrer variantes com atipias nucleares, mas índice mitótico é baixo HIPERPLASIA ENDOMETRIAL ❖ Importante causa de sangramento uterino anormal. ❖ Lesão precursora frequente de carcinomas endometriais. ❖ Aumento de proliferação das glândulas em relação ao estroma endometrial. ❖ Associada à estimulação estrogênica prolongada do endométrio → mulher que tem maior tempo de exposição de estrogênio ao longo da vida (menarca mais cedo e menopausa mais tardia; mulheres obesas; reposição hormonal sem antagonização progestogênica). ❖ Fatores associados: obesidade (aumento de conversão periférica de androgênios), menopausa, SOP, tumores de células das granulosas funcionais do ovário, função cortical ovariana excessiva, administração prolongada de substâncias estrogênicas. ❖ Prática: senhorinha na menopausa que não deveria mais ter sangramento e que vem no consultório com queixa de sangramento uterino. Fazer exame especular, toque vaginal para ver o tamanho de colo de útero, que pode estar aumentado de tamanho ou não, fazer CP e eco transvaginal, no qual será identificado aumento da espessura do endométrio. ❖ Toda vez que identifica mulher com sangramento uterino anormal e espessamento do endométrio, tem que fazer biópsia porque pode ser hiperplasia endometrial ou até mesmo já ser câncer de endométrio. ❖ Típica: aumento da relação glândula-estroma. - Glândulas com variação em tamanho e forma, podem estar dilatadas. Não vai ter atipias. - Persiste certa quantidade de estroma. - Resultam de estimulação estrogênica, pode atrofiar quando é retirada. - Raramente evoluem para adenocarcinoma (1-3%). - Conduta: retirar exposição à estrogênios. ❖ Atípica (neoplasia intraepitelial endometrial):padrões complexos de proliferação glandular, com atipias nucleares. Lesão pré-maligna. - Glândulas geralmente justapostas, com contornos complexos, ramificantes. - Características se sobrepõem às do adenocarcinoma endometrioide. - Geralmente procede-se à histerectomia – 23-48% das pacientes apresentam carcinoma em análise pós- cirúrgica. - Hiperplasia típica, com glândulas bonitinhas, com bastante glândula em relação ao estroma. - Hiperplasia atípica. Glândulas disformes, irregulares, com núcleos mais roxos e com perda de arquitetura. - Atípica com hiperplasia mitótica. 9 Aline David – ATM 2025/B - Hiperplasia atípica → tem quase as mesmas características de carcinoma endometrial. CARCINOMA ENDOMETRIAL ❖ Tumor maligno mais comum do trato genital feminino. ❖ Incomum antes dos 40 anos de idade. ❖ Pode permanecer assintomático inicialmente, mas é causa importante de sangramento uterino anormal (principalmente após a menopausa). ❖ Fatores de risco: histórico de exposição a estrogênio de longa data. ❖ Prognóstico depende do estádio clínico ao diagnóstico, grau e tipo histológico - Endometrioide estádio I (mais comum): cirurgia com ou sem radioterapia determina sobrevida de 90% em 5 anos. - Seroso: em geral possui sobrevida em torno de 18-27% em 5 anos. TIPO I (ENDOMETRIOIDE) ❖ Mais comum (80%), mulheres entre 55-60 anos, indolente (progride muito lentamente e geralmente não metastatiza. Invade aos poucos a camada do útero, começa a sangrar e logo é diagnosticado). ❖ Maioria bem diferenciada, imita glândulas endometriais proliferativas. ❖ Surgem em pacientes com hiperplasia endometrial – fatores de risco: obesidade, DM, hipertensão, infertilidade, estimulação estrogênica. ❖ Macroscopia: pólipo localizado ou tumor infiltrante difuso. ❖ Microscopia: padrão de crescimento glandular que lembra epitélio normal; 3 graus de diferenciação (de acordo com composição sólida presente). ❖ Disseminação ocorre por invasão miometrial e extensão direta a estruturas adjacentes posteriormente; pode disseminar para linfonodos e, em estádios mais avançados, pulmões, fígado, ossos - Macroscopia de um tumor de endométrio, praticamente toda a cavidade uterina está sendo acometida pelo tumor. - Glândulas atípicas com quase nada de estroma. - Atipias nucleares, perde toda a arquitetura de um endométrio normal. TIPO II (SEROSO) ❖ Menos comum, mulheres entre 65-75 anos, mais agressivo. ❖ Geralmente surge no contexto de atrofia endometrial. ❖ Pouco diferenciados (bem mais anaplásicos, por isso são mais agressivos). ❖ Lesão precursora: carcinoma intraepitelial endometrial seroso. ❖ Macroscopia: tumores grandes e volumosos em úteros atróficos, podem invadir profundamente o miométrio. ❖ Microscopia: padrão de crescimento papilar composto por células com atipias acentuadas, elevada proporção núcleo-citoplasma, hipercromasia, nucléolos proeminentes, figuras mitóticas atípicas. - Podem apresentar crescimento glandular, sendo diferenciado do tipo I por presença de atipias. ❖ Pode se disseminar por outras vias além da invasão direta, aparecendo com doença peritoneal extensa. - Padrão de crescimento que forma papilas e não tem glândulas. 10 Aline David – ATM 2025/B LEIOMIOSSARCOMAS ❖ Neoplasias malignas raras, surgem a partir do miométrio; raramente são leiomiomas que se transformam. ❖ Semelhantes aos leiomiomas, mas são lesões malígnas. ❖ Podem ocorrer antes ou após a menopausa; pico de incidência entre 40-60 anos (não tem muita relação com padrão hormonal). ❖ Tendem a recorrerapós a cirurgia e a disseminar a distância → bem agressivos. ❖ Taxa de sobrevida geral em 5 anos ~40%; lesões anaplásicas 10-15%. ❖ Macroscopia: massas volumosas que invadem a parede uterina ou massas polipoides que se projetam para a luz da cavidade uterina ❖ Microscopia: grande variedade de atipias celulares, alto índice mitótico, pode haver necrose - Leiomiossarcoma bem grande com área de ponto de necrose e sangramento. - Bastante atipias com figuras mitóticas. OVÁRIOS CONCEITOS INICIAIS ❖ Lesões mais comuns são cistos benignos ou funcionais e tumores. ❖ Lesões neoplásicas podem ser agrupadas a partir do tipo de células de origem (3 principais): epitélio mülleriano, células germinativas, células estromais dos cordões sexuais. ❖ Inflamações primárias (ooforites – inflamações do ovário) são incomuns. CISTOS FUNCIONAIS ❖ Foliculares são muito comuns. - Folículos graafianos não rompidos ou que se fecharam novamente. - Macroscopia: geralmente múltiplos, preenchidos por líquido seroso claro, uniloculados, paredes finas - Podem causar dor pélvica, geralmente resolvem espontaneamente ❖ Hemorrágicos: - Cistos foliculares que sangram. - Deixa curar sozinho. Se for muito grande tem risco de torcer o ovário, daí sim vai precisar de algum procedimento. ❖ Corpo lúteo: - Presentes nos ovários normais de mulheres em idade reprodutiva. - Podem sangrar, eventualmente podem romper. - Na maioria é assintomático (só o corpo lúteo que ainda não foi eliminado). - Cisto folicular. 11 Aline David – ATM 2025/B - Cisto hemorrágico que foi aberto e sangrou. - Cisto de corpo lúteo, normalmente na parte externa do ovário. TUMORES OVARIANOS - Ovário é local de metástase. O mais comum é ser neoplasia primária de ovário, mas precisa abrir o olho porque pode ser metástese. Tumor de Krukemberg (tumor de TGI que dá metástase no ovário) e tumor de mixoma (tumor de apêndice com conteúdo gelatinoso que pode fazer nódulo no ovário). - Encontrou uma lesão no ovário, a maior probabilidade é de que ela seja benigna na maioria das vezes. ❖ Fatores de risco: história familiar (mais importante, pode ser hereditário ou não), mulheres >50 anos nuligestas e que não usaram anticoncepcionais orais (exposição estrogênica prolongada sem antagonização progestagênica), menarca precoce e menopausa tardia. ❖ Clínica geralmente tardia, leva a dor e aumento de volume abdominal; podem ocorrer sintomas gastrointestinais e urinários. - Tumor geralmente diagnosticado em estágios mais avançados por ter a clínica silenciosa na maior parte do tempo. - Tumores malignos podem causar fraqueza, caquexia, perda de peso, ascite. ❖ Tumores malignos podem se disseminar via peritoneal (carcinomatose peritoneal – grande responsável pela ascite desses pacientes), linfonodos regionais e à distância (fígado, pulmões, trato gastrointestinal). - Maioria das pacientes se apresenta em estádio avançado ao diagnóstico. - Sobrevida em 5 anos é ruim – estádio I 89%; estádio IV 20%. TUMORES EPITELIAIS ❖ Geralmente são lesões mais periféricas e mais comuns. ❖ Correspondem a 65% de todas as neoplasias ovarianas. ❖ Derivados do epitélio mülleriano. ❖ 3 tipos histológicos principais: serosos, mucinosos, endometrioides. TUMORES SEROSOS ❖ 70% são benignos (cistadenomas serosos) ou borderline (intermediário – eventualmente pode ser pré-malígno), 30% são malignos (cistadenacarcinoma serosos). ❖ Tumores malignos mais comuns dos ovários (40%). ❖ Macroscopia: lesão multicística contendo epitélio papilar no interior, paredes fibrosas; pode ser massa exofítica na superfície ovariana; comum bilateralidade. - Benignos se apresentam com parede lisa e brilhante, ou com pequenas projeções papilares; borderline possui mais papilas. - Malignos possuem áreas tumorais sólidas, projeções papilares maiores, irregularidade na superfície, cápsula fixa ou nodular. 12 Aline David – ATM 2025/B - Cistadenomaseroso: capa lisa fibrosa, com lobulações septais. - Tumor borderline com mais papilas (bolinhas ao redor). - Cistadenocarcinoma seroso com várias papilas e capa fibrosa bem mais espessa. Histologicamente é que vai ser feito o diagnóstico, mas é mais grosseiro com capa fibrosa mais endurecida. - Tumor polipoide borderline, bem papilar e bem mais irregular. ❖ Microscopia: cistos revestidos por epitélio colunar que possui cílios abundantes nos tumores benignos; papilas microscópicas, mais frequentes em tumores borderline e malignos (mais complexas); corpos psamomatosos com calcificações. - Tumores malignos apresentam atipia nuclear acentuada com figuras mitóticas atípicas, multinucleação, pleomorfismo. - Carcinomas de alto grau, podem ser tão indiferenciados (anaplásicos) a ponto de não serem reconhecíveis como serosos, mas a grande maioria é tratada como seroso porque são mais prevalentes. ❖ Comportamento depende se lesões são de baixo ou alto grau e da distribuição e características da doença peritoneal, quando presente. - Revestimento de cisto com uma camada só de células uniformes e bem regulares. - Mais papilas macroscópicas, sendo um cistadenoma seroso. - Tumor borderline com mais papilas formadas no epitélio. Não tem muita atipia nuclear. - Muita papila e muita atipia nuclear, adenocarcinoma. - Adenocarcinoma com papilas mais grosseiras e núcleos mais roxos com atipia nuclear, nucléolo. TUMORES MUCINOSOS ❖ 20-25% de todas as neoplasias ovarianas. ❖ Maioria benigno ou borderline; carcinomas são raros (<3%). ❖ Macroscopia: raramente envolvem superfície ovariana, apenas 5% dos cistadenomas e carcinomas mucinosos são bilaterais; geralmente produzem grandes massas 13 Aline David – ATM 2025/B císticas (descrição de poder chegar a >25kg), multiloculadas, cheias de conteúdo líquido gelatinoso e viscoso, rico em glicoproteínas. - Paciente fica com uma barriga gigante por conta dessa lesão. ❖ Microscopia: benignos possuem revestimento de células colunares altas com mucina apical, sem cílios. - Borderline apresentam estratificação epitelial, com formação de tufos celulares, crescimento papilar intraglandular (semelhantes aos adenomas tubulares ou vilosos intestinais). - Carcinomas demonstram crescimento glandular confluente, podendo haver invasão epitelial ou não; taxas de sobrevida são mais altas (95-90% em 10 anos, mesmo se invasivos), mas se espalhados além dos ovários, geralmente são fatais. Mais indolentes, levam bem mais tempo para progredir. Apesar de serem raros são os de melhor prognóstico dentro dos carcinomas de ovário. - Tumor mucinoso benigno, multilobulado. - Epitélio glandular com produção de mucina no ápice. - Tumor borderline, multiloculações, mas com aspecto diferente. - Microscopia com epitélio mais estratificado e formação de papilas. Ramificado com as projeções maiores de papilas. - Cistadenacarcinoma maiores, pode ter necrose também. - Formação de bastante glândulas com atipias celulares, núcleos mais diferentes, disformes e mais hipercromáticos. TUMORES ENDOMETRIOIDES ❖ Carcinoma endometrioide representa aproximadamente 10-15% de todos os cânceres de ovário; adenofibromas endometrioides e tumores endometrioides borderline são raros. ❖ Caracteristicamente apresentam glândulas tubulares semelhantes às do endométrio. ❖ 15-30% são acompanhados por carcinoma do endométrio, independentes. ❖ 15-20% coexistentes com endometriose. ❖ Macroscopia: áreas de crescimento sólidas e císticas, 40% bilaterais. ❖ Microscopia: padrões glandulares semelhantes ao endométrio, tumores de baixo grau. ❖ Sobrevida em 5 anos para estádio I é de 75%. 14 Aline David – ATM 2025/B - Lesões avermelhadas que podem sangrar, mais periférica. - Padrão de crescimento glandular de células colunares mais altas, mas com muita atipia (núcleos bem irregulares, de tamanho diferentes e figuras mitóticas). TUMORESDE CÉLULAS TRANSICIONAIS (TUMOR DE BRENNER) ❖ Contém células que se assemelham ao urotélio (epitélio transicional do trato urinário). ❖ Geralmente benignos; carcinomas são raros. ❖ 10% dos tumores epiteliais do ovário. ❖ Geralmente são achados ocasionais e, mesmo quando grandes, são benignos. ❖ Macroscopia: podem ser sólidas ou císticas, geralmente unilaterais (90%), tamanhos variados (1-30cm – geralmente menores e que não vão causar sintomas. Achados ocasionais de exames de imagem). Lesões circunscritas e que não invadem, como se fossem cistos benignos. ❖ Microscopia: estroma normal com ninhos de células que lembram epitélio transicional urotelial, com glândulas mucinosas em seu centro. - Pode ser uni ou multiloculado, mas são lesões bem circunscritas que não invadem. - Ninhos celulares de epitélio que é semelhante ao do trato urinário (transicional). TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS ❖ 20-25% de todas as neoplasias ovarianas, mais comuns em jovens. ❖ Maioria é teratoma cístico benigno; se assemelham a tumores germinativos testiculares. - Digerminomas são lesões bem parecidas com tumores de testículos (seminomas testiculares). TERATOMAS MADUROS (BENIGNOS) ❖ Maioria é cística, geralmente chamados de cistos dermoides (revestimento semelhante à pele e tem componentes da pele junto). ❖ Mulheres jovens em idade reprodutiva. ❖ Podem ser achados ocasionais, podem causar dor abdominal, podem causar síndrome paraneoplásica. ❖ Macroscopia: bilaterais em 10-15% dos casos (geralmente são unilaterais); geralmente são cistos uniloculares contendo pelos e material sebáceo, podendo haver dentes e estruturas calcificadas em seu interior. ❖ Microscopia: parede composta por epitélio escamoso estratificado com glândulas sebáceas, pelos e outras estruturas de anexos cutâneos. - Na maioria dos casos é possível identificar estruturas como cartilagem, osso, tecido tireoidiano, tecidos neurais. ❖ 1% passa por transformação maligna, mais comumente para CEC, mas pode ocorrer carcinoma de tireoide, melanoma, etc. - Teratoma maduro – cisto uniloculado e relativamente pequeno. 15 Aline David – ATM 2025/B - Teratoma maduro que tem aspecto de pele com uma bola de pelos e algumas calcificações. - Folículo piloso e glândula sebácea com tecido neural na lateral. A microscopia é importante para identificar tecidos neurais imaturos, daí se trata de teratoma imaturo, precisando de outro tipo de tratamento porque possuem comportamento maligno. TERATOMAS IMATUROS (MALIGNOS) ❖ Mais raros, compostos por tecidos embrionários ou imaturos. ❖ Adolescentes pré-púberes (que ainda não menstruaram) e mulheres jovens, idade média 18 anos. ❖ Crescimento rápido, com penetração de cápsula e invasão local ou à distância. ❖ Macroscopia: volumosos, superfície externa lisa, sólidos aos cortes; pode haver pelos, material sebáceo, cartilagem, osso e calcificação, junto com áreas de necrose ❖ Microscopia: elementos imaturos em quantidades variáveis, correspondentes a neuroepitélio, cartilagem, osso, músculo e outros - Teratoma imaturo. - Componentes imaturos teciduais, com células com núcleos maiores e mais juntas uma das outras. Mais de um tipo tecidual imaturo.
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