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HISTÓRIA-DO-XADREZ-DIAGRAMADA

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História 
do Xadrez 
 
 02 
 
 
1. A Origem do Xadrez 4 
Como e Onde Surgiu o Xadrez 4 
A Origem do Chaturanga 5 
Características do Xadrez 7 
O jogo de Xadrez na Idade Média 8 
 
2. A Origem do Xadrez Moderno 15 
Sobre as Regras do Xadrez 16 
 
3. História do Xadrez no Brasil 22 
Os Primeiros Campeonatos de Xadrez no Brasil 22 
Quem trouxe o Xadrez para o Brasil 28 
A História do Xadrez na Matemática 29 
O Xadrez como Ferramentas de Ensino 32 
 
4. Referências Bibliográficas 37 
 
 
 03 
 
 
 
 
 
 4 
HISTÓRIA DO XADREZ 
1. A Origem do Xadrez 
 
 
Fonte: Revista Zunai1 
 
xadrez é um jogo tão antigo 
que, durante todos os anos de 
sua existência, várias histórias fo-
ram associadas a sua origem. 
 
Como e Onde Surgiu o Xa-
drez 
 
A primeira história que é con-
tada mundialmente trata-se de uma 
lenda; Na Índia havia uma pequena 
cidade chamada Taligana, e o único 
filho do poderoso rajá foi morto em 
uma sangrenta batalha. 
 
1 Retirado em https://revistazunai.com.br/tabuleiro-de-xadrez/ 
O rajá entrou em depressão e 
nunca havia conseguido superar a 
perda do filho. O grande problema 
era que o rajá não só estava mor-
rendo aos poucos, como também es-
tava se descuidando em relação ao 
seu reino. Era uma questão de tem-
po até que o reino caísse totalmente. 
Vendo a queda do reino, um 
brâmane chamado Lahur Sessa, cer-
to dia foi até o rei e lhe apresentou 
um tabuleiro contendo 64 quadra-
dos, brancos e pretos, além de diver-
sas peças que representavam fiel-
O 
 
 
5 
HISTÓRIA DO XADREZ 
mente as tropas do seu exército, a in-
fantaria, a cavalaria, os carros de 
combate, os condutores de elefantes, 
o principal vizir e o próprio rajá. 
 
 
Fonte: https://revistazunai.com.br 
 
O sacerdote disse ao rajá que 
tal jogo poderia acalmar seu espírito 
e que sem dúvida alguma, iria curar-
se da depressão. De fato, tudo o que 
o brâmane disse acontecera, o rajá 
voltou a governar seu reino, tirando 
o a crise de seu caminho. 
Era inexplicável como aquilo 
tudo aconteceu, sendo um único ta-
buleiro com peças o responsável por 
tirar a tristeza do rajá. Como recom-
pensa, o brâmane foi agraciado com 
a oportunidade de pedir o que qui-
sesse. Logo de primeira, ele recusou 
tal oferta, pois achava que não fosse 
merecedor de tal proposta, mas me-
diante insistência do rajá, ele fez um 
simples pedido. O brâmane pediu 
simplesmente um grão de trigo para 
a primeira casa do tabuleiro, dois 
para a segunda, quatro para a tercei-
ra, oito para a quarta e assim suces-
sivamente até a última casa. O rajá 
chegou a achar graça, tamanha a in-
genuidade do pedido. 
Entretanto, o humilde pedido 
do brâmane não era tão humilde as-
sim. Após fazerem vários cálculos de 
quanto trigo eles teriam que dar 
para ele, descobriram que seria ne-
cessário toda a safra do reino por in-
críveis dois mil anos para atender ao 
pedido do sacerdote. Impressionado 
com a inteligência do brâmane, o 
rajá o convidou para ser o principal 
vizir (espécie de ministro, conselhei-
ro do rajá) do reino, sendo perdoado 
por Sessa de sua grande dívida em 
trigo. 
Na verdade, o que o brâmane 
apresentou para o rajá não foi o jogo 
de xadrez, foi a chaturanga, uma das 
principais variantes do jogo de xa-
drez moderno. 
 
A Origem do Chaturanga 
 
 
Chaturanga é um antigo jogo 
de tabuleiro indiano que se acredita 
ter originado o Jogo de Xadrez, o 
Shogi e o Makruk, e é relacionado 
com o Xiang Qi (ou Janggi). Surgiu 
provavelmente no século VI, sendo 
considerado o predecessor do Xa-
tranje que, por sua vez, veio a origi-
nar o xadrez moderno. 
 
 
6 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Não é possível estabelecer 
uma comparação entre o chaturanga 
e jogos de tabuleiro mais antigos. O 
conhecimento de jogos de tabuleiros 
indianos mais antigos é vago porque 
a literatura brâmane e Sutras era re-
ligiosa e quase totalmente poética. 
Somente literaturas posteriores in-
cluíam objetos seculares. Embora 
termos indicando jogos de tabuleiro 
sejam vagos em relação as regras, o 
termo Ashtāpada (8x8) e dasapada 
(10x10) são úteis pois empregam o 
mesmo tabuleiro monocromático 
que outras variantes de xadrez anti-
gas. O significado da palavra Ashtā-
pada é estabelecido por Patandjáli 
no livro Mahābhāshya escrito no sé-
culo II, como um tabuleiro em que 
cada linha tem oito casas monocro-
máticas, sendo o termo um objeto 
familiar. 
Chaturanga é um adjetivo 
composto por duas palavras, chatur 
que significa "quatro" e anga que 
significa "membro" e tem o signifi-
cado literal de "quadripartido". Em 
seu sentido original aparece no 
Rigveda em referência as quatro 
partes do corpo humano e no Shata-
patha Brahmana. O termo apareceu 
também no Mahābhārata que existe 
desde o século V, Ramáiana (século 
V a.C.), Nitisara (Kamandaki) do iní-
cio da era cristã e no Atarvaveda 
Parsistas (~250) tanto com a palavra 
bata (exército) ou como substantivo 
neutro ou feminino no sentido de 
"exército composto por quatro 
membros" e "exército" em geral, fi-
cando claro o uso da palavra como 
nome do exército em sânscrito. 
O significado destas quatro 
partes fica claro da conexão da pala-
vra chaturanga com bigas, elefantes, 
cavalaria e infantaria no Ramáiana, 
no Mahābhārata e no Amarakosa no 
qual o exército é expressamente cha-
mado de hasty-ashwa-ratha-pada-
tam que era a composição do exér-
cito desde século IV a.C. de acordo 
com relatos gregos da invasão do no-
roeste indiano por Alexandre, o 
Grande. O historiador grego Megás-
tenes passou algum tempo na corte 
de Pataliputra no século III a.C. e 
afirmou que havia seis divisões no 
exército: Elefantes, Bigas, Cavalaria, 
Soldados, suprimentos e barcos. 
 
 
Fonte: https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/originals/.jpg 
 
 
 
7 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Outra grande possibilidade 
que se apresenta em diversas histó-
rias sobre a origem do xadrez, é que 
Ares, o deus da guerra, teria criado 
um tabuleiro para testar suas táticas 
de guerra (que eram bem limitadas, 
pois Ares nunca foi conhecido por 
ter tática nas suas batalhas, ele era 
simplesmente agressivo, atacando 
sem precisão alguma na maioria das 
vezes). Entretanto, cada peça do ta-
buleiro representava uma parte do 
seu exército, e assim foi, até que Ares 
teve um filho com uma mortal, e 
passou para ele os fundamentos do 
jogo. A partir de então, o jogo teria 
chegado ao conhecimento dos mor-
tais. 
 
Características do Xadrez 
 
O xadrez é um jogo especial 
por combinar várias características. 
Em primeiro lugar, o acaso não exis-
te no xadrez: ninguém ganha uma 
partida porque “teve sorte, nem per-
de porque “teve azar”. Trata-se de 
um jogo movido apenas pelo raciocí-
nio dos dois jogadores, que são os 
únicos responsáveis pelo resultado. 
Nesse sentido, pode ser dito que tra-
ta-se de um jogo perfeitamente exis-
tencialista nele estamos, como nu-
ma expressão de Sartre, “sós e sem 
desculpas”. 
 Em segundo lugar, o xadrez é 
de extrema complexidade. Jogado 
num tabuleiro de 64 casas, cada jo-
gador tem inicialmente 32 peças de 
seis tipos, cada qual com importân-
cia, movimentos e possibilidades de 
captura específicos. Apenas os qua-
tro primeiros lances podem produzir 
cerca de 72 mil diferentes posições. 
Os dez primeiros lances podem ser 
jogados de cerca de 170 seguido de 
27 zeros maneiras diferentes. 
Trata-se, portanto, de um jogo 
de possibilidades inesgotáveis. Em 
terceiro lugar, o xadrez é especial 
por sua antiguidade histórica. Sua 
origem é controversa. Alguns pes-
quisadores acham que surgiu no 
Egito ou na China, mas geralmente 
considera-se que o xadrez teve ori-
gem num jogo com o nome sânscrito 
de chaturanga, que já existia na re-
gião do Ganges, na Índia, no início 
do século VII. É possível que tenha 
sido inventado vários séculos antes.De qualquer forma, é jogado, com 
poucas variações importantes, por 
mais de mil anos. 
 Outra característica notável 
do xadrez é que as partidas podem 
ser registradas e posteriormente re-
produzidas, lance a lance. Com isso, 
o acervo histórico de partidas vai 
sendo sempre aumentado e, como 
todo acervo, o do xadrez possibilita 
a existência de uma memória sobre 
o jogo que é uma fonte de aprendiza-
gem e prazer estético. Existe, por 
exemplo, um problema de xadrez 
 
 
8 
HISTÓRIA DO XADREZ 
composto por um califa árabe cha-
mado Mutasin Billah em 840 d.C. 
Temos também o registro de uma 
partida jogada em China, Coréia e 
940 d. C. e vencida por um grande 
jogador árabe de origem turca cha-
mado Al Suli (c.880-946), que en-
cantava a corte em Bagdá no início 
do século X. Sobre esse jogador che-
gou até nós o comentário de um ho-
mem importante da época que, per-
guntado sobre a beleza das flores de 
um determinado jardim, respondeu 
que a forma de Al Suli jogar xadrez, 
isto é, seu estilo era mais bonita do 
que aquele jardim e todas suas flo-
res. O fato de podermos reproduzir 
essa partida e igualmente sentir seu 
encanto e beleza preservados por 
1050 anos é uma característica que 
confere ao xadrez um lugar único 
entre todos os jogos. 
Finalmente, o xadrez é um jo-
go especial por sua extraordinária 
difusão através das mais variadas 
culturas e civilizações. 
 
O jogo de Xadrez na Idade Mé-
dia 
 
No início do século VII na Ín-
dia o jogo chamado chaturanga, era 
considerado precursor direto do xa-
drez. Esse jogo foi disseminado atra-
vés do continente asiático principal-
mente pelos budistas, e adaptado ao 
acervo cultural de diversos países, 
como Japão. 
A difusão para o Oeste é razo-
avelmente bem documentada. O 
jogo alcançou a Pérsia por volta de 
625, recebendo o nome de chatrang. 
Após a conquista árabe da Pérsia 
(631-51), o jogo, agora batizado com 
o nome árabe shatranj, conheceu 
uma época de grande florescimento. 
O islamismo proibia os jogos de 
azar, mas o shatranj era considerado 
um jogo de guerra, e, por isso, per-
mitido. Vários califas tornaram-se 
aficionados do jogo, e os melhores 
jogadores recebiam dinheiro para 
jogar, ensinar e escrever livros. 
O shatranj foi levado para a 
Rússia a partir do século IX, princi-
palmente através da rota de comér-
cio Mar Cáspio-Volga. Cristãos bi-
zantinos difundiram o jogo pelos 
Bálcãs e Vikings fizeram o mesmo na 
região do Báltico, tudo isso num pe-
ríodo anterior à conquista mongol 
de 1223. Os mongóis também apre-
ciaram o jogo, especialmente na cor-
te do imperador Tamerlão. O sha-
tranj chegou à Europa Ocidental en-
tre os séculos VIII e X por três rotas: 
inicialmente com os invasores mou-
ros da Península Ibérica; depois, 
através do Império Bizantino no 
Leste, e, finalmente, com os sarrace-
nos (invasores islâmicos da Sicília). 
Por volta do ano 1000 o jogo já era 
amplamente conhecido na Europa. 
 
 
 
 
9 
HISTÓRIA DO XADREZ 
 
Fonte: 
https://upload.wikimedia.org 
 
A Igreja a princípio se opôs ao 
jogo, possivelmente devido ao uso 
frequente de apostas. Surgiram al-
guns editos proibindo o clero de jo-
gar, notadamente um do cardeal. 
Damiani em 1061. Entretanto, por 
volta do século XIII essa proibição 
foi relaxada ou esquecida, e o xadrez 
passou a gozar de popularidade en-
tre várias ordens religiosas. 
Alguns de seus membros in-
clusive usaram o xadrez em alego-
rias conhecidas como “moralida-
des”, comuns na literatura europeia 
da Idade Média, e que tentavam dar 
uma explicação simbólica ou alegó-
rica do jogo, encontrar paralelos en-
tre a organização da vida e atividade 
humanas e o xadrez. Essas alegorias 
geralmente consideravam o jogo 
como emblemático da condição so-
cial da época. 
 Vejamos um exemplo dessas 
“moralidades”. A mais antiga conhe-
cida é da metade do século XIII, e fi-
cou conhecida como “moralidade de 
Inocêncio”, por ter sido atribuída ao 
papa Inocêncio III (papa entre 1198 
e 1216). Ao que tudo indica, no en-
tanto, foi obra de um monge galês. O 
texto diz o seguinte: 
 “Este mundo todo é como um 
tabuleiro de xadrez: uma casa é 
branca, outra casa é preta, e assim 
representa o duplo estado de vida ou 
de morte, de graça ou pecado. A fa-
mília que habita esse tabuleiro é for-
mada pelos homens deste mundo, 
que tal como as peças saídas todas 
da mesma bolsa procedem todos de 
um só ventre materno. E, tal como as 
peças, assumem seus postos nos di-
ferentes lugares deste mundo, cada 
um com sua própria denominação. 
O primeiro é o Rei, depois a Rainha, 
em terceiro lugar a Torre, em quarto 
o Cavalo, em quinto o Bispo e em 
sexto o Peão. E o caráter do jogo é tal 
que um toma o outro e, com o jogo 
terminado, assim como todos ti-
nham saído da mesma bolsa, a ela 
voltam. E então já não há diferença 
entre o Rei e o pobre Peão, pois aca-
bam do mesmo modo o rico e o po-
bre. E com frequência acontece que, 
quando se devolvem as peças, o Rei 
fica por baixo, no fundo do saco; e 
assim também acontece com os 
grandes que ao sair deste mundo são 
sepultados no inferno; enquanto os 
pobres são levados ao seio de 
Abraão.” 
 Temos aqui uma alegoria bas-
tante explícita do nascimento e mor-
 
 
10 
HISTÓRIA DO XADREZ 
te como comuns a toda a humani-
dade. Essa imagem foi muito popu-
lar através de toda a Idade Média, e 
mesmo depois. É mencionada, por 
exemplo, no Dom Quixote, de Mi-
guel de Cervantes. Aliás, há muitas 
referências ao xadrez em fontes lite-
rárias medievais, principalmente ro-
mances. Há passagens sobre reis re-
solvendo questões de Estado através 
do jogo, condenados jogando en-
quanto esperavam a execução, tabu-
leiros mágicos feitos pelo mago Mer-
lin etc. Rabelais tem uma longa des-
crição de um jogo de “xadrez vivo”, 
isto é, com pessoas ocupando o lugar 
de peças. Mas voltemos à “morali-
dade”, que prossegue descrevendo 
agora o movimento das peças: 
 “A Rainha move-se e toma 
[isto é, captura peças adversárias] 
na diagonal [essa é uma regra an-
tiga], de modo torto, pois a mulher é 
tão cobiçosa que só toma tortamen-
te, por obra da rapina e da injustiça. 
A Torre é o justiceiro que percorre 
toda a terra em linha reta como sinal 
da justiça com que tudo julga e de 
que por nada deve seu ofício cor-
romper-se. O movimento do Cava-
leiro é composição de reto e torto. O 
reto, representando o direito que 
tem, em justiça, como senhor da 
propriedade, de cobrar impostos e 
de impor justas penas conforme o 
exija o delito; representando as in-
justas extorsões a que submete os 
súditos. Os Bispos movem-se oblí-
qua e tortuosamente duas casas [ou-
tra regra de movimento antiga] por-
que muitos prelados se pervertem 
pelo ódio, amor, presentes, ou favo-
res para não corrigir os delinquentes 
nem ladrar contra os vícios, tratan-
do os pecados como um terreno ar-
rendado por uma taxa anual. E as-
sim enriquecem o diabo, fomentan-
do os vícios ao invés de extirpá-los 
esse tornam procuradores do diabo. 
 Os Peões são os pobres que 
andam uma casa em linha reta, pois 
enquanto o pobre permanece na sua 
simplicidade vive honestamente, 
mas, para tomar, se corrompe e o faz 
tortamente, pois pela cobiça se bens 
ou honras, sai do reto caminho com 
falsos juramentos, adulações ou 
mentiras.” 
 Finalmente, há uma passa-
gem interessante sobre o desfecho 
do jogo; “O diabo diz: xeque! inci-
tando ao mal e ferindo com o dardo 
do pecado. E se o atingido não sai ra-
pidamente dizendo: livre! pela peni-
tência e compunção do coração, o di-
abo lhe diz: mate! levando sua alma 
ao inferno de onde não se poderá li-
vrar de modo algum.” 
A parte referente aos movi-
mentos do Rei, foi deixada porque 
aqui há um ponto importante. Deve 
ter ficado claro que o princípio sub-
jacente aos movimentos das peças, 
para o autor da “moralidade”, éque 
 
 
11 
HISTÓRIA DO XADREZ 
um movimento reto simboliza um 
movimento/ação moralmente cor-
reto, justo; um torto ou na diagonal 
significa um movimento/ação mo-
ralmente incorreto, injusto. Ora, o 
Rei move-se e captura uma casa em 
todas as direções com movimentos, 
portanto, “retos” e “tortos”. Entre-
tanto, a figura real era considerada 
de origem divina e fonte da justiça, 
e, portanto, não podia fazer movi-
mentos “tortos” na vida. Qual a solu-
ção? O moralista falsificou os movi-
mentos da peça, suprimindo os mo-
vimentos “tortos” e dizendo que o 
Rei se movia apenas retamente. No 
entanto, naquela época como hoje 
essa peça se movia e capturava em 
todas as direções. 
 Temos aqui um exemplo claro 
de que o interesse maior dessas “mo-
ralidades” era com a alegoria e não 
com o jogo. Isso não quer dizer que 
as moralidades não tenham tido im-
portância para o desenvolvimento 
do jogo na Europa. Possivelmente 
elas divulgaram o xadrez e ajudaram 
a diminuir o preconceito eclesiástico 
inicial. Mas, como o historiador do 
xadrez Murray nota, “para o mora-
lista a fábula era de muito maior im-
portância do que os detalhes do 
jogo, e os detalhes tinham que se en-
caixar na explicação, e não o inver-
so.” O xadrez fornecia apenas a mol-
dura para as alegorias. O alvo das 
“moralidades” era outro. 
 Nem todas as alegorias medi-
evais, é bom notar, eram de fundo 
religioso. Há um poema francês do 
século XIV, chamado Les échecs 
amoureux que é a descrição, movi-
mento por movimento, de um jogo 
entre uma dama e seu pretendente. 
O paralelo entre amor e xadrez apa-
rece também num livro publicado 
em 1497 pelo espanhol Luís Lucena, 
intitulado Repetición de amores e 
arte de axedrez. 
 Por volta de 1475, ocorreram 
algumas mudanças significativas 
nas regras do jogo, que modificaram 
o xadrez árabe e deram origem ao 
xadrez moderno na Europa Ociden-
tal. Basicamente, o ritmo do jogo foi 
acelerado e algumas peças substitu-
ídas. Os primeiros livros sobre a 
nova forma do jogo foram todos es-
critos na Península Ibérica. 
Na segunda metade do século 
XVI, o jogo teve um grande desen-
volvimento, e os melhores jogadores 
passaram a ser patrocinados por 
mecenas, inclusive reis. Nessa época 
também começaram a surgir tor-
neios. O mais antigo documentado 
ocorreu em 1575 na corte de Felipe 
II da Espanha, quando se enfrenta-
ram jogadores espanhóis e italianos. 
Venceu o italiano Giovanni Leonar-
do, que recebeu mil ducados, uma 
capa de arminho e durante vinte 
anos sua cidade natal Cutri, da Calá-
bria, esteve isenta de tributos. 
 
 
12 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Desde então, o xadrez atraves-
sou todas as tendências históricas e 
modas culturais que surgiram. A 
partir de 1730, passou a ser muito jo-
gado em cafés, como o de la Régen-
ce, em Paris, um dos mais famosos 
pontos de encontro de xadrez de to-
dos os tempos, com frequentadores 
ilustres como Voltaire, Rousseau, 
Robespierre, Benjamin Franklin, 
Napoleão e Richelieu. O xadrez tam-
bém não ficou alheio ao igualita-
rismo iluminista da fase pré-revolu-
cionária. Cinquenta anos antes da 
tomada da Bastilha, foi publicado o 
livro fundador do xadrez moderno, 
por um compositor de música e jo-
gador de xadrez chamado Philidor 
(1726-95) L’ analyse des échecs, que 
teve enorme sucesso. Nesse livro, é 
pela primeira vez descrita a estraté-
gia do jogo como um todo e afirmada 
a importância decisiva da formação 
de peões, até então os elementos 
menos considerados do jogo, por se-
rem o de menor poder ofensivo. Mas 
era época do Iluminismo, e os peões 
foram revalorizados por Philidor 
numa frase famosa: “eles são a alma 
do xadrez.” 
A partir daí, a teoria sobre o 
jogo foi desenvolvida de forma inin-
terrupta. Surgiram várias “escolas” 
que preconizavam diferentes estilos 
ou maneiras de conduzir as partidas 
de xadrez, como a “Escola Modenen-
se” (de Modena, uma cidade itali-
ana), que em geral se opunha aos en-
sinamentos de Philidor, preconizan-
do a importância fundamental do 
ataque rápido e direto ao Rei inimi-
go através das peças. No final do sé-
culo XIX, Wilhelm Steinitz (1836-
1900) desenvolveu críticas ao xadrez 
de estilo “romântico”, que defendia 
o ataque rápido a todo custo, e mos-
trou a importância da defesa e do 
acúmulo de pequenas vantagens ao 
longo do jogo. Ele propunha uma 
apreciação científica, objetiva do 
jogo de xadrez. Já um adversário 
seu, o médico alemão de origem ju-
daica Siegbert Tarrasch (1862-
1934), via a partida de xadrez como 
a imagem de uma guerra: a fase de 
abertura da partida correspondia à 
mobilização, ao desenvolvimento 
estratégico e ao engajamento nos 
combates iniciais; o meio da partida 
era a batalha propriamente dita, on-
de se decidia a vitória, e o final, a re-
alização da superioridade obtida nas 
fases anteriores. Em sua teoria do 
jogo, Tarrasch distinguia três ele-
mentos principais: as forças, o es-
paço e o tempo, que seriam permu-
táveis entre si, um podendo trans-
formar-se no outro. Na década de 
1920 surgiu, em reação a princípios 
considerados formalistas e ortodo-
xos como os de Tarrasch, um movi-
mento batizado de “hiper modernis- 
 
 
13 
HISTÓRIA DO XADREZ 
mo”, cujos expoentes permitiam ao 
adversário ocupar a posição central 
do tabuleiro mantendo no entanto 
um controle estratégico, à distância, 
desse centro para depois contra-ata-
car e demolir suas posições. 
Para se ter uma ideia da varie-
dade de estilos e concepções a res-
peito do jogo. Hoje em dia, o tempo 
das “escolas” passou, importando 
mais o estilo individual para deter-
minar a maneira pela qual os gran-
des jogadores atuam. Essas “esco-
las” têm a ver, é bom notar, com 
grandes jogadores, e não com a mai-
oria absoluta de jogadores amado-
res, que não dominam sutilezas teó-
ricas a respeito de estratégia, nem 
são virtuosos táticos jogam apenas 
por distração. 
Uma afirmação que parece 
bastante plausível em relação aos jo-
gos em geral é que eles estão intrin-
secamente relacionados às caracte-
rísticas sociais e culturais das socie-
dades em que são jogados, que são 
ritualizações de componentes cultu-
rais dessas sociedades, e que não po-
dem ser “compreendidos” sem que o 
analista leve em consideração esses 
vínculos. Essa afirmação segue um 
esquema de pensamento bastante 
característico das ciências humanas 
contemporâneas, e que é aplicado 
em vários contextos e a vários obje-
tos. A história do jogo de xadrez, no 
entanto, coloca alguns problemas à 
universalidade dessa afirmação, 
porque trata-se de um jogo transcul-
tural, presente em culturas e mesmo 
civilizações muito distantes no tem-
po, no espaço e em características 
culturais. Uma crítica “nominalista” 
poderia dizer que “xadrez” é apenas 
uma palavra que, apesar de comum 
a diferentes culturas, representa na 
realidade jogos diversos, posto que 
jogado e representado culturalmen-
te de diferentes formas. Isso pode 
ser válido para outros jogos, talvez 
mesmo para a maioria, mas no caso 
do xadrez esse argumento é fraco. As 
“moralidades”, “escolas” e outras 
apropriações culturais do jogo são 
claramente acessórias. Para além 
delas, permanece uma estrutura de 
jogo razoavelmente imutável e que 
atravessou dessa forma diferentes 
contextos culturais através de vários 
séculos. 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
HISTÓRIA DO XADREZ 
2. A Origem do Xadrez Moderno 
 
 
Fonte: Revista Zunai2 
 
tualmente o xadrez tem gran-
des adeptos sendo um dos jo-
gos mais populares do mundo, pra-
ticado por milhões de pessoas em 
torneios (amadores e profissionais), 
clubes, escolas, pela Internet, por 
correspondência e informalmente. 
Há uma estimativa de cerca de 605 
milhões de pessoas em todo o mun-
do que sabem jogar xadrez e destas, 
7,5 milhões são filiadas a uma das fe-
derações nacionais que existem em160 países em todo o mundo. 
Em 19 de novembro, data do 
nascimento de José Raúl Capablan-
ca é comemorado todos os anos “O 
Dia Internacional do Enxadrismo”, 
foi o único hispano-americano a se 
 
2 Retirado em https://revistazunai.com.br/os-maiores-mitos-sobre-xadrez/ 
sagrar campeão mundial, conside-
rado um dos maiores enxadristas de 
todos os tempos. Entre 1450 e 1850, 
o xadrez começou a ter mudanças vi-
síveis em relação ao que conhece-
mos hoje em dia. Foi nesse período 
que diversas peças ganharam movi-
mentos que conhecemos atualmen-
te, claro, todos esses movimentos e 
peças tendo como origem a Chatu-
ranga. O elefante (o antecessor do 
moderno bispo) somente podia mo-
ver-se em saltos por duas casas nas 
diagonais. O vizir (o antecessor da 
dama) somente uma casa nas diago-
nais. Os peões não podiam andar 
duas casas em seu primeiro movi-
mento e não existia ainda o roque. 
A 
 
 16 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Os peões somente podiam ser pro-
movidos a vizir, que era a peça mais 
fraca, depois do peão, em razão da 
sua limitada mobilidade. As regras 
do xadrez que conhecemos hoje co-
meçaram a ser feitas em 1475, só não 
se sabe ao certo onde ocorreu esse 
início. Alguns historiadores diver-
gem entre Espanha e Itália. 
Foi neste período que os peões 
ganharam a mobilidade que conhe-
cemos hoje em dia, que se resume 
em mover-se duas casas no seu pri-
meiro movimento e tomar outros 
peões en passant. Nessa época tam-
bém foram definido os novos movi-
mentos dos bispos e da rainha e, o 
mais importante, a rainha tornou-se 
a peça mais importante do jogo, sen-
do a única capaz de se movimentar 
para qualquer lado e avançar ou re-
cuar quantas casas quiser. 
Os movimentos das demais 
peças, juntamente com o resto das 
regras que englobam todo o xadrez, 
só foram formalmente modificadas 
no meio do século XIX, e tais regras 
ainda se mantêm até hoje. 
A partida de xadrez é dispu-
tada em um tabuleiro de casas claras 
e escuras, sendo que, no início, cada 
enxadrista (o nome que se dá ao jo-
gador de xadrez) controla dezesseis 
peças com diferentes formatos e ca-
racterísticas. O objetivo da partida é 
dar xeque-mate (também chamado 
simplesmente de mate) no rei adver-
sário. O dia internacional do xadrez 
celebra-se anualmente a 20 de julho, 
comemorando o dia em que se fun-
dou a Federação Internacional de 
Xadrez (FIDE) em 1924. 
 
Sobre as Regras do Xadrez 
 
O xadrez é um dos jogos mais 
complexos que o Homem já criou. O 
seu principal objetivo é conquistar o 
“rei” de seu adversário. Para jogar é 
necessário um tabuleiro composto 
por oito colunas e oito linhas, o que 
resulta em 64 casas possíveis para a 
mobilidade das peças. As peças são 
compostas de oito peões, duas tor-
res, dois cavalos, dois bispos, uma 
rainha e um rei. Para realçar a sua 
complexidade é costume dizer que o 
número de combinações possíveis 
de movimentos em xadrez, supera o 
número de estrelas no universo. 
Sobre as regras do jogo, são 32 
peças, 16 brancas e 16 pretas. Sendo 
que ambas as cores possuem: 2 Tor-
res. 2 Cavalos. 2 Bispos. 1 Dama. 1 
Rei. 8 Peões. Tabuleiro - tabuleiro de 
64 casas, claras e escuras. Objetivo - 
Impor o xeque-mate ao adversário 
ou o seu rendimento. 
Apesar de ser um jogo fácil de 
aprender a jogar de forma básica, só 
um grupo muito pequeno de pessoas 
o consegue dominar com elevada 
 
 17 
HISTÓRIA DO XADREZ 
mestria e mesmo assim só após mui-
ta prática. 
A mais antiga forma de xadrez 
como já dito apareceu na Índia no 
século VI, derivado de antiquíssimo 
jogo hindu conhecido por “Chatu-
ranga”, nome que aludia às quatro 
armas do exército indiano: elefante, 
cavalo, carro e infantaria. 
Poderíamos então ser levados 
a considerar os indianos como o po-
vo inventor do xadrez, visto que sua 
história começou na Índia. Isso não 
significa no entanto que essa forma 
primitiva de xadrez fosse parecida 
com a que jogamos hoje. De fato, 
pode-se perceber isso só por saber 
que a forma mais antiga de xadrez 
era jogada por quatro jogadores. 
Este modelo inicial no entanto intro-
duziu as diferentes peças correspon-
dentes às variadas posições e que o 
tornam um claro ancestral do xadrez 
moderno. 
 
 
Fonte: 
https://http2.mlstatic.comxadrez-
com-4-quatro-jogadores 
Da Índia, o referido protótipo 
de xadrez atingiu a Pérsia, hoje Irão. 
É de onde provêm os termos xeque e 
xeque-mate, tendo os persas modifi-
cado grandemente o jogo tornando-
o mais parecido com o que jogamos 
hoje. Os persas podem não ser can-
didatos a ser o povo que inventou o 
xadrez mas, no entanto, contribuí-
ram grandemente para o seu desen-
volvimento por terem modificado o 
jogo e por serem um ponto de passa-
gem através do qual o xadrez chegou 
à Europa. 
Foi durante o século XIII que o 
xadrez ganhou uma posição firme no 
continente Europeu e se tornou real-
mente popular. Foi também nesta 
época que o xadrez moderno nasceu, 
desde as regras que conhecemos 
hoje, tais como a capacidade do peão 
ser promovido uma vez atingido o 
quadrado mais distante e a rainha 
ser a peça mais poderosa, regras que 
foram postas em prática em Espa-
nha e Itália. Assim, pode-se dizer 
que os italianos e espanhóis foram 
os “criadores” do xadrez, particular-
mente na sua forma atual. 
Tal como é jogado atualmente, 
o Xadrez assume um carácter Medi-
eval. Assemelha-se à guerra conven-
cional e a um jogo da Corte, con-
forme pode ser visto pelos nomes e 
pelo movimento das peças sobre o 
tabuleiro de 64 casas. 
 
 18 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Independentemente de quem 
consideramos ser os seus invento-
res, é importante lembrar que todos 
estes povos contribuíram fortemen-
te em fazer do xadrez o jogo extre-
mamente complexo e agradável que 
é hoje. O xadrez é um jogo de racio-
cínio e inteligência, famoso no mun-
do todo. Mas poucos conhecem a 
história desse jogo. 
Antigos manuscritos de xa-
drez, denominados Mansubas, sur-
giram em Bagdá, durante a Idade de 
Ouro Árabe. No início do século IX o 
califa de Bagdá Haroun-al-Rachid 
deu a Carlos Magno um jogo de xa-
drez em mármore. No século IX, o 
xadrez foi introduzido na Europa, 
tornando-se popular em todo o con-
tinente. As regras e os movimentos 
das peças do xadrez foram determi-
nadas no século XV, garantindo ao 
jogo o status de passatempo favorito 
da sociedade aristocrática europeia 
na Idade Média. 
A origem do xadrez é certa-
mente o maior mistério existente no 
mundo. Atribui tanto a origem do 
xadrez ao Rei Salomão quanto aos 
sábios mandarins contemporâneos 
de Confúcio. Mas outras pessoas 
também atribuem a origem do xa-
drez aos Egípcios. O documento 
mais antigo, sobre o jogo do xadrez, 
é provavelmente a pintura mural da 
câmara mortuária de Mera, em Sa-
karah (nos arredores de Gizé, no 
Egito). Ao que parece, essa pintura, 
que representa duas pessoas jogan-
do xadrez, ou algo semelhante, data 
de aproximadamente 3000 anos an-
tes da era cristã. Segundo alguns his-
toriadores do mais autorizados, que 
se dedicaram ao assunto, parece que 
seu berço foi a Índia, aonde teria 
surgido por volta do século V ou VI 
de nossa era, derivado de antiquís-
simo jogo hindu que é conhecido por 
“Chaturanga”, isto é 4 lados. 
Daí teria passado à Pérsia 
aonde foi buscar o mundo islâmico, 
que por sua vez o transmitira à Eu-
ropa por duas vias distintas: Se-
gundo uns, pela invasão muçulmana 
da Península Ibérica, e segundo ou-
tros, durante seu confronto Oci-
dente-Oriente quando da Primeira 
Cruzada. No Brasil, o jogo existe 
desde 1808, quando D. João VI ofe-
receu a Biblioteca Nacional, no Rio 
de Janeiro, um exemplar do pri-
meiro trabalho impresso sobre a 
matéria, de Autoria de Lucena. 
O objetivo do jogo do xadrez é 
muito simples: basta formar uma es-
tratégia para capturar o rei inimigo.Dar xeque não significa "comer" a 
maior parte das peças inimigas, não 
é preocupando-se só em pegar as pe-
ças inimigas que você vai chegar no 
xeque, é preciso só cercar o rei de 
modo que este não tenha mais como 
se defender. 
 
 19 
HISTÓRIA DO XADREZ 
A principal diferença entre o 
jogo atual e seu antecessor ficava por 
conta de limitação de movimento 
das peças. O atual Bispo era conhe-
cido como Elefante e se movimen-
tava apenas por duas casas diago-
nais a cada jogada. A Dama, peça 
mais poderosa do xadrez moderno, 
era conhecida como Vizir, e tinha 
mais valor apenas que os peões, já 
que seu movimento era restrito a 
uma única casa diagonal. Os peões, 
por sua vez, não eram possibilitados 
de se mover duas casas em sua pri-
meira jogada, e não existia o roque. 
As primeiras mudanças passa-
ram a ocorrer no século XII, mas foi 
em 1475 que regras foram aplicadas 
para tornar o xadrez algo mais pare-
cido com o que vemos atualmente. 
Não se sabe exatamente se a origem 
das alterações é a Itália ou a Espa-
nha, mas os movimentos conhecidos 
na atualidade foram todos reajusta-
dos nessa época e difundidos rapida-
mente pela Europa. 
A partir dessas modificações 
nas regras, o jogo ganhou mais des-
taque e passou a ter táticas mais ela-
boradas, tanto para a abertura 
quanto os finais das partidas, além 
de publicações de inúmeros livros a 
respeito. Foi na França, no século 
XVIII, que eventos de xadrez passa-
ram a ganhar repercussão. Os mes-
tres da época se enfrentavam em 
partidas épicas, cujo palco eram as 
coffee houses, distribuídas pelas 
maiores cidades europeias. No sé-
culo seguinte, os clubes de xadrez ti-
veram um rápido desenvolvimento e 
partidas por correspondência entre 
cidades tornaram-se comuns. Jor-
nais passaram a destacar o jogo e 
publicações foram feitas contendo 
ideias avançadas dos mais célebres 
enxadristas do momento. 
As cafeterias mais importantes 
da época para os jogadores de xadrez 
foram a Slaughter’s Coffee House, 
de Londres, e a Café de la Régence, 
de Paris. Muitos dos principais no-
mes da época passaram por essas ca-
sas, incluindo Philidor, um jovem 
considerado um gênio por muitos 
jogadores, Kermeur, Deschapelles, 
Saint-Amant e personalidades de re-
nome fora do xadrez, como Benja-
min Franklin. 
Franklin, embora fosse de um 
país até então com pouca expressão 
no jogo, contribuiu muito durante os 
anos que viveu em Paris e frequen-
tou os cafés. Suas publicações se es-
palharam pela Europa antes mesmo 
de chegar ao seu país natal e, além 
de estratégias de jogo, seus textos 
continham também lições éticas, co-
mo formas de se comportar nos mo-
mentos de vitória ou derrota. O xa-
drez se torna um esporte. 
O primeiro torneio com as re-
gras modernas de xadrez foi reali-
zado em Londres, no ano de 1851. O 
 
 20 
HISTÓRIA DO XADREZ 
alemão Adolf Anderssen, renomado 
na época e considerado o então me-
lhor enxadrista no mundo, sagrou-
se campeão. Os alemães dominaram 
os campeonatos de xadrez por mui-
tos anos, passando por campeões 
como Steinitz, Zukertort e Lasker, 
conhecido por ser o primeiro a utili-
zar táticas psicológicas contra seus 
adversários. Apenas em 1921 o cu-
bano José Raul Capablanca pôs fim 
à hegemonia alemã no esporte. 
Para concretizar o xadrez 
como um esporte, em 1924 foi criada 
a Federação Internacional de Xa-
drez, FIDE, que segue até hoje pro-
movendo os campeonatos mundiais 
da categoria, nos quais inúmeros en-
xadristas já se tornaram campeões 
com técnicas inovadoras, trazendo 
ao esporte partidas realmente me-
moráveis e tornando-o muito mais 
que um simples jogo de tabuleiro. 
A Itália contribui com as obras 
de Carrera (1617) e de Greco (1688), 
que foram os precursores do xadrez 
moderno. No século XVII e princí-
pios do século XVIII surgiram ou-
tros valores como o árabe Felipe 
Stamma (1735), o francês André Da-
nican Philidor (1740), e os italianos 
Ercole do Rio, Loky e Ponziani. 
Para o estudo do xadrez e sua 
melhor compreensão se propõem a 
divisão de sua história e desenvolvi-
mento em dois grandes períodos: o 
antigo e o moderno. 
Antigo: desde sua origem até início 
do século XVII, quando se consolida 
as regras fundamentais. 
Moderno: se inicia na Espanha e 
compreende de 1600 até os nossos 
dias. Para seu estudo foi dividido em 
duas etapas, considerando as carac-
terísticas técnicas do jogo. 
Romântica ou Clássica: (1600-
1886), caracterizada pelos sacrifí-
cios e combinações ao estilo de um 
dos mais representativos enxadrista 
desta etapa, o norte americano Paul 
Charles Morphy, e Científica: 
(1886), definida tecnicamente pelo 
austríaco Wilhelm Steinitz, que a 
partir de um estudo profundo da 
obra de Morphy e de outros famosos 
jogadores da etapa anterior, criou as 
bases para o estudo do xadrez com 
critérios formais. 
Wilhelm Steinitz (1886-1894) 
é oficialmente o primeiro campeão 
mundial de xadrez. O título de Cam-
peã Mundial Feminino começou a 
ser disputado em 1927, em Londres, 
durante o Torneio das Nações, nome 
inicial das Olimpíadas de Xadrez. 
Vera Menchik foi a primeira campeã 
e reinou até a sua morte, em 1944. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
HISTÓRIA DO XADREZ 
3. História do Xadrez no Brasil 
 
 
Fonte: Dicas Xadrez3 
 
xadrez é um jogo onde a lógica 
e raciocínio são essenciais. A 
sorte não existe e somente a capaci-
dade de concentração dos competi-
dores que vai definir quem é o ven-
cedor. A origem desse jogo é contro-
versa, lendas contam que foi um 
jogo criado na Índia e se chamava 
chaturanga. As regras eram diferen-
tes e 4 pessoas jogavam. 
Outra lenda é a de que foi um 
jogo idealizado pelo Rei Salomão 
que não queria mais jogos que en-
volvessem sorte e habilidade física, 
mas que só dependesse da inteligên-
cia e estratégia dos competidores. A 
 
3 Retirado em http://dicasxadrez1.blogspot.com/2012/06/historia-do-xadrez-no-brasil_5.html 
lenda conta que o Rei Salomão criou 
uma competição para que desenvol-
vessem um jogo com esses critérios 
e alguém inventou o xadrez. 
 
Os Primeiros Campeona-
tos de Xadrez no Brasil 
 
A história do xadrez no Brasil 
é longa, os primeiros campeonatos 
nacionais já eram disputados em 
1927. O primeiro campeão foi João 
de Souza Mendes Junior, ele venceu 
o campeonato que foi disputado no 
Rio de Janeiro. Além de enxadrista, 
O 
 
 23 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Mendes também era médico otorri-
nolaringologista, médico sanitarista 
do Instituto Oswaldo Cruz. Mendes 
disputou diversos campeonatos de 
xadrez e foi um importante jogador 
pra a história do xadrez no Brasil. 
O primeiro campeonato femi-
nino de xadrez foi disputado em 
1960 e a vencedora foi Dora de Cas-
tro Rúbio. O torneio ocorreu na ci-
dade de Brusque e foi lá que Dora se 
consagrou a primeira mulher a ga-
nhar um torneio de xadrez nacional 
no Brasil. 
O grande nome da história do 
xadrez no Brasil é o enxadrista Hen-
rique Costa Mecking, o Mequinho. É 
considerado o melhor jogador de xa-
drez do Brasil e já chegou se tornar o 
terceiro no ranking mundial, no ano 
de 1977. Porém Mequinho abando-
nou os tabuleiros durante um longo 
período para tratar de uma grave do-
ença. 
O xadrez no Brasil é um jogo 
que goza de muitos adeptos, mas 
sempre com períodos de hiatos e 
efervescências entre as gerações. É 
no império, durante o século XIX, 
que o jogo começa a se estruturar 
oficialmente, particularmente na 
corte do Rio de Janeiro. O primeiro 
torneio de xadrez efetuado no Brasil, 
em 1880, contou com a participação 
de Machado de Assis (que foi o pri-
meiro brasileiro a ter um problema 
de xadrez publicado), Arthur Napo-
leão (grande divulgador e pioneiro 
do jogo no Brasil), João Caldas Vi-
ana Filho, visconde de Pirapitinga (o 
primeiro grande enxadrista brasi-leiro e provavelmente o maior joga-
dor surgido no Brasil até 1930), 
Charles Pradez (suíço que residiu al-
guns anos no Rio de Janeiro), Joa-
quim Navarro e Vitoriano Palhares. 
Na literatura enxadrística, o 
Xadrez Básico, escrito pelo médico e 
mestre nacional Orfeu D’Agostini, 
influenciou gerações de enxadristas 
brasileiros, assim como o Manual de 
Xadrez, de Idel Becker e publicado 
em 1948. O Xadrez Básico tornou-se 
um best-seller no Brasil, tendo sido 
publicado pela primeira vez no ano 
de 1954. Na atualidade, um dos au-
tores mais importantes é o MI Ru-
bens Filguth que escreveu uma bio-
grafia de um dos mais importantes 
enxadristas brasileiros, intitulada 
Mequinho, o perfil de um gênio e a 
obra de referência Xadrez de A a Z, 
dentre outras obras. 
Henrique Mecking, mais co-
nhecido como Mequinho, é conside-
rado o mais importante enxadrista 
brasileiro, tendo alcançado o seu 
auge no ano de 1977, quando foi con-
siderado o terceiro melhor jogador 
do mundo, superado apenas por 
Anatoly Karpov e Viktor Korchnoi. 
Todavia, uma doença grave, a mias- 
 
 24 
HISTÓRIA DO XADREZ 
tenia, que compromete seriamente o 
sistema nervoso e os músculos, fez 
Mequinho abandonar as competi-
ções em 1978. No estágio mais grave 
da doença passou a frequentar os 
cultos da Renovação Carismática 
Católica. Ao se recuperar, passou a 
dedicar-se integralmente à religião, 
mas sempre alimentou a esperança 
de voltar a jogar xadrez. Finalmente 
voltou a jogar em 1991, num match 
de seis partidas contra o grande 
mestre Pedrag Nikolić. Em 2001, 
venceu Judit Polgar, a maior enxa-
drista do mundo. Mequinho vem 
participando de diversos torneios 
pela Internet e é atualmente um 
Grande Mestre Internacional, com 
uma pontuação de 2.565 no rating 
FIDE, ocupando a quarta posição no 
ranking brasileiro no início de 2008. 
No ano de 2009, a CBX organizou o 
I Campeonato Brasileiro pela Inter-
net, disputado nos servidores do In-
ternet Chess Club, cujo campeão foi 
o GM Henrique Mecking após final 
contra o GM Rafael Leitão, sendo o 
título decidido em um tie-brake. 
Em 2011, o campeão brasileiro 
pela Confederação Brasileira de Xa-
drez (CBX) é o GM Rafael Leitão, tí-
tulo conquistado no 78º Campeo-
nato Brasileiro Absoluto de Xadrez 
realizado em Campinas. A campeã 
brasileira é Artêmis Cruz (ainda sem 
título FIDE), título conquistado no 
51º Campeonato Brasileiro Femini-
no, realizado no Balneário Cambo-
riú. Machado de Assis era apaixo-
nado pelo jogo de xadrez. Seu inte-
resse por este divertimento levou-o 
a ocupar posição destacada nos cír-
culos enxadrísticos do tempo do Im-
pério, percursores do xadrez no Bra-
sil. Mantinha correspondência com 
as seções especializadas dos periódi-
cos da época, compondo problemas 
(foi o primeiro brasileiro a ter um 
problema de xadrez publicado) e 
enigmas, e, indo mais além, partici-
pou do primeiro torneio de xadrez 
efetuado no Brasil, em 1880. Sua 
primeira referência literária explí-
cita ao xadrez data de 1864, no conto 
"Questão de Vaidade"; a data faz su-
por que seu professor provavelmen-
te tenha sido Arthur Napoleão, pia-
nista, compositor, editor de partitu-
ras musicais luso-brasileiro, que 
chegou a acompanhar ao Brasil, de 
volta de uma de suas viagens à Eu-
ropa, a futura esposa de Machado, 
Carolina Xavier de Novais. Napo-
leão, divulgador obstinado do xa-
drez em diversas revistas, jornais e 
clubes brasileiros, era precoce; aos 
dezesseis anos de idade, o virtuose 
luso radicado no Brasil enfrentara o 
famoso campeão do mundo Paul 
Charles Morphy em Nova Iorque. 
 
“Tudo pode ser, contanto que 
me salvem o xadrez.” – Macha-
do de Assis, em crônica de 12/ 
01/1896. 
 
 25 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Conforme confessa em crônica 
de 5 de maio de 1895, na sua coluna 
dominical A Semana na Gazeta de 
Notícias, Machado já frequentava o 
Clube Fluminense em 1868 com a fi-
nalidade de jogar xadrez. Mais 
tarde, passou a praticar no Grêmio 
de Xadrez, que funcionava em cima 
do Club Politécnico, na Rua da 
Constituição, número 47. Em 15 de 
junho de 1877, foi publicado na re-
vista Ilustração Brasileira, na pri-
meira seção de xadrez brasileira, sob 
a responsabilidade de Napoleão, o 
primeiro problema de xadrez de au-
tor brasileiro publicado no Brasil: a 
autoria era justamente de Machado 
de Assis, que já escrevia crônicas no 
periódico. Este problema acabou 
sendo publicado também no livro 
Caissana Brasileira, de Arthur Na-
poleão, segundo livro sobre xadrez 
publicado no Brasil (o primeiro foi O 
Perfeito Jogador de Xadrez, de 
1850) e o mais icônico livro brasi-
leiro sobre xadrez publicado no sé-
culo XIX. O livro, lançado em 1898, 
é uma coletânea de 500 problemas 
de xadrez criadas por diversos auto-
res, além de trazer bibliografia e his-
tórico do jogo no Brasil. Sobre o pro-
blema de Machado, Napoleão es-
creve: "Como o poeta francês Alfred 
de Musset, Machado de Assis com-
pôs um bonito 2 lances." Em abril de 
1878, a Ilustração Brasileira deixa de 
sair. Três anos depois da pioneira 
publicação do problema enxadrís-
tico machadiano na Ilustração Bra-
sileira, a Revista Musical e de Belas-
Artes, fundada e editada por Napo-
leão e Leopoldo Miguez em 1879, 
anuncia o primeiro torneio de xa-
drez disputado no Brasil, em 1880. 
Participariam seis dos melhores 
amadores da Corte: Machado de As-
sis, Arthur Napoleão, João Caldas 
Viana Filho, visconde de Pirapitinga 
(o primeiro grande enxadrista brasi-
leiro e provavelmente o maior joga-
dor surgido no Brasil até 1930), 
Charles Pradez (suíço que residiu al-
guns anos no Rio de Janeiro), Joa-
quim Navarro e Vitoriano Palhares. 
Após as primeiras rodadas do tor-
neio, o resultado parcial divulgado 
mostrava Machado de Assis lide-
rando com seis pontos, seguido de 
Arthur Napoleão (cinco e meio), Cal-
das Vianna (quatro e meio), Charles 
Pradez (quatro), Joaquim Navarro 
(um) e Vitoriano Palhares (um). Ma-
chado de Assis terminou o torneio 
em terceiro lugar, atrás apenas de 
Arthur Napoleão e João Caldas Vi-
anna. A revista termina em 1880 e o 
Jornal do Comércio, em 1886, passa 
a publicar aos domingos uma coluna 
de Napoleão. Num artigo em retros-
pecto dos torneios de xadrez, publi-
cados por este jornal em 3 de janeiro 
de 1886, não há menção da partici-
pação de Machado entre os dispu-
tantes. 
 
 26 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Estes fatos foram pesquisados 
e coletados em revistas e jornais da 
época existentes na Biblioteca Naci-
onal por Herculano Gomes Mathias 
em "Machado de Assis e o jogo de 
xadrez", artigo publicado nos Anais 
do Museu Histórico Nacional, vo-
lume 13, 1952-1964, que estabelece 
também uma cronologia das men-
ções enxadrísticas em relação a Ma-
chado de Assis. Após o primeiro tor-
neio brasileiro de xadrez, cada vez 
mais rareiam documentos que rela-
cionem Machado ao jogo, mas seu 
interesse se manteve. Em 4 de ja-
neiro de 1882, fundava-se no Rio o 
Clube Beethoven, casa restrita com 
saraus íntimos e concertos de mú-
sica clássica que, em pouco tempo, 
contava com uma sala de xadrez. 
Através do Almanaque Laemmert de 
1884, é possível constatar que aderi-
ram ao Clube novos sócios enxadris-
tas, como Napoleão, Charles Pradez, 
Caldas Vianna e Machado de Assis. 
Machado de Assis, que também ser-
via na direção do clube funções de 
bibliotecário, lamenta o fim do clube 
em crônica de 5 de julho de 1896: " 
Mas tudo acaba, e o clube Beetho-
ven, como outras instituições idênti-
cas, acabou. A decadência e a disso-
lução puseram termo aos longos 
dias de delícias." Herculano Gomes 
Mathias nota, porém, que nos tor-
neios efetuados pelo clube, a partir 
de 1882, não consta a participação 
de Machado de Assis, nem mesmo 
no Club dos Diários, onde jogava 
muito, ao contrário de Caldas Vi-
anna e de Arthur Napoleão, cujos 
nomes estão na relação de associa-dos. Ainda assim, em crônica de 2 de 
janeiro de 1896, lemos uma referên-
cia ainda entusiasmada: "Meu bom 
xadrez, meu querido xadrez, que és 
o jogo dos silenciosos " Mathias ava-
lia: "A qualidade do jogo de Ma-
chado examinada através do estudo 
de suas partidas, e a facilidade com 
que solucionava os problemas publi-
cados na imprensa dão-nos uma 
ideia lisonjeira de sua força como jo-
gador. Vê-se que Machado de Assis, 
no que toca aos parceiros Arthur Na-
poleão e João Caldas Viana, estava 
em boa companhia." 
Tabuleiro de xadrez que per-
tenceu a Machado de Assis. Nos 
anos 60, o tabuleiro estava na posse 
do Marechal Estevão Leitão de Car-
valho. Em 1997, o tabuleiro de ma-
deira e vidro, em estilo imperial, era 
mantido junto a diversos outros mó-
veis de Machado, como sua cama e 
mesa da sala de jantar, em más con-
dições de conservação na biblioteca 
do Centro de Letras e Artes da Uni-
Rio. Um ano depois, a Academia 
Brasileira de Letras se apropriou de 
todo seu mobiliário e acervo e fez um 
cuidadoso restauro que foi até mes-
mo mostrado em exibição. Só exis-
 
 27 
HISTÓRIA DO XADREZ 
tem seis tabuleiros de xadrez escul-
pidos em madeira no mundo, sendo 
este o único na América do Sul. 
Em artigo intitulado "Macha-
do de Assis, o enxadrista", de 2008, 
para a Revista Brasileira, publicada 
pela Academia Brasileira de Letras, 
o enxadrista e analista de sistemas 
Cláudio de Souza Soares considera 
estes dados históricos todos para 
analisar se a mentalidade enxadrista 
de Machado de Assis poderia revelar 
algo de sua genialidade. Considera 
alguns momentos proeminentes em 
que o jogo aparece em sua obra. No 
conto "Antes que Cases..." (1875), a 
personagem Ângela diz para o per-
sonagem Alfredo: "- A vida não é um 
jogo de xadrez." No romance Iaiá 
Garcia (1878), volta atrás, ao descre-
ver que "Das qualidades necessárias 
ao xadrez, Iaiá possuía as duas es-
senciais: vista pronta e paciência be-
neditina; qualidades preciosas na 
vida, que também é um xadrez, com 
seus problemas e partidas, umas ga-
nhas, outras perdidas, outras nulas." 
Cláudio de Souza Soares afirma: "A 
discrição e a obstinação de Machado 
eram características de um grande 
enxadrista. Quanto mais sua obra se 
afirmar, mais ele se torna um ho-
mem retraído, calado, metido con-
sigo. Em 1880, época de sua mais in-
tensa atividade enxadrística, ele pú-
blica, originalmente como folhetim, 
o romance que para muitos é o divi-
sor de águas em sua carreira: Memó-
rias Póstumas de Brás Cubas." 
Anos mais tarde, no romance 
Esaú e Jacó (1904), Machado de As-
sis explica seu método de criação li-
terária, comparando a narrativa a 
um jogo de xadrez: "Por outro lado, 
há proveito em irem as pessoas da 
minha história colaborando nela, 
ajudando o autor, por uma lei de so-
lidariedade, espécie de troca de ser-
viços, entre o enxadrista e os seus 
trebelhos." ("trebelho" é qualquer 
peça de xadrez) O jogo ainda é men-
cionado em vários outros contos: 
"Questão de vaidade", "Astúcias de 
Marido", "História de uma Lágri-
ma", "Rui de Leão", "Qual dos Dois", 
"Quem Boa Cama Faz", "A Carto-
mante" e em diversas crônicas. Em 
seu artigo, Cláudio de Souza Soares 
sentencia: "Para a mente de um ro-
mancista-enxadrista, a associação 
do jogo com a literatura soa natural. 
A leitura de um livro é apenas uma 
das possibilidades que o arranjo de 
suas jogadas, ou histórias, pode con-
ter. Esse é o princípio da combinató-
ria. Esse é o princípio do jogo que 
Machado propõe aos seus leitores. 
Enquanto um livro de Macha-
do de Assis for exumado de uma es-
tante e lido, é porque a partida con-
tinua. Estamos em xeque. O próxi-
mo movimento de Machado de Assis 
é um enigma. A ressaca no olhar 
 
 28 
HISTÓRIA DO XADREZ 
inesgotável de Capitu é apenas um 
deles. Pistas essenciais para o estudo 
da obra do grande escritor brasileiro 
poderão ser descobertas nos labirin-
tos do tabuleiro, no contínuo movi-
mento de suas peças? Como ele pró-
prio nos aconselha em Iaiá Garcia, 
será preciso manter a vista pronta e 
a paciência beneditina, pois aqui (e 
assim é a própria vida) jogamos xa-
drez."" 
O interesse de Machado de As-
sis pelo xadrez prolongou-se por 
muitos anos, conforme revela sua 
correspondência com o amigo Joa-
quim Nabuco que, em 1883, lhe en-
via de Londres retalhos de jornais 
com transcrições de partidas, aten-
dendo ao pedido do amigo. Em crô-
nica de 25 de fevereiro de 1894, evo-
ca os personagens Próspero e Mi-
randa da última peça de Shakespe-
are, A Tempestade, para escrever: " 
diria à bela Miranda que jogasse co-
migo o xadrez, um jogo delicioso, 
por Deus! imagem da anarquia, on-
de a rainha come o pião, o pião come 
o bispo, o bispo come o cavalo, o ca-
valo come a rainha, e todos comem a 
todos. Graciosa anarquia, tudo isso 
sem rodas que andem, nem urnas 
que falem!" Em 1927, na introdução 
do seu livro Xadrez Elementar, Eu-
rico Penteado escreveu, em retros-
pecto e homenagem: "Enfim, uma 
era nova parecia surgir para o xadrez 
nacional, quase moribundo, após os 
dias brilhantes de Caldas Vianna, 
Arthur Napoleão, Machado de Assis 
e outros. 
 
Quem trouxe o Xadrez para o 
Brasil 
 
O xadrez tornou-se conhecido 
pelos brasileiros em 1808 graças a 
dom João 6º. Nessa época, o impe-
rador trouxe para o país o primeiro 
exemplar impresso de um trabalho 
sobre o jogo. 
A primeira competição oficial, 
no entanto, só foi realizada 72 anos 
depois. O primeiro brasileiro a con-
quistar renome internacional no es-
porte foi o Grande Mestre Henrique 
da Costa Mecking, o Mequinho, 
campeão brasileiro em 1967 e de 
1974 a 1979. 
O xadrez jogado atualmente, 
tem sua origem datada no período 
medieval. A forma de mexer as peças 
do jogo foi sendo alterada com o pas-
sar do tempo. 
O primeiro lugar onde ele apa-
receu, no entanto, ainda é um misté-
rio. Pesquisas apontam seu surgi-
mento tanto na época do rei Salo-
mão, que governou Israel de 961 a.C. 
a 922 a.C., outros, aos sábios man-
darins contemporâneos de Confúcio 
(551 a.C. a 479 a.C.). Porém há indí-
cios de que o xadrez já era disputado 
no Antigo Egito. 
 
 29 
HISTÓRIA DO XADREZ 
O documento mais antigo so-
bre o jogo é a pintura mural da câ-
mara mortuária de Mera, em Sa-
karah (nos arredores de Gizé, no 
Egito). A pintura representa algo se-
melhante a duas pessoas jogando 
xadrez e data de aproximadamente 
3.000 anos. 
 
A História do Xadrez na Ma-
temática 
 
Os jogos estão presentes no 
ensino por apresentarem uma rele-
vância no desenvolvimento cogni-
tivo e promover simulações de situ-
ações problemas, que requerem or-
ganização de procedimento de solu-
ções. Estudos relacionam o jogo de 
Xadrez com o ensino de Matemática 
por proporcionar situações que re-
querem tomadas de decisões, pensa-
mento crítico e que possibilitam 
aprendizagem através dos erros, si-
tuações vistas em problemas mate-
máticos, tendo sua aplicação na área 
da Matemática bastante vasta e não 
necessariamente de nível elementar. 
Os Parâmetros Curriculares 
Nacionais de Matemática (PCN) 
identificam os jogos como um ins-
trumento importante para o desen-
volvimento do aluno, pois os jogos 
levam o estudante a buscar um raci-
ocínio para resolver situações pro-
blemas que exijam soluções, por 
meio de uma situação prazerosa e 
interativa. Esse projeto tem por in-
tuito atender às exigências de tais 
Parâmetros, uma vez que se objetiva 
a formação de cidadãos críticos e au-
tônomos. 
Para muitos, o xadrez é uma 
ciência, outros afirmam que é um es-
porte. Considerando o xadrez um 
jogo, como vários outros jogos que 
existem pelo mundo, disputado por 
duas pessoas, o xadrez é um dos 
poucos jogos que exercita a mente 
das pessoas de forma intensa e, para 
alguns, prazerosa. Ele aumenta a au-
toestima, melhora a concentração, 
exercita a paciênciae faz enxergar 
que se deve obedecer a um sistema 
de regra e de ordens, tal como na so-
ciedade, mostrando que devem ser 
respeitados os padrões de compor-
tamento e as pessoas com as quais se 
convivem. 
Pode-se dizer que o jogo é um 
instrumento de extrema importân-
cia didática, pois, mais que uma di-
versão, é um meio que pode auxiliar 
na aprendizagem, disciplinar o tra-
balho do aluno e ensiná-lo compor-
tamentos básicos que podem ser ne-
cessários na formação de sua perso-
nalidade. 
O aluno quando inicia uma 
partida de xadrez fica à mercê de re-
gras e de limites, porque a violação 
dessas regras traz consigo uma puni-
ção. Essa punição mostra que o joga-
dor deverá ter limites que deverão 
 
 30 
HISTÓRIA DO XADREZ 
ser respeitados. Com isso, o jogador 
terá que aprender a ceder, a respei-
tar e a aceitar o ponto de vista dos 
demais, passando a limitar sua pró-
pria liberdade em favor dos outros. 
Ele começa a perceber que as regras 
são necessárias em todos os âmbitos 
de sua vida para que os aconteci-
mentos sejam mais organizados. 
Em uma partida de xadrez, o 
respeito mútuo entre os participan-
tes se faz sempre presente. Da mes-
ma forma que o Judô, o Caratê e ou-
tros esportes de luta têm um caráter 
disciplinador e de respeito entre os 
adversários, o xadrez também de-
senvolve esse mesmo respeito aos 
oponentes. O cumprimento ao ini-
ciar e ao finalizar uma partida e o 
respeito pelo silêncio do seu adver-
sário que está pensando em uma jo-
gada, ajudam a inserir no aluno par-
ticipante de uma partida de xadrez 
aspectos comportamentais que se-
rão refletidos no seu dia a dia. O xa-
drez é um jogo que na sua própria 
regra valoriza a conduta e o respeito 
ao seu adversário. Um exemplo para 
esse fato é a situação em que um rei 
não pode ficar na casa vizinha do seu 
oponente. Essa regra coloca em evi-
dência o respeito que um jogador 
deve ter em relação ao seu adversá-
rio. Todo jogo dotado de regras con-
tribui para a formação sócio afetiva 
do aluno, portanto, como o xadrez é 
um jogo com regras específicas, po-
de-se concluir que este tem grande 
influência social. 
A relação entre o professor e 
aluno sempre passará pela relação 
da afetividade, onde podemos desta-
car o carinho, a atenção, o amor e o 
respeito mútuo entre ambas as par-
tes. Esse respeito deverá ser recípro-
co, no qual um reconhece o outro co-
mo um ser único. O xadrez engran-
dece esse respeito entre o aluno e 
professor. O aluno enxerga na figura 
do professor um mestre no conheci-
mento do xadrez. Essa figura de 
mestre engrandece a imagem do 
professor. O lado social do jogo de 
xadrez se faz presente quando a au-
toestima e a autoconfiança de quem 
joga aumenta. Qual criança não se 
sente valorizada ao aprender a jogar 
xadrez? Quantos pais não ficam or-
gulhosos de um filho ao simples-
mente saber que ele está disputando 
uma partida de xadrez? O xadrez 
contribui de uma forma efetiva para 
a autoestima dos jogadores, mas 
sem egos inflados, já que derrotas 
são inevitáveis para qualquer joga-
dor. Poucos jogos ensinam a impor-
tância da concentração, como no xa-
drez, um deslize na concentração 
pode levar o aluno à derrota ou à vi-
tória. Alunos que praticam xadrez 
aprendem que a concentração é uma 
peça fundamental de um bom joga-
dor - essa característica é fundamen-
tal para o bom desempenho escolar 
 
 31 
HISTÓRIA DO XADREZ 
de qualquer aluno. Um aluno que 
aprende a se concentrar na hora dos 
estudos, é um aluno com boas con-
dições de aprendizado. O xadrez al-
cança várias competências. 
 No Projeto Xadrez nas Esco-
las da Federação Internacional de 
Xadrez - FIDE (2004) cita-se algu-
mas competências que o xadrez 
pode desenvolver: 
1. Uma atitude favorável ao xa-
drez, a qual permita apreciá-lo como 
elemento gerador de cultura. 
2. A capacidade de atenção, me-
mória, raciocínio lógico, inteligência 
e imaginação. 
3. Estabelecer vínculos entre os 
conhecimentos e experiências enxa-
drísticas e a vida cotidiana, indivi-
dual e social. 
4. Favorecer a assimilação das 
características do xadrez que contri-
buam com o harmonioso desenvol-
vimento intelectual, moral e ético da 
personalidade e que propiciem sua 
autonomia cognitiva. 
5. Priorizar a resolução de pro-
blemas. 
6. Contribuir para a elevação da 
autoestima. 
7. Favorecer o desenvolvimento 
da linguagem enxadrística e sua ha-
bilidade de argumentação. 
8. Tomar em conta, de maneira 
equilibrada, as diferenças individu-
ais. 
 
Esse contexto coloca o xadrez 
como um grande aliado do professor 
no processo de aprendizado do alu-
no e também na formação de um 
aluno crítico e participativo da sua 
sociedade. Infere-se assim que o xa-
drez é um jogo que consegue desen-
volver a autoestima e a autoconfi-
ança, que melhora a concentração e 
o comportamento dos alunos pe-
rante os professores e os seus cole-
gas e que representa uma impor-
tante ferramenta pedagógica. Mui-
tos fatores são apresentados para o 
possível fracasso no aprendizado da 
matemática, entre eles a falta de ha-
bilidades específicas. A forma como 
o conteúdo é trabalhado, pode ser 
também, uma das razões desse pro-
cesso. 
 Infelizmente, entre nós, o en-
sino de Matemática fica quase que 
apenas nos níveis de conhecimento e 
utilização de métodos e procedi-
mentos, isto é, o aluno aprende a ter-
minologia e as fórmulas e treina fa-
zer substituições para resolver pro-
blemas de rotina. A Matemática fica 
transformada em algo rígido, aca-
bado, chato, sem finalidade. 
A utilização de atividades lúdi-
cas é considerada por muitos como 
um meio para favorecer o ensino de 
matemática. O xadrez demonstra-se 
como sendo uma atividade lúdica 
que apresenta fatores que facilitam, 
 
 32 
HISTÓRIA DO XADREZ 
de uma forma mais prazerosa, o 
aprendizado de matemática. Nesse 
contexto, o aluno poderá apresentar 
as seguintes melhorias: 
 Compreender e apreciar o pa-
pel da Matemática como ins-
trumento de evolução da hu-
manidade; 
 Planejar ações e projetar solu-
ções para problemas novos 
que exijam iniciativa e criativi-
dade; 
 Compreender e transmitir 
ideias Matemáticas, por es-
crito ou oralmente; 
 O raciocínio para aplicar a Ma-
temática no dia a dia proporci-
onando confiança na sua capa-
cidade de resolver problemas 
complexos; 
 Utilizar métodos matemáticos 
para resolver problemas roti-
neiros e problemas abertos; 
 Perceber que existem proble-
mas sem solução definida e 
problemas com ausência ou 
excesso de informações; 
 Avaliar se os resultados obti-
dos na solução de situações 
problemas são ou não são ra-
zoáveis; 
 Fazer estimativas mentais de 
resultados com cálculos apro-
ximados; 
 Saber aplicar técnicas básicas 
de cálculo aritmético; 
 Saber empregar o pensamento 
algébrico, incluindo o uso de 
gráficos, tabelas, fórmulas e 
equações; 
 Saber utilizar os conceitos fun-
damentais de medidas em si-
tuações concretas; 
 Conhecer as propriedades das 
figuras geométricas planas e 
sólidas, relacionando-as com 
os objetivos de uso comum no 
dia- a- dia; 
 Utilizar a noção de probabili-
dade para fazer previsões de 
eventos ou acontecimentos; 
 Integrar os conhecimentos al-
gébricos e geométricos para 
resolver problemas, passando 
de um desses conhecimentos 
para outro, a fim de enriquecer 
a interpretação do problema, 
encarando-o sob vários pontos 
de vista. 
 
O Xadrez como Ferramentas 
de Ensino 
 
O conhecimento fragmentado 
vem sendo cada vez mais questio-
nado como sendo um dos problemas 
da educação, “o conhecimento está 
cada vez mais fragmentado, por 
causa das disciplinas escolares, e por 
isso, que se diz cada vez mais, faça-
mos interdisciplinaridade”. O xa-
drez possui lendas, mitos, verdades 
e mentiras em sua volta, isso traz um 
vasto material para ser trabalhado 
em sala de aula. O xadrez éum jogo 
milenar com muita história para 
contar, sendo também um jogo de 
socialização entre alunos, professo-
 
 33 
HISTÓRIA DO XADREZ 
res e comunidade. O xadrez repre-
senta uma possibilidade para reali-
zação de um trabalho interdiscipli-
nar. Podem-se envolver as seguintes 
disciplinas: 
Artes: trabalho da confecção de pe-
ças com materiais reciclados. 
Inglês: trabalho com palavras téc-
nicas do xadrez, para poder se utili-
zar nos jogos on-line, onde o inglês é 
essencial. 
Educação física: trabalhar a soci-
alização e realizar torneios entre os 
alunos. Entre os torneios pode ser 
realizado o xadrez humano, onde os 
alunos representam peças de um ta-
buleiro de xadrez. 
História: trabalhar a lenda da ori-
gem do xadrez e a evolução do xa-
drez com a evolução da sociedade, 
mostrando que as peças foram mu-
dando com a evolução da sociedade. 
Informática: jogar de forma on-
line partidas e torneios como tam-
bém trabalhar com programas espe-
cíficos de xadrez. 
Geografia: trabalhar com as carac-
terísticas dos países que deram a ori-
gem ao xadrez como a Pérsia e a Ará-
bia, bem como os países europeus 
que apresentaram importância para 
o desenvolvimento do jogo. 
Português: trabalhar sobre a lite-
ratura no jogo do xadrez, culmi-
nando com uma amostra sobre poe-
sias com o tema de xadrez. 
 Em uma perspectiva interdis-
ciplinar, os alunos se sentem mais 
motivados, mais capazes de lidar 
com questões e problemas comple-
xos, e mais engajados em pensa-
mentos de nível mais alto. Eles 
aprendem a ver conexões e a lidar 
com a contradição. Mostram mais 
criatividade e atenção, e até mesmo, 
melhor assimilação em virtude das 
múltiplas conexões, além de ganhar 
perspectiva em relação às discipli-
nas. 
O aprendizado, quando basea-
do na prática e na descoberta, assim 
como o jogo de xadrez também en-
coraja as conexões, como os mode-
los de aprendizado processuais e di-
alógicos, que põem peso na consci-
ência do papel do pensamento críti-
co. A sala de aula deve ser um espaço 
multifacetado, um local de cresci-
mento pessoal e interpessoal, que 
permita a busca de experiências sig-
nificativas; um local de incentivo à 
descoberta, que leve à construção de 
conhecimento; um local que desen-
volva a capacidade de raciocínio; um 
local de desenvolvimento da com-
preensão ética, sendo o professor 
um modelo de integridade profissio-
nal. 
A simples prática do xadrez 
não garante o desenvolvimento de 
habilidades específicas e a formação 
de um aluno conhecedor de diferen- 
 
 34 
HISTÓRIA DO XADREZ 
tes áreas, mas ele representa uma 
importante ferramenta pedagógica 
para a formação do aluno. Cada vez 
mais os profissionais da educação 
veem no xadrez mais do que um jogo 
milenar, eles percebem que ele pode 
representar uma importante ferra-
menta no processo educacional. O 
xadrez é realmente um excelente 
exercício para o cérebro e exige mui-
to das emoções. A pessoa adquire 
um senso prático de organização, 
concentração e desenvolve de forma 
muito especial a memória. O xadrez 
trabalha a imaginação, memoriza-
ção, planejamento e paciência. 
Nas escolas do primeiro mun-
do, o xadrez é praticado há décadas, 
onde os alunos além de todo esse de-
senvolvimento citado melhoram 
muito sua disciplina, relacionamen-
to com as pessoas, respeito às leis, às 
regras. O xadrez representa uma ati-
vidade que desenvolve diversas ha-
bilidades nos jogadores, podendo 
também desenvolver várias áreas 
das expressões humanas. 
O xadrez não passa de um pu-
nhado de tocos de pau, dispostos so-
bre uma tábua quadriculada, situada 
entre duas criaturas incompreensi-
velmente absortas, que, dominadas 
por uma espécie de autismo, desper-
diçam inutilmente seu tempo, 
olhando para este brinquedo sem 
graça, enquanto o mundo ao seu re-
dor pode desmoronar sem que se 
apercebam disso. Esta é a interpre-
tação do homem vulgar, insensível e 
apático; incapaz de enxergar as es-
sências, homem que se conforma 
com uma visão superficial das coisas 
e se deixa seduzir pelas aparências 
de outras atividades menos belas e 
eloquentes. Para o homem mediano, 
o xadrez é um mero acessório, útil 
tão somente porque contribui para 
desenvolver diferentes faculdades 
mentais, melhorando o desempenho 
escolar nas crianças, intensificando 
a acuidade mental nos adultos e pre-
servando por mais tempo a agilidade 
mental nos idosos. Porém, para o 
homem espirituoso, criativo e em-
preendedor, o xadrez é uma das 
mais ricas fontes de prazer, um meio 
no qual se encontram elementos 
para representar as mais admiráveis 
concepções artísticas, um campo 
pelo qual a imaginação pode voar li-
vremente, produzindo, com encan-
tadora beleza, ideias deliciosamente 
sutis e originais. 
O xadrez é uma das raras e 
preciosas atividades em que o ho-
mem pode explorar ao fundo suas 
emoções, atingindo estados de pra-
zer tão sublimes, tão ternos, tão in-
tensos, que só podem ser igualados 
pelas sensações proporcionadas pe-
lo amor e pela música. Muitos países 
europeus como a França, Rússia, 
Alemanha desenvolvem nas escolas 
o xadrez como atividade curricular. 
 
 35 
HISTÓRIA DO XADREZ 
Essas atividades vêm demonstrando 
uma melhoria no rendimento esco-
lar dos alunos por trabalhar e desen-
volver certas habilidades nos estu-
dantes. Dentre as habilidades que 
podem ser desenvolvidas destacam-
se: a concentração, atenção, paciên-
cia, análise e síntese, imaginação, 
criatividade, organização nos estu-
dos, entre outras. 
 Além dessas devemos desta-
car também o raciocínio logico. Es-
sas habilidades são frequentes de se-
rem exigidas dentro de questões ma-
temáticas, mas também abrangem 
outras áreas do conhecimento. Um 
aluno que consegue desenvolver es-
sas habilidades durante a sua vida 
escolar apresenta grandes condições 
de ter um sucesso acadêmico. O jogo 
de xadrez se desenvolve na mente do 
jogador, ele não é um jogo de sorte 
ou azar, e sim, um jogo que necessita 
da utilização de várias competências 
a serem desenvolvidas durante a 
partida. Com o xadrez o aluno rea-
liza uma série de exercícios, nos 
quais ela realiza uma série de combi-
nações de lances a serem realizados, 
tendo um número muito grande de 
possibilidades a serem analisadas e 
decidas. Isso reforça habilidades co-
mo reflexão, observação de análise e 
de síntese. O jogador deverá mental-
mente visualizar o tabuleiro como 
um todo e não fragmentado apenas 
na parte da sua jogada ou do seu 
oponente, as peças interagem neces-
sitando assim de uma visão geral. 
Essa mesma habilidade demonstra 
como o xadrez é importante para de-
senvolver uma questão de elementos 
gerais, em que uma parte está ligada 
a outras. Em uma partida de xadrez, 
a concentração e a atenção são habi-
lidades que são desenvolvidas de 
uma forma constante. A cada lance o 
jogador deverá ficar atento a sua jo-
gada e à jogada de seu adversário, 
deverá concentrar-se para melhor 
posicionar suas peças para sua de-
fesa e para realizar a melhor estraté-
gia de ataque. Essas atenção e con-
centração contribuem para que o 
aluno possa resolver questões que 
envolvam essas habilidades, seja na 
matemática ou em qualquer outro 
conteúdo. Uma única jogada poderá 
decretar a vitória ou a derrota em 
uma partida. O jogador fica a uma 
constante pressão, jogada após jo-
gada e a cada momento uma nova 
estratégia, deverá ser formada, uma 
nova decisão deverá ser tomada. 
Quando o aluno chega em uma ava-
liação por escrito ele deverá encon-
trar a melhor solução em um deter-
minado tempo e local, dessa forma o 
aluno que pratica o xadrez está me-
lhor preparado para enfrentar essas 
situações. 
 
36 
 
 36 
37 
 
 
HISTÓRIA DO XADREZ 
37 
4. Referências Bibliográficas 
 
CASTRO, C. Uma história cultural do xa-
drez. Cadernos de Teoria da Comunicação,Rio de Janeiro, v.1, nº2, p.3-12,1994. 
 
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Informação, 2013-2019. Disponível em: 
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PINTO. F. P. et al. O JOGO DE XADREZ E 
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Programa de Pós-Graduação em Ensino de 
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REZENDE, S. Xadrez na escola – Uma 
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edição. Rio de janeiro: Editora Ciência 
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SANTOS, P.S. dos. O que é xadrez. Editora 
Brasiliense, São Paulo SP. 1ª edição, 2017. 
 
 
 
 
 
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