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b (teoria do crime} 1. Conceito de crime 1.1 Critério material ou substancial - crime é a ação ou omissão humana (e também da PJ nos crimes ambientais) que lesa ou expõe a perigo de lesão um bem jurídico penalmente protegido. - leva em consideração a relevância do mal causado ao bem jurídico. - funciona como um fator de legitimação do DP, atendendo aos princípios da intervenção mínima, ofensividade, proporcionalidade, etc. 1.2 Critério legal - crime é o que a lei define como tal: Lei de Introdução ao CP, art. 1º. ↳ gênero: infração penal ↳ espécies: crime/delito e contravenção - a diferença não é ontológica, mas meramente qualitativa e quantitativa. crime: Pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. contravenção (crimes liliputianos): Pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. * as contravenções foram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal (art. 109, IV, CF), ainda que ofendam interesse da União. * exceção: agente com foro por prerrogativa de função da JF 1.2.1 Sistema dicotômico (dualista) e tricotômico - alguns países adotam o critério tricotômico: crime: infração mais grave delito: infração intermediária contravenção: menos grave - o CPP e a CF, em alguns momentos, usam a palavra “delito” como sinônimo de infração penal (ex: “flagrante delito”) 1.2.2 art. 28 da Lei de Drogas - STF: o art. 28 é crime, o que houve foi uma despenalização no tocante à pena privativa de liberdade. 1.3 Conceito formal, analítico ou dogmático - leva em conta a estrutura, os elementos do crime. teoria quadripartida Fato típico Ilicitude Culpabilidade Punibilidade ⤿ não é elemento do crime, mas um reflexo seu teoria tripartida Fato típico Ilicitude Culpabilidade ⤿ o fato é típico e ilícito, o agente é culpável ↳ clássico: obrigatoriamente tripartido ↳ finalista: pode ser tripartido ou bipartido (em regra, é tripartido) teoria bipartida Fato típico Ilicitude ⤿ a culpabilidade seria pressuposto de aplicação da pena - o CP é finalista, mas quanto a ser tripartido ou bipartido, não há resposta segura. 2. Sistemas penais 2.1 Sistema clássico (Von Liszt, Beling, Radbruch) • Conduta: teoria causalista (mecanicista, naturalista, causal) Conduta é o comportamento humano voluntário que produz um resultado no mundo exterior. A conduta independe da culpabilidade. A voluntariedade é de fazer algo, não de praticar um resultado criminoso. • Culpabilidade: teoria psicológica Culpabilidade é o vínculo psicológico representado pelo dolo ou pela culpa entre o agente imputável e o fato típico e ilícito por ele praticado. • Estrutura do crime: Fato Típico Ilicitude Culpabilidade Conduta Resultado Causalidade Tipicidade Relação de contrariedade entre fato típico e norma Imputabilidade Dolo (normativo) ou culpa ⤿ Aquele que é clássico é necessariamente tripartido, pois o dolo e a culpa estão na culpabilidade. Excluída a culpabilidade, haveria a consagração da responsabilidade penal objetiva. 2.2 Sistema neoclássico/neokantista (Reinhart Frank) • Conduta: teoria causalista • Culpabilidade: teoria psicológico-normativa - Teoria da normalidade das circunstâncias concomitantes (teoria da evitabilidade): só é culpável quem pratica o fato típico e ilícito em uma situação de normalidade, quando lhe era exigível uma conduta diversa. • Estrutura do crime: Fato Típico Ilicitude Culpabilidade Conduta Resultado Causalidade Tipicidade Relação de contrariedade entre fato típico e norma Imputabilidade Dolo (normativo) ou culpa Exigibilidade de conduta diversa ⤿ A teoria psicológico-normativa acrescenta um 3º elemento na culpabilidade (a exigibilidade de conduta diversa) e autoriza o surgimento de duas excludentes: a coação moral irresistível e a obediência hierárquica, além de abrir espaço para causas supralegais. 2.3 Sistema finalista (Hans Welzel) • Conduta: teoria finalista Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim. • Culpabilidade: teoria normativa pura Os elementos psicológicos foram deslocados para a conduta. A culpabilidade do sistema finalista é chamada de “culpabilidade vazia” por ser esvaziada no plano psicológico. • Estrutura do crime: Fato Típico Ilicitude Culpabilidade Conduta (dolo/culpa) Resultado Causalidade Tipicidade Relação de contrariedade entre fato típico e norma Imputabilidade Potencial consciência da ilicitude Exigibilidade de conduta diversa ⤿ Saída do dolo e da culpa da culpabilidade para a conduta. ⤿ Consciência da ilicitude fica na culpabilidade e deixa de ser atual, passando a ser potencial. ⤿ O dolo no finalismo é natural, pois independe da consciência da ilicitude.
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