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Controle Microbiológico e Esterilização

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MICROBIOLOGIA 
 
@veterinariasouanimal 
 
 
O controle microbiológico é necessário para: 
-prevenir ou controla a transmissão de doenças infecciosas 
-prevenir a contaminação de materiais cirúrgicos por micro-organismos 
-prevenir a contaminação ou crescimento de micro-organismos em alimentos 
 
Terminologia: 
Infecção – toda vez que um micro-organismo entra em um hospedeiro vivo. 
Contaminação – quando o micro-organismo está em um objeto inanimado. 
 
Doença – infecção apresenta sintomas e/ou sinais clínicos. 
Infecção – entrada e multiplicação de micro-organismos, inclusive esporos. 
 
Esterilização – relacionado a coisas inanimadas. É a destruição total (100%) de 
microorganismos, inclusive esporos. 
Desinfecção – remoção parcial, ou seja, a diminuição da quantidade de 
microorganismos patogênicos de superfícies inanimadas. 
Antissepsia – remoção parcial, ou seja, a diminuição da quantidade de 
microorganismos patogênicos de superfícies animadas. 
 
Todos os micro-organismos têm uma temperatura ótima de crescimento, tolerando 
variações. A maioria dos micro-organismos é classificada como mesófilos, ou seja, 
crescem e temperatura entre 20-40°C. 
 
Processos físicos e químicos 
-físicos – geralmente relacionados à temperatura. 
-químicos – relacionados a produtos químicos – desinfecção/antissepsia. 
 
Físicos: 
• Frio – retarda a multiplicação 
-refrigeração 
-congelamento 
-conservação de alimentos, drogas e culturas. 
• Calor (seco) – esterilização 160°C/2h 
-estufa. Ex: vidro, material cirúrgico, gase, fio de sutura, etc. 
-bico de Bunsen – possui um cone de esterilidade. Materiais dentro da área desse cone 
estão estéreis. 
-vassoura de fogo – era utilizada como meio de controle microbiológico do chão. -
incineralização – o ideal é a incineralização de todas as carcaças, para evitar a 
contaminação do solo, lençóis freáticos, etc. 
• Calor (úmido) – esterilização 120°C/20min – mais potente que o calor seco. -
autoclave – semelhante a panela de pressão. Antes de abrir, deve-se esperar 
alguns minutos, pois há risco de explosão. Ex: material cirúrgico, pijama 
cirúrgico, etc. Plástico suporta esterilização na autoclave. 
-água em ebulição – método pouco seguro, pois as células são destruídas, mas não os 
esporos. Geralmente utilização caseira. 
-pasteurização – desnaturação de proteínas. Diminuição significativa da carga 
microbiana. Aumenta muito a temperatura e resfria rapidamente, causando choque 
térmico. Mata a bactéria da tuberculose e brucelose, que passam para o leite, no caso 
de vacas infectadas. 
• Radiação 
-ionizante – raios gama. Limitada por fios de sutura. 
-não ionizante – raio UV. Não utilizada para esterilização. Age sobre o DNA. Ação 
repelente. 
• Filtração – utilização dos filtros bacteriológicos. 
-filtros descartáveis e autoclavados, para não contaminar o ambiente. 
-processo utilizado para substâncias que não podem sofrer elevações de temperatura 
(termolábeis). 
-produtos biológicos: vitaminas, enzimas, antibióticos, soro. 
 
Químicos: 
Fatores que condicionam a eficácia dos desinfetantes e antissépticos: 
• Agente infeccioso – necessário saber qual produto químico é capaz de destruir 
o agente em questão. A eficácia do produto não é a mesma para todos os 
agentes. 
• Armazenagem do produto – características moleculares são modificadas em 
condições de armazenagem incorretas, diminuindo a eficácia do produto. 
• Concentração do produto 
• Tempo de atuação 
• Presença de matéria orgânica – deve ser feita remoção mecânica, com 
utilização de esfregão, água e sabão antes da aplicação do produto, pois com 
presença de urina e fezes, sua eficácia é alterada. 
 
Príon – proteína infecciosa – causa BSE (doença da vaca louca). 
Ordem de resistência de micro-organismos: 
Príon>esporos>microbactéria>vírus não lipídicos>fungos>bactéria em forma 
vegetativa>vírus lipídico. 
-microbactéria – parede celular diferente, mais resistente. Ex: tuberculose. 
 
 
 
 
BACTERIOLOGIA 
Bactéria: célula procarionte 
Fungos: célula 
eucarionte 
 
Componentes celulares obrigatórios: 
- material genético 
- membrana citoplasmática 
- citoplasma 
- parede celular 
 
• Citoplasma – material genético, ribossomos, inclusões citoplasmáticas. O 
material genético de uma bactéria é composto por uma fita simples de DNA 
que se encontra dispersa no citoplasma bacteriano. *se esticada, a fita 
alcançaria mil vezes o tamanho da célula. 
(vírus possuem fita simples de RNA) 
Os ribossomos são compostos de 40% de RNA e 60% de proteína. A síntese proteica 
corresponde a 90% da atividade celular. Uma bactéria pode apresentar até 15mil 
ribossomos. 
As inclusões citoplasmáticas não possuem função específica. Funcionam como fonte e 
armazenamento energético. São aglomerados de substâncias que armazenam energia 
composta de glicogênio e amido. 
 
• Membrana – membrana, mesossomos. 
 
É uma bicamada semipermeável que tem como função a entrada e saída de íons por 
meio de transporte ativo, síntese de ATP e auxílio na formação da parede celular. É 
formada por fosfolipídios e proteínas. 
Mesossomos são invaginações na membrana. A divisão celular ocorre sempre a partir 
de um mesossomo. 
 
• Parede celular – define a bactéria em: 
GRAM +: coloração roxa. 
GRAM -: coloração vermelha. 
Tem como função a proteção física da célula, conferindo rigidez e forma à mesma. 
Composta por uma camada Peptideoglicano (aminoácido, aminoaçúcar e ácido acetil 
urano). 15-50% em bactérias GRAM + e 5-10% em bactérias GRAM -, sendo que as 
ultimas possuem ainda uma camada externa à de peptideoglicano composta de 
fosfolipídio, lipoproteína e lipopolissacarídeo (LPS). 
Bactérias GRAM - são mais sensíveis. 
 
Constituintes não obrigatórios: 
• Cápsula – camada externa à parede celular. As bactérias que apresentam 
cápsula são mais resistentes. 
O processo de fagocitose ocorre pela ligação de receptores específicos dos macrófagos 
com os receptores presentes na parece celular. A cápsula mascara o receptor da 
bactéria, impedindo a fagocitose, portanto é necessária a administração de 
antibióticos (a cápsula também atrapalha a ação de antibióticos). 
 
• Flagelos – é uma pense filamentosa comprida, de natureza proteica (proteína 
flagelina) que tem por função conferir motilidade à célula. Podem ser 
encontrados em 4 tipos: 
Monotríquio – apenas um flagelo preso em uma extremidade do corpo bacteriano 
 
Lofotríquio – tufo de flagelos saindo de uma extremidade do corpo bacteriano 
 
Anfitríquio – um flagelo preso em cada extremidade do corpo bacteriano 
 
Peritríquio – flagelos presos ao redor de todo o corpo bacteriano 
 
 
• Esporos – camada de cálcio que se deposita ao redor da bactéria. Confere 
resistência bacteriana. Quando na forma esporolada, a bactéria não se 
multiplica. 
Ex: gênero Clostridium sp 
A bactéria é encontrada em forma vegetativa, enquanto está no hospedeiro. Se por 
algum motivo ela sai do hospedeiro, sofre desidratação e passa pelo processo de 
esporulação, entrando em forma esporolada. Ao encontrar um novo hospedeiro, volta 
para o estado vegetativo através da germinação. 
O processo de germinação só ocorre em estado de anaerobiose. 
Caso o esporo não encontre anaerobiose durante sua passagem pelo organismo, é 
eliminado ainda em forma de esporo. 
 
Morfologia Bacteriana Formas: 
- coco – 90% das bactérias estão neste formato. 
 
- bastonete 
 
- vibrião – não é encontrado na veterinária. Ex: cólera. 
 
- espiralada (forma helicoidal) – ex: leptospira. 
 
Arranjos Bacterianos: 
- dipilococos – 2 cocos 
 
- estreptococos – cocos agrupados em forma de cordão ou colar 
 
- estrafilococos – cocos agrupados de forma semelhante a um cacho de uva 
 
- tétrade – 4 cocos em esquema tridimensional 
 
- sarcina – 8 cocos em esquematridimensional 
 
- diplobastonetes – 2 bastonetes 
 
- estreptobastonetes – bastonetes agrupados em forma de cordão ou colar 
 
Fatores de Virulência bacterianos Barreiras 
que a bactéria encontra: 
1° - barreira natural ou física 
2° - ação do sistema imunológico (formado por uma série de células com função de 
defesa). 
 
Os fatores de virulência são estruturas ou substâncias produzidas pelas bactérias que 
facilitam sua patogenicidade (capacidade de causar doença), driblando a 1ª e 2ª 
barreira. São divididos em: 
• Fator de colonização – estruturas com função de adesão. 
-Pili/Fímbrias – apêndice filamentoso curto formado pela proteína pilina. Presente em 
bactérias GRAM -. 
 
-Glicocálices – apêndice filamentoso curto formado por polissacarídeos. Presente em 
bactérias GRAM +. 
 
• Fator de penetração ou difusão 
-Hialuronidase – produzida por algumas bactérias do gênero Staphylococcus sp. Tem 
função de degradar o ácido hialurônico presente no tecido conjuntivo. 
-Fibrolisinas – produzida por algumas bactérias do gêneto Staphylococcus sp. Tem 
função de degradas a fibrina da crosta que protege a ferida, penetrando e infectando. -
Coagulase – produzida pela Staphylococcus aureus. A bactéria produz coagulase até 
que, por falta de espaço físico, sua membrana se rompe, e a coagulase extravasa, 
envolvendo a bactéria. Atrapalha a fagocitose, pois a bactéria é mascarada. -
Hemolisina – produzida por Streptococcus sp, Leptospira sp. Destrói a hemácia, 
rompendo sua membrana citoplasmática. 
*Hemoglobinúria – xixi com alto nível de sangue, apresentando coloração muito 
escura. Hemorragia com hemácias destruídas, devido à ação da hemolisina. 
 
• Fator que interfere com a fagocitose Organismo internalizado – fagossomo 
 
Organismo envolvido + enzimas lisossomais – fagolisossomo 
 
-Cápsula – receptores mascarados. Impede o fagossomo. 
-Leucocidina – enzima tóxica para leucócitos (células de defesa do sistema 
imunológico). Não ocorre fagocitose, pois a bactéria libera leucocidina, que mata o 
macrófago antes deste digeri-la. 
-Capacidade de sobrevivência intracelular – ex: tuberculose, brucelose. Bactéria entra 
no macrófago e impede a ação das enzimas lisossomais, impossibilitando a digestão e 
formação do fagolisossomo. Fica no macrófago, se reproduzindo. 
*Granuloma – conjunto de células tentando matar uma bactéria dentro de um 
macrófago. 
 
• Fator tóxico 
-Exotoxinas – toxinas produzidas por bactérias GRAM +. É produzida dentro da bactéria 
e liberada constantemente. São letais. Ex: tétano. 
-Endotoxinas – toxinas produzidas por bactérias GRAM -. É produzida e armazenada no 
interior da bactéria, sendo liberada apenas no processo de lise celular. Ex: intoxicação 
alimentar. 
*Botulismo – 0,0001 ml é letal para uma cobaia adulta (botox) 
 
Nutrição e crescimento bacteriano 
Metabolismo bacteriano – pode ser aeróbico ou anaeróbico. 
 
Fatores necessários para o crescimento bacteriano: 
Físicos 
• Temperatura – para infectar e causar doença, a bactéria deve estar em 
temperatura de crescimento próxima à temperatura corpórea de seu 
hospedeiro. 
São divididas, de acordo com a temperatura em: 
-Psicrófilas – possuem temperatura de crescimento entre 0-20°C, sendo 15°C a 
temperatura ótima. 
*Psicotróficos – temperatura de crescimento entre 0-40°C – bactérias que degradam 
alimento. 
-Mesófilas – temperatura de crescimento entre 20-40°C, tendo como temperatura 
ótima 37°C. 
A maioria dos micro-organismos patogênicos e que degradam alimento se encontram 
nessa classificação. 
-Termófilas – temperatura de crescimento superior a 40°C, estando a temperatura 
ótima por volta de 50-60°C. 
 
Aumento de temperatura causa degradação de proteínas e destruição de estruturas, 
levando à morte bacteriana. 
Diminuição da temperatura ocasiona a queda da taxa de reprodução do 
microorganismo. 
 
*Existem bactérias que vivem em gêiseres, portanto suportam temperaturas 
extremamente elevadas, que são utilizadas na fabricação de papel. 
• Umidade – é fundamental para o desenvolvimento bacteriano. 
• pH – a maioria das bactérias se desenvolve melhor em pH neutro (6,5-7,5). 
Poucas bactérias se desenvolvem em pH ácido (<4,0). 
 
• Pressão osmótica – concentração de solutos da solução. 
Os microrganismos retiram da água, presente no seu meio ambiente, a maioria dos 
seus nutrientes solúveis. A água presente dentro da célula pode ser removida por 
elevações na pressão osmótica. Quando uma célula microbiana se encontrar em uma 
solução contendo uma concentração de sais superior àquela do interior da célula 
(solução hipertônica) ocorrerá a passagem da água de dentro da célula, através da 
membrana plasmática, para o meio extracelular. A perda de água por osmose causa a 
plasmólise ou diminuição da membrana plasmática da célula. 
Ocorre a inibição do crescimento no momento em que a membrana plasmática se 
separa da parede celular. Assim, a adição de sais em uma solução, com consequente 
aumento da pressão osmótica, pode ser utilizada na preservação dos alimentos, pois a 
alta concentração de sal ou de açúcar remove a água do interior da célula microbiana 
impedindo seu crescimento. 
 
Químicos 
• Carbono – é um dos elementos mais importantes para o crescimento 
microbiano. 
É essencial na síntese de compostos orgânicos, enzimas, entre outros, necessários para 
a viabilidade celular. 
 
• Nitrogênio, Enxofre e Fósforo. 
Síntese proteica realizada por nitrogênio e enxofre. 
Síntese de DNA, RNA e ATP realizada por nitrogênio e fosfato. 
O nitrogênio corresponde a aproximadamente 14% do peso seco da bactéria, 
enquanto o enxofre e fósforo equivalem a aproximadamente 4% desse peso. 
 
• Oligoelementos – ferro, cobre, molibdênio e zinco (Co-fatores enzimáticos). 
Estão presentes na água ou outros meios de cultura. 
 
• Oxigênio – necessário para a respiração aeróbica. 
Os microrganismos capazes de utilizar oxigênio molecular são capazes de produzir mais 
energia a partir do uso de nutrientes que organismos anaeróbicos. 
São divididas de acordo com sua necessidade de O2 em: 
-Aeróbio – produção de energia a partir de nutrientes, utilizando oxigênio. 
-Anaeróbio – não utiliza O2 molecular para produção de energia. 
-Anaeróbio facultativo – utiliza O2 para produzir energia, mas continuam seu 
crescimento na ausência do mesmo, através de respiração anaeróbica ou fermentação. 
-Microaerófilo – aeróbio, porém necessita de O2 em quantidade inferior à presente no 
ar. 
Os aeróbicos obrigatórios possuem uma desvantagem em relação aos outros 
organismos, pois o oxigênio não é capaz de dissolver-se eficientemente na água que 
possui, portanto, baixos níveis de oxigênio dissolvido. Em função disso muitas bactérias 
aeróbicas desenvolveram a capacidade de continuar seu crescimento na ausência de 
oxigênio. 
 
• Fatores orgânicos de crescimento – são compostos orgânicos essenciais que o 
micro-organismo não é capaz de sintetizar, devendo ser retirados diretamente 
do meio em que vivem. Vitaminas e aminoácidos. 
 
Meios de cultura: 
1. Material nutriente preparado no laboratório. 
Algumas bactérias crescem em qualquer meio de cultura, outras necessitam de meios 
especiais, e há ainda bactérias que não crescem em nenhum meio de cultura já 
desenvolvido. Deve ser: 
-estéril 
-incubado em temperatura e tempo adequados. 
2. Inóculo 
Micro-organismo é colocado em um meio de cultura para iniciar seu crescimento. 
3. Cultura 
É o nome dado no estágio em que os micro-organismos já cresceram, em um meio de 
cultura. 
 
Meios: 
-Sólido – contem agentes solidificantes, principalmente Ágar. Em tubos de ensaio, em 
pé ou inclinado, ou em placa de Petri, acrescido de sangue. 
-Líquido – não contem agentes solidificantes, apresenta-se como caldo. Utilizado para 
ativação das culturas, repiques de micro-organismos,provas bioquímicas, entre outros. 
Em tubos de ensaio. Deve-se observar sua turvação: se continuar transparente indica 
que não houve crescimento bacteriano. 
-Semi-sólidos – a quantidade de Agar ou gelatina é reduzida, dando uma consistência 
intermediária, de modo que permite o crescimento de micro-organismos em tensões 
variadas de oxigênio e verificação da motilidade. Utilizado também na conservação de 
culturas. 
 
 
 
 
Para observar colônias separadas, deve-se passar o liquido no ágar sangue, ‘gastando’ 
o material, passando a espátula repetidas vezes sobre a placa. 
 
 
Meio nutritivo geral: 
-contem fatores químicos necessários para o crescimento microbiano 
-composição exata conhecida Meio enriquecido: 
-meio nutritivo geral que contem produtos biológicos – sangue, soro, gema de ovo. 
Meio complexo: 
-contem compostos de nutrientes como extrato de levedura, caldo de carne ou de 
plantas (contem vitamina) ou produtos de digestão proteica (peptonas). 
-composição exata pode variar. Sabe-se os componentes, mas não a quantidade exata. 
Meio seletivo: 
-favorece o crescimento da bactéria de interesse. 
Meio diferencial: 
-facilita a identificação da colônia da bactéria de interesse quando existem outras 
parecidas na mesma placa. 
 
Meio para crescimento de anaeróbios: 
-redutores (tioglicolato de sódio – se combinam com O2 dissolvido e o elimina do meio 
de cultura). Estão presentes no meio, a superfície é coberta com tampa de parafina 
para que não entre em contato com o ar. 
-estufas de CO2. 
-caldos: tubos com tampas vedadas ou parafina na superfície do meio. 
-placas: jarras com sistema de provocação de anaerobiose. 
 
Obtenção de cultura pura: 
Este método permite obtenção de culturas puras através do isolamento de colônias 
(método de esgotamento). 
 
Meios de identificação: 
Provas bioquímicas: 
-catalase 
-oxidase 
-uréia 
-fermentação de açúcar 
-motilidade -outras 
Isola-se uma cultura que é colocada em um caldo para que ocorra sua multiplicação. 
Caldo é separado para os diferentes testes. Montar uma tabela com os resultados e 
comparar com uma já existente sobre as bactérias possíveis. 
 
Preservação de cultura de bactéria 
Refrigeração para armazenar por poucos dias. 
Congelamento para armazenar durante longos períodos, em temperatura de 
aproximadamente -80°C, com adição de glicerol para proteção da estrutura bacteriana. 
Liofilização – rápido congelamento da cultura com imediata remoção de água. Para 
reverter, colocar em meio líquido nutritivo. 
 
Divisão bacteriana 
Ocorre geralmente por fissão binária. Na primeira etapa da divisão ocorre o 
alongamento da célula e replicação do DNA cromossomal. Ocorre depois o início da 
invaginação da parede celular e da membrana plasmática no local entre os dois DNAs 
cromossomais. Em determinado momento as duas seções da parede celular se 
encontram formando uma parede através da célula, sendo, finalmente, produzidas 
duas células individuais idênticas à célula parental. 
 
O tempo necessário para uma bactéria se dividir e sua população dobrar de tamanho é 
denominado tempo de geração. 
Geralmente leva de 1 a 3h. 
Uma célula com tempo de duplicação de 20 minutos - como exemplo temos a bactéria 
Escherichia coli (E. coli) crescendo em condições ideais de cultivo aumentará seu 
número após 20 gerações, para aproximadamente 1 milhão de células. Este aumento 
ocorrerá em aproximadamente 7 horas. Após 30 gerações, ou 10 horas, a população 
será de 1 bilhão e em 24 horas serão um número contendo 21 zeros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curva de crescimento bacteriano: 
 
A – Fase LAG – fase de adaptação celular ao novo meio de cultura. O número de células 
sofre pouca ou nenhuma variação. Ocorre intensa atividade metabólica, 
principalmente síntese de DNA e enzimas. Pode se estender de 1h até vários dias. B – 
Fase LOG – fase de reprodução celular extremamente ativa, aumentando 
exponencialmente seu número. É a fase preferida para fins industriais, pois o produto 
necessário é produzido eficientemente. Nessa fase os micro-organismos são 
particularmente sensíveis as mudanças ambientais. As radiações ou mesmo muitos dos 
compostos antimicrobianos – o antibiótico ampicilina, por exemplo – afetam fases 
importantes do desenvolvimento celular sendo, portanto extremamente danosos 
nesta fase de crescimento. 
C – Fase estacionária – a velocidade de multiplicação e morte celular são 
equivalentes, devido à diminuição da quantidade de nutrientes e aumento de 
produtos tóxicos. São sintetizados vários metabólitos secundários, que incluem 
antibióticos e algumas enzimas. Nesta etapa ocorre também a esporulação das 
bactérias. 
D – Fase de declínio – o número de células mortas é maior que o número de 
células vivas. A maioria das células está em processo de morte, poucas continuam 
viáveis por tempo indeterminado. 
 
Medidas de crescimento: 
Escala de McFarland -padrão 
de turvação. 
-determina a intensidade da multiplicação em meios de cultivo líquido. 
-quanto maior o número de bactérias, maior o opacidade do meio de cultura. 
Contagem de células totais 
-câmara de contagem 
-colocar uma gota da solução na câmara, fazer coloração, observar o numero de 
células na grade. 
Ex: 
 
Crescimento de culturas bacterianas -contagem 
de células viáveis. 
Para analise de alimento: retirar caldo do alimento, diluir, passar rapidamente para a 
placa e colocar na estufa. Retirar e realizar a contagem. 
 
Técnicas moleculares 
-reação em cadeia pela polimerase 
-confirmação do isolamento 
-procurar gene específico invés de realizar os testes bioquímicos 
 
Genética bacteriana 
 
*Escherichia coli – intestino – cresce muito rápido. 
 
Diversidade em relação ao material genético: 
1. Cromossomo – fita simples de DNA dispersa pelo citoplasma bacteriano. 
2. Plasmídeos – estrutura não obrigatória que as bactérias podem apresentar, 
além do cromossomo. São extracromossomicos e auto replicantes. Quando a 
bactéria possui plasmídeo, sua sobrevida é maior. Podem existir centenas de 
plasmídeos no citoplasma. São 20 vezes menores que a fita de DNA. 
Existem 2 tipos de plasmídeos: 
• R (resistência) – quando presentes conferem maior resistência a antibióticos. 
*atualmente é necessária receita médica para compra de antibióticos, para 
diminuir sua resistência, pois as bactérias passam sua informação genética para 
a geração futura. 
*antibiótico: destrói a bactéria e toda a microbiota do organismo. 
*se o antibiótico for administrado por conta própria, pode não ser o específico 
para a bactéria em questão, de forma que mata a microbiota, mas não a 
bactéria. Pode causar resistência, dificultando a eliminação da mesma. *uma 
bactéria pode ser resistente a 8 tipos de antibiótico, e pode trocar 
informações com outra bactéria. Portanto, se uma bactéria resistente a 8 
antibióticos se comunica com outra bactéria resistente também a 8 
antibióticos, elas se tornam resistentes a 16 antibióticos. 
• F+ - não obrigatório – quando a bactéria apresenta plasmídeo F+, codifica uma 
estrutura chamada pillus sexual. 
 
Alterações do genótipo 
(como podem trocar de material genético) 
• Mutação – mutação bacteriana é um evento raro. Se acontecer, pode ser 
induzido por alguns agentes químicos, sendo os principais deles, a radiação e 
produtos químicos. 
-vírus da AIDS e gripe são muito instáveis, sofrendo constante mutação. 
• Recombinação genética – incorporação de um novo gene em uma bactéria, que 
causa a recombinação genética 
1- Transformação – quando uma bactéria passa perto de outra que sofreu 
processo de lise, e incorpora sua informação genética. Ex: Bactéria A (BA) – 
resistente ao antibiótico 1 (A1); Bactéria B (BB) – resistente ao antibiótico 2 
(A2). BA sofre lise, BB passa perto e incorpora a informação, tornando-seresistente aos antibióticos A1 e A2. 
2- Conjugação – forma mais comum de recombinação. Tem que ter, 
obrigatoriamente, participação de plasmídeo F+. 
Uma célula plasmídeo F+ passa por um contato intimo com uma F- e, através 
do pullus sexual, forma um túnel de comunicação que passa a informação do 
F+ para o F-. 
*Pillus sexual não está ligado a métodos de reprodução. 
 
 
• Transdução – tem participação de bacteriófagos, que são vírus de célula 
procarionte. O bacteriófago infecta uma bactéria e pega parte de seu material 
genético, incorporando-a em seu próprio material genético, e em seguida 
infecta outra bactéria e passa a informação, transmitindo a resistência da 1ª 
bactéria. Quando o bacteriófago sai da primeira bactéria, pode mata-la ou não. 
 
 
Diagnóstico bacteriano 
• 1° passo – Exame direto/bacterioscopia 
-recolher amostra e colocar na lâmina. Leitura da lâmina, ex: presença de cocos 
GRAM- em arranjo de dicocos. 
Informações obtidas no exame direto: arranjo, coloração e morfologia. Não é 
possível identificar o gênero ou espécie bacteriana. 
• 2° passo – Cultura/cultivo e isolamento Identifica-se o gênero bacteriano. 
-SWAB – cotonete para coletar amostra clínica. O tempo entre coleta com swab 
e retorna-lo com a amostra para a embalagem ou colocar em um frasco não 
pode ultrapassar 5 segundo. 
-submeter amostra clinica a uma cultura que possui as mesmas condições que 
encontraria no hospedeiro. 
-analisar características da colônia para definir o gênero da bactéria. Observa-
se: cor, brilho, proximidade, ocorrência de hemólise ou consumo de sangue. 
A maioria das bactérias cresce em ágar sangue sólido, semi-sólido ou caldo. 
*caldo – processo realizado dentro de uma cabine, impedindo a 
contaminação da amostra devido a barragem da entrada de ar. 
• 3° passo – Bioquimismo bacteriano 
*nem todo laboratório realiza o bioquimismo, pois é trabalhoso e possui alto 
custo. É um processo mais utilizado para pesquisas. 
-geralmente é realizado um teste para saber a qual antibiótico a bactéria 
responde, sem necessidade de saber seu gênero. 
A – Catalase – separa parte da bact´ria e pinga água oxigenada, se borbulhar, a 
bactéria é classificada como catalase positiva. 
B – Oxidase – coloca-se a amostra em um papel específico, para identificar a 
presença de enzimas produzidas por algumas bactérias. Se o papel 
apresentar coloração roxa, a bactéria é considerada oxidase positiva. 
C – Coagulase – se o soro coagular, é considerada coagulase positiva 
*Staphylococcus aureus é coagulase positiva. 
D – Metabolismo glicídico – é observado o consumo de açúcar. 
 
Gêneros bacterianos 
• Staphylococcus Características gerais: 
-Cocos em estafilococos, GRAM+. 
-Exercem, em sua maioria, metabolismo oxidativo, portanto são aeróbias. 
-Imóveis e consideradas catalase positivas, oxidase negativas. -Não 
formam esporos. 
-Consideradas agentes piogênicos (induzem a formação de pus). 
Principais espécies: 
-S. aureus 
-S. intermedius 
*O principal fator de virulência, em ambas as espécies, é a coagulase. 
*A diferença entre uma bactéria da microbiota e uma patogênica, é que a ultima 
apresenta fatores de virulência. 
São encontradas em lesão cutânea. A maioria dos casos de foliculite pilosa, lesão 
supurativa, lesão cutânea, entre outras com presença de pus, são causados por 
Staphylococcus. 
*mastite, dermatite, pioderma, etc. 
Pode ser agente primário ou secundário de uma doença. Doença causada por infecção 
bacteriológica abaixa imunidade, facilitando infecção por fungos ou vírus, e vice-versa. 
Ecologia: 
*onde é encontrada normalmente. 
-Comensais na pele de animais e de seres humanos, ou seja, distribuídos fazendo parte 
da microbiota da pele. 
-Trato respiratório superior. -Sistema 
urogenital. 
-Sistema digestivo (são transitórios, podendo ser ou não encontrados em tal sistema). 
Fatores de virulência: 
-Coagulase (algumas espécies – impede a fagocitose) 
-Enzimas (hialuronidase) 
-Proteína A (neutraliza anticorpos) 
-Leucocidina (enzima tóxica para leucócitos) 
-Fibrolisina (S. aureus) Sensibilidade: 
-desinfetantes, detergentes, altas temperaturas. 
Resistência: 
-desidratação. 
*São de fácil inativação, salvo em casos de infecção hospitalar. 
Diagnóstico laboratorial: 
1- Exame direto – morfologia: cocos; arranjo: estrafilococos; coloração: roxo. 
2- Cultura e isolamento – não é necessária a utilização de meios de cultura muito 
ricos, cresce em meios de cultura relativamente simples (não são exigentes do 
ponto de vista nutricional). 
Temperatura de 37°C. 
Avaliar na colônia – tamanho: pequena a média; coloração: esbranquiçada; 
brilho: opacas; convexidade: plana. 
3- Identificação (provas bioquímicas) – principal: catalase. 
 
• Streptococcus 
Características gerais: 
-Cocos em arranjo de estreptococos, GRAM+. 
-Bactérias anaeróbias facultativas (respiram, mas conseguem realizar fermentação no 
caso de falta de oxigênio). 
-São em sua maioria imóveis, mas existem espécies que apresentam flagelos. -São 
catalase negativas e oxidase negativas. 
Possui menos agentes poigênicos que o Staphylococcus. S. 
pneumonie – presença de capsula. 
Principais tipos de Streptococcus: 
Apresentam capsua: 
-S. pneumoniae (pneumonia). 
-S. pyogenes (lesão supurativa – com pus). 
-S. equi (em equinos – garrotilho – acomete trato respiratório). 
Mastite: 
-S. agalactiae 
-S. disgalactiae 
-S. uberis 
-S. faecalis (infecção intestinal). 
*encefalite, artrite, metrite (infecção no útero), piometra (pus no útero) também 
podem ser causados por Streptococcus. 
Ecologia: 
-Trato respiratório superior e inferior. 
-Parte do sistema urogenital. 
Sensibilidade: 
-desinfetantes, detergentes, altas temperaturas. 
Resistência: 
-desidratação. 
*São de fácil inativação, salvo em casos de infecção hospitalar. 
Fatores de virulência: 
-Produção de diversas enzimas α, β e γ hemolisina. 
-Alguns apresentam capsula. 
Diagnóstico laboratorial: 
1- Exame direto – cocos GRAM+ em arranjo de estreptococos. 
2- Cultura e isolamento – São exigentes para crescimento em meio de cultura, 
geralmente é utilizado ágar carne, ou ágar sangue. Pode ser cultivado a 37°C, 
mas suporta até 45°C. 
3- Identificação (provas bioquímicas): colônias muito parecidas com as de 
Staphylococcus, sendo a coloração bege sua maior diferença. 
 
*Tanto Staphylococcus quanto Streptococcus possuem capacidade de promover 
hemólise quando cultivados em ágar sangue, porém tal fator é mais pronunciado em 
Streptococcus. 
*Existem 3 tipos de hemólise: 
-β – totalmente translucido ao redor do local onde a bactéria cresceu (tipo de hemólise 
mais potente). 
-α – é possível observar a hemólise, porém com menos clareza que no tipo β. 
-γ – hemólise não é observada a olho nu. 
 
Leptospira 
Características gerais 
-Bactéria helicoidal, espiralada, GRAM-. 
-Muito fina, portanto o corante não de fixa direito na parede celular, sendo necessário 
outro método de exame de GRAM, identificada pela sua constituição. 
-São móveis. Possuem flagelo diferenciado, peculiar da Leptospira (endoflagelo). -
Possui envelope externo (característica de vírus)/bainha. 
 
 
O endoflagelo promove movimento por contração/flexão e rotação. Está localizado 
dentro da parede e bainha. 
O endoflagelo permite a penetração da Leptospira em pele íntegra, ou seja, não 
precisa de ferimento como porta de entrada. 
 
Antigamente existiam 2 espécies de Leptospira: 
-L. interrogans – associada a casos de leptospirose – patogênica. 
-L. biflexa – encontrada no ambiente, não causa patologia. 
Posteriormente, essas 2 espécies foram divididas em subspécies. 
Atualmente existem 8 espécies, 23 sorogrupos (características diferentes) e 250 
sorovares. 
 
Espécie animal Sorovares mais comuns 
 
Bovino 
Hardjo* 
Wolffi*Grippotyphosa 
 
Suíno 
Pomona* 
Bratislava* 
Tarassovi* 
Icterohamorrhagiae 
Equino Icterohamorrhagiae 
Canino Canicola* Icterohamorrhagiae* 
Ovino Hardjo 
Pamona 
*V8 – Canicola e Icterohamorrhagiae; V10 – Canicola, Icterohamorrhagiae, Pomona e 
Grippotyphosa. 
Zoonose – baixa taxa de mortalidade. 
 
Cadeia epidemiológica: 
-Suscetíveis: mamíferos. 
-Via de transmissão: preferencialmente urina de rato. Contato direto ou indireto. 
-Porta de entrada: pele ou mucosa. 
-Via de eliminação: urina. 
*78% dos roedores são positivos para Leptospira, porém podem não manifestar a 
doença. 
 
É uma doença importante devido ao prejuízo econômico, pois causa aborto em 
animais d produção, além de afetar a saúde pública. 
*existem aproximadamente 2500 novos casos por ano. Taxa de letalidade de 15%. 
 
Cães: Doença de Weil (leptospirose clássica – sorovar Icterohamorrhagiae) 
Doença de Stutthart (sorovar canicola) 
-insuficiência renal, icterícia (muda coloração da mucosa – bucal, ocular, peniana) 
Bovino/suíno: hemoglobinúria infecciosa dos bovinos – icterícia, aborto. 
Equinos: potro – uremia (acumulo no sangue devido a incapacidade de filtragem). 
Problemas reprodutivos – aborto. 
Humano: icterícia, aumento do tamanho dos rins, nefrite. 
 
Fatores de virulência: 
-motilidade (presença de endoflagelo – permite que penetre na pele íntegra) -
produção de toxinas (hemolisina – lise de hemácia; esfingomielinase C – age sobre 
célula endotelial, causa lesão, relacionada a processos hemorrágicos). 
*hemólise – característica da leptospirose (xixi com cor de coca cola). 
**cebola causa hemólise em cães – uva passa intoxica. 
 
Ecologia: 
78% dos roedores são positivos para Leptospira, portanto todos eles eliminam a 
bactéria na urina (todos os indivíduos infectados liberam a bactéria na urina, mesmo 
que não apresentem sintomas ou sinais clínicos). 
Não está no ambiente. É encontrada sempre no túbulo renal do hospedeiro. 
 
Sensibilidade e Resistência: 
São relativamente sensíveis, por serem GRAM-. 
3 fatores contribuem para sua resistência: pH alcalino, temperatura próxima a 30°C, 
umidade. 
Sensível a luz solar, desinfetantes, etc. 
 
Diagnóstico: 
1- Exame direto – visualização difícil, não faz coloração de GRAM. 
Coloração realizada por metal pesado – impregnação por prata. Visualizada em 
microscopia de contraste. 
*é trabalhoso, portanto costumam pular essa etapa. 
2- Isolamento – 30°C/2 meses. 
Difícil de ser cultivada. Pode estar no sangue ou urina, portanto deve-se saber o 
curso da doença e o estágio em que se encontra. 
Isolamento não é viável, pois a colônia demora 2 meses para crescer. Cães 
e bovinos são mais sensíveis. 
3- Imunodiagnóstico – SAM (técnica de diagnóstico – soroaglutinação 
microscópica). 
São cultivados os diferentes sorovares em laboratório. Para obter diagnostico 
enviar o soro do animal. Procuram anticorpo contra Leptospira no soro, se o 
mesmo estiver presente, é sinal de que o animal é positivo para Leptospira. 
*IgG – tipo de anticorpo com capacidade de aglutinação. Pega o soro com IgG e 
joga nas coleções de Leptospira, se for positivo vai ocorrer aglutinação das 
bactérias. Em caso de duvida, deve-se repetir o processo após 15 dias. 
 
MICOLOGIA 
Estudo dos fungos. Antigamente eram classificados como vegetais, a partir do ano de 
1969 criaram o reino fungi. 
Participam da fermentação de bebidas alcoólicas. 
*Penicilina – obtida através do fungo Penicilium sp. 
 
Deuteromycota, chamados também de fungos imperfeitos, são os patogênicos 
estudados na medicina veterinária. 
Existem 500mil espécies de fungos, das quais 150 são patogênicas. 
Seu principal reservatório é a terra/solo. *em 1g de solo, são encontrados 
aproximadamente 30000 esporos fúngicos. 
 
Características gerais: 
-São eucariontes (diferente de bactérias). Possui material genético organizado 
(núcleo). 
-Podem ser unicelulares (leveduras) ou pluricelulares (bolores). 
-Parede celular composta por uma substância chamada quitina (polissacarídeo). -
Quimioheterotróficos – são heterotróficos (não são capazes de sintetizar seu próprio 
alimento) e necessitam de uma fonte de energia química para realizar seu 
metabolismo. 
-Podem ser parasitas ou saprófitas. 
Parasita – fungo hospedeiro. Nutrem-se de células, substâncias celulares e outras 
substâncias encontradas no corpo. 
Saprófito – se alimenta de material orgânico e vegetal (pão, morango, etc). 
-Armazenam glicogênio como reserva energética. 
-Aeróbios ou anaeróbios facultativos. 
-Não realizam fotossíntese (são desprovidos de clorofila). 
 
*dermatofitose – causada por fungo – lesão geralmente na área dos olhos. 
• Leveduras 
-Morfologia ovalada, unicelulares. 
Formam colônias grandes e, em cultura, possuem aspecto cremoso. 
• Fungos micelianos (bolor) 
-Morfologia: hifa ou morfologia filamentosa. 
Espera-se que cresça uma colônia única, de aspecto cremoso. 
Todos tem origem de uma estrutura arredondada, chamada esporo fungico. Esporos 
fúngicos precisam se multiplicar muito antes de serem macroscopicamente visíveis. 
O esporo dá origem a um tubo germinativo do esporo, que começa a alongar-se e 
passa a ser chamado de hifa. Esta começa a sofrer ramificações em todos os sentidos, 
um segmento começa a entrar no outro, formando um conjunto de hifas, que é 
denominado micélio (“emaranhado” de hifas). Só a fase de micélio é visível 
macroscopicamente. 
*quando é observado um micélio em uma ponta do pão, são encontrados esporos no 
pão inteiro. 
 
 
Reprodução: 
Levedura – brotamento. 
O local de onde o broto se desprende, é observada uma cicatriz. Uma 
levedura pode dar origem a um ou mais brotos pro vez. 
 
 
Pode ocorrer de o broto não se soltar, tornar-se uma levedura adulta e ter capacidade 
reprodutiva, se reproduzir e o novo broto também não se soltar e assim por diante, 
formando uma estrutura chamada pseudo-hifa. 
 
 
Micelianos – pode ter reprodução assexuada ou sexuada. Predominantemente 
assexuada. 
A reprodução ocorre sempre a partir de esporos. Estes podem ser formados de 
maneira externa (conídios) ou interna (esporangiospóros). 
Externa – ocorre a partir da hifa. Quando assume função reprodutiva, dá origem a 
uma estrutura vertical tubular chamada conidióforo, no interior dessa estrutura são 
formados os esporos e logo liberados para o meio externo. 
 
 
Interna – hifa dá origem a uma estrutura vertical chamada esporangióforo, onde se 
formam os esporos que são armazenados em uma vesícula chamada esporângio, que 
se rompe por falta de espaço físico, liberando todos os esporangiosporos de uma vez. 
 
 
 
Metabolismo fúngico 
-Respiração/nutrição/crescimento 
• Respiração: fungos micelianos são aeróbios, enquanto leveduras são 
anaeróbias facultativas. 
Alguns metabólitos são gerados no metabolismo fúngico: 
-aflatoxina – micotoxina produzida por fungos. Às vezes é encontrada no amendoim e 
milho em grande quantidade, quando armazenados de maneira incorreta. *causou 
morte de vários equinos na fazenda Butantã – amendoim utilizado como suplemento 
presente na ração (lote contaminado). Em longo prazo pode causar tumor hepático. 
• Nutrição: são quimioheterotróficos, saprófitas ou parasitas. 
O processo de nutrição ocorre por absorção. Todos os fungos produzem e secretam 
diferentes enzimas (ex: lípase, amilase, proteinase) com função de degradar ou 
converter um composto complexo em um mais simples, para posterior absorção do 
fungo através de transporte ativo ou passivo. 
Elementos nutricionais exigidos para cultura em laboratório – de maneira geral não 
requerem muitos nutrientes, são menos exigentes que bactérias do ponto de vista 
nutricional, crescem em meio de cultura relativamente simples. 
Principal componente necessário é o carboidrato. Requer também substâncias 
orgânicas,microelementos e vitaminas do complexo B em menor quantidade. Fungo 
halofílico – se nutrem de sal. São encontrados em carne salgada (mancha rosa no 
sal). 
Meios de cultura: ágar batata e ágar sabouraud, ambos ricos em carboidrato. 
• Crescimento: 
Temperatura – são mesófilos, ou seja, possuem temperatura de crescimento entre 
2040°C. Fungos micelianos crescem em temperatura entre 22-28°C, sendo sua 
temperatura ótima de crescimento 25°C; já leveduras possuem sua temperatura de 
crescimento entre 33-37°C, sendo 37°C sua temperatura ótima. 
pH – fungo miceliano cresce tanto em pH ácido quanto alcalino, sendo 5,6 o pH ótimo 
para seu crescimento, enquanto leveduras não toleram pH alcalino, crescendo 
somente em pH ácido, tendo 3,0 como valor de pH ótimo. 
Luz – não exigem grande quantidade de luz, salvo em fase de reprodução. Não toleram 
luz excessiva. 
 
Contaminação e culturas fúngicas: 
Para evitar contaminação por bactéria, adiciona-se antibiótico à cultura (geralmente o 
cloranfenicol). 
 
Tempo de crescimento: de maneira geral, bactérias crescem mais rápido que fungos 
(bactéria – aproximadamente 1 semana; fungos – aproximadamente 4 semanas. Pode 
haver variação). 
 
Dermatomicose – infecção cutânea causada por fungos. 
 
Dermatofitose – (zoonose!) fungo acomete estruturas superficiais queratinizadas (pelo, 
pele, unha, chifre, pena, casco) causando uma micose superficial. 
 
Dermatófito – gêneros: 
-Epidermophyton 
-Thrichophyton 
-Microsporum (principal*) 
 
Provoca lesão circular (teckel é muito suscetível à dermatofitose) esbranquiçada, 
alopecia (queda de pelo), presença de crosta, descamação. 
Em gatos as lesões são mais irregulares, e possuem maior vermelhidão, devido à maior 
resposta inflamatória apresentada pela espécie. 
Maior probabilidade de se estabelecer em orelhas, patas, cauda e face. 
**Microsporum canis tem os felinos como principais hospedeiros. 
 
Quando um fungo parasita a pele, faz movimento circular em direção à periferia, 
portanto no centro da lesão pode começar a crescer pelo. Não é colhida amostra do 
centro da lesão, pois a chance de sucesso no isolamento do fungo é menor. 
 
Características do parasitismo: 
Esporo fúngico presente no ambiente penetra na pele e se acomoda nos pelos e 
folículo piloso, ocorre a artrosporação (germinação de esporos). Isso pode ocorrer 
dentro do folículo piloso, promovendo a queda do pelo desde a raiz (endotrix) ou ao 
redor do folículo, promovendo a degradação da queratina e queda do pelo (ectotrix). 
 
Fungo é oportunista, ou seja, não vai parasitar indivíduos com sistema imune em 
perfeito condicionamento. 
 
Características: 
-queratinolíticos – preferência por queratina. 
-não invasivos – ficam apenas na superfície (epiderme). 
-incapazes de sobreviver em intensa resposta inflamatória (devido à alta temperatura). 
Migra quando começa a ocorrer inflamação (por isso realiza movimento circular 
centrifugo). 
 
Principais espécies: 
-Microsporum canis (principal – acomete cães, gatos, homem) 
-Microsporum gypseum (suíno, homem) 
-Microsporum gallinae (galinhas) 
-Microsporum nanum (suíno, bovino) 
-Tricophyton mentagorophytes (bovino, roedores) 
-Tricophyton equinum (equinos) 
-Tricophyton verrucosun (suíno, bovino) 
 
Ecologia e evolução: 
Podem ser: 
-geofílicos – principal habitat é o solo. São transmitidos tanto para seres humanos 
quanto para animais, igualmente. 
-zoofílicos – parasitas primários de animais, eventualmente podem ser transmitidos 
para espécie humana. *gato pode ter M. canis e desenvolver ou não a dermatofitose, 
mas transmite de qualquer forma. 
-antropofílicos – parasitas primários de humanos, raramente infectam animais. 
 
Fatores de virulência: 
Produzem a enzima queratinase, que tem como função a degradação de queratina. 
 
Resistência: ambiente, desinfetantes (principalmente com base química a álcool). 
Sensibilidade: Desinfetantes (a base de hipocloreto de sódio), formol em alta 
concentração, iodo, antifúngicos (derivados izolicos - via oral: itraconazol; tópico: 
cetoconazol). 
 
Diagnóstico laboratorial: 
1- Lâmpada de Wood – exame prévio, antes do exame direto. 
Lampada UV – coloca o animal em ambiente escuro e passa a luz UV pelo seu 
corpo. Ocorre florescência no local infectado por Microsporum. É um método 
presuntivo, pois floresce em 50-70% dos casos positivos. 
2- Exame direto – observação da morfologia. É enviada uma amostra de pelo 
(retirado desde a raiz) e raspagem cutânea (com bisturi) para laboratório, em 
uma lamina vedada. Não é possível identificar o tipo de fungo nessa etapa. 
3- Cultura e isolamento – cultura feita em ágar sabouraud ou ágar batata, que são 
ricos em carboidrato. Incubação em temperatura de 25°C, por 
aproximadamente 4 semanas (tempo de crescimento de fungos). Na cultura é 
observado o gênero do fungo, mas não é possível identificar sua espécie. 
Observação da macromorfologia: observa-se verso e reverso da cultura, 
levando em conta sua coloração, tamanho, entre outras características. 
4- Identificação – realizada através da micromorfologia. Coloca-se parte da 
colônia obtida na cultura em microscópio (utilização de coloração de GRAM 
apenas para dar cor à amostra, e não para classificação). É possível a 
visualização de conídeos e hifas. Para obter a espécie, observamos os conídeos, 
que podem ser macroconídeos (característica de m. canis, apresentando de 5 a 
7 septos) ou cicroconídeos e é realizada a contagem de septos dos mesmos. 
 
Tratamento: 
Presença de lesão única: pomada com principio ativo izolico. Ex: creme de cetoconazol 
2%, creme de clotrimazol 1%. 
Presença de várias lesões: shampoo. Ex micorazol, cetoconazol. Administração de 
antifúngico sistêmico apenas quando não responde ao método anterior. Via oral: 
cetoconazol administrado por 8 semanas (até 2 semanas após a cura clinica). 
 
Leveduroses 
Cândida, malassezia e criptococcus. 
 
-Malassezia: colônias com característica cremosa. 
Principal: Malassezia pachydermatis. Espécie lipolítica – afinidade com locais ricos em 
lipídios. Ex: axila, virilha, duto auditivo, períneo, entre outros locais úmidos, regiões de 
articulação e locais mais lubrificados. 
Fatores predisponentes: Beagle, Cocker e outros cães com orelhas caídas, pois pode 
ficar úmido e abafado. 
Malassezia é sempre uma doença secundaria. Deve-se tratar a doença primária. 
A espécie mais acometida é a canina. 
Principais patologias: 
-otite – inflamação da orelha. Produção de secreção acastanhada. Causa prurido, dor, 
maneios de cabeça, odor característico (rançoso). 
-dermatite – alopecia, hiperpigmentação da pele (maior produção de melanina), 
engrossamento da pele, prurido, odor característico, seborreia (descamação da pele). 
Área hiperemica (vermelhidão) indica outro agente. 
*não confundir: animais idosos podem ter hiperpigmentação naturalmente. 
Principais localizações: pescoço, face, coxas, axila, orelha, espaço interdigital, região 
perianal. 
Patogenia: está presente na microbiota, portanto ocorrência de stress e doença 
primária acrescidos de umidade pode causar seu crescimento acelerado, causando 
doença. 
Sinais clínicos: prurido constante, crosta (nem sempre), odor rançoso. Diagnóstico: 
1- exame direto – coloração de GRAM para facilitar visualização. A maioria das 
leveduras faz brotamento de base estreita, enquanto a malassezia faz brotamento 
de base ampla. Essa característica permite que seja identificada já no exame direto. 
(característica: “sapatinho”, “garrafinha”). É realizada cultura caso não seja possível 
a visualização da base de brotamento. 
 
 
2- Cultivo e identificação – ágar sauburaud. Colônia de aspecto cremoso, com cor 
amarelada/bege (cândida possui coloração branca). 
Tratamento: 
-malassezia – cetoconazol, itraconazol, sulfeto de solênio. 
-candida – nistadina,anfotericina B, fluconazol, miconazol. 
-criptococose – anforericina B, fluconazol, 5-fluoricirosina. 
 
VIROLOGIA 
Mosaico do tabaco (infecta plantas) foi o primeiro vírus a ser descoberto. O controle 
microbiológico era realizado através de filtragem (filtro com medidas em 
micrometros), o mosaico do tabaco foi caracterizado como micro-organismo filtrável, 
portanto possui tamanho menor que outros micro-organismos. 
 
Em vírus é realizada apenas a microscopia eletrônica, que possui aumento de 400800x, 
enquanto o microscópio ótico possui aumento de 100x. 
Os vírus são os menores agentes infecciosos capazes de infectar plantas, insetos, 
bactérias e animais superiores, senso considerado como micro-organismo de 
grande simplicidade. Possuem tamanho maior apenas que os príons. Esquema de 
vírus não envelopado: 
 
 
Podem apresentar como material genético tanto RNA quando DNA. 
 
Os vírus só possuem atividade metabólica dentro da célula, sendo, fora dela, inertes. 
Na literatura, 50% dos cientistas o consideram como micro-organismo vivo, enquanto 
os outros 50% dizem que não possui vida. 
Vírus são capazes de gerar novos indivíduos. 
 
 
Características gerais: 
-Formados por um único tipo de ácido nucleico (DNA ou RNA). Exceção: CMT 
(citomegalovírus) – transmitido por animais ou água infectada, possui DNA e RNA. 
-Micro-organismo intracelular obrigatório (possuem diagnóstico mais trabalhoso) -Não 
possuem sistemas enzimáticos próprios (utilizam as enzimas da célula hospedeira para 
exercer sua atividade metabólica). Exceção: família retroviridae (AIDS humana e 
felina). Possuem 2 enzimas: transcriptase reversa e integrase. 
-São envoltos por capa proteica denominada cápside. 
-Variam consideravelmente de tamanho, sendo 1000x menores que bactérias. 
Medidos em nanômetros. Menor – parvovirus (aproximadamente 12 nanômetros) e 
picomavirus (febre aftosa). Maior – herpesvírus (aproximadamente 180 nanômetros). 
 
Estruturas virais: 
*vírion ou partícula viral (denominação correta para referencia no singular). 
-Ácido nucleico envolvido por um cápside de origem proteica formado por capsômeros 
(proteínas). Vírus envelopados apresentam, alem das estruturas descritas, um 
envelope de composição lipídica localizado externamente ao cápside com projeções 
denominadas espículas. 
 
 
Vírus envelopados são mais sensíveis, pois se o envelope for degradado, o vírus é 
inativado. 
As espículas possuem função de adesão. Se ligam com facilidade maior que os não 
envelopados, que fazem ligação através das proteínas do cápside. 
 
Organização ou simetria – como as proteínas do cápside se arranjam ao redor do 
material genético. 
Possui 3 simetrias diferentes: 
• Icosaédrica (maioria) – polígono regular de 20 faces triangulares. Ex: herpes 
vírus. 
 
• Helicoidal – proteínas formam um espiral. Ex: raiva. Possuem forma de bala de 
revolver (uma base arredondada e outra plana) 
 
• Complexa – aparente junção dos 2 tipos de simetria anteriores. Ex: 
bacteriófago. 
 
 
*Formas pouco usuais (não são vírus): 
-virióide – apenas cápside sem material genético (infecta plantas) 
-príon – proteína infecciosa, não apresenta cápside (doença da vaca louca) 
 
Doenças causadas por vírus: 
Raiva, rinotraqueite infecciosa, malanopostite (inflamação do pênis – herpesvírus dos 
bovinos), parvovirose, febre aftosa, etc. 
 
Prevenção e tratamento de doenças virais: 
Administração de antibiótico para prevenção de doenças bacterianas. Não possui ação 
nenhuma sobre os vírus. 
*Existe uma normativa que proíbe veterinários de prescrever antiviral. 
Vírus entra no hospedeiro, realiza seu ciclo e sai. O único que permanece é o vírus da 
AIDS (retrovírus), que transforma a célula hospedeira em vírus; e herpesvírus. O 
indivíduo pode apresentar sintomatologia ou não, em caso de latência. Vírus da 
hepatite tem uma replicação muito lenta, portanto permanece no organismo por 
aproximadamente 10 anos. 
A prevenção por vacina, de doenças virais é melhor que seu tratamento. 
 
Mutações: 
É possível prever futuras epidemias. 
Geralmente as grandes mutações virais ocorrem a cada 10 anos, causando uma 
epidemia. Pequenas mutações ocorrem a cada 5 anos, aproximadamente. 
 
 
 
Multiplicação viral: 
Para infectar a célula, o vírus precisa se ligar a ela. Essa ligação não acontece ao acaso, 
precisa de receptores (ligação específica). Após se ligar, o vírus penetra na célula e tem 
o cápside separado do material genético. O material genético se replica primeiro e em 
seguida ocorre replicação do cápside. Cada proteína do cápside encontra seu material 
genético, se montam, e saem, seguindo para outra célula. Geralmente ocorre lise 
celular com a saída dos vírus. 
Um único vírus pode causar centenas/milhares de alterações celulares. 
Fases: 
1- Adesão – é a etapa mais importante. O vírus se liga a um receptor específico na 
célula, se não for o receptor certo, não consegue se ligar e consequentemente 
não causa doença. Mutações podem mudar o receptor do vírus, de forma que 
ele se torna capaz de infectar indivíduos que eram refratários. Mesmo com o 
receptor específico, a ligação não é fácil. A cada 1000 tentativas, ocorre uma 
única adesão. A grande maioria de infecção viral ocorre em indivíduos com 
imunossupressão. Em vírus envelopados os receptores estão localizados nas 
espículas, portanto a adesão se torna mais fácil. 
2- Penetração – ocorre principalmente por endocitose. Ocorre invaginação da 
membrana citoplasmática da célula hospedeira através da qual o vírus 
consegue penetrar. Vírus não envelopado consegue passar de uma vez, 
enquanto os envelopados têm seu envelope fundido na membrana 
citoplasmática, de forma que apenas cápside e material genético penetram a 
célula. 
3- Desnudamento ou descapsidação – vírus de desintegra com a ação de enzimas 
da célula hospedeira. *as enzimas da célula hospedeira são utilizadas em todo 
processo de replicação. 
4- Replicação – primeiro ocorre a replicação do material genético por biossíntese 
em DNA-vírus ou RNA-vírus e em seguida das proteínas do cápside, com ação 
de ribossomos. 
5- Maturação – proteína do cápside se junta com o material genético. Vírus não 
envelopados já estão prontos nessa etapa. 
6- Liberação – a principal forma de liberação é através da lise celular, rompendo a 
membrana, no caso de vírus não envelopados. Vírus envelopados saem por 
processo de brotamento. A proteína do cápside se junta com o material 
genético e obtém o envelope através da membrana, forçando-a, até que 
rompe, formando seu envelope. 
 
Diagnóstico virológico: 
São utilizadas 3 técnicas, divididas em etapas: 
A escolha da técnica é influenciada por: custo da técnica, disponibilidade, tipo de 
amostra clinica, prazo. 
• Demonstração do vírus ou antígeno viral 
-Demonstração do vírus – analise através da microscopia eletrônica, que 
permite visualização direta do vírus. Não é possível obter resultado falso 
negativo com esse processo, porém é uma técnica de altíssimo custo, e 
necessita de um profissional habilitado, portanto não é o tipo de diagnóstico 
mais utilizado. 
É dividido em 2 tipos: microscopia eletrônica de transmissão ou direta, que 
possibilita a observação de cortes do vírus (não é utilizada no diagnóstico 
virológico) e microscopia eletrônica de varredura, onde é observada a 
superfície. 
-Demonstração de antígenos virais – através de imunofluorescência. Pode ser 
direta, na qual é pesquisado o agente; ou indireta, onde é realizada a pesquisa 
de anticorpos. A imunofluorescência direta é a melhor técnica para fechar 
diagnóstico de raiva. 
*raiva possui tropismo pelo SNC, portanto é realizada coleta de fragmentos do 
cérebro. Fazem imprinting do fragmento em uma lâmina normal (pressionar o 
fragmento na lâmina, levemente). Em todos os processos desse tipo deve-se 
incubar o antígenoao anticorpo. Laboratórios guardam anticorpos incubados 
com fluoresceína (corante verde), formando um conjugado. Se o animal for 
positivo, o anticorpo vai encontrar o antígeno, formando o imunocomplexo, 
quando essa ligação ocorre, o corante reage e há fluorescência. A lâmina é 
analisada por um microscópio de campo escuro com feixe de luz UV. 
• Isolamento e identificação viral – utilizada em animais de laboratório, ovos 
embrionados e cultura celular. 
-Animais de laboratório – alguns vírus só se desenvolvem nos animais. Em caso 
de zoonose são realizadas 2-3 técnicas para ter certeza do resultado positivo 
antes de realizar eutanásia do animal. 
Diagnóstico de raiva é realizado em camundongos de aproximadamente 12g. A 
amostra suspeita é inoculada por via cerebral. São inoculados 5 camundongos 
para suspeita de raiva em um cão, 6 no caso de bovinos e 9 para suspeita em 
equinos. O animal deve ser sacrificado mesmo em caso de resultado negativo. 
Finalidade: pequena amostra já apresenta um resultado muito bom. Para o 
resultado ser considerado positivo, o animal deve mimetizar a sintomatologia 
da doença. 
A via de inoculação depende do tropismo do vírus. 
Animais utilizados: camundongos, cobaias (camundongo x coelho), coelhos. 
Vantagem: com baixa concentração viral o animal já mimetiza a sintomatologia 
esperada. 
Desvantagem: utilização de animais vivos, tempo (após a inoculação, deve-se 
observar o animal por 21 dias). 
-Ovos embrionados – são totalmente assépticos, produzidos por galinhas livres 
de patógenos. Poucos vírus crescem em ovo embrionado. 
Amostra suspeita é inoculada com agulha fina na membrana ou no próprio 
embrião. Após alguns dias o ovo é quebrado e são observadas as características 
do embrião. Caso apresente necrose, hemorragia ou outras características fora 
do padrão normal, o resultado é considerado positivo. 
Vantagens: excelente padronização (possibilita fácil leitura); sensível ao vírus 
aviário. 
Desvantagens: elevado custo dos ovos SPF (livres de patógenos); pobre 
crescimento de vírus humanos e de animais domésticos de maneira geral. 
*Poxvírus cresce em ovo embrionado. 
-Isolamento em cultura celular – é o processo mais utilizado. São criadas 
coleções de células vivas em laboratório e posteriormente é realizada sua 
inoculação. 
*Pega um órgão e joga enzima tripsina, que separa as células do parênquima 
do órgão, deixa homogeneizar, côa e coloca em uma garrafa com meio de 
cultura nutritivo que deve ser trocado conforme o consumo da célula (líquido 
rosado que deve ser trocado quando começa a ficar com coloração amarelada). 
A célula tende a formar um tapete no fundo da garrafa. Quando isso ocorrer é 
sinal de que a cultura está pronta e pode ser realizada a inoculação. Alguns 
vírus não crescem em células depositadas na garrafa. 
Pode ser utilizado qualquer tecido animal, humano ou vegetal, além de células 
cancerígenas (vantagem de células cancerígenas é que crescem mais rápido e 
não morrem). 
Pode ser utilizada, além da garrafa, a placa de Elisa, em caso de maior demanda 
de inoculação, pois não cabem muitas garrafas em uma estufa, onde a amostra 
deve ser armazenada a 37°C (sempre mimetizando a temperatura do 
hospedeiro) e uma placa de Elisa possui 96 wells (buracos). 
Cultura primária – quando a cultura é realizada pela primeira vez (inovação). 
Cultura secundária – cultiva indefinidamente. A cultura é propagada. Ex: 
Cultura de Hela – mulher que morreu de carcinoma epitelioide humano em 
1951, suas células cancerígenas são utilizadas até hoje. 
*deve-se analisar a cultura antes e depois da inoculação. 
Aplicações: isolamento viral – diagnóstico virológico; vacina (mais seguro que 
outro métodos); avaliação de toxidade de biomateriais; ensaios de fármacos e 
cosméticos in vitro. 
*natura realiza teste de cosméticos im vitro, enquanto Avon e revlon realizam 
testes em animais. 
Vantagens: não utiliza animais; não precisa de técnicos (é uma técnica 
padronizada); técnica altamente segura. 
Desvantagem: contaminação por fungo ou bactéria(todo processo deve ser 
realizado em fluxo laminar – cabine onde o ar de dentro não tem contato com 
o ar de fora, sendo totalmente livre de micro-organismos). 
Efeitos citopáticos – alterações celulares provocadas pela presença de um vírus. 
Os dois principais efeitos citopáticos observados no isolamento em cultura 
celular são: arredondamento celular e formação de células gigantes. 
Corpúsculo de inclusão – sobram alguns componentes que foram replicados 
(principalmente cápside). É possível observar esses componentes em 
microscopia ótica. Algumas doenças possuem capacidade de formar corpúsculo 
de inclusão/restos celulares (ex: raiva, cinomose). 
Pode ser utilizado como diagnóstico, mas só apresenta resultado positivo em 
50-70% dos casos em que há presença de vírus. 
 
Família Rhabdoviridae Gêneros: 
-Vesiculovírus – doença em bovinos (estomatite) 
-Lyssavírus – causa raiva 
 
*Só existem 3 casos de ‘cura’ da raiva. Apesar de vivas, as pessoas apresentam diversas 
sequelas. 
 
O vírus possui tropismo pelo SNC. 
Louis Pasteur – após inocular o vírus 800 vezes, conseguiu enfraquecê-lo, diminuindo 
sua infectividade. O que permaneceu do vírus foi suficiente para estimular o sistema 
imune do coelho no qual o mesmo foi inoculado. 
Esse vírus que Pasteur utilizou é chamado ‘vírus fixo’ e é utilizado até hoje. 
 
A raiva é uma zoonose altamente letal. 
 
Propriedades gerais: RNA vírus, possui simetria helicoidal, é envelopado e apresenta 
morfologia de bastão ou bala de revólver. 
 
Existe o vírus fixo e o vírus de rua, sendo o primeiro enfraquecido (Pasteur) e o 
segundo, presente em animais infectados. 
 
Possui variação antigênica, ou seja, modificações do vírus. Até 1953 não havia 
alteração alguma no mesmo, hoje existem 7 tipos. Somente o genótipo 1 circula no 
Brasil (o mesmo vírus infecta todas as espécies). 
 
Atualmente, os morcegos frugívoros e insetívoros transmitem tanto quanto os 
hematófitos, pois o vírus mexe com seu SN, e acabam mordendo pessoas e animais. 
 
Epidemiologia: distribuição praticamente mundial. Pouquíssimos países estão 
erradicando a doença. O que dificulta tal erradicação é o controle de animais 
silvestres. 
 
*Bovino desenvolve manifestação diferente – fica imóvel. 
 
Dermodus rotundus – morcego hematófito mais conhecido pela transmissão da raiva. 
 
Sensibilidade e Resistência: 
-sensibilidade – solventes orgânicos (água e sabão), formol 5%, radiação UV. É um vírus 
termolábil (sensível ao calor). 
-resistência – tecidos autolisados (ainda encontrado no tecido 4 meses após a morte 
do animal, já em decomposição), temperaturas baixas. 
 
Multiplicação viral – ocorre no citoplasma. O corpúsculo de inclusão é chamado 
corpúsculo de Negri. 
*Lentz – corpúsculo da cinomose. 
 
Diagnóstico: envio do material – apenas SNC, exceto em caso de animais silvestres, que 
pode ser enviado o animal inteiro. A amostra não pode ser enviada no formol, pois o 
vírus é sensível ao mesmo, portanto deve ser armazenada no gelo, em temperatura de 
refrigeração de aproximadamente 2-8°C. 
Vírus possui predileção por: hipocampo > cerebelo tronco encefálico. 
Técnicas diagnósticas: 
1- Histopatológica – decalque em uma lâmina. Coloração feita com 
hematoxilinaeosina. Observar em microscópio óptico. Se o corpúsculo de 
inclusão estiver presente, o resultado é positivo, se o mesmo não for 
visualizado (30% dos casos), são realizados outros testes. 
 
2- Imunofluorescência 
3- Isolamento em animais de laboratório – inoculado no cérebro. São inoculados 5 
camundongos para suspeita de raiva em um cão, 6 no caso de bovinos e 9 para 
suspeita em equinos e animais silvestres. 
 
Patogenia: mordida – replicação no músculo – nervos periféricos – medula espinhal – 
córtex cerebral – disseminação nervosa – gandulassalivares, retina e outros órgãos. 
Também pode ocorrer infecção por arranhadura seguida de lambedura. Nas horas 
após a contaminação ocorre a contaminação dos tecidos periféricos, é nessa fase que 
devemos procurar o tratamento (o tempo de incubação depende do local da mordida). 
Após acometer o SNC, é irreversível. 
Cães/humanos – sintomatologia raivosa. Ex: cão morde portão de ferro, caem os 
dentes, sangra, mas o animal não sente e continua mordendo. 
Bovinos – permanecem imóveis. 
Tanto animais quanto humanos apresentam fotofobia. 
 
Família Parvoviridae 
Vírus pequenos – menor vírus estudado na medicina veterinária (12-14 nm) 
 
Gêneros: 
-parvovirose suína – comprometimento do TGI 
-parvovirose canina – TGI e sistema cardiovascular 
-parvovirose felina – Panleucopenia. TGI e alterações neurológicas – hipoplasia 
cerebelar. 
 
Se acometer cão muito novo ou fêmea prenhe, vai direto para o coração do filhote, 
que dificilmente sobrevive por mais de 1 mês no caso de contaminação intrauterina 
 
Morfologia: DNA vírus de simetria icosaédrica, não envelopado. 
 
Multiplicação viral: ocorre no núcleo. A porcentagem de formação de corpúsculo de 
inclusão é pequena, portanto este não possui importância diagnóstica. 
 
Sensibilidade e Resistência: 
-sensibilidade – hipoclorito de sódio (cloro) 3-5%, de molho por 15-20min. 
-resistência – solventes orgânicos, variação de pH entre 3-9, condições ambientais de 
temperatura elevada (60°C – 1h), grande variedade de desinfetantes comerciais. Difícil 
desinfecção ambiental. 
Recomendar ao proprietário não colocar outro animal no ambiente por 3-6 meses, 
dependendo do ambiente. 
 
Diagnóstico laboratorial: 
Detecção viral 
-microscopia eletrônica -corpúsculo 
de inclusão 
-imunofluorescência 
-ELISA (ensaio imunoenzimático) 
*na prática, é realizado apenas o teste de ELISA. 
 
Rotavírus (1), coronavírus (2) e parvovírus (3) atingem o intestino. Sendo que rotavírus 
atinge o ápice da curvatura, não causa sangramento; coronavírus acomete o terço 
médio; parvovírus atinge a cripta intestinal, provocando alto sangramento. 
 
ELISA – pesquisa de antígenos nas fezes. 
*diarreia sanguinolenta, na maioria das vezes, é parvovirose. Pode ser alergia (frango, 
carne). 
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