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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD Avaliação (APx 2) – 2021.2 Disciplina: Educação e Trabalho Coordenadora(o): Prof. Dr. Carlos Soares Barbosa Aluno(a): Luana Valim do Carmo Matr.: 20112080478 Polo: Rocinha Questão 1: (3 pontos) De acordo com Abílio (2019), com a uberização, mais do que um autogerenciamento (como se supõe ocorrer com o empreendedorismo), o que ocorre, de fato, é um autogereciamento subordinado. O que caracteriza este autogerenciamento subordinado? Você concorda que isso de fato acontece com a uberização? Por quê? O modelo de trabalhado conferido pela uberização pode ser compreendido com uma forma precarizada do trabalho, uma vez que não existe uma relação de trabalho formal e existe, geralmente, uma intensificaçao e uma extensão da jornada de trabalho, com a transferência de custos e riscos para o trabalhador. De acordo com Abílio (2019, p.2), a nova forma de controle e gerenciamento do trabalho com o advento da uberização acontece através de mecanismos que objetivam transferir custos e riscos diretamente para o trabalhador. Deve-se ressaltar que a uberização não está atrelada a era digital, uma vez que a sua formação se estende há alguns anos na organização global do trabalho. De acordo com Abílio (2019, p.5), “autogerenciamento subordinado deixa mais evidente que o que está em jogo é a terceirização de parte do gerenciamento do trabalho para o próprio trabalhador”, e ressalta a apropriação privada das estratégicas de trabalho, organização do tempo e saberes como parte da produtividade. O autogerenciamento subordinado transforma o trabalhador na força de trabalho, sendo as empresas apenas mediadoras que não contribuem e não assumem responsabilidades e riscos. Referência: Abílio, L. C.; Uberização: Do empreededorismo para o autogerenciamento subordinado. Psicoperspectivas Individuo y Sociedad,v. 18, n.13. 2019. Questão 2: (3 pontos) A uberização e o empreendedorismo podem ser compreendidos como formas de flexibilização do trabalho, no contexto do regime de acumulação flexível. Com base em Kuenzer (2017), de que modo a atual reforma do Ensino Médio atende aos interesses da formação dos trabalhadores demandados pelo regime de acumulação flexível? Conforme afirma Kuenzer (2017, p.331), “do ponto de vista ontológico, aponta-se que a reforma do ensino médio responde ao alinhamento da formação ao regime de acumulação flexível”. A flexibilização do currículo escolar é justificada pela necessidade de atender às demandas da sociedade e de um mercado cada vez mais competitivo e com altas exigências. Kuenzer (2017, p.337) explica que “na concepção da aprendizagem flexível, a forma de participação do aluno nessa proposta muda bastante: de espectador passa a ser sujeito de sua própria aprendizagem, o que exigirá dele iniciativa, autonomia, disciplina e comprometimento”. Desta maneira, o aluno é responsável por seus horários de estudo e por seu ritmo de aprendizagem. Tal postura é semelhante ao autogerenciamento exigido dentro do âmbito da uberização. Segundo Kuenzer (2017, p.341), “o ensino médio na atual versão integra a pedagogia da acumulação flexível e tem como finalidade a formação de trabalhadores com subjetividades flexíveis, por meio de uma base de educação geral complementada por itinerários formativos por área de conhecimento”. Referência: Kuenzer, A. C.; Trabalho e Escola: A flexibilização do ensino médio no contexto do regime de acumulação flexível. A Educ. Soc., Campinas, v. 38, nº. 139, p.331-354, abr.-jun., 2017 Questão 3: (2 pontos) A precarização do trabalho é um elemento estrutural do modo de produção capitalista e adquire uma dinâmica mais intensa a partir da reestruturação produtiva. Com a pandemia da Covid-19, a precarização do trabalho adquire contornos mais dramáticos, sobretudo nos países de capitalismo periférico, como o Brasil. Descreva de que modo e em quais aspectos essa precarização foi intensificada no período da pandemia, no Brasil. A precarização do trabalho compõe o modo de produção capitalista. Em relação à pandemia de Covid- 19, Souza (2021, p.3) estabelece que “a precarização do trabalho, que vem se desenhando há muito tempo, caracterizou uma dinâmica de dificuldades para o enfrentamento da pandemia, ao passo que a pandemia tem servido de mediação para exponenciação da precarização.” Desta forma, podemos perceber um sistema que se retroalimenta. O fechamento de diversos serviços e a necessidade do isolamento social elevou o número de pessoas desempregadas, que já era expressivo na sociedade brasileira. Souza (2021) elabora que embora o governo tenha lançado programas de auxílio emergencial e medidas provisórias para que não houvesse uma maior perda de vagas formais de emprego, a intenção a partir destas ações era a proteção dos empresários. O home office, conforme afirma Souza (2021, p. 6), “tem se situado no contexto da precarização do trabalho, modulada pela pandemia e com consequências negativas visíveis” e inclui que uma das atividades mais requisitas durante a pandemia que foi a das entregas em domicílio e de motoristas passou pelas faltas de condições de trabalho. De acordo com Souza (2021, p.7), “a precarização desse tipo de organização do trabalho fica especialmente visível na dimensão da saúde dos trabalhadores, sobretudo pela extenuação devido às longas jornadas, exponenciada pela desproteção”. Segundo Souza (2021, p.12), “A precarização do trabalho assume eminência no conjunto dessas repercussões, articulando-se e acentuando-se com a pandemia, em todas as suas dimensões: os vínculos de trabalho e relações contratuais precárias ganham maior amplitude ante um contexto de contrarreforma trabalhista” Referência: Souza, D. O.; As dimensões da precarização do trabalho em face da pandemia de Covid-19. Trabalho, Educação e Saúde, v. 19, 2021. Questão 4: (2 pontos) Observe o Quadro de Horário abaixo, publicizado no site da Seeduc-RJ, de uma turma do 1º ano, de uma das 151 escolas da rede estadual de educação do Rio de Janeiro que oferecem o Ensino Médio em Tempo Integral com Ênfase em Empreendedorismo Aplicado ao Mundo do Trabalho. Depois responda à questão que se encontra em seguida. se encontra abaixo do Quadro de Horário. Quadro de Horário – EM-ADM-1001 – CE XXX – Seeudc RJ Com base nos textos estudados ao longo deste semestre na disciplina Educação e Trabalho e no Quadro de Horários apresentado acima, responda: a) Qual a relação entre educação e trabalho? De acordo com Saviani (2007, p.152), “apenas o ser humano trabalha e educa”, sendo a relação entre trabalho e educação uma relação de identidade, uma vez que o homem aprendeu a produzir a sua existência ao produzi-la. A divisão de classes provocou também uma divisão na educação. De acordo com Saviani (2007, p.155), a partir do escravismo antigos foram duas modalidades de educação: uma para a classe proprietária, ou seja, para os outros livres, e outra para a classe não proprietária, nas qual estavam os escravos e serviçais. A primeira possuía um foco em atividades intelectuais, exercícios físicos dotados de ludicidade e na comunicação, enquanto a segunda centrava-se no processo de trabalho. Com a divisão de classes também surgiu a divisão do trabalho, antes caracterizado pela produção coletiva destinada à sobrevivência. A escola, segundo Saviani (2007, p.156), surge de uma organização no formato escolar daqueles que compunham a classe social com tempo livre e de lazer”. Referência: Saviani, D.; Trabalho e Educação: Fundamentos Ontológicos e Históricos. Revista Brasileira de Educação v.12, n.34, p.152-165. São Paulo, 2007.b) Para você, de um modo geral, a formação oferecida aos trabalhadores visa a conformação ou a reflexão crítica das relações flexíveis de trabalho? Justifique sua resposta. A educação oferecida aos trabalhadores vida a conformação. Podemos dizer que A escola permanece como sua função de manter uma hegemonia de classes, porém precisa prover uma formação do trabalhador para o mercado de trabalho. Conforme cita Araujo et al. (2020, p.12) a partir da educação, objetiva-se o desenvolvimento prévio de um conjunto de aptidões que, mais tarde, serão exigidos no emprego. A educação segue reproduzindo as características do sistema produtivo, considerando as necessidades do mercado em detrimento da formação do indivíduo autônomo e crítico. Referência: Araújo, R.; Pereira, K. C. P.; Ribeiro, L. S.; Mundo do trabalho e as reformas na educação: a formação do trabalhador flexível e a precarização do ensino. Rev. HISTEDBR On-line, Campinas, São Paulo, v.20, p.1-27. 2020.
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