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Copyright © 1998, Editora Cristã Evangélica Todos os direitos nacionais e internacionais desta edição reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da Editora Cristã Evangélica (lei nº 9.610 de 19/02/1998), salvo em breves citações, com indicação da fontes As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), exceto indicações de outras versões. Editora filiada à Associação de Editores Cristãos Rua Goiânia, 294 – Parque Industrial 12235-625 São José dos Campos-SP comercial@editoracristaevangelica.com.br www.editoracristaevangelica.com.br Telefax: (12) 3202-1700 diretor Abimael de Souza consultor John D. Barnett editor-chefe André de Souza Lima mailto:comercial@editoracristaevangelica.com.br http://www.editoracristaevangelica.com.br/ assistentes editoriais Isabel Cristina D. Costa Regina Okamura Selma Dias Alves autores Jessé Ferreira Bispo João Arantes Costa John D. Barnett José Humberto de Oliveira revisor es Aydano Barreto Carleial Leheni Lino de Oliveira Ferreira autora do guia Mércia Madeira e Silva projeto gráfico Patrícia Pereira Silva diagramação André de Sousa Júnior capa Henrique Martins Carvalho As explorações do homem no espaço têm demonstrado não somente a imensidade do nosso sistema solar, como a existência de outros sóis maravilhosos - de fato, galáxias inteiras de sistemas solares. A nossa Terra representa um pequeno ponto no meio dos inúmeros corpos celestes de todo grau de resplendor. Como o salmista, nós também ficamos maravilhados - “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres?” (Sl 8.3-4). De fato, nós, criaturas humanas, somos nada no meio deste vastíssimo espaço. Mas há uma pergunta que sempre surge: existem outras criaturas, além do homem? Há um grupo, chamadoufologistas, que especulam sobre a vinda para a Terra de objetos voadores não identificados (OVNIs). Será que existem mesmo seres extraterrestres? Ou será que o homem é a única criatura de Deus neste imenso espaço capaz de apreciar e contemplar essa obra de Deus? Deus não tem outras criaturas inteligentes para louvá-Lo em vista de toda a Sua criação? Como crentes, quando queremos descobrir a Verdade, procuramos a única fonte de informação segura - a Bíblia - e descobrirmos que existe, sim, uma outra classe de seres superiores. Eles são os anjos de Deus, “os exércitos celestiais, os habitantes dos céus, a inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus” (Bancroft). Mas, também, a Bíblia afirma que existe um outro grupo de seres que pertencia à mesma classe, que antes servia ao Senhor, mas agora se encontra em total rebelião contra Deus, liderado pelo antigo “anjo de luz”, agora chamado Satanás. Não há dúvida de que um dos assuntos que atualmente tem despertado muito interesse, tanto no meio das igrejas evangélicas como no mundo fora, tem sido o de anjos. O próprio autor das lições comenta: “Por volta da metade da década de 90 irrompeu uma onda doutrinária a respeito dos anjos. Desde então têm sido produzidas várias obras sobre o assunto nos meios religiosos não-cristãos. Muitas destas obras se ocupam em mostrar que a doutrina dos anjos é uma herança das religiões orientais, e são carregadas de misticismo. A mídia, especialmente a televisão, encarregou-se de espalhar os conceitos errôneos sobre os anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente fracas e supersticiosas. Em consequência, os cristãos correm o risco de serem influenciados por esses ‘ventos de doutrina’ que, não raro, sopram sobre os arraiais evangélicos”. Pensando em nos livrarmos dessas influências, a Editora traz 17 lições sobre a doutrina bíblica dos anjos. Essa será uma boa oportunidade para refletir seriamente sobre aquilo que a Bíblia diz sobre esse assunto da atualidade. Mas um alerta: estas lições devem ser estudadas no espírito de oração e total dependência do Espírito Santo. Estamos entrando num campo espiritualmente “pesado” e, sem um preparo adequado, perigoso. Que Deus o abençoe muito no estudo deste assunto! John D. Barnett (Nota: Lições em que os livros são citados estão identificados em parêntesis) BROADUS, John. Comentário de Mateus. (10) BLAUW, Johannes. A natureza missionária da Igreja. São Paulo: ASTE. (17) CABRAL, Elienai. Lições bíblicas: Anjos, uma perspectiva bíblica e atual. Rio de Janeiro: CPAD. (3) CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Hagnos. (4) (5) CHAMPLIN, Russell N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Editora Hagnos. (7) FERREIRA, Ebenézer Soares. Angelologia. Rio de Janeiro: JUERP. (1) FOULKES, Francis. Efésios: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova. (17) FILHO, Tácito da Gama Leite. Anjos. Rio de Janeiro: JUERP. (2) GONDIN, Ricardo. Os santos em guerra. São Paulo: Abba Press. (6) (15) GRAHAM, Billy. Anjos: os anjos secretos de Deus. Rio de Janeiro: Editora Record. (6) GREEN, Michael. II Pedro e Judas: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova. (7) MACINTYRE, Archibald Joseph. Os anjos: uma realidade admirável. [s.n.t.]. (2) MORRIS, Leon L. Lucas: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova. (10) MUELLER, Ênio R. I Pedro: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova. (10) RYRIE, Charles. Teologia Básica. São Paulo: Editora Mundo Cristão. (3) (6) (9) STOTT, John R.W. A mensagem de Efésios. São Paulo: ABU Editora. (7) (12) (13) (17) THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Batista Regular. (9) TOZER, A.W. O poder de Deus. São Paulo: Editora Mundo Cristão. (16) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 – Sumário – Anjos, seres criados por Deus Angelologia, uma doutrina básica Anjos, quem são esses seres? A organização angelical O ministério dos anjos na Bíblia O ministério especial dos anjos Os anjos a serviço da igreja e dos crentes Conhecendo o inimigo Nomes e atividades do inimigo Satanás, o agente da tentação Demônios, ajudantes de Satanás Os demônios em ação A possessão demoníaca Pode um cristão ser possesso? A batalha espiritual Os crentes envolvidos na batalha As armas da nossa milícia 1 Anjos, seres criados por Deus texto básico Mateus 22.23-33 versículo-chave Mateus 22.29 “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” alvo da lição Demonstrar a importância do estudo da doutrina dos anjos à luz da Bíblia, para livrar o crente de ser atingido pelas ondas do momento a respeito desse assunto. leia a Bíblia diariamente seg Mt 22.23-33 ter Mc 12.18-27 qua Lc 20.27-40 qui At 23.1-10 sex 1Co 1.18-25 sáb Cl 2.16-19 dom Hb 9.23-28 Introdução Por volta da metade da década de 90, irrompeu uma onda doutrinária a respeito dos anjos. Desde então têm sido produzidas várias obras sobre o assunto nos meios religiosos não cristãos. Muitas destas obras se ocupam em mostrar que a doutrina dos anjos é uma herança das religiões orientais, e são carregadas de misticismo. A mídia, especialmente a televisão, encarregou-se de espalhar os conceitos errôneos sobre os anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente fracas e supersticiosas. Em consequência, os cristãos correm o risco de serem influenciados por esses “ventos de doutrina” que, não raro, sopram sobre os arraiais evangélicos. Pensando em nos livrarmos dessas influências, vamos estudar sobre os anjos. Na lição de hoje nos ocuparemos em considerar as razões por que a doutrina da angelologia não tem sido bem estudada pelos cristãos e as objeções que, durante os tempos, têm sido feitas à existência dos anjos. I. Angelologia – Uma doutrina esquecida Angelologia é o estudo referente aos anjos. É uma palavra vinda do encontro de outras duas palavras: angelose logia, palavras gregas que significam anjo e estudo, respectivamente. É um assunto de pouco interesse entre os evangélicos de modo geral. O Dr. Ebenézer Soares Ferreira (Angelologia - p.11-12) sugere algumas razões por que os estudiosos da Bíblia e da Teologia têm dado pouca atenção a esse assunto. 1. As sutilezas escolásticas O Escolasticismo foi uma forma de pensar dos filósofos e teólogos, que vieram a ser chamados de escolásticos, no período da Idade Média (período histórico entre o começo do século V e meados do século XV). Muitos assuntos eram tratados com profundidade, mas às vezes eles desciam a considerações banais. Foi assim que trataram a doutrina dos anjos, levantando questões sem nenhuma relevância para a sua compreensão, como, por exemplo: a. Quantos anjos poderiam permanecer na ponta de uma agulha? b. Um anjo poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo? c. Os anjos da guarda vigiam as crianças desde o nascimento? depois de batizadas? ou já desde o embrião? Essas sutilezas dos escolásticos terminaram por desinteressar os teólogos evangélicos a refletirem sobre angelologia, ou provocaram neles o receio de serem considerados escolásticos se viessem a abordar o assunto. 2. O cristocentrismo Embora ser cristocêntrico seja uma exigência para o cristão e para o cristianismo, porque devemos dar preeminência a Cristo e anunciar uma mensagem eminentemente cristocêntrica (1Co 1.23), corremos o risco de, procedendo assim, pôr de lado outras doutrinas. A doutrina dos anjos é uma questão de revelação de Deus, desde Gênesis a Apocalipse (cf. Gn 3.24, onde o Senhor põe querubins a guardar o jardim do Éden e Ap 22.8), e não podemos ser ignorantes sobre qualquer aspecto da Revelação. Se a angelologia é uma doutrina bíblica, é importante que a estudemos. 3. As misti�cações Hoje se apregoa, por toda a parte, a aparição de anjos que fazem milagres, que movem pessoas de um lugar para outro… Anjos são vistos nos cantos superiores das naves dos templos, pousados nos lustres… Essas mistificações causam repulsa e levam a considerar o assunto dos anjos uma questão de crendice popular ou de superstição, que não merece uma reflexão séria. Essa é, provavelmente, mais uma razão por que a doutrina dos anjos é esquecida. Entretanto, ao invés de esquecê-la, apenas deveríamos nos livrar do misticismo em torno dos anjos. Foi isso que Paulo condenou quando escreveu aos crentes de Colossos, que, influenciados por práticas pagãs, corriam também o risco de prestar adoração a anjos, e não a Deus (Cl 2.18). II. Objeções à doutrina dos anjos Em qualquer tempo da história, a doutrina dos anjos tem encontrado oponentes e contestadores. 1. A doutrina dos saduceus Os saduceus compunham uma seita judaica, que floresceu na Palestina desde os fins do século II a.C. até os fins do século I d.C. Duas doutrinas em que os saduceus diferençavam dos estudiosos de sua época eram: a. a negação da ressurreição dos mortos (Mt 22.23), e b. a inexistência dos anjos (At 23.8). Esses dois erros doutrinários dos saduceus foram condenados pelos ensinos de Jesus, que reafirma a doutrina da ressurreição e a existência dos anjos com um mesmo argumento: “Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt 22.30). 2. O racionalismo Do ponto de vista dos racionalistas, a existência dos anjos é uma aberração, pois foge dos princípios da razão e da ciência. Consequentemente, eles veem a crença na existência dos anjos como uma forma de politeísmo primitivo, que teve sua evolução no judaísmo. Esse pensamento racionalista não é coerente, pois a doutrina judaica é essencialmente monoteísta. Os anjos não são deuses; são seres espirituais que Deus usa (cf. Hb 1.7). Os anjos bons nunca se manifestam como um deus, mas como mensageiros de Deus, incumbidos de uma tarefa específica; e os anjos maus são seres espirituais rebelados contra Deus, ainda a Ele sujeitos (Jó 1.6-12; 2.1-6). Rejeita-se também essa opinião racionalista, porque ela exclui a interferência divina na história e na vida dos homens que, diversas vezes, foi feita pela ação dos anjos. 3. O materialismo Os materialistas negam a existência de um mundo espiritual; por isso também negam a existência dos anjos. Só aceitam a realidade do mundo material, rejeitando tudo o que vá além da matéria. Contrariam a vontade de Deus, porque “só se preocupam com as coisas terrenas”, e estão condenados à perdição (Fp 3.17-4.1). 4. O espiritismo A doutrina espírita sobre os anjos se encaixa devidamente no conjunto da sua estrutura doutrinária, cuja linha mestra é a reencarnação. O espiritismo ensina que os anjos são almas dos mortos que, depois de várias etapas de reencarnação, alcançaram um grau máximo de perfeição. Assim, negam a existência distinta dos seres angelicais. Para eles, tanto os anjos bons como os maus ou demônios inexistem. Estes últimos, dizem, são almas desencarnadas. Rejeitamos a doutrina da reencarnação, refutando-a com textos bíblicos, como o de Hebreus 9.27. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”. Ninguém há que, tendo passado desta vida para a outra, volta, mesmo que seja para um bom propósito, e muito menos para habitar em outro corpo (Lc 16.27-31). Conclusão Hoje, diante do interesse cada vez maior no ocultismo, nos objetos voadores não identificados (óvnis), na existência de vida em outros planetas e nas revelações místicas, torna-se relevante um estudo sobre anjos com base nas Escrituras. Precisamos estudar seriamente o assunto, para termos segurança, diante de tanta ignorância a respeito ou de tanta deturpação da verdadeira doutrina. CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO Só iniciamos o nosso estudo sobre anjos. Verifique se já teve algum proveito, respondendo às seguintes perguntas: 1. Que razões são apresentadas para o descuido em estudar sobre anjos? 2. Quais as doutrinas que negam a existência dos anjos? Como refutá-las? 3. Que pensam os espíritas sobre os anjos? Que base temos para rejeitar a doutrina deles? 2 Angelologia, uma doutrina bíblica texto básico Hebreus 1.1-14 versículo-chave Hebreus 1.14 “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação?” alvo da lição Conduzir o crente a fundamentar na Bíblia sua compreensão sobre o mundo dos seres espirituais, e não em obras e informações fora das Escrituras. leia a Bíblia diariamente seg Hb 1.1-4 ter Hb 1.5-14 qua Hb 2.1-9 qui Ap 5.8-14 sex Mt 28.1-10 sáb At 1.6-11 dom 2Pe 2.4-9 Introdução Tem crescido muito o mercado de livros evangélicos no Brasil. Há algum tempo era pequeno o número de editoras. Hoje há muitas, espalhando literatura em todos os cantos. Não é, entretanto, pelo simples fato de levarem o rótulo de evangélicos, que editoras e escritores produzem livros baseados nas Escrituras, razão pela qual devemos ser criteriosos na escolha e compra de livros. Há livros sobre anjos e demônios que não têm como fonte somente as Escrituras. Baseiam-se também em experiências ou alinham às informações bíblicas os ensinamentos do misticismo religioso do nosso tempo. Serve- nos, portanto, a advertência paulina: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo” (Cl 2.8). Devemos estudar angelologia unicamente por uma perspectiva bíblica. Os anjos são mencionados em toda a Bíblia: 108 vezes no Antigo Testamento e 175 vezes no Novo Testamento, 72 das quais no Apocalipse (Gama Leite, p.11-12). I. Anjos no Antigo Testamento Em todas as partes do Antigo Testamento, os anjos são mencionados. 1. Nos livros da lei Nesta parte da Bíblia os anjos aparecem em muitas ocasiões. a. Gênesis: logo em Gênesis 3.24 são mencionados os querubins, anjos que guardavam o jardim do Éden. Mais adiante encontramos um anjo falando a Agar (Gn 16.7); outros dialogando com Abraão (Gn 18.2; 22.11); outros livraram Ló e sua família de serem destruídos com Sodoma e Gomorra (Gn19.1); outros apareceram numa visão a Jacó, e um deles lutou com o patriarca (Gn 28.12 e 32.24). b. c. Êxodo: este livro faz menção do anjo de Deus que ia adiante do povo de Israel (cf. Êx 23.20; 32.34). d. Números: Moisés faz referência à proteção dispensada pelo anjo de Deus a Israel, quando envia uma mensagem ao rei de Edom, solicitando passagem pelas terras do seu domínio (Nm 20.16). Um anjo também aparece a Balaão, repreendendo-o por ter espancado a jumenta (Nm 22.31-35). 2. Nos livros históricos Nestes há algumas referências a anjos. a. Juízes: um anjo aparece repreendendo os israelitas (Jz 2.1); o anjo do Senhor é mencionado no cântico de Débora (Jz 5.23); um anjo foi instrumento de Deus para a vocação de Gideão (Jz 6.11) e outro anunciou o nascimento de Sansão (Jz 13.3). b. Livros dos Reis: os anjos também estiveram em ação: um confortou a Elias (1Rs 19.7; 2Rs 1.3), outro feriu os assírios (2Rs 19.35). 3. Nos livros poéticos Os anjos aparecem em Jó e em Salmos. a. Jó: foi provavelmente o primeiro livro da Bíblia a ser escrito, e já temos a evidência da crença na existência dos anjos. São mencionados por Elifaz (Jó 4.18) e por Eliú (Jó 33.23-24), e em Jó 1.6; 2.1 e 38.7, onde aparece a expressão filhos de Deus, “pode-se afirmar que eram anjos, pois dizem respeito a seres criados imediatamente por Deus, sem intermediários” (Gama Leite, p.12). b. Salmos: anjos são mencionados algumas vezes, entre as quais em Salmo 29.1; 91.11,12; 103.20. 4. Nos livros proféticos Há nos livros proféticos registro de várias visões em que aparecem anjos. a. Isaías viu serafins por cima do templo (Is 6.2). b. Em Daniel 3.25, um ser “semelhante a um filho dos deuses”, com o qual os amigos de Daniel foram vistos pelo rei Nabucodonosor, passeando na fornalha, pode ter sido um anjo; o profeta também testifica que foi um anjo que fechou a boca dos leões (Dn 6.22). Portanto, basta folhear o Antigo Testamento para notar que os anjos “não são símbolos, alegorias ou criações míticas. Ao contrário, são seres reais, objeto de fé do povo de Israel, o qual admitia que Deus se servia dos anjos para governar o mundo e dirigir os rumos da história” (Macintyre, p.52). II. No Novo Testamento O Novo Testamento reafirma a doutrina dos anjos exposta no Antigo. 1. Nos evangelhos Podemos constatar, primeiro, que os anjos aparecem nessa parte a algumas pessoas, às quais comunicam alguma revelação: a José (Mt 1.20, 24; 2.13,19), a Maria (Lc 1.26) e a Zacarias (Lc 1.11,13). Aparecem também servindo ao Filho de Deus no deserto (Mc 1.13) e anunciando Sua ressurreição (Mt 28.2). Jesus mesmo ensinou sobre a atuação deles, conforme o registro dos evangelistas (Mt 13.39,49; 18.10; 22.30; Mc 12.25; Lc 15.10; 16.22). 2. Em Atos dos Apóstolos Logo no início desse livro, os anjos aparecem na ascensão de Jesus Cristo (At 1.10-11). Depois surgem falando a Filipe (At 8.26), a Cornélio (At 10.3; 11.13) e a Paulo (At 27.23). 3. Nas cartas paulinas Nessa secção do Novo Testamento desenvolve-se a doutrina. Por 14 vezes a palavra “anjo” é mencionada. a. Paulo não só acreditava na existência deles, como também em seus serviços (cf. Rm 8.38; Gl 3.19). b. Paulo afirma que os anjos são criaturas de Deus e como tais estão sujeitas a Cristo (Cl 1.16; Fp 2.10). c. Paulo ensina que, quando na terra, Jesus Cristo foi assistido pelos anjos (1Tm 3.16); que quando Cristo voltar, se ouvirá a voz do arcanjo (1Ts 4.16) e que a lei foi transmitida pelo ministério dos anjos (Gl 3.19). d. Paulo, por outro lado, adverte quanto ao perigo de se dar crédito a um evangelho pregado por algum anjo (Gl 1.8) e mostra aos crentes de Colossos o erro de comparar Cristo aos anjos (Cl 2.18). 4. Na carta aos Hebreus Nessa carta os anjos aparecem mencionados 13 vezes. O propósito do autor é demonstrar a superioridade de Jesus Cristo sobre eles (cf. Hb 1.4-5, 13-14; 2.2,5,7,9; 12.22). 5. Nas cartas de Pedro O apóstolo Pedro ensina sobre a justiça divina aplicada aos anjos decaídos (2Pe 2.4,11) e sobre a sujeição dos anjos a Jesus Cristo (1Pe 3.22). 6. No Apocalipse Nesse livro a palavra “anjo” aparece 72 vezes, nas quais os seres angelicais desempenham variados papéis. a. Os anjos compõem um coro ao redor do trono de Deus (Ap 5.11). b. Os anjos estão diante Dele prontos a executar Suas ordens (Ap 8.2). c. Os anjos são os instrumentos de aplicação do juízo de Deus sobre a terra (cf. Ap 14.15; 15.1). Conclusão A Bíblia nos ensina a respeito dos anjos, e esse ensino é suficiente para o nosso entendimento sobre esses seres angelicais. Recorrer a outras fontes oferece o risco de se desviar da reta doutrina que as Escrituras contêm. CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO A título de verificar o que foi aprendido neste estudo, responda as questões a seguir: 1. Quantas vezes os anjos são mencionados: a) No Antigo Testamento b) No Novo Testamento c) No Apocalipse 2. Cite algumas atuações dos anjos mencionadas nos livros históricos. 3. Os anjos tiveram alguma relação com o ministério terreno de Jesus? Exemplifique. 4. Qual o objetivo do autor da carta aos Hebreus ao mencionar os anjos? 5. Os anjos são apenas instrumentos da graça divina ou também do juízo divino? Em que isso difere do ensinamento extrabíblico? 3 Anjos, quem são esses seres? Pr. Vanderli Lima Carreiro texto básico Colossenses 1.15-20 versículo-chave Colossenses 1.16 “Pois, nele, foram criadas todos as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para Ele” alvo da lição Mostrar que os anjos são seres criados por Deus, deixando claro que são finitos e dependentes de Deus, embora mais poderosos e mais inteligentes que os homens. Conduzir o aluno a render-se diante do Deus Todo-Poderoso, que tudo criou e a tudo governa. leia a Bíblia diariamente seg Sl 33.1-22 ter Ne 9.6-15 qua Jó 38.4-7 qui Gn 19.1-13 sex Lc 20.27-40 sáb 2Sm 14.8-20 dom Mt 18.6-14 Introdução A lição anterior focalizou a necessidade de se estudar sobre os anjos e deixou evidente que a angelologia é uma doutrina amplamente exposta na Bíblia. Agora continuamos, com base na palavra de Deus, a considerar essa doutrina. Quem são os anjos? Respostas erradas têm sido dadas a essa pergunta, como já vimos. Embora não se possa encontrar na Bíblia tudo o que desejamos para satisfazer à nossa curiosidade sobre os seres angelicais, cremos que Deus nos revela o necessário para a nossa compreensão a seu respeito. I. São mensageiros A palavra “anjo” deriva da língua latina - angelus - que é correspondente à palavra grega angelos. No hebraico a palavra para anjo é mal’ako. O significado comum é mensageiro, enviado. “Anjos”, com o sentido de mensageiros, não diz respeito à natureza espiritual desses seres, mas determina a sua missão. Com esse mesmo sentido de mensageiro ou enviado, pessoas humanas são chamadas “anjos”: o sacerdote (Ml 2.7); o rei (2Sm 14.17,20); os pastores líderes das sete igrejas do Apocalipse (Ap 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14). Contudo, não é difícil perceber quando o termo se refere aos seres celestiais, porque vem associado à pessoa de Deus como, em Gênesis 16.7; 28.12 e Salmo 34.7. II. São criaturas de Deus Deus criou tudo o que existe, as coisas visíveis e as invisíveis. Entre elas criou os anjos (Cl 1.16). Examinando a Bíblia, concluímos que foram criados todos de uma só vez - Deus criou uma companhia de anjos e não uma raça. 1. Quando foram criados? Provavelmente foram criados antes da criação do mundo físico. É o que podemos entender à luz de Jó 38.4-7. “Os filhos de Deus”, que foram testemunhas da criação de todas as coisas, certamente eram os anjos. Se puderam contemplar toda a criação divina, é porque já haviam sido criados. 2. Quantos foram criados? Não há como contá-los. As Escrituras falam de milhares de milhares (Dn 7.10; Ap 5.11), de miríades (Hb 12.22), de legiões (Mt 26.53). Tentar descobrir quantos são e nomeá-los é pura tolice, porque a Bíblia dá númerosindefinidos. Há um número definido deles, que apenas o Senhor conhece, pois foram criados ao mesmo tempo, de uma só vez. 3. Em qual estado foram criados? Originalmente as criaturas angelicais eram santas. Todas as outras coisas criadas por Deus eram boas (Gn 1.31), e os anjos foram criados nesse estado de justiça, bondade e santidade. Havia uma condição original de igualdade em todos os anjos (2Pe 2.4). Os anjos que assim perseveraram, continuaram a serviço do Senhor e foram chamados “eleitos” (Mt 18.10; 1Tm 5.21). Os anjos maus são os que não perseveraram no estado original. Rebelaram- se e tornaram-se inimigos de Deus, dos outros anjos e dos homens, e estão condenados a tormentos e castigo eterno (Jd 6; Mt 8.29; 25.41). 4. Onde habitam? Nas regiões celestiais, onde se manifestam. Várias referências nos dão conta de que os anjos têm sua habitação numa dimensão celestial. Jacó, sonhando, viu anjos que subiam e desciam uma escada cujo topo tocava os céus (Gn 28.12). No Apocalipse anjos são vistos nos céus (cf. Ap 8.5). Quando descem à terra, o fazem para cumprir uma missão (cf. At 12.7). III. Sua personalidade e natureza Há informações bíblicas preciosas sobre a personalidade e a natureza dos anjos. 1. Os anjos são seres pessoais Deus atribuiu a esses seres que criou características pessoais. A crendice popular tem os anjos como espíritos impessoais ou influências sobre os homens. Diferentemente do que popularmente se pensa, a Bíblia os apresenta como pessoas. São seres inteligentes, têm vontade própria e prerrogativas específicas. Um exame do texto de Gênesis 19.1-13 demonstra isso. Dois anjos dialogam inteligentemente com Ló, determinando providências e agindo coerentemente. 2. Os anjos são seres imortais Não são eternos, nem possuem a imortalidade essencial, que só Deus possui (cf. 1Tm 6.16), mas são imortais (Lc 20.36), do mesmo modo que o é a alma dos homens. A eternidade para os anjos é a mesma concedida aos seres humanos, na qualidade de criaturas de Deus (cf. Lc 20.35-36). 3. Os anjos são seres espirituais e incorpóreos Os seres celestiais estão destituídos de qualquer forma corpórea - têm natureza espiritual (Mt 8.16; Ef 6.12; Hb 1.14). Por isso não possuem carne nem osso (Lc 24.39) e não podem exercer atividades que são próprias dos seres humanos (Mt 22.30). Anjos apareceram na forma de homem (Gn 18.2; 19.1); agiram como homens, ingerindo alimentos (Gn 18.8; 19.3), apenas para convencer de sua presença real as pessoas a quem apareciam. “Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos” (Cabral, p.9). Sendo espirituais, são também invisíveis (Cl 1.16). 4. Os anjos são seres morais Se são seres pessoais, possuem também natureza moral e, portanto, se encontram debaixo de obrigação moral. São recompensados por sua obediência e foram castigados por sua desobediência. Há anjos que permaneceram fiéis a Deus (At 10.4, 22; Ap 14.10) e anjos desobedientes, infiéis, que caíram (Is 14.12; Ez 28.15; Jo 8.44; 2Pe 2.4). 5. Os anjos são seres gloriosos Foram criados com glória e dignidade sobre-humana (Lc 9.26). No Apocalipse alguns anjos são descritos com majestade (Ap 10.1-3), contudo, não possuem a mesma glória do Pai nem a mesma glória do Filho (Hb 1.5- 13). Anjos são seres celestiais; não são seres divinos. 6. Os anjos são seres poderosos Aos anjos é conferido maior poder que aos homens (2Pe 2.11). O salmista reconhece o poder desses seres celestiais (Sl 103.20). Eles conhecem as leis da natureza e dominam o fogo e a água (Ap 14.18; 16.5). Há muitos fatos bíblicos que evidenciam o poder dos anjos. Vejamos alguns: a. um só destruiu todos os primogênitos do Egito, numa noite (Hb 11.28, cf. Êx 12.29); b. um deles destruiu setenta mil pessoas do reino de Davi (2Sm 24.15-16); c. um só matou cento e oitenta e cinco mil soldados assírios (Is 37.36); d. apenas um conseguiu remover a pedra que fechava o túmulo de Jesus (Mt 28.2). Entretanto, o poder dos anjos não é ilimitado. Não são onipotentes. São mais poderosos que os homens, mas não têm o mesmo poder que Deus. Não são capazes de criar nada, nem esquadrinhar o coração humano. Os anjos podem influenciar a mente humana do mesmo modo como outro ser humano influencia. A influência dos anjos maus, porém, pode ser impedida pelo poder de Deus (Ef 6.10-12; 1Jo 4.4,18). 7. Os anjos são seres inteligentes Não são oniscientes. Não têm inteligência num grau perfeitamente elevado como Deus, mas a possuem em grau mais elevado que os homens (cf. 2Sm 14.17,20; Mt 24.36; 1Pe 1.12). 8. Os anjos são seres assexuados Os anjos, tanto os bons como os maus, são seres que não apresentam característica de macho e fêmea. Jesus respondeu aos saduceus, que não criam na existências de anjos, que estes não casam, o que indica que não têm sexo e, consequentemente, não se propagam (Lc 20.35-36). Na Bíblia não se encontra a expressão “filhos de anjos”, pois os anjos são filhos diretos de Deus por ato de criação e por obediência (Jó 1.6; 2.1). Em Gênesis 6.2 os “filhos de Deus” não são anjos, como alguns entendem. São os descendentes de Sete, que eram tidos como os verdadeiros adoradores de Deus, e são assim chamados para diferençar dos descendentes de Caim. Conclusão Em resumo, “embora haja semelhanças entre anjos e Deus e entre anjos e homens, anjos são uma classe distinta de seres. Como Deus, mas diferente dos homens, eles não podem morrer. Como Deus eles são superiores em poder em relação ao homem, contudo não são onipotentes. Do mesmo modo que Deus e o homem eles têm personalidade. Como Deus eles são seres espirituais, mas não são onipresentes como Deus é” (Ryrie, p.127). CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO 1. Anjo significa, essencialmente_____________________________________________________________ 2. Quando os anjos foram criados?___________________________________________________________ 3. Quantos anjos foram criados?_____________________________________________________________ 4. Em que estado moral foram criados?_______________________________________________________ 5. Qual é a habitação dos anjos?______________________________________________________________ 6. Por que podemos declarar que os anjos são “pessoas”?_______________________________________ _________________________________________________________________________________________ 4 A organização angelical Pr. Vanderli Lima Carreiro texto básico Salmo 103.19-22 versículo-chave Salmo 103.21 “Bendizei ao Senhor, todos os seu exércitos, vós, ministros seus, que fazeis a sua vontade” alvo da lição Mostrar aos alunos que Deus organizou os anjos e classificou-os de acordo com ministérios que deveriam desempenhar. Considerar a organização angelical como um modelo para as ordens e a disciplina do exército terreno de Deus. leia a Bíblia diariamente seg Sl 103.19-22 ter 1Ts 4.13-18 qua Ef 1.15-23 qui Gn 3.22-24 sex Is 6.1-8 sáb Dn 8.15-27 dom Lc 1.18-23 Introdução Depois de refletimos sobre a personalidade e a natureza dos anjos, podemos pensar um pouco no modo como estão organizados. Temos algumas informações bíblicas sobre a organização dos anjos e sobre uma hierarquia angelical. Deus constituiu diversas ordens de anjos para O servirem e O glorificarem. Em cada uma das ordens, os anjos são diferentes em poder e autoridade. I. O fato da Sua organização A Bíblia fala de “assembleia” de anjos (Note: Em Sl 89.5-8 consta a palavra santos, mas o contexto dá a entender que são anjos), de sua organização para a batalha (Ap 12.7) e de um anjo que é rei sobre os terríveis seres apocalípticos que haverão de assolar a terra (Ap 9.11). Os anjos também possuem uma classificação governamental que indica organização e hierarquia, conforme Efésios 3.10 (dos anjos bons) e Efésios 6.12 (dos anjos maus). Sem dúvida, Deus determinou a organização dos anjos bons, e Satanás, dos anjos maus. Do mesmo modo que nos governos terrenos há graduações e posições, também as há nas regiões celestiais.Um importante aspecto prático decorre deste fato. Anjos bons são organizados; demônios também são organizados; enquanto os cristãos frequentemente acham desnecessário serem organizados. Muitos acham que podem lutar sozinhos, vencer a luta sozinhos, sem se submeterem a uma autoridade eclesiástica, sem organização e sem disciplina. E quando precisam promover boas obras ou praticar a ação social, poderiam fazer muito mais do que fazem, se se submetessem à organização e à disciplina. Lamentavelmente não o fazem! II. A hierarquia dos anjos Os anjos estão hierarquicamente ordenados. Aparecem numa escala de graduação ou de autoridade. Esta graduação está de acordo com a atividade que excercem. 1. Arcanjo “Arcanjo” é uma palavra grega - archangelos. Na Bíblia aparece a menção de apenas um arcanjo - Miguel (só pode haver mesmo um arcanjo, pois a palavra significa “o principal entre os anjos”). Seu nome significa “quem é como Deus” ou “semelhante a Deus”. O prefixo arc, de arcanjo, leva a supor ser este anjo um chefe principal e poderoso. E o significado do seu nome “Miguel” pode representar uma resposta a Lúcifer, cujo coração se elevou, dizendo: “Serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.14). Em Daniel 12.1 Miguel aparece como um dos primeiros príncipes - o “grande príncipe” - que se levantará como defensor dos filhos de Israel. Em Judas 9, apesar de investido de grande autoridade, o arcanjo Miguel deixa a repreensão final a Satanás para o Senhor, reconhecendo, com isto, o senhorio Dele. Em Apocalipse 12.7-12, o arcanjo Miguel aparece comandando um exército de anjos, que batalham e derrotam o diabo e seu exército de anjos maus. Outra referência a arcanjo encontramos em 1Tessalonicenses 4.16, numa alusão à segunda vinda de Jesus Cristo. Quando Ele voltar, os remidos serão convocados pela “voz do arcanjo” e ressuscitarão dos mortos para irem ao encontro do Senhor nos ares. 2. Anjos governadores Nos escritos paulinos, aparecem várias expressões que indicam ordens de anjos que exercem governo ou domínio sobre outros. a. Principados - essa palavra é usada por Paulo sete vezes, indicando uma ordem de anjos bons ou maus, envolvidos no governo do universo (Rm 8.38; Ef 1.21; 3.10; 6.12; Cl 1.16; 2.10, 15). Podem ser considerados como generais de exércitos angelicais. São anjos que têm poderes de príncipes. b. Potestades - devem ser anjos que exercem uma supremacia; possuem autoridade para governar. Sua principal atividade deve ser remover os obstáculos que podem impedir o cumprimento da vontade de Deus, e para isso são investidos de especial autoridade (Rm 8.38; Ef 1.21; 3.10; 6.12; Cl 1.16; 2.10). Efésios 3.10 pode dar a entender que potestades são anjos que aprendem algo da vontade de Deus ao contemplarem o que Ele está realizando no seio da igreja. c. Poderes - essa palavra ressalta o fato de que anjos e demônios têm maior poder que os homens. Pode referir-se, de modo especial, aos anjos que exercem poder sobre os fenômenos da natureza (2Pe 2.11; Ef 1.21; 1Pe 3.22). d. Domínio - deve ser uma classe de anjos que executam as ordens de Deus com relação às coisas criadas (Cl 1.16; Ef 1.21). e. Tronos - essa designação enfatiza a dignidade e autoridade com a qual Deus investiu os anjos que Ele usa para governar (Ef 1.21; Cl 1.16; 2Pe 2.10-11). Observe-se que em Colossenses 1.16 principados e potestades e tronos parecem referir-se a anjos bons. Efésios 1.21, entretanto, parece ser uma referência a anjos bons e maus. Já em Romamos 8.38, Efésios 6.12 e Colossenses 2.15, parece que a referência é apenas a anjos maus. “Embora haja uma aparente semelhança entre estas denominações, temos de presumir que estes títulos representam uma dignidade incompreensível e os diversos graus de categoria. As esferas celestiais de governo excedem os impérios humanos como o universo excede a terra” (Chafer, p.345). 3. Querubins “Querubins” deriva de querub (hebraico), cujo significado é “guardar” e “cobrir”. Com essa função, os querubins aparecem mencionados em vários textos. Eles agiram como guardiões da santidade de Deus, tendo guardado o caminho para a árvore da vida no jardim do Éden (Gn 3.24). O uso dos querubins na decoração do tabernáculo também indica sua função de guardião (Êx 26.1; 36.8;1Rs 6.23-29). A figura de dois querubins cobrindo o propiciatório igualmente pode representar uma “cobertura” da santidade do Senhor (Êx 25.10-22). Em Ezequiel 10, os querubins aparecem relacionados à glória de Deus. Os anjos descritos em Ezequiel 1 e Apocalipse 4 podem também ser identificados como querubins. Eles possuem extraordinário poder e majestade. Querubins são, portanto, anjos que defendem o caráter santo de Deus. Assim os encontramos em ação. 4. Sera�ns O nome “serafim” tem origem na raiz hebraica saraph, que significa “ardente”. Esses seres angelicais são mencionados apenas em Isaías 6.1-3. Eles aparecem ao redor do trono de Deus, a postos para cumprirem Suas ordens. Os serafins são considerados os mais nobres entre os anjos. Enquanto os querubins se ocupam em demonstrar a santidade de Deus, os serafins trabalham para promover a reconciliação, preparando os homens para uma adequada aproximação Dele. Os serafins são descritos por Isaías, em sua visão, como tendo asas: “cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os pés e com duas voava” (Is 6.2). Essas asas têm sentido simbólico. a. As que cobriam o rosto mostram a necessidade de uma atitude de reverência diante do Senhor. b. As que cobriam os pés falam da santidade do andar diante de Deus. c. As que serviam para voar indicam a grande capacidade de movimento e locomoção dos anjos. “Com que reverência deveríamos nos comportar quando nos dirigimos à Majestade Divina, diante do qual os próprios serafins escondem seus rostos! E se eles cobrem os seus pés, estão conscientes de sua imperfeição natural comparada com a glória infinita de Deus; nós que não passamos de torrões de terra, vis pecadores, deveríamos corar de vergonha na Sua presença...” (Chafer, p.347). 5. Outros anjos Um deles, mencionado pelo nome, é Gabriel (Dn 8.15-27; 9.20-27;Lc 1.19,26). Foi incumbido de missões extraordinárias, para revelar mistérios que se encontravam acima da compreensão humana. Gabriel significa “Deus é forte”. Aparece como mensageiro da misericórdia e das promessas divinas. Além do anjo Gabriel, aparecem outros anjos nas Escrituras, designados por Deus para tarefas específicas: a. mensageiros do juízo (Gn 19.13; 2Rs 19.35); b. com poder sobre o fogo (Ap 14.18); c. com poder sobre as águas (Ap 16.5); d. os sete anjos anunciadores de juízos (Ap 8.2); e. anunciadores de nascimento de crianças (Gn 18.1,10; Jz 13.3). Conclusão Como vimos, do mesmo modo que todo o restante da criação de Deus segue uma ordem ou organização, também os anjos possuem a sua hierarquia e cada um a sua missão. É bom estarmos alertas para a prática atual de dar nomes a anjos, com base em escritos religiosos orientais e espirituais e nos livros apócrifos. Neles aparecem nomes como Rafael, Saracael, Raquel e Remiel. Não nos é dada por Deus a tarefa de ficar inquirindo sobre nomes de anjos. Os que são identificados na Bíblia o são, especialmente para, por meio de sua nomeação, ressaltar a tarefa que cumprem. Seu nome não tem nenhuma importância além dessa. Sendo ministros de Deus, certamente Ele os conhece pelo nome. E se o Senhor não no-los revelou, é porque não é necessário possuir esse conhecimento para viver e crescer na fé. Aplicação Há uma grande lição prática nesse fato da organização e hierarquia dos anjos bons. Eles estão acostumados à disciplina e à obediência, e nisso nos servem de modelo. ! É bom também advertir que a classificação dos anjos que apresentamos nesta lição não pode ser definitiva. Há uma grande variação nas ordens apresentadas pelos teólogos. CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO 1. É um fato a organização dos anjos? Por quê? _____________________________________________________________________________________________________________________________________2. A ordem que a lição apresenta dos anjos é a seguinte: a.________________________________________________________________________________________ b._______________________________________________________________________________________ c._______________________________________________________________________________________ d._______________________________________________________________________________________ e._______________________________________________________________________________________ 3. Indique com que tarefas os anjos se relacionam: (a) querubins ( ) a santidade de Deus; (b) serafins ( ) a defesa do povo de Deus; (c) arcanjos ( ) a reconciliação dos homens com Deus. 5 O ministério dos anjos na Bíblia Pr. Vanderli Lima Carreiro texto básico Salmo 34.1-22 versículo-chave Salmo 34.7 “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” alvo da lição Demonstrar, à luz das referências do Antigo e do Novo Testamentos, como os anjos atuam para executar as ordens que recebem do Senhor. leia a Bíblia diariamente seg Sl 34.1-10 ter Gn 16.7-14 qua Jz 13.1-25 qui Lc 2.8-15 sex Lc 24.1-12 sáb At 8.26-40 dom At 12.9-19 Introdução Passo a passo estamos ampliando nosso conhecimento sobre os anjos. Depois de descobrirmos que estão devidamente organizados e que são hierarquicamente ordenados, veremos, a respeito do serviço que desempenham os anjos bons, mediante as ordens do Senhor. Os anjos atuam como agentes especiais de Deus. Geralmente se deslocam de um lugar para outro para dar cumprimento às ordens do Senhor. Às vezes se tornam visíveis, mas não são reconhecidos imediatamente como anjos. Seja como for, estão sempre atendendo a uma missão dada pelo Criador e servindo-O voluntariamente. “As 273 referências da Bíblia feitas a anjos são principalmente narrativas de suas atividades e nelas descobrimos um vasto campo de realizações” (Chafer, p.345). I. O ministério angelical no Antigo Testamento No Antigo Testamento, encontramos os anjos exercendo várias atividades, dentre as quais destacamos: 1. A promulgação da lei Embora no momento em que Moisés recebeu a lei (cf. Êx 19 e 20) não se mencione a participação dos anjos, no Novo Testamento se afirma que “foi promulgada por meio de anjos” (Gl 3.19) ou foi recebida por “ministério de anjos” (At 7.53). 2. O socorro a pessoas Alguns personagens bíblicos tiveram a atuação direta dos anjos vindo em seu socorro. Agar e Ló (Gn 16.7-12; 19.1-22) e em especial Abraão, quando estava prestes a oferecer Isaque em sacrifício (Gn 22.11-12). 3. A proteção de pessoas Jacó teve a experiência de ser protegido por anjos (Gn 32.1) e, quando abençoava os filhos de José, reconheceu isso, dizendo: “o Anjo que me tem livrado de todo mal” (Gn 48.16). 4. A direção do povo de Israel no deserto Israel tinha um anjo de Deus diante dele em sua peregrinação pelo deserto, rumo à terra prometida (Êx 14.19; 23.20). 5. A anunciação de nascimento Abraão e Sara receberam de um anjo a promessa de um herdeiro (Gn 18.1-33). Também Sansão teve seu nascimento anunciado por um anjo (Jz 13.1-24). Essas são algumas intervenções angelicais registradas no Antigo Testamento. Muitos personagens bíblicos estiveram envolvidos com anjos, em todo o tempo da antiga aliança. II. O ministério angelical no Novo Testamento Em toda a extensão do Novo Testamento, os anjos são vistos em ação. 1. Em relação a Jesus Cristo a. Anunciaram o Seu nascimento (Lc 1.26-37; 2.8-15) e indicaram o Seu nome (Lc 1.31). Antes já haviam anunciado a Zacarias o nascimento de João Batista e mostrado o nome dele (Lc 1.11-14). b. Após ter sido tentado no deserto, os anjos O assistiram (Mt 4.11). c. Um anjo O confortou no momento de Sua agonia no Getsêmani (Lc 22.43). d. Certamente eram anjos os dois “varões” que anunciaram a Sua ressurreição (Lc 24.4-6). e. Também dois “varões” estavam presentes em sua ascensão e confortaram os discípulos com a promessa da Sua volta (At 1.10-11). Anjos estiveram acompanhando Jesus em toda a Sua vida terrena, razão pela qual o apóstolo Paulo declara que Ele foi “contemplado por anjos” (1Tm 3.16). 2. Nos evangelhos Os evangelistas registram várias referências ao ministério dos anjos feitas por Jesus: a. anjos “subiam e desciam sobre Ele” (Jo 1.51); b. tinha-os para Sua defesa e podia dispor deles, se quisesse (Mt 26.53); c. declarou que estarão com Ele no julgamento das nações (Mt 25.31); d. disse que anjos conduziram Lázaro para o seio de Abraão (Lc 16.22); e. afirmou que os anjos contemplam a face de Deus no céu (Mt 18.10). 3. No ministério dos apóstolos e na igreja primitiva Mesmo depois da descida do Espírito Santo, os anjos continuaram a ministrar, agora em favor da igreja. a. Um anjo abriu a porta da prisão para que os apóstolos saíssem (At 5.19). b. Um anjo trasladou Filipe por uma distância de cerca de cem quilômetros, levando-o de onde encontrou o oficial etíope para Azoto (At 8.26-40). c. Cornélio necessitou da orientação de um anjo para mandar mensageiros chamar Pedro (At 10.3-8). d. Pedro teve a participação espetacular de um anjo para livrá-lo do cárcere onde estava acorrentado e guardado por dois soldados (At 12.3-11). e. Paulo teve o conforto de um anjo quando enfrentava a tumultuada viagem para Roma (At 27.23-24). Conclusão Nesta lição vimos que os anjos agiram no passado, desde os tempos bíblicos mais antigos, até o tempo da igreja primitiva. Na próxima, estudaremos o ministério especial dos anjos e, na seguinte, o ministério dos anjos em relação à igreja e em relação aos crentes. CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO 1. Qual das ações dos anjos no Antigo Testamento você destaca? _____________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Os anjos também serviram a Jesus Cristo. Relacione três ações angelicais em favor do Senhor. _____________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Indique duas importantes atividades angelicais em favor da igreja primitiva. _____________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Poderiam também os anjos exercer ministério em seu favor? Veja Hebreus 1.14. _____________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 O ministério especial dos anjos Pr. Vanderli Lima Carreiro texto básico Salmo 148.1-14 versículo-chave Salmo 148.2 “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes” alvo da lição Levar o aluno a compreender que os anjos são ministros de Deus para o cumprimento de Sua vontade, e não agentes de satisfação dos desejos humanos. leia a Bíblia diariamente seg Gn 19.1-22 ter At 27.21-26 qua Mt 18.10-14 qui 2Rs 19.35-37 sex At 12.20-23 sáb Ap 16.1-21 dom Ap 7.9-12 Introdução Além do ministério desenvolvido pelos anjos, mencionado na lição anterior, destacaremos algumas funções exercidas por eles. Embora estejam sempre à disposição do Senhor, para cumprir aquilo que lhes é determinado, há tarefas que desempenham rotineiramente. I. Os anjos adoram e louvam a Deus No lugar de sua habitação, os anjos não estão inativos. Uma das suas principais atividades é a adoração ao Senhor. Ele é digno do louvor e da adoração de todas as Suas criaturas, por isso o salmista os conclama a fazê- lo: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes” (Sl 148.2). Não só o Pai, mas também o Filho recebe a adoração angelical (cf. Hb 1.6). Em Apocalipse, João tem a visão de uma “grande multidão que ninguém podia enumerar… diante do trono e diante do Cordeiro” (Ap 7.9). A essa multidão se juntam os anjos, e todos adoram a Deus (Ap 7.11). Nem todos os anjos estão ao mesmo tempo adorando e louvando a Deus. Quanto a isso, Billy Graham comenta o seguinte: “Mas os anjos não passam todo o seu tempo no céu. Não são onipresentes (presentesem toda parte ao mesmo tempo), portanto só podem estar num lugar em determinado tempo. Entretanto, como mensageiros de Deus, acham-se socupados pelo mundo, cumprindo as ordens de Deus… Mas quando os anjos se encontram diante do trono de Deus, de fato cultuam e adoram o seu Criador” (Billy Graham, p.42,43). 1. Por que os anjos adoram a Deus? Eles O adoram voluntariamente. Há os que seguiram a Satanás, que por sua livre escolha o fizeram e, por isso, não adoram nem servem ao Senhor. Mas os que O adoram o fazem porque, como criaturas de Deus, reconhecem Sua formosura e majestade. Estando diante de Deus (Mt 18.10), eles O conhecem. E quem conhece a Deus, O adora. 2. Por que adoramos a Deus? Temos um motivo a mais que os anjos para adorá-Lo. Os anjos adoram- No como Criador e Senhor. Nós O adoramos como Criador, Senhor e Salvador. Se os anjos devem adoração a Deus, nós a devemos muito mais, porque fomos libertados da escravidão do pecado. II. Os anjos comunicam aos homens o propósito de Deus Já vimos que a palavra “anjo” significa essencialmente mensageiro. Os anjos servem como ministros de Deus para prevenir, avisar sobre situações de calamidades, anunciar juízos e proclamar coisas boas. Quando Deus determinou destruir Sodoma e Gomorra, enviou dois anjos para avisarem a Ló do seu propósito (Gn 19.1). Deve ter sido também um anjo que deu a Jacó a notícia do seu novo nome, devido à sua persistência: “Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gn 32.28). Desse modo o anjo confirmava a Jacó o propósito de Deus em fazer da descendência de Abraão uma grande nação (cf. Gn 35.9-15). Um anjo também revelou a Paulo aquilo que Deus lhe havia destinado, quando estava em um navio prestes a naufragar, garantindo-lhe o livramento e também de todos os do navio naquela tempestade. O anjo disse: “Paulo, não temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu todos quantos navegam contigo” (At 27.24 NTLH). Os anjos aparecem em atividade no surgimento de novas épocas no desenvolvimento da história. 1. Eles se juntaram em louvor, quando a terra foi criada (Jó 38.6-7). 2. Eles estiveram envolvidos na promulgação da lei mosaica (Gl 3.19; Hb 2.2). 3. Eles estiveram ativos no primeiro advento de Cristo (Mt 1.20; 4.11). 4. Eles estiveram ativos durante os primeiros anos da igreja (At 8.26; 10.3,7; 12.11). 5. Eles estarão envolvidos nos eventos relacionados à segunda vinda de Cristo (Mt 25.31; 1Ts 4.16). III. Os anjos executam os juízos de Deus Os anjos são agentes da justiça de Deus; executam o juízo sobre indivíduos e nações. 1. Na destruição de Sodoma Quando da destruição de Sodoma, os anjos disseram a Ló que Deus os havia enviado com a ordem para destruí-la: “…pois vamos destruir este lugar, porque o seu clamor se tem aumentado chegando até à presença do Senhor; e o Senhor nos enviou para destruí-lo” (Gn 19.13). 2. No livramento de Jerusalém Quando Deus livrou Jerusalém das mãos dos assírios, o fez por meio de um só anjo, que venceu cento e oitenta e cinco mil soldados do exército de Senaqueribe, executando o juízo de Deus contra o presunçoso rei assírio (2Rs 19.35). 3. No julgamento de Herodes Um anjo foi também agente do juízo de Deus contra Herodes, que queria ser reconhecido como um deus. No momento em que o povo o aclamava, “um anjo do Senhor o feriu, por não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou” (At 12.23). 4. No julgamento das nações Em Apocalipse, encontramos os anjos esvaziando taças da cólera de Deus (Ap 16.1) e controlando os trovões de Jeová sobre as nações culpadas (Ap 16.17). Temos falsas ideias sobre anjos, e uma delas é achar que só realizam coisas boas. “É verdade que são espíritos auxiliadores enviados para ajudar os herdeiros da salvação. Mas, da mesma forma que cumprem a vontade de Deus na salvação dos crentes em Jesus Cristo, são também ‘vingadores’, que empregam o seu grande poder para cumprir a vontade de Deus no julgamento divino” (Billy Graham, p.81-82). Conclusão Que privilégio inaudito têm os anjos. Eles contemplam o Senhor da glória. Não podemos nem imaginar o que será contemplar direta e constantemente a face do Senhor. Um dia desfrutaremos do mesmo gozo, pois “…quando ele se manifestar… haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo 3.2). Entretanto, enquanto aqui, devemos desfrutar do privilégio de adorá- Lo e louvá-Lo, a todo o tempo. Não nos deixemos enganar pelas falsas ideias sobre os anjos. Eles são instrumentos da graça de Deus para com os homens, mas são também agentes da aplicação da Sua justiça. Os anjos continuam em ação. (Há um interessante capítulo sobre o assunto no livro de Ricardo Gondin, p.133-144). Teremos a oportunidade de estudar, na próxima lição, sobre o ministério dos anjos em relação à igreja e em relação aos crentes. APLICAÇÕES PRÁTICAS PARA A MINHA VIDA 1. Será que tenho prestado a Deus a adoração que Ele merece? 2. Quanto tempo gasto na presença do Senhor? 3. Que motivo tenho a mais para adorar a Deus, em relação aos anjos? 7 Os anjos a serviço da igreja e dos crentes Pr. Vanderli Lima Carreiro texto básico Mateus 18.6-14 versículo-chave Mateus 18.10 “Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste” alvo da lição Definir, à luz da Bíblia, qual é a atuação dos anjos em favor dos crentes em Cristo Jesus, assegurando ao cristão a certeza de que os anjos de Deus excercem, a seu favor, um ministério especial. leia a Bíblia diariamente seg Mt 18.6-14 ter 1Co 4.6-13 qua Ef 3.1-13 qui 1Pe 1.10-12 sex Ap 20.1-3 sáb Lc 15.8-10 dom Ap 22.8-17 Introdução Na lição anterior estudamos sobre o ministério dos anjos de modo geral. Vimos que no Antigo Testamento eles atuaram em várias ocasiões e no Novo Testamento encontramos registros da atuação deles em relação a Jesus e à igreja primitiva. Além disso, também estudamos sobre três aspectos do ministério especial dos anjos: adoram e louvam a Deus; comunicam aos homens os propósitos de Deus; executam os juízos de Deus. Hoje abordaremos o ministério dos anjos em relação à igreja e aos crentes. Muito ensino errado tem sido ministrado e é necessário que nos dediquemos ao estudo dessa questão, para nos firmarmos na verdade. Que a Bíblia afirma que os anjos estão a serviço dos cristãos, é verdade. Mas como agem? Cada cristão tem o seu próprio anjo? Essas e outras perguntas é que nos introduzirão ao presente estudo. I. Os anjos servindo à igreja Antigamente os anjos agiram em favor da igreja. Já constatamos essa verdade na lição anterior. Mas isso foi no passado. E no presente, como agem? Terão alguma atuação em favor da igreja no futuro? 1. Os anjos observam os cristãos Paulo afirma que nós “nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens” (1Co 4.9). Isso significa que os anjos são espectadores dos eventos da vida dos cristãos. Essa observação angelical, entretanto, não é passiva. Certamente que os anjos de Deus vigiam para que o cristão não sofra, tanto física como emocionalmente, além da conta, os ataques de Satanás. Todos os crentes estão em constante perigo, e os anjos os protegem. O apóstolo também menciona, em 1Coríntios 11.10, que as mulheres coríntias deviam trazer véu sobre a cabeça por causa dos anjos. “Mui provavelmente essas palavras significam para agradá-los, para não ofendê-los com uma conduta indecorosa” (Champlin, vol. IV, p.173), pois esperam da igreja a mesma atitude de reverência que têm diante de Deus (cf. Is 6.2). Esse texto (1Co 11.10) também revela o interesse dos anjos na vida cotidiana da igreja. Por outro lado, a igreja é que torna conhecida “a multiforme sabedoria de Deus” dos principados e potestades nos lugares celestiais (Ef 3.10). Ilustrando essa verdade, John Stott diz o seguinte: “É como uma encenação de um grande drama. A história é o teatro, o mundo é o palco, e os membros da igreja em todos os países são os atores. O próprio Deusescreveu a peça e a dirige e a produz. Ato após ato, cena após cena, a história continua a desdobrar-se. Mas quem está no auditório? São as inteligências cósmicas, os principados e potestades nos lugares celestiais. Devemos pensar neles como sendo os espectadores do drama da salvação” (Stott, p.86.87). Mesmo sendo superiores aos homens em sabedoria e poder, os anjos não são oniscientes. Por isso, nenhum conhecimento poderiam adquirir do plano de salvação do homem, a não ser observando o desenrolar dos acontecimentos da história. 2. Os anjos não pregam o evangelho A tarefa de pregar o evangelho é dos homens. Jesus deu a entender assim quando contou a parábola do rico e de Lázaro. Ao negar o pedido do rico, de mandar alguém à sua casa paterna para dar testemunho a seus irmãos, a fim de que não fossem também para o inferno, Abraão respondeu: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas...” (Lc 16.31). Anunciar a mensagem de salvação é privilégio dos homens, que, se o fazem, são bem-aventurados (Rm 10.15). É tão significativa essa tarefa e tão dignos são os que realizam, que os anjos desejam envolver-se nela (cf. 1Pe 1.12). Mas a eles não é dado esse privilégio, que é exclusivo da igreja. 3. Os anjos estarão presentes nos acontecimentos da segunda vinda de Cristo Mesmo antes de Cristo voltar à terra, os anjos terão participação nesse grande evento. Um arcanjo anunciará o tempo da volta de Cristo e, ouvindo a sua voz, os crentes em Cristo ressuscitarão (1Ts 4.16). Quando o Senhor voltar, os anjos O acompanharão (cf. At 1.9-11 e ler Mt 25.31; Mc 8.38, 2Ts 1.7). Na Sua volta pessoal, os anjos descerão junto, formando “exércitos” celestiais (Ap 19.14). A presença dos seres angelicais com o Senhor indica a glória com que se revestirá o acontecimento. Mas não é só essa a tarefa a ser cumprida pelos anjos na segunda vinda de Cristo. Eles também atuarão na execução do julgamento dos homens ímpios: “Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha acesa...” (Mt 13.41-42). Os anjos ainda estarão presentes na prisão de Satanás por mil anos. Um anjo detentor da “chave do abismo” prenderá Satanás por mil anos e o lançará no abismo (Ap 20.1-3). II. Os anjos servindo aos crentes Os crentes em Cristo têm os anjos a seu serviço. Nós não podemos vê-los, como já dissemos, porque são seres espirituais e, por isso, invisíveis. Eles, sim, nos podem observar. E do mesmo modo que atuaram em benefício de crentes, em particular, nos tempos neotestamentários, ainda hoje atuam. 1. Os anjos se alegram com a salvação dos homens “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.10). A alegria do Pai celestial é tão grande ao receber um filho perdido, que Ele compartilha dela com as criaturas celestiais. 2. Os anjos cuidam dos eleitos quando estes morrem Jesus declarou, quando contou a parábola do rico e de Lázaro, que o mendigo, ao morrer, “foi levado pelos anjos para o seio de Abraão” (Lc 16.22). Podemos deduzir daí que quando um cristão passa desta para a outra vida é conduzido pelos anjos à presença do Pai. Quanto ao texto de Judas 9, que menciona a disputa do corpo de Moisés pelo diabo e o arcanjo Miguel, a lição que tiramos é que, até na situação de morte, o inimigo tem interesse nos fiéis, os acusa e os requer para si. Um comentarista bíblico, tentando esclarecer esse versículo, escreveu o seguinte: “Quando Moisés morreu o arcanjo Miguel foi enviado por Deus para enterrá-lo. Mas o diabo disputou seu direito de assim fazer, pois Moisés tinha sido um assassino (Êx 2.12). E portanto seu corpo pertencia, por assim dizer, ao diabo. Além disso o diabo alegou ter autoridade sobre a matéria, e o corpo de Moisés, naturalmente, encaixava-se nesta categoria. Mas mesmo sob tal provocação, como diz a história, Miguel não tratou o diabo com desrespeito. Simplesmente deixou o caso com Deus” (Green, p.162). Não somos autorizados a dizer, mesmo diante desse texto, que os anjos são enviados para cuidar do corpo dos eleitos. No caso de Moisés, podemos crer, o objetivo do Senhor ao enviar o anjo era evitar a idolatria em relação ao corpo de Moisés e, ao mesmo tempo, demonstrar o trato especial que Ele dispensou a esse Seu servo. Por outro lado, considerando o contexto de Judas 9, aprendemos que se os anjos são cuidadosos naquilo que afirmam, quanto mais o devemos ser. 3. Os anjos protegem os eleitos No Salmo 34.7 temos que “o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”. Já podemos notar, em textos tanto do Antigo como do Novo Testamento, que servos do Senhor foram protegidos por anjos. Jesus declarou que, se quisesse, pediria ao Pai e Ele mandaria “mais de doze legiões de anjos” para protegê--Lo e livrá-Lo de ser preso (Mt 26.53). Podemos crer que os anjos estão a serviço de Deus, ministrando proteção aos santos. Existem anjos que guardam; o que não existe é “anjo da guarda”. Essa é uma ideia com base em fábulas rabínicas e na filosofia oriental. Não há fundamento bíblico para essa noção popular de “anjo da guarda”. Os textos geralmente citados como base são Mateus 18.10 e Atos 12.15. Esse último texto registra a suposição dos crentes primitivos, ainda influenciados pelas crenças judaicas, de que o anjo de Pedro aparecera. A suposição deles era falsa, pois era mesmo Pedro, em carne e osso, que aparecera, solto que foi da prisão. No primeiro texto, a intenção de Jesus não é afirmar a existência de anjos pessoais, mas sim mostrar quanto são importantes “os pequeninos” diante de Deus, razão por que também os devemos considerar importantes. 4. Os anjos não devem ser adorados Os anjos não aceitam adoração. Em Apocalipse 22.8-9, João conta que, estarrecido diante da visão do novo céu e nova terra e das palavras proferidas por um anjo, prostrou-se a seus pés para adorá-lo. Mas o anjo lhe disse: “Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”. Somente Deus deve ser adorado. Qualquer adoração à criatura, em vez de o Criador, é idolatria. Essa é a razão por que Paulo condena o “culto dos anjos” (Cl 2.18). Talvez os colossenses achassem que Deus está longe demais e, por isso, precisavam da intermediação de anjos para se chegarem a Ele. Deus não está distante nem é necessário que anjos sejam mediadores entre Ele e os homens, porque o Filho, superior aos anjos, já se tornou, uma vez por todas, o Mediador (1Tm 2.5). Conclusão É bom sabermos que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). Essa palavra traz consolo! Os anjos nos servem. Servem à igreja e a cada cristão em particular! Contudo, devemos ter o cuidado para não aceitar nada além daquilo que a palavra de Deus ensina a respeito dos anjos. CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO 1. De que modo os anjos “observam” os cristãos? 2. Que serviços os anjos desempenham a favor dos cristãos, individualmente? 3. Podemos crer na existência de um “anjo da guarda”? Por quê? 4. Você acha que se deve adorar os anjos? Por quê? 8 Conhecendo o inimigo Pr. Vanderli Lima Carreiro texto básico Isaías 14.12-17 versículo-chave Ezequiel 28.15 “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti” alvo da lição Mostrar que foi em consequência do orgulho e da soberba que o querubim ungido perdeu todas as prerrogativas, vindo a ser o arqui-inimigo de Deus e do Seu povo e que, embora poderoso, é limitado, pois não é nada mais que uma criatura, sujeita, portanto, ao Criador. É preciso conhecer melhor o inimigo para saber como resistir aos seus ataques. leia a Bíblia diariamente seg Ez 28.1-10 ter Ez 28.11-15 qua Is 14.12-17 qui 2Co 4.1-6 sex Mt 4.1-11 sáb Jd 5-13 dom Gn 2.16-17; 3.1-5 Introdução Nas lições anteriores estudamos sobre os anjos que servem a Deus, obedecendo às Suas ordens no desempenho de quaisquer tarefasou atuando a favor da igreja e dos cristãos, em particular. Hoje daremos início a algumas lições que tratam dos anjos maus, a começar de Satanás, o principal entre eles. Deve-se ressaltar que o objetivo destas lições não é engrandecer ao diabo e aos demônios, mas conhecê-los melhor para poder enfrentar os ataques que promovem contra os filhos de Deus e suas obras. Satanás, como os outros anjos, é um ser misterioso. Não podemos conhecê-lo tão profundamente como, talvez, nosso espírito de curiosidade gostaria. Entretanto podemos conhecê-lo naquilo que a Bíblia nos revela dele, e isso é suficiente para nos armarmos para a luta que, incessantemente, ele trava contra nós. No estudo que ora iniciamos aprenderemos sobre sua origem e sobre sua queda. I. O estado original de Satanás Há dois textos bíblicos que nos servem de base para esse estudo: Isaías 14.12-17 e Ezequiel 28.13-19. O texto de Ezequiel é que nos dá informações de algumas características originais de Lúcifer, antes da queda. Essa passagem bíblica tem dupla referência. Ao príncipe de Tiro, uma cidade-reino. Historicamente é identificado como Thobal, que reinou em 586 a.C. Comparativamente a outro rei, chamado Lúcifer, influenciador espiritual do príncipe Thobal. Esse príncipe se torna a figura de Lúcifer devido ao seu orgulho e presunção. Era arrogante e blasfemo. Considerava-se um deus e conhecedor de todos os segredos da vida (cf. Ez 28.1-10). No texto seguinte, o profeta fala do mesmo personagem, mas agora com um sentido espiritual. Não é mais ao “príncipe de Tiro” que o profeta se refere, mas ao “rei de Tiro”, do qual o primeiro era uma figura. 1. Criado perfeito em sabedoria Era o “sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura” (Ez 28.12). A expressão “sinete da perfeição” traduz a ideia de que era a imagem perfeita da criação divina. Lúcifer foi criado a mais bela e mais inteligente criatura de Deus. Em Isaías, Lúcifer aparece como “a estrela da manhã, filho da alva” (Is 14.12). O nome e os dois títulos que Isaías emprega, que significam a mesma coisa: luminoso ou brilhante, ressaltam a perfeição do estado original de Satanás. Os babilônios criam que os astros celestes ou estrelas fossem seres angelicais. Isaías aproveita-se da figura “filho da alva” para mostrar como era Satanás antes da queda. 2. Colocado num ambiente de glória “Estavas no jardim do Éden.... de todas as pedras preciosas te cobrias” (Ez 28.13). Os ornamentos de joias sugerem sua grande importância e o resplendor de sua inconfundível aparência. Assim, com resplendor, ele vivia no jardim de Deus. 3. Era ungido e ocupava alta posição “...eras querubim da guarda, ungido...” (Ez 28.14). Lúcifer pertencia à mais alta classe de seres angélicos - à ordem dos querubins, anjos relacionados com o trono de Deus na qualidade de protetores e defensores de Sua santidade. Para isso Deus o escolhera - “ungido”. 4. Tinha uma conduta perfeita “Perfeito eras nos teus caminhos...” (Ez 28.15). Até o momento em que nele se “achou iniquidade”, nada havia que desabonasse, nem diante dos outros anjos, nem diante de Deus, sua conduta. Esse era o estado original de Satanás. Deus o criou assim. II. A sua natureza e personalidade Embora já tenhamos abordado questões sobre a natureza e personalidade dos anjos, é bom ressaltar aspectos particulares da natureza e personalidade de Satanás. 1. Ele é uma criatura Em Ezequiel 28.15, encontramos esta declaração: “desde o dia em que foste criado”. Isso significa dizer que ele não possui atributos que pertencem somente ao Deus Criador, tais como onipresença, onipotência e onisciência. Embora seja um ser poderoso, é uma criatura, sujeita às limitações impostas pelo Criador. 2. Ele é um ser espiritual Satanás pertencia à ordem dos anjos designados querubins (Ez 28.14). A natureza de todos os anjos é espiritual. Por isso ele é chamado de “o deus deste século” e de “o príncipe da potestade do ar” (2Co 4.4; Ef 2.2). 3. Ele é uma pessoa Do mesmo modo que os outros anjos, Satanás possui traços da personalidade. Ele se mostra inteligente (2Co 11.3); ele exibe suas emoções (Ap 12.17; Lc 22.31); ele demonstra que possui vontade própria (Is 14.12-13; 2Tm 2.26). Em dois episódios bíblicos, um no Antigo e outro no Novo Testamento, a personalidade de Satanás é claramente evidenciada. No livro de Jó, ele aparece como uma pessoa, dialogando e mostrando o intento do seu coração (Jó 1). Em Mateus 4.1-11, ele aparece em cena dialogando com o Mestre, agindo caracteristicamente como pessoa. Não podemos negar a personalidade de Satanás, exceto adotando argumentos que nos compeliriam a negar também a existência dos anjos, a personalidade do Espírito e a do Pai. 4. Ele é um ser moral e responsável Se Satanás fosse meramente uma personificação do mal, não seria moralmente responsável por seus atos, uma vez que não existiria nenhum ser para se responsabilizar. Mas Satanás é responsabilizado pelo Senhor Jesus, do mesmo modo que os homens são responsabilizados por seus atos (Mt 25.41). Essa passagem também nos lembra que negar a realidade de Satanás representa negar a veracidade das palavras de Cristo. III. A queda de lúcifer “Até que se achou iniquidade em ti” (Ez 28.15). É com essa simplicidade que o profeta relata a origem do pecado e da queda de Lúcifer. Ele, que havia sido criado perfeito, abrigava em seu coração a iniquidade. Isaías dá mais detalhes sobre a queda desse anjo (Is 14.12-17). Embora seja tipológica, pois fala do rei Nabucodonosor como figura de Lúcifer, essa escritura descreve os passos da queda de Lúcifer. 1. Eu subirei ao céu (Is 14.13) Como guardião da santidade de Deus, ele tinha acesso ao céu. Mas essa declaração expressa o seu desejo de estar acima de toda a criação e acima do Criador. 2. Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono (Is 14.13) O sentido dessa expressão depende do entendimento do que sejam as “estrelas”. Nesse texto parece se referir a anjos (cf. Jó 38.7; Jd 13; Ap 12.4). Sendo assim, o desejo de Satanás aqui manifesto era se colocar acima de todos os anjos. 3. No monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte (Is 14.13) O “monte” é uma referência ao lugar do trono de Deus. Essa declaração representa a ambição de Satanás de se colocar como governante de todos os povos, no lugar de Deus. 4. Subirei acima das mais altas nuvens (Is 14.14) Ele ambicionava a glória que pertence a Deus. “Nuvens” são geralmente associadas à presença gloriosa de Deus (Êx 16.10; Ap 1.7). 5. Serei semelhante ao Altíssimo (Is 14.14) Lúcifer, “o sinete da perfeição”, agora queria ser igual a Deus. Desejava ser tão poderoso quanto Deus. Ele queria assumir a autoridade e o controle do mundo, o que é prerrogativa exclusiva de Deus. O pecado de Satanás é mais horrendo, ao se considerar o grande privilégio, inteligência e posição que tinha. Seu pecado é também mais terrível por causa dos seus efeitos sobre outros. Ele afetou outros anjos, que levou atrás de si (Ap 12.4); afetou todos os homens (Ef 2.2); afetou as nações (Ap 20.3). A queda de Satanás lhe trouxe consequências irreversíveis. a. Ele tornou-se o primeiro pecador e pai do pecado (1Jo 3.8). Aquele que peca está ligado ao diabo. Pecado é atividade característica do diabo; aquele que o comete se identifica com ele nesta atividade. b. É também o pai da mentira (Jo 8.44). A primeira frase dele registrada na Bíblia não só põe em dúvida, mas contradiz abertamente o que Deus dissera. Deus tinha dito: “Certamente morrerás” (Gn 2.17); a serpente disse: “É certo que não morrereis” (Gn 3.4). c. Está sob condenação eterna (Ap 20.2,10). Seu estado não será nunca alterado. Ele é eternamente condenado ao inferno, lugar que lhe foi destinado por Deus. Conclusão Hoje em dia se tem cometido dois graves erros quanto à existência de Satanás. 1. Negar a sua existência real, considerando-o uma criação do homem, uma espécie de “força negativa da mente”. Certamente que uma das táticas de Satanás é fazer as pessoas não acreditarem que ele existe. Seele não é levado a sério, em consequência o pecado também não é. 2. Mistificar a crença nele, tratando-o como uma “energia ou figura espiritual”. À luz da Bíblia, descobrimos que Satanás é uma pessoa, uma criatura, que deliberadamente optou rebelar-se contra Deus, rejeitando Sua soberania e autoridade. Ele existe e está vivo, operando para influenciar o mundo a se voltar contra Deus. O que aconteceu a Lúcifer deve servir de advertência aos homens. Seu pecado foi o orgulho, consumado na rebelião contra Deus. As consequências que sofreu são semelhantes às que o homem soberbo também sofre, se não se arrepende e confessa a Deus o seu pecado, reconhecendo a soberania de Jesus Cristo. CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO 1. Descreva o estado original de Lúcifer. 2. Como combater o engano de que Satanás é mera criação da mente humana? 3. Que declaração Lúcifer fez, registrada em Isaías, que evidencia claramente sua intenção de ser igual a Deus? 4. Considere como, na prática, estamos sofrendo as consequências da queda de Satanás. 9 Nomes e atividades do inimigo Pr. Vanderli Lima Carreiro texto básico Apocalipse 12.7-12 versículo-chave Apocalipse 12.9 “E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” alvo da lição Dar subsídios para se conhecer melhor o inimigo de Deus e do cristão, mostrando as atividades de Satanás desenvolvidas contra o Pai, o Filho e os incrédulos. Conscientizar sobre a sua malignidade e sobre o seu interesse de arrastar atrás de si todos os homens. leia a Bíblia diariamente seg Ap 2.8-11 ter Ap 12.7-12 qua Zc 3.1-10 qui Ap 9.1-12 sex Ef 2.1-10 sáb 2Co 11.1-15 dom Jo 13.21-30 Introdução Já conhecemos um pouco deste arqui-inimigo do cristão no estudo anterior. Neste, tentaremos conhecê-lo ainda mais. Deve-se sempre ter em conta que conhecer o inimigo tem o objetivo prático de estar preparado para atacá-lo ou dele se defender. É bom também estarmos sempre lembrados que não o vencemos só porque o conhecemos, mas sim porque conhecemos Aquele que o derrotou. Jesus Cristo, que está em nós, é a força que necessitamos para vencer. Hoje nos dedicaremos a conhecer os nomes e as atividades do inimigo. I. Os nomes do inimigo Os nomes e títulos de uma pessoa revelam seu caráter. Mas a variedade de nomes de Satanás alerta-nos também para o fato de que ele pode atacar seus oponentes de vários modos. Consideremos alguns nomes. 1. Diabo Essa palavra é a transliteração do vocábulo grego diabolos, cujo significado é “caluniador, acusador” (Ap 2.10; 12.10). É o nome mais popular, porque também o identifica com sua tarefa mais comum. A Bíblia relata a história de um servo de Deus sendo acusado pelo diabo (Jó 1.9-11). Outros servos de Deus são constantemente acusados por ele. Sendo pai da mentira, ele forja acusações contra os eleitos. 2. Satanás Esse nome passou a ser aplicado a ele depois da queda. Significa “adversário” (cf. Zc 3.1; 1Pe 5.8). Desde o momento em que Lúcifer caiu no céu e foi lançado por terra - foi afastado da presença de Deus (Is 14.12) - tornou-se adversário e opositor constante de Deus, da Sua criação e da Sua obra. Um exemplo da oposição de Satanás à obra de Deus temos em Lucas 10.18. Enquanto os discípulos proclamavam o Reino de Deus, Jesus “via Satanás caindo do céu como um relâmpago”. 3. Dragão e serpente Esses são títulos aplicados figuradamente a Satanás e indicam seu caráter de monstruoso, de traidor e de astucioso (Ap 12.9). “Serpente” foi o nome que recebeu por causa da associação com esse animal - o “mais sagaz entre todos os animais selváticos” - quando tentou Eva (Gn 3.1; 2Co 11.3). “Dragão” é título apocalíptico, às vezes colocado junto ao de serpente (Ap 20.2). 4. Belzebu “Belzebu” é um nome decorrente de “Baal-Zebube”, título de um deus de Ecrom, ao qual Acazias desejou consultar, mas foi impedido por Elias (cf. 2Rs 1.1-6, 16). Significa “senhor das moscas”. No Novo Testamento, encontramos Jesus sendo acusado, pelos fariseus, de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, “o maioral dos demônios” (Mt 12.24-29). A resposta de Jesus identifica Belzebu com o próprio Satanás. 5. Maligno Esse título descreve bem seu caráter e sua obra. Ele é malvado, cruel e tirânico para com todos os que consegue tornar seus súditos. Seus atos são sempre motivados pela maldade, mesmo quando pareçam bons (cf. Mt 13.19, 38; Ef 6.16; 1Jo 2.13, 14; 5.19). 6. Abadom e Apoliom Como o próprio texto bíblico esclarece (Ap 9.11), são o mesmo nome, em duas línguas: hebraico e grego. O significado é “destruidor”. O contexto de Apocalipse 9 assim o apresenta. Ele é o chefe dos terríveis gafanhotos que causarão dano aos homens. 7. Deus deste século (2Co 4.4) “Ele patrocina a religião do homem sem Deus e é, sem dúvida alguma, responsável por todos os falsos cultos e sistemas que assolam a cristandade hoje em dia” (H.C. Thiessen). Nessa condição ele tem os seus “ministros”(2Co 11.15), suas “doutrinas” (1Tm 4.1), seus “sacrifícios” (1Co 10.20) e suas “sinagogas” (lugares de reunião - Ap 2.9). 8. Príncipe deste mundo (Jo 12.31; Ap 16.13-14) “Isto parece se referir a sua influência sobre os governos deste mundo. Jesus não disputou a reivindicação de algum tipo de direito aqui neste planeta feita por Satanás em Mateus 4.8-9” (H.C. Thiessen). Deus lhe impõe limites, é claro. Mas ele assim atua até que, no fim, seja subjugado pelo governo Daquele que tem o direito de governar, Jesus Cristo (Ap 12.9). 9. Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2;6.12) Esse título também indica uma organização dos anjos maus. Satanás é o líder deles (Mt 25.41; Ap 12.7). Ele comanda uma grande companhia de servos, que executam, debaixo do seu poder despótico, as suas ordens, onde quer que sejam enviados. 10. Lúcifer Esse nome não aparece escrito na Bíblia. É decorrente da linguagem figurada de Isaías, que se refere à “estrela da manhã” e “filho da alva” (Is 14.12). Em seu primeiro estado, ele possuía essa característica. Era um ser reluzente. Mas depois da queda, ele apenas se mostra como tal; aparenta ser um “anjo de luz”, com a finalidade de enganar os homens (2Co 11.14). II. As atividades de Satanás Muitas são as atividades de Satanás, desenvolvidas contra o Pai, contra Cristo, contra a humanidade e contra a igreja. Vejamos algumas. 1. Contra Deus A principal tática de Satanás é atacar Deus e se opor à implantação de Seu Reino. Isso já se havia tornado evidente quando caiu, pecando por querer ser igual a Deus. Demonstrou, pela primeira vez, que fazia oposição a Deus quando ofereceu a Eva chance de ser como Deus, conhecendo o bem e o mal (Gn 3.5). A tentação de Cristo foi também uma demonstração de que ele se opõe ao Reino de Deus. Satanás ofereceu a Jesus a glória deste mundo, tentando demovê-lo da ideia de conquistar o domínio pelo sacrifício na cruz (Mt 4.8-9). Hoje ele continua agindo com a mesma intenção de desfazer a obra de Deus. Por isso, como ensina o apóstolo Paulo, para que “Satanás não alcance vantagem sobre nós” não podemos ignorar os seus desígnios (2Co 2.11). Para atingir aos seus propósitos, ele pode transformar os seus ministros em “ministros de justiça” (2Co 11.15). Ele promove um sistema religioso no qual os demônios levam as pessoas a praticar um falso ascetismo e uma desenfreada licenciosidade (1Tm 4.1-3; Ap 2.24). A última tentativa de Satanás contra o Reino de Deus será quando da vinda do anticristo, que agirá “segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira...” (2Ts 2.9). 2. Contra Cristo A animosidade entre Satanás e Cristo foi pela primeira vez predita depois do pecado de Adão e Eva (Gn 3.15). Cristo, descendente de mulher, desferiria um golpe fatal sobre a cabeça de Satanás. Este, por sua vez, causaria grande sofrimento ao descendente da mulher. Quando o Senhor veio à terra, Satanás empreendeu vários ataques contra Ele, tentando impedir que realizasse a obra para a qual havia sido destinado.
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