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CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA A EQUIPE CIRÚRGICA No perfil dos profissionais que trabalham em Centro Cirúrgico é imprescindível que haja a habilidade de trabalho em equipe já que o quadro de pessoal do CC é composto pelas equipes de enfermagem, cirúrgica, anestesiologia, administrativa e de higiene, todas objetivando a assistência às necessidades do paciente, portanto os membros que compõe estas equipes devem trabalhar de forma organizada, equilibrada, unificada no sentido de oferecer segurança e eficiência ao indivíduo que esteja passando pelo processo anestésico-cirúrgico (SOBECC, 2009). A equipe cirúrgica é formada pelo cirurgião, auxiliar ou assistente e instrumentadora, sendo poucas as vezes em que há necessidade de um quarto elemento, o 2º assistente. São ainda indispensáveis o anestesista e as circulantes de sala. Ao cirurgião cabe a integral responsabilidade do ato operatório. É ele o chefe do conjunto e deverá conduzir a intervenção desde a abertura ao fechamento da parede, seccionando e suturando tecidos, pinçando vasos e manejando instrumentos, cujo uso é interditado aos outros elementos da equipe. Será o mantenedor da ordem, disciplina e harmonia. O assistente tem como função precípua auxiliar o cirurgião, abrindo o campo, expondo as vísceras da melhor maneira, de forma a permitir que aquele realize as manobras cirúrgicas com a mínima dificuldade. A apresentação do campo é tão importante que ele não deverá soltar as vísceras para pegar um instrumento, cortar um CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA fio ou enxugar o sangue que se acumula. Se assim fizer, as vísceras cairão por sobre a área que se opera e a visão se perderá, estabelecendo-se a desordem. Perde-se a eficiência e gasta-se tempo. Nesses momentos, é a instrumentadora que funcionará como 2º auxiliar, enxugando, cortando fios ou apresentando pinças. Nos tempos cirúrgicos em que não há necessidade de conter as vísceras para exposição do campo, como na abertura e fechamento da parede, o assistente será o auxiliar direto do cirurgião, por estar livre para executar manobras mais especificas como enxugar, cortar fios ou mesmo dar nós. Tomará diretamente de sua mesa auxiliar os instrumentos de uso próprio, podendo solicitar à instrumentador, pelos sinais convencionais, outros que o momento exija. Sua devolução será feita também pela maneira convencional. São ainda atribuições deste: Providenciar para que cheguem à sala operatória, juntamente com o doente, seu prontuário e exames radiológicos. Providenciar cuidados pré-operatórios imediatos, tais como sondagem da bexiga, sondagem do estomago, dissecção de veia. Colaborar com a instrumentador na montagem das mesas e nos pedidos de material à circulante de sala. Orientar a posição do doente na mesa operatória e fazer a antissepsia, se solicitado pelo cirurgião. Permanecer junto ao doente após o despertar da anestesia, até sua colocação no leite. A instrumentadora é elemento fundamental em nossa equipe cirúrgica. Tem-se verificado que a mulher adapta-se psicologicamente melhor que o homem a este tipo de função. Por este motivo, será ela o elemento central e mais enfatizado desta apostila, não significando, com isto, que tudo o que a seu respeito for dito não se aplique também aos futuros cirurgiões. A ênfase é dirigida à função e não à pessoa. Ela exerce suas próprias funções e a de 2º auxiliar quando o primeiro estiver ocupado, segurando uma valva ou expondo o campo. Assim, como uma instrumentadora capacitada é uma ajuda inestimável, uma instrumentador inapta pode ser causa de fracasso ou de complicações intra e pós operatórias. Deve ser gentil e amável, respeitar e acatar as ordens do cirurgião e auxiliar, por serem eles os responsáveis pela intervenção. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA O cirurgião necessita confiar em sua instrumentadora: esta deve denunciar de pronto, sincera e honestamente, qualquer transgressão à assepsia e todo o erro que haja cometido ou presenciado por parte dos circunstantes. Esta honradez é elemento indispensável ao caráter de qualquer dos componentes da equipe. A instrumentadora deverá conhecer a técnica a seguir na realização da intervenção cirúrgica em causa, para poder se antecipar em preparativos ao cirurgião. Antes de iniciada a operação deve assegurar-se de que tudo está em ordem, desde os fios e agulhas, aos instrumentos especiais. Não deverá distrair-se durante a intervenção. Será os olhos e ouvidos, entendendo o que se passa, prevendo todas as manobras do cirurgião e de seu ajudante. Sua mente estará sempre na frente da mão, e na execução de tempos padronizados, em que a sucessão de atos operatórios é invariável, entregará os instrumentos dispensando seu pedido pelo cirurgião. Sua conversação com os circunstantes e circulantes da sala restringir-se-á às necessidades de solicitar fios, gazes, compressas, etc. O instrumentador cirúrgico deve ter equilíbrio emocional, competência técnica, boa comunicação interpessoal, ser organizado, atento, demonstrar flexibilidade, inspirar confiança e credibilidade (POSSARI, 2004). Atenção, diligências e responsabilidades são requisitos que a todo o instante devem presidir a atuação de uma boa instrumentadora. Em resumo, suas atribuições principais são: Conhecer os instrumentos por seus nomes e coloca-los sobre as mesas auxiliares, sempre na mesma ordem, bem como ter preparados agulhas e fios adequados a cada tempo operatório; Ser responsável pela assepsia, limpeza e acomodação ordenada e metódica dos instrumentos, desde o início ao fim da operação; Entregar o instrumento com presteza ao sinal ou pedido verbal do cirurgião, colocando-o em sua mão de forma precisa e exata para uso imediato, sem que ele tenha necessidade de reacomodá-lo antes do uso; Intervir eventualmente no campo operatório como 2º auxiliar, quando solicitada pelo cirurgião; Fazer os pedidos necessários às circulantes da sala (fios, gazes, compressas, drenos, etc.); Sincronizar tempos e ações manuais com o cirurgião e assistente, segundo a técnica da equipe; CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Verificar os materiais e equipamentos necessários para o procedimento cirúrgico; Paramentar-se com técnica asséptica cerca de 15 minutos antes de se iniciar o procedimento cirúrgico; Auxiliar o cirurgião e assistentes na paramentação e na colocação dos campos estéreis; Desprezar o material perfurocortante e contaminado de forma adequada; Conferir o material após o uso; Encaminhar o material à CME; Auxiliar no curativo e encaminhamento do paciente à SRPA. O instrumentador cirúrgico deve acatar e respeitar as ordens do cirurgião e do auxiliar, pois estes são os responsáveis pela intervenção e segundo a Resolução nº 214/1998 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) a instrumentação cirúrgica “é uma atividade de enfermagem, não sendo, entretanto, ato privativo da mesma”. O profissional de enfermagem atuando como instrumentador cirúrgico, por força da lei, “é subordinado exclusivamente ao responsável técnico pela unidade”. Suas condutas são regidas pelo Código de Ética da Enfermagem. Conforme o Capítulo V, Art. 26, as disposições contidas nesse Código aplicam-se, também no que couber, ao pessoal das outras categorias compreendidas nos serviços de enfermagem. Como qualquer dos outros elementos da equipe, a instrumentadora deverá reger- se por normas de conduta pertinentes à sua posição, bem como guardar sigilo profissional, obrigações que são em tudo semelhantes às da enfermeira e de cujo Código de Ética, segundo o Conselho Federal de Enfermagem, transcrevemos os seguintes tópicos: Capítulo II, Art. 8. São deveres do enfermeiro: Parágrafo 2º. – manter segredo sobre fato sigiloso de que tenhaconhecimento em razão de sua atividade profissional, e exigir o mesmo comportamento do pessoal sob sua direção; Parágrafo 7º. – respeitar o natural pudor e a intimidade do cliente. Capítulo IV, Art. 21. O enfermeiro trata os colegas e outros profissionais com respeito e cortesia. Capítulo V, Art. 26. As disposições contidas neste Código aplicam-se, também, no que couber, ao pessoal das outras categorias compreendidas nos serviços de enfermagem. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Ao anestesista cabe colaborar com o cirurgião na escolha da melhor anestesia para cada caso, executar a anestesia perfeita e informar o cirurgião do seu andamento quando interrogado, ou advertí-lo de intercorrências que surjam. É responsabilidade também desta equipe o encaminhamento do paciente à SRPA o controle do seu estado e a alta para unidade de internação (POSSARI, 2004). À enfermeira da sala ou circulante cabe o atendimento pronto e eficiente aos pedidos da instrumentadora. Jamais deverá abandonar a sala cirúrgica, sendo sua ligação com o exterior feita através de uma segunda circulante. O circulante de sala tem como atribuições: montar a SO de acordo com a especialidade do procedimento; checar o funcionamento dos gases medicinais, temperatura; iluminação e equipamentos; auxiliar o anestesiologista na indução, manutenção e reversão anestésica; auxiliar na paramentação da equipe cirúrgica; auxiliar no posicionamento do paciente e prover artigos ao cirurgião, assistente, anestesiologista e instrumentador. Finalmente, algumas considerações sobre o elemento central de toda esta elaboração que, sem pertencer à equipe, é o mais importante: o paciente. O paciente que adentra o hospital, e em particular o paciente cirúrgico, necessita ser tratado com amabilidade, pois considera sua operação como algo transcendental. Do trato que lhe dermos dependerá, em grande parte, a tensão emocional que traz consigo. Seu nome deve ser recordado por todos, e por ele chamado. Poucas coisas são tão desagradáveis como ouvir, com referencia a um doente, a “úlcera gástrica” ou “o número tal”. O estabelecimento de uma firme relação de simpatia e confiança por parte do paciente é um tento na terapêutica que o médico não deve desprezar. Paciência, gentileza e humanidade, nunca serão demais para aqueles que depositam em nós toda a esperança e, em nossas mãos, sua própria vida. Disposição da equipe cirúrgica CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA A equipe cirúrgica é constituída pelo cirurgião, um assistente e a instrumentadora. Poucas são as intervenções cirúrgicas que necessitam de mais um elemento em campo (2° assistente). Seus componentes adotam sempre uma disposição fixa, que raramente varia e que constitui um fator importante para a sistematização dos movimentos e manobras cirúrgicas. Tal disposição depende essencialmente do órgão a operar. No que concerne à cirurgia abdominal, o mesocolo transverso costuma ser o ponto de reparo para dividir a cavidade em dois andares: o supranesocólico e o enframesocólico. Um cirurgião destro tem mais facilidade em operar um estomago (andar supramesocólico) pela direita, ou um útero (andar inframesocólico) pela esquerda (do paciente). De uma forma geral as disposições a serem apresentadas também se aplicam às operações sobre p tórax, pescoço e face. O cirurgião, enquanto opera, não deve desviar sua atenção do campo operatório e, para se comunicar com a instrumentadora, faz-se mister que se enquadre mentalmente no conjunto cirúrgico e desenvolva o reflexo de esticar o braço direito para receber ou lhe entregar os instrumentos. Em nossa concepção, a instrumentadora faz também as funções de segundo auxiliar, e fa-las-á muito melhor se colocada no lado oposto da mesa, onde sua visão e campo de ação serão melhores. Operações no andar supramesocólico CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Operações no andar inframesocólico Desta maneira, serão sempre conservadas as mesmas relações especiais entre os elementos da equipe, possibilitando a racionalização e sistematização dos movimentos e manobras cirúrgicas. Não concordamos com alguns cirurgiões, que nas operações do andar inframesocólico colocam a instrumentadora no lado oposto à direita do auxiliar, isto é, aos pés do paciente. Nestas condições, as relações especiais no conjunto cirúrgico mudam conforme a intervenção. Para receber os instrumentos, terá de cruzar o braço direito entre sua visão e o campo operatório, e as possibilidades de usar a instrumentadora como segundo auxiliar ficam diminuídas. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Chamamos a atenção ainda para a mesa do auxiliar colocada no seu lado direito e não nas costas, o que facilita a pegada de qualquer instrumento sem que se desvie demasiadamente do campo operatório. Este é mais um argumento que contraindica a adoção da posição anterior, onde a mesa auxiliar do assistente teria de ficar às suas costas. A anestesia deverá ser orientado quanto à escolha do braço do paciente que deverá receber a infusão venosa e o esfigmimanômetro. O braço a ser colocado perpendicularmente ao corpo serão o do lado do cirurgião, pois nas operações do andar supramesocólico, no outro lado, estará a mesa do auxiliar e nas do andar inframesocólico estará a mesa da instrumentadora. Cabe a esta, ou ao assistente, tal providencia no começo da operação. O cesto para recolher gazes e compressas usadas deverá ficar à direita e ligeiramente atrás do cirurgião. O bisturi elétrico aos pés do paciente, e como equipamento opcional, duas bacias com água fenicada ou soro esterilizado, colocadas atrás do cirurgião e do auxiliar, para lavar das luvas o sangue ou secreções sépticas que venham a sujá-las. Nas operações de pequeno porte, ou quando não se dispõe de instrumentadora, é o cirurgião obrigado a operar somente com o assistente. Nestas circunstâncias, será seu próprio instrumentador e por isso a mesa fica à sua direita com os instrumentos em posição invertida, conforme já visto na montagem das mesas. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA As operações sobre o períneo, executadas com o paciente em posição ginecológica, devem ser realizadas com o cirurgião em pé, e não sentado, e por isso o paciente será erguido praticamente a altura máxima permitida pela mesa cirúrgica. Desta forma, o assistente à esquerda e a instrumentadora à direita, podem participar do ato cirúrgico movimentando-se por baixo dos membros do paciente suspensos nas perneiras. A mesa da instrumentadora fica à direita e ligeiramente atrás do cirurgião. Esta disposição permite a manutenção da mesma relação espacial entre o braço direito do cirurgião e a instrumentadora e ainda, quando esta atuando como 2° assistente não puder servi-lhe os instrumentos, faculta-lhe a possibilidade de se servir diretamente na mesa de instrumentação. Posicionamento Cirúrgico A posição do paciente deve facilitar a exposição e o acesso ideal ao local da cirurgia, manter o alinhamento corporal, preservar as funções circulatória e respiratória, CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA sem comprometimento das estruturas vasculares e da integridade da pele, e tornar mais fácil o acesso para a administração de infusões venosas, medicamentos e agentes anestésicos (SOBECC,2009). Normalmente quem determina a posição do paciente é o cirurgião, mas a responsabilidade final pela manutenção do bem estar do indivíduo é tanto do cirurgião quanto do anestesista e do enfermeiro. A indicação da posição cirúrgica depende do tipo de cirurgia a ser realizada e da técnica cirúrgica a ser empregada. Quanto ao paciente, as principais posições em que poderá ser colocado, de acordo com o tipo de intervenção cirúrgica a realizar, são: Decúbitodorsal – deitado horizontalmente sobre o dorso. É aquela em que o dorso do paciente e a coluna permanecem repousando sobre o colchão da mesa cirúrgica. Modificações da posição permitem abordar as grandes cavidades do corpo, como a craniana, a torácica e a peritoneal, além das quatro extremidades e do períneo. Os braços do individuo ficam sobre um suporte com angulação menor que 90 graus, ou ao longo do corpo, e as pernas permanecem estendidas. Um pequeno coxim, colocado sob a cabeça, permite que a musculatura do pescoço e coluna relaxem e previne a tensão dos mesmos. A posição da cabeça deve manter as vertebras numa linha reta. As pernas têm de estar paralelas e descruzadas para evitar traumas dos nervos, atritos e comprometimento circulatório. Podem ainda ser colocados travesseiros pequenos e moles sob a curvatura do dorso e sob os joelhos, de modo as manter a concavidade normal da região lombar e evitar tensões nos músculos dorsais e ligamentos (MEEKER e ROTHROCK, 1997; SOBECC, 2009). Decúbito ventral – deitado horizontalmente sobre o ventre. O paciente se deita com o abdome em contato com a superfície do colchão da mesa cirúrgica, de modo a permitir a abordagem da coluna cervical, área retal e extremidades inferiores. É necessário evitar o deslocamento do ombro nessa posição, que pode ser superestendido, a menos que os cotovelos estejam flexionados e as palmas viradas para CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA baixo. Já os cotovelos devem receber acolchoamento e as áreas de pressão, como proeminências da face, orelha, patela e dedos, precisam ser examinadas (SOBECC,2009). Devemos atentar também ao posicionamento correto dos pés e aos olhos que podem ficar entreabertos e em contato com os campos cirúrgicos, à genitália masculina e às mamas, nas mulheres. Decúbito lateral direito ou esquerdo – deitado sobre um dos lados, sendo o equilíbrio obtido pela flexão da perna inferiormente colocada e extensão da superior, separadas por uma pequena almofada e com auxílio de uma fita larga de esparadrapo passada transversalmente sobre o quadril do paciente, fixando-o à mesa operatória. Nessa posição o paciente fica deitado sobre o lado não afetado, oferecendo acesso à parte superior do tórax, à região dos rins e à parte superior do ureter. Há necessidade de observar a segurança do paciente, devendo ser usados mecanismos de proteção para evitar a queda do paciente e também para a manutenção da posição adequada, tais como o uso de cito protetor na altura da crista ilíaca (SOBECC, 2009). CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Posição de TRENDELENBURG – decúbito dorsal com a cabeça em nível inferior dos pés. Consiste em uma variação do decúbito dorsal, na qual a parte superior do dorso é abaixada e os pés elevados, oferecendo melhor visualização dos órgãos pélvicos durante a abertura e em cirurgias laparoscópicas de abdome inferior e da pelve. Também pode ser utilizada para melhorar a circulação no córtex cerebral quando a pressão arterial cai repentinamente (MEEKER e ROTHROCK, 1997; SOBECC, 2009). Proclive – decúbito dorsal com a cabeça em nível superior dos pés. A cabeceira é elevada e os pés abaixados oferecendo melhor acesso à cabeça e ao pescoço. Dessa forma, a força da gravidade desloca as vísceras abdominais para adiante do diafragma, na direção dos pés (SOBECC, 2009). Posição ginecológica e semiginecológica – decúbito dorsal com as pernas abertas e suspensas em suportes próprios (perneiras). Na segunda variedade, as coxas e joelhos ocupam o mesmo plano horizontal do resto do corpo. O paciente permanece em decúbito dorsal, com as pernas flexionadas, afastadas e apoiadas em perneiras acolchoadas, para expor a região perineal em procedimentos que envolvem os órgãos pélvicos e genitais. Devemos nos atentar à flexão extrema das coxas, capaz de comprometer a função respiratória por causa do aumento da pressão abdominal contra o diafragma. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Um cuidado especial precisa ser dispensado aos pacientes com limitações na amplitude de movimento em decorrência de condições como prótese de quadril, artrite, contraturas, gessos, amputação ou obesidade (SOBECC,2009). Posição de DEPAGE, KRASKE ou canivete semi-aberto – deitado sobre o ventre, com as nádegas expostas em plano superior pela flexão do tronco sobre as coxas, lembrando um canivete semi-aberto ou “V” invertido. Esta posição é usada em cirurgia proctológica. Consiste em uma modificação do decúbito ventral, onde o paciente se encontra com o quadril levemente inclinado para cima, sendo usada para procedimentos proctológicos e de coluna lombar. Posição Fowler – Na posição Fowler ou sentada o paciente permanece semi-sentado na mesa de operação. Usada também como posição de conforto quando há dispinéia após cirurgias de tireoide, mamoplastia e abdominoplastia (POSSARI, 2004). CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Tal variabilidade de posições é obtida pelo manuseio adequado da mesa operatória. O conhecimento de suas diferentes alavancas, manivelas e rodas-manivelas de controle, por parte de todos que trabalham na sala de operações (elementos da equipe cirúrgica, anestesista e circulantes de sala) é da máxima importância, para que tais manobras sejam executadas prontamente à solicitação do cirurgião, sem erros ou vacilações que possam perturbar o ritmo normal do ato cirúrgico. Ao se colocar o paciente em posição, deve-se levar em conta os seguintes pontos: facilidade de movimentação respiratórios; não comprimir terminações nervosas ou vasos sanguíneos, para isso protegendo com algodão qualquer parte do corpo que exija restrições, que devem ser relativamente frouxas e confortáveis; não deixar pendentes da mesa operatória os membros do paciente; evitar, sempre que possível, distensões musculares em qualquer parte do corpo. Cuidados no posicionamento do paciente no período operatório Não comprimir ou hiperestender terminações nervosas; Proteger proeminências ósseas, principalmente em pacientes obesos, idosos e desnutridos; Cuidar para que os MMII e os MMSS nunca fiquem pendentes na mesa de operação; Aplicar movimentos firmes, delicados e seguros em quaisquer parte do corpo; Evitar contato de partes do corpo do paciente com superfícies metálicas na sala de operação; Registrar intercorrências, para permitir a continuidade da assistências no pós-operatório; CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA O posicionamento deve ser feito de maneira segura, levando em consideração a anatomia e fisiologia do paciente e a técnica cirúrgica a ser empregada. Cuidados com o posicionamento do paciente no pós-operatório Após o termino do procedimento, da mesma maneira, ao retirar o paciente da posição cirúrgica, algumas medidas devem ser tomadas: Manipular lentamente, mas com movimentos firmes e seguros, o paciente anestesiado, pois a mudança repentina de posição pode provocar a queda da PA; Retirar alternadamente as pernas da perneira, a fim de prevenir o afluxo rápido do sangue da porção superior do corpo para os MMII, o que levara a queda da PA; Manter a cabeça voltada para o lado com uma cânula de Guedel na boca (quando submetidos a anestesia geral) sempre que for possível, quando o paciente permanecer em decúbito dorsal, a fim de prevenir aspiração de secreções. INSTRUMENTAIS Divisão do Material Cirúrgico O material cirúrgico, didaticamente, está dividido em sete grupos, sendo que, um somente, o de instrumentos especiais, será diferente para cada especialidade cirúrgica. Grupo 1 – Instrumentos de Diérese – corte: bisturi e tesoura. São instrumentos de corte, representados pelo bisturi d cabo móvel e cabo fixo e tesouras dosmais variados tipos e tamanhos. Devem ocupar na mesa do instrumentador, o lugar de maior proximidade do instrumentador, sempre exigindo menor esforço para chegar à mão do cirurgião. Os bisturi móvel pode ser de vários tipos e tamanhos, mais os principais são o cabo n°3 e cabo n°4. Cabo n° 3 – adapta-se às lâminas de n° 9 a n°19. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Cabo n°4 – adapta-se às lâminas de n° 20 em diante. As tesouras são classificadas em dois tipos principais – tesouras curvas para cortas tecidos e na mesa devem permanecer com a parte côncava para baixo. Tesouras retas, usadas para cortar fio. Grupo 2 – Instrumentos de Hemostasia – parar fluxo sanguíneo: pinças e fios para sutura. Este grupo é formado por pinças destinada a fazer parada do fluxo sanguíneo ou hemostasia. São de variados tipos e tamanhos. Exemplo: CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Kelly – pode apresentar a ponta reta ou curva, sem dente e com ranhura até o meio. Crile – pode apresentar a ponta reto ou curva, sem dente e com ranhura até o final. Kocher – pode apresentar a ponta reta ou curva com dente de rato. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Hastead – com ponta curva ou reta, é pequena e delicada, recebe, também a denominação de mosquito. Existe um tipo de Hastead com dente, que não é comum nos serviços hospitalares. Mixter – pinça com ponta curva acotovelada encontrada nos tamnhos com 17cm, cm, e 24 cm. Heiss – pinça longa (20 cm), com a ponta curva ou reta, delicada, com ranhuras ou estrias até o final. Rochester – pinça hemostática forte, com ranhuras de ponta grossa, reta ou curva. Pean – pinça hemostática com ranhuras só na ponta reta 914 e 16 cm). Schnidt – pinça hemostática longa com ponta curva. Faure – pinça hemostática forte com ponta reta ou curva e dente de rato. Lower – pinça hemostática curva de ponta acotovelada e ranhuras verticais. Estes instrumentos devem ser colocados agrupados, de acordo com o tipo, tamanho em ordem crescente. Grupo 3 – Instrumentos de Síntese – sutura: agulha, porta-agulhas, fios agulhados e não agulhados. São instrumentos utilizados para sutura da ferida operatória incluem as agulhas de vários tipos e tamanhos, porta-agulhas e os fios. As AGULHAS podem ser classificadas em: CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Retas – utilizadas com a mão. Curvas – de ½ circulo ou 1/3 de circulo, em tamahos variados, utilizadas com porta-agulhas. Segundo o tipo da ponta são: Traumática – ou agulhas cortantes, tem a ponta triangular. Atraumática – ou não cortante, a ponta cilíndrica. Usadas para sutura de tecidos mais sensíveis. PORTA-AGULHAS são instrumentos utilizados com a finalidade de prender a agulha curva na sua ponta, possibilitando a sutura. Os mais comuns são o tipo de Matirux e de Hega. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA FIOS DE SUTURA são de natureza variada, classificados em absorvíveis e inabsorvíveis. Grupo 4 – Instrumentos Auxiliares – auxiliar na cirurgia se necessário. Como sua própria denominação indica, a finalidade é auxiliar o uso de todos os instrumentos dos outros grupos, por isso, na maioria das vezes, são utilizados concomitantemente com outros instrumentos. Exemplo: Pinça Anatômica sem Dente – ou pinça de dissecção, é utilizada na mão esquerda do cirurgião, enquanto a direita ocupa-se com bisturi ou porta-agulhas. Pinça Anatômica com Dente – denominada comunmente de dente de rato, possui dentes para apreensão de tecidos. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Pinça Russa – com a ponta em forma de pata de gata, auxilia a utilização do porta-agulhas. Pinça Adson – é pequena com ponta fina e delicada, podendo apresentar ou não dente de rato. Grupo 5 – Instrumentos Especiais Estes instrumentos constituem o grupo mais variado. São diversos, conforme as diferentes modalidades da cirurgia. De acordo com as classificações, os instrumentos especiais se agrupam e são utilizados em geral. Somente no tempo principal da operação, por isso devem ser colocados no lugar de maior distância. As Cirurgias Neurológicas mais comunmente realizadas são: Craniotomia, Válvula Dura Mater e Laminectomia. Os instrumentos mais utilizados para neurocirurgia são: Kerrison, Pinças Goivas para trepanação, Serras de Gigli e Lâminas descoladoras de meninges entre outros. Pinças Goivas As Cirurgias Ortopédicas mais comunmente realizadas são: Osteossíntese, Artrodese, Artroplastia e Meniscectmia. Os instrumentos mais utilizados para ortopedia CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA são: Sacabocados de vários tipos (Luer, Jansen, ...), Curetas de vários tipos (Bruns, Volkmann, Buck, ...) e Serra de Gigli. Cureta Bruns As Cirurgias Urológicas e Nefrológicas mais comunmente realizadas são: Cistectomia, Cistostomia, Nefrectomia, Nefropexia, Prostatectomia, Postectomia e Uretrolitotomia. Os instrumentos mais utilizados para urologia são: Pinça Mathieu, Sondas metálicas e Clamp para rim modelo suiço. Pinça Mathieu As Cirurgias Ginecológias mais comunmente realizadas são: Werthein, Histerectomia, Colpoperineoplastia, Miomectomia e Ooforectomia. Os instrumentos mais utilizados para ortopedia são: Pinard, Forceps de vários tipos (Anderson, Tarnerm Simpson, ...), Pinça Jolly, Curetas de vários tipos (Simon, Pozzi, Sims, ...), Pinça Faure, Pinça Foerster, Pinça Museux, Sacafibroma de Doyen, Dartigues e Esoéculos variados. Pinça Faure CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA As Cirurgias Gastroenterológicas mais comunmente realizadas são: Gastrectomia, Colecistectomia, Esplenectomia, Herniorrafia inguinal e umbilical e Apendicectomia. Os instrumentos mais utilizados para ortopedia são: Clamps de vários tamnhos, Abadie, Mixter, Allis, Duval e Babcock. Pinça Duval Grupo 6 – Pinças de Campo Este grupo é constituído por pinças destinadas à fixação dos campos estéreis, na delimitação da área operatória (2° tempo), na borda da ferida cirúrgica. Faz ainda parte deste grupo a pinça usada para anti-sepsia. Exemplo: Backhaus – para fixar campos. Cheron – prende a gaze para anti-sepsia. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Grupo 7 – Afastadores Como o próprio nome indica, são utilizados para afastar tecidos e músculos, pelo1° assistente, e devem ser arrumados em mesa auxiliar. Os menores são usados em ... estruturas superficiais, e os maiores servirão no afastamento das estruturas profundas. Exemplos: Farabeuf, Collin, Parker, Mathieu, Roux, Langenbeck, Kocher, Senn-Miller, Volkmann, Ollier, Balfour, Gosset, Doyen, Deaver, entre outros. Farabeuf, Volkmann Instrumental Básico de Cirurgia Geral Dividem-se os instrumentais em especiais e comuns. Os especiais são usados apenas em alguns tempos de determinadas cirurgias. Os comuns fazem parte do instrumental básico a qualquer tipo de intervenção cirúrgica, devendo estar presente em todas elas, independente da especialidade, em seus tempos fundamentais de diérese, hemostasia e síntese. Assim, o instrumentador devera conhecê-lo muito bem, tendo em vista o bom desempenho de suas funções. São estes instrumentos básicos de cirurgia geral, que procuraremos mostrar neste capítulo, os outros, específicos para tempos particulares de cada operação, ficarão sendo conhecidos a medida que forem aparecendo na prática diária. Os instrumentos para diérese compreendem os bisturis e tesouras em seus vários tamanhos e modalidades. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Os bisturis se apresentam com tipos e tamanhos variados. São compostos de um cabo de tamanho variável, acoplado a uma lâmina móvel,descartável que também varia de tamanho. As tesouras, assim como os bisturi, têm diferentes formas e tamanhos. Os instrumentos para hemostasia compreendem todos aqueles destinados ao pinçamento de vasos impedindo o sangramento, como o Halsted, Kelly, Rochester, Moynihan entre outros. Essas pinças podem ser retas ou curvas e têm tamanhos variados. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA As pinças hemostáticas são conhecidas pelos nomes de seus criadores como Kelly, Kocher, Crile, Mixter. São dispostas na mesa do instrumentador em grupos do mesmo tipo em ordem crescente de tamanho, sempre da direita para a esquerda. As pinças de dissecção são instrumentos auxiliares que apoiam o ato cirúrgico. Elas existem em grande variedade, sendo diferentes em forma e tamanho, com ou sem dentes. Aquelas com dentes são comunmente chamadas de “pinças dente de rato”. As pinças de preensão têm o objetivo de prender e segurar tecidos e órgãos, mas também são usadas para prender gaze dobrada, como a Allis, Collin, Durval Foerster, entre outros. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA No grupo dos instrumentos para separação, encontramos todos os tipos de afastadores, como Gosset, Finhochietto, Farabeuf, entre outros; que também são instrumentos auxiliares, destinados a facilitar exposição do campo operatório. Eles variam quanto ao tipo e ao tamanho, podendo ser manuais ou auto estáticos. Esses últimos são chamados assim porque afastam os tecidos por si próprios. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Os afastadores são ordenados na mesa de instrumental por tamanho e pela ordem em que são empregados. Os menos são usados, em geral, nos planos superficiais, como as camadas de tecido, e de acordo com o tamanho do paciente. Já os maiores são empregados posteriormente, para afastamento das estruturas profundas, como os órgãos. Instrumentos para síntese são basicamente os porta-agulhas que têm a função de prender as agulhas, para a execução da sutura. Eles se apresentam de diferentes formas e tamanhos. À exceção dos demais instrumentos, os porta-agulhas devem ficar na mesa de instrumental com os cabos sempre voltados para o instrumentador. As pinças de campo, ou pinças backhaus, são instrumentos auxiliares destinados à fixação dos campos que limitam a área operatória. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Este tipo de pinça está presente na mesa de instrumental somente no início da operação. Posteriormente, o espaço ocupado por elas é utilizado para melhor acomodar instrumentos de hemostasia, instrumentos especiais, compressas, gazes ou cubas. Finalmente, no grupo dos especiais encaixam-se todos os outros destinados a tempos específicos de determinadas operações. É aquele que varia de acordo com as múltiplas especialidades cirúrgicas e, em geral, é utilizado apenas no tempo principal da operação. Este tipo de instrumental deve ser colocado em local afastado da mesa do instrumentador ou, então, em mesa auxiliar secundaria, no caso de serem muito numerosos. CURSO DE FORMAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA Todos os instrumentos devem ser manipulados com cuidado a fim de não serem danificados por uso indevido. Tesouras delicadas não devem ser usadas para seccionar fios grossos ou gazes e compressas, por perderem rapidamente seu corte. Eletrotermocautério O bisturi elétrico, é um aparelho eletrônico que tem a finalidade de transformar a corrente elétrica alterada comum, em corrente elétrica de alta frequência, mas que, apesar da intensidade, não ocasiona alterações orgânicas. A corrente elétrica, de alta frequência, aquece a ponta metálica do eletrodo positivo “ponta do bisturi”, passa através do corpo do paciente e é eliminada através da placa dispersiva, “placa do paciente”, que está direta ou indiretamente ligada ao “fio terra”. Este equipamento cirúrgico é utilizado com o objetivo de promover a eletrocoagulação e eletrodissecção. A eletrocoagulação é a oclusão dos vasos sanguíneos (parada do fluxo sanguíneo), através da solidificação das substâncias proteicas ou retração dos tecidos. A eletrodissecção consiste na secção (corte) dos tecidos, através da dissolução da estrutura molecular das células. A circulante deve ser encarregada da colocação da placa dispersiva no paciente observando: Contato homogêneo da placa dispersiva com o corpo do paciente, para permitir a distribuição da corrente elétrica. Os locais mais utilizados são a panturrilha, face posterior da coxa e glúteos. Evitar a colocação da placa em proeminência ósseas ou áreas pilosas, porque diminuem o contato da mesa com o corpo do paciente.
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