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Gestão de 
Informação e 
Novas 
Tecnologias
SEST – Serviço Social do Transporte
SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
ead.sestsenat.org.br 
CDU 005.94:004
80 p. :il. – (EaD)
Curso on-line – Gestão de Informações e Novas 
Tecnologias – Brasília: SEST/SENAT, 2016.
1. Gestão da informação. 2. Tecnologia da 
informação. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço 
Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título.
3
Sumário
Apresentação 6
Unidade 1 | Tecnologia da Informação e Sociedade da Informação 7
1 Introdução 8
2 Tecnologia da Informação e Sociedade da Informação 13
2.1 A Revolução do Controle 13
2.2 Crise de Controle 16
2.3 Racionalização e Burocracia 17
2.4 Novas Tecnologias de Controle 20
2.4.1 Controle da Produção 20
2.4.2 Controle da Distribuição 21
2.4.3 Controle da Demanda e do Consumo 22
2.5 Sociedade da Informação 25
Glossário 28
Atividades 29
Referências 30
Unidade 2 | Logística e Competitividade 31
1 Logística 32
2 Outros Conceitos de Logística 34
3 Impacto das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) 
sobre a Logística 38
3.1 Desenvolvimentos Quanto à Cadeia de Valor 38
3.2 Possibilidades de Inovação nos Negócios Trazidas pelas TICs 41
Glossário 44
Atividades 45
Referências 46
4
Unidade 3 | Impacto da Logística sobre a Informática 47
1 Introdução 48
2 A Abordagem Logística de Ponta: Controle pelos Fluxos Físicos e Informacionais 49
2.1 Fluxos Físicos 49
2.2 Fluxos de Informação 50
3 A Amplitude da Difusão da Informática na Logística 51
4 A Comunicação com o Fluxo de Materiais 53
4.1 Acompanhamento Preciso dos Deslocamentos dos Materiais 54
4.2 Acompanhamento Preciso das Operações Físicas de Transformação 56
5 A Comunicação com Outros Sistemas Informatizados 57
5.1 A Necessidade de se Comunicar com os Parceiros 57
5.2 O Exemplo da Grande Distribuição 58
5.3 O Exemplo do Setor de Transportes 59
6 Funcionalidades de Suporte à Decisão 60
6.1 A Necessidade de Suporte à Decisão 60
6.2 Os Limites da Informática Clássica em Atender à Logística 61
Atividades 63
Referências 64
Unidade 4 | Aplicações de TICs em Transportes 65
1 Comunicação e Coleta de Informação de Baixa Tecnologia 66
1.1 Telefones Celulares 66
1.2 Radiocomunicação Bidirecional 67
1.3 Pager (palavra inglesa: pronuncia-se pêi-ger) 67
2 Comunicação e Coleta de Informação de Alta Tecnologia 68
2.1 Localização Automática de Veículo (AVL) e Comunicação via Satélite (SATCOM) 68
2.2 Computadores de Bordo (On-Board Computers – OBCs) 70
5
3 Tecnologias para Processamento da Comunicação e da Informação 71
3.1 Intercâmbio Eletrônico de Dados (Electronic Data Interchange – EDI) 71
3.2 Roteamento e despacho apoiado por computador 
(Computer-aided routing and dispatching, CAR and CAD) 73
3.3 Sistema de Acompanhamento da Manutenção Veicular 
(Maintenance Tracking Software – MTS) 74
3.4 Internet 75
Atividades 77
Referências 78
Gabarito 79
6
Apresentação
Prezado(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) ao curso Gestão de Informações e Novas Tecnologias! 
Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de 
cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, 
você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e 
ajudar na compreensão do conteúdo. 
Este curso possui carga horária total de 30 horas e foi organizado em 4 unidades, 
conforme a tabela a seguir.
Fique atento! Para concluir o curso, você precisa:
a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas 
“Aulas Interativas”;
b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; 
c) responder à “Avaliação de Reação”; e
d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado.
Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de 
dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br.
Bons estudos! 
Unidades Carga Horária
Unidade 1 | Tecnologia da Informação e Sociedade da 
Informação
12 h
Unidade 2 | Logística e Competitividade 6 h
Unidade 3 | Impacto da Logística sobre a Informática 7 h
Unidade 4 | Aplicações de TICs em Transportes 5 h
7
UNIDADE 1 | TECNOLOGIA DA 
INFORMAÇÃO E SOCIEDADE DA 
INFORMAÇÃO
8
Unidade 1 | Tecnologia da Informação e Sociedade 
da Informação
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade do Curso Gestão de Informações e 
Novas Tecnologias. Aqui trataremos de definir os mais básicos aspectos da informação e 
suas tecnologias, para, então, aprofundarmo ainda mais nas unidades seguintes.
Bons estudos!
1 Introdução
Pode-se dizer que o mundo industrial 
avançado se tornou uma sociedade 
da informação. Nos países mais 
desenvolvidos, a maior parte da força de 
trabalho agora trabalha, primariamente, 
em tarefas informacionais, tais como 
análise de sistemas e programação 
de computadores. Enquanto isso, a 
riqueza cada vez mais está associada 
a bens informacionais, como os 
microprocessadores e serviços de 
informática, como o processamento de 
dados. 
Para as economias de, pelo menos, meia dúzia de países – especificamente os de ponta –, 
o processamento de informação, há muito tempo, já deixou para trás o processamento 
de matéria e energia. 
 c
Mas porquê? Entre as inúmeras coisas que os seres humanos 
valorizam, porque seria a informação, envolvendo bens e 
serviços, que dominaria as maiores e mais avançadas economias 
do mundo? 
9
Embora haja uma inumerável quantidade de livros e artigos proclamando o advento 
da Sociedade da Informação, poucos autores se dedicaram a encontrar respostas para 
essas questões básicas. 
A questão central é: porque os computadores eletrônicos se tornaram tão centrais para 
a sociedade moderna, se tudo o que eles podem fazer é transformar informação de uma 
forma a outra? Como pode nossa inteira Era, popularmente descrita nos anos 1960 como 
a Era do Computador, ser associada a uma atividade aparentemente tão modesta, como 
o processamento de informação?
 c
Mesmo se pudermos explicar a crescente importância da 
informação e seu processamento nas economias modernas, 
imediatamente confrontaremos outra questão: Por que agora? 
Já que a informação sempre desempenhou um papel importante 
em todas as sociedades humanas. Temos que explicar porque só 
recentemente a informação emergiu como uma commodity 
(insumo econômico básico) distinta e crítica. 
A cultura material também tem sido crucial no desenrolar da história humana, e 
precisou haver uma revolução – a Industrial –, para que o capital destronasse a Terra (a 
propriedade de terras) como a principal base econômica. 
A que “revolução” tecnológica e econômica de magnitude comparável com a revolução 
industrial podemos atribuir a emergência da Sociedade da Informação? 
A resposta mais plausível a todas as 
perguntas acima é o que chamamos de 
Revolução do Controle, um complexo 
de rápidas mudanças nos arranjos 
tecnológicos e econômicos por meio 
dos quais a informação é coletada, 
armazenada, processada e comunicada, 
para permitir a tomada de decisões 
formais, ou programadas, que dão à 
sociedade poder de controle sobre suas 
próprias ações coletivas. 
10
Desde suas origens, nas últimas décadas do século XIX, a Revolução do Controle 
continuou imbatível e, na década de 1970, foi acelerada pelo desenvolvimento da 
tecnologia de microprocessadores e da difusão da digitalização, até chegar à Internet 
do final do século XX e seus efeitos. 
Em termos da magnitude e penetração do seu impacto sobre a sociedade, não menos 
intelectual ecultural do que material, a Revolução do Controle já parece ter sido tão 
importante para o século XX quanto foi a Revolução Industrial para o século anterior.
Mas a história por si só não pode explicar porque é a informação que cada vez mais 
assume o papel crucial na economia e na sociedade. A resposta tem de ser buscada na 
natureza de todas as coisas vivas, em última instância, na relação entre informação e 
controle. A vida, na verdade, implica controle, tanto em células e organismos quanto 
em economias nacionais ou qualquer outro sistema propositado (com propósitos 
objetivos e claros). 
Quando conseguimos enxergar a economia como sistema concreto de processamento 
material (empenhado continuamente na extração, reorganização e distribuição, desde 
as matérias-primas naturais até o consumo final) o impacto da industrialização assume 
novo significado para nós. 
Até a Revolução Industrial, mesmo as maiores e mais desenvolvidas economias 
funcionavam literalmente a passo humano, com a velocidade de processamento só 
ligeiramente auxiliada pelo uso da força animal, do vento e da água, e o controle do 
sistema de processamento auxiliado em igual proporção por modestas estruturas 
burocráticas. 
Sem a menor dúvida, o maior efeito da industrialização, sob essa perspectiva, foi 
aumentar a velocidade do sistema de processamento material de toda uma sociedade, 
precipitando uma crise de controle, um período em que as inovações em tecnologias 
de processamento da informação e de comunicação estiveram em atraso em relação 
àquelas relativas à energia, e sua aplicação à manufatura e ao transporte. 
A Sociedade da Informação, conclui-se, não é tanto o resultado de alguma recente 
mudança social, mas sim de aumentos na velocidade do processamento material, com 
origem há mais de um século atrás.
11
Os microprocessadores, as tecnologias de processamento e comunicação e a internet, 
ao contrário do que muita gente pensa, não são novas forças só recentemente liberadas 
sobre uma sociedade despreparada, e sim apenas o último capítulo do desenvolvimento 
histórico da Revolução do Controle, em resposta à Revolução Industrial (figura 1).
Figura 1: Desenvolvimento da revolução do controle
Crescente velocidade dos
FLUXOS MATERIAIS E FINANCEIROS
Sociedade da Informação:
crescente demanda por
TRABALHO em informação
Sociedade da Informação:
crescente demanda por
CAPITAL em informação
Crescente demanda
econômica por CONTROLE
Crescente demanda
econômica por INFORMAÇÃO
REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO
=
REVOLUÇÃO DO CONTROLE
12
Assim, explica-se porque tantas das contribuições do computador já eram antecipadas 
na época dos primeiros sinais da crise de controle, na metade do século XIX, época que 
marca a origem da Sociedade da Informação. 
 e
Em resumo, podemos dizer que: 
 
i. A economia é um sistema de processamento material 
controlado pela sociedade (sobretudo através do mecanismo de 
mercado, no capitalismo), continuamente engajado na extração, 
reorganização e distribuição de matéria, desde o meio ambiente 
natural (matérias-primas naturais) até o meio ambiente social 
(mercado consumidor final); 
 
ii. à medida que a economia se desenvolve, os fluxos materiais 
que ela processa aumentam em velocidade, quantidade e 
complexidade, estimulando a pesquisa teórica sobre a ação 
produtiva. As inovações tecnológicas resultantes aumentam a 
capacidade do transporte e do processamento de matéria; 
 
iii. pelo mesmo raciocínio, à medida que a economia se 
desenvolve, os fluxos informacionais que ela processa também 
aumentam em velocidade, quantidade e complexidade, 
estimulando a pesquisa teórica sobre o controle da ação 
produtiva. As inovações tecnológicas resultantes aumentam a 
capacidade da comunicação e do processamento de informações.
13
2 Tecnologia da Informação e Sociedade da Informação 
2.1 A Revolução do Controle 
Poucos observadores da virada do século XIX para o século XX perceberam a revolução 
nos métodos de controle do sistema produtivo que estava começando naquele tempo 
nos Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha. 
 h
O mais notável observador, entre os que perceberam o que 
estava acontecendo, foi o alemão Max Weber (1864-1920), que 
dirigiu sua atenção para a mais importante tecnologia de 
controle de sua época: a burocracia. 
Por mais de meio século após a análise 
inicial de Weber, a burocracia continuou 
a reinar como a mais importante 
tecnologia da Revolução do Controle. 
Somente após a Segunda Guerra 
Mundial, com a invenção do computador, 
a tecnologia de controle começou cada 
vez mais a se confundir com a tecnologia 
computacional, culminando com a 
invenção dos microprocessadores, no 
início dos anos 1970, e da internet, no 
início dos anos 1990. 
Começando nos Estados Unidos, no final do século XIX, a Revolução do Controle merece 
o nome de revolução porque representou abrupta aceleração do avanço tecnológico. 
De fato, no espaço de tempo de uma geração, podemos situar virtualmente todas as 
tecnologias básicas para a comunicação e a informação ainda em uso quase 150 anos 
depois. Observe a lista a seguir. 
• fotografia e telegrafia (1830s) 
• impressora rotativa (1840s) 
14
• máquina de escrever (1860s) 
• cabo transatlântico para comunicação (1866s) 
• telefone (1876) 
• cinema (1894) 
• telégrafo sem fio (1895) 
• gravador de fita magnética (1899) 
• rádio (1906) 
• televisão (1923) 
Estamos aqui adotando o significado mais geral da palavra 
“controle”, definida como “influência proposital em direção a 
determinado objetivo”; influência de um agente sobre outro, 
controlador sobre controlado, significando que o primeiro causa 
mudanças no comportamento do segundo; e é proposital, no 
sentido de que a influência é na direção de algum objetivo 
anterior do agente controlador. 
São inseparáveis do conceito de controle as atividades gêmeas de processamento de 
informação e comunicação recíproca, fatores complementares de qualquer forma de 
controle (ver figura 2).
Figura 2: Controle, informação e comunicação recíproca
O processamento de informações é essencial para toda atividade dotada de propósito, 
que é por definição dirigida a algum objetivo, e, portanto, deve envolver a contínua 
comparação entre situações correntes (reais) e a situações desejadas (imaginadas), um 
problema típico de processamento de informações. 
Controlador
Estado
Desejado
Ação de Controle
Estado Atual
Comunicação
RecíprocaProcessamento
de informação
Controlado
15
Simultaneamente à comparação entre situações, mencionada acima, a interação 
bidirecional entre controlador e controlado também precisa existir para, por um lado, 
comunicar a influência do primeiro sobre o segundo e, por outro, para que o segundo 
possa comunicar de volta ao primeiro sobre os resultados da ação comandada (este 
fluxo reverso de informação, de volta ao controlador, é chamado de feedback, em 
inglês). 
Por conta de as atividades de processamento da informação e comunicação serem 
elementos inseparáveis da função controle, a capacidade de uma sociedade de 
manter controle – em todos os níveis de relacionamento, desde o interpessoal até o 
internacional – será diretamente proporcional ao nível de desenvolvimento de suas 
tecnologias da informação e comunicação. 
Aqui, o termo “tecnologia” não é usado no sentido usual e restrito da ciência prática ou 
aplicada, mas no sentido mais geral, de qualquer extensão intencional de um processo 
natural, isto é, do processamento de matéria, energia, ou informação que caracteriza 
qualquer sistema vivo. 
A respiração, por exemplo, é uma função totalmente natural do ser vivo e, portanto,não pode ser considerada uma tecnologia. Já a capacidade do homem respirar embaixo 
d’água, por outro lado, implica alguma extensão tecnológica da função respiração. O 
equipamento de mergulho é, portanto, uma tecnologia. 
 e
Por essas razões, a tecnologia pode ser considerada como um 
equivalente aproximado da capacidade de fazer, ou agir, 
excluídas aquelas capacidades que ocorrem naturalmente em 
sistemas vivos. 
A tecnologia, então, define os limites do que a sociedade, através da economia, pode 
realizar. No entanto, cada avanço na capacidade de fazer deve corresponder a um 
avanço comparável no poder de controlar. É como dizia um antigo anúncio de uma 
marca de pneus: “força sem controle não é nada”. 
16
 c
A história da navegação marítima pode nos servir de exemplo: 
durante séculos a exploração comercial da tecnologia de 
navegação marítima ficou restrita à navegação costeira, pois 
não havia sido inventada ainda a correspondente tecnologia de 
controle: meios seguros de posicionamento no globo terrestre, 
e mapas precisos, o que, como sabemos, retardou bastante a 
conquista dos mares. 
2.2 Crise de Controle 
A industrialização significou a quebra das barreiras ao transporte e à comunicação 
que isolavam mercados locais, consequentemente, estendeu a distribuição de bens 
e serviços a mercados nacionais e até globais. Esse fato, por sua vez, perturbou o 
equilíbrio de mercado sob o qual a produção era regulada, baseado na comunicação 
direta entre produtor e consumidor. 
A crise que se seguiu exigiu novos meios de comunicação e informação, até então 
desnecessários, para reintegrar um sistema econômico cada vez mais baseado em 
diferenciação e interdependência. 
Por outro lado, com a industrialização, há um aumento brutal dos fluxos de commodities 
(mercadorias básicas) através da economia – fluxos agora dirigidos pela produção 
industrial (máquinas) e distribuição em massa (ferrovia) movidas a vapor. 
Por séculos, a maioria dos bens tinha sido movimentada, ao longo de estradas e canais, 
à velocidade dos animais de carga, e quando o clima permitia. Essa infraestrutura, 
controlada por pequenas organizações com poucos níveis hierárquicos, suportava até 
economias nacionais. 
De repente, devido ao advento da força a vapor, os bens podiam ser movidos à 
velocidade total da produção industrial, noite e dia, e sob virtualmente quaisquer 
condições de clima, não somente de cidade a cidade, mas através de continentes 
inteiros, pelo mundo todo.
17
Isso criou problemas ligados à informação e comunicação tanto no nível macro (as 
economias nacionais) quanto no nível microeconômico (das pessoas que trabalhavam 
em setores de uma mesma empresa ou economia, cada vez mais isolados uns dos 
outros, e perdendo de vista os objetivos comuns de seus esforços coletivos). 
2.3 Racionalização e Burocracia 
Entre as soluções tecnológicas para a crise de controle, prevalente – no sentido de 
servir para controlar a maioria das outras tecnologias – foi a burocracia formal, 
pioneiramente analisada por Max Weber na virada do século XIX para o século XX, com 
rápida difusão. 
A organização burocrática, aplicada no 
mundo desde pelo menos o ano 3000 
A.C., tende a aparecer sempre que uma 
atividade coletiva precisa ser coordenada 
por várias pessoas em direção a objetivos 
explícitos e impessoais, isto é, precisa 
ser controlada. Em sua forma moderna, 
todavia, a administração burocrática 
apareceu do meio para o fim da Revolução 
Industrial. 
De acordo com Weber, a burocracia se caracteriza por vários e importantes aspectos 
de qualquer sistema de controle, em especial a orientação impessoal da estrutura, 
caracterizada por uma divisão de trabalho e de responsabilidades bem marcadas, 
autoridade hierárquica, e funções especializadas de decisão e comunicação. 
Weber identificou outra tecnologia de controle associada à burocracia, que ele 
chamou de racionalização. O significado do termo, na acepção de Weber, está ligado 
à constatação de que o nível de controle pode ser aumentado não só pelo aumento 
da capacidade de processamento de informação, mas também pelo decréscimo da 
quantidade de informação a ser processada.
18
O aumento da capacidade de processamento, realizado no tempo de Weber pela 
burocratização, tem seu equivalente hoje na computadorização. Já a redução da 
informação a ser processada, realizada naquela época pela racionalização, hoje 
corresponde ao conceito de pré-processamento. 
A racionalização pode ser definida, 
essencialmente, como a destruição ou 
não consideração da parte não relevante 
da informação, de forma a facilitar seu 
processamento. Um exemplo é a adoção 
de formulários padronizados para a 
coleta de informação, limitando o escopo 
da informação coletada. 
Outro exemplo de racionalização, agora 
ao nível macro, foi o estabelecimento 
dos fusos horários, que organizaram o 
tempo mundial em termos de 24 zonas, 
a partir do meridiano de Greenwich, na 
Inglaterra. 
19
Assim, o que era antes um problema de sobrecarga de informação, por exemplo, para 
as ferrovias, foi resolvido pela desconsideração parcial do fato da hora solar ser, na 
verdade, diferente em cada ponto do planeta, ou seja, em cada nó dos sistemas de 
transporte ou comunicações.
Revolução Industrial (Séc. XIX)
Tecnologias da Informação:
A crescente demanda por
Tecnologias de controle
Na Revolução
Industrial
(Weber. 1864 - 1920)
Séc. XX
Burocracia
Aumento da capacidade
de processamento da
informação
Computadorização Pré-Processamento
Racionalização
Diminuição da quantidade
e/ou complexidade da
informação a processar
Controlador
Des-Humanização da
Entrutura de decisão:
Divisão do trabalho e
da responsabilidade;
Autoridade hierárquica;
Funções especializadas
de decisão e de
comunicação;
Conjunto formal de
regras de decisão e
resposta.
Racionalização
Destruição ou desprezo
de informação:
Formalização das
relações inter-pessoais;
Formulários padronizados;
Fusos horários, etc.
Racionalização: um
movimento “do governo
de homens à
administração de coisas”
Saint-Simon
(1760-1825)
20
2.4 Novas Tecnologias de Controle 
O rápido desenvolvimento da racionalização e da burocracia, do meio ao fim do século 
XIX, levou a uma sucessão de dramáticas inovações em tecnologia de processamento 
e comunicação de informações. Essas inovações, algumas das quais são apresentadas 
no quadro abaixo, serviram para amenizar a crise de controle da sociedade industrial 
em três áreas distintas da atividade econômica: produção, distribuição e consumo de 
bens e serviços. 
2.4.1 Controle da Produção 
O controle da produção foi facilitado 
pela contínua organização e pré-
processamento das operações 
industriais. O maquinário tornou-se 
crescentemente controlado por duas 
novas tecnologias de processamento de 
informação: dispositivos de feedback, tais 
como o regulador de Watt para máquinas 
de vapor (1788) e controladores pré-
programados, como os do tear de 
Jacquard (1801). 
Em 1890, Hollerith estendeu a ideia dos cartões perfurados de Jacquard para a 
tabulação dos dados do censo dos Estados Unidos, fundando a International Business 
Machines, ou IBM, empresa ícone, até hoje dedicada ao processamento de informações. 
21
 h
A racionalização e controle da produção continuou avançando, 
através de um acúmulo de outras inovações industriais: as peças 
intercambiáveis (depois de 1800), a integração da produção 
dentro das fábricas (anos 1820 e 1830), o desenvolvimento de 
novas técnicas de contabilidade, a profissionalização da 
administração (anos 1860 e 1870), a produção em processo 
contínuo (fins dos anos1870 e começo dos 1880), a 
“administração científica” de Taylor (1911), a moderna linha de 
produção de Ford (depois de 1913), e o controle estatístico de 
qualidade (anos 1920), entre outros.
2.4.2 Controle da Distribuição 
A infraestrutura crescente de transporte nos Estados Unidos, incluindo as redes de 
ferrovias, as linhas de barcos a vapor, e os sistemas de tração urbanos, dependiam para 
seu controle de uma correspondente infraestrutura de processamento de informações 
e de comunicações, que começou pelo telégrafo. 
As duas infraestruturas, de transporte e de comunicações, continuaram evoluindo em 
conjunto, formando uma teia de distribuição e controle que progressivamente abraçou 
a América do Norte. 
Numa sinergia entre as duas tecnologias, 
as companhias de telegrafia usavam 
a faixa de domínio das ferrovias para 
passar seus cabos, e a ferrovia usava os 
serviços de telegrafia para coordenar os 
fluxos de trens e o tráfego. 
Essa coevolução da ferrovia e da telegrafia 
possibilitou o desenvolvimento de uma 
outra infraestrutura de comunicação 
para o controle da distribuição e do 
consumo: o sistema postal. 
22
A comercialização do telefone nos anos 1880, e especialmente o desenvolvimento de 
linhas telefônicas de longa distância, nos anos 1890, adicionou um terceiro componente 
à crescente infraestrutura americana de telecomunicações. 
Controlado por esta infraestrutura florescente, um sistema organizado emergiu 
rapidamente para a distribuição da produção em massa para o mercado nacional 
americano e para os mercados mundiais. 
 e
Importantes inovações na racionalização e controle deste 
sistema incluíram o surgimento do comerciante de commodities 
e a classificação padronizada de commodities (1850), as lojas de 
departamentos, as cadeias de lojas, os atacadistas (1860), as 
técnicas de monitoração do estoque (1870), a embalagem por 
máquina (1890), a franquia (em 1911 o método padrão de 
distribuição de automóveis) e o supermercado (1920). 
2.4.3 Controle da Demanda e do Consumo 
A produção e a distribuição em massa não podem ser completamente administradas 
sem o controle de uma terceira área da economia: a demanda e o consumo. 
 e
Tal controle exige: 
 
(i) meios para a comunicação de informação sobre bens e 
serviços para audiências nacionais, de modo a estimular ou 
reforçar a demanda por estes produtos; ao mesmo tempo, 
requer: 
 
(ii) meios de colher informação sobre as preferências e 
comportamento desta audiência –feedback do controlado ao 
controlador (embora hoje os papeis de controlador e controlado 
estejam cada vez mais invertidos). 
23
No primeiro caso, a inovação mais importante surgiu com a invenção da primeira 
impressora rotativa de potência, possibilitando a impressão em massa de anúncios 
e catálogos para serem distribuídos pelo serviço postal, atendido pela ferrovia. 
Seguiram-se os jornais diários, o rádio e a TV, como meios de massa para difusão de 
mensagens comerciais. 
No segundo caso, encontramos as inovações no âmbito das chamadas tecnologias de 
feedback de massa: pesquisa de mercado (1911), Bureau de Auditoria de Circulação 
(1914), entrevistas domiciliares (1916), teoria da amostragem estatística de grande 
escala (1930), e pesquisas de opinião por amostragem (1936), entre outros. 
Analise o quadro com esses conteúdos.
Quadro 1: Inovações selecionadas em controle por setor da economia
Período Produção Distribição Consumo Genérco
1830-40
- Fabrica de 
máquinas-
ferramenta
- Telégrafo - Jornal popular
1840-50 - Sistema americano de manufatura
- Bolsa de 
commodities
- Agência de 
propaganda
- Organização 
em grande 
escala
1850-60 - Consultoria industrial
- Selo postal
- Bolsa futuros
- Papel de 
polpa
- Typeseller
- Sist. de 
controle de 
processos 
hierárquico
1860-70
- Tecnologia de 
processamento 
continuo
- Papel morda
-Cabo 
transatlântico
- Caixeiro 
viajante
- Propaganda 
tipo display
- Lei da marca 
registrada
- Burocracias 
modernas, 
múltiplos 
departamentos
1870-80
- Processamento 
contínuo de 
materiais
-Ordem postal
- Cadeias de lojas
-Telefone
-Jornal diário 
ilustrado
- Publicidade 
de pg. inteira
- Máquina 
de escrever 
com teclado 
QWERTY
1880-90
- Controle de custos
-Resgistro de tempos
- Hora padrão 
uniforme
- Postagem 
expressa
- Linotipo
- Jornal de 
anúncios
- Tabulador 
de cartões 
perfurados
24
1890-1900 - Estudos de tempo
- Telefone a 
moeda
- Traveller Checks
- Máquina de 
venda
- Outdoors 
padronizados
- Campanhas 
publicitárias 
de US$ 1 
milhão
- Mimeógrafo
-Calculadora 
com quatro 
operações
1900-10
- Fabrica de 
automóveis 
projetada p/ 
processamento
- Relógios de 
pulso
- Rádio 
transatlântico
- Girocompasso
- Agência 
moderna de 
publicidade
- Livro-
texto de 
publicidade
- classificador 
automático de 
cartões
-Tabuladores 
por mesa de 
conexão
1910-20
- Administração 
científica
- Linha de produção 
em movimento
- Arquitetura de 
processamento de 
River Rouge (Ford)
-Inter-
comunicação por 
rádio
-Franchising
- Loja self-service
- Correio aéreo
- Pesquisa 
formal de 
mercado
- Auditoria de 
circulação
-Livro-texto 
de pesquisa 
de mercado
- Photostat
- Tubulador de 
Impressão
1920-30
- Controle à distância 
da transmissão de 
eletricidade
- Controle de 
feedback
- Controlador 
pneumático
- Drive-in
- Shopping 
center
- Supermercado
- Correio aéreo 
transcontinental
- Facsimile
- telefone 
transatlântico
- Rádio 
comercial em 
rede nacional
- Anúncios 
luminosos 
dinâmicos
- Medição 
da audiência 
radiofônica
- Organização 
corporativa 
descentralizada
- Calculadora 
com múltiplos 
registros
1930-40
- controle de 
qualidade: curso e 
livro-texto
- Laboratório 
de controle de 
qualidade
- Livro sobre relações 
humanas
- Serviço de 
teletipo
- Cabo coaxial 
moderno
- Correio aéreo 
transatlântico
- Rádio 
automotivo
- Índice de 
vendas no 
varejo
- Pesquisa 
de opinião 
nacional
- Anúncios 
animados
- TV comercial
- Máquinas 
conectadas 
para 
computação
- Máquina 
de escrever 
elétrica
- Calculadora 
eletrônica
25
2.5 Sociedade da Informação 
Um resultado importante da Revolução do Controle foi a emergência da chamada 
Sociedade da Informação. Esse conceito data do final dos anos 1950, com o trabalho 
pioneiro do economista F. Machlup, que pela primeira vez mediu o setor da economia 
americana associado ao que ele chamou de “produção e distribuição de conhecimento” 
(MACHLUP, 1962), e concluiu que a sociedade americana estava se tornando 
rapidamente uma Sociedade da Informação. 
O impacto da Sociedade da Informação está talvez melhor representado nas tendências 
exibidas pela composição da força de trabalho americana. Como pode ser visto na 
Figura 3, ao final do século XVIII, a força de trabalho americana estava essencialmente 
concentrada na agricultura, responsável por acolher aproximadamente 90% de seus 
trabalhadores. 
A maioria dos trabalhadores americanos continuou a trabalhar nesse setor até cerca de 
1850, e a agricultura permaneceu como primeira empregadora até a primeira década 
do século XX. 
Emergindo rapidamente, no entanto, estava um novo setor industrial, que empregou 
pelo menos um quarto dos trabalhadores americanos entre 1840 e 1870, chegando a 
um pico de participação de 40% da força de trabalho durante a 2ª Guerra Mundial. 
Em 1985, no entanto, somente 40 anos após a 2ª Guerra Mundial, o setor industrial 
já era responsável por somente metade daquele percentual, e continuavacaindo 
acentuadamente. Enquanto isso, o setor de informação, já em 1960, obteve maior do 
que o pico histórico de participação do setor industrial (com mais de 40%), em 1985 
alcançava perto da metade da força de trabalho.
26
Figura 3: Força de trabalho civil dos Estados Unidos por quatro setores entre 1800 e 1980
Fonte: Beniger, 1986.
Os anos 1970 marcaram o começo de um estágio inteiramente novo no desenvolvimento 
da Sociedade da Informação, pelo início e contínua proliferação desde então da 
tecnologia dos microprocessadores. 
Essa proliferação foi, no entanto, acompanhada de um fenômeno de implicações muito 
mais importantes sobre a sociedade, que foi a progressiva convergência de todas as 
tecnologias da informação (meios de massa, telecomunicações e computação) em uma 
só infraestrutura de controle, apelidada na Europa de telemática (telecomunicações + 
informática). 
Informação
Serviços
Agricultura
Indústria
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1800 ‘20 ‘40 ‘60 ‘80 ‘20 ‘40 ‘60 ‘801900
Anos
P
o
r 
ce
nt
o
27
Crucial para a telemática foi a crescente digitalização: a codificação por meio de valores 
descontínuos (usualmente binários) de tudo o que até então era representado por 
sinais analógicos, variando continuamente no tempo, seja uma conversa telefônica, 
uma transmissão de rádio ou uma imagem de TV. 
Pelo fato dos computadores digitais processarem sinais em código binário, a 
progressiva digitalização dos conteúdos dos meios de massa e das comunicações 
começou a apagar distinções até então existentes entre a comunicação da informação 
e seu processamento, bem como entre as pessoas e as máquinas. 
A digitalização tem o potencial de tornar a comunicação das pessoas com as máquinas, 
entre máquinas, e mesmo das máquinas com as pessoas, tão fácil quanto a comunicação 
entre pessoas. 
Também ficam apagadas, com a digitalização, as distinções entre diferentes tipos de 
informação: números, palavras, imagens e sons, e, eventualmente, gostos, odores e 
outras sensações, os quais vêm sendo progressivamente representados digitalmente, 
facilitando seu armazenamento, processamento e comunicação por meios eletrônicos.
Dessa forma, a digitalização promete transformar os diversos meios de informação 
em um meio generalizado para o processamento e troca de informações pelo sistema 
social, da mesma forma que, séculos atrás, a instituição de moedas nacionais e taxas de 
câmbio oficiais ajudaram a integrar mercados locais em uma única economia mundial. 
 c
Podemos, portanto, esperar que os efeitos da digitalização 
sejam tão profundos para a macrossociologia quanto foram os 
efeitos da instituição das moedas nacionais para a 
macroeconomia. De fato, os sistemas eletrônicos digitais já 
substituem em grande escala o uso da moeda em inúmeros 
tipos de transação.
28
Glossário
Burocracia: sistema de execução da atividade pública, esp. da administração, por 
funcionários com cargos bem definidos, e que se pautam por um regulamento fixo, 
determinada rotina e hierarquia com linhas de autoridade e responsabilidade bem 
demarcadas. 
Código binário: o sistema binário é um sistema de numeração formado por apenas dois 
algarismos: 0 (zero) e 1 (um). Ou seja, só admite duas possibilidades, sempre opostas, 
antagônicas, como: tudo / nada; ligado / desligado; presença / ausência, direito / 
esquerdo, alto / baixo, verdadeiro / falso, aceso / apagado... 
Commodities: são produtos que funcionam como matéria-prima, produzidos em escala 
e que podem ser estocados sem perda de qualidade, como petróleo, suco de laranja 
congelado, boi gordo, café, soja e ouro. Commodity vem do inglês e originalmente tem 
significado de mercadoria. 
29
 a
1) Julgue verdadeiro ou falso. O processamento de 
informações nem sempre é essencial para toda atividade 
dotada de propósito, que é por definição a dirigida a algum 
objetivo. Portanto, a contínua comparação entre situações 
correntes (reais) e as situações desejadas (imaginadas) – um 
problema típico de processamento de informações – nem 
sempre é necessária. 
 
Verdadeiro ( ) Falso ( ) 
 
2) Julgue verdadeiro ou falso. Referente ao controle de 
distribuição é correto dizer que: as companhias de telegrafia 
usavam a faixa de domínio das ferrovias para passar seus 
cabos, e a ferrovia usava os serviços de telegrafia para 
coordenar os fluxos de trens e o tráfego. 
 
Verdadeiro ( ) Falso ( ) 
Atividades
30
Referências
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. Porto 
Alegre: Makron Books, 2006.
________. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1997.
BENIGER, James R. The Control Revolution: Technological and Economic Origins of 
the Information Society. Cambridge: Harvard University Press, 1986.
MACHLUP, Fritz. The Production and Distribution of Knowledge in the United 
States. New Jersey: Princeton University Press, 1962.
NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: 
Campus, 2006.
31
UNIDADE 2 | LOGÍSTICA E 
COMPETITIVIDADE
32
Unidade 2 | Logística e Competitividade
Nesta unidade, trataremos a respeito da logística para o funcionamento de empresas e 
como isso se relaciona à competitividade das mesmas. Prepare-se e bons estudos!
1 Logística
A logística é fator determinante da competitividade das empresas e da economia de 
uma nação, especialmente na era da globalização. 
O Brasil está em clara desvantagem logística em relação aos seus principais 
competidores no comércio internacional, e pior: especialistas denunciam o crescimento 
vertiginoso dos custos logísticos brasileiros nas últimas décadas. 
 e
O aumento dos custos logísticos brasileiros é geralmente 
atribuído ao acréscimo dos custos de transporte, especialmente 
do transporte rodoviário. Tal aumento nos custos de transporte 
está ligado ao baixo investimento realizado em construção e 
manutenção da infraestrutura física correspondente, nas 
últimas décadas. 
Porém, muito embora a infraestrutura de transporte seja 
responsável por prover a capacidade necessária para a 
movimentação de cargas e seu manuseio, melhorar a oferta 
dessa infraestrutura física não é condição suficiente para a 
melhoria da competitividade logística das empresas e da 
economia do País. 
33
O conceito de logística engloba e ultrapassa o mero conceito de 
transporte físico, ao incorporar também o movimento através 
do espaço da informação que controla as próprias operações de 
transporte, em associação com a produção e o consumo de bens 
e serviços. 
 
Em outras palavras, o conceito de logística remete à ideia de 
transporte controlado por informação.
Pode-se ilustrar essa ideia através da Figura 4.
Figura 4: Logística e transporte controlado por informação
 h
O objeto da atuação da logística é a cadeia de suprimentos, um 
sistema cujas partes incluem fornecedores de insumos, 
instalações produtivas, serviços de distribuição e clientes, 
ligados entre si por um fluxo direto de materiais, comandado 
por um fluxo inverso de informações.
Figura 5: Cadeia de suprimentos
Transporte e
Armazenagem
Logística
Informação e
comunicação
Armazenamento
Fluxo inverso
de informação
Fluxo direto de
materiais
Fábrica
Processo de
agregação
de valor
ClientesFornecedores
34
2 Outros Conceitos de Logística
A eficiência logística será tanto maior quanto mais preciso for o controle do fluxo de 
materiais, realizado pelo transporte, pelo fluxo de informações, ditado pela lógica da 
cadeia de suprimentos aonde se insere a empresa. 
A cadeia completa de suprimentos vai desde os fornecedores das matérias-primas 
mais primárias até os clientesdo produto final, passando por diversos elos fornecedor-
cliente encadeados.
 Figura 6: Cadeia de suprimentos completa
Tradicionalmente, esse encadeamento dá-se por meio do mercado, como mostra 
a Figura 6, havendo necessidade de estoques para contrabalançar o risco de falhas 
de fornecimento, já que as fábricas são independentes entre si, e, portanto, seguem 
padrões próprios de eficiência e efetividade. 
Entretanto, para produzir produtos personalizados sem incorrer em custos proibitivos 
(realizar a denominada “customização em massa”), como o mercado consumidor exige 
hoje, é necessário melhorar a eficiência e a efetividade da cadeia de suprimentos como 
um todo. 
Assim, a estratégia principal das empresas para se adaptarem às novas condições 
concorrenciais, antes caracterizadas pela “economia da estabilidade e da 
indiferenciação” e agora pela “economia da volatilidade e da diferenciação”, tem 
sido a adoção da integração logística de toda a cadeia de suprimentos, ilustrado pelo 
esquema a seguir.
Fluxo de informações de “A”
Espaço de cotrole de “A”
Fluxo de materiais de “A”
Transporte segue objetivos
próprios de “A”
Fábrica “A”
Processo de
adição de
valor
M
er
ca
d
o
M
er
ca
d
o
Logística de
saída de “A”
Logística de
entrada de “A”
Fluxo de informações de “B”
Espaço de cotrole de “B”
Fluxo de materiais de “B”
Transporte segue objetivos
próprios de “B”
Fábrica “B”
Processo de
adição de
valor
Logística de
saída de “B”
Logística de
entrada de “B”
Fluxo de informações de “C”
Espaço de cotrole de “C”
Fluxo de materiais de “C”
Transporte segue objetivos
próprios de “C”
Fábrica “C”
Processo de
adição de
valor
Logística de
saída de “C”
Logística de
entrada de “C”
35
Isso significa estender a toda a cadeia de suprimentos o controle informatizado já 
implantado anteriormente nos processos de agregação de valor internos às empresas, 
em resposta a crises capitalistas anteriores. 
Nesse contexto, o transporte (e o armazenamento) de cargas, que atende a extensas e 
importantes partes da cadeia de suprimentos, tende a sofrer pressões cada vez maiores 
para que desenvolva sua capacidade organizacional e tecnológica de se integrar ao 
fluxo informacional dos clientes. 
 f
Coloca-se cada vez mais, portanto, a demanda econômica por 
um transporte (e armazenamento) inteligente, controlado, 
conceito que, como já vimos, equivale ao de logística. Embora a 
demanda por mais inteligência no transporte e armazenamento 
de cargas origine-se da área privada, em sua busca por maior 
competitividade, existem potencialmente importantes 
benefícios públicos associados. 
A redução do “desperdício” de transporte (e armazenamento) ao longo da cadeia de 
suprimentos, permitido pela integração logística, pode significar economia de energia, 
menos danos ao meio ambiente, menos acidentes de tráfego e, em especial, menos 
gastos públicos com ampliação e manutenção de infraestrutura. 
Naturalmente, as tecnologias da informação e comunicação desempenham papel-chave 
no processo de integração logística dos diversos elos fornecedor-cliente da cadeia de 
suprimentos, o qual se apoia no fluxo inverso de informações, que desencadeia os 
fluxos materiais diretos. 
Fábrica “A”
Processo de
adição de
valor
Fábrica “B”
Processo de
adição de
valor
Fábrica “C”
Processo de
adição de
valor
Integração
fornecedor-cliente
através da
logística
Integração
fornecedor-cliente
através da
logística
Fluxo de informações integrado
Espaço de controle intregado
Fluxo de materiais integrado
Objetivos do transporte ditados pela
integração logística
36
Isso explica porque os Sistemas de Informação e Comunicação são cada vez mais 
empregados na gestão logística da cadeia de suprimentos, tirando partido das 
chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para melhorar o controle 
dos fluxos logísticos e dar suporte às decisões logísticas. 
Esses sistemas utilizam-se de tecnologias de hardware (dispositivos eletrônicos físicos), 
software (programas) e redes de comunicação, para compor módulos destinados a 
atender essencialmente às funcionalidades abaixo descritas, necessárias a qualquer 
sistema produtivo (como descreve o esquema a seguir): 
1. Detecção de eventos físicos – coleta de dados relacionados à circulação de 
materiais, insumos ou produtos, associados ao processo de agregação de valor 
representado pelas diversas transformações produtivas em sequência, que 
caracterizam a cadeia de produção; 
2. Tratamento, armazenamento e processamento de dados – filtragem, 
estruturação, armazenamento e interpretação dos dados colhidos, para dar 
suporte à decisão, sugerindo alternativas de ação sobre o fluxo logístico, visando 
a harmonização e o controle global da cadeia produtiva; 
3. Atuação sobre o fluxo material logístico – uso de dispositivos de funcionalidade 
inversa à dos coletores de dados, permitindo a transformação de informações 
em ações físicas capazes de influir sobre o processo que se deseja controlar; 
4. Transmissão bi-direcional de dados e informações – meios para a troca 
informacional entre o processo controlador, responsável pelo processamento do 
fluxo logístico de informações, e os detectores e atuadores associados ao 
processo controlado, que processa os fluxos físicos, ou materiais, da cadeia 
logística. 
Fornecedores
3. Atuação
1. Detecção
Fluxo Material
Fluxo Informacional
4. Comunicação
Recíproca
Controlador
2. Processamento
informacional
Controlado
Processamento
material
Clientes
37
À medida que o ambiente logístico se torna mais complexo, devido às novas estratégias 
competitivas das empresas, associadas à globalização da produção e à segmentação dos 
mercados consumidores, as tecnologias da informação e comunicação aparecem como 
um dos poucos aspectos da logística que oferecem a promessa de, simultaneamente, 
aumentar o valor e baixar os custos do que é produzido. 
 b
As tecnologias da informação e comunicação possibilitam às 
empresas manter informações-chave em formato acessível, 
processar requisitos, e tomar decisões operacionais e de 
planejamento. Assim, a adoção e implementação adequada de 
hardware, software e tecnologia de redes é hoje um pré-
requisito para o sucesso em logística, que cada vez mais se 
confunde com o sucesso empresarial. 
 f
Nos países desenvolvidos, estima-se que as empresas já gastem 
mais em sistemas de informação do que em custos de estocagem. 
Esta tendência representa uma mudança fundamental na 
estratégia logística, na direção de maiores gastos com ativos 
informacionais (conhecimento) do que com ativos físicos, tais 
como centros de distribuição e estoques.
Na verdade, o que se constata é uma tendência generalizada ao que vem sendo 
chamado de “desmaterialização”, a troca de ação (física) por cognição (informação e 
comunicação) nos sistemas produtivos e seus produtos. 
Isso acontece porque, entre outras coisas, enquanto os custos da ação física aumentam 
(demandam energia cada vez mais cara e causam problemas ambientais), os custos da 
comunicação e informação diminuem rapidamente. 
Por essa razão, na logística moderna, há a tendência cada vez maior da troca de 
“transporte e armazenagem” por “informação e comunicação”, como vimos. 
38
3 Impacto das Novas Tecnologias de Informação e 
Comunicação (TICs) sobre a Logística 
O desenvolvimento da tecnologia da informação tem tido impacto sobre a logística de 
cargas de pelo menos três formas: 
1. O aumento do conteúdo informacional dos produtos contemporâneos, ligado a 
uma tendência generalizada de “desmaterialização”(ou “virtualização”), mudou 
a natureza dos produtos a serem transportados e, em alguns casos, criou novas 
opções de distribuição (substituição de transporte por comunicação);
2. O uso da tecnologia da informação para “integrar” cadeias produtivas de 
suprimento, com forte ênfase na redução de estoques, tem redefinido o papel 
do transporte de cargas (coordenação das ações comerciais com as ações de 
movimentação, que são a sua realização concreta); 
3. O desenvolvimento da tecnologia da informação trouxe novas possibilidades de 
gestão e controle da própria função de transporte de cargas (comunicação com 
os materiais: acompanhamento de sua movimentação e das operações físicas 
realizadas sobre eles). 
3.1 Desenvolvimentos Quanto à Cadeia de Valor 
Na perspectiva tradicional dos processos de negócio (vide figura à frente), cada 
estágio da sequência da agregação de valor era vista como uma atividade econômica 
independente. 
As trocas de materiais e bens entre estágios de produção ocorriam no mercado aberto. 
A otimização da eficiência era fragmentada, uma vez que restrita às fronteiras de cada 
firma independente, que fazia o papel de um elo separado da cadeia.
39
A escala de produção era uma variável-chave da competitividade, e a integração 
“horizontal” (com empresas do mesmo tipo) o caminho preferido para alcançá-la.
 h
A cadeia de agregação de valor envolvia a utilização de múltiplos 
estoques, usados para proteção contra as incertezas quanto às 
ações dos outros participantes da cadeia. 
O transporte era um agente passivo no processo de produção, e visava seus próprios 
objetivos internos, que eram geralmente ligados à minimização de custos, na suposição 
de que era isto que o usuário (o processo produtivo) queria. 
A perspectiva contemporânea dos processos de negócio é bastante contrastante (ver 
esquema a seguir): o processo de produção é agora contemplado como uma cadeia 
integrada de atividades agregadoras de valor, estendendo-se “verticalmente”, desde a 
extração e processamento básico das matérias-primas mais básicas, até a distribuição 
final dos produtos em pontos de venda do varejo. 
As firmas presentes ao longo da cadeia, independentemente de terem um mesmo 
proprietário ou não, se tornam parceiras, com a informação fluindo sem restrições 
entre elas, de modo a reduzir a incerteza e, consequentemente, a necessidade de 
estoques entre estágios de produção. As operações ao longo da cadeia, incluindo o 
transporte, são altamente controladas, coordenadas e sincronizadas.
Fluxo de informações de “A”
Espaço de cotrole de “A”
Fluxo de materiais de “A”
Transporte segue objetivos
próprios de “A”
Fábrica “A”
Processo de
adição de
valor
M
er
ca
d
o
M
er
ca
d
o
Logística de
saída de “A”
Logística de
entrada de “A”
Fluxo de informações de “B”
Espaço de cotrole de “B”
Fluxo de materiais de “B”
Transporte segue objetivos
próprios de “B”
Fábrica “B”
Processo de
adição de
valor
Logística de
saída de “B”
Logística de
entrada de “B”
Fluxo de informações de “C”
Espaço de cotrole de “C”
Fluxo de materiais de “C”
Transporte segue objetivos
próprios de “C”
Fábrica “C”
Processo de
adição de
valor
Logística de
saída de “C”
Logística de
entrada de “C”
40
A logística, como área de estudo, desempenhou um papel-chave no desenvolvimento 
dessa nova perspectiva de negócios. Ela provê o quadro de referência dentro do qual 
a informação substitui os estoques, as atividades são coordenadas, e a sequência das 
atividades produtivas pode ser otimizada, considerando-se a cadeia produtiva como 
um todo. 
Tradicionalmente, como vimos anteriormente, o estoque era usado para proteção 
contra incompatibilidades entre elos adjacentes da cadeia de fornecimento, e contra 
incertezas operacionais. 
 f
Agora, devido ao grande avanço das tecnologias de informação 
e comunicação, tornou-se viável a troca de estoque por 
informação, e, uma vez que a informação e a comunicação estão 
se tornando cada vez mais baratas em relação ao transporte e a 
estocagem, a tendência de substituição deve ser cada vez maior. 
A troca eletrônica de dados (EDI – Electronic Data Interchange) está permitindo a 
otimização da troca estoque/informação, considerando a cadeia produtiva como 
um todo. O advento dos Sistemas Especialistas, e de outros tipos de sistemas da 
Inteligência Artificial, sugere que, no futuro, a otimização logística se tornará cada vez 
mais sofisticada e com maior abrangência. 
Novos formatos de organização da produção têm surgido, indo desde:
(i) a propriedade centralizada ao longo da inteira cadeia de processos, 
frequentemente internacional;
Fábrica “A”
Processo de
adição de
valor
Fábrica “B”
Processo de
adição de
valor
Fábrica “C”
Processo de
adição de
valor
Integração
fornecedor-cliente
através da
logística
Integração
fornecedor-cliente
através da
logística
Fluxo de informações integrado
Espaço de controle intregado
Fluxo de materiais integrado
Objetivos do transporte ditados pela
integração logística
41
(ii) os complexos arranjos contratuais entre firmas, que preveem a divisão dos 
riscos e formalizam a cooperação; e
(iii) as elaboradas dependências interorganizacionais comuns na indústria japonesa, 
para quem a integração da produção é fortemente cultural. 
Em qualquer caso, a qualidade e a confiabilidade da entrega do produto tornaram-
se centrais para a competitividade, e o próprio conceito de produto é definido não 
somente pela natureza do bem vendido, mas por uma combinação do bem e da 
qualidade de serviço com a qual este é entregue ao consumidor final. 
Nesse ambiente de negócios, as tradicionais fronteiras entre bens e serviços ficaram 
borradas, e muitos produtos híbridos apareceram (exemplos conhecidos incluem os 
programas de computador, filmes fotográficos tipo Polaroid, terminais de autosserviço 
de diversos tipos etc.). 
Como os produtos tornam-se cada vez mais leves, em termos do seu conteúdo material 
(através do uso de materiais plásticos e melhores conceitos de desenho industrial), e 
mais ricos em informação (através do uso de microprocessadores), observa-se que há 
uma tendência real à “desmaterialização” do que é produzido. 
3.2 Possibilidades de Inovação nos Negócios Trazidas pelas 
TICs 
O ímpeto da tecnologia e da inovação em produtos é na direção da personalização 
do projeto do produto para cada consumidor específico. Neste contexto, uma tarefa 
cada vez maior para a logística é achar jeitos cada vez mais inovadores de permitir ao 
mercado o nível de escolha desejado, ao mesmo tempo em que mantém o custo de 
distribuição e a eficiência produtiva da indústria em níveis aceitáveis. 
Alguns observadores preveem que, naqueles setores varejistas que hoje em dia 
preferem o formato “grandes superfícies”, o varejo tradicional, envolvendo o 
deslocamento do cliente por carro até a loja, pode ser substituído por um formato 
de distribuição no qual os produtores interagem com os consumidores diretamente, 
através das telecomunicações, e usam serviços de entrega em domicílio para dispensar 
o uso dos pontos de venda convencionais do varejo.
42
Em longo prazo, é provável que as lojas se tornem cada vez menos centrais ao comércio, 
à medida que a distribuição direta, a partir de armazéns acionados eletronicamente, 
crescer. 
Empreendedores especializados em logística podem, no futuro, começar a organizar 
novas modalidades de distribuição, não mais tendo, como atualmente, alguns 
produtores como origem e múltiplos clientes como destinos, mas sim alguns 
consumidores como destino e múltiplas instalações produtivas como origens (“Just-for-You”, ou abreviadamente “J4U”), como mostra a figura a seguir.
Mudanças de última hora nos pedidos ou nos destinos serão acomodadas via 
telecomunicação com o trem de carga ou camionete de entrega, que disporá de 
recursos para o acabamento do produto a bordo (permitindo, entre outros, montagem 
final, separação, impressão, etiquetagem, embalagem). 
Princípios de distribuição a valor agregado sempre foram aplicados pelo setor de 
transportes (por exemplo a tradicional separação de cartas nos trens postais americanos), 
mas o potencial completo do veículo de entrega como local de agregação de valor 
merece ser desenvolvido, dada a disponibilidade cada vez maior de computadores e 
equipamentos miniaturizados de manufatura que podem ser embarcados. 
Poucas
Origens
(Fábricas)
Distribuição
Convencional
Múltiplos destinos
(Clientes)
Distribuição
Just-for-you
Múltiplas Origens
(Fábricas)
Poucos
Destinos
(Clientes)
43
O conhecimento mais acurado dos requisitos do consumidor, trazido por novas 
tecnologias como a internet, aliado à competência tecnológica de realizar o ajuste fino 
dos parâmetros da distribuição enquanto ela acontece, resultará na capacidade de 
oferecer níveis superiores de serviço ao consumidor. 
 f
O papel da função marketing continuará sendo o de descobrir 
consumidores e explorar, compreender e comunicar as 
necessidades destes; o papel da manufatura continuará sendo 
ligado à busca de baixos custos unitários, através da inovação 
técnica, eficiência produtiva e padronização de componentes. 
Já o papel da logística, será cada vez mais o de apontar as necessidades de consumidores 
específicos (quanto ao espaço, tempo e especificações de projeto), e entregar o produto 
acabado, de forma a atender àquelas necessidades de modo criativo e econômico. 
Apoiando esse processo, haverá um uso crescente de sistemas informatizados na 
logística, cada vez mais complexos, inclusive com recurso à inteligência artificial. 
Além de iniciativas para avançar a performance e coordenação dos veículos, na forma 
de veículos e infraestruturas “inteligentes”, haverá inteligência embarcada presente 
na consignação de cargas, na forma de informação incorporada à própria carga, através 
de etiquetas codificadas legíveis eletronicamente. 
Observa-se igualmente a evolução do que é chamado por alguns autores de “sistemas 
de governança de transporte”, com o objetivo de diminuir os custos e aumentar a 
eficiência da cadeia de valor de transportes, através da redução de mão de obra e do 
aumento da velocidade.
Vê-se o futuro do transporte, tanto 
de carga como de passageiros, como 
fundamentalmente dependente da 
infraestrutura de informação, tão 
dependente, ironicamente, quanto 
foi, no passado, da informação da 
infraestrutura de transporte. Como se 
sabe, até a invenção do telégrafo, as 
informações, em forma de texto escrito 
em papel, se moviam à velocidade do 
cavalo, ou do trem. 
44
 e
Assim, os ganhos em transporte nas próximas décadas deverão 
vir da otimização do uso (isto é, da “alavancagem”) da 
infraestrutura existente, através da influência recíproca cada 
vez maior entre os progressos em transporte e em 
telecomunicações. 
O cenário futuro, portanto, indica que a firma de transporte de carga desempenhará 
um papel capital nos processos produtivos de seus clientes, cada vez mais integrados 
em cadeias de agregação de valor. 
Seu papel será o de prover as ligações entre fornecedores e produtores nos vários 
estágios da cadeia, com materiais e bens fluindo sob cuidadoso controle, de forma a 
minimizar os níveis de estoque, e responder, precisa e rapidamente, às tendências de 
consumo ditadas pelo mercado. 
A firma de frete desempenhará um papel ainda mais importante nos estágios finais da 
cadeia de produção, ajudando a tornar flexível tanto a escolha de destinos, em espaço e 
tempo, quanto a configuração do produto (através do acabamento do mesmo durante 
a distribuição). Tudo isto, como vimos, só será possível através da sinergia cada vez 
maior do transporte com as tecnologias da informação e comunicação, de acordo com 
a própria definição da abordagem Logística.
Glossário
Inteligência artificial: é uma área de pesquisa da computação dedicada a buscar 
métodos ou dispositivos computacionais que possuam ou multipliquem a capacidade 
racional do ser humano de resolver problemas, pensar ou, de forma ampla, ser 
inteligente.
Valor agregado: valor econômico adicionado ou simplesmente valor adicionado ou, 
ainda, valor agregado é uma noção que permite medir o valor criado por um agente 
econômico. É o valor adicional que adquirem os bens e serviços ao serem transformados 
durante o processo produtivo. 
45
 a
1) Julgue verdadeiro ou falso. Pode-se afirmar que o conceito 
de logística remete à ideia de transporte controlado por 
informação. 
 
Verdadeiro ( ) Falso ( ) 
 
2) Julgue verdadeiro ou falso. Pode-se afirmar que a adoção 
e implementação adequada de hardware, software e 
tecnologia de redes é hoje um pré-requisito para o sucesso 
em logística. 
 
Verdadeiro ( ) Falso ( ) 
Atividades
46
Referências
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. Porto 
Alegre: Makron Books, 2006.
________. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1997.
BENIGER, James R. The Control Revolution: Technological and Economic Origins of 
the Information Society. Cambridge: Harvard University Press, 1986.
MACHLUP, Fritz. The Production and Distribution of Knowledge in the United 
States. New Jersey: Princeton University Press, 1962.
NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: 
Campus, 2006. 
47
UNIDADE 3 | IMPACTO 
DA LOGÍSTICA SOBRE A 
INFORMÁTICA
48
Unidade 3 | Impacto da Logística sobre a Informática
1 Introdução 
A informática está presente em quase todas as atividades de transporte e, mais 
amplamente, na logística. 
Exemplo: 
 
Exemplo, entre outras: controle da circulação dos meios de transporte 
(cavalos mecânicos, carretas, contêineres, vagões, motoristas, etc.); gestão 
dos estoques; cálculo dos planos de produção; gestão da manutenção dos 
equipamentos de manuseio; realização dos atos de comando; entrega; 
faturamento e pagamento; suporte à decisão na escolha das implantações 
das firmas industriais; e consolidação e análise de informações técnicas e 
comerciais. 
É até mesmo certo que sem a informática e os sistemas aos quais ela está associada, a 
gestão dos múltiplos fluxos que são de responsabilidade da função logística seria 
muito mais difícil. Além disto, a organização da circulação física, que ela controla, não 
seria capaz de responder às exigências atuais de rapidez, confiabilidade e continuidade. 
A importância cada vez maior da 
abordagem logística na gestão das 
empresas e a forte dependência destas 
por tecnologias de informação e 
comunicação (TICs), tem pressionado-as 
a evoluir em direção a sistemas cada vez 
mais abertos e inteligentes. 
A logística pressiona a informática 
associando-a a dispositivos diversos 
(buscando a sinergia entre múltiplas 
49
tecnologias), integrando-a em redes de comunicação que permitem a troca eletrônica 
de dados entre parceiros da cadeia produtiva, e demandando o uso de técnicas de 
programação de última geração, oriundas do campo da Inteligência Artificial. 
2 A Abordagem Logística de Ponta: Controle pelos Fluxos 
Físicos e Informacionais 
2.1 Fluxos Físicos 
A logística se define, após os anos 1980, como a tecnologia do controle da circulação física 
de materiais. A adoção da abordagem logística por uma empresa, não importando se 
ela fabrique produtos, os distribua, ou os transporte,corresponde a uma manifestação 
da necessidade de exercer este controle. 
Porém, a adoção da abordagem logística é cada vez mais uma opção fundamental da 
empresa, no sentido de integrar o controle da circulação física nas estratégias globais 
da empresa. 
 h
Essa opção resulta num esforço permanente de constituição de 
uma rede de circulação dos fluxos físicos regulada por uma rede 
de circulação de informações (plenamente controlada pela 
empresa), como modo de gestão das operações de circulação de 
mercadorias, sejam elas executadas por meios próprios ou 
externalizadas (terceirizadas). 
 
Com a generalização da abordagem logística, novas formas de 
gestão dos fluxos aparecem. Elas buscam, ao mesmo tempo, a 
continuidade (nada de rupturas) e a fluidez (limitação das 
capacidades) dos fluxos físicos, sempre tentando responder o 
mais exatamente possível à demanda, sem atrasos nem faltas, e 
com uma maior transparência.
50
Tais objetivos criam novas restrições na gestão das operações de transporte (no 
sentido amplo) realizadas ao longo de cadeias logísticas complexas. Eles demandam 
perfeito domínio de acontecimentos aleatórios e conduzem à reavaliação periódica 
das relações entre os diversos parceiros dessas cadeias. 
2.2 Fluxos de Informação 
Se a primeira preocupação dos especialistas em logística foi, por longo tempo, a gestão 
técnica (física) de todas as operações que realizam o deslocamento de produtos, agora 
essa preocupação é a circulação e exploração das informações relativas aos fluxos 
físicos que é julgada essencial. 
 e
O coração do dispositivo logístico torna-se a rede de comunicação 
e informação, que permite, ao mesmo tempo, a concepção, o 
acompanhamento, o controle e a regulação da gestão das 
atividades da empresa. 
Ora, a organização do fluxo de informações ligado à realização da circulação física 
como um todo não pode ser realizado senão com a ajuda da informática, como meio de 
criar, coletar, transmitir, tratar, memorizar e permitir o acesso à informação logística. 
Isso se deve ao fato de que os modos de acesso à informação devem ser capazes 
de responder às restrições operacionais da logística. Por exemplo, o transporte 
internacional em contêineres não tolera mais os retardos devidos ao processamento da 
documentação correspondente, da mesma forma que a fabricação usando a estratégia 
Just-in-Time (JIT) não suporta erros no encaminhamento dos diversos produtos 
semiacabados ao longo do processo produtivo interno da fábrica. 
A informação permite, ao mesmo tempo, comandar a movimentação da mercadoria 
(levando em conta eventuais modificações dos termos do transporte), e registrar o seu 
desenrolar (para melhorar decisões futuras).
51
3 A Amplitude da Difusão da Informática na Logística 
A ascendência da abordagem logística, observada já há mais de 25 anos, tem sido 
um poderoso fator de mutações, tanto no setor de transportes quanto na indústria. 
Essa abordagem conduz a evoluções nas técnicas de exploração, nas estruturas 
organizacionais e nos métodos de gestão. 
A informática desempenha grande papel nessas mutações: ela permite que elas 
aconteçam (oferecendo soluções), as provoca (permite melhorar seus métodos), e 
as acompanha (pela realização dos sistemas). A informática responde à imperativa 
necessidade de gerir as informações associadas à circulação dos fluxos físicos, o que 
explica a extensão de sua influência. 
As evidências da amplitude do seu emprego são múltiplas. Por um lado, temos sua 
presença sobre a rede física: 
(i) nos pontos nodais das redes de transporte (plataformas interiores, portos, 
aeroportos etc), onde se gerem os estoques (entrepostos, lojas, pontos de 
venda);
(ii) nos locais de produção; ou
(iii) nas sedes das empresas, junto à direção logística. 
Por outro lado, temos o número sempre crescente de tarefas e operações logísticas a 
que a informática dá suporte ou realiza diretamente, traduzindo-se num papel cada 
vez mais diversificado do computador na gestão das empresas. 
Tomemos o exemplo da gestão de 
estoques: o computador calcula 
(atualização do nível de estoque a cada 
saída ou entrada), supervisiona (compara 
o nível com o limite estabelecido de 
ressuprimento), decide (determina o 
lugar ótimo para, no armazém, estocar 
a mercadoria recebida), conduz certas 
operações diretamente (dirige carrinhos 
automáticos de ressuprimento através 
do armazém) etc.
52
O principal fator que conduziu a essa influência foi, sem dúvida, independentemente 
da pressão que a logística exerceu e da melhoria das técnicas de gestão das empresas, 
a evolução da própria informática, com sucessivas inovações tecnológicas em software, 
hardware e periféricos. 
Com a difusão da microinformática, o computador se transformou em sistema 
distribuído e amigável, vetor de informação e de capacidade de tratamento local 
desta. Paralelamente, a democratização da tarefa de produção de software para 
microcomputadores, graças a numerosos programas de suporte, permitiu aos usuários 
melhor definir suas necessidades e, por vezes, responder a elas sem a ajuda de 
especialistas externos. 
Diga-se também que o desenvolvimento do mercado de programas de suporte à 
programação também acelerou o processo de informatização de numerosas funções de 
gestão clássicas e o aumento da capacidade de memória, acompanhado do crescimento 
da oferta de sistemas de gestão de bases de dados, como um fator determinante da 
informatização de mais e mais funções logísticas. 
Enfim, o desenvolvimento das possibilidades e métodos de comunicação entre sistemas 
computacionais permitiu integrar sistemas isolados através de redes de comunicação, 
aumentando as possibilidades de acesso a dados e programas e também na outra 
direção de sua difusão. 
Dessa forma, a informática se integrou às ferramentas da gestão logística e ocupou 
um espaço cada vez maior e irreversível. 
Mas a evolução dos sistemas de informação logística, iniciada apenas há uma dezena de 
anos, continua evoluindo a taxas cada vez maiores. Essa evolução orienta-se na direção 
de uma crescente “inteligência” desses sistemas, tanto na qualidade da informação 
manipulada quanto no processamento passível de ser realizado sobre esta. 
53
4 A Comunicação com o Fluxo de Materiais 
Para dar suporte ao controle da circulação física, a informática logística deve estar 
o mais próximo possível do “terreno”, ou “chão de fábrica”, o nível mais operacional 
da empresa. Se os sistemas que a informática permite não puderem se comunicar 
diretamente com os materiais que circulam, sua intervenção ficará limitada às funções 
permitidas pela entrada manual de dados. 
O tempo e a mão de obra que as entradas de dados manuais pressupõem, bem como 
o risco de erros de digitação, limitam a aplicação da informática logística à gestão 
clássica: manutenção teórica de estoques, gestão administrativa da frota de transporte, 
acompanhamento das operações comerciais clássicas etc. 
É claro que o desenvolvimento dessa informática clássica de gestão é uma base sobre 
a qual a evolução da informática logística tem que evoluir. 
No entanto, a capacidade de comunicação direta dos sistemas computacionais atuais 
com os materiais distribuídos sobre a rede física, os permite alargar enormemente seu 
campo de atuação e melhorar sua performance. 
Essa capacidade pressupõe a difusão ao longo da cadeia logística de dispositivos 
eletrônicos para a alimentação automática e instantânea do sistema de informações 
logísticas, pela aquisição de dados no momento mesmo em que as operações físicas se 
desenrolam. 
Portanto, o sistema informacional logístico pode continuamente diagnosticar o 
estado da circulação físicae decidir por uma intervenção imediata através de ações de 
regulação, quando, por exemplo, acontecer um evento imprevisto, ou aleatório. 
 e
A comunicação do sistema de informação com os materiais se 
desenvolve segundo dois eixos principais: o acompanhamento 
exato (i) dos deslocamentos destes materiais (matérias-primas, 
produtos em processamento, ou produtos acabados), e (ii) das 
operações industriais que os transformam (reorganizam). 
54
4.1 Acompanhamento Preciso dos Deslocamentos dos 
Materiais 
Os sistemas de informação logística apresentam hoje a capacidade de estar em contato 
direto e permanente com os materiais que se movimentam ao longo da cadeia logística. 
Ao longo de todo o ciclo de sucessivos pares transformação-transporte, a mercadoria 
(matérias-primas, produtos em processamento ou produtos acabados) é hoje 
portadora de informações sobre si própria, através de etiquetas com códigos de 
barras, magnéticas, ou, mais recentemente, eletrônicas (os chamados transponders), 
que podem ser lidas em pontos-chave da rede (plataformas, entrepostos, zonas de 
estocagem, pontos de venda, etc.). 
Os transponders são dispositivos eletrônicos miniaturizados, 
capazes de transmitir um código de identidade quando 
interrogados eletronicamente por uma antena. O barateamento 
dos transponders está permitindo a ascendência do conceito 
RFID (Radio Frequency Identification), que promete a 
possibilidade de identificação por radiofrequência de qualquer 
material ao qual for agregado um minúsculo transponder de 
baixo custo. 
Essa captura de informações realizada diretamente sobre o fluxo físico, permite 
o acompanhamento dos objetos de que o fluxo é constituído. A coleta de dados o 
mais perto possível de suas fontes, em tempo real, permite desenvolver sistemas de 
consulta (quais as condições atuais de circulação?), e até mesmo de pilotagem dos 
fluxos (gestão operacional, e, talvez mesmo, tática). 
55
O exemplo mais conhecido na 
grande distribuição é certamente o 
desenvolvimento conjunto da codificação 
das unidades de consumo (código 
de barras EAN 13) e das unidades de 
expedição (códigos de barra ITF 14 ou 16), 
bem como dos sistemas de leitura ótica 
(scanners nas caixas de supermercados e 
sistemas em entrepostos). 
Além da possibilidade de ganhos diretos de produtividade em certas operações (saídas 
de caixas de lojas, gestão de estoques nos entrepostos, separação automática de 
pacotes em esteiras, etc), a leitura sucessiva dos códigos de barra ao longo de todo o 
circuito permite aos distribuidores informar as decisões de ressuprimento (dos pontos 
de venda e dos entrepostos) e de transporte associados. 
Numerosos setores de atividade desenvolveram sistemas de identificação 
comparáveis: a indústria automobilística, para a gestão da produção em fluxo tendido 
(acompanhamento dos materiais em processamento), os serviços de entrega expressa 
(acompanhamento dos pacotes), os armadores (acompanhamento dos contêineres) 
etc. 
Para “seguir” os produtos, o sistema de informações logístico “compreende” os códigos 
lidos (o que exige interface com a técnica de leitura e conhecimento do princípio de 
codificação e da significação dos códigos elementares) e explora as informações 
“anexas” à coleta (o contexto das operações físicas).
 e
Com tais informações, o sistema pode, por exemplo, (i) conhecer 
em permanência e com exatidão, os fluxos que entram e saem 
de um dado processo de interesse logístico, (ii) preparar as 
expedições com um mínimo de erros, (iii) fazer rapidamente, e 
sem erro, inventários físicos, (iv) gerir de modo otimizado os 
estoques em tempo real, (v) calcular o “volume” dos pedidos, 
etc. 
Por meio dessas aplicações da informática, os estoques se transformam em polos 
de informação sobre a cadeia produtiva, dado que qualquer imprevisto ou erro na 
administração dos fluxos aparecerá como estoque. 
56
É nestes pontos fixos que podem ser coletados com a maior confiabilidade as 
informações de acompanhamento dos fluxos, que permitem elaborar o diagnóstico da 
realização dos deslocamentos. É também aí que é possível agir (ação corretiva, senão 
proativa) para reorientar os fluxos, em caso de eventos imprevisíveis na cadeia de 
suprimento, antes ou após a empresa. 
4.2 Acompanhamento Preciso das Operações Físicas de 
Transformação 
A decisão de reorientar os fluxos só pode ser revestida de segurança se o sistema de 
informações logísticas “conhecer” também as condições técnicas de realização das 
operações de transformação dos materiais que fluem. Para tanto, o sistema deve ser 
capaz de se comunicar com os meios físicos que realizam essas operações. 
Para tal finalidade, a integração de sistemas automatizados, ou mesmo robotizados, 
aos meios de transformação material (notadamente na produção industrial e nos 
centros de manuseio), representa fonte importante de informações (cadências, tempos 
de utilização, incidentes, etc.) sobre a realização técnica das operações logísticas 
(conhecimento de sua qualidade e confiabilidade). 
O possível acompanhamento automático do funcionamento dos sistemas técnicos (em 
fabricação, transporte, ou durante as operações anexas) desemboca na detecção e 
no diagnóstico de eventuais eventos imprevisíveis (panes, faltas, atrasos), para poder 
remediá-los o mais rapidamente possível, ou para informar os parceiros da cadeia 
sobre eles, nos casos em que esses eventos não puderem ser controlados e, portanto, 
colocarem em risco outros elos da cadeia produtiva. 
A difusão de sistemas de informação e comunicação (nem sempre baseados na 
informática) embarcados nos meios de transporte (navios, caminhões, equipamentos 
de manuseio etc.) é também fonte de conhecimento sobre a realização no tempo e no 
espaço das operações. 
É o caso dos sistemas de rádio telefone e derivados como o RADIOCOM 2000, de 
sistemas por satélite como o GEOSTAR nos Estados Unidos, o LOCSTAR na Europa 
(localização e transmissão de dados), ou o INMARSAT (telecomunicações), além dos 
sistemas baseados em telefonia celular. 
57
Esses sistemas, quando conectados a um centro de decisão, representam a possibilidade 
de dispor de um sistema interativo de gestão, em tempo real, de uma rede logística 
complexa, eventualmente composta de múltiplos subconjuntos operacionais. 
Os prestadores de serviços de encomenda 
expressa, os transportadores, e os 
armadores, estão entre os profissionais 
que exploram há muito tempo essas 
possibilidades, em particular para a 
otimização da exploração dos ativos 
(minimizar a operação em vazio, maximizar 
o coeficiente de carregamento).
5 A Comunicação com Outros Sistemas Informatizados 
A busca do ótimo global da circulação logística pressupõe ir além das otimizações 
locais, que representam os sistemas examinados anteriormente. Essa busca passa 
necessariamente pela comunicação entre os sistemas logísticos de cada parceiro na 
cadeia logística, o que explica a agregação a esses sistemas de funções de comunicação 
e sua conexão a redes de trocas de dados. 
5.1 A Necessidade de se Comunicar com os Parceiros 
Equacionada a circulação de informações logísticas dentro de cada empresa, visando a 
otimização contínua da exploração econômica, o que agora está em foco é a circulação 
entre empresas, para tornar efetiva a sinergia e a competitividade logística, na escala 
global das cadeias de produção formadas pelas empresas. 
A capacidade das empresas de se informar e de informar, isto é, de se comunicar, 
se possível estendendo seu conhecimento ao conjunto da rede logística, torna-se, 
consequentemente, fator determinante de seu sucesso. 
58
Além da transferência de dados comerciais e técnicos ligados às trocas

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