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Gabriela Medeiros – PEDIATRIA ITU em pediatria Umas das infecções bacterianas mais frequentes da pediatria. Se tornou mais frequente após instituição da vacinação contra Pneumococo e Haemophilus influenzae tipo B. Principal causa de doença bacteriana grave em lactentes febris. IMPORTÂNCIA E PREVALÊNCIA • Risco alto de sepse em lactentes menores. • Dano ao tecido renal (cicatrizes renais) → HAS, doença renal crônica (DRC) • Até 3 meses → 70% meninos (sem circuncisão) • Com o crescimento: ⬇ sexo masculino ⬆ sexo feminino – picos: 3 a 5 anos (desfralde) e adolescência • Pelo menos 8% das meninas e 2% dos meninos apresentarão, no mínimo, um episódio de ITU durante a infância. DEFINIÇÃO Multiplicação de microrganismos em qualquer segmento do trato urinário Trato urinário estéril o Rins o Ureteres o Bexiga o Uretra posterior Colonização bacteriana o Uretra anterior o Região periuretral CLASSIFICAÇÃO Bacteriúria sintomática • Cistite • Pielonefrite aguda (alta) Bacteriúria assintomática Quando tratar com antibioticoterapia a bacteriúria assintomática na criança? R: Caso for submeter a procedimentos invasivos ou cirurgia no trato urinário. ETIOLOGIA 80% E. coli uropatogênica (UPEC) ⤷ Fator de virulência: Pili/fimbrias (facilita ascensão ao trato urinário, adere ao epitélio) O períneo e a zona uretral de neonatos e lactentes estão colonizados por quais bactérias? Escherichia coli, Enterobacteriaceae e Enterococus sp. Onde mais se encontra colonização de Proteus? No prepúcio de meninos não circuncidados, na região da glande onde fica o esmegma. Gabriela Medeiros – PEDIATRIA FISIOPATOLOGIA A grande maioria das infecções se desenvolve por via ascendente devido à colonização da região periuretral por germes uropatogênicos provenientes da flora intestinal. Fatores de virulência: • Pili ou fímbrias (S, P, tipo 1) → facilita adesão e ascensão ao trato urinário por mecanismo de contracorrente por se aderirem ao epitélio, e podem ficar quiescentes. Fatores de resistência do hospedeiro: • Hábito miccional normal (evitar estase, urina de composição normal e osmolaridade adequada) → efeito inibitório ao crescimento bacteriano. • Interleucina 6 e 8 → em resposta a presença bacteriana. Fatores de risco: • Mal formação do trato urinário; • Disfunções miccionais e constipação intestinal; • Reação inflamatória e imunológica do indivíduo; • Aleitamento artificial; • Alteração da flora bacteriana normal. Quais situações comuns podem levar a alterações da flora bacteriana intestinal da criança? Uso de antibiótico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Dividida por idade: EXAMES LABORATORIAIS Sumário de Urina: Pesquisa de esterase leucocitária → é realizada pela utilização da fita reagente. A esterase leucocitária está presente nos leucócitos granulócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos) e nos monócitos. Não é encontrada nos linfócitos. Sua detecção representa significativa evidência de leucocitúria/piúria. Teste Nitrito → O teste de nitrito positivo requer a presença de nitratos na urina, bactérias em quantidades suficientes capazes de converter nitratos em nitritos e condições adequadas (isto é, tempo suficiente) para que essa conversão ocorra. Os testes que utilizam tiras reagentes detectam significativamente mais infecções por bactérias gram-negativas do que por espécies gram- positivas, uma vez que o teste de nitrito não revela a presença de patógenos gram-positivos em muitos casos. Gabriela Medeiros – PEDIATRIA Obs.: ❖ Lembrar dos falsos positivos e falsos negativos. ❖ A amostra de urina pode ficar até 1h em temperatura ambiente ou 4h refrigerado. NITRITO: Falso positivo: o Bactérias contaminantes o Corantes avermelhados Falso negativo: o Incubação vesical curta (<4h) o Densidade urinária elevada o Altos níveis de vitamina C (>25mg%) o ITU por Pseudomonas e Cocos G (+) Criança com idade entre 1 a 12 anos: Capacidade Vesical (ml) = (Idade x 30) + 30 Ex.: (4 anos x 30) + 30 = 150 ml. ESTEARASE LEUCOCITÁRIA: Falso positivo: o Febre o Exercício vigoroso o Vulvovaginite/balanopostite (principal! Ter cuidado especial na coleta de urina) o Dermatite das fraldas o Corpo estranho o Nefrolitíase o Infecção extra-urinária (apendicite, Kawasaki, infecção estreptocócica) o Nefrite túbulo-intersticial (qualquer glomerulonefrite!) Falso negativo: o Altos níveis de vitamina C o Proteinúria DIAGNÓSTICO O sumário de urina é mais acessível, porém é somente sugestivo de UTI. Lembrete: Nitrito e Estearase leucocitária (+) = maior sensibilidade COLETA DO EXAME • Amostra limpa de urina (jato médio) • Se não for possível de obter: o Métodos não invasivos: saco coletor (maior risco de contaminar quando há vulvovaginite/balanopostite) o Métodos invasivos: cateterismo vesical ou punção suprapúbica (padrão-ouro) Situações: 1. Criança febril, BEG, estável, irritado, sem focos de infecção. Coleta de urina com saco coletor (triagem) → Se resultado normal = não fazer exames invasivos. SE POSITIVO = fazer coleta invasiva para confirmar e iniciar antibioticoterapia. 2. Criança grave com quadro de sepse (diurese reduzida). Iniciar ATB e coletar urina com métodos invasivos. Lembrete: Urocultura por saco coletor tem até 80% de resultados falso positivos, devendo ser valorizada somente se resultado negativo. SINTOMAS SUGESTIVOS URO CULTURA (+) ITU Gabriela Medeiros – PEDIATRIA TRATAMENTO ✓ Difere se Cistite ou Pielonefrite ✓ Imediato x Após urocultura ✓ Oral x Parenteral (tem a mesma eficácia) ✓ Internação hospitalar x Ambulatorial Tempo de tratamento: • Cistite: o 3 a 7 dias • Pielonefrite aguda: o Nunca menos de 7 dias (7 – 10 dias) o Se recebe profilaxia, não deve usar o mesmo ATB. INTERNAÇÃO HOSPITALAR: Quando internar? o Menores de 3 meses de idade * o Imunossuprimidos o Desidratação, vômitos ou inabilidade para ingestão oral * o Falha na terapêutica oral * o Sepse ou estado de toxemia * o Doenças obstrutivas do trato urinário ou malformações complexas. o Doença renal crônica o Indicação social. * Também são indicações de tratamento parenteral. Qual o objetivo do tratamento para ITU? Cobrir bactérias gram-negativas. Obs.: o Quadros + leves: Cefalexina o Quadros + graves/moderados: Amoxilina- clavulanato Qual o foco de atenção no cuidado da criança com ITU? Deve ser não somente relacionado ao diagnóstico e tratamento precoces do episodio agudo, como também minimização do dano renal crônico e suas consequências clínicas. INVESTIGAÇÃO Quando, como e qual objetivo de investigar as ITUs de repetição com exames de imagem? Objetivos: o Identificar anormalidades estruturais e funcionais que possam predispor infecções subsequentes e recorrentes. o Mal formação do Trato Urinário (MFTU) → Refluxo Vesico Ureteral (RVU) o Distúrbios Miccionais o Constipação intestinal (⬆ colonização bacteriana) o Buscar por complicações da própria infecção. Tratamento das disfunções da bexiga e do intestino: ✓ Estimular ingestão hídrica ✓ Hábito urinário correto ✓ Intervalo adequado entre as micções ✓ Micção em 2 tempos ✓ Postura adequada ✓ Treinamento de toalete ✓ Tratamento da constipação intestinal Gabriela Medeiros – PEDIATRIA INVESTIGAÇÃO POR IMAGEM Antigamente: US + UCM + DMSA Atual: redução da exposição a radiação e exames invasivos. Divergências na literatura. USG do aparelho urinário e bexiga: Por ser exame não invasivo e não expor o paciente à radiação deve ser realizado em todos os que apresentaram ITU com o intuito de confirmar e/ou detectar má formações.No entanto, USG normal não exclui a existência de alterações e é necessário lembrar que este é um exame operador dependente, cujos resultados podem ser afetados pelo grau de expertise do profissional. Cintilografia renal com DMSA: É exame padrão ouro na detecção da cicatriz renal e deve ser realizado em todos os lactentes com ITU febril, crianças que apresentaram quadro clínico de pielonefrite (mesmo naquelas crianças com USG normal de rins e vias urinárias) e pacientes com RVU. Deverá ser realizado após quatro a seis meses do episódio inicial de ITU. Uretrocistografia miccional (UCM): Exame radiológico realizado com administração de contraste iodado intravesical, portanto, sem possibilidade de alergia e ou nefrotoxidade. Nele procura-se observar alterações da coluna, visualização da uretra, alteração da bexiga como, por exemplo, a presença de divertículo e a demonstração de RVU. A princípio, a UCM está reservada àqueles pacientes que apresentam USG de rins e vias urinárias e/ou cintilografia com DMSA alterada e/ou quadros repetitivos de infecção urinária associados à disfunção miccional.
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