Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Figueirêdo – HABILIDADES GERAIS VI TESTES DIAGNÓSTICOS: Os pilares para o estabelecimento do diagnóstico, na Medicina, são a coleta de dados, o conhecimento teórico do profissional, e o raciocínio clínico. Assim, a construção de suspeitas clínicas pode ser associada à probabilidade condicional, referente à “flutuação” das chances de um indivíduo ter ou não tal condição em momentos distintos, a saber: Probabilidade pré-teste: prevalência geral de uma doença, estabelecendo a frequência de seu desenvolvimento na população geral; Probabilidade pós-teste: se refere à probabilidade final para a existência do quadro, direcionada para o indivíduo a parir de testes diagnósticos. Nesse contexto, espera-se que as provas diagnósticas sejam as mais acuradas possível, de forma a “acertar” com frequência, discernindo claramente indivíduos doentes daqueles saudáveis. Para isso, destacam-se os seguintes conceitos: Sensibilidade: é a capacidade de um teste em identificar os verdadeiros positivos naqueles indivíduos realmente doentes, sendo úteis como métodos de triagem para acometimentos graves; o Susceptível a falso-positivos. Especificidade: representa a distinção dos verdadeiros negativos dos indivíduos saudáveis, sendo melhor utilizados como confirmação de determinada hipótese, evitando danos ao paciente. o Susceptível a falsos-negativos. Correlação entre resultado dos testes diagnósticos e a presença de doença Os testes acurados, no entanto, costumam ser mais custosos, sendo necessária a indicação racional de seu uso, principalmente em patologias relevantes, mas curáveis, e em situações nas quais resultados incorretos causem danos graves. O “ponto de corte” para a acurácia de um teste ser clinicamente interessante é de valores > 0,8 (80%). Métodos para cálculo de sensibilidade, especificidade e acurácia (precisão) num teste diagnóstico Essa relação pode ser exposta graficamente pela curva ROC, expressa em função das chances de falso-positivos/negativos. Quanto maior a área esboçada, maior a acurácia do teste. Nota, se também que pontos mais altos apresentarão maior sensibilidade, ao passo que aqueles Júlia Figueirêdo – HABILIDADES GERAIS VI à esquerda terão mais especificidade. Curva ROC para determinação de acurácia, medida em função da taxa de falsos-positivos (y) e falso- negativos (x) VALOR PREDITIVO: O valor preditivo (valor pós-teste) é referente à capacidade de predizer uma doença ou sua ausência, tendo como base seus resultados positivos e negativos. Assim, são estabelecidos os seguintes “postulados”: Valor preditivo positivo (VPP): probabilidade de indivíduos com a doença frente a resultados positivos; Valor preditivo negativo (VPN): probabilidade do paciente não ter a doença após resultados negativos. Ressalta-se que esse é um conceito influenciado pela prevalência, que aumenta o VPP de determinado teste. Além disso, nota-se que provas sensíveis irão apresentar elevado VP negativo, ao passo que uma maior especificidade se relaciona com VP positivo proporcional. RAZÃO DE PROBABILIDADE: A razão de probabilidade, também chamada de razão de verossimilhança ou likehood ratio, é um número que descreve o desempenho do teste, representando a chance do resultado (positivo ou não) refletir o estado clínico do paciente Tal dado não é influenciado pela prevalência geral da doença. É possível ainda identificar duas subdivisões associadas a esse conceito, a saber: Razão de probabilidade positiva: quanto maior o valor, maior o aumento da probabilidade da doença frente a um teste positivo; 𝑅𝑉+ = 𝑠𝑒𝑛𝑠𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (1 − 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) Razão de probabilidade negativa: descreve a capacidade de um resultado negativo influenciar na chance de um indivíduo estar saudável, sendo ideal que ele esteja próximo de zero. 𝑅𝑉− = 1 − 𝑠𝑒𝑛𝑠𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 Com o resultado da aplicação dessas fórmulas, é possível obter o grau de influência para determinado teste diagnóstico, o que pode auxiliar a direcionar sua aplicabilidade na prática clínica. Classificação dos resultados da razão de verossimilhança TESTES MÚLTIPLOS: O uso de diversos testes diagnósticos pode ser observado no processo de investigação de hipóteses clínicas, Júlia Figueirêdo – HABILIDADES GERAIS VI podendo ser feito de dois modos distintos, a saber: Testes em paralelo: são feitos ao mesmo tempo, sendo que qualquer resultado positivo confirma o diagnóstico. Há aumento da sensibilidade, porém a especificidade é diminuída; A principal indicação é para avaliações rápidas, como em setores de emergência. Testes em série: a aplicação é sequencial, sendo que todos os resultados devem ser positivos para validar o diagnóstico. Essa situação promove maior especificidade. Comparação entre as características do uso de testes em paralelo e testes em série
Compartilhar