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Helmintíases mais prevalentes

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1 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
OBJETIVOS 
1. Caracterizar as helmintíases mais prevalentes na 
nossa região (Áscaris, Taenia, 
Ancylostoma/necator, Strongyloides, Enteróbios, 
Tricocephalus). 
 
2. Descrever o diagnostico clínico/laboratorial 
dessas helmintíases, identificando os métodos 
disponíveis do exame parasitológico de fezes e 
suas indicações específicas. 
 
3. Propor o tratamento para essas parasitoses. 
REFERÊNCIAS 
Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e 
parasitárias: guia de bolso – 8ª. ed. Brasília, 2010. 
Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 
Brasília. 5ª ed., 2021. 
MARTINS, Mílton de A.; CARRILHO, Flair J.; ALVES, 
Venâncio Avancini F.; CASTILHO, Euclides. Clínica 
Médica, Volume 7: Alergia e Imunologia Clínica, 
Doenças da Pele, Doenças Infecciosas e 
Parasitárias. Editora Manole, 2016. 
TAVAREA, Walter; MARINHO, Luiz Alberto Carneiro. 
Rotinas de Diagnóstico e Tratamento das Doenças 
Infecciosas e Parasitárias, 4ª ed. São Paulo: Editora 
Atheneu, 2015. 
INTRODUÇÃO 
Os helmintos são classificados em nematelmintos 
(Áscaris, Ancylostoma/necator, Strongyloides, 
Enteróbios, Tricocephalus) se caracterizam por 
apresentar corpo cilíndrico e alongado e 
platelmintos (Taenia) que se caracteriza por ser 
achatado dorsoventralmente. 
A ocorrência de helmintíase é mais comum nos 
países em desenvolvimento, onde as precárias 
condições socioeconômicas, a falta de acesso à 
água potável e o saneamento inadequado, 
associados à falta de informação específica sobre 
a transmissão dos parasitos, configuram grave 
problema de saúde pública, afetando as 
populações mais vulneráveis. 
No Brasil, estas infecções estão presentes em todas 
as regiões, ocorrendo principalmente nas zonas 
rurais e periferias de centros urbanos que se 
destacam pela ausência de saneamento básico 
e pouco conhecimento sobre transmissão e 
prevenção. 
As crianças em idade escolar apresentam um 
importante papel epidemiológico na 
disseminação dessas doenças, pois constituem 
um grupo altamente susceptível. 
As helmintíases não são doenças de notificação 
compulsória, 
ASCARIDÍASE 
O Ascaris lumbricoides é conhecido 
popularmente como “lombriga” ou “bicha” e é 
um nematódeo pertencente à família 
Ascarididae e gênero Ascaris. 
É o helminto que apresenta o maior tamanho 
corporal, podendo atingir 30 cm. 
A ascaridíase é a infecção por nematódeos mais 
comum em pessoas, aparecendo em cerca de 
807 milhões a 1,2 bilhão de pessoas em todo o 
mundo, contribuindo para a desnutrição em áreas 
com más condições sanitárias. 
Cerca de 60 mil pessoas morrem todos os anos de 
ascaridíase. estas, cerca de 2 mil pessoas (em sua 
maioria crianças) morrem porque os vermes 
bloqueiam seu intestino ou os dutos biliares. 
As crianças em idade escolar e pré-escolar são as 
mais acometidas pela doença, pois estão mais 
frequentemente em contato com o solo e 
apresentam hábitos de higiene mais precários. 
TRANSMISSÃO 
As pessoas adquirem o A. lumbricoides por meio 
da ingestão de ovos embrionados presentes em 
mãos sujas, em alimentos crus mal lavados, como 
hortaliças, legumes e frutas, ou pela ingestão de 
água não tratada ou não filtrada. 
 
 
Helmintíases 
 
 
 
Problema 11 
 
2 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
Hábitos inadequados de higiene como não lavar 
as mãos após utilizar instalações sanitárias, antes 
da alimentação, ou na manipulação de alimentos 
são importantes formas de contágio. 
OBS: Uma fêmea de Ascaris elimina, em média, 
junto com as fezes, cerca de 200.000 ovos por dia. 
Período de incubação: o período pré patente da 
infecção (desde a infecção com ovos 
embrionados até a presença de ovos nas fezes do 
hospedeiro) é de 60 a 75 dias. 
 
PATOGÊNESE 
Os ovos são deglutidos e chegam até o intestino, 
onde se dá a eclosão e a liberação das larvas. 
Estas, então, atravessam ativamente a parede 
intestinal, caem na corrente sanguínea, ganham o 
sistema porta intra-hepático, veia cava inferior e 
atingem o coração direito. 
Os vasos linfáticos abdominais também podem 
servir de acesso às larvas, que através do ducto 
torácico alcançam a veia cava superior e o 
coração, de onde são levadas aos pulmões. 
Nos pulmões, as larvas rompem a parede alveolar 
e juntamente com as secreções brônquicas são 
expectoradas e deglutidas para novamente 
atingirem a luz intestinal, onde se transformarão 
em vermes adultos. 
QUADRO CLÍNICO 
Manifestações Pulmonares: a passagem das larvas 
pelos pulmões pode desencadear um quadro de 
pneumonite, conhecido como síndrome de Löffler 
que cursa com eosinofilia importante. As crianças 
são as mais afetadas. 
Tosse, febre baixa e dispneia são sintomas 
comuns, assemelhando-se a uma crise de asma. 
Manifestações Gastrintestinais: dor abdominal, 
náuseas, diarreia e alterações do apetite podem 
estar presentes. 
Quando há grande número de parasitas, pode 
ocorrer quadro de obstrução intestinal. 
Manifestações Ectópicas: vermes adultos são 
eliminados pela boca e pelo ânus. 
Em alguns casos, podem obstruir o colédoco e 
levar a colecistite e icterícia, assim como obstruir 
o canal pancreático e desencadear pancreatite 
aguda. Podem também ascender até o fígado e 
formar abscesso hepático. 
DIAGNÓSTICO 
Hemograma: eosinofilia é a alteração mais 
frequente. Anemia hipocrômica e microcítica 
pode estar presente em pacientes com carga 
parasitária elevada, principalmente em crianças. 
Os ovos dos áscaris são pesados; desta maneira, 
os métodos de sedimentação são os mais 
indicados no diagnóstico da ascaridíase, como o 
de Kato-Katz (contagem de ovos por grama de 
fezes que permite avaliar a intensidade da 
infecção) ou pelos métodos de sedimentação 
espontânea (método Lutz, também chamado de 
Hoffman, Pons e Janer -HPJ) para a visualização 
dos ovos dos helmintos. 
TRATAMENTO 
Levamizol, 150mg, VO, em dose única para 
adultos; crianças abaixo de 8 anos, 40mg; acima 
de 8 anos, 80mg, também em dose única. (1ª 
escolha) 
Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias 
consecutivos. (Não é recomendado seu uso em 
gestantes). 
Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida), 
400mg/ dia, em dose única para adultos; em 
crianças, 10mg/kg, dose única; 
O Mebendazol e Albendazol são mais utilizados na 
pratica, pois são mais acessíveis e estão disponíveis pelo 
SUS. 
 
3 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
Deve-se sempre avaliar a posologia e dose do 
medicamento de melhor adaptação para o paciente 
na hora de realizar a escolha do medicamento. 
Geralmente o medicamento com intervalos de dose 
maiores, ou mesmo dose única contribui para a 
aderência do tratamento pelo paciente de forma 
correta. 
Tratamento da obstrução intestinal: Piperazina, 
100mg/kg/ dia + óleo mineral, 40 a 60ml/dia + 
antiespasmódicos + hidratação. 
Nesse caso, estão indicados sonda nasogástrica e 
jejum + Mebendazol, 200mg ao dia, dividido em 2 
tomadas, por 3 dias 
O controle de cura poderá ser feito através do 
exame de Hoffman no 7°, 14° e 21° dia após o 
tratamento. 
TENÍASES 
São parasitoses intestinais causadas por 
platelmintos da classe Cestoda e família 
Taeniidae,(vermes chatos com corpo 
segmentado) com dois representantes: Taenia 
solium e Taenia saginata. 
A infecção humana por T. saginata é mais 
frequente. 
As tênias podem medir entre 3 a 6 m, ou mais, e 
sobrevivem por até 30 anos. 
Abate clandestino de animais, sem inspeção e 
controle sanitário, é muito elevado na maioria dos 
países da América Latina, o que contribui para 
alta incidência dessa helmintíase. 
TRANSMISSÃO 
Teníase é adquirida pela ingesta de carne de boi 
(T. saginata) ou de porco (T. solium) mal cozida, 
que contém as larvas. 
Quando o homem acidentalmenteingere os ovos 
de T. solium, adquire a Cisticercose. 
Período de incubação 
Cisticercose: Varia de 15 dias a anos após a 
infeccao. 
Teníase - Cerca de 3 meses após a ingesta da 
larva, o parasita adulto ja e encontrado no 
intestino delgado humano. 
 
PATOGÊNESE 
A Teníase é provocada pela presença da forma 
adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata, no 
intestino delgado do homem. 
A Cisticercose é causada pela larva da Taenia 
solium nos tecidos, ou seja, é uma enfermidade 
somática. 
QUADRO CLÍNICO 
A Teníase é uma parasitose intestinal que pode 
causar dores abdominais, náuseas, debilidade, 
perda de peso, flatulência, diarreia ou 
constipação. 
A infestação pode ser percebida pela eliminação 
espontânea de proglotes do verme, nas fezes. 
Em alguns casos, podem causar retardo no 
crescimento e desenvolvimento das crianças, e 
baixa produtividade no adulto. 
As manifestações clínicas da Cisticercose 
dependem da localização e da resposta 
imunológica do hospedeiro. As formas graves 
estão localizadas no SNC e apresentam sintomas 
neuropsiquiátricos (convulsões, distúrbio de 
comportamento, hipertensão intracraniana) e 
oftálmicos. 
DIAGNÓSTICO 
 
4 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
Hemograma: não se altera ou encontra discreta 
eosinofilia. 
Como a maioria dos casos de Teníase é 
oligossintomático, o diagnóstico comumente é 
feito pela observação do paciente pois os 
proglotes são eliminados espontaneamente e 
nem sempre são detectados nos exames 
parasitológicos de fezes. 
A pesquisa de proglotes é feita em fezes emitidas 
em várias evacuações, em dias alternados, 
através da tamisação da matéria fecal 
(peneiragem) ou por swab anal. 
Para a pesquisa de ovos nas fezes pelo método de 
Lutz é necessário esmagar uma proglote grávida. 
Os testes sorológicos podem auxiliar no 
diagnóstico das teníases (imunofluorescência 
indireta (IFI), ELISA, hemaglutinação e biologia 
molecular através de probes de DNA) 
TRATAMENTO 
Para infecção intestinal (sem neurocisticercose): 
Praziquantel, 5 a 10 mg/kg, por via oral, em dose 
única, para eliminar vermes adultos (1ª escolha) 
Niclosamida: única dose de 2g é dada em 4 
comprimidos (500 mg cada) que são mastigados 
um de cada vez e engolidos com uma pequena 
quantidade de água. Para crianças, a dose é 50 
mg/kg (máximo de 2 g). 
Albendazol é empregado na dose única diária de 
400 mg (dois comprimidos) por 3 dias 
consecutivos. 
Mebendazol é usado na dose de 200 mg 
(comprimidos) de 12 em 12 horas, durante 4 dias 
seguidos. 
Para cisticercose: corticoides, anticonvulsivantes 
e, algumas vezes, albendazole ou praziquantel 
e/ou cirurgia 
O controle de cura para as teníases consiste na 
observação prolongada do paciente, durante 3 
meses, caso não tenha havido a expulsão total da 
tênia, pois após esse período o paciente eliminará 
novos proglotes grávidos, o que indica insucesso 
do tratamento e motivo para sua repetição 
ANCILOSTOMÍASE 
O Ancylostoma duodenale e o Necator 
americanus pertencem à família Ancylostomidae 
e gêneros Ancylostoma e Necator, 
respectivamente. 
No Brasil, mais de 80% das infecções ocorrem pelo 
N. americanos. 
São parasitos de aproximadamente 1 cm de 
tamanho e que habitam a região do duodeno. 
Os ancilostomídeos tem uma ampla cavidade 
bucal, provida de lâminas (N. americanus) e 
dentes (A. duodenale), que lhes permitem aderir à 
parede do intestino do hospedeiro em busca de 
alimento (tecido e sangue), fato este que pode 
promover um acentuado quadro de anemia, o 
que explica a endemia ser conhecida 
popularmente como “amarelão” e “doença do 
Jeca Tatu”. 
É predominante na área rural, em resultado da 
falta de instalações sanitárias, possibilitando a 
existência de locais intensamente contaminados 
com fezes nas proximidades das casas. 
TRANSMISSÃO 
A ancilostomíase ocorre principalmente pela 
penetração ativa das larvas infectantes do A. 
duodenale ou N. americanus na pele íntegra do 
hospedeiro,ou por via oral. 
O contágio ocorre quando há contato direto da 
pele com solo contaminado com larvas 
infectantes ou por sua ingestão com água. 
 
PATOGÊNESE 
As larvas dos ancilóstomos, após penetrarem pela 
pele, ganham a corrente sanguínea e as larvas 
perfazem o ciclo pulmonar (ciclo de Looss), 
 
5 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
atravessam os alvéolos, atingem a traqueia, a 
laringe e são deglutidas ou expelidas pela tosse. 
As larvas que são deglutidas alcançam o intestino 
delgado, seu habitat natural, e atingem a 
maturidade em 2 meses, ocorrendo o 
acasalamento. 
Os vermes adultos vivem permanentemente 
presos à mucosa do intestino por meio de suas 
cápsulas bucais, sugando sangue necessário à 
sua oxigenação. 
Estima-se que cada A. duodenale cause a perda 
de 0,15 mL (0,15 cm³) de sangue por dia, 
enquanto o N. americanus 0,03 mL (0,03 cm³). 
QUADRO CLÍNICO 
Eritema e prurido no local da penetração das 
larvas. 
Infecções leves, pode apresentar-se 
assintomática. 
Apresentações clínicas importantes, como um 
quadro gastrointestinal agudo caracterizado por 
náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e 
flatulência, também podem ocorrer; 
Em crianças com parasitismo intenso, pode 
ocorrer hipoproteinemia e atraso no 
desenvolvimento físico e mental. 
Com frequência, dependendo da intensidade da 
infecção, acarreta anemia ferropriva, cujos 
sintomas incluem palidez, astenia, cefaléia, 
palpitações e edema. 
Nos pulmões, a passagem larvária pode cursar 
com síndrome de Löeffler (tosse não produtiva, 
broncoespasmo, eosinofilia sanguínea e infiltração 
intersticial na radiografia do tórax). 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico de certeza é feito pelo exame de 
fezes, usando-se as técnicas de flutuação, como 
os métodos de Willis ou de Faust, uma vez que os 
ovos dos ancilostomídeos possuem baixo peso 
específico (ovos leves). A visualização dos ovos 
não permite a distinção da espécie infectante. 
Obs: O exame deve ser realizado com fezes 
recém-eliminadas; em fezes envelhecidas (de um 
dia para o outro – 24 h) pode haver a saída das 
larvas de ovos, podendo ser confundido com 
larvas de estrongiloides. 
Avalia-se a intensidade da infecção pela 
quantidade de ovos eliminados por grama de 
fezes pelos métodos de Stoll ou Kato-Katz. 
Considera-se a infecção ancilostomótica leve ou 
moderada quando o paciente elimina até 12.600 
ovos/g de fezes; e intensa quando o número de 
ovos eliminados ultrapassa esse número. 
Hemograma: avaliar a anemia hipocrômica e 
microcítica, revelando também eosinofilia. 
TRATAMENTO 
Albendazol, 400 mg por via oral em dose única 
Mebendazol, 100 mg por via oral duas vezes por 
dia por 3 dias, ou 500 mg em dose única. 
Ambos são indicados como alternativas para 1º opção 
terapêutica 
Nitazoxanida: alternativa 
Os pacientes com anemia devem ser tratados 
com sais ferrosos (sulfato ferroso), porque esses sais 
são bem absorvidos por via oral. 
Controle de cura é realizado no 7º, 14º e 21º dias 
após o tratamento, mediante exame 
parasitológico de fezes 
ENTEROBÍASE 
Também conhecido por oxiuríase, é uma 
helmintíase intestinal causada pelo Enterobius 
vermicularis, um helminto pequeno, de coloração 
branca, lembrando o aspecto de uma linha. 
Na fase adulta, a fêmea mede cerca de 10 mm e 
tem a parte posterior do corpo bastante afilada. 
O macho é bem menor e apresenta a parte 
posterior de seu corpo enrolado ventralmente 
TRANSMISSÃO 
Predominantemente fecal-oral. São diversos os 
modos de transmissão: 
Auto infecção externa ou direta: Do ânus para a 
cavidade oral, por meio dos dedos ou pela 
contaminação de fômites (vestimentas, roupas de 
 
6 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
cama, mobília, tapetes, brinquedos,assento de 
privadas) 
Obs: Os óvulos podem sobreviver em fômites por 3 
semanas à temperatura ambiente. 
Auto-infecção indireta: Ovos presentes na poeira 
ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro que os 
eliminou. 
Heteroinfecção: Os ovos presentes na poeira ou 
alimentos atingem um novo hospedeiro. 
Retroinfecção: Migração das larvas da região anal 
para as regiões superiores do intestino grosso, 
chegando até o ceco, onde se tornam adultas. 
Auto-infecção interna: Processo raro no qual as 
larvas eclodem ainda dentro do reto e depois 
migram até o ceco, transformando-se em vermes 
adultos 
Infecções por oxiuros também tem sido atribuídas 
por contato anal-oral entre adultos. 
 
PATOGÊNESE 
O ciclo evolutivo dessa helmintíase é do tipo 
direto, ou seja, não há passagem de formas 
larvárias pelo fígado e pelo pulmão. 
Após a ingestão dos ovos, estes vão eclodir na luz 
do intestino delgado. As larvas, então liberadas, 
migram lentamente até a região do ceco, no 
intestino grosso, transformando-se em vermes 
adultos. No ceco, os vermes copulam e cada 
fêmea produz cerca de 11.000 ovos2,7. 
Durante a noite, quando a temperatura do corpo 
baixa, as fêmeas grávidas iniciam sua migração 
até o orifício anal, ocorrendo a postura na região 
perianal e perineal. 
Os ovos em contato com o meio externo, a uma 
temperatura média de 30ºC, levam cerca de 6 
horas para tornarem-se infectantes. 
QUADRO CLÍNICO 
Os sintomas são determinados principalmente 
pela presença do verme na região perianal e 
perineal, desencadeando prurido anal e vulvar; 
que costuma ser mais intenso durante a noite. 
Queixas digestivas vagas como dor abdominal, 
náuseas, vômitos e diarreia podem estar 
presentes. 
Em meninas, a presença do verme no aparelho 
genital feminino pode provocar vulvovaginite, 
excitação sexual, e corrimento vaginal. 
Em alguns casos, é possível encontrar o verme nas 
roupas íntimas ou na região perianal durante as 
crises de prurido. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico laboratorial reside no encontro do 
parasito e de seus ovos. 
Como dificilmente é conseguido nos 
parasitológicos de fezes de rotina, deve-se 
pesquisar diretamente na região perianal, o que 
deve ser feito pelos métodos de Hall (swab anal) 
ou de Graham (fita gomada), cuja colheita é feita 
na região anal, seguida de leitura em 
microscópio. 
TRATAMENTO 
Uma dose única dos seguintes, repetida em 2 
semanas, é eficaz para erradicar oxiúros (mas não 
os ovos) em > 90% dos casos: 
Pamoato de pirantel 11 mg/kg (dose máxima de 1 
g) por via oral (1ª escolha) 
Mebendazol 100 mg por via oral 
(independentemente da idade) 
Albendazol 400 mg por via oral 
 
7 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
Gel ou pomada de petrolato (contendo ácido 
carbólico) ou outros cremes ou unguentos 
antipruriginosos, usados na região perianal podem 
aliviar o prurido. 
Observações 
1. Recomenda-se a repetição mensal das dosagens 
durante um período de 6 meses. 
 
2. Todos os comunicantes do paciente devem ser 
submetidos ao tratamento, inclusive os 
assintomáticos. O mebendazol em dose única de 
100 mg (um comprimido ou 5 mL de suspensão) 
poderá ser utilizado nos comunicantes, com 
eficácia de 90%. 
 
3. O controle de cura deverá ser feito pelo método 
de Grahamou pelo swab anal após o 8o dia do 
tratamento, por 7 dias consecutivos ou cinco 
exames em dias alternados. 
ESTRONGILOIDÍASE 
É uma helmintíase causada por Strongyloides 
stercoralis 
TRANSMISSÃO 
A transmissão ocorre quando as larvas infectantes 
(L3), presentes no meio externo, penetram através 
da pele, no homem. 
 
PATOGÊNESE 
Após a penetração da larva filariforme através da 
pele íntegra, ela migra por via hematogênica aos 
pulmões, atinge a árvore traqueobrônquica e é 
deglutida. 
A larva então amadurece, transformando-se em 
verme adulto, que se estabelece na mucosa do 
duodeno e do jejuno. Vermes adultos podem viver 
por até 5 anos nesse ambiente, causando, 
juntamente com os ovos e as larvas, um processo 
inflamatório crônico com edema e fibrose que 
pode diminuir a superfície de absorção da 
mucosa intestinal. 
Os ovos produzidos pela fêmea adulta liberam a 
larva rabditoide, não infectante. Esta é eliminada 
nas fezes e, no solo, transforma-se em larva 
filarioide, infectante, reiniciando o ciclo. Passam-
se em média 3 a 4 semanas entre a penetração 
dérmica e a eliminação da larva nas fezes. 
Entretanto, a larva rabditoide pode permanecer 
no trato gastrintestinal e amadurecer em larva 
filarioide no interior do tubo digestivo. 
A larva filarioide penetra pela pele perianal ou 
mucosa intestinal, completando um ciclo de 
autoinfecção, favorecendo a hiperinfecção e a 
doença disseminada. 
Obs: Esses mecanismos explicam a manutenção 
da infecção por longos períodos, de até 40 anos, 
em um único indivíduo. 
QUADRO CLÍNICO 
Na estrongiloidíase aguda, a manifestação inicial 
pode ser um exantema pruriginoso e eritematosa 
no local em que as larvas entraram na pele. 
Pode-se desenvolver tosse à medida que as larvas 
migram pelos pulmões e pela traqueia. Larvas e 
vermes adultos no trato gastrintestinal podem 
causar dor abdominal, diarreia e anorexia. 
A estrongiloidíase crônica pode persistir por anos 
em razão da autoinfecção. Pode ser 
assintomática ou caracterizada por sintomas 
gastrointestinais, pulmonares e/ou cutâneos. As 
queixas gastrointestinais são dor abdominal, 
diarreia e constipação intermitentes. 
Larva currens (infecção rastejante) é uma forma 
de larva migrans cutânea específica da infecção 
por Strongyloides; resulta da autoinfecção. A 
erupção geralmente começa na região perianal 
e é acompanhada por prurido intenso. 
Tipicamente, larva currens é uma lesão cutânea 
eritematosa, urticariforme, linear ou serpiginosa, 
de migração rápida (até 10 cm/hora). . 
 
8 
 
 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
Quando os vermes, sobretudo as larvas, atingem 
órgãos e tecidos que não fazem parte do ciclo 
habitual do parasita, fala-se em estrongiloidíase 
disseminada. Trata-se de situação clínica de 
extrema gravidade, frequentemente associada a 
infecção por enterobactérias que atingem a 
circulação sanguínea, seja por meio de 
translocação ou carreadas pelas larvas do 
parasita. Apresenta elevados índices de 
letalidade, sobretudo se houver retardo no 
diagnóstico e no tratamento específico. 
Complicações - Síndrome de hiperinfecção; 
síndrome de Löefler; síndrome de má absorção. 
DIAGNÓSTICO 
Exame parasitológico de fezes (EPF): detecta a 
larva após a 3ª ou 4ª semana de infecção. ( cerca 
de 25% dos pacientes infectados apresentam 
repetidos EPF negativos) 
Técnica de Baerman-Morais: método de 
concentração adequado para pesquisa de 
larvas, pode aumentar a sensibilidade deste 
exame, mas mesmo a análise de três amostras de 
fezes pode não encontrar as larvas. 
Aspiração do fluido duodenojejunal ou teste de 
fita (Enteroteste®) podem ser necessários nos 
casos com suspeita clínica e análise de fezes 
persistentemente negativa. 
O exame do escarro para pesquisa de larvas, 
utilizando-se o método de Baerman Morais, é 
recomendado em todo caso de suspeita de 
estrongiloidíase disseminada. 
TRATAMENTO 
Infecção não Complicada 
Ivermectina, 200 mcg/kg por via oral uma vez ao 
dia, durante 2 dias 
Tiabendazol 50 mg/kg/dia, VO, em duas doses, 
máximo de 3 g/dia, por 2 dias ou 25 mg/kg/dia, 
VO, em dose única, máximo de 3 g/dia, por 5 a 7 
dias 
Cambendazol 5 mg/kg, VO, dose única (adulto 
360 mg). Repetir 10 dias após 
Albendazol 800 mg, VO, em duas doses, por 3 dias, 
OU 400 mg, VO, em dose única, por 3 dias 
Obs: Os 3 primeiros têm mostrado maior eficácia, 
girando em torno de 90% a 96%. O albendazol 
apresenta eficácia de apenas 60%, porém é mais 
utilizado na prática médica pois é maisacessível 
pelo SUS. 
Infecção Disseminada 
Ivermectina, 200 mcg/kg por via oral uma vez ao 
dia, durante 2 dias 
Tiabendazol 50 mg/kg/dia, VO, em duas doses, 
máximo de 3 g/dia,por 5 a 7 dias 
Albendazol 800 mg, VO, em duas doses, por 3 dias 
Controle de cura - Três exames parasitológicos de 
fezes, após 7, 14 e 21 dias do tratamento. 
TRICURÍASE 
A Tricocefalíase ou Tricuríase é uma doença 
causada pelo verme Trichocephalus trichiurus ou 
Trichuris trichiura, helminto que tem cerca de 3 a 5 
cm de comprimento e possui a parte anterior de 
seu corpo bem afilada, lembrando um chicote ou 
um fio de cabelo. 
Estima-se que 604 a 795 milhões de pessoas 
estejam infectadas em todo o mundo. 
As crianças apresentam as cargas parasitárias 
mais altas e as sintomatologias mais pronunciadas. 
TRANSMISSÃO 
A infecção é disseminada pela via fecal-oral. 
 
PATOGÊNESE 
O T. trichiura não faz ciclo pulmonar, e sua 
evolução é restrita ao tubo digestório. 
 
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 MÓDULO I: DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 
Após a ingestão dos ovos, estes sofrem a ação das 
secreções digestivas dando saída às larvas na 
porção final do intestino delgado. 
As larvas penetram nas criptas glandulares do 
ceco, onde permanecem por 2 dias. 
Posteriormente, dirigem-se à mucosa do intestino 
grosso transformando-se em vermes adultos. 
QUADRO CLÍNICO 
A infecção é assintomática na maioria dos 
adultos. 
A sintomatologia mais exuberante ocorre 
especialmente em crianças desnutridas e de 
baixa idade, e é representada por irritabilidade, 
insônia, anorexia, diarréia prolongada, por vezes 
disenteria, enterorragia e, eventualmente, 
prolapso retal em crianças de baixa idade. 
DIAGNÓSTICO 
Hemograma: eosinofilia, quando presente, 
geralmente é pouco expressiva. Anemia 
hipocrômica e microcítica é um achado comum 
em crianças com infecções moderadas e graves. 
O diagnóstico parasitológico é feito através de 
técnicas para ovos pesados, como os métodos de 
Hoffman e Pons e Janer. 
O método de Kato-Katz poderá ser realizado para 
se determinar a quantidade de ovos por grama 
de fezes (quantitativo). 
O exame direto das fezes coradas com lugol 
também pode ser útil. 
TRATAMENTO 
Mebendazol 100 mg por via oral duas vezes ao dia 
por 3 dias. 
Albendazol 400 mg por via oral uma vez ao dia por 
3 dias, ou 
Nitazoxanida: em um estudo desenvolvido em 
crianças no México, a nitazoxanida apresentou 
eficácia de 100% no tratamento da tricuríase. 
Geralmente esses fármacos não devem ser usados 
durante a gestação. 
O controle de cura é feito com o exame de 
Hoffmanno 7°, 14° e 21° dia após o tratamento.

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