Ética, Responsabilidade Social e Sustentabilidade_tópico 1

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Ética, responsabilidade social e sustentabilidade 
 
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1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA DISCIPLINA 
 
Olá, estudante! 
 
Estamos começando nossa disciplina que irá discutir os temas relacionados à ética, 
responsabilidade social e sustentabilidade. Neste sentido, convido você a fazer uma 
primeira reflexão: Pense na última vez que você teve que tomar uma decisão entre ser 
ético ou não. Nesta ocasião, as circunstâncias condicionaram e 
determinaram o seu modo de agir? Ser ético ou não é um processo 
decisório real, permeia organizações públicas e privadas, e está em movimento 
durante a leitura destas páginas. Ser ético ou não é um processo que apresenta 
alternativas que ocupam dimensões opostas e densidade própria, transita pelo caminho da 
ilegalidade, e está inserido em um contexto social incrustado por uma cultura ancorada 
por práticas disfuncionais. 
Analisando algumas experiências antiéticas do cotidiano corporativo, 
estabelecemos, em algum momento, uma sensação de 
“conhecimento de causa”, abrindo um diálogo com nossos 
valores e crenças. 
Mas por que é importante analisar a ética nos 
negócios? A abordagem conceitual sobre ética é extensa e 
variada. Não se pretende oferecer verdades prescritivas ou um impor regras do que seja 
certo ou errado. Nesta etapa buscaremos problematizar para alcançarmos o 
autoquestionamento e um pensamento emancipador. 
E o que são questões antiéticas ou questões do negócio? O antropólogo 
brasileiro Roberto DaMatta, em seu livro “O que faz do brasil, 
Brasil?”, defende a malandragem como sendo o nosso modo de 
navegação social. O malandro seria um profissional do “jeitinho” 
e da arte de sobreviver nas situações mais difíceis. Neste sentido, 
abordaremos os principais conceitos sobre Ética e Moral. Ética 
profissional e empresarial. 
 
 
 
DaMatta, R. O que faz do brasil, o Brasil? Editora Rocco, São 
Paulo. 1986, p.63.
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Inicialmente, convido você a refletir sobre a Confiança. Você acredita que 
confiança seria uma questão inarredável de qualquer relação pessoal ou de 
negócios? Você acredita, por exemplo, que o grau de confiança de um país determina sua 
capacidade de atrair investimentos? A 
reputação de um profissional pode 
definir a sua contratação, promoção ou 
demissão? O envolvimento de uma 
marca em eventos de corrupção, pode 
garantir, por exemplo, o seu fim? Diante 
de todas essas questões trabalharemos nesta etapa os aspectos conceituais que envolvem 
os dilemas éticos. Uma proposta que intenciona discutir ética nos negócios como questão 
de responsabilidade social e sustentabilidade. 
A escolha entre o “certo” e o “errado” é uma constante no cotidiano corporativo, 
e pode ser considerada um desvio de racionalidade quando o que está em jogo é a 
sobrevivência na selva corporativa. Por outro lado, pode ser observada como uma decisão 
muito bem pensada e racional. Nesta perspectiva, esta oferecerá, dentro de uma dimensão 
propedêutica, alguns cases para debate, articulados com alguns conceitos e fundamentos 
oriundos dos estudos sobre a literatura que discute ética, responsabilidade social e 
sustentabilidade. De uma forma crítica, intenciona-se encorajar ações particulares que 
apontem para um caminho regenerativo dos nossos tecidos sociais e organizacionais. 
 
1.1 OS DILEMAS ORGANIZACIONAIS E O CONTEXTO SOCIAL 
 
Em 2017, no CASI, Congresso de 
Administração, Sociedade e Inovação, o artigo 
intitulado “Processo decisório: um ensaio teórico 
sobre a natureza política do comportamento humano 
diante de um processo crítico de decisão: ser ético ou 
participar?”, ofereceu reflexões sobre a natureza do 
comportamento humano diante de um processo 
crítico de decisão: ser ético ou participar? Na ocasião 
deste encontro, observou-se que o ambiente de negócios é permeado por inúmeros 
processos de decisão: 
Decisões Organizacionais 
Fonte: ROCHA, F. C. M. 2017 
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“Empreender, contratar, demitir, expandir, retrair e até mesmo fechar uma 
empresa são decisões estratégicas que, assim como outras, envolvem um 
processo de escolha entre um determinado número de alternativas” (ROCHA, 
F.C.M, 2017, p.1). 
 
No entanto, o que se observa é que as decisões estratégicas acabam influenciando 
organizações e desempenhos, esbarrando nos interesses individuais e organizacionais. 
Por outro lado, observamos uma multiplicidade de opiniões e posições ideológicas que 
movimentam as relações sociais e organizacionais, e uma intolerância coletiva frente, por 
exemplo, aos eventos de corrupção que permeiam diariamente os noticiários. Mas se isso 
é uma verdade, se as pessoas estão mais intolerantes frente a esses desvios de conduta, 
sejam eles individuais ou organizacionais, por que ainda estão enraizados em nossa 
sociedade? Diante de um terreno que vive uma crise de valores éticos, é possível perceber 
um movimento que pressiona por soluções e novos caminhos, colocando em relevo 
desafios envolvendo ética organizacional e profissional. Dito isto, começaremos nos 
tópicos a seguir a compreender um pouco mais sobre estes conceitos. 
 
1.2 A ÉTICA E A MORAL 
 
 Diante dos aspectos introdutórios que discutimos anteriormente, observamos que 
para que seja possível resolver conflitos de interesses, esbarramos em grandes 
dificuldades, pois nem sempre concordamos, de forma unanime, sobre o que seria um 
comportamento certo e o que seria um comportamento errado. E por que razão isso 
aconteceria? A resposta é de fato simples: cada pessoa 
possui a sua interpretação da situação. E, ainda, cada 
pessoa estará baseada em seus próprios valores, bem 
como inserida em um contexto cultural específico. 
Por outro lado, quantas vezes você já ouviu as 
seguintes expressões: “Está faltando ética neste país” e “Essa pessoa não agiu de 
forma ética”? Neste sentido, o que se entende, de forma mais popular, é que a ética seria 
Fonte de imagens: 
https://envolverde.com.br/brasil-politica-
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um conjunto de princípios de conduta que orientam a ação de uma pessoa ou grupo. 
Porém, pode ser considerada um campo do conhecimento filosófico. 
Ética como ciência. A ética é vista como a filosofia da moral. O que é bom e mau? 
 
O que é certo e errado? Essas são algumas das perguntas centrais que os 
pesquisadores buscam resposta. A seguir veremos como os significados do termo no 
âmbito científico. 
 
Quadro 1. Ética no âmbito científico 
Fonte: Baseado em ANTUNES (2018). 
 
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Como vimos, a ética é uma ciência como tantas outras que conhecemos. De acordo 
com Selvino José Assmann (2020), para estudarmos a moral, a ética utiliza como objeto 
de análise os atos humanos, isso significa dizer que podemos compreendê-la a partir das 
ações práticas das pessoas. Nos termos do próprio autor: “Alguns autores, por exemplo, 
reservam a ética à vida pública, e por isso falam de ética na política, de Ética profissional; 
e a moral é, por sua vez, referida ao comportamento privado das pessoas” (ASSMANN 
2020, p. 76). Este mesmo autor observa, ainda, que muitos estudos tratam ética e moral 
como sinônimos, apesar das distinções diversas são feitas entre os dois termos. Veremos 
a seguir de que forma questões éticas são tratadas no âmbito organizacional. 
 
1.3 ÉTICA NOS NEGÓCIOS 
 
As normas morais que tratam do 
comportamento esperado em termos de ações, 
organizações empresariais e indivíduos, são 
tratadas no âmbito da Ética nos Negócios. 
Entretanto, cabe observar que não há uma ética 
paralela e exclusiva para o terreno empresarial. 
Trata-se, portanto, de uma forma de se estudar como o ambiente dos negócios cria os seus 
dilemas morais. De acordo com Antunes (2018, p. 58) "A ética nos negóciospode ser 
entendida como uma disciplina que se dedica a estudar as normas morais envolvidas nos 
níveis individual, organizacional e sistêmico que permeiam as atividades de organizações 
empresariais”. Nesta direção, ela pode ser estudada nos níveis micro, meso e macro. O 
tema, portanto, pode ser tratado no espectro que analisa a integridade dos profissionais e 
seus valores ou virtudes; também, pode ser avaliado pelos aspectos econômicos e sociais 
(e seus efeitos); ou por seus efeitos da estrutura mais ampla em que as empresas se situam 
nas normas morais que estão 
presentes na atividade 
organizacional. Este último, 
enfatiza, por exemplo, as 
questões de responsabilidade 
social e as relações com todos 
os seus stakeholders. Neste 
Fonte de imagem: www.administradores.com.br 
http://www.administradores.com.br/
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ensejo, analisa-se a atuação da empresa em relação ao seu mercado de atuação, 
funcionários, acionistas e a sociedade em 
geral. 
Retornando a nossa discussão 
inicial sobre decisões organizacionais, 
observamos três questões centrais neste 
processo que avaliam as questões éticas no 
nível meso, envolvendo elementos micro e 
macro, conforme podemos ver a seguir. 
 
Quadro 2. Ética no processo decisório organizacional 
Questões de natureza ética O que envolve? 
Quais leis regem o comportamento da 
organização? 
 
Formulação de códigos de conduta e políticas 
organizacionais. 
Como proceder em questões que vão além 
do domínio da lei? 
Superação dos aspectos previstos em Leis, 
normas e regulamentos, a fim de satisfazer os 
stakeholders. 
 
Como lidar com os conflitos entre interesses 
pessoais e organizacionais? 
Como são tomadas as decisões organizacionais, e 
como elas conflitam e/ou são trabalhadas em prol 
dos interesses pessoais. 
 
Fonte: Baseado em ANTUNES (2018). 
 
Importante observar que as questões sintetizadas anteriormente não limitam o que 
é discutido quando o assunto é ética nos negócios. Ao longo dos anos, como ocorre em 
qualquer área do conhecimento, os estudiosos tratam tópicos distintos. De acordo com 
Antunes (2018), na década de 50, os preços praticados pelas empresas, a mecanização 
dos processos de produção, e a alienação do trabalhador decorrente dos movimentos 
repetitivos de produção industrial, ganharam força no campo. Nesta discussão, o filme, 
de 1936, dirigido e estrelado por Charles Chaplin, ‘Tempos Modernos’ é um exemplo de 
como o tema era abordado nessa época. Disponível em: https://youtu.be/_7Blz8AWQXA 
Na década seguinte, especialmente, na Alemanha, o foco esteve voltado para a 
participação do trabalhador nos conselhos de administração. A agressividade das forças 
militares norte-americanas diante de um país de pequena expressão militar e econômica 
na Guerra do Vietnã, também foi tema que suscitou discussões no campo da ética nos 
negócios, principalmente, em função da desproporcionalidade de forças nas políticas de 
expansão internacional de algumas empresas (DIAS, 2014; ANTUNES, 2018). 
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Os anos 1970, com a descoberta dos mercados da Ásia e do Oriente Médio 
observou-se cenários de conflitos nos padrões culturais, em especial, com a forma de se 
realizar negócios. Somam-se a esses fatores, o movimento crítico por parte dos clientes, 
levou as empresas a revisarem políticas de relacionamento com consumidores (DIAS, 
2014; ANTUNES, 2018). Isto significa dizer que, neste período, as discussões sobre os 
aspectos de marketing como criação, propaganda, embalagem e apresentação final de 
produtos ganharam força, e estendem-se até meados de 1980 (DIAS, 2014; ANTUNES, 
2018). Já neste período, em 1980, a interculturalidade e relacionamento com clientes são 
debatidos em paralelo com as discussões sobre a capacidade moral dos indivíduos, bem 
como com as questões de enriquecimento ilícito (ANTUNES, 2018). 
Na década de 1990, a ECO-92 (também 
conhecida como Rio-92 ou Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento) foi um período marcado pelas 
formas de se conciliar o desenvolvimento 
econômico e empresarial das nações com a 
preservação dos ecossistemas, dando força às 
discussões ética em termos de preservação ambiental. Neste mesmo período, observou-
se o crescimento na formação de ONGs (Organizações Não Governamentais), instituições 
que passaram a ter grande importância no desenvolvimento econômico e social (DIAS, 
2014; ANTUNES, 2018). 
Em destaque, ainda nos anos 90, observamos a criação das revistas científicas: 
Business ethics 
quarterly e a business 
ethics: an european 
review. Estes periódicos 
passaram a contribuir 
para a sistematização 
dos conhecimentos que 
eram gerados sobre o tema (ARRUDA, 2008, DIAS, 2014; ANTUNES, 2018). 
 
 
 
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Nos anos 2000, marcados pela 
popularização da internet, observamos as 
discussões sobre as condutas 
inadequadas sobre sigilo de informações, 
bem como sobre o seu uso para a prática 
de e-commerce, bem como no que tange 
a privacidade do trabalhador no ambiente empresarial. Antunes (2018), destaca ainda, os 
efeitos da crise econômica global de 2008, em especial, nas discussões sobre como lidar 
com o conceito de crédito. O tema continua com força total até os tempos atuais. Prova 
disso é a grande repercussão do documentário, o Dilema das Redes, um filme produzido 
pela Netflix. 
 
 
 
 
 
 
 
Como vimos até aqui, o conceito de ética em um sentido mais amplo, relaciona-
se como um conjunto de princípios que envolvem a sociedade de maneira geral, uma vez 
que ela norteia princípios de conduta, valores e crenças a partir dos quais os indivíduos 
interpretam e decidem sobre uma determinada situação (DIAS, 2014). Caminhando para 
o final desta etapa, abordaremos a constituição e a importância da ética profissional, o 
que corresponde ao papel das associações profissionais na implementação de condutas 
éticas e a necessidade de segui-las para se balizar as práticas profissionais. 
 
1.4 ÉTICA PROFISSIONAL 
 
Diante de tudo que vimos, você pode estar questionando: Para que existe a ética 
profissional? Como ela se fundamenta? Para trabalharmos este ponto, vamos retomar três 
importantes conceitos: o de ética, o moral e o deontológico. Os dois primeiros, nós já 
vimos no início desta etapa. 
 
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Ética 
Sobreposição dos interesses individuais, direcionando comportamentos que 
pressupõem o respeito ao ser humano, além de um “fazer apenas por 
obrigação”. 
 
 
Moral 
Termo, muitas vezes, intercambiável como sinônimo de ética. No entanto, 
está mais ligado às regras consideradas válida, total ou parcialmente, por uma 
sociedade e/ou um grupo social. 
 
 
Deontologia 
Origem do grego déon, relaciona-se com “o dever”, o que é obrigatório. A 
deontologia profissional, são as normas e dos deveres adotados por 
determinada profissão. 
 
Fonte: Baseado em DIAS (2014). 
 
De modo geral, portanto, a ética elabora os princípios morais, enquanto a moral 
configura a ética aplicada ao comportamento humano e social. No que se refere a 
deontologia, observamos que ela é identificada num espectro menor, como a dimensão 
ética de uma profissão, ou seja, como a moral direcionada a um comportamento 
profissional do agente humano na comunidade social (DIAS, 2014), conforme explicitado 
na figura a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como podemos ver, os conceitos relacionam-se diretamente. No caso do último, 
especifica-se na aplicação da ética e da moral ao exercício da profissão, surgindo, 
portanto, os códigos de conduta das profissões (DIAS, 2014). 
 
 
 
 
 
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Para facilitara compreensão deste 
conceito, observe o que fora previsto para 
Código De Ética e Disciplina Dos 
Profissionais De Administração. Diante 
do que vimos até aqui, podemos então 
pensar e definir o que é um código de ética 
e a sua importância. Criado para definir 
obrigações e deveres de uma classe 
profissional, se caracteriza pela 
homogeneidade do trabalho executado, 
pela natureza do conhecimento exigido 
preferencialmente para tal execução e pela 
identidade de habilitação para o exercício 
da mesma (DIAS, 2014) 
 
Texto complementar 
 
Para saber mais, consulte, o Código de Ética dos Profissionais de Administração 
(CEPA), criado como instrumento que regula os deveres do profissional de 
Administração para com a comunidade, o cliente e o outro profissional. Disponível em: 
https://documentos.cfa.org.br/arquivos/resolucao_537_2018_665.pdf 
 
Até o próximo tópico! 
 
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 Ética, responsabilidade social e sustentabilidade 
 
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