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Objetivos 1. Revisar a anatomia e a histologia do intestino grosso. 2. Identificar a etiologia e os fatores de risco da polipose familiar. 3. Entender a fisiopatologia dos pólipos e sua influencia nas neoplasias malignas. 4. Relatar as manifestações clinicas e as complicações das PF 5. Compreender os critérios diagnósticos e as condutas clinicas terapêuticas dos pólipos familiares. Anatomia Figura 1. Anatomia do Intestino Grosso. Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. O intestino grosso consiste nas seguintes partes: Þ Ceco e cólon ascendente (direito); Þ Cólon transverso; Þ Cólon descendente (esquerdo); Þ O cólon sigmoide (que é conectado ao reto). O ceco, que se localiza no início do cólon ascendente, é o ponto no qual o intestino delgado se une ao intestino grosso. Projetando-se a partir do ceco está o apêndice, que é um pequeno tubo em forma de dedo que não tem nenhuma função conhecida. O intestino grosso secreta muco e é, em grande parte, responsável pela absorção da água das fezes. O conteúdo intestinal está na forma líquida quando chega ao intestino grosso, mas normalmente está na forma sólida no momento em que chega ao reto na forma de fezes. As muitas bactérias que habitam o intestino grosso podem digerir ainda mais algum material, criando gases. As bactérias no intestino grosso também produzem algumas substâncias importantes como, por exemplo, a vitamina K, que desempenha um papel importante na coagulação do sangue. Essas bactérias são necessárias para o funcionamento intestinal saudável e algumas doenças e antibióticos podem perturbar o equilíbrio entre os diferentes tipos de bactérias no intestino grosso Histologia Þ Camada mucosa não tem pregas – exceto em sua porção distal (reto) – nem vilosidades. Possui criptas com abundância de células caliciformes e pequeno número de células enteroendócrinas. As células absortivas são colunares e contêm microvilosidades curtas e irregulares. Suas funções são: absorção de água, fermentação, formação da massa fecal e produção de muco ↪ a absorção de água é passiva, seguindo o transporte ativo de Na+ pela superfície basal das células epiteliais. Þ Lâmina própria é rica em células linfoides e em nódulos (GALT). Essa riqueza em tecido linfoide está relacionada com a população bacteriana abundante no intestino grosso Þ Camada muscular é constituída pelas camadas circular e longitudinal. Fibras da camada longitudinal externa se unem para formar 3 Poliposes familiares bandas longitudinais espessas denominadas tênias do colo. Þ Camada serosa é caracterizada por protuberâncias pequenas pedunculadas formadas por tecido adiposo → os apêndices epiploicos / omentais. Na região anal, a camada mucosa forma uma série de dobras longitudinais → as colunas retais A mucosa intestinal é substituída por epitélio pavimentoso estratificado a 2cm da abertura. Nessa região, a lâmina própria contém um plexo de veias grandes que, quando excessivamente dilatadas e varicosas, provocam hemorroidas Renovação celular As células epiteliais de todo o trato gastrointestinal são constantemente descamadas e repostas por novas células por meio da divisão de células-tronco. Localizadas na camada basal do epitélio esofágico, istmo e colo das glândulas gástricas e porção inferior das criptas do intestino delgado e do intestino grosso A partir do compartimento proliferativo em cada órgão, as células migram ara a zona de diferenciação. Sofrem maturação estrutural e enzimática, provendo uma população celular funcional para cada região Apêndice É um divertículo do ceco Caracterizado por um lúmen relativamente irregular, pequeno e estreito devido a abundantes nódulos linfoides em sua parede. Contém menos glândulas intestinais, sendo estas menores. Não contém tênias do colo. Por ter fundo cego, o conteúdo do apêndice não é renovado rapidamente, tornando- o frequentemente um local de inflamação (apendicite) Órgão vestigial na porção ileocecal. Pólipos colônicos Os Pólipos colônicos são relativamente frequentes na população geral e sua prevalência aumenta com a idade. Habitualmente, os pólipos são assintomáticos. A maioria deles é encontrada em exames de colonoscopia realizados para rastreamento neoplásico. Sempre que um pólipo for visto em uma colonoscopia de rastreamento, é fundamental realizar sua exérese endoscópica para que seja avaliado do ponto de vista histopatológico. Sintomas, quando ocorrem, estão relacionados à ocorrência de sangramento. Pode haver hematoquezia ou enterorragia. Em alguns casos, pode haver anemia ferropriva devido ao sangramento crônico. Eventualmente, alguns pacientes referem diarreia ou constipação, devido à presença mecânica do pólipo, com redução do calibre das fezes. Definição Um pólipo é uma projeção de um crescimento de tecido a partir da parede de um espaço vazio, como o intestino. Alguns pólipos são causados por fatores hereditários. O sintoma mais frequente é sangramento retal. Alguns pólipos se tornam cancerosos. Os pólipos variam consideravelmente de dimensão, e quanto maiores, maiores os riscos de serem ou de se tornarem cancerosos (ou seja, são pré-malignos). Os pólipos podem ser classificados em pólipos adenomatosos ou não adenomatosos: Þ Os pólipos adenomatosos são constituídos principalmente por células do epitélio glandular interno do intestino grosso e são provavelmente pré-cancerosos. Þ Os pólipos não adenomatosos podem se desenvolver a partir de muitos tipos de células, incluindo as células não glandulares que revestem o intestino, células adiposas e células musculares. São menos prováveis de serem pré- cancerosos. Etiologia A sua etiologia ainda não é nem compreendida, porém possui relação com os seguintes fatores: Þ Asma: tríade de Samter – sensibilidade a aspirina, asma e pólipos. Þ Sensibilidade a aspirina (36% - 96%) Þ Sinusite alérgica fúngica (80%) Þ Síndrome de Churg – Strauss: asma severa, polipose nasal, eosinofilia, vasculite eosinofílica com granulomas. Þ Genética: associação com fibrose cística (50%) Þ História familiar (15 a 52%) Þ Fatores ambientais: cigarro Fatores de risco Þ Neoplásicos (adenomatosos): Idade avançada, História familiar de câncer colorretal, Sexo masculino, Obesidade, Consumo excessivo de gorduras e carnes vermelhas, Baixo consumo de vegetais e frutas, Tabagismo, Sedentarismo. Þ Hiperplásicos: Semelhantes aos neoplásicos. Þ Inflamatórios: Doença inflamatória intestinal. Þ Hamartomatosos: Algumas poliposes familiares (ex.: síndrome de Peutz Jeghers; síndrome de polipose juvenil; síndrome de Cronkhite-Canada). Tipos de pólipos Þ Pseudopólipos inflamatórios: Áreas de mucosa normal entremeadas por áreas de inflamação intensa, processo ulcerativo/regenerativo da mucosa colônica. Geralmente, são múltiplos, menores que 2 cm, sésseis ou pedunculados. Não tem risco de transformação maligna e surgem nas doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn). Þ Pólipos Hamartomatosos: São decorrentes de defeitos do desenvolvimento e constituídos por tecido do próprio local, porém com diferenciação aberrante. Podem ser hereditários ou não e sofrer transformação maligna. Pólipos serrilhados são classificados em 3 subtipos principais: 1. Pólipo hiperplásico: Subtipo mais comum. São diminutos (5 mm) e localizados no cólon distal e reto. Mais prevalente em homens. São considerados pólipos benignos, com muito baixo risco de malignização. 2. Adenoma serrilhado séssil: Mais frequente em mulheres, aos 60 anos. Localizam-se, preferencialmente, no cólon proximal e são geralmente planos. Apresentam potencial para transformação maligna e displasia. 3. Adenoma serrilhado tradicional: Mais raro (menos de 1% dos pólipos colorretais). Localizam- se distalmente, são mais volumosos e tendem a ser pediculados ousésseis. Mais comuns aos 60 anos, sem distinção de sexo. Apresenta potencial para transformação maligna. Pólipos adenomatosos, os adenomas são classificados histologicamente conforme a participação do componente tubular e viloso na sua constituição, e também conforme o seu grau de displasia, que pode ser de baixo ou alto grau. 1. Tubular: Tipo mais comum de adenoma colônico. Predominam largamente glândulas tubulares (>75%). 2. Túbulo-viloso: Correspondem a 5 a 15% dos adenomas colônicos. Apresentam entre 25-75% de componente viloso. 3. Viloso: Correspondem a 5 a 15% dos adenomas colônicos. Apresentam mais de 75% de componente viloso e maior risco de malignização. Polipose Familiar A polipose adenomatosa familiar (PAF) é uma síndrome autossômica dominante de predisposição ao desenvolvimento de câncer de cólon. Ela é causada por mutações na linhagem germinativa do gene supressor de tumor da polipose adenomatosa do cólon (APC), localizado no cromossomo 5. Os indivíduos afetados desenvolvem centenas a milhares adenomas no cólon e, em cada um deles, o alelo APC herdado foi inativado devido a uma mutação somática. Pacientes sem história familiar, provavelmente, sofreram mutação espontânea. Essa inativação ocorre geralmente por meio de uma alteração cromossômica maior, resultando em perda de todo o braço longo do cromossomo 5 ou de uma grande parte dele, onde reside o gene APC. Em outros casos, o alelo remanescente é inativado por meio de uma pequena mutação intragênica do APC, que apresenta uma única substituição de base, resultando em códon nonsense. As perdas cromossômicas significativas ocorrem com mais frequência do que as mutações de ponto nas células normais. Ocorre formação de milhares de adenomas em pacientes com PAF, e um pequeno subgrupo das bilhões de células no interior desses tumores adquirirá uma segunda mutação, resultando em sua progressão, isto é, no desenvolvimento de um adenoma maior. Uma terceira mutação nesse adenoma maior pode convertê-lo em carcinoma. Sem tratamento (por colectomia), pelo menos um dos adenomas progredirá para câncer quando o paciente tiver aproximadamente 40 anos de idade. O APC pode ser considerado como guardião da tumorigênese do cólon, sendo que, na ausência de mutação desse guardião (ou de atuação de um gene pertencente à mesma via), simplesmente não pode haver formação de tumor colorretal. A proteína APC (reguladora negativa de uma via de sinalização que determina o destino celular) fornece sinais de diferenciação e de apoptose às células epiteliais do cólon, à medida que migram nas criptas. Alterações nesse processo podem levar ao acúmulo anormal de células que, de outro modo, iriam se diferenciar e finalmente sofrer apoptose. Etiologia Þ Síndrome autossômica dominante Þ Formação de pólipos adenomatosos colorretais Þ Pólipos se desenvolvem no inicio da adolescência (15 anos) Þ 100% de risco de CA colorretal em 40 anos – se não tratado Þ Mutação do gene supressor de tumor -> gene APC, no cromossomo 5 Epidemiologia A PAF é caracterizada pelo desenvolvimento de centenas ou milhares de adenomas no reto e no cólon, sobretudo durante a segunda década de vida. A polipose adenomatosa familiar (FAP) tem uma prevalência estimada de 1 em 8.000 a 1 em 18.000 e é responsável por menos de 1% de todos os cânceres colorretais nos Estados Unidos. Ela afeta igualmente ambos os sexos e tem distribuição mundial. Þ É a 2ª síndrome de CA colorretal hereditário mais comum Þ 10 – 30% não tem mutação detectável no gene APC -> não descarta o acompanhamento dos outros familiares Þ 30% apresentam uma mutação nova, sem história familiar Þ > 70% tem manifestações extraintestinais Þ Duodeno é o segundo local mais comum de surgir pólipos (30 – 70%) e podem evoluir para carcinoma Fisiopatologia Doença causada pela mutação germinativa do gene APC (Adenomatous Polyposis Coli), que é responsável por supressão tumoral. Como sofre mutação germinativa, os pacientes perdem esse mecanismo protetor e passam a desenvolver tumores gastrointestinais e extraintestinais. A PAF se deve a um defeito na mucosa colônica que leva a um padrão proliferativo anormal e à deficiência dos mecanismos de reparo de DNA. O APC é um regulador negativo fundamental da βcatenina, que normalmente se liga à β-catenina e promove a sua degradação. Com a perda da função da APC, a β- catenina se acumula e transloca-se para o núcleo, onde ela forma um complexo com o fator TCF de ligação de DNA e ativa a transcrição de genes, incluindo a MYC e a ciclina D1, que promovem a proliferação migração, apoptose e progressão da célula. A perda do material genético (perda alélica do gene APC) resulta em ausência dos genes supressores de tumor, cujos produtos proteicos, em condições normais, inibiriam o crescimento neoplásico. A presença de polipose adenomatosa colônica associada a tumores dos tecidos moles e dos ossos, hipertrofia congênita do epitélio pigmentar retiniano, tumores desmoides no mesentério e neoplasias ampulares caracterizam um subconjunto das poliposes colônicas denominado síndrome de Gardner. O surgimento de tumores malignos do sistema nervoso central associados à polipose adenomatosa colônica define a síndrome de Turcot. Em todas essas doenças, os pólipos colônicos são raros antes da puberdade, mas, aos 25 anos já estão presentes nos indivíduos acometidos. O desenvolvimento de centenas de pólipos adenomatosos em idade muito jovem propicia que haja uma progressão para adenocarcinoma em 100% dos casos, geralmente ainda antes dos 30 anos. Além do intestino grosso, os pólipos da FAP podem acometer o intestino delgado e o estomago (pólipos gástricos). Um pólipo do cólon se refere a uma protuberância no lúmen acima da mucosa colônica circundante. Eles podem ser não neoplásicos (hiperplásico, hamartomatoso, inflamatório e linfoide) ou neoplásico (adenomas com displasia epitelial – lesão precursora de câncer colorretal). Assim, os pólipos podem ser neoplasias benignas ou pré-malignas do intestino grosso. Os pólipos adenomatosos (neoplásicos) se dividem em tubulares (90%), vilosos (1%) e misto/túbulovilosos (5-10%), sendo todos provenientes de displasias epiteliais e, portanto, precursores de adenocarcinomas colorretais. Os pólipos que oferecem maiores risco de malignidade são os com maiores de 1,5cm, os sésseis/planos, aqueles com displasia de alto graus, os vilosos e os que são acompanhados de múltiplos pólipos. Macroscopicamente existem 2 tipos de pólipos: pólipo séssil/plano (base larga com grande contato com a parede colônica) e o pólipo pediculado (cria um pedículo vascular com fibras musculares que une ele à parede colônica). Ambos precisam ser removidos, pois não se sabe qual vira maligno. O pediculado é mais fácil de remover e, portanto, oferece menor malignidade. Quadro clínico Þ Os pólipos normalmente (95% dos casos) são assintomáticos. Quando há sintomas, normalmente eles estão associados à perda de sangue. Assim, quando maiores, os pólipos podem sofrer micro lesões que podem produzir sangramento vivo/macroscópico nas fezes (hematoquezia) ou sangramento oculto. Þ Ademais, deve-se suspeitar da doença quando há anemia com características ferropriva em adultos, uma vez que essa anemia está relacionada principalmente à perda crônica de sangue, provavelmente causa por neoplasia no TGI. Þ Um pólipo grande pode causar cólicas, dores abdominais, obstrução ou intussuscepção (um segmento do intestino desliza para o interior de outro segmento, como partes de um telescópio). Os pólipos grandes com projeções minúsculas em forma de dedos que podem apenas ser vistas por microscópio (chamado adenomas vilosos) podem secretar água e sais, provocando diarreia líquida excessiva que pode resultar em uma queda da concentração de potássio no sangue (hipocalemia). Por vezes, umpólipo retal com um talo grande pode deslizar pelo intestino e aparecer no ânus. Þ Cistos sebáceos ou epidermoides, lipomas, osteomas, fibromas, anormalidades dentárias (por exemplo, dentes retidos, anquiloses dentais, hipodontia ou dentes supranumerários), angiofibromas nasofaríngeos juvenis e adenomas adrenais também foram associados com FAP. A hipertrofia congênita do epitélio pigmentar da retina (CHRPE) também é uma característica da doença em algumas famílias. No exame com lâmpada de fenda, o CHRPE pode ser visto como lesões discretas, de pigmentação escura, redondas, ovais ou em formato de rim. A presença de lesões bilaterais ou múltiplas (mais de quatro) é específica (94 a 100 por cento), mas apenas moderadamente sensível (58 a 84 por cento) para FAP. Þ Além da PAF/FAP, os pólipos de causa hereditária podem ser devido à síndrome de polipose associada ao MUTYH e à síndrome de Peutz- Jeghers. Nessa última, além dos inúmeros pólipos no estômago, no intestino delgado e no intestino grosso, os pacientes apresentam também inúmeros pontos negro-azulados na face, no interior da boca e nas mãos e nos pés. Þ Síndrome de Turcot: - Polipose colorretal - Tumores do SNC (meduloblastoma - células embrionárias). Þ Síndrome de Gardner: - Polipose colorretal e duodenal - Hipertrofia congênita do epitélio pigmentar da retina (CHRPE) - Osteomas (mandíbula e crânio) - Carcinoma da Tireoide - Hepatoblastoma - Tumores de partes moles (fibromas, cistos epidermoides, lipomas, angiofibromas - Dentes supranumerários. Exame físico Þ Tumores desmoides -› benignos (10 a 15%) › principalmente na cavidade abdominal Þ Pólipos gástricos/duodenais (90%) › geralmente não progride para adenocarcinoma Þ Hepatoblastoma -› baixa incidência: Þ Carcinoma de tireoide -› 2% Tipos de PAF Þ Clássica: Caracterizada pela presença de mais de 100 pólipos adenomatosos. Geralmente tem início mais precoce, entre a 2ª e 3ª década de vida (média 16 anos). A neoplasia colorretal ocorrerá em praticamente 100% dos pacientes se não tratados, geralmente entre 40-50 anos. Aproximadamente 40% dos pacientes apresentam tumores sincrônicos e 80% em cólon esquerdo. Þ Atenuada: Forma mais branda de PAF (diagnostico tardio), com menor número de pólipos colorretais (menos de 100, média de 30) e menor risco de transformação maligna (70%). Existe uma predileção para aparecimento mais proximal dos pólipos. Neoplasias no cólon e reto poupado das lesões, na maioria dos casos. Þ Associada ao MYH: é autossômico recessivo e causado por defeitos no gene MUTYH do cromossomo. Risco ligeiramente aumentado de desenvolver câncer colorretal e pólipos/adenomas, tanto na parte superior como inferior do trato gastrointestinal. Diagnostico Realizam-se testes genéticos para polipose associada a FAP e MUTYH (MAP) em indivíduos com 10 adenomas ou mais devido à sobreposição de características clínicas entre FAP e MAP. O teste de painel multi gênico mais amplo agora é uma opção, e esses painéis normalmente incluem outros genes associados à polipose (DNA polimerase ε [PÓLO] e δ [POLD1] e homólogo de Gremlin 1 [GREM1]). O aconselhamento genético deve ser oferecido antes do teste genético. Uma revisão meticulosa da história médica pessoal e familiar, incluindo a verificação da histologia adenomatosa, é crítica. A idade razoável para iniciar a avaliação genética para mutação APC em menores é de 10 a 12 anos, antes do início da colonoscopia de triagem. O teste precoce pode ser considerado em famílias de pacientes com tumores de início precoce, incluindo hepatoblastoma infantil. O teste genético pré-natal e o diagnóstico genético pré-implantação (PGD) especificamente devem ser discutidos como opções em pacientes com PAF em idade reprodutiva. Os descendentes de pacientes com polipose adenomatosa colônica, em geral pré-púberes quando o diagnóstico é feito no progenitor, apresentam 50% de chance de desenvolver essa doença pré-maligna, devendo ser cuidadosamente avaliados com sigmoidoscopia flexível anual até os 35 anos. A proctossigmoidoscopia/colonoscopia é suficiente para o rastreamento, pois a distribuição dos pólipos tende a ser uniforme do ceco ao ânus, o que torna supérfluo o uso de técnicas mais caras e invasivas, como a colonoscopia ou o enema opaco. A pesquisa de sangue oculto nas fezes é inadequada para a triagem (classificação da situação do paciente), mas é importante para rastreamento. Se for identificada uma mutação do APC de linhagem germinativa causadora em um membro afetado da família, um método alternativo para a identificação de portadores consiste em testar o DNA em células mononucleares do sangue periférico para a presença da mutação específica do APC. A detecção dessa de linhagem germinativa pode levar a um diagnóstico definitivo antes do desenvolvimento de pólipos. Uma vez detectados os pólipos múltiplos, os pacientes devem ser submetidos à colectomia total (ressecção cirúrgica de todo o cólon). Tratamento O tratamento clínico com medicamentos anti- inflamatórios não esteroides (AINEs), como sulindaco, e com inibidores seletivos da cicloxigenase 2, como celecoxibe, pode diminuir o número e o tamanho dos pólipos. Entretanto, esse efeito é apenas temporário, e a utilização de AINEs não reduz o risco de câncer. Assim, a colectomia continua sendo o principal tratamento/prevenção. Prognóstico Þ Pacientes não tratados morrem com 40 anos Þ Causa mais comum de morte - Tumores dismoides: invasivos -> podem causar obstrução e bloqueio de vasos e nervos - CA no TGI: adenocarcinoma do duodeno e papila de Vater Imagens Figura 2. Microscopia de um dos pólipos excisado durante a colonoscopia da paciente 1. Em menor aumento, pólipo juvenil característico com numerosas glândulas cisticamente dilatadas. Em maior aumento, displasia do epitélio glandular com núcleos hipercrômicos dispostos em paliçada e figuras de mitose. Figura 3. Colonoscopia da paciente 1 mostrando múltiplos pólipos sésseis e pediculados no ceco. Figura 4. Peça operatória de coloprotectomia: Aspeto macroscópico da mucosa cólica. Figura 5. Ecografia mostra pólipos da vesícula biliar. Figura 6. Colangiorressonância mostra pólipos da vesícula e dilatação da VBP. Referências Carr S, Kasi A. Familial Adenomatous Polyposis. [Updated 2020 Nov 24]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; Syngal, Sapna MD, MPH, FACG1,2,3; Brand, Randall E MD, FACG4; Church, James M MD, FACG5,6,7; Giardiello, Francis M MD8; Hampel, Heather L MS, CGC9; Burt, Randall W MD, FACG10 ACG Clinical Guideline: Genetic Testing and Management of Hereditary Gastrointestinal Cancer Syndromes, American Journal of Gastroenterology: February 2015 - Volume 110 - Issue 2 - p 223-262. NASCIMENTO, Gustavo Dias. POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR: Revisão Bibliográfica. 2016. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo - Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016. NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
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