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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Obesidade na Pediatria Definição É uma doença crônica de excesso de gordura corporal. De modo em que há um desequilíbrio entre o ganho de energia e gasto de energia. A obesidade é definida pelo IMC, o qual é classificado de acordo com Z-escore ou percentil. - Para crianças de 0-5 anos: Risco para sobrepeso: +1 +2; Sobrepeso: +2 +3 Obesidade: > +3 - Para crianças 5-19 anos: Sobrepeso: +1 +2; Obesidade: +2+3; Obesidade grave: > +3 Epidemiologia No Brasil é uma doença em que 1 a cada 3 crianças entre 5-9 anos estão acima do peso. Na faixa de 10-19 anos o sexo masculino é mais acometido. Importante salientar que a obesidade é fator de risco para DM2 e doenças cardiovasculares. Etiologia Obesidade exógena x endógena: - Exógena: corresponde a cerca 95% dos casos, sendo uma condição multifatorial: genética, ambiental e comportamental. Os principais fatores de risco para obesidade exógena são: Excesso de ganho de peso na gestação: gera acúmulo de gordura; Baixo ganho de peso na gestação: gera uma criança poupadora de energia; Obesidade na família; Desmame precoce; Sedentarismo; Hábitos alimentares inadequados. - Endógena: corresponde a cerca 5% dos casos, sendo decorrente de síndromes genéticas, causas endócrinas e uso de medicamentos. É comum a associação de obesidade endógena e baixa estatura, retardo mental, atraso no desenvolvimento e dismorfismos. Causas genéticas: Síndrome de Alstrom: Síndrome de Bardet- Biedl; Síndrome de Prader-Willi: a criança apresenta hipotonia que dificulta a sucção, desenvolvendo posteriormente Hiperfagia, ganho de peso, atraso no desenvolvimento psicomotor, retardo mental, baixa estatura e distúrbios comportamentais. Causas endócrinas: Síndrome de Cushing: além da obesidade centrípeta, encontramos estrias, gibosidade, atraso da idade óssea, hipertensão e excesso de cortisol. Hipotireoidismo; Deficiência de GH. Fisiopatologia Para entender a fisiopatologia, precisamos entender que o tecido adiposo é um órgão secretório ativo de ácidos graxos livres, adipocitocinas, a leptina principalmente (reduz o apetite, tendo uma resistência da sua ação nos obesos), e de citocinas inflamatórias, o qual gera um estado pró- inflamatório. Na obesidade também encontramos uma redução da adiponectina, a qual é uma citocina anti- inflamatória e é inversamente proporcional ao IMC e associada à sensibilidade a insulina. O local de acúmulo da gordura é um ponto importante, desse modo o acúmulo de gordura visceral pode gerar: - Resistência insulínica; - Esteatose hepática; - SOP; - Apneia do sono; - DM2; - Hiperandrogenismo: uma vez que o tecido adiposo é o local de metabolismo dos hormônios sexuais; - Dislipidemia e DCV. Diagnóstico Diagnóstico clínico: O diagnóstico clínico pode ser feito através da história clínica, avaliação da alimentação e exame físico. - Exame físico: Avaliar peso, altura e IMC; Avaliar as pregas cutâneas; Avaliar a circunferência abdominal: Medida entre no ponto médio entre a última costela fixa e a crista ilíaca. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Fazer o Estadiamento puberal (Tanner): relacionado ao hiperandrogenismo e pubarca precoce; Aferir a PA. Investigação laboratorial: - Perfil lipídico: triglicerídeos, colesterol total e frações; - Perfil glicêmico: GJ, hemoglobina glicada, glicemia ocasional ou TTGO; - TGP: a fim de avaliar esteatose hepática. Comorbidades: - Dermatológicas: Acantose Nigricans: lesões hipercrômicas em dobras, indicando resistência insulínica; Estrias e Celulite; Acne; Hirsutismo; Furunculose. - Ortopédicas: uma vez que ocorre uma modificação do eixo de equilíbrio, gerando uma hiperlordose lombar, protrusão anterior da pelve. Joelho valgo e Pé plano; Epifisiólise de cabeça de fêmur; Osteocondrite. - SNC: Pseudotumor cerebral; Problemas psicossociais. - Gastrointestinais: Refluxo gastroesofágico: devido aumento da pressão intra-abdominal.; Constipação intestinal: devido a uma dieta inadequada. - Genitourinários: SOP; Pubarca precoce; Incontinência urinária. - Cardiovasculares: HAS. - Respiratórias: Síndrome da apneia obstrutiva do sono. - Hepáticos: Colelitíase; Esteatose hepática: em geral é assintomática, podendo alguns pacientes relatar cólica, dor em quadrante superior direito. No exame físico encontramos hepatomegalia. Diagnóstico: TGO/TGP <1 ou TGP > 40 confirmando com USG de abdome (aumento da ecogenicidade do parênquima hepático). Com o diagnóstico devemos dosar transaminases a cada 3 meses e USG a cada 6 meses. Tratamento Os principais objetivos do tratamento da obesidade dependem da idade, da existência de comorbidades e se o paciente está com sobrepeso ou obesidade. - Pacientes obesos: < 7 anos: medidas para manter peso; > 7 anos + comorbidades: medidas para redução do peso. - Pacientes com sobrepeso: Ausência de comorbidades: medidas para manter o peso; Presença de comorbidades: + < 7 anos: medidas de manutenção do peso; +> 7 anos: medidas para perder peso. Tratamento conversador: É feito por pelo menos 6 meses e utiliza-se as seguintes medidas: - Abordagem dietética: a curto e a longo prazo e Modificação do estilo de vida; reduzir quantidade das refeições, lanches, comer em frente a TV; - Ajustes na dinâmica familiar e apoio psicossocial; - Incentivo a prática de atividade física; Tratamento medicamentoso: O tratamento medicamentoso na pediatria é de exceção. Nesse sentido, podemos utilizar: - Metformina: em casos de resistência insulínica; - Orlistat: medicamento que reduz a absorção de 30% da gordura ingerida na dieta não é liberado para crianças no Brasil; - Sibutramina: é um remédio saciatória e no Brasil também não é liberado para criança.
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