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1 VITÓRIA TRINDADE Conduta no Diabetes Mellitus tipo 2 RASTREAMENTO Sugere-se rastreamento de DM2 em indivíduos com < 45 anos e que apresente sobrepeso ou obesidade, associado mais um fator de risco para DM dentre os seguintes: • Pré-diabetes; • História familiar de DM (parente de primeiro grau); • Raça/etnia de alto risco para DM (negros, hispânicos ou índios Pima); • Mulheres com diagnostico prévio de DMG; • História de doença cardiovascular; • Hipertensão arterial; • HDL-c < 35 mg/dL e/ou triglicérides > 250 mg/dL; • Síndrome de ovários policísticos; • Sedentarismo; • Acantose nigricans. Em indivíduos com ausência desses fatores, o rastreamento deve-se iniciar a partir dos 45 anos. Em indivíduos com pré-diabetes, o rastreamento desse ser feito anualmente. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Atualmente são utilizados para o diagnóstico de DM2: 1) Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl. 2) Hemoglobina glicada (HbA1) ≥ 6,5. 3) Glicemia casual ≥ 200 mg/dl + sintomas de hiperglicemia (poliúria, polidipsia e perda ponderal). 4) Glicemia de 2h pós sobrecarga de 75g de glicose (TOTG) ≥ 200mg/dl. OBSERVAÇÃO 1 O TOTG é um exame que determina a capacidade que um indivíduo tem de manter a homeostase da glicose sanguínea após uma sobrecarga de glicose; É útil na investigação do DM gestacional e possui alta sensibilidade para rastreio diagnóstico do DM tipo 2, porém deve ser indicado, preferencialmente, para diagnóstico de DM em pacientes pré-diabéticos e/ou com fatores de riscos associados. Logo, TOTG não faz parte dos exames de rastreio do DM tipo 2. Ele deve ser solicitado caso um dos anteriores indique estado de pré-diabetes ou risco aumentado de DM. INDICAÇÕES DO TOTG: • Glicemia de jejum > 100 e < 126 – pré-diabetes; • Glicemia plasmática < 100 na presença de 2 ou mais fatores de risco para DM, em indivíduos com > 45 anos. • Não deve ser realizado com glicemia >126 – diabetes estabelecido. COMO É REALIZADO: O exame é feito com o objetivo de verificar como o organismo reage frente a elevadas concentrações de glicose. Para isso, a primeira coleta de sangue deve ser feita com o paciente em jejum de pelo menos 8 horas. Após a primeira coleta, o paciente deve beber um líquido açucarado que contém cerca de 75 g de glicose. 2 VITÓRIA TRINDADE Após o consumo do líquido são feitas algumas coletas. Normalmente são realizadas 3 coletas de sangue até que sejam completados 2 horas da ingestão da bebida: • 1° coleta em jejum; • 2° coleta após 60 minutos da ingesta líquida; • 3° coleta após 120 minutos. OBSEVAÇÃO 2 A HbA1c reflete o histórico da glicemia de 120 dias, aproximadamente (3 a 4 meses), e os valores se mantêm estáveis após a coleta, servindo para analisar o controle do diabetes. OBSERVAÇÃO 3 – DIAGNÓSTICO DEFINITIVO • Pela diretriz atual de diabetes, a confirmação requer a repetição do exame alterado (normalmente, a glicemia de jejum). Esse mesmo exame alterado em segunda amostra, na ausência de sintomas fecha diagnóstico de DM 2. • No entanto, naqueles pacientes que apresentarem sintomas de hiperglicemia, deve ser realizada a dosagem de glicemia ao acaso, não havendo necessidade de repetir caso, na glicemia aleatória, dê > 200 mg/dL. • Caso dois testes diferentes tenham sido solicitados ao mesmo tempo e ambos sejam concordantes para o diagnóstico de DM, nenhum exame adicional é necessário (ex. glicemia de jejum + HbA1c) • Por outro lado, se esses dois testes forem discordantes, o que estiver alterado deverá ser repetido para confirmação ou não diagnóstico. ACOMPANHAMENTO • Glicemia em jejum e hemoglobina glicada – 2x ao ano. • ANUALMENTE: o Colesterol total e em frações; o Creatinina; o Fundoscopia; o Avaliação dos pés com monofilamento; o Dosagem de vitamina B12. TESTE DO MONOFILAMENTO O teste do monofilamento de Semmes-Weinstein é um método simples, fácil de utilizar e de boa reprodutibilidade. Através desse teste avalia-se a sensibilidade protetora plantar por meio de um dispositivo, no intuito de identificar o paciente em risco para ulceração no pé. O teste consiste na inspeção de dez pontos específicos nos pés com um filamento de nylon, visando determinar a presença ou ausência de sensibilidade tátil. A incapacidade de sentir a pressão ao se curvar suavemente o monofilamento, quando observado em quatro dos dez pontos do pé avaliados é compatível com neuropatia sensorial. Veja:https://www.youtube.com/watch?v=oJH_1FWZ9JU&ab_ch annel=SapsSecretariadeAten%C3%A7%C3%A3oPrim%C3%A1ri a%C3%A0Sa%C3%BAde 3 VITÓRIA TRINDADE COMPLICAÇÕES LESÕES MACROVASCULARES: • Doença cerebral; • Doença coronariana; • Doença arterial oclusiva periférica; LESÕES MICROVASCULARES: • Neuropatia diabética; • Retinopatia diabética; • Nefropatia diabética. TRATAMENTO • O tratamento possui metas glicêmicas como objetivo e varia de acordo com a resposta de cada paciente individualmente. • Pacientes idosos devem ser particularizados, pois as metas glicêmicas não devem ser muito rigorosas. METAS GLICÊMICAS DO ADULTO: • Glicemia capilar pré-prandial: 80-100 mg/dl • Glicemia capilar pós-prandial: < 160 mg/dl • Glicemia de jejum: < 130 mg/dl • HbA1c: < 7,0% • As glicemias pré e pós-prandial são utilizadas para orientar o ajuste de dose da medicação empregada, uma vez que apontam os momentos no decorrer do dia em que ocorre falta ou excesso de sua ação. • A HbA1c é o parâmetro utilizado para avaliar o controle glicêmico em médio e em longo prazos, pois mostraram que seu controle mais estrito pode prevenir complicações crônicas e mortalidade. MODIFICAÇÕES DO ESTILO DE VIDA Acompanhamento Nutricional: • Adequação da dieta é fundamental para o controle glicêmico, sendo individualizada para cada paciente. • Varia de acordo com a idade e gasto enérgico. • Reduzir a ingesta calórica (carboidratos) → 15% de proteínas; 25% de gorduras e 60% de carboidratos. • Trocar açúcar por adoçante, evitar bebidas adoçadas. Atividade Física: • Ajuda no controle da obesidade e aumenta a sensibilidade à insulina em pacientes com DM 2. Álcool: • Aumenta o risco de hipoglicemia para os pacientes que fazem insulinoterapia e aumenta o risco de hiperglicemia devido ao alto teor de glicose em certas bebidas. ANTIDIABÉTICOS ORAIS LEMBRETE - DM TIPO 2: Primeiro momento: hiperinsulinemia e hiperglicemia; Segundo momento: hipoinsulinemia e hiperglicemia. Os antidiabéticos orais são classificados em quatro categorias: • Os que aumentam a secreção de insulina (hipoglicemiantes); • Os que não aumentam a secreção de insulina (anti- hiperglicemiantes); • Os que aumentam a secreção de insulina de maneira dependente da glicose e promovem a supressão do glucagon; • Os que promovem glicosúria (sem relação com a secreção de insulina). 4 VITÓRIA TRINDADE CONDUTA MEDICAMENTOSA: PRÉ-DIABÉTICO Indicação inicial: MEV (modificações do estilo de vida); MEV + metformina: situações de alto risco. • Idade ≥ 60 anos; • IMC ≥ 35kg/m²; • Passado de DM Gestacional; • HbA1c piorando mesmo com a MEV. DIABÉTICO MANIFESTAÇÕES LEVES Glicemia < 200 mg/dl + sintomas leves ou ausentes. Monoterapia: metformina. • Contraindicação: IRA, DRC, insuficiência hepática e alcoolismo. Recomenda-se iniciar metformina em doses baixas (500 mg ou 1/2 comprimido de 850 mg), única ou duas vezes ao dia, durante ou após as refeições (café da manhã e/ou jantar) para prevenir sintomas gastrointestinais. Após 5 a 7 dias, caso não surjam efeitos adversos, a dose poderá ser aumentada para 850 mg a 1.000 mg ao dia. Na presença de efeitos gastrointestinais, a dose poderá ser diminuída e, em outro momento, uma nova tentativa de aumentá-la poderáser feita. MANIFESTAÇÕES MODERADAS Glicemia 200 – 300 mg/dl, sem manifestações graves. Terapia dupla: metformina + sulfonilureias. Terapia tripla: metformina + sulfoniureias + antidiabético oral ou insulina. MANIFESTAÇÕES GRAVES Glicemia > 300 mg/dl + manifestações graves (perda de peso importante, cetonuria, poliúria, polidpsia). Indicação: insulinoterapia. INSULINOTERAPIA • No DM2, a utilização de insulina é menos frequente e mais tardia do que deveria. • Ocorrendo principalmente pelo declínio progressivo da célula beta-pancreática. QUANDO INICIAR A INSULINA? • HbA1c > 7%, apesar do uso de doses máximas de 2 ou 3 drogas orais por alguns meses; ou • Sintomas intensos de hiperglicemia; ou • Níveis glicêmicos muito elevados: glicemia > 300 ou HbA1c > 10%; ou • Evidencias de catabolismo, como perda de peso ou cetose. 5 VITÓRIA TRINDADE INSULINA BASAL X BOLUS • O pâncreas do indivíduo não diabético secreta insulina de duas maneiras: o Basal: secreção constante, em níveis baixos, visa manter a captação celular de glicose. o Bolus: liberada em momentos de maior necessidade, com as refeições. • A terapia de reposição de insulina deve imitar a secreção fisiológica de insulina. TIPOS DE INSULINA Insulina Basal: • Lenta: glargina, determir e degludeca. • Intermediária: NPH Insulina prandial: • Ultrarrápida: lispro, aspart e glusina. • Rápida: insulina regular. MÚLTIPLAS APLICAÇÕES (BASAL-BOULOS) Nesse esquema, simula-se dois mecanismos fisiológicos da insulina. O primeiro é a insulina basal, que não possui picos, e deve se manter constante ao longo das 24h do dia. O segundo é o pós-prandial, que consiste em picos rápidos de insulina para compensar os picos de glicemia que surgem após as refeições. • Logo, o ideal e mais parecido com o fisiológico, seria uma aplicação de Glargina/ Determir (prolongada) por dia, que seria suficiente para manter constante a insulinemia durante as próximas 24h; • E uma aplicaçãode Lispro ou Aspart (ultrarrápidas) antes de cada refeição principal, simulando os picos pós-prandiais. Obs. Disponível pelo SUS • Nenhuma dessas insulinas exógenas é amplamente disponibilizada pelo SUS, cuja distribuição geral se limita às insulinas Regular e NPH. • Dessa forma, a NPH (intermediária) passa a ser utilizada como insulina basal e a Regular (rápida) como pós-prandial. • O problema é que isso expõe o paciente a um risco maior de hipoglicemia, pois a NPH apresenta picos que a insulina fisiológica basal não apresentaria. 6 VITÓRIA TRINDADE DUAS APLICAÇÕES (NPH - REGULAR) As insulinas NPH e Regular são as únicas que podem ser administradas em conjunto, de uma só vez. Isso pode ser interessante para facilitar a adesão ao tratamento, pois reduz consideravelmente o número de vezes em que a “furada” é necessária! Insulina NPH e regular administradas em conjunto. • NPH → Utilizada como insulina basal. • Regular → utilizada como insulina pós-prandial. Uso: • Com isso, são necessárias duas aplicações da NPH, uma pela noite (antes do jantar ou antes de dormir); • E três aplicações da regular, 45min antes das refeições (seu início demora mais do que o das ultrarrápidas). • Perceba que as novas curvas diferem mais da secreção fisiológica, se comparadas ao esquema de múltiplas aplicações. • Um dos problemas mais comuns, inclusive, é a hiperglicemia matinal que acontece por mecanismos de resposta fisiológica – os chamados Fenômeno do Alvorecer e Efeito Somogyi. O Fenômeno do Alvorecer consiste em hiperglicemia matinal (geralmente entre 2 e 8 horas da manhã), decorrente dos hormônios liberados durante o sono (hormônios de crescimento, cortisol, glucagon e epinefrina). Já o Efeito Somogyi, representa uma hiperglicemia matinal decorrente de um episódio de hipoglicemia noturna não tratada. Atenção! Ambos os esquemas devem ser monitorados através da aferição da glicemia antes e depois das três principais refeições. Dessa forma, é possível realizar ajustes direcionados ao horário que mais necessita!
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