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1 Fundamentos de Farmacologia Conceitos Básicos de Farmacologia Introdução A farmacologia faz parte da história da humanidade antes mesmo de ser conceituada Na Grécia Antiga, já eram usados tratamentos com plantas e etc No século XIX, teve o desenvolvimento da química e da fisiologia, então os princípios ativos começaram a ser isolados e purificados, até a consolidação da farmacologia A indústria farmacêutica é a que mais cresce e lucra atualmente Infográfico A farmacologia pode ser subdividida em diferentes áreas na sua visão macro, como: 1. Constituição 2. Desenvolvimento de medicamentos 3. Associadas diretamente 4. Atuação em conjunto O que é Farmacologia? Farmacologia vem do grego pharmakos, que significa droga e logos que significa estudos É uma ciência que estuda como as substancias químicas interagem no corpo animal ou humano Antigamente, não se sabia a origem das doenças, então acreditava-se que eram maldições ou coisas sobrenaturais que eram curadas através de remédios ditados por sacerdotes Há 2 exemplos importantes com documentos antigos que usavam medicamentos para cura: a) Pen Tsao – Foi escrito na China – 2700 a.C – Classificava as plantas medicinais especificas e combinações de misturas vegetais a serem utilizadas para fins médios b) Papiro Ebers – É um escrito egípcio – 1500 a.C – Mais de 800 prescrições de uma ou mais substancias ativas e veículos, como, por exemplo, mel; gordura animal; leite etc – Tinha, também, uma breve explicação de como utilizar e preparar essas formulações Um século depois de Cristo, havia ficado claro que existia uma variação entre um extrato biológico e outro Outro problema era a polifarmácia, onde médicos achavam que as combinações das propriedades das drogas poderiam compensar deficiências do paciente Isso fazia que o paciente sofresse mais devido aos efeitos adversos dos medicamentos As drogarias tiveram origem no século X Boticas ou apotecas 2 Fundamentos de Farmacologia Desempenhavam um papel medico e farmacêutico, pois era uma profissão única (medico e farmacêutico, eram unidos na mesma profissão) Na Alexandria, após período de instabilidade marcado por guerras, epidemias e envenenamentos, ocorre o desenvolvimento da farmácia como atividade diferenciada Depois desse período, foi proibido o médico atuar como farmacêutico No século XVI, com a Reforma Protestante, começou a analisar que as doenças tinham uma causa e uma forma de descoberta Com o desenvolvimento da química, no início do século XIX, surgem os métodos para isolamento de princípios ativos puros a partir de drogas brutas Em 1806, um jovem boticário alemão, Friedrich Serturner, isolou o primeiro princípio ativo puro ao purificar a morfina a partir da papoula Com o início dos isolamentos dos princípios ativos iniciou-se os estudos quantitativos de efeito das drogas e, logo, foi descoberto a função da relação dose-resposta Quanto maior for a dose, maior será o efeito e maior será a possibilidade de ocorrência de efeitos adversos Foi o aprimoramento da fisiologia que possibilitou que os estudos com métodos experimentais deixassem de focar na toxicidade e iniciassem a elucidação do mecanismo de ação dos fármacos Em 1847, Rudolph Bucheim fundou o primeiro Instituto de farmacologia na Universidade de Dorpat (Estônia), tornando a farmacologia uma matéria científica independente No século XX, surgiram os laboratórios de farmacologia na indústria farmacêutica No Brasil Primeiro boticário no Brasil foi Diogo de Castro, trazido de Portugal pelo governo Os jesuítas possuíam pessoas para cuidas dos medicamentos, sendo José de Anchieta o mais conhecido A partir de 1640, as boticas foram autorizadas a se transformar em comércio, dirigidas por boticários aprovados em Coimbra Esses boticários eram analfabetos e não tinham muito conhecimentos sobre os medicamentos O ensino de farmacologia acontecia na pratica, nas próprias boticas Os boticários concorriam com os físicos e cirurgiões no exercício da medicina, se submetiam a exames perante os comissários do físico-mor do Reino para obtenção da “carta de examinação” O setor de farmacologia, no Brasil, surgiu igual no restante do mundo, mas foi mais tardio 3 Fundamentos de Farmacologia Conceitos Básicos de Farmacologia Farmacologia estuda as interações entre os compostos químicos e o organismo vivo/sistema biológico Pode ser um efeito maléfico (toxico) ou benéfico (medicamentoso) A farmacologia se relaciona com várias áreas biomédicas Existem 3 grandes grupos em que a farmacologia pode ser classificada: Farmacologia geral: estudos comuns a todos os tipos de fármacos, farmacocinética, farmacodinâmica e toxicologia Farmacologia especifica: estudos das drogas em grupos, de acordo com sua ação farmacológica, por exemplo, fármacos que agem no sistema nervoso central Diretamente associada à farmacologia: estudos que serão influenciados ou irão influenciar a farmacologia Farmacologia Geral Estudos de farmacocinética, farmacodinâmica e toxicologia são aplicados para todos os fármacos independente de sua natureza química Farmacocinética: estuda a velocidade que o fármaco atinge o sitio de ação e o tempo que são eliminados do organismo Resumindo, estuda os processos metabólicos de absorção, distribuição, biodisponibilidade e eliminação das drogas Farmacodinâmica: estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos que os fármacos causam ao organismo e os mecanismos de ação dele Toxicologia: estuda os efeitos nocivos decorrentes da utilização de substancias químicas no organismo Então, pode-se dizer que a farmacocinética estuda e identifica a ação dos fármacos no organismo e a farmacodinâmica e toxicologia estudam os efeitos desejáveis e nocivos, respectivamente Durante o desenvolvimento dos fármacos existem fases pré-clínicas e clínicas Nessas duas fases determina-se a farmacocinética, farmacodinâmica e toxicologia do medicamento Na farmacologia pré-clínica os testes são realizados em animais Na farmacologia clínica os testes são realizados nos serem humanos Farmacologia Específica Nesse tipo de farmacologia, se caracteriza pelo estudo e descrição da farmacocinética, farmacodinâmica e toxicologia São reunidos fármacos que exercem seus efeitos sobre o mesmo alvo terapêutico, órgão, sistema ou via metabólica Exemplos de fármacos que agem na farmacologia especifica Fármacos que agem no sistema nervoso central Fármacos anti-inflamatórios 4 Fundamentos de Farmacologia Fármacos que afetam a função cardíaca Imunomoduladores Antimicrobianos Fármacos mediadores químicos, etc Diretamente Associados à Farmacologia Tem interação direta com a farmacologia ou fármaco estudado São diretamente dependentes ou influenciados pela farmacologia Podem influenciar a farmacocinética, farmacodinâmica ou toxicologia do fármaco Farmacogenética: altera diretamente a farmacodinâmica Caracteriza-se pelo estudo da influência genética da resposta do organismo aos fármacos Definem quais e como certas características genéticas podem influenciar em um comportamento especifico e diferencial frente a certos fármacos Por exemplo, uma mutação no gene de um receptor alvo pode definir uma forma variável deste receptor que é biologicamente ativo, mas que não responde ao tratamento. Farmacogenômica: usa a informação genética para guiar na escolha de uma terapia individualista Quando identifica-se que uma característica genética pode alterar o fármaco, seja potencializando ou diminuindo sua ação, essa informação pode ser utilizada no seu uso Farmacoepidemiologia: estuda o efeitodos fármacos em nível populacional Analisa a variabilidade dos efeitos entre os indivíduos de uma mesma população ou, até mesmo, entre populações traz informações sobre as características populacionais que podem alterar ou serem alteradas pelo fármaco e que, portanto, merecem atenção especial para o seu emprego medicamentoso. Conceitos Básicos para o Estudo da Farmacologia Droga: substancia que modifica a função fisiológica com ou sem intenção benéfica Remédio: qualquer substancia usada para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconforto e mal-estar Pode ser uma substancia animal, vegetal, mineral ou sintética Fármaco ou princípio ativo: estrutura química com propriedade de modificar uma função fisiológica já existente É a parte ativa do medicamento Responsável pela função farmacológica Medicamento: produto farmacêutico que contém um ou mais de um principio ativo Tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade curativa, paliativa ou para fins de diagnostico 5 Fundamentos de Farmacologia Placebo: é um medicamento que não contem nenhum principio ativo, mas o paciente acredita ser verdadeiro Nocebo: substancias que, nocivas ou não, estimulam sintomas de doenças, por efeito psicológico, nos pacientes que a usam Efeito colateral: qualquer efeito não intencional de um produto farmacêutico que ocorra em doses normalmente utilizadas Evento adverso ou experiencia adversa: qualquer ocorrência desfavorável passível de ocorrer no paciente que está utilizando o medicamento Não significa, necessariamente, relação com o tratamento Interação medicamentosa: efeito resultado da interação entre dois fármacos Pode ocorrer aumento, redução ou atenuação do efeito farmacológico de um ou mais fármacos desenvolvidos Dose: quantidade do principio ativo que se administra de uma vez só Posologia: determina a forma de uso do medicamento Deve incluir a dose, os intervalos de administração e o período total durante o qual o medicamento deve ser utilizado Janela terapêutica: faixa dosagem de segurança de uso do medicamento É o intervalo entre as doses efetiva mínima e máximo, antes de ser toxico Desenvolvimento de Novos Medicamentos O desenvolvimento de novos fármacos passa por 3 fases: 1. Obtenção do ou dos candidatos a novo fármaco – Moléculas com estruturas complexas podem ser obtidas de varias fonte (plantas, culturas de microrganismos, células humanas ou tecnologia genética) – Quanto mais informações a respeito do alvo terapêutico e da relação estrutura-atividade, mais objetiva e maior probabilidade de sucesso na busca de um novo fármaco – Por conta de já ter um conhecimento grande sobre as patologias e sistemas biológicos, utiliza-se as proteínas funcionais como alvo terapêuticos – .Atualmente, os programas computacionais de modelagem molecular ajudam neste delineamento, predizendo as possíveis alterações estruturais que levarão ao aumento da atividade do fármaco rente ao alvo escolhido 2. Testes pré-clínicos – Determina o potencial dos novos fármacos – Para essa primeira etapa os testes são feitos com linhagens celulares, células ou órgãos isolados – O modelo animal é importante porque traz os resultados de eficácia terapêutica e toxicidade no sistema complexo de um organismo 6 Fundamentos de Farmacologia – Para trabalhar com animais os cientistas devem cumprir os Princípios Internacionais Orientadores para a Pesquisa Envolvendo Animais, com o princípio dos 3 Rs – Para verificação da eficácia do tratamento são usados modelos animais de doenças, que devem se assemelhar ao máximo à doença humana nos seguintes aspectos: fenótipo fisiopatológico, causas e resposta aos tratamentos. – O objetivo dos testes pré-clínicos é encontrar um fármaco que seja eficaz em baixas doses e cuja dose efetiva provoque pouca ou nenhuma toxicidade. Para tanto são realizados: experimentos farmacológicos para verificar se o fármaco produz efeitos agudos perigosos e comprovar sua eficácia; experimentos toxicológicos que avaliam: a toxicidade associada à administração aguda ou crônica com determinação da dose não tóxica máxima; mutagenicidade (lesão genética); carcinogenicidade (indução de tumores) e teratogenicidade (indução de defeitos na formação dos fetos); testes farmacocinéticos para determinar absorção, metabolismo, distribuição e eliminação e determinação da relação dosagem-efeito- toxicologia; desenvolvimento químico e farmacêutico para desenvolver a formulação adequada para os estudos clínicos e escalonamento para analisar a possibilidade de produção em larga escala. 3. Testes clínicos de fase 1,2,3 e 4 – Inicia-se os testes em humanos – Ocorre em 3 fases: TESTES DE FASE I: realizados em indivíduos sadios, normalmente 20 a 80 voluntários. O objetivo é comprovar a não toxicidade, a tolerância e as propriedades farmacocinéticas; TESTES DE FASE II: o potencial novo fármaco é testado em um pequeno grupo de pacientes doentes (100 a 300), a fim de comprovar seu efeito benéfico, determinar suas indicações terapêuticas e o regime de dose; TESTES DE FASE III: são ensaios multicêntricos com milhares de pacientes e o novo fármaco é testado frente ao fármaco já utilizado para a doença ou ao placebo. Se o novo fármaco for menos eficaz do que o já disponível no mercado, ele não segue para última fase. Se ele tem eficácia semelhante ou pouco superior, ele precisa apresentar vantagem quanto à toxicidade ou custo- benefício para seguir. Se ele for significativamente mais eficaz, segue para os Estudos de fase 4. Principio dos 3 R replacement, refinement and reduction. Isto é, o planejamento experimental deve substituir (replace) os testes em animais por testes in vitro sempre que possível; os experimentos devem ser refinados (refinement) isto é, bem planejados para responder o que é necessário; e usar o menor número de animais possível (reduction). 7 Fundamentos de Farmacologia Depois que os fármacos são aprovados por todas essas etapas, ele vai para a aprovação do órgão regulador nacional No Brasil esse órgão é a ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) Nos Estados Unidos é o FDA (Food and Drug Administration) Para aprovação do registro pelo órgão oficial, o requerente deve comprovar todos os resultados das diferentes etapas de desenvolvimento. Assim que liberado, o novo medicamento entra no mercado, mas continua em observação (fase IV, triagem clínica), sob farmacovigilância, a fim de comprovar a ausência de efeitos toxicológicos Só após a observação de longa duração o fármaco comprova seu valor terapêutico e a relação risco- -benefício. De acordo com os resultados desta fase, ele pode acabar tendo seu uso restrito a um grupo de pacientes ou ainda ser suspenso
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