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ANEMIA FALCIFORME - POPULAÇÕES AFRICANAS

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ANEMIA FALCIFORME
POPULAÇÕES AFRICANAS
Por que a anemia falciforme é mais comum em populações africanas?
As hemácias em formato de foice (“falciformes”) foram descritas pela primeira vez por Herrick, em 1910, em um paciente negro. A percepção da anemia falciforme como uma doença de negros é antiga. A descrição dessa enfermidade data de 1910, quando o médico americano James B. Herrick (1861-1954) apresentou o estudo de um único paciente negro no qual identificou as células vermelhas do sangue com formato de foice.
Em uma pesquisa que usou do relato de Giuseppe Montalenti em um adendo ao artigo de 1949, J.B.S. Haldane, informado da alta frequência de heterozigotos da talassemia em regiões endêmicas de malária no sul da Itália, propôs que, como as hemácias dos heterozigotos para a talassemia eram menores, esse fato os tornaria mais resistentes à parasitose. Nascia assim a “hipótese da malária”, cuja primeira confirmação foi feita não em estudos de talassemia, mas da própria anemia falciforme. Mais tarde a hipótese da malária foi sacramentada pela óbvia correspondência geográfica entre a prevalência da malária causada pelo Plasmodium falciparum e a frequência do gene falciforme na África. Observe-se que o gene da anemia falciforme (alelo beta S) não é visto nas populações de regiões geográficas da África nas quais a malária não é endêmica. 
Deve ficar bem claro, então, que a anemia falciforme não é uma “doença de negros” nem uma “doença africana”, mas sim uma doença eminentemente geográfica, produto de uma estratégia evolucionária humana para lidar com a malária causada pelo Plasmodium falciparum. O protozoário Plasmodium usa uma proteína chamada adesina para chegar à parte externa dos glóbulos vermelhos, de onde chegam às paredes dos vasos sanguíneos. A partir daí, provocam os problemas neurológicos e circulatórios ligados à malária. Nas pessoas que têm anemia falciforme, esse mecanismo é bloqueado. O Plasmodium não acessa a parte externa dos glóbulos vermelhos e, por isso, não há infecção. 
Além da África subsaariana, o alelo beta S e a anemia falciforme podem ser vistos na África do Norte, Grécia, Itália, Oriente Médio, Península Arábica, Índia e até na China (ver figura). A razão dessa ampla distribuição ficou mais clara com os avanços em genética molecular humana. Deve ficar bem claro, então, que a anemia falciforme não é uma “doença de negros” nem uma “doença africana”, mas sim uma doença eminentemente geográfica, produto de uma estratégia evolucionária humana para lidar com a malária causada pelo Plasmodium falciparum
Referências
Pena, Sergio Danilo. ANEMIA FALCIFORME: UMA DOENÇA GEOGRÁFICA. Disponível em: http://cienciahoje.org.br/coluna/anemia-falciforme-uma-doenca-geografica/. Acesso em 30 de setembro de 2019

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