Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Exame de Ordem Exame de Ordem XXX DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO SISTEMA RECURSAL TRABALHISTA – PARTE I Livro Eletrônico PRESIDENTE: Gabriel Granjeiro VICE-PRESIDENTE: Rodrigo Teles Calado COORDENADORA PEDAGÓGICA: Élica Lopes ASSISTENTES PEDAGÓGICAS: Francineide Fontana, Jéssica Souza, Kamilla Fernandes, Larissa Carvalho e Yasmin Magno SUPERVISORA DE PRODUÇÃO: Emanuelle Alves Melo ASSISTENTES DE PRODUÇÃO: Giulia Batelli, Juliane Fenícia de Castro, Laís Rodrigues e Thaylinne Gomes Lima REVISORA: Isabel Lopes DIAGRAMADOR: Weverton Carvalho CAPA: Equipe Gran Cursos Online Gran Cursos Online SBS Quadra 02, Bloco J, Lote 10, Edifício Carlton Tower, Sala 201, 2º Andar, Asa Sul, Brasília-DF CEP: 70.070-120 Capitais e regiões metropolitanas: 4007 2501 Demais localidades: 0800 607 2500 Seg a sex (exceto feriados) / das 8h às 20h www.grancursosonline.com.br/ouvidoria TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – De acordo com a Lei n. 9.610, de 19.02.1998, nenhuma parte deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recupe ração de informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor. © 07/2019 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br/ouvidoria https://www.grancursosonline.com.br 3 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Sistema Recursal Trabalhista – Parte I ...........................................................4 Introdução ................................................................................................4 1. Princípios dos recursos trabalhistas ...........................................................6 2. Efeitos dos Recursos Trabalhistas ............................................................13 3. Pressupostos de admissibilidade dos recursos trabalhistas .....................22 3.1. Pressupostos intrínsecos de admissibilidade ...........................................23 3.2. Pressupostos extrínsecos de admissibilidade ..........................................25 4. Juízos de Admissibilidade e de Mérito dos Recursos ...................................57 4.1. Juízo de Admissibilidade ......................................................................57 Resumo ...................................................................................................60 Questões de Concurso ...............................................................................61 Gabarito ..................................................................................................72 Gabarito do exercício sobre o depósito recursal ............................................73 Gabarito Comentado .................................................................................74 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos SISTEMA RECURSAL TRABALHISTA – PARTE I Introdução Olá, querido(a) aluno(a), você, que tem tudo para ser um(a) futuro(a) advoga- do(a), terá conosco, do Gran Cursos Online, uma série de aulas em PDF destinadas a abranger todo o conteúdo de Direito Processual do Trabalho do mais recente edi- tal do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Nesta aula, abordaremos outro tópico muito importante: Sistema Recursal Trabalhista: princípios, efeitos, pressupostos e juízos de admissibilidade. Grande parte desse tópico, assim como outros tratados ao longo deste curso, so- freu impacto da Reforma Trabalhista, razão pela qual esta aula é, igualmente, mui- to importante para o nosso curso. O Sistema Recursal Trabalhista será abordado em duas aulas, tendo-se em vista a maior extensão do tema e a grande recorrência de cobrança desse tema nas provas da OAB. Nesta primeira aula, abordaremos os aspectos teóricos e de constituição dos re- cursos. Na segunda aula, trataremos sobre os pontos mais técnicos: espécies, pro- cedimento, disposições específicas da CLT e Súmulas e OJs do TST sobre os recursos. O direito processual do trabalho sofreu profundas modificações no ano de 2017, em virtude da entrada em vigor da Lei n. 13.467/2017, popularizada com o nome de “Reforma Trabalhista”. Além dessa relevantíssima alteração, você deve levar em conta que, no ano de 2016, entrou em vigor o Novo Código de Processo Civil, publicado em 2015. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Todas essas alterações colocam em nosso caminho um fato que impacta forte- mente em seu estudo: não existem, ainda, muitas questões atualmente válidas da OAB sobre cada tema do nosso edital. Portanto, para seu exercício com questões, procurarei apresentar as questões existentes e, ainda, questões inéditas com o perfil da banca FGV, que comportam enunciados de casos concretos e quatro al- ternativas (a até d). Se houver uma maior escassez de questões sobre o assunto, apresentarei questões da banca FGV oriundas de provas diversas da OAB, sempre com vistas a prepará-lo(a) para conhecer muito bem a banca. Mesmo que a banca da nossa prova seja a FGV, apresentarei questões de outras bancas que abordem as disposições legais e jurisprudenciais específicas do tema, com a finalidade de atrair seu foco total para a fixação de algumas regras específicas, cujo conhecimento ajudará a tornar mais sólida sua bagagem para as demais questões. Juntamente com toda a equipe do Gran Cursos Online, procurarei ajudá-lo(a) ao máximo a tornar-se habilitado(a) a exercer a advocacia, cuja carreira é fantástica e repleta de desafios entusiasmantes para um comprometido profissional do Direito. Bons estudos! Seja imparável! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos 1. Princípios dos recursos trabalhistas Os recursos trabalhistas são guiados por alguns princípios. Alguns desses prin- cípios têm aplicabilidade em todos os momentos do processo, enquanto outros são aplicáveis em algumas circunstâncias específicas, que nem sempre se verificam. Os doutrinadores costumam variar consideravelmente na listagem dos princí- pios que norteiam os recursos no processo do trabalho. Portanto, direcionarei o enfoque aos princípios clássicos de cobrança em provas. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE (ou SINGULARIDADE): contra uma decisão judicial específica, se couber recurso, haverá um único recurso cabível. Não será possível a interposição de dois ou mais recursos contra a mesma decisão ao mesmo tempo. Cada recurso tem uma função específica, uma natureza.Exemplo: contra uma sentença de primeira instância eivada de omissão, é cabível a oposição de Embargos de Declaração. Esse recurso não pode ser interposto juntamente com o Recurso Ordinário, pois este tem por finalidade a reanálise da matéria pelo TRT, e aquele, a reanálise da matéria pelo próprio juiz. PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES INTER- LOCUTÓRIAS: no processo do trabalho, não é cabível interpor recurso contra de- cisões interlocutórias, ao contrário do processo civil, no qual é cabível, em alguns casos, agravo de instrumento. A lógica do agravo de instrumento civilista não se aplica ao processo do trabalho. Este princípio está insculpido no art. 893, § 1º, da CLT: Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Somente no recurso interposto contra a decisão final será possível impugnar decisões interlocutórias. Exemplo prático: João, advogado, formula pedido de tutela provisória de urgência na reclamação trabalhista. A tutela, contudo, foi denegada pelo juiz. João deverá impug- nar a denegação da tutela somente no recurso contra a decisão final (sentença). Conforme a jurisprudência do TST, a denegação de tutela provisória antes da sen- tença poderá dar ensejo a mandado de segurança, se ficarem comprovados os requisitos especiais desse remédio constitucional. No nosso exemplo, imagine que tais requisitos não foram demonstrados. O TST, no entanto, fixou na Súmula n. 214 exceções à regra de que as deci- sões interlocutórias seja irrecorríveis. Veja: Súmula n. 214 do TST: Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurispru- dencial do Tribunal Superior do Trabalho; Se a decisão interlocutória do TRT for contrária a Súmula ou OJ do TST, caberá recurso imediato. O recurso será aquele cabível na hipótese, tendo em vista o re- gimento interno do tribunal. b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; Se os regimentos internos dos tribunais previrem recursos dentro do próprio tribunal para matérias decididas por decisões interlocutórias, elas serão recorrí- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos veis, nos termos do regimento. Na grande maioria dos casos, trata-se de agravo interno. c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. Exemplo prático: Moisés ajuizou reclamação trabalhista em Curitiba (PR). A empre- sa ré, no entanto, opôs exceção de incompetência territorial, porque Moisés teria prestado serviços em Natal (RN), razão pela qual a reclamação deveria ser remeti- da a uma das Varas do Trabalho de Natal. O juiz acolhe a exceção e remete os autos a uma das Varas de Natal. Nesse caso, a decisão do juiz é interlocutória terminativa do feito na Vara do Traba- lho de Curitiba, razão pela qual cabe Recurso Ordinário contra essa decisão interlo- cutória ao TRT da 9ª Região (Paraná). Exatamente o mesmo raciocínio valeria para o caso de remessa do processo a tri- bunal distinto que seja de outro ramo do Poder Judiciário (como Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal). Essa última hipótese é abordada também em caráter legal, especificamente no art. 799, § 2º, da CLT: Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito [contra a qual caberá recurso – acréscimo do profes- sor], não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no re- curso que couber da decisão final. Regra geral: não cabe recurso imediato contra decisão interlocutória. Exceções: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos • decisão interlocutória do TRT contrária a Súmula ou OJ do TST; • decisão interlocutória recorrível dentro do mesmo tribunal; • decisão terminativa que remeta o processo para Tribunal diferente (TRT/TJ/ TRF/TRE) daquele em que o processo se encontra. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE: o recurso deve ser discursivo e dialético, indicando quais são os segmentos da decisão que deseja impugnar e as razões que justificam tal impugnação. A construção do recurso (indicação das partes impug- nadas e das razões recursais) é fundamental para viabilizar uma boa análise de validade e justiça da decisão recorrida pelo juízo recursal. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE: em regra, os recursos trabalhistas são interpostos somente em razão da vontade das partes. Logo, a matéria decidida não será reanalisada a menos que alguma das partes apresente o recurso cabível. Uma exceção a esse princípio é a Remessa Necessária (art. 496 do CPC), que con- siste em enviar ao Tribunal, para reanálise obrigatória, decisões que condenem pessoas jurídicas de direito público a pagar determinado valor: • União, autarquias federais e fundações públicas federais: a partir de 1000 salários mínimos; • Estados, Municípios que sejam Capitais de Estados e suas autarquias e fun- dações públicas: a partir de 500 salários mínimos; • Municípios em geral e suas autarquias e fundações públicas: a partir de 100 salários mínimos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE: todas as espécies de recursos que podem ser interpostos devem estar expressamente previstos em lei. Não é possível a cria- ção de recursos para casos concretos específicos, nem a conjugação de elementos de vários recursos para justificar um só. Cada recurso deve ser regrado por dispo- sições legais específicas e devidamente previsto na legislação processual. Conclusão: o rol de recursos previstos em lei é fechado/taxativo/numerus clausus. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: em regra, a parte que recorrer não poderá ter o mérito da decisão piorado contra ela própria, a me- nos que a parte contrária também recorra. Isso quer dizer que, entre as minhas alegações em grau de recurso, eu não posso ter minha situação piorada em razão das minhas próprias impugnações. Existe uma exceçãoa esse princípio: as questões de ordem pública, que po- dem ser acolhidas em qualquer tempo e grau de jurisdição, inclusive de ofício pelo Poder Judiciário. Exemplo: João, empregado, teve parte de seus pedidos acolhidos e parte julgada improcedente. João interpõe recurso ordinário a fim de ganhar, também, os pedi- dos que perdeu. O TRT, analisando seu recurso, percebe que existe ação idêntica à de João (mesmas partes, causa de pedir e pedidos) pendente de julgamento no mesmo Tribunal, o que configura litispendência. Logo, o TRT pode extinguir o processo de João sem resolução do mérito com fundamento em litispendência. Este é um caso de reforma da decisão em prejuízo do recorrente (reformatio in pejus). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Obs.:� este exemplo de exceção ao princípio da proibição da reformatio in pejus também é válido como exemplo de Efeito Translativo, que é um efeito dos recursos, o qual estudaremos adiante. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE (ou CONVERSIBILIDADE): em alguns casos, o equívoco da interposição de um recurso inaplicável ao caso pode ser sana- do pelo recebimento desse recurso errado como se ele fosse o recurso certo. Trata- -se de receber um recurso errado como se fosse outro, o recurso correto. O órgão julgador percebe que a matéria alegada pelo recorrente geralmente é abordada em recurso diferente daquele que ela interpôs/opôs. Exemplo: no TRT, a parte opõe embargos de declaração contra a decisão do rela- tor, mas o relator recebe esse recurso como agravo interno, tendo em vista os fun- damentos do recurso, que se amoldam muito mais ao agravo interno do que aos embargos de declaração. Este é o exemplo sustentado na Súmula n. 421, item II, do TST: Súmula n. 421, item II, do TST: Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recor- rente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015. Caso você não esteja entendendo a diferença entre as espécies de recursos nes- te momento, fique tranquilo: ao longo das duas aulas que teremos sobre o Sistema O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Recursal Trabalhista, estudaremos todas as espécies de recursos cabíveis, com seus requisitos e pressupostos. O Princípio da Fungibilidade não se aplica em casos de erros grosseiros, que são erros injustificáveis e impossíveis diante do bom senso e da mínima lógica proces- sual. Exemplo de erro grosseiro seria a interposição de recurso de revista quando, na verdade, o recurso cabível é o recurso ordinário. Essas duas espécies de recur- sos têm requisitos muito diferentes, inconfundíveis, especialmente no que tange ao tribunal competente para apreciar cada um. Obs.:� alguns doutrinadores, como Mauro Schiavi e José Augusto Rodrigues Pinto, sustentam que o Princípio da Fungibilidade teria como decorrência o Princí- pio da Variabilidade, segundo o qual a própria parte pode trocar o recurso interposto, se verificar que os pressupostos do outro recurso estão preen- chidos de maneira mais patente. De acordo com essa lógica, se até mesmo o juiz pode, de ofício, receber um recurso como se fosse outro, por que a parte não poderia trocá-lo, dentro do prazo recursal? � Fica registrada, portanto, essa construção doutrinária, para robustecer seu conhecimento, embora tal princípio ainda não seja consagrado em provas. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: antes de conceituar este princípio, devo alertar que ele tem sido interpretado como relativo, e não absoluto. Essa “relatividade” deve-se à majoritária interpretação de que o Duplo Grau de Ju- risdição NÃO É um princípio de hierarquia constitucional. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Os que defendiam a natureza constitucional deste princípio diziam que ele esta- va implícito no art. 5º, LV, da Constituição, que diz: Art. 5º, LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. A necessidade de respeito ao duplo grau de jurisdição, segundo eles, devia-se à garantia dos “recursos” inerentes ao contraditório e à ampla defesa. Essa tese não tem prevalecido na doutrina e na jurisprudência, que só reconhe- ce a natureza constitucional do Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa. Professor, e o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição? Que natureza ele teria, afinal de contas? Tal princípio, caro(a) aluno(a), tem natureza infraconstitucional. O direito processual brasileiro, tanto o civil como o trabalhista, é estruturado de modo a per- mitir a recorribilidade de quase todas as decisões judiciais. Portanto, tal princípio tem servido como “inspiração” para a criação dos recursos. Há poucos casos de irrecorribilidade de decisões, como a sentença que homolo- ga acordo em reclamação trabalhista, contra a qual somente cabe ação rescisória. Veja: embora não caiba recurso propriamente dito, cabe um determinado meio de impugnação autônomo (ação rescisória), que de certa forma dá efetividade ao Prin- cípio do Contraditório e da Ampla Defesa. 2. Efeitos dos Recursos Trabalhistas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Antes de estudar as conceituações dos efeitos dos recursos, é importante conhecer dois termos técnicos em latim, muito envolvidos nos conteúdos refe- rentes aos recursos: • Juízo a quo: órgão judicial que proferiu a decisão recorrida e remete o recurso à instância superior (Juízo Inicial) • Juízo ad quem: órgão judicial que analisará o recurso interposto e remetido (Juízo Final) O efeito principal e mais notável nos recursos trabalhistas é o Efeito Devolutivo. Abaixo, conceituá-lo-ei. EFEITO DEVOLUTIVO: Toda a matéria envolvida pelo recorrente em seu re- curso é devolvida ao juízo ad quem, para reanálise das questões. O efeito devolu- tivo alcança somente as partes da decisão impugnadas pelo recorrente. Na Justiça do Trabalho, fala-se em efeito devolutivo em profundidade. A pro- fundidade do efeito devolutivo é interpretada do seguinte modo: o juízoad quem recebe em devolução toda a matéria envolvida pelo recorrente no recurso, inclusive com todos os fundamentos trazidos na petição inicial e na contestação, mesmo que a sentença não tenha adotado tais fundamentos e ainda que as contrarrazões do recurso não mencionem tais fundamentos. Essa interpretação foi fixada na Súmula n. 393, item I, do TST: Súmula n. 393, item I, do TST: O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos EFEITO SUSPENSIVO: O efeito suspensivo é uma exceção nos recursos traba- lhistas, só podendo ser concedido em restritas hipóteses legais. O efeito suspensivo consiste na suspensão dos efeitos da decisão recorrida até que o juízo ad quem julgue o recurso interposto, para decidir se reforma, ou não, a decisão recorrida. No CPC de 1973, era usual a ação cautelar para pedir efeito suspensivo a algum recurso. Com o Novo CPC, a regra muda. O pedido de efeito suspensivo pode ser feito no próprio processo, desde que demonstrados alguns pressupostos (previstos no art. 1.012, § 4º, do CPC). Tais pressupostos são alternativos, isto é, pode ser preenchido tanto um quanto outro. 1) Probabilidade de provimento do recurso OU 2) Fundamentação do recurso é relevante, E há risco de dano grave ou de difícil reparação Ou a parte demonstrará as razões que levam a crer que o recurso provavel- mente será provido, ou demonstrará risco de dano grave ou de difícil reparação, apoiando-se em fundamentação relevante. Como esses requisitos envolvem alguns conceitos jurídicos indeterminados (relevância), caberá ao órgão julgador determi- nar o conteúdo dessa “relevância”. A probabilidade de provimento pode ser relacionada ao recurso baseado em tese de amplo acolhimento da jurisprudência e na doutrina. A fundamentação re- levante, quando o provimento não for provável, geralmente refere-se a premissas de fato convincentes à luz de um caso concreto, embora não consagradas na juris- prudência nem na doutrina. EFEITO TRANSLATIVO: Este efeito já foi citado anteriormente como uma ex- ceção ao princípio da proibição da reformatio in pejus. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Quando o juízo ad quem analisa o recurso interposto, bem como as contrar- razões da parte recorrida, ele pode verificar a existência de questões de ordem pública no processo, que possam ser inclusive resolvidas de ofício pelo órgão, inde- pendentemente de requerimento de qualquer das partes. Casos de questões de ordem pública são vários, destacadamente coisa julgada, litispendência, ausência de pressupostos processuais (valor nos pedidos, certeza e determinação dos pedidos), falta de interesse processual, entre outros. Se o juízo ad quem constatar a existência de qualquer dessas questões, ele po- derá se manifestar sobre ela de imediato, sem que essa manifestação acarrete vício na decisão por ser “ultra, extra ou citra petita”. Repetirei o exemplo dado na descrição de um dos princípios estudados acima: João, empregado, teve parte de seus pedidos acolhidos e parte julgada impro- cedente. João interpõe recurso ordinário a fim de ganhar, também, os pedidos que perdeu. O TRT, analisando seu recurso, percebe que existe ação idêntica à de João (mesmas partes, causa de pedir e pedidos) pendente de julgamento no mesmo Tri- bunal, o que configura litispendência. Logo, o TRT pode extinguir o processo de João sem resolução do mérito com fundamento em litispendência, mesmo que ne- nhuma das partes recorridas tenha sequer chegado perto de alegar litispendência. EFEITO SUBSTITUTIVO: A decisão proferida pelo juízo ad quem, em grau de recurso, substitui a decisão de mérito proferida pelo juízo recorrido. Cuidado: essa “substituição” tem muito a ver com mérito. Trata-se de substi- tuir uma decisão de mérito por outra, que pode escolher razões melhores e fun- damentos jurídicos melhores para aquele caso concreto em análise. Também será caso de efeito substitutivo quando a decisão do órgão recursal conhece do recurso, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos mas mantém os exatos termos da decisão proferida em primeiro grau. Essa mera confirmação também tem conteúdo de substituição, pois é como se a autorida- de da decisão recorrida fosse aumentada com a confirmação de um órgão hierarquicamente superior. Para sintetizar: Efeito Substitutivo Substituição de uma decisão de mérito por outra de mérito Confirmação de uma decisão de mérito por outra de mérito Se a decisão judicial recorrida for anulada por vício de natureza processual, como erro no procedimento (ausência de tentativa de conciliação, cerceamento de defesa etc.), NÃO OCORRERÁ efeito substitutivo. Nesse caso, a decisão será anulada, e não haverá nem confirmação de seus termos e nem substituição por mérito distinto. EFEITO EXTENSIVO: O recurso interposto por uma das partes poderá ser aproveitado pelos litisconsortes dessa parte recorrente, a menos que os interesses dos litisconsortes sejam distintos/opostos. Este efeito tem previsão no art. 1.005 do CPC: Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, o efeito extensivo só tem aplicabilidade no caso de litisconsórcio unitário, que é aquele em que a decisão judicial deve ser igual (uniforme) para todos os litisconsortes. Veja que o próprio nome já indica o conceito do efeito: as razões do recurso estendem-se aos litisconsortes do recorrente, se os interesses destes não forem conflitantes com os do recorrente. Exemplo prático: Ronaldo, empresário individual reclamado, é condenado a pagar a integralidade das verbas postuladas por Zezinho, reclamante. O polo passivo dessa reclamação foi ocupado por Ronaldo e pela empresa XX Terceirizações,também reclamada. Logo, houve litisconsórcio passivo. Se somente Ronaldo interpuser Recurso Ordinário, a empresa XX Terceirizações poderá aproveitar os termos do recurso de Ronaldo, se os interesses desta empresa foram alinhados aos interesses de Ronaldo (exemplo: provimento do recurso para julgar indevidas todas as pretensões postuladas pelo reclamante Zezinho). Todavia, se Ronaldo suscitar em recurso questões conflitantes com os interesses da empresa, esta não aproveitará o recurso interposto. Imagina que Ronaldo pede em recurso que toda a responsabilidade pelo pagamento da condenação seja da empresa XX Terceirizações. Neste caso, é evidente que o Efeito Extensivo não ocor- rerá, pois as razões do recurso não se estenderão à empresa. O Efeito Extensivo também tem repercussão na questão dos depósitos recur- sais, que consistem em um pressuposto de admissibilidade recursal inerente ao “Preparo”. Esta é uma matéria que estudaremos, ainda, ao longo desta aula. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Para adiantar, apresento a Súmula 128, item III, do TST onde o efeito exten- sivo se manifesta sobre os depósitos recursais: Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. Detalharei os pontos técnicos desta súmula no Título pertinente aos pressupos- tos de admissibilidade recursais, onde abordaremos o depósito recursal, inclusive. EFEITO REGRESSIVO: Este efeito ocorre sempre que o juiz resolve retratar-se de uma decisão proferida anteriormente, reconsiderando-a e modificando seus ter- mos. Basicamente, o juiz regride, volta atrás. No processo do trabalho, esse efeito pode ocorrer, por exemplo, quando o juiz indefere a petição inicial e o reclamante interpõe Recurso Ordinário, caso em que o juiz do trabalho, verificando o recurso, percebe seu erro e reconsidera sua decisão. A previsão legal para este “regresso” está no art. 331 do CPC, aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho, considerando-se que a apelação cível equivale ao recurso ordinário no processo do trabalho. Nesta hipótese específica (indeferimento da petição inicial e recurso ordinário contra a sentença), o juiz tem 5 dias para retratar-se. EFEITO EXPANSIVO: Este efeito teve origem na Teoria da Causa Madura. Tal teoria dizia que o órgão competente para julgar o recurso poderia, desde logo, apreciar o mérito das questões do processo quando o juízo a quo nem mesmo entrou nesse mérito. Essa atitude só poderia ser tomada pelo órgão recursal (ad quem) se a matéria a ser decidida de imediato fosse unicamente de direito ou, se fosse de fato, já houvesse ampla e suficiente dilação probatória sobre o fato. Em palavras técnicas, o juízo ad quem só poderia fazer isso se o processo já O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos estivesse em condições de imediato julgamento. Exemplo prático: Tiago ajuíza reclamação trabalhista contra Rocha Construções, postulando verbas rescisórias. Após o término da instrução processual com ampla produção de provas, a reclamação de Tiago é extinta sem resolução do mérito, porque o juiz entendeu haver coisa julgada, uma vez que já tinha tramitado processo anterior com as mesmas partes, que deram quitação integral ao contrato de trabalho. Todavia esse processo anterior tinha como reclamante uma pessoa homônima de Tiago, isto é, com iguais prenome e sobrenome, fato que levou o juiz a confundir-se. Tiago interpõe Recurso Ordinário. Neste caso, o TRT, verificando que realmente não existe coisa julgada, pode julgar imediatamente o mérito do processo (proce- dência ou improcedência verbas rescisórias postuladas por Tiago), pois há plenas condições de imediato julgamento da causa, uma vez que toda a instrução probatória se esgotou e as partes declararam não ter outras provas a produzir. No CPC, o efeito expansivo tem previsão no art. 1.013, §§ 3º e 4º: § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I – reformar sentença fundada no art. 485* [*extinção do processo sem resolução do mérito]; II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir* [*sentença ultra petita, extra petita ou citra petita]; III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retor- no do processo ao juízo de primeiro grau. O TST reconhece a aplicabilidade do efeito expansivo no processo do trabalho, fazendo-lhe referência na Súmula 393, item II: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos. Para sintetizar: Condições de Imediato Julgamento Matéria exlcusivamente de direito (discussão se exaure na aplicação da lei). Matéria de fato já exaustivamente provada, sem outras provas a produzir. EFEITO DIFERIDO: Este efeito é uma decorrência do Princípio da Irrecorribili- dade Imediata das Decisões Interlocutórias. Basicamente, o efeito diferido consiste no fato de a parte recorrer, após a sentença final, impugnando matéria decidida antes da sentença, isto é, em momento processual anterior. Como já estudamos, a regra do processo do trabalho é que as decisões in- terlocutórias proferidas pelos juízes durante a instrução processual – como inde- ferimento de provas – não podem ser objeto de recurso imediato. Portanto, essa impossibilidade torna necessário que o conteúdo da decisão interlocutória seja impugnado somente em momento processual posterior, lá na frente. Logo, vê-se que a impugnação da decisão interlocutória é diferida, isto é, pos- tergada por necessidade. Veja: o Recurso Ordinário pode ser interposto para atacar a Sentença, correto? O efeito diferido consiste na impugnação de uma decisão judicial proferida antes mesmo dessa decisão recorrida (sentença). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 94www.grancursosonline.com.brDIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos O TST, na OJ 92 da SDI-II, reconhece o efeito diferido aos recursos, nesses termos: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido. 3. Pressupostos de admissibilidade dos recursos tra- balhistas Pressupostos de admissibilidade dos recursos são elementos que devem ser de- monstrados para que o recurso possa ser conhecido pelo juízo ad quem. São elemen- tos sem os quais os recursos não podem prosseguir, isto é, não podem ser admitidos. Na teoria geral dos recursos, estuda-se que o Tribunal, ao julgar o recurso, declarará se ele foi Conhecido e, após, se foi Provido. Relembrarei a diferença entre esses dois fenômenos: CONHECIMENTO do Recurso: o recurso é conhecido quando preenche todos os pressupostos de admissibilidade (intrínsecos e extrínsecos), os quais estudare- mos neste título da aula. O conhecimento do recurso é uma fase que não adentra no seu mérito: somente analisa os requisitos formais previstos em lei para que o órgão julgador admita analisar o teor do recurso. DICA Quando o órgão julgador diz “Conheço do recurso” é o mesmo que se ele dissesse “Admito o recurso”. PROVIMENTO do Recurso: o recurso, já conhecido, apresenta razões jurídi- cas que convencem o juízo ad quem a concordar com a parte recorrente e substituir a decisão recorrida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Conclusão: um recurso pode ser conhecido, mas, mesmo assim, não provido. Isso ocorre quando o recurso é admitido, por conter todos os pressupostos de ad- missibilidade, mas as razões recursais não convencem o órgão julgador, e a decisão recorrida acaba sendo mantida. Já deixei escapar acima que os pressupostos de admissibilidade podem ser INTRÍNSECOS ou EXTRÍNSECOS. Esses pressupostos devem ser preenchidos em conjunto, sob pena de o recurso não ser conhecido (inadmitido). Não basta preencher os intrínsecos: deve a parte preencher os extrínsecos e vice-versa. Abordarei tais pressupostos em subtítulos específicos, abaixo. 3.1. Pressupostos intrínsecos de admissibilidade Os pressupostos intrínsecos são também chamados na doutrina de “pressu- postos subjetivos”, pois eles se referem ao sujeito que pretende recorrer. Os pres- supostos intrínsecos/subjetivos existem para identificar quem pode recorrer e quem não pode. São pressupostos relacionados à pessoa. Existem três pressupostos intrínsecos: CAPACIDADE, LEGITIMIDADE e INTERESSE. 3.1.1. Capacidade Capacidade recursal coincide com a capacidade processual. A capacidade re- cursal (capacidade para recorrer) é diretamente ligada à capacidade para a prá- tica de atos da vida civil (artigos 3º, 4º e 5º do Código Civil). Portanto, para a interposição do recurso, o relativamente incapaz deve ser assistido, e o absoluta- mente incapaz, representado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos 3.1.2. Legitimidade Legitimidade recursal a habilitação dada por lei à pessoa que, por estar em de- terminada condição, pode apresentar recurso contra a decisão judicial. Entre ou- tros, os principais casos de legitimados pela lei para recorrer são: • as próprias partes; • o terceiro prejudicado, quando demonstrar o nexo de dependência entre o interesse alegado e a relação jurídica resolvida na decisão sujeita a recurso; • os litisconsortes e assistentes; • o Ministério Público Do Trabalho, nas causas em que for parte ou atuar como fiscal da lei, ou em quaisquer das hipóteses em que a lei permita sua atuação; • o substituto processual; • o sucessor ou herdeiro; • a empresa condenada solidária ou subsidiariamente. 3.1.3. Interesse O sujeito recorrente deve demonstrar que tem um real e efetivo interesse na reanálise da decisão recorrida. Se ele não tiver nada a aproveitar com o reexame da matéria, ele não terá interesse recursal. Interesse recursal consiste na real pos- sibilidade de eventual substituição da decisão recorrida favorecer seus interesses. Exemplo: se a sentença julgou parcialmente procedentes os pedidos do reclaman- te, ambas as partes terão interesse recursal: uma, para tentar a procedência de todos os pedidos; outra, para tentar a improcedência dos demais pedidos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Exemplo prático: Alessandra ajuíza reclamação trabalhista contra a empresa Mel Azul. O juiz do trabalho extingue o processo sem resolução do mérito porque Ales- sandra não atribuíra valores aos pedidos pecuniários que formulou. A empresa, mesmo assim, resolve recorrer ao TRT para que fosse declarada a prescrição total e extintiva de todos os direitos de Alessandra decorrentes do contrato de trabalho, pois já teriam se passado três anos da extinção do contrato até o ajuizamento da ação (prescrição bienal). A empresa recorreu alegando prescrição com fundamento no art. 1.013, § 4º, do CPC, que trata do efeito expansivo (teoria da causa madura), que permite ao Tribunal decidir desde logo sobre prescrição, mesmo que o juiz não tenha se pro- nunciado. Neste contexto, a empresa, mesmo não tendo nenhum prejuízo em decorrên- cia da extinção do processo sem resolução do mérito, demonstrou que tem interesse recursal por outras razões. No exemplo acima, você pôde perceber que o interesse recursal não precisa envolver valores, pedidos específicos ou procedência/improcedência. Ele pode ser representado por qualquer coisa que, em abstrato, possa favorecer juridicamen- te a parte recorrente. Naquele caso, a pronúncia de prescrição impossibilitaria o ajuizamento de nova ação pela ex-empregada Alessandra, dando-se força de coisa julgada à relação jurídica. 3.2. Pressupostos extrínsecos de admissibilidade Os pressupostos extrínsecos também são chamados na doutrina de pressu- postos objetivos. Esses pressupostos relacionam-se não com o sujeito, mas, sim, com o recurso em si. Relacionam-se com as formalidades do recurso a ser inter- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos posto, com a peça. Sem esses pressupostos, a peça não pode ser nem mesmo analisada pelo juízo ad quem. Na doutrina, alguns autores enunciam os pressupostos extrínsecos com mais elementos, outros com menos. Escolhi trazer a você a lista de pressupostos apre- sentada porCarlos Henrique Bezerra Leite, que é uma das mais amplas. 3.2.1. Recorribilidade A decisão judicial que o recorrente pretende atacar deve ser suscetível de recurso. A lei deve prever a possibilidade de algum recurso contra a decisão impugnada. Exemplo: é recorrível a sentença que julga procedentes os pedidos do reclamante. Exemplo²: é irrecorrível a sentença que homologa acordo feito entre as partes em reclamação trabalhista (art. 831, parágrafo único, CLT). 3.2.2. Adequação A peça apresentada pelo recorrente deve ser adequada em face da decisão impug- nada. Deve ser a espécie recursal que a lei aponta como correta diante do contexto. Exemplo: o recurso adequado para impugnar sentença de juiz do trabalho é o Recurso Ordinário (art. 895, inciso I, CLT). Logo, se a parte apresentar um recurso de revista, o recurso será inadequado. Obs.:� quando o recurso apresentado for inadequado, será possível, em alguns casos, que o juízo ad quem convalide esse vício e receba o recurso como se fosse a peça adequada. Isso é o que estudamos como Princípio da Fungibilidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Veremos adiante que os embargos de declaração servem para apontar omissão, contradição ou manifesto equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos do re- curso; já o agravo interno serve para atacar o mérito da decisão proferida mono- craticamente pelo relator do Tribunal. O TST admite a aplicação da Fungibilidade em relação a esses recursos, rece- bendo um como se fosse o outro, em razão de o erro da parte não ser “grosseiro”. Súmula 421, item II, do TST: Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recor- rente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015. 3.2.3. Tempestividade Cada recurso deve ser interposto no prazo que a lei lhe conferir. Toda espécie de recurso terá seu prazo. Por exemplo, o recurso ordinário deve ser interposto em 8 dias, os embargos de declaração em 5 dias, o recurso extraordinário em 15 dias etc. Quanto ao prazo para interposição dos recursos, há vários detalhes. A partir do Novo CPC, é possível a interposição do recurso antes mesmo do iní- cio do prazo para sua interposição. É o que diz o art. 218, § 4º, do CPC: Art. 218, § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo ini- cial do prazo. Essa nova disposição deu causa ao cancelamento da Súmula 434 do TST, que considerava intempestivo o recurso interposto antes do início do prazo. Agora, o recurso só será intempestivo se for interposto após o término do prazo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Quanto aos prazos recursais, há ainda outras peculiaridades, que foram tratadas inclusive na aula sobre os Atos, Termos e Prazos Processuais. Abaixo, trarei algu- mas importantes considerações feitas em tal aula, envolvendo os prazos recursais. Durante o período de 20/12 a 20/01, os prazos para interposição de recursos, assim como todos os demais prazos processuais, permanecem suspensos. Veja o que diz o art. 775-A da CLT, recentemente criado: Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os mem- bros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput deste artigo. § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento. Este artigo é muito recente: foi incluído pela Lei n. 13.545/2017, que é poste- rior à Reforma (não é fruto da Reforma). Basicamente, este art. 775-A criou nova hipótese legal de suspensão dos prazos processuais (inclusive recursais), que ocorre independentemente de qualquer manifestação no processo, seja do juiz, seja das partes. De 20/12 a 20/01, nenhum prazo processual correrá. Eles continuarão onde para- ram. Se, em 19/12, o prazo já estava em seu terceiro dia de contagem, o quarto dia de contagem será em 21/01, se esta data representar dia útil (se não for dia útil, o quarto dia será o primeiro dia útil subsequente). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Não confunda este período de suspensão processual (20/12 a 20/01) com o perí- odo de Recesso Forense, que é algo diferente (unidades judiciárias e tribunais não funcionam durante o recesso). Há, inclusive, notícias em sites considerados confiáveis da internet que apontam o período do art. 775-A erroneamente como de recesso. No recesso forense (20/12 a 06/01), não há expediente, e todos os prazos, audiências e sessões encontram-se suspensos. No período de 07/01 a 20/01, há expediente, mas, mesmo assim, todos os pra- zos, audiências e sessões encontram-se suspensos. Obs.:� Suspensão Processual: 20/12 a 20/01 (art. 775-A da CLT) Recesso Forense: 20/12 a 06/01 (art. 62 da Lei n. 5.010/1966) Ainda existe outra causa de suspensão dos prazos recursais: Férias Coletivas dos Ministros do TST. Sempre que houver essas férias, os prazos recursais se- rão suspensos. É o que diz a Súmula 262, item II, do TST: Súmula 262, item II, do TST: O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho suspendem os prazos recursais. As férias coletivas dos Ministros do TST (e somente destes) suspendem apenas os prazos relativos a recurso (recursais). Os demais prazos fluem normalmente. Tome cuidado: as bancas já tentaram confundir os candidatos dizendo que as férias coletivas dos Desembargadores do TRT produziriam o mesmo efeito (suspensão de prazos recursais), o que é falso. Ainda sobre os prazos recursais, é fundamental conhecer a Súmula 385 do TST: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Súmula 385 do TST I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local que autorize a prorrogação do prazo recursal (art. 1.003, § 6º, do CPC de 2015). No caso de o recorrente alegar a existên- cia de feriado local e nãoo comprovar no momento da interposição do recurso, cumpre ao relator conceder o prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de 2015), sob pena de não conheci- mento se da comprovação depender a tempestividade recursal; II – Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir a decisão de admissibilidade certificar o expediente nos autos; III – Admite-se a reconsideração da análise da tempestividade do recurso, mediante prova documental superveniente, em agravo de instrumento, agravo interno, agravo regimental, ou embargos de declaração, desde que, em momento anterior, não tenha havido a concessão de prazo para a comprova- ção da ausência de expediente forense. Desde já, você precisa fixar as seguintes regras: Feriado Local Ônus das Partes Feriado Forense Ônus do Juiz/Relator Feriados locais são os municipais e estaduais. Imagine que uma parte quer in- terpor recurso ordinário, e o faz no último dia do prazo. No meio desse prazo, houve um feriado municipal (Dia do Município), e a Vara do Trabalho não teve expediente. Portanto, como é na Vara do Trabalho onde o recurso ordinário deve ser interpos- to (para remessa ao TRT), o prazo ficará suspenso durante o referido feriado local. O relator do TRT, ao efetuar o segundo juízo de admissibilidade do recurso, pode O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos não saber da existência do referido feriado municipal e inadmitir o recurso com base nisso. Portanto, a parte tem o dever de, no prazo do recurso, atestar, expres- samente, a existência do feriado local. Se a parte não tiver feito esse destaque no recurso, o relator dará a ela o prazo de 5 dias para comprovar a existência de feriado local, sob pena de o recurso ser inadmitido, se o feriado local for determinante para a tempestividade do recurso (recurso só estaria dentro do prazo se o feriado local fosse reconhecido). Comprovação de Feriado Local Momento da interposição do recurso OU No prazo de 5 dias, após despacho do relator O feriado forense, que é aquele determinado por lei federal ou pelo regimento interno do tribunal, deve ser atestado de ofício pela autoridade responsável pela admissibilidade do recurso (juiz ou relator). Se tal autoridade não certificar o feriado forense, a parte prejudicada po- derá interpor/opor os seguintes recursos, a depender do caso: • Agravo de Instrumento: se for contexto de Recurso Ordinário inadmitido pelo juiz de primeiro grau ou de Recurso de Revista inadmitido pelo Presi- dente do TRT, por exemplo. • Agravo Interno: se for contexto de o relator, no TRT, inadmitir Recurso Ordinário ou o relator, no TST, inadmitir Recurso de Revista. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos • Agravo Regimental: quando a inadmissão do recurso ocorrer em hipótese para a qual o Regimento Interno assegure agravo regimental. • Embargos de Declaração: quando a inadmissão do recurso decorrer de omissão, contradição, obscuridade ou manifesto equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos do recurso. Obs.:� estudaremos melhor o cabimento desses recursos na próxima aula sobre o Sistema Recursal Trabalhista (Parte II). Nesses recursos, a comprovação do feriado forense deverá ocorrer mediante prova documental (anexo de lei, regimento ou outro ato normativo). Mesmo que o juiz/relator não ateste o feriado forense, a parte prejudicada não poderá pleitear o reconhecimento desse feriado se, antes disso, ela teve pra- zo expresso para demonstrar a ausência de expediente do órgão judiciário em determinada data. Se a parte perdeu prazo dado para demonstrar a ausência de expediente forense em determinado dia, mesmo que nesse dia realmente não tenha havido expediente, o recurso ficará prejudicado, se sua tempestividade depender de tal comprovação. Cabe mencionar também que alguns sujeitos específicos têm PRAZO EM DOBRO para recorrer. São os seguintes: • União (art. 1º do Decreto-Lei n. 779/1969); • Estados (art. 1º do Decreto-Lei n. 779/1969); • Distrito Federal (art. 1º do Decreto-Lei n. 779/1969); • Municípios (art. 1º do Decreto-Lei n. 779/1969); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos • Autarquias (art. 1º do Decreto-Lei n. 779/1969); • Fundações Públicas de Direito Público (art. 1º do Decreto-Lei n. 779/1969); • Associações Públicas (art. 1º do Decreto-Lei n. 779/1969 c/c art. 6º, inciso I, Lei n. 11.107/2005); • Ministério Público do Trabalho (art. 180 do CPC); • Defensoria Pública (art. 186 do CPC); • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (art. 12 do Decreto-Lei n. 509/1969). 3.2.4. Regularidade de Representação Sabemos que o processo do trabalho comporta a figura do jus postulandi. A interposição de alguns recursos pode ocorrer sem a assistência de advogado. Já a interposição de outros exige, necessariamente, a atuação de um advogado. O jus postulandi, na Justiça do Trabalho, tem um limite. Esse limite é devido ao avanço da técnica jurídica. Algumas ações e recursos exigem da parte o preenchi- mento de vários requisitos complexos, técnicos, cujo acesso, na grande maioria das vezes, só não é oneroso para os advogados. O limite do jus postulandi (ou, se pre- ferir, as exceções ao jus postulandi) está estampado na Súmula 425 do TST: O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Você pôde perceber, acima, que o art. 791 da CLT fala que as partes poderão acompanhar suas reclamações “até o final”. Todavia esse termo não deve ser inter- pretado literalmente. Considerando a complexidade técnica dos recursos de com- petência do TST, bem como as peculiaridades jurídicas de ações especialíssimas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos como ação rescisória e mandado de segurança, o TST lançou ao art. 791 interpre- tação sistemática, com resultado restritivo. A Reforma Trabalhista criou outra hipótese em que o jus postulandi não preva- lecerá: nos procedimentos de homologação de acordo extrajudicial. O novo art. 855-B da CLT diz: O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta, sendo obrigatóriaa representação das partes por advogado. Logo, não pode qualquer das partes submeter ao juiz acordo extrajudicial para homologação sem ter advogado constituído por procuração válida. Portanto, as partes do processo trabalhista precisarão, necessariamente, ser representadas por advogado nos seguintes casos: • Recurso de Revista (TST); • Embargos Infringentes ou Embargos por Divergência (TST); • Recurso Ordinário ao TST em processo de competência originária do TRT; • Ação Rescisória (em qualquer tribunal); • Mandado de Segurança (em qualquer juízo ou tribunal); • Homologação de Acordo Extrajudicial (em qualquer juízo ou tribunal). Você pode estar se perguntando: por que o professor não citou a ação cautelar? É porque a ação cautelar não mais existe no ordenamento jurídico, em razão de ter sido extinta pelo Novo CPC, que destinou sua finalidade inteiramente ao instituto da tutela provisória. Dessa forma, a Súmula 425 merece uma atualização, para excluir a ação cautelar do rol. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Todavia a regularidade de representação não se restringe a verificar a possibilidade ou impossibilidade de interposição sem advogado. Mesmo que em tese o recurso possa ser interposto sem advogado, a representação da parte poderá ser irregular. Obs.:� Veja: se o recurso for interposto por advogado que não tenha instrumento de procuração nos autos e nem registro em ata de audiência de manda- to tácito, a representação da parte será irregular. Isso vale para o recurso interposto por advogado sem poderes para isso. � Nesses casos, a parte deve sanar a irregularidade (juntando a procuração aos autos ou conferindo os poderes necessários) para que o pressuposto de admissibilidade “Regularidade de Representação” seja preenchido. Veja o que diz a Súmula 383, item II, do TST: Súmula 383, item II, do TST: Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em procuração ou substabelecimento já cons- tante dos autos, o relator ou o órgão competente para julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015). RECORRENTE com representação irregular: recurso não é conhecido (inad- mitido), por ausência do pressuposto extrínseco “Regularidade de Representação”. RECORRIDO com representação irregular: não poderá apresentar contrar- razões ao recurso interposto pelo recorrente; se as tiver apresentado, elas serão removidas do processo, como se não tivessem sido apresentadas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Obs.:� Prazo para regularização da representação processual em fase de recurso: 5 DIAS, a contar do momento em que o relator do Tribunal detecta o problema. Uma situação específica de irregularidade de representação processual percebida na fase recursal é abordada pela OJ 120 da SDI-I do TST: I – Verificada a total ausência de assinatura no recurso, o juiz ou o relator concederá prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descum- prida a determinação, o recurso será reputado inadmissível (art. 932, pará- grafo único, do CPC de 2015). II – É válido o recurso assinado, ao menos, na petição de apresentação ou nas razões recursais. Ausência de assinatura do recurso pelo advogado é um exemplo prático de ir- regularidade de representação. Todavia a consequência é a mesma reportada na Súmula 383: Súmula 383 A parte tem o prazo de 5 dias para corrigir o problema. Se não corrigir o problema no prazo, o recurso será inadmitido (não conhecido), por ausência do pressuposto extrínseco “Regularidade de Representação”. Para mais detalhes sobre a representação processual, remeto à aula sobre Partes e Procuradores, onde o tema é aprofundado. 3.2.5. Inexistência de Fato Extintivo ou Impeditivo do Direito de Recorrer Esses fatos extintivos e impeditivos são tratados na lei em torno de dois atos processuais: renúncia e desistência. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos A renúncia é um fato impeditivo do direito de recorrer. Conforme o art. 999 do CPC, a renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte e pode ser feita de maneira expressa ou tácita. A renúncia expressa não guarda mistérios: consiste na declaração escrita ou oral em audiência, registrada em ata, de que a parte não quer recorrer. Já a re- núncia tácita consiste na aceitação da situação em que o processo se encontra, praticando-se ato incompatível com a vontade de recorrer (art. 1.000 do CPC). Exemplo prático: Pedro ajuizou reclamação trabalhista contra Matias EIRELI, e o juiz do trabalho julgou totalmente procedentes os pedidos de Pedro. O represen- tante legal de Matias EIRELI, logo após a publicação da sentença, peticiona nos autos apresentando, em anexo, comprovante de pagamento do valor líquido a que foi condenado e pedindo a extinção do processo. O comportamento do reclamado é incompatível com a vontade de recorrer, pois ao pedir a extinção do processo em razão do pagamento ele indica que a decisão do juiz não merece reforma. Logo, se após seis ou sete dias a reclamada solicitar o desarquivamento do pro- cesso para o processamento de recurso ordinário, o recurso não poderá ser admi- tido, pois existe um fato impeditivo do direito de recorrer: renúncia tácita (acei- tação da decisão). Já a desistência é um fato extintivo do direito de recorrer, pois esse direito chegou a existir em dado momento. A parte recorreu, mas manifesta ao juízo que não pretende que seu recurso seja analisado. Segundo Bezerra Leite, a desistência deve ser sempre expressa. O advoga- do só poderá sustentar a desistência se tiver poderes específicos para desistir (art. 105 do CPC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Entretanto existem casos excepcionais que impedem que a desistência retire do Poder Judiciário o poder de analisar as razões do recurso. Tais casos estão previstos no art. 998, parágrafo único, do CPC: A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ouespeciais repetitivos. O reconhecimento de repercussão geral, no STF, assim como a seleção do recur- so para ser julgado como modelo de recurso repetitivo, são questões de interesse social, maior que o interesse das partes. Portanto, se o recurso já tiver sido reconhecido como de repercussão geral ou afetado para julgamento em sede de recursos repetitivos, ele será apreciado para fins de fixação da tese jurídica a ser utilizada no futuro como precedente. 3.2.6. Preparo O preparo é um pressuposto de admissibilidade diretamente relacionado ao dinheiro. Basicamente, o preparo consiste no conjunto de despesas processuais existentes para a interposição de recursos. Divide-se o preparo em duas coisas: custas processuais e depósito recursal. Estudaremos cada item separadamente. 3.2.6.1. Depósito recursal A necessidade do depósito recursal surge do art. 899, § 1º, da CLT, de reda- ção arcaica, que condiciona a admissão de recursos, inclusive do recurso extraor- dinário, ao “depósito da respectiva importância”. Essa importância corresponde ao O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos valor da condenação, observando determinado limite fixado pelo Tribunal Supe- rior do Trabalho em uma tabela. O texto da CLT fala em um suposto limite de “10 salários mínimos regionais”, que não é mais aplicável, ante o envelhecimento desse elemento no contexto jurídico. O depósito recursal somente será necessário se houver condenação em pecúnia, isto é, em valores. Se a sentença tiver resultado meramente declaratório, ou con- denar alguém a cumprir obrigação de fazer ou não fazer, não haverá condenação em pecúnia (pagar dinheiro). Logo, nesses casos, não haveria que se falar em de- pósito recursal, e o preparo consistiria somente em custas processuais. Antes de verificar a tabela, você deve aprender as regras básicas de necessida- de de efetuar depósito recursal. Comecemos: qual é o valor a ser depositado? O valor a ser depositado a título de depósito recursal é o valor da condenação que ainda não tenha sido depositado. Exemplo¹: a empresa José Empreendimentos, reclamada, é condenada a pagar R$ 5.000,00 ao ex-empregado Júlio, reclamante. Inconformado com a sentença, a empresa pretende interpor Recurso Ordinário ao TRT. Para tanto, a empresa deverá depositar o valor de R$ 5.000,00. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 40 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos A regra, contudo, não é sempre fácil assim. Existe um limite máximo para esse depósito. A atual tabela que fixa os limites máximos dos depósitos recursais (Ato 329/2018) é do ano de 2018 e apresenta os seguintes valores: • Recurso Ordinário: R$ 9.513,16; • Recurso de Revista, Embargos ao TST, Recurso Extraordinário e Recurso Or- dinário em Ação Rescisória: R$ 19.026,32. Tais valores são reajustados anualmente pela variação acumulada do Índice Na- cional de Preços ao Consumidor – INPC/IBGE. Exemplo²: Padaria Rocha é condenada a pagar R$ 100.000,00 a um ex-empre- gado. Inconformada com os fundamentos da sentença, a Padaria Rocha pretende interpor Recurso Ordinário ao TRT. Nesse caso, o depósito recursal deverá ser de R$ 9.513,16, limite máximo fixado pelo TST. Se a Padaria Rocha perder também no TRT, ela poderá interpor Recurso de Revista ao TST, efetuando depósito recursal de R$ 19.026,32 (limite). Se a Padaria perder também em sede de recurso de revista, poderá opor Embargos à SDI do TST, efe- tuando depósito recursal de R$ 19.026,32 (limite). Entretanto você não pode observar o limite da tabela em todos os casos. Lem- bre: o valor do depósito recursal corresponde ao valor da condenação que ainda não tiver sido depositado em juízo! Exemplo³: Ronaldo Engenharia Ltda., reclamada, é condenada ao pagamento de R$ 10.000,00 a um ex-empregado. Inconformada com os fundamentos da senten- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 41 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos ça, a empresa pretende interpor Recurso Ordinário ao TRT. Nesse caso, o depósi- to recursal também deverá ser de R$ 9.513,16, limite máximo fixado pelo TST. A empresa é novamente derrotada em grau de recurso ordinário, razão que a leva a interpor Recurso de Revista ao TST. Agora, o depósito recursal para interpor Recur- so de Revista deve ser de apenas R$ 486,84, que é o valor da condenação ainda não depositado em juízo. Obs.:� Conclusão: o limite máximo global e absoluto do depósito recursal sempre será o valor da condenação. Todavia, se o valor da condenação for muito alto, o recorrente nunca pagará mais que os limites fixados na tabela do ato normativo expedido pelo TST. Agora que você já conhece as regras básicas sobre o depósito recursal, resta saber: para que serve o depósito recursal? Seria uma espécie de taxa, como as custas? Não, caro(a) aluno(a). O depósito recursal tem a finalidade de garantir a execução dos créditos deferidos em juízo. Trata-se de uma forma de tornar o adimplemento das verbas trabalhistas mais certo e célere. De acordo com o art. 899, § 1º, da CLT, os depósitos recursais efetuados pelo recorrente serão imediatamente liberados ao reclamante após o trânsito em julgado do processo, se o recorrente não conseguir reverter a decisão em grau de recurso. Essa liberação ocorre mediante simples despacho do juiz (“Conside- rando-se o trânsito em julgado, liberem-se os depósitos recursais ao reclamante”). As peculiaridades do depósito recursal sofreram consideráveis alterações por parte da Reforma Trabalhista. Conforme o art. 899, § 4º, da CLT: Art. 899, § 4º O depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para erica lucia guimaraes - 05214746717, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 42 de 94www.grancursosonline.com.br DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista – Parte I Prof. Gustavo Deitos Antes da Reforma, o depósito recursal era efetuado na conta do FGTS do re- clamante. Agora, é efetuado em Conta Judicial, por meio de Guia de Depósito Judicial. A correção, como diz o dispositivo, observa os índices da Poupança. O § 11º do art. 899 dispõe: Art. 899, § 11º O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial. A Reforma tratou de assegurar esses meios ao recorrente. Logo, eles estão sen- do oportunizados. A Lei n. 13.467/2017 tratou de criar uma lista de sujeitos que são isentos (dis- pensados) de efetuar depósito recursal. Outra lista criada pela Reforma foi de su- jeitos que podem efetuar o depósito recursal somente até a metade de
Compartilhar