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Prova Civil V- Direito das coisas- av1

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Prova de Direito Civil V- 1° UNIDADE 
01 – (2,0 pontos) Zélio, proprietário de um terreno urbano localizado no Município de Jenipapo, autorizou Zacarias, dono de uma transportadora, a utilizar parte desse terreno apenas como garagem. Passados alguns meses de uso, Zacarias, sem autorização de Zélio com má-fé, construiu uma oficina para realizar a manutenção dos seus veículos. Verificando uma oportunidade de negócio, Zacarias passou a prestar serviços mecânicos a terceiros. Zacarias tem direito à indenização das construções feitas para evitar enriquecimento sem causa de Zélio. Isto está certo ou errado? Justifique. 
1- A priori, destaca-se que a construção da oficina realizada por Zacarias, não configura benfeitoria ao terreno urbano, visto que construções de obras que, por seu caráter acessório, passam a propriedade do dono do terreno onde foram realizadas, são chamadas de acessões artificiais pois criam coisas novas. 
Desta feita, o autor da construção (Zacarias), tendo sido previamente autorizado a utilizar parte do terreno alheio como garagem, traiu a confiança que lhe foi depositada, visto que, sem autorização do proprietário Zélio, passou a erguer uma oficina, denotando assim a má-fé de sua conduta. 
Sendo assim, a afirmação de que Zacarias tem direito à indenização das construções feitas para evitar enriquecimento sem causa de Zélio, está errada pois como preleciona o art. 1.220 do Código Civil, o possuidor de má-fé será indenizado apenas pelas benfeitorias necessárias, sem direito de retenção ou de levantamento. Ou seja, pelo fato de acessões e benfeitorias não se confundirem, e por Zacarias não ser possuidor de boa-fé, ele não tem direito à indenização das construções feitas no terreno de Zélio.
02 – (2,0 pontos) A casa de Zadoque é invadida e, entre outras coisas, um relógio é furtado. Três meses depois, Zadoque descobre que o seu relógio está sendo usado por Zózimo. Ao ser confrontado, Zózimo esclarece que adquiriu o relógio há um mês de um brechó e não sabia que era proveniente de furto. Em prova do alegado, Zózimo exibe documento comprobatório da compra do relógio feita no brechó. Zózimo não é o legítimo proprietário do relógio, pois o adquiriu do brechó, que não era o verdadeiro dono da coisa. Isto está certo ou errado? Justifique.
2- De início, ressalta-se que pela leitura da questão dada, é perceptível que a situação trata de ineficácia da venda, atingindo assim o terceiro degrau da Escada Ponteana, que estrutura os princípios para um plano de negócio jurídico. Sendo assim, mediante os dispositivos 166, 167 e 171 do Código Civil, percebe-se que não se pode dizer que o caso é de invalidade (segundo degrau), pois não há previsão de que o negócio da situação seja nulo ou anulável, dentre as hipóteses previstas nos artigos supramencionados. 
Desta feita, a afirmação de que Zózimo não é o legítimo proprietário do relógio, pois o adquiriu do brechó, que não era o verdadeiro dono da coisa está errada, pois como bem preleciona o art. 1.201 do CC, de boa-fé é a posse que quando adquirida pelo o possuidor, este ignora a existência de vício; ou seja, Zózimo é legítimo possuidor do relógio, uma vez que o adquiriu de boa fé (não sabia que este era proveniente de furto), em um comércio, que nas circunstâncias do caso, aparentava ser dono da coisa. Além disso, Zózimo apresentou a Zadoque documento comprobatório da compra do relógio, ou seja, um justo título que presume a sua boa-fé, como dispõe o paragráfo único do art. 1.202 do CC e o Enunciado 303 do CEJF. 
03 – (2,0 pontos) Tadeu trabalha como caseiro do sítio da família Ferreira Costa, exercendo ainda a função de cuidador da matriarca Teodora, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Teodora, Tadeu tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo, ele permanece morando no sítio, apesar de não manter qualquer outra relação jurídica com os herdeiros, que também já não frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis. Tadeu decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações no sítio: alterou a pintura da casa, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”. Doze anos após o falecimento de Teodora, seu filho Tomás decide retomar o imóvel, mas Tadeu se recusa a devolvê-lo. A partir da hipótese narrada, Tadeu não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé. Isto está certo ou errado? Justifique. 
3- A priori, é importante ressaltar que a usucapião é uma forma de conseguir a propriedade de um bem, seja móvel ou imóvel. Assim, a usucapião além de ser um meio de garantir a função social das propriedades, é também uma forma de aquisição de direitos reais, sendo sua característica particular o fato de que a pessoa torna-se dona por ter passado determinado tempo na posse pacífica e mansa daquele bem. 
Desta feita, além da coisa ser suscetível de usucapião, todas as espécies de usucapião possuem 3 requisitos em comum: o animus domini, a inexistência de oposição à posse e a posse ininterrupta por um período de tempo. O primeiro se refere ao comportamento como dono ou proprietário do bem. Ou seja, não basta estar de posse do bem, mas é necessário que a pessoa se comporte como dono, arcando com os custos, fazendo manutenções, se apresentando como proprietário. O segundo, remete-se a não haver contestação à posse, que deve ser pacífica. E o terceiro e último, aduz que deve haver um período de tempo com a posse sem oposição, sendo esse período variável para cada espécie de usucapião.
Sendo assim, ao analisar a situação dada, pode-se dizer que a afirmação de que Tadeu não pode usucapir o bem, por ser possuidor de má-fé está errada, visto que a má-fé (conhecimento de que a coisa era alheia) é irrelevante para adquirir a usucapião. 
Assim, mediante os fatos narrados, na situação hipotética Tadeu cumpre todos os requisitos gerais para a usucapião, sendo assim cabível a usucapião extraordinária habitacional (pois não necessita de justo título, nem boa-fé), prevista no paragráfo único do art. 1.238 do CC, que preleciona que "o prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo." Ou seja, após o falecimento de Dona Teodora, Tadeu permaneceu 12 anos no sítio, utilizando-o como moradia e arcando com os custos e manutenções do imóvel. E só após esses 12 anos, que o filho da falecida proprietária decidiu contestar a posse de Tadeu. 
Visto isso, a má-fé de Tadeu não é um empecilho à usucapião, uma vez que para a usucapião extraordinária habitacional não se exige justo título nem boa-fé, tendo Tadeu estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, e estando no imóvel há mais de 10 (dez) anos, se comportando como se dono do imóvel fosse.
04 – (2,0 pontos) Kaylane manteve união estável com Kaio durante 5 (cinco) anos, época em que adquiriram uma casa de 80 m² onde residiam, único bem imóvel no patrimônio de ambos. Influenciado por tormentosas discussões, Kaio abandonou a casa e a cidade, permanecendo Kaylane sozinha no imóvel, sustentando todas as despesas deste. Após 3 (três) anos sem notícias de seu paradeiro, Kaio retornou à cidade e exigiu sua meação no imóvel. Kaylane e Kaio são condôminos sobre o bem, o que impede qualquer um deles de adquirí-lo por usucapião. Isto está certo ou errado? Justifique. 
4- A priori, é importante destacar que a usucapião especial urbana se divide em individual, por abandono do lar por ex-cônjuge e coletiva. Na situação dada, é perceptível que trata-se da usucapião especial urbana por abandono do lar conjugal, visto que os requistos de existência do animus domini, o comportamento de proprietário; a inexistência de oposição à posse; o imóvel ter menos de 250m² e não ser proprietário de outro imóvel, urbano ou rural são supridos. 
Desta feita, a afirmação de que Kaylanee Kaio são condôminos sobre o bem, o que impede qualquer um deles de adquiri-lo por usucapião está errada, pois como expressa o art. 1240-A do Código Civil: aquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre o imóvel urbano de até 250 metros quadrados cuja propriedade divida com ex-conjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
Sendo assim, Kaio não pode adquirir o bem por usucapião e Kaylane adquiriu o domínio integral do imóvel, por meio da usucapião, já que Kaio, seu ex-companheiro, abandonou o imóvel durante 3 anos, e o bem era de 80m² que supre assim um dos requisitos específicos deste tipo de usucapião. 
05 – (2,0 pontos) Sidnei, proprietário de uma bela chácara situada na zona rural do Município de Pintombeira, abandonou-a em março de 2008. Em julho de 2008, imbuídos de má-fé, Simba e Shakira passaram a exercer a posse do referido imóvel. Em 2010, o imóvel foi inundado em decorrência do rompimento de um açude existente na chácara vizinha. No ano seguinte, Simba e Shakira deixaram o local, que permanece desocupado e abandonado. Simba e Shakira têm direito à indenização das benfeitorias úteis por eles realizadas no imóvel, bem como poderão exercer o direito de retenção pelo seu valor. Isto está certo ou errado? Justifique.
5- A priori, destaca-se que é perceptível na situação dada, a configuração do instituto da composse, que se caracteriza quando duas ou mais pessoas possuem, ao mesmo tempo, uma coisa indivisa, pouco importando a fração de cada um. Sendo assim, conclui-se que a posse, na composse, é absoluta e plena, mas não exclusiva.
Desse modo, bem como preconiza o art. 1199 do Código Civil "se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores." Ou seja, no tempo em que Simba e Shakira passaram a exercer a posse do imóvel, eles poderiam individualmente exercer sobre ele atos possessórios, contanto que o referido exercício por qualquer um deles não excluísse o do outro, como preleciona o artigo supramencionado. 
Entretanto, a afirmação de que Simba e Shakira têm direito à indenização das benfeitorias úteis por eles realizadas no imóvel, bem como poderão exercer o direito de retenção pelo seu valor, está errada. De acordo com art. 1219 do CC, "O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis." Ademais, o art. 1220 do mesmo código preleciona que "Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
Desta feita, Simba e Shakira não têm direito à indenização, haja vista que ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente benfeitorias necessárias, e não úteis como a que eles realizaram, também não lhes sendo assistido o direito de retenção.

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