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32 JA N / M A R 2 0 2 1 PARCEIROS NA 22 ° ED: https://altamar.com.br/ https://www.inveaquaculture.com/ http://www.aquatec.com.br/ https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/ https://www.nanoplastic.com.br/ https://trataguas.com.br/ https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/ https://www.engepesca.com.br/ https://www.textilsauter.com.br/ 33 JA N / M A R 2 0 2 1 Panorama da Quelonicultura no Brasil – uma estratégia para conservação das espécies e geração de renda Quelônios são um dos grupos de rép-teis mais antigos (240 milhões de anos) com uma carapaça protegendo seu corpo. Das 360 espécies atual- mente reconhecidas em todo mundo, 61% estão ameaça- das (Rhodin et al., 2018; Stan- ford et al., 2020). A criação de quelônios ou quelonicultura é uma estratégia de conserva- ção com potencial para mini- mizar o impacto da demanda comercial de quelônios sobre as populações da natureza. A criação de tartarugas de água doce é um componente importante da aquicultura de muitos países asiáticos. Pro- dutos de quelônios estão em alta demanda na Ásia, impul- sionados pela combinação de antigos hábitos arraigados as tradições orientais (culiná- ria e medicina chinesa) e a ex- pansão econômica da China. A produção de tartaruga chinesa (Pelodiscus sinensis) para abate e consumo, incrementada por novas técnicas e intensificação dos cultivos, cresceu, nos últi- mos anos, de 92 para mais de 350 mil toneladas/ano na China, equivalendo a 1% de sua pro- dução aquícola total dos cultivos em água doce. Mesmo assim, para atender a demanda, a im- portação de quelônios ou par- tes deles para consumo foi de cerca de 323-2010 toneladas/ ano de carne (2.243.100 exem- plares) e 76 toneladas de cara- paças, entre 1998 e 2004 (Hai- tou et al., 2008; Zhou e Jiang, 2008; Shao e Lucas, 2019). A quelonicultura é uma estratégia de conservação com potencial para minimizar o impacto da demanda comercial de quelônios sobre as populações da natureza. ¹Paulo Cesar Machado Andrade*, ²Janderson Rocha Garcez, ³Aldeniza Cardoso de Lima, 4João Alfredo da Mota Duarte, 4Thiago Luiz Ferreira Anízio, 4Wander da Silva Rodrigues, ²Anndson Brelaz de Oliveira e 5Hugo Ricardo Bezerra Alves ¹Universidade Federal do Amazonas - UFAM Laboratório de Animais Silvestres Manaus, AM *pandrade@ufam.edu.br ²Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM) 4Universidade Federal do Amazonas - UFAM Programa Pé-de-pincha 5Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR) ³Universidade Federal do Amazonas - UFAM Instituto de Ciências Biológicas 34 JA N / M A R 2 0 2 1 PARCEIROS NA 22 ° ED: Figura 1. Criação de quelônios em canal de igarapé, Sítio 3 irmãos, Iranduba/AM. © Paulo Cesar Machado Andrade Entretanto, em todo mundo, a criação de quelô- nios se concentra mais no seu valor como animais de estimação (pet), sendo que a quelonicultura para es- ses fins se desenvolveu, inicialmente nos EUA, com a exportação de 8 milhões de tigres d’água (Trachemys scripta) principalmente para Europa e Sudeste Asiático, o que correspondia a 85% do comércio mundial de tartarugas na segunda metade do século XX. Atual- mente, os maiores exportadores de quelônios para pet são a Malásia, EUA e Indonésia, sendo os maiores importadores a China, os EUA e o Japão, com a venda de mais de 2 milhões de filhotes nos últimos 10 anos, principalmente de quelônios terrestres (Testudinidae, 35%) e semiaquáticos (Geoemydidae, 31%; Emydi- dae, 19%) – (Luiselli et al.,2016). Na América do Sul, a produção de filhotes de tracajás (Podocnemis unifilis) por manejo comunitário no Equador e no Peru tem possibilitado a venda de 30% dos animais para o mer- cado pet por U$1,5-6,0/unidade (Harju, Síren e Salo, 2017). No Brasil, 77,4% dos criadouros comerciais de fauna silvestre são para atender o mercado de animais de estimação (pet), sendo responsáveis por 69,5% das vendas legalizadas de animais silvestres (Trajano e Car- neiro, 2019). Na Amazônia brasileira, considerada uma das re- giões com maior riqueza de quelônios do mundo, com 18 espécies (Vogt, 2008; Ferrara et al., 2017), os que- lônios sempre foram recurso alimentar importante para as populações ribeirinhas (Pezutti et al., 2010; Andrade, 2017). Os índios, já exploravam esse recurso consumin- do os ovos e a carne de quelônios (Smith, 1974; Meza e Ferreira, 2015). Com a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI, essa exploração tornou-se mais intensa, sendo abatidas milhões de tartarugas (Po- docnemis expansa) e utilizados milhões de ovos para pro- dução de óleo utilizado na iluminação pública, no pre- paro de alimentos e misturado com breu, para calafetar as embarcações (Fiori e Santos, 2015; Andrade, 2017). A captura comercial de quelônios é um dos fato- res que, ainda hoje, mais contribuem para o declínio das populações de tartarugas aquáticas e terrestres em todo mundo (Stanford et al., 2020). Em geral, na Ama- zônia, esses recursos são explorados pelas comunida- des locais para consumo de subsistência ou vendidos para as cidades próximas ou grandes centros regionais como Manaus, Santarém e Belém (Andrade, 2008; Nascimento, 2009). Apesar da captura e venda de animais silvestres, estar proibida no Brasil desde 1967 (Lei N°5.197/67), estima-se, com base nos dados dos órgãos ambien- tais, que entre 1992 e 2019, tenham sido apreendidos 98.843 quelônios e 59.031 ovos, só no Amazonas, que representam cerca de 66% de todos quelônios apreendidos, com uma média anual de apreensões de 2.068 a 4.347 quelônios/ano e mais de 2 mil ovos/ano. Tartarugas são 29% dos quelônios apreendidos e 27% são tracajás. (Nascimento, 2009; Charity e Ferreira, 2020). Em 1979, surgiu o Projeto “Quelônios da Ama- zônia” através do qual o Governo passou a proteger as áreas de reprodução de quelônios. Graças a esse https://altamar.com.br/ https://www.inveaquaculture.com/ http://www.aquatec.com.br/ https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/ https://www.nanoplastic.com.br/ https://trataguas.com.br/ https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/ https://www.engepesca.com.br/ https://www.textilsauter.com.br/ 35 JA N / M A R 2 0 2 1 trabalho de conservação, associado às inúmeras iniciati- vas comunitárias de proteção, em 1996, a tartaruga da Amazônia, saiu da lista de animais ameaçados de extin- ção no Brasil (Cantarelli et al., 2014; Forero-Medina et al., 2019). Criação comercial de quelônios para abate e consumo: Com os programas de conservação de quelônios foi possível recuperar as populações de tartarugas. Como uma estratégia de conservação ex-situ, a partir de 1987 começaram a ser autorizados os primeiros criadores comerciais de quelônios no Brasil. A primeira portaria de criação pelo antigo IBDF foi a Portaria N°133/1988, seguida pela Port. IBAMA N°142/1992 e a de comer- cialização foi a Port.N°070/1996. Por essas portarias, as pessoas interessadas em criar tartarugas e tracajás (as espécies permitidas) se registravam apresentando um projeto técnico ao IBAMA, e recebiam a doação dos filhotes do órgão ambiental para iniciarem sua criação (4.000 filhotes/hectare de espelho d’água), num siste- ma de criação tipo Ranching. Desse plantel inicial, os criadores podiam vender os animais quando atingissem 1,5 kg de peso, mas tinham de reservar 10% para se- rem suas futuras matrizes e reprodutores, para produ- zirem seus próprios filhotes e tornarem-se criatórios de ciclo completo, passando ao sistema tipo Farming. Atualmente, a criação de animais silvestres é regula- mentada pela Instrução Normativa (IN) N°07/2015, e além de tartarugas e tracajás, podem ser criados iaçás (P. sextuberculata) e muçuãs (Kinosternon scorpioides). No auge desta atividade (1999 a 2009), o Brasil chegou a ter 135 criatórios registrados (63% no Ama- zonas) com mais de 938 mil animais em cativeiro e mais de 33 mil animais vendidos (RAN, 2009). Hoje, no Bra- sil, existem 41criadores comerciais de quelônios regis- trados pelo IBAMA, com um plantel de 193.283 tarta- rugas (Podocnemis expansa) e 18.224 tracajás (P. unifilis) em cativeiro (Trajano e Carneiro, 2019; IBAMA, 2019). O Amazonas, é o maior criador de quelônios do Brasil, tendo atualmente 29 criatórios autorizados pelo IBAMA e IPAAM (79% do total nacional) com um plantel de mais de 155.648 tartarugas em criações co- merciais (já chegou a ter 85 criadores e mais de 215 mil animais) e mais 5.423 animais em sistemas de criação comunitários (Andrade, 2008; Trajano e Car- neiro, 2019; IBAMA, 2019). Quelônios são o quinto organismos aquático mais criado no estado, só fican- do atrás do tambaqui (Colossoma macropomum), ma- trinxã (Brycon amazonicus), pirarucu (Arapaima gigas) e pirapitinga (Piaractus brachypomus) (Peixe BR, 2019; IBGE, 2019; IPAAM, 2021). São comercializados le- galmente cerca de 2.623±561 animais/ano (12,7 a 21,6 ton/ano). Entre 1999 e 2019, os queloniculto- res do Amazonas conseguiram vender mais de 61 mil animais, produzindo mais de 302 toneladas e arreca- dando cerca de R$6.741.000,00 (US$2.075.000,00). Figura 2. Captura de matrizes e reprodutores de tartaruga no sítios 3 irmãos, Iranduba/AM. © Paulo Cesar M. Andrade Figura 3. Fêmea de tartaruga da Amazônia (Podocnemis ex- pansa) desovando em praia artificial do criatório Bicho do Rio, Iranduba/AM. © Paulo Cesar M. Andrade Figura 4. Tanque e praia artificial para matrizes de tartaruga na fazenda Coco Laka, Manacapuru/AM. © Paulo Cesar M. Andrade 36 JA N / M A R 2 0 2 1 PARCEIROS NA 22 ° ED: Em 2017, o Amazonas reconheceu oficialmente os esforços de conservação das comunidades, criando 265 áreas de proteção de quelônios e regulamentando um sistema comunitário de criação de quelônios, permi- tindo as comunidades realizarem cria, recria e engorda de um percentual dos filhotes de P. expansa (10%) e P. unifilis (20%) que protegerem (Resoluções CEMAAM Nº25 e 26/17–DOE,2017). Esta possibilidade de ma- nejo ex situ de quelônios para criá-los em condições semi-naturais para serem comercializados, parece ser uma solução, para gerar renda e cobrir parte dos gastos para proteção da espécie (Campos-Silva et al., 2018). O que parece ser promissor, não só pelo aspecto econô- mico, como pela relevância na segurança alimentar e na cultura dos povos da região (Dantas-Filho et al.,2020). Ao contrário de outros estados, os criadores ama- zonenses conseguiram vender todos seus lotes de ani- mais, com peso médio de 4,9±1,9 kg e preço atual va- riando de R$ 25 a 40,00/kg vivo. Mais de 80% deles, já conseguiram a reprodução em cativeiro, tornando-se criações de ciclo fechado e de 2002 até 2019, já pro- duziram mais de 57 mil filhotes (45.070 de tartarugas e 12.397 de tracajás) (Garcez, 2009; IBAMA, 2019). O grande avanço da quelonicultura nesse estado parece estar relacionado a alguns fatores: 1) A grande demanda do mercado local para consumo da carne de quelônios; 2) O grande interesse dos produtores para se regularizarem (mais de 198 processos em análise); 3) Ao incentivo e suporte técnico-científico (extensão e pesquisa) proporcionado pelo IBAMA/AM, fruto de uma parceria e cooperação técnica com a Universida- de Federal do Amazonas (UFAM). Entre 1996 e 2004, através de projeto conjunto foram monitorados todos os criadouros de quelônios do estado, através de visitas técnicas bimestrais, nas quais eram realizadas biometria e pesagens dos animais, analisada a alimentação fornecida e recolhida informações sobre o manejo adotado e os gastos com o custeio da atividade. Com isso, foi pos- sível sistematizar um roteiro mínimo sobre criação de quelônios, definindo tipos de instalações, densidades de cultivo, rações e níveis nutricionais, análise dos custos de produção, aspectos de sanidade e reprodução dos ani- mais em cativeiro. Após um seminário em 2004, que re- uniu os quelonicultores e técnicos do setor em Manaus, a Agência de Agronegócios do estado passou a apoiar a comercialização dos quelônios legalizados e exposições e feiras junto com pescado proveniente de cultivo ou de áreas de manejo, o que ajudou a divulgar e popularizar a venda e o consumo de quelônios de cativeiro, ajudando no marketing deste produto. Além de todo incentivo e do trabalho de extensão e apoio técnico recebido pelos quelonicultores do Ama- zonas, estes reuniam algumas características que, pos- sivelmente, podem ter favorecido o sucesso de seus empreendimentos: a) Proximidade do grande centro consumidor: A maioria dos criatórios ficava na região da metrópole Ma- naus e municípios do entorno (90,3%) – Anízio (2009). b) Pequenas e médias propriedades: A maioria entre 9–35 ha (50%), com média de 22±18,4 ha. Os tanques variaram de 0,1 a 6,0 ha, embora a maioria estivesse entre 1 e 2 ha, e os berçários de 30 a 1.000 m2. A maio- n° animais n° criadores n° d e an im ai s na s cr ia çõ es n° d e cr ia do re s re gi st ra do s 63 492.813 938.691 135 41 1 10.000 398.169 Figura 5. Número de quelônios em cativeiro e número de criadores autorizados pelo IBAMA entre 1989 e 2019. Fontes: RAN, 2006; Andrade, 2008; Trajano e Carneiro, 2019; IBAMA, 2019 https://altamar.com.br/ https://www.inveaquaculture.com/ http://www.aquatec.com.br/ https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/ https://www.nanoplastic.com.br/ https://trataguas.com.br/ https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/ https://www.engepesca.com.br/ https://www.textilsauter.com.br/ 37 JA N / M A R 2 0 2 1 ria dos empreendimentos aproveitaram as barragens e tanques já construídos para atividade de piscicultura (An- drade,2008). c) Perfil sócio-econômico do criador: A maioria dos criadores exerciam outras atividades, sendo a queloni- cultura uma atividade complementar. Em sua maioria eram comerciantes (33%) ou agricultores/produtores rurais (25%), com idade entre 40-59 anos (66,3%), ren- da familiar na faixa de 5 a 10 salários mínimos (41,7%) e nível de escolaridade entre ensino fundamental e médio (58,3%). Além disso, a maioria dos criadores detinham conhecimentos empíricos sobre características biológi- cas das tartarugas, como sua alimentação, reprodução e hábitos na natureza (Lima, 2000). d) Sistemas de produção: a maior parte dos criatórios pertencia a pessoas físicas (61,5%) e que usaram recur- sos próprios para investir. Adotaram sistemas de criação do tipo semi-intensivo ou extensivo (69%) consorciado com peixes como tambaqui, e começaram com lotes de 1.000 a 5.000 animais (60%) – o que hoje, é conside- rado um número pequeno para a atividade comercial e para criar capital de giro. e) Alimentação fornecida: Utilizaram subprodutos encontrados na região como vísceras bovinas (20%), resíduos de filetagem de pescado (40%), restos de fei- ra, frutas e tubérculos (20%), sendo que apenas 20% forneciam ração comercial peletizada para peixe tipo alevinagem com 36 a 42% proteína, reduzindo dessa forma, os custos com alimentação (Andrade, 2008; Aní- zio, 2009). Atualmente, 55% dos quelonicultores usam ração de peixe para alimentar seus animais. Nos cria- douros que forneceram alimentação com maior teor de proteína animal (peixe e sobras de frigorífico e abatedou- ros), os animais foram mais pesados do que os criados com proteína vegetal (verduras, frutos e ração a base de soja e milho) (Andrade, 2008). f) Custos de produção e comercialização: A parti- cipação dos custos fixos sobre os totais variou de 20 a 25% e os custos variáveis ficaram entre 75 a 80 %. Os maiores custos foram com alimentação e variaram entre 52,5 a 61% dos custos totais. O custo de produção gira em torno de 11 a 22% do valor de venda, sendo que atualmente os quelônios estão sendo comercializados entre R$25 a 40,00/kg de peso vivo, sendo a lucrati- vidade estimada em 158 a 582% (Lima, 2000; Anízio, 2009; IBAMA, 2019). Como os animais são vendidos vi- vos, os quelonicultores tem optado por comercializarem animais maiorescom 36 meses de cultivo (4,9 a 8,2 kg), com o preço médio por animal variando de R$160,00 a R$533,00 (Garcez, 2009; Trajano e Carneiro, 2019). Os meses de maior venda são dezembro, março e maio em função das festas de Natal, fim de ano, Páscoa e dia das Mães. E os de menor venda são os meses da seca dos rios, quando quelônios capturados ile- galmente inundam o mercado regional, competindo diretamente com os animais dos criatórios autoriza- dos. Durante a enchente, ocorrem menos animais de tráfico (entressafra), ocasião em que os criatórios legalizados aumentam as vendas de suas tartarugas regularizadas. A redução no número de criações de quelônios no Brasil foi motivada entre outros fatores pelas dificulda- des de comercialização, falta de fomento e apoio técni- co, e excesso burocrático. Então, após 2010, quando o registro e controle dos criatórios de fauna passa do IBAMA para os órgãos ambientais estaduais, muitos criadores optaram por encerrar suas atividades. Apesar, disso o número de animais comercializados e a pro- dução (toneladas) aumentaram nos últimos 10 anos, passando de 152 para 190 toneladas neste período. A situação da aquisição dos lotes iniciais de filhotes pelos criadores principiantes, que parece ser um pon- to crítico no processo de criação, também tende a melhorar, com o aumento no número de nascimen- tos de filhotes de tartarugas e tracajás nos criatórios Figura 6. Exemplares de tartaruga da Amazônia (P. expansa), a) Fêmea; b) macho. © Paulo Cesar M. Andrade A. B. 38 JA N / M A R 2 0 2 1 PARCEIROS NA 22 ° ED: mais antigos. Apesar, de a venda dos filhotes ainda não estar prevista na atual IN N°07/2015, existe o enten- dimento pelo IBAMA de que os filhotes poderiam ser vendidos entre criadores autorizados para formar no- vos plantéis de matrizes e reprodutores e para recria (COCFP/IBAMA, 2013). Criação comercial de quelônios para o mercado pet: Apesar da alta demanda do mercado mundial e na- cional por filhotes de quelônios como animais de esti- mação (pet), no Brasil, o registro de criações comer- ciais com essa finalidade está suspenso desde 2002. Mesmo com a publicação da Resolução Conama Nº 394/2007 que estabelecia critérios e competências para a publicação da lista de animais da fauna silvestre nativa, que poderiam ser criados e comercializados como animais de estimação, até hoje, essa lista não foi publicada (Trajano e Carneiro, 2019). Dessa for- ma, apenas os criatórios que foram autorizados antes de 2002 é que ainda podem atender a esse merca- do. Até 2001, haviam cinco (5) criatórios comerciais de jabutis (Chelonoidis carbonaria e C.denticulata) e um de tigre d’água brasileiro (Trachemys dorbigni). Atualmente, existem registrados no IBAMA ape- nas quatro (4) criações comerciais de jabutis, com um plantel de 2.752 animais, e uma criação de tigre d’água, com um plantel de 2.620 animais. Entre 2015- 2018, esses criadores comercializaram 5.713 jabutis (R$120,4/ animal) e 11.628 tigres d’água (R$134,59/ animal) (Trajano e Carneiro, 2019). A possibilidade legal de comercializar os filhotes de quelônios não só para novos criadores registrados, mas também para venda como animais de estimação (pet) poderia ser uma potencial opção de renda para os quelonicultores. Figura 7. a) Ninhos de tartarugas da Amazônia transferidos para “chocadeira” na criação Bicho de Rio, em Iranduba/AM; b) Arra- çoamento de matrizes de tartaruga. © Paulo Cesar M. Andrade A. B. https://altamar.com.br/ https://www.inveaquaculture.com/ http://www.aquatec.com.br/ https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/ https://www.nanoplastic.com.br/ https://trataguas.com.br/ https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/ https://www.engepesca.com.br/ https://www.textilsauter.com.br/ 39 JA N / M A R 2 0 2 1 nascimentos vendas (n°) 498 produção (T) 19.546 33.898 37.913 41.167 n° d e an im ai s To ne la da s (T ) Figura 8. Número de filhotes (Podocnemis expansa e P. unifilis) nascidos em cativeiro, número de animais comercializados e produção em toneladas das criações comerciais de quelônios no Brasil entre 1990 e 2019. Fontes: Garcez, 2009; Trajano e Carneiro, 2019; IBAMA, 2019. Figura 9. Despesca de tartarugas de lotes comerciais em tanques da criação Bicho de Rio, Iranduba/AM. © Paulo Cesar M. Andrade Consulte as referências bibliográficas em www.aquaculturebrasil.com/artigos 40 JA N / M A R 2 0 2 1 PARCEIROS NA 22 ° ED: A. Considerações finais: A criação comercial de quelônios no Brasil, é uma atividade que pode comple- mentar a renda de peque- nas e médias propriedades, integradas à outros cultivos aquícolas, atendendo a um mercado regionalizado (Ama- zônia) ou gourmet, com alta lucratividade, desde que, se- jam atendidas as exigências de alimentação, instalações e técnicas de manejo adequadas. Apesar da redução no número de criatórios em ati- vidade no País, o número de vendas e a produção em toneladas tem aumentado, alavancados, principalmente, pelo estado do Amazonas, que possui o maior número de criadouros e o maior plantel de quelônios em cativeiro. Isso, em função de uma polí- tica de incentivos, parcerias para assistência técnica, gera- ção de conhecimentos científicos sobre a atividade e pela alta demanda de carne de quelônios pelo mercado local. Também houve um aumento na produção de filho- tes, que poderão ser utilizados para recria e engorda nas criações, que agora são em sua maioria de ciclo fechado, ou repassados para novos criadores. Outra possibilidade, muito aguardada pelos quelonicultores, seria a comercia- lização dos excedentes desses filhotes no mercado pet. Estudos de potencial mercado e da viabilidade econô- mica da criação devem ser realizados a fim de se evitar pro- blemas com a comercialização do produto, que foi o maior fator de desistência da atividade. Entre os principais entraves encontrados por quem quer criar quelônios podemos destacar: 1) Falta de mais técnicos especializados na criação de quelônios; 2) Divul- gação e popularização dos conhecimentos técnico-cien- tíficos e sua extensão aos quelonicultores; 3) Indefinição entre os órgãos estaduais sobre a quem caberia atender o criador de animais silvestres (Secretaria de Produção Rural ou de Meio Ambiente); 4) Adoção de políticas de incenti- vo, fomento e assistência técnica pelos estados interessa- dos em desenvolver essa atividade; 5) Reconhecimento e normatização da metodologia de abate pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 6) Organização da comercialização, divulgação e marketing;. 7) Organiza- ção dos quelonicultores em associações ou cooperativas; 8) Necessidade dos órgãos ambientais tornarem mais ágil e eficiente as atividades que envolvem desde o registro do criador até a comercialização (faltam mais técnicos e recursos para a realização de todas as vistorias). Figura 10. a) Biometria de fêmea adulta de tartaruga da Amazônia (P. expansa); b) Lacre do IBAMA aplicado a tartaruga (P. expansa) para a venda.© Paulo Cesar M. Andrade B. https://altamar.com.br/ https://www.inveaquaculture.com/ http://www.aquatec.com.br/ https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/ https://www.nanoplastic.com.br/ https://trataguas.com.br/ https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/ https://www.engepesca.com.br/ https://www.textilsauter.com.br/ https://www.isistlarquitetura.com.br/ http://beraqua.com.br http://altamar.com.br/ http://engepesca.com.br http://escamaforte.com.br http://aquatec.com.br http://marechalredes.com.br http://inveaquaculture.com http://msd-saude-animal.com.br http://in-situdobrasil.com.br http://nanoplastic.com.br http://alisul.com.br http://prilabsa.com http://textilsauter.com.br http://socil.com.br http://veromar.com.br http://trataguas.com.br http://vaxxinova.com https://api.whatsapp.com/send?phone=5548996596328&text=Ol%C3%A1%2C%20gostaria%20de%20mais%20informa%C3%A7%C3%B5es%20de%20como%20patrocinar%20a%20Aquaculture%20Brasilmailto:publicidade%40aquaculturebrasil.com?subject=Informa%C3%A7%C3%B5es%20sobre%20o%20Midia%20Kit%20Aquaculture%20Brasil
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