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1628356795Panorama_da_Quelonicultura_no_Brasil__uma_estrategia_para_conservacao_das_especies_e_geracao_de_renda

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PARCEIROS NA 22 ° ED:
https://altamar.com.br/
https://www.inveaquaculture.com/
http://www.aquatec.com.br/
https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/
https://www.nanoplastic.com.br/
https://trataguas.com.br/
https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/
https://www.engepesca.com.br/
https://www.textilsauter.com.br/
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Panorama da Quelonicultura 
no Brasil – uma estratégia para 
conservação das espécies e geração 
de renda 
Quelônios são um dos grupos de rép-teis mais antigos 
(240 milhões de anos) com 
uma carapaça protegendo seu 
corpo. Das 360 espécies atual-
mente reconhecidas em todo 
mundo, 61% estão ameaça-
das (Rhodin et al., 2018; Stan-
ford et al., 2020). A criação de 
quelônios ou quelonicultura é 
uma estratégia de conserva-
ção com potencial para mini-
mizar o impacto da demanda 
comercial de quelônios sobre 
as populações da natureza.
A criação de tartarugas de 
água doce é um componente 
importante da aquicultura de 
muitos países asiáticos. Pro-
dutos de quelônios estão em 
alta demanda na Ásia, impul-
sionados pela combinação 
de antigos hábitos arraigados 
as tradições orientais (culiná-
ria e medicina chinesa) e a ex-
pansão econômica da China. A 
produção de tartaruga chinesa 
(Pelodiscus sinensis) para abate 
e consumo, incrementada por 
novas técnicas e intensificação 
dos cultivos, cresceu, nos últi-
mos anos, de 92 para mais de 
350 mil toneladas/ano na China, 
equivalendo a 1% de sua pro-
dução aquícola total dos cultivos 
em água doce. Mesmo assim, 
para atender a demanda, a im-
portação de quelônios ou par-
tes deles para consumo foi de 
cerca de 323-2010 toneladas/
ano de carne (2.243.100 exem-
plares) e 76 toneladas de cara-
paças, entre 1998 e 2004 (Hai-
tou et al., 2008; Zhou e Jiang, 
2008; Shao e Lucas, 2019).
 A quelonicultura é 
uma estratégia de 
conservação com 
potencial para minimizar 
o impacto da demanda 
comercial de quelônios 
sobre as populações da 
natureza.
¹Paulo Cesar Machado Andrade*, ²Janderson Rocha Garcez, ³Aldeniza Cardoso 
de Lima, 4João Alfredo da Mota Duarte, 4Thiago Luiz Ferreira Anízio, 4Wander 
da Silva Rodrigues, ²Anndson Brelaz de Oliveira e 5Hugo Ricardo Bezerra Alves
¹Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Laboratório de Animais Silvestres
Manaus, AM
*pandrade@ufam.edu.br
²Instituto Federal de Educação Ciência e 
Tecnologia do Amazonas (IFAM)
4Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Programa Pé-de-pincha
5Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia de Roraima (IFRR)
³Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Instituto de Ciências Biológicas
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PARCEIROS NA 22 ° ED:
Figura 1. Criação de quelônios em canal de igarapé, Sítio 3 irmãos, Iranduba/AM. © Paulo Cesar Machado Andrade
Entretanto, em todo mundo, a criação de quelô-
nios se concentra mais no seu valor como animais de 
estimação (pet), sendo que a quelonicultura para es-
ses fins se desenvolveu, inicialmente nos EUA, com a 
exportação de 8 milhões de tigres d’água (Trachemys 
scripta) principalmente para Europa e Sudeste Asiático, 
o que correspondia a 85% do comércio mundial de 
tartarugas na segunda metade do século XX. Atual-
mente, os maiores exportadores de quelônios para 
pet são a Malásia, EUA e Indonésia, sendo os maiores 
importadores a China, os EUA e o Japão, com a venda 
de mais de 2 milhões de filhotes nos últimos 10 anos, 
principalmente de quelônios terrestres (Testudinidae, 
35%) e semiaquáticos (Geoemydidae, 31%; Emydi-
dae, 19%) – (Luiselli et al.,2016). Na América do Sul, 
a produção de filhotes de tracajás (Podocnemis unifilis) 
por manejo comunitário no Equador e no Peru tem 
possibilitado a venda de 30% dos animais para o mer-
cado pet por U$1,5-6,0/unidade (Harju, Síren e Salo, 
2017). No Brasil, 77,4% dos criadouros comerciais de 
fauna silvestre são para atender o mercado de animais 
de estimação (pet), sendo responsáveis por 69,5% das 
vendas legalizadas de animais silvestres (Trajano e Car-
neiro, 2019).
Na Amazônia brasileira, considerada uma das re-
giões com maior riqueza de quelônios do mundo, com 
18 espécies (Vogt, 2008; Ferrara et al., 2017), os que-
lônios sempre foram recurso alimentar importante para 
as populações ribeirinhas (Pezutti et al., 2010; Andrade, 
2017). Os índios, já exploravam esse recurso consumin-
do os ovos e a carne de quelônios (Smith, 1974; Meza 
e Ferreira, 2015). Com a chegada dos colonizadores 
portugueses no século XVI, essa exploração tornou-se 
mais intensa, sendo abatidas milhões de tartarugas (Po-
docnemis expansa) e utilizados milhões de ovos para pro-
dução de óleo utilizado na iluminação pública, no pre-
paro de alimentos e misturado com breu, para calafetar 
as embarcações (Fiori e Santos, 2015; Andrade, 2017).
A captura comercial de quelônios é um dos fato-
res que, ainda hoje, mais contribuem para o declínio 
das populações de tartarugas aquáticas e terrestres em 
todo mundo (Stanford et al., 2020). Em geral, na Ama-
zônia, esses recursos são explorados pelas comunida-
des locais para consumo de subsistência ou vendidos 
para as cidades próximas ou grandes centros regionais 
como Manaus, Santarém e Belém (Andrade, 2008; 
Nascimento, 2009).
Apesar da captura e venda de animais silvestres, 
estar proibida no Brasil desde 1967 (Lei N°5.197/67), 
estima-se, com base nos dados dos órgãos ambien-
tais, que entre 1992 e 2019, tenham sido apreendidos 
98.843 quelônios e 59.031 ovos, só no Amazonas, 
que representam cerca de 66% de todos quelônios 
apreendidos, com uma média anual de apreensões de 
2.068 a 4.347 quelônios/ano e mais de 2 mil ovos/ano. 
Tartarugas são 29% dos quelônios apreendidos e 27% 
são tracajás. (Nascimento, 2009; Charity e Ferreira, 
2020). Em 1979, surgiu o Projeto “Quelônios da Ama-
zônia” através do qual o Governo passou a proteger 
as áreas de reprodução de quelônios. Graças a esse 
https://altamar.com.br/
https://www.inveaquaculture.com/
http://www.aquatec.com.br/
https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/
https://www.nanoplastic.com.br/
https://trataguas.com.br/
https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/
https://www.engepesca.com.br/
https://www.textilsauter.com.br/
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trabalho de conservação, associado às inúmeras iniciati-
vas comunitárias de proteção, em 1996, a tartaruga da 
Amazônia, saiu da lista de animais ameaçados de extin-
ção no Brasil (Cantarelli et al., 2014; Forero-Medina et 
al., 2019).
 
Criação comercial de quelônios para 
abate e consumo:
Com os programas de conservação de quelônios foi 
possível recuperar as populações de tartarugas. Como 
uma estratégia de conservação ex-situ, a partir de 1987 
começaram a ser autorizados os primeiros criadores 
comerciais de quelônios no Brasil. A primeira portaria 
de criação pelo antigo IBDF foi a Portaria N°133/1988, 
seguida pela Port. IBAMA N°142/1992 e a de comer-
cialização foi a Port.N°070/1996. Por essas portarias, as 
pessoas interessadas em criar tartarugas e tracajás (as 
espécies permitidas) se registravam apresentando um 
projeto técnico ao IBAMA, e recebiam a doação dos 
filhotes do órgão ambiental para iniciarem sua criação 
(4.000 filhotes/hectare de espelho d’água), num siste-
ma de criação tipo Ranching. Desse plantel inicial, os 
criadores podiam vender os animais quando atingissem 
1,5 kg de peso, mas tinham de reservar 10% para se-
rem suas futuras matrizes e reprodutores, para produ-
zirem seus próprios filhotes e tornarem-se criatórios 
de ciclo completo, passando ao sistema tipo Farming. 
Atualmente, a criação de animais silvestres é regula-
mentada pela Instrução Normativa (IN) N°07/2015, e 
além de tartarugas e tracajás, podem ser criados iaçás (P. 
sextuberculata) e muçuãs (Kinosternon scorpioides).
No auge desta atividade (1999 a 2009), o Brasil 
chegou a ter 135 criatórios registrados (63% no Ama-
zonas) com mais de 938 mil animais em cativeiro e mais 
de 33 mil animais vendidos (RAN, 2009). Hoje, no Bra-
sil, existem 41criadores comerciais de quelônios regis-
trados pelo IBAMA, com um plantel de 193.283 tarta-
rugas (Podocnemis expansa) e 18.224 tracajás (P. unifilis) 
em cativeiro (Trajano e Carneiro, 2019; IBAMA, 2019).
O Amazonas, é o maior criador de quelônios do 
Brasil, tendo atualmente 29 criatórios autorizados pelo 
IBAMA e IPAAM (79% do total nacional) com um 
plantel de mais de 155.648 tartarugas em criações co-
merciais (já chegou a ter 85 criadores e mais de 215 
mil animais) e mais 5.423 animais em sistemas de 
criação comunitários (Andrade, 2008; Trajano e Car-
neiro, 2019; IBAMA, 2019). Quelônios são o quinto 
organismos aquático mais criado no estado, só fican-
do atrás do tambaqui (Colossoma macropomum), ma-
trinxã (Brycon amazonicus), pirarucu (Arapaima gigas) 
e pirapitinga (Piaractus brachypomus) (Peixe BR, 2019; 
IBGE, 2019; IPAAM, 2021). São comercializados le-
galmente cerca de 2.623±561 animais/ano (12,7 a 
21,6 ton/ano). Entre 1999 e 2019, os queloniculto-
res do Amazonas conseguiram vender mais de 61 mil 
animais, produzindo mais de 302 toneladas e arreca-
dando cerca de R$6.741.000,00 (US$2.075.000,00).
Figura 2. Captura de matrizes e reprodutores de tartaruga no 
sítios 3 irmãos, Iranduba/AM. © Paulo Cesar M. Andrade
Figura 3. Fêmea de tartaruga da Amazônia (Podocnemis ex-
pansa) desovando em praia artificial do criatório Bicho do Rio, 
Iranduba/AM. © Paulo Cesar M. Andrade
Figura 4. Tanque e praia artificial para matrizes de tartaruga 
na fazenda Coco Laka, Manacapuru/AM. © Paulo Cesar M. 
Andrade
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Em 2017, o Amazonas reconheceu oficialmente os 
esforços de conservação das comunidades, criando 265 
áreas de proteção de quelônios e regulamentando um 
sistema comunitário de criação de quelônios, permi-
tindo as comunidades realizarem cria, recria e engorda 
de um percentual dos filhotes de P. expansa (10%) e P. 
unifilis (20%) que protegerem (Resoluções CEMAAM 
Nº25 e 26/17–DOE,2017). Esta possibilidade de ma-
nejo ex situ de quelônios para criá-los em condições 
semi-naturais para serem comercializados, parece ser 
uma solução, para gerar renda e cobrir parte dos gastos 
para proteção da espécie (Campos-Silva et al., 2018). O 
que parece ser promissor, não só pelo aspecto econô-
mico, como pela relevância na segurança alimentar e na 
cultura dos povos da região (Dantas-Filho et al.,2020).
Ao contrário de outros estados, os criadores ama-
zonenses conseguiram vender todos seus lotes de ani-
mais, com peso médio de 4,9±1,9 kg e preço atual va-
riando de R$ 25 a 40,00/kg vivo. Mais de 80% deles, já 
conseguiram a reprodução em cativeiro, tornando-se 
criações de ciclo fechado e de 2002 até 2019, já pro-
duziram mais de 57 mil filhotes (45.070 de tartarugas 
e 12.397 de tracajás) (Garcez, 2009; IBAMA, 2019).
O grande avanço da quelonicultura nesse estado 
parece estar relacionado a alguns fatores: 1) A grande 
demanda do mercado local para consumo da carne de 
quelônios; 2) O grande interesse dos produtores para 
se regularizarem (mais de 198 processos em análise); 
3) Ao incentivo e suporte técnico-científico (extensão 
e pesquisa) proporcionado pelo IBAMA/AM, fruto de 
uma parceria e cooperação técnica com a Universida-
de Federal do Amazonas (UFAM). Entre 1996 e 2004, 
através de projeto conjunto foram monitorados todos 
os criadouros de quelônios do estado, através de visitas 
técnicas bimestrais, nas quais eram realizadas biometria e 
pesagens dos animais, analisada a alimentação fornecida 
e recolhida informações sobre o manejo adotado e os 
gastos com o custeio da atividade. Com isso, foi pos-
sível sistematizar um roteiro mínimo sobre criação de 
quelônios, definindo tipos de instalações, densidades de 
cultivo, rações e níveis nutricionais, análise dos custos de 
produção, aspectos de sanidade e reprodução dos ani-
mais em cativeiro. Após um seminário em 2004, que re-
uniu os quelonicultores e técnicos do setor em Manaus, 
a Agência de Agronegócios do estado passou a apoiar a 
comercialização dos quelônios legalizados e exposições 
e feiras junto com pescado proveniente de cultivo ou de 
áreas de manejo, o que ajudou a divulgar e popularizar a 
venda e o consumo de quelônios de cativeiro, ajudando 
no marketing deste produto.
Além de todo incentivo e do trabalho de extensão e 
apoio técnico recebido pelos quelonicultores do Ama-
zonas, estes reuniam algumas características que, pos-
sivelmente, podem ter favorecido o sucesso de seus 
empreendimentos:
a) Proximidade do grande centro consumidor: A 
maioria dos criatórios ficava na região da metrópole Ma-
naus e municípios do entorno (90,3%) – Anízio (2009).
b) Pequenas e médias propriedades: A maioria entre 
9–35 ha (50%), com média de 22±18,4 ha. Os tanques 
variaram de 0,1 a 6,0 ha, embora a maioria estivesse 
entre 1 e 2 ha, e os berçários de 30 a 1.000 m2. A maio-
n° animais n° criadores
n°
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e 
an
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492.813
938.691
135
41
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10.000
398.169
Figura 5. Número de quelônios em cativeiro e número de criadores autorizados pelo IBAMA entre 1989 e 2019. Fontes: RAN, 2006; 
Andrade, 2008; Trajano e Carneiro, 2019; IBAMA, 2019
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ria dos empreendimentos aproveitaram as barragens e 
tanques já construídos para atividade de piscicultura (An-
drade,2008).
c) Perfil sócio-econômico do criador: A maioria dos 
criadores exerciam outras atividades, sendo a queloni-
cultura uma atividade complementar. Em sua maioria 
eram comerciantes (33%) ou agricultores/produtores 
rurais (25%), com idade entre 40-59 anos (66,3%), ren-
da familiar na faixa de 5 a 10 salários mínimos (41,7%) e 
nível de escolaridade entre ensino fundamental e médio 
(58,3%). Além disso, a maioria dos criadores detinham 
conhecimentos empíricos sobre características biológi-
cas das tartarugas, como sua alimentação, reprodução e 
hábitos na natureza (Lima, 2000).
d) Sistemas de produção: a maior parte dos criatórios 
pertencia a pessoas físicas (61,5%) e que usaram recur-
sos próprios para investir. Adotaram sistemas de criação 
do tipo semi-intensivo ou extensivo (69%) consorciado 
com peixes como tambaqui, e começaram com lotes de 
1.000 a 5.000 animais (60%) – o que hoje, é conside-
rado um número pequeno para a atividade comercial e 
para criar capital de giro. 
e) Alimentação fornecida: Utilizaram subprodutos 
encontrados na região como vísceras bovinas (20%), 
resíduos de filetagem de pescado (40%), restos de fei-
ra, frutas e tubérculos (20%), sendo que apenas 20% 
forneciam ração comercial peletizada para peixe tipo 
alevinagem com 36 a 42% proteína, reduzindo dessa 
forma, os custos com alimentação (Andrade, 2008; Aní-
zio, 2009). Atualmente, 55% dos quelonicultores usam 
ração de peixe para alimentar seus animais. Nos cria-
douros que forneceram alimentação com maior teor de 
proteína animal (peixe e sobras de frigorífico e abatedou-
ros), os animais foram mais pesados do que os criados 
com proteína vegetal (verduras, frutos e ração a base de 
soja e milho) (Andrade, 2008).
f) Custos de produção e comercialização: A parti-
cipação dos custos fixos sobre os totais variou de 20 a 
25% e os custos variáveis ficaram entre 75 a 80 %. Os 
maiores custos foram com alimentação e variaram entre 
52,5 a 61% dos custos totais. O custo de produção gira 
em torno de 11 a 22% do valor de venda, sendo que 
atualmente os quelônios estão sendo comercializados 
entre R$25 a 40,00/kg de peso vivo, sendo a lucrati-
vidade estimada em 158 a 582% (Lima, 2000; Anízio, 
2009; IBAMA, 2019). Como os animais são vendidos vi-
vos, os quelonicultores tem optado por comercializarem 
animais maiorescom 36 meses de cultivo (4,9 a 8,2 kg), 
com o preço médio por animal variando de R$160,00 
a R$533,00 (Garcez, 2009; Trajano e Carneiro, 2019). 
Os meses de maior venda são dezembro, março e maio 
em função das festas de Natal, fim de ano, Páscoa 
e dia das Mães. E os de menor venda são os meses 
da seca dos rios, quando quelônios capturados ile-
galmente inundam o mercado regional, competindo 
diretamente com os animais dos criatórios autoriza-
dos. Durante a enchente, ocorrem menos animais 
de tráfico (entressafra), ocasião em que os criatórios 
legalizados aumentam as vendas de suas tartarugas 
regularizadas.
A redução no número de criações de quelônios no 
Brasil foi motivada entre outros fatores pelas dificulda-
des de comercialização, falta de fomento e apoio técni-
co, e excesso burocrático. Então, após 2010, quando 
o registro e controle dos criatórios de fauna passa do 
IBAMA para os órgãos ambientais estaduais, muitos 
criadores optaram por encerrar suas atividades. Apesar, 
disso o número de animais comercializados e a pro-
dução (toneladas) aumentaram nos últimos 10 anos, 
passando de 152 para 190 toneladas neste período.
A situação da aquisição dos lotes iniciais de filhotes 
pelos criadores principiantes, que parece ser um pon-
to crítico no processo de criação, também tende a 
melhorar, com o aumento no número de nascimen-
tos de filhotes de tartarugas e tracajás nos criatórios 
Figura 6. Exemplares de tartaruga da Amazônia (P. expansa), 
a) Fêmea; b) macho. © Paulo Cesar M. Andrade
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PARCEIROS NA 22 ° ED:
mais antigos. Apesar, de a venda dos filhotes ainda não 
estar prevista na atual IN N°07/2015, existe o enten-
dimento pelo IBAMA de que os filhotes poderiam ser 
vendidos entre criadores autorizados para formar no-
vos plantéis de matrizes e reprodutores e para recria 
(COCFP/IBAMA, 2013).
Criação comercial de quelônios para 
o mercado pet:
Apesar da alta demanda do mercado mundial e na-
cional por filhotes de quelônios como animais de esti-
mação (pet), no Brasil, o registro de criações comer-
ciais com essa finalidade está suspenso desde 2002. 
Mesmo com a publicação da Resolução Conama Nº 
394/2007 que estabelecia critérios e competências 
para a publicação da lista de animais da fauna silvestre 
nativa, que poderiam ser criados e comercializados 
como animais de estimação, até hoje, essa lista não 
foi publicada (Trajano e Carneiro, 2019). Dessa for-
ma, apenas os criatórios que foram autorizados antes 
de 2002 é que ainda podem atender a esse merca-
do. Até 2001, haviam cinco (5) criatórios comerciais 
de jabutis (Chelonoidis carbonaria e C.denticulata) 
e um de tigre d’água brasileiro (Trachemys dorbigni). 
Atualmente, existem registrados no IBAMA ape-
nas quatro (4) criações comerciais de jabutis, com 
um plantel de 2.752 animais, e uma criação de tigre 
d’água, com um plantel de 2.620 animais. Entre 2015-
2018, esses criadores comercializaram 5.713 jabutis 
(R$120,4/ animal) e 11.628 tigres d’água (R$134,59/
animal) (Trajano e Carneiro, 2019).
A possibilidade legal de comercializar os filhotes 
de quelônios não só para novos criadores registrados, 
mas também para venda como animais de estimação 
(pet) poderia ser uma potencial opção de renda para 
os quelonicultores.
Figura 7. a) Ninhos de tartarugas da Amazônia transferidos para “chocadeira” na criação Bicho de Rio, em Iranduba/AM; b) Arra-
çoamento de matrizes de tartaruga. © Paulo Cesar M. Andrade
A.
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nascimentos vendas (n°)
498
produção (T)
19.546
33.898
37.913
41.167
n°
 d
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Figura 8. Número de filhotes (Podocnemis expansa e P. unifilis) nascidos em cativeiro, número de animais comercializados e produção 
em toneladas das criações comerciais de quelônios no Brasil entre 1990 e 2019. Fontes: Garcez, 2009; Trajano e Carneiro, 2019; 
IBAMA, 2019.
Figura 9. Despesca de tartarugas de lotes comerciais em tanques da criação Bicho de Rio, Iranduba/AM.
© Paulo Cesar M. Andrade
Consulte as referências bibliográficas em
www.aquaculturebrasil.com/artigos
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PARCEIROS NA 22 ° ED:
A.
Considerações 
finais:
A criação comercial de 
quelônios no Brasil, é uma 
atividade que pode comple-
mentar a renda de peque-
nas e médias propriedades, 
integradas à outros cultivos 
aquícolas, atendendo a um 
mercado regionalizado (Ama-
zônia) ou gourmet, com alta 
lucratividade, desde que, se-
jam atendidas as exigências 
de alimentação, instalações e 
técnicas de manejo adequadas.
Apesar da redução no 
número de criatórios em ati-
vidade no País, o número 
de vendas e a produção em 
toneladas tem aumentado, 
alavancados, principalmente, 
pelo estado do Amazonas, 
que possui o maior número 
de criadouros e o maior plantel 
de quelônios em cativeiro. Isso, em função de uma polí-
tica de incentivos, parcerias para assistência técnica, gera-
ção de conhecimentos científicos sobre a atividade e pela 
alta demanda de carne de quelônios pelo mercado local.
Também houve um aumento na produção de filho-
tes, que poderão ser utilizados para recria e engorda nas 
criações, que agora são em sua maioria de ciclo fechado, 
ou repassados para novos criadores. Outra possibilidade, 
muito aguardada pelos quelonicultores, seria a comercia-
lização dos excedentes desses filhotes no mercado pet.
Estudos de potencial mercado e da viabilidade econô-
mica da criação devem ser realizados a fim de se evitar pro-
blemas com a comercialização do produto, que foi o maior 
fator de desistência da atividade.
Entre os principais entraves encontrados por quem 
quer criar quelônios podemos destacar: 1) Falta de mais 
técnicos especializados na criação de quelônios; 2) Divul-
gação e popularização dos conhecimentos técnico-cien-
tíficos e sua extensão aos quelonicultores; 3) Indefinição 
entre os órgãos estaduais sobre a quem caberia atender o 
criador de animais silvestres (Secretaria de Produção Rural 
ou de Meio Ambiente); 4) Adoção de políticas de incenti-
vo, fomento e assistência técnica pelos estados interessa-
dos em desenvolver essa atividade; 5) Reconhecimento 
e normatização da metodologia de abate pelo Ministério 
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 6) Organização 
da comercialização, divulgação e marketing;. 7) Organiza-
ção dos quelonicultores em associações ou cooperativas; 
8) Necessidade dos órgãos ambientais tornarem mais ágil 
e eficiente as atividades que envolvem desde o registro 
do criador até a comercialização (faltam mais técnicos 
e recursos para a realização de todas as vistorias).
Figura 10. a) Biometria de fêmea adulta de tartaruga da Amazônia (P. expansa); b) Lacre do 
IBAMA aplicado a tartaruga (P. expansa) para a venda.© Paulo Cesar M. Andrade
B.
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