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1 OPERAÇÕES UNITÁRIAS DA INDÚSTRIA QUÍMICA III PROCESSOS de SEPARAÇÃO de MISTURAS EQUILÍBRIO LÍQUIDO VAPOR DESTILAÇÃO Prof. Luciano Gonçalves Ribeiro 2 Capítulo 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Introdução Numa transformação industrial, raramente obtemos um produto 100% puro, pois a maioria dos processos resulta numa formação de homólogos em relação ao produto principal desejado ou na formação de subprodutos (ambas as formações, intrínsecas ao processo produtivo). Nesse exato momento temos um problema, pois, boa parte dos produtos utilizados em transformações industriais, apresenta elevado grau de pureza. Ou seja, é necessário impor ao processo um método de separação dos componentes da mistura de modo a se obter a pureza desejada pelo mercado consumidor. A separação de misturas pode ser realizada através de diversas técnicas e processos que dependem basicamente do tipo de mistura a ser separada e do conhecimento prévio das propriedades dos constituintes dessa mistura. 3 1 - Conceito de Misturas Uma fase que apresente mais de um componente (em qualquer estado físico da matéria: sólido, líquido ou gasoso) pode ser considerada uma mistura. Do ponto de vista de Operações Unitárias, a separação de misturas entre líquidos ou entre gases são as de maior interesse e aplicação nas indústrias Químicas. As primeiras são bastante comuns em processos Petroquímicos, onde desejamos obter produtos líquidos de elevadíssimo grau de pureza oriundos, geralmente de uma mistura proveniente de um sistema reacional. Já a separação de misturas gasosas tem grande aplicação no tratamento de efluentes. Alguns conceitos básicos de misturas devem ser relembrados para o acompanhamento da teoria que será explorada mais adiante: As misturas podem ser classificadas quanto ao número de componentes: • Binárias: constituídas por 2 componentes. • Ternárias e Quaternárias: constituídas por 3 e 4, respectivamente. • Multicomponente: constituídas por mais de 4 componentes. Também podem ser classificadas quanto ao número de fases* * Fase: toda e qualquer porção homogênea da matéria. • Homogêneas: são aquelas que possuem uma única fase. A separação dessas misturas é mais complexa, sendo baseada na diferença de volatilidade (pontos de ebulição) dos componentes da mistura. O processo utilizado para separar os componentes desse tipo de mistura é a destilação. 4 Exemplos de Métodos utilizados para separação de misturas Homogêneas MÉTODO Descrição Simplificada Destilação Simples (Sólido + Líquido) Aquecimento (o líquido entra em ebulição, vaporiza- se e a seguir condensa-se, separando-se do sólido Destilação Fracionada (Líquido + Líquido) Aquecimento (os líquidos vaporizam-se e a seguir condensam-se, à medida que vão sendo atingidos seus pontos de ebulição) Líquefação Fracionada (Gás + Gás) Resfriamento da mistura (os gases se liqüefazem separadamente, à medida que vão sendo atingidos os seus pontos de ebulição). • Heterogêneas: são aquelas constituídas por duas ou mais fases. A separação com componentes desse tipo de mistura é relativamente fácil e baseada na diferença de densidade entre seus componentes. Os processos normalmente utilizados para separar esses componentes são: decantação, filtração, catação, separação magnética. Exemplos de Métodos utilizados para separação de misturas Homogêneas MÉTODO Descrição Simplificada Catação (Sólido + Sólido) Os fragmentos são separados com a mão ou pinça Dissolução Fracionada (Sólido + Sólido) Separação por meio de um líquido que dissolve apenas um componente. Separação Magnética (Sólido + Sólido) Apenas um componente é atraído pelo ímã. Cristalização Fracionada (Sólido + Líquido) Adiciona-se um líquido que dissolva todos os sólidos. Por evaporação da solução obtida, os componentes cristalizam-se separadamente. Peneiração (Sólido + Sólido) Os componentes estão reduzidos a grãos de diferentes tamanhos. Decantação (Sólido + Líquido) Após a sedimentação a fase líquida é escoada. Filtração (Sólido + Líquido) Separa a fase líquida ou gasosa da sólida por meio de uma superfície porosa. Centrifugação (Sólido + Líquido) Decantação acelerada por uma centrífuga. 5 2 - Pressão de Vapor Se um líquido puro for colocado num recipiente cujo volume total é maior que o volume desse líquido, parte desse líquido irá evaporar de modo a preencher com vapor o volume desse recipiente que inicialmente estava vazio (figura a seguir). Passado algum tempo o sistema buscará uma situação de equilíbrio será possível medir a pressão desse sistema através de um manômetro. A pressão é dada pela fase vapor que passa a coexistir com a fase líquida dentro desse recipiente. Entenderemos “Situação de Equilíbrio” aquela em que o sistema atinge uma determinada condição em que não existe nenhuma tendência espontânea de se alterar a condição observada. O sistema só passará para um novo estado mediante interferência de fontes externas (alteração forçada da pressão ou temperatura, por exemplo). Se alterarmos a temperatura do sistema, haverá um aumento do número de moléculas presentes na fase gasosa, e consequentemente, uma nova leitura no manômetro indicará uma pressão maior que a lida anteriormente. 6 Outra forma de visualizar o fenômeno: Vamos supor a existência de vaso cheio de líquido como mostrado na figura a seguir Se realizarmos uma experiência e parte desse líquido for retirado do sistema, sem permitir a entrada de qualquer outro gás, atingiremos uma nova situação conforme mostrado a seguir (moléculas de líquido passam a vaporizar e ocupar o espaço vazio agora existente): A pressão lida no manômetro é Pressão de Vapor do líquido, na temperatura pré-definida para o experimento. 7 Dos exemplos anteriores podemos definir que a Pressão de vapor de um líquido é a pressão que o vapor exerce quando está numa situação de equilíbrio dinâmico com seu líquido correspondente. A pressão de vapor é uma propriedade característica de cada líquido e depende fundamentalmente da temperatura à qual esse líquido é submetido, sendo que sua variação ocorre de maneira exponencial em relação à temperatura. A figura a seguir mostra o comportamento da pressão de vapor (medida em mmHg) de três líquidos diferentes (Éter, Etanol e água) para temperaturas variando ente 0 e 120°C. Conclusões importantes advindas da figura anterior: • Cada substância possui uma curva característica de pressão de vapor; • A pressão de vapor de um líquido varia de forma exponencial com a temperatura; • Quanto maior a pressão de vapor de uma substância, menor o seu ponto de ebulição (dizemos que esta é uma a substância de alta volatilidade) 8 2.1 – Cálculo da Pressão de Vapor de uma Substância (P0 ou Pv) Existem várias expressões desenvolvidas para o cálculo da pressão de vapor de uma substância, mas sem dúvida alguma, a mais utilizada é a Equação de Antoine: ln Pv = A – B/(T+C) ou log Pv = A – B/(T+C) Sendo : Pv – pressão de vapor normalmente em mmHg T – temperatura em ºC ou K A, B e C são constantes obtidas experimentalmente para cada substância Obs: As constantes A,B,C , bem como o tipo de equação a ser utilizada são encontradas em tabelas de livros de termodinâmica ou propriedades de substâncias. Importante: O Ponto de Ebulição de uma substância é uma propriedade relacionada diretamente com a pressão de vapor, sendo definido como a temperatura na qual a pressão de vapor dessa substância se iguala à pressão do meio (pressão externa). Por exemplo: Se quisermos calcular o Ponto de Ebulição da água para as pressões de 1 atm (760 mmHg) e 2 atm(1520 mmHg), podemos utilizar o conceito da equação de Antoine desde que sejam conhecidas as constantes A,B,C e a equação a ser utilizada. Nesse caso, temos (tabelado): A = 7,95246 B = 1660,68 e C = 227,443 e log Pv = A – B/(T + C), com P em mmHg e T em °C Podemos escrever: T = B/(A – log Pv) – C E finalmente calcular o ponto de ebulição para as duas pressões inicialmente previstas: T = 1660,68/(7,95246 – log 760) – 227,443 = 100,0ºC T = 1660,68/(7,95246 – log 1520) – 227,443 = 120,7ºC 9 3 – Misturas de Líquidos e Mistura de Gases Separar misturas é uma das operações industriais mais importantes que existem em indústrias Petroquímicas e será estudada com maiores detalhes ao longo do curso. A base para realização de projetos robustos de equipamentos utilizados para a separação de misturas está no conhecimento das características da mistura a ser separada. O processo de separação de misturas homogêneas passa, necessariamente, pela necessidade de gerarmos uma mistura heterogênea (uma fase líquida e uma fase vapor que apresentam em suas composições todos os componentes que estavam inicialmente presentes na mistura original). Os conceitos envolvidos são relativamente simples, porém o grau de complexidade matemática para se representar esses processos pode crescer significativamente em função dos componentes dessas misturas. Essa complexidade pode ser traduzida para uma linguagem físico-química para os conceitos já conhecidos de misturas ideais e misturas reais (não será foco desse texto o aprofundamento nos conceitos de físico-química. A ideia é apresentar as bases principais para que o leitor conheça os fundamentos básicos a serem utilizados ao longo do curso). A grande vantagem de trabalharmos e modelarmos processos com misturas ideais está no fato de que os equacionamentos são bastante simples, podendo ser representados pelas leis de Raoult (no caso de misturas líquidas) e Dalton (no caso de misturas gasosas). Porém, antes da realização de qualquer cálculo é necessário verificar conceitualmente se uma mistura pode ser razoavelmente bem aproximada por uma mistura ideal. 10 3.1 - Misturas Líquidas Ideais De forma bastante simplificada, o comportamento da fase líquida depende basicamente do tipo de componentes presentes na mistura. Uma mistura líquida pode ser considerada ideal se as moléculas dos componentes possuírem forma, tamanho e forças de interação semelhantes, como por exemplo, hidrocarbonetos da série homóloga (nas misturas ideais as propriedades são obtidas em função apenas das propriedades dos componentes puros). Além disso, quando misturamos os componentes não ocorre liberação de calor nem variação do volume total da mistura. Nas misturas líquidas não ideais as moléculas dos componentes se “associam” através de forças de atração ou repulsão (por exemplo, ligações do tipo pontes de hidrogênio) e a previsão das composições de equilíbrio se torna um assunto complicado. As misturas líquidas ideais podem ser representadas pela Lei de Raoult cujo enunciado nos diz: A pressão parcial do componente i na fase gasosa é proporcional à fração molar do componente i na fase líquida (xi) e à pressão de vapor (Pv) do componente i puro na temperatura do sistema. Matematicamente temos: Pi = xi.Pvi Sendo: Pi – pressão parcial do componente i xi – fração molar do componente i no líquido Pvi – pressão de vapor do componente i Se aplicarmos a lei de Raoult para uma mistura binária (2 componentes), temos: PA = xA.P V A PB = xB.P V B 11 Mas, PT = PA + PB = xA.P V A + xB.P V B Lembrando que xA + xB = 1 PT = xA.P V A + (1 – xA ). P V B Rearranjando os termos: xA = (PT - PVB) / (PVA – PVB) Ou seja, num sistema binário, se conhecemos sua temperatura e sua pressão, automaticamente estará definida a composição da mistura que representa esse sistema. 12 3.2 - Misturas Gasosas Ideais Uma mistura na fase vapor pode ser considerada ideal para baixas pressões (considera-se que para pressões abaixo de 10 atm a mistura pode ser aproximada por uma mistura ideal). Nessa condição, a distância entre moléculas é grande o suficiente para tornar desprezível qualquer efeito de forças intermoleculares. Numa mistura de gases ideais, cada gás contribui para a pressão total do sistema. Neste caso, vale a Lei de Dalton das Pressões Parciais cujo enunciado está descrito a seguir: Numa mistura de gases, a pressão total dessa mistura é igual à soma das pressões parciais exercidas individualmente pelos gases constituintes da mistura. Matematicamente temos: Pt = Pi = (yi.PT) = PT yi Sendo : PT – Pressão total da mistura Pi – Pressão parcial do componente i na mistura yi – fração molar do componente i na mistura ( yi = 1) Conceito de Pressão parcial de um gás Seja um recipiente mantido a uma temperatura fixa e a uma pressão fixa onde são armazenados três gases diferentes. Considerando que estes gases apresentam comportamento ideal, podemos dizer que cada gás pode ser equacionado pela lei dos gases ideais (Clapeyron: PV = nRT) Se analisarmos isoladamente cada um dos gases, podemos escrever que a Pressão ocupada por cada um deles no recipiente será: Pi = ni RT / V Esta pressão devido a presença de cada um dos gases é denominada pressão parcial (é a pressão que o gás exerceria caso ele estivesse ocupando sozinho esse sistema). 13 3.3 - Misturas Reais Se a mistura líquida ou a mistura gasosa não atendem aos requisitos apresentados anteriormente, então a mistura deve ser tratada como uma mistura real. O equacionamento desse tipo de mistura considera a correção das leis de Raoult e Dalton por fatores que consideram as forças de interação entre moléculas, até então desprezada nos modelos de misturas ideais. Os fatores de correção normalmente utilizados são o Coeficiente de Fugacidade e o Coeficiente de Atividade (não é foco desse texto, mostrar um detalhamento termodinâmico dos conceitos e cálculos das teorias que levam à obtenção desses coeficientes, e sim, apresentá-los para que o leitor possa aplicar os conceitos de maneira consistente). Os coeficientes de fugacidade (i) costumam ser aplicados para corrigir o desvio da idealidade de misturas gasosas e passam a considerar efeitos da composição e pressão, sendo obtidos matematicamente a partir de equações de estado. 14 3.3.1 - Equação de Estado É toda forma de representação das relações PVT de um determinado gás, baseando-se em equações empíricas e que utilizam propriedades das substâncias, como pressão reduzida, temperatura reduzida e condições críticas para representar os efeitos de interação entre moléculas. São classificadas em: Equações teóricas: desenvolvidas segundo conceitos de Mecânica Estatística e Termodinâmica Estatística. Normalmente são equações de formas muito complexas envolvendo parâmetros de difícil avaliação. Equações Empíricas: Desenvolvidas por ajustes de dados experimentais à modelos puramente matemáticos, sem significado físico. Geralmente essas equações possuem muitos termos o que as tornam complexas e de difícil emprego. Equações Semi-Empíricas: Desenvolvidas por ajustes de dados experimentais à modelos matemáticos com significado físico, sendo, portanto, as mais utilizadas. São obtidas segundo alguma teoria, sendo as principais: Virial e equações cúbicas (ou da família van der Walls). 3.3.2 - Equação de Virial: Esta equação considera a interação entre moléculas do gás (seja este polar ou apolar), sendo que normalmente são encontradas informações na literatura relacionadas apenas aos dois primeiros coeficientes da equação. PV/RT = 1 + B/V + C/V2 +.....+ n/Vn15 Os coeficientes B,C, ......são função apenas da temperatura e são calculados com base em dados experimentais dos parâmetros PVT. A equação de Virial é normalmente utilizada com apenas os dois primeiros coeficientes (B,C), garantindo bons resultados para pressões de até 15 atm. 3.3.3 - Equações de Estado Cúbicas: Na prática, as equações de estado mais utilizadas são as chamadas cúbicas, polinomiais de 3a ordem em V ou em Z, que dependem de parâmetros obtidos por ajustes experimentais. São equações razoavelmente simples e que representam com bastante precisão as correlações PVT, sendo bastante utilizadas para a estimativa de propriedades termodinâmicas de substâncias. 3.3.4 - Equação de van der Walls: Proposta em 1873, esta equação considera as forças de atração entre moléculas (as chamadas forças de van der Walls), que são esquecidas pela equação dos gases ideais. Essas forças fazem com que a pressão do gás seja inferior à calculada pela equação dos gases ideais P = [(R*T)/(V-b)] – (a/V2) As constantes a e b são chamadas constantes de van der Wals, sendo calculadas através das propriedades críticas de cada gás. a = (27/64) * (R2*Tc2/Pc) b= (1/8) * (R*Tc/Pc) É uma equação simples e por essa razão seus resultados não são muito precisos, porém é utilizada como um bom ponto de partida para a obtenção de resultados a serem utilizados em equações mais sofisticadas. 16 3.3.5- Equação de Redlich-Kwong: Desenvolvida em 1949, tem sido uma das equações de estado mais utilizadas. As constantes a e b são calculadas em função das condições críticas das substâncias (pressão crítica e temperatura crítica). 3.3.6 - Equação de Peng-Robinson: Desenvolvida em 1976, representa um avanço em relação à equação de Redlich-Kwong, porém considera um novo parâmetro denominado fator acêntrico () que representa o desvio das moléculas em relação à sua condição de esfericidade. A tabela a seguir detalha as principais equações de estado e o cálculo de seus coeficientes, os quais são normalmente baseados nas condições críticas dos componentes. 17 Já a tabela a seguir lista alguns valores dos coeficientes a e b das equações de van der Walls e Redlich-Kwong para diversos compostos, podendo ser utilizada como uma referência da ordem de grandeza desses coeficientes. 18 3.3.7 – Cálculo de Propriedades Físico-Químicas de um Componente Puro Utilizando Equações de Estado As equações de estado cúbicas normalmente são escritas em função do fator de compressibilidade (Z), tornando-se mais fáceis de serem resolvidas. O procedimento adotado para essa transformação matemática consiste em eliminar o parâmetro V da equação de estado através de sua substituição por V = (Z*R*T / P), obtido da equação de estado generalizada. Esse desenvolvimento matemático resulta em equações com a seguinte configuração: Z3 + CZ2 + DZ + E = 0 EM que: C,D,E são constantes relacionadas à P,T, por exemplo. Em geral, nas regiões chamadas supercríticas (onde existe apenas uma fase do componente ou da mistura em estudo), a solução dessa equação resulta numa raiz real e em duas raízes complexas. A raiz real corresponde ao valor de Z que apresenta significado físico. 19 Quando se resolve essa equação para regiões abaixo da temperatura crítica, onde podem coexistir a fase líquida e a fase vapor, a solução da equação resulta em 3 raízes reais: • A de maior valor que representa cálculos relacionados às propriedades da fase gasosa • A de menor valor que representa cálculos relacionados às propriedades da fase líquida • A de valor intermediário, que não tem significado físico. Normalmente se utiliza o método de Newton para solução dessas equações (processo iterativo, estimando-se um valor inicial para o parâmetro Z: zero caso se deseje a raiz que represente a fase líquida ou 1 caso se deseje a raiz que representa a fase gasosa). Ou são utilizados métodos computacionais. Conhecido o valor da raiz Z, podem ser calculadas algumas propriedades da substância em estudo, tais como: fugacidades, coeficiente de fugacidade, densidades e entalpias de substâncias puras e/ou misturas de componentes. 3.3.8 – Cálculos de Propriedades Físico-Químicas dos Componentes de uma Mistura Utilizando Equações de Estado Alguns pontos importantes a serem ressaltados: • As equações de estado para misturas são as mesmas utilizadas para os cálculos de componentes puros; • No caso de misturas, as equações de estado apresentadas nas tabelas anteriores devem sofrer algumas adaptações segundo algumas regras especiais denominadas regras de mistura. • Essas regras estão relacionadas aos cálculos dos parâmetros a e b dos componentes da mistura (tabelas anteriores). 20 Resumidamente, o procedimento para o cálculo de propriedades de misturas (de dois componentes) utilizando as equações de estado inclui: a) Levantamento das propriedades críticas de cada componente da mistura; b) Determinação da fração molar de cada componente da mistura (yi , yj); c) Verificar as expressões para os cálculos dos parâmetros da equação de estado em estudo; d) Cálculos dos parâmetros individuais Ai , Aj e Bi , Bj para cada componente da mistura; e) Calcular os parâmetros A = f(yi, yj, Ai, Aj) e B = f(yi, yj, Bi, Bj) da mistura f) Com os valores de A e B, resolver a equação de estado cúbica em Z; g) Calcular as propriedades desejadas (por exemplo, coeficiente de fugacidade dos componentes da mistura). Exemplificando, para a equação de Redlich-Kwong, os parâmetros A e B, para uma mistura de dois componentes são determinados por: A = yi*Ai + yj*Aj B = yi*Bi + yj*Bj A seguir são apresentadas as equações para os cálculos do coeficiente de fugacidade de um componente puro e dos componentes de uma mistura, utilizando-se as equações de Redlich- Kwong. Equações de R-K 21 Em que: Ai e Bi são parâmetros referentes ao componente “i”. A e B são parâmetros da mistura. A aplicação desses conceitos é mostrada no um exemplo prático do cálculo do coeficiente de fugacidade dos componentes de uma mistura gasosa binária (propano e benzeno), cuja fração mássica em propano é de 26,92 %, a uma temperatura de 400 F (477,59 K ou 859,67 ° R) e pressão de 410 psia (2829 MPa), utilizando a equação de estado de Redlich-Kwong. Os pesos moleculares do propano e benzeno são, respectivamente, 44,097 e 78,114. A equação de R-K em Z também pode ser escrita na forma abaixo, e foi utilizada como base para os cálculos realizados: Solução: 1ª etapa: Cálculo das frações molares dos componentes da mistura 𝒚𝑷 = ( 𝟎, 𝟐𝟔𝟗𝟐 𝟒𝟒, 𝟎𝟗𝟕) ( 𝟎, 𝟐𝟔𝟗𝟐 𝟒𝟒, 𝟎𝟗𝟕 + 𝟏 − 𝟎, 𝟐𝟔𝟗𝟐 𝟒𝟕𝟖, 𝟏𝟏𝟒 ) = 𝟎, 𝟑𝟗𝟒𝟗 Portanto, a fração molar de benzeno será: 𝒚𝑩 = 𝟏 − 𝟎, 𝟑𝟗𝟒𝟗 = 𝟎, 𝟔𝟎𝟓𝟏 2ª etapa: Cálculo dos parâmetros termodinâmicos A e B (faz-se necessário o cálculo de Ai e Bi, para cada componente). 22 As propriedades críticas são tabeladas: Temperatura crítica (° R) Propano = 665,9 Benzeno = 1012,7 Pressão crítica (psia) Propano = 617,4 Benzeno = 714,2 Cálculo da temperatura reduzida: Tr = T/Tc Propano = (859,67 / 665,9) = 1,2910 Benzeno = (859,67 / 1012,7) = 0,8489 Cálculo dos parâmetros Ai e Bi 𝑨𝑷 = ( 𝟎, 𝟒𝟐𝟕𝟖 (𝟔𝟏𝟕, 𝟒 ∗ ( 𝟖𝟓𝟗, 𝟔𝟕 𝟔𝟔𝟓, 𝟗 ) 𝟐,𝟓 )𝟎,𝟓 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟗𝟏𝟑 𝒑𝒔𝒊𝒂−𝟏 Da mesma forma, AB = 0,03004 psia -0,5 BP = 1,088 * 10 -4 psia-1 BB = 1,430 * 10 -4 psia-1 Logo, A = yP *AP + yB *AB A = (0,3949)*(0,01913) + (0,6051)*(0,03004) = 0,0257 psia-0,5 B = yP *BP + yB *AB B = (0,3949)*( 1,088 * 10-4) + (0,6051)*( 1,430 * 10-4) = 1,295* 10-4 psia-1 23 A equação cúbica em Z, apresentada no enunciado deste exemplo, pode então ser escrita como: Z3 - Z2 + 0,215Z – 0,0143= 0 Cuja raiz Z vale 0,73 2ª etapa: Conhecidos os parâmetros A, B, Ai, Bi e a raiz Z, pode-se calcular o coeficiente de fugacidade para cada componente da mistura, conforme previsto pelas equações anteriormente mostradas. Nesse exemplo específico: P = 0,9327 e B = 0,7052 Os coeficientes de atividade (i) costumam ser aplicados para corrigir o desvio da idealidade de misturas líquidas e passam a considerar os efeitos da composição da mistura e as possíveis interações entre moléculas. São obtidos a partir de modelos de soluções líquidas. A utilização de equações de estado não resulta, na maioria dos casos, numa previsão aceitável dos coeficientes de fugacidade ou de atividade para a fase líquida, fazendo com que a utilização de modelos de soluções líquidas para estimativa desses coeficientes seja a mais recomendada. Esses modelos são bastante complexos e necessitam de informações (estrutura do líquido, arranjo espacial e forças intermoleculares) que normalmente são obtidas via parâmetros empíricos referentes aos componentes da mistura. 24 Vários critérios são sugeridos para classificação de uma mistura líquida (ideal ou real). Dentre estes, um bastante utilizado é o proposto nas tabelas a seguir. Classe Descrição Exemplos I Moléculas capazes de formar uma rede tridimensional de pontes de hidrogênio. Água, glicóis, glicerol, aminoálcools, hidroxiaminas, hidroxiácidos, polifenóis e aminas II Moléculas contendo átomos de hidrogênio ativo e átomos de O, N ou F. Álcoois, ácidos, fenóis, aminas primárias e secundárias, compostos nitrílicos com alfa hidrogênios, amônia, hidrazina. III Moléculas contendo átomos de O, N ou F, porém sem hidrogênios ativos. Éteres, cetonas, aldeídos ésteres, aminas terciárias. IV Moléculas contendo átomos de hidrogênio ativo e ausência de átomos de O, N ou F. Possuem 2 ou 3 átomos de cloro no mesmo carbono do átomo de hidrogênio ou um átomo de cloro no mesmo átomo de carbono e um ou mais átomos de cloro nos átomos de carbono adjacentes. CHCl3, CH2Cl2, CH3CHCl2, CH2ClCH2Cl, CH2ClCHClCH2Cl V Todas outras moléculas que não possuam hidrogênios ativos ou átomos de O, N ou F. Hidrocarbonetos, dissulfeto de carbono, mercaptanas. Desvios de Soluções em Relação à Idealidade Tipo de Desvio em Relação à Idealidade Classes Sempre negativo III + IV Quase ideal (III+III), (III+V), (IV+IV), (IV+V), (V+V) Geralmente positivo (I+I), (I+II), (I+III), (II+II), (II+III) Sempre positivo (I+IV), (I+V), (II+V) 25 De maneira geral os sistemas constituídos por uma fase líquida não ideal são mais complexos e difíceis de serem equacionados que aqueles cuja fase vapor apresenta um comportamento não ideal. 3.3.9 - Texto complementar – Coeficiente de Atividade (Adaptado do texto: “Não tenha medo do coeficiente de Atividade – Prof Wilson Salvagnini – EPUSP – publicado na Revista de Graduação de Engenharia Química) Introdução Poucos assuntos causam tanta ojeriza aos alunos quanto a parte que trata dos coeficientes de atividade. Essa aversão provavelmente se deve ao tratamento teórico dado à energia livre de excesso, da qual o coeficiente de atividade é derivado, que não é um dos pontos mais digestivos da físico-química. Uma forma de não detestar e aprender os fundamentos do coeficiente de atividade é entender o que ele representa e qual sua utilização. Misturas Binárias Ideais A ideia de idealidade frequentemente está associada a gases ideais, onde pressão e volume estão relacionados de uma maneira linear com a temperatura (equação de Clapeyron). Esta mesma ideia de relação entre idealidade e linearidade inspirou o químico francês François Marie Raoult (1830-1901) a estabelecer a lei que leva o seu nome. Ele observou que para certas misturas de dois líquidos miscíveis, tais como alguns hidrocarbonetos, a volatilidade de cada um não é afetada pela presença do outro componente. Em tais casos, o ponto de ebulição de uma mistura com 50% em números de mols de cada um dos componentes (A e B) ocorreria no meio do intervalo compreendido entre os pontos de ebulição de cada um dos componentes puros (Se A ferve a 100° C e B a 80° C, a mistura ferveria a 90° C). 26 Se fizéssemos uma destilação simples (aquela que fazemos com o balão de destilação no laboratório), o grau de separação obtido seria somente dependente da pressão de vapor dos componentes puros na temperatura de trabalho e da composição da mistura. (1) Essa é a lei de Raoult: “A pressão parcial do componente A na fase vapor em equilíbrio com seu respectivo líquido está linearmente relacionada com a fração molar de A na fase líquida (xA) e sua pressão de vapor. A pressão parcial de A, que é um meio de expressar a concentração de A na fase vapor formada sobre a fase líquida quando estas entram em equilíbrio, está diretamente relacionada com a fração molar do mesmo componente na fase líquida. (Ela é uma espécie de ponte que liga a composição das duas fases). Se admitirmos que o vapor formado acima da superfície líquida for um gás ideal, valerá a lei de Dalton, outra relação linear entre a fração molar de A no vapor e a sua pressão parcial: (2) Igualando estas duas equações (1) e (2), obtém-se uma importante relação da termodinâmica: (3) Que é a relação entre as frações molares das duas fases quando as duas fases são ideais. 27 Misturas Binárias Reais Porém a realidade é bem diferente: a maioria das misturas líquidas que encontramos na prática tem um comportamento que foge muito ao ideal. Se analisarmos a volatilidade do etanol numa solução aquosa diluída, observa-se o crescimento desconcertante de sua volatilidade. A volatilidade do álcool é maior que a predita pela lei de Raoult. Por que isto ocorre? Seguramente isto se deve às diferentes estruturas moleculares da água e do etanol. A água é altamente polar e apresenta tem em sua molécula uma má distribuição de cargas elétricas, como pode ser observada na figura a seguir. Já o etanol apresenta parte da molécula polar e a outra parte pouco polar, como um hidrocarboneto. Enquanto parte da molécula do etanol tem grande afinidade pela água, a outra tem uma verdadeira aversão e, portanto, o etanol não é muito semelhante à água. Decorre disto que a água tende a expulsar o etanol da solução e por isso a sua volatilidade aumenta. Este efeito é mais pronunciado quando a solução é diluída em etanol (uma molécula de etanol está rodeada quase que somente de moléculas de água). O etanol se torna um estranho no ninho e a consequência é a tendência desta molécula ser expulsa do meio, fazendo com que a volatilidade cresça muito. Estruturas da água e etanol 28 Se na solução formos adicionando mais moléculas de etanol, elas vão se ajuntando formando "guetos" de maior concentração de etanol e começam a impor na mistura um comportamento que vai se aproximando do comportamento do etanol puro. A volatilidade do etanol diminui e a da água passa a aumentar. Agora é a vez da água a estar rodeada de moléculas diferentes e "hostis". Ou seja, constantemente existe uma forte interação entre moléculas do sistema. Tradução Matemática do Comportamento Real Na ciência, quando uma relação é cômoda para trabalhar ou mesmo é "elegante", esta nunca é desprezada, mesmo que não represente completamente um fenômeno. Estas relações são ajustadas para permitir que a relação seja utilizada para expressar outros fenômenos. No caso específico da expressão (3), válida somente para condições ideais, coloca-se um coeficiente que a corrige, tornando-a aplicável para misturas reais. Esse coeficiente é denominado coeficiente de atividade () de modo que a relação 3 passa a ser escrita como: (4) Obs: O coeficiente de atividade está explicando somente interações que ocorrem na misturalíquida. Analisando os parágrafos anteriores, podemos perceber que o coeficiente de atividade é fortemente influenciado pelas concentrações dos componentes na mistura líquida. O coeficiente de atividade também é influenciado, em menor grau, pela temperatura e pressão do sistema, porém esses dois fatores costumam ser desprezados nos modelos de cálculos. 29 A figura abaixo mostra como o coeficiente de atividade varia com composição para uma dada mistura líquida binária (xA é a fração molar do componente mais volátil da mistura): Variação do coeficiente de atividade com a concentração Observe a forte dependência do coeficiente de atividade com a concentração. À medida que qualquer um dos dois componentes se torna diluído, o seu coeficiente cresce e, portanto, também a sua volatilidade. O crescimento deste coeficiente traduz a hostilidade que o meio exerce sobre o componente diluído (ele está sendo expulso da solução). Note que quando a concentração de A tende a zero, o coeficiente de atividade tende ao maior valor (corresponde ao coeficiente de atividade em diluição infinita), que traduz o fato de o componente A estar tão diluído que ao seu redor só se encontram moléculas de B; logo, a sua volatilidade é a máxima possível. 30 Já a figura a seguir mostra a situação contrária, isto é, quando as ligações entre os componentes são mais fortes do que quando os componentes estão puros. Note que neste caso temos valores de menores do que 1 (há um decréscimo da volatilidade). Variação do coeficiente de atividade com a concentração Costuma-se classificar esses casos conforme tabela abaixo: = 1 • Misturas ideais - forças de interação entre os componentes são muito semelhantes. Vale a lei de Raoult. >1 • Sistema com desvio positivo em relação à lei de Raoult. • As moléculas têm estruturas diferentes e há uma tendência da molécula ser expulsa para a fase vapor (aumento da volatilidade). • Vale a lei de Raoult corrigida (equação 4) Ex: alcool-água >>1 • Moléculas muito diferentes, com pouca afinidade entre si. Ex: álcool hidrocarbonetos / butanol-água < 1 • Sistemas com desvio negativo em relação à lei de Raoult. • As moléculas dos diferentes componentes apresentam grande afinidade, mais do que se elas estivessem puras. Ex: Água com o ácido acético. Finalmente, convém alertar que todas as considerações feitas nesse texto valem para algumas condições particulares, que nem sempre são encontradas na prática. 31 Para facilidade da análise foi considerado que a fase vapor (ideal) está em equilíbrio com a fase líquida (a rigor, a aplicação do coeficiente de atividade só pode ser feita quando a mistura líquida está em equilíbrio com o seu vapor). 3.3.10 – Modelos de Soluções Líquidas - Cálculo do Coeficiente de Atividade de Misturas Líquidas Reais A modelagem de misturas líquidas reais é bem mais complexa que a das misturas gasosas. Uma mistura líquida real pode ser equacionada pela lei de Raoult (como no caso de misturas ideais), desde que corrigida pelo coeficiente de atividade. O coeficiente de atividade pode ser obtido através da utilização de equações de estado (semelhante às apresentadas para misturas gasosas reais), porém com o uso dessas equações nem sempre são obtidos bons resultados, principalmente quando a mistura apresenta componentes de polaridades significativamente diferentes. Como alternativa, surgem os cálculos dos coeficientes de atividade através dos modelos de soluções líquidas que tem por objetivo principal eliminar essa deficiência apresentada pelas equações de estado. Os modelos de soluções líquidas acrescentam no equacionamento da mistura alguns fatores que consideram pontos importantes de seu comportamento, entre os quais: - Arranjo estrutural das moléculas na mistura; - Forças intermoleculares dos constituintes da mistura. Esses fatores são obtidos de forma empírica ou semi-empírica e encontram-se disponíveis em literaturas específicas para cada constituinte de uma mistura binária (são normalmente obtidos através de ajustes de dados experimentais). 32 Os modelos de soluções líquidas são elaborados a partir dos conceitos de funções de excesso e energia de Gibbs, conforme relação abaixo: GE / RT = (xi * lni) Os coeficientes de atividade são, por hipótese, independentes da pressão do sistema, sendo função apenas da composição da mistura líquida. Entre os principais modelos utilizados são: Margules, Van Laar e Wilson, cujas equações, para misturas líquidas binárias, estão descritas a seguir: 33 EXERCÍCIOS – CAPÍTULO 1 1) Calcular a pressão de vapor do benzeno e do tolueno (componentes puros) nas temperaturas de 85 e 100°C. Dados: coeficientes da equação de Antoine para os componentes da mistura. Componente A B C Benzeno 6,87987 1196,76 219,161 Tolueno 6,95087 1342,31 219,187 Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em °C e P em mmHg 2) A uma temperatura de 79,4°C as pressões de vapor do n-hexano e n-octano são respectivamente 137 kPa e 23 kPa. Para essas condições determinar a composição da mistura líquida desses componentes num sistema mantido a uma pressão de 101 kPa e admitido como ideal. 3) Determinar a variação da composição de uma mistura líquida de n-hexano e n-heptano no intervalo de temperaturas de 120 a 150°C em um sistema mantido a 3000 mmHg de pressão. Dados: Coeficientes da equação de Antoine para cada componente: Componente A B C n-hexano 3,99695 1171,53 -48,784 n-heptano 4,02159 1268,115 -56,25 Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em K e P em atm. CT B APlog si + -= CT B APlog si + -= 34 Capítulo 2 EQUILÍBRIO LÍQUIDO VAPOR 1 – Conceito de Equilíbrio líquido vapor Em primeiro lugar, não se deve confundir um estado de equilíbrio termodinâmico com um estado estacionário. No estado estacionário ou regime permanente (steady state) em um dado processo, nenhuma variável se altera ao longo do TEMPO. Qualquer derivada parcial em relação ao tempo, por definição, é nula. Já o estado de equilíbrio é conceituado de modo completamente diferente. No caso de equilíbrio líquido – vapor de uma mistura binária formada pelos componentes A e B, atinge-se o equilíbrio quando o número de moléculas de A que evapora é igual ao número de moléculas de A que condensa, assim como para o componente B. A seguir é elaborada uma breve descrição do conceito de Equilíbrio líquido-vapor (ELV), principal base teórica dos processos de destilação. Para compreender o conceito de ELV, vamos imaginar inicialmente um recipiente que é preenchido até metade de seu volume com água. Esse sistema é fechado (isolado) e mantido a numa certa pressão e numa certa temperatura (ambos fixos). A figura abaixo ilustra o fenômeno descrito. 35 Nesse momento temos, dentro do recipiente, duas fases: uma líquida e uma gasosa. Forma- se, nesse momento, a condição necessária para que ocorra o fenômeno de ELV: o contato entre duas fases diferentes. A condição apresentada não é a mais estável do ponto de vista Termodinâmico, pois existem diferenças de energia entre as fases do sistema. Dessa forma, ao “perceber” que existe um contato entre fases se iniciará um movimento de moléculas dos componentes presentes em cada uma das fases visando reduzir a diferença de energia no sistema, até o momento em que as composições de todas as fases param de mudar. No exemplo da água passamos a ter a seguinte situação ilustrada abaixo: Inicia-se um processo de vaporização e condensação das moléculas de água até que, após certo tempo as condições de temperatura e pressão passam a não mais variar (são as mesmas para todas as fases do sistema).Nesse exato momento dizemos que as fases estão em equilíbrio. Se fosse possível entrar no sistema e observar microscopicamente o que está ocorrendo, notaríamos que o sistema em questão não é estático. Apesar de dizermos que o sistema entrou numa situação de equilíbrio, as moléculas continuam a se movimentar entre as fases (aquelas 36 presentes numa fase num dado instante não são as mesmas que estarão nessa mesma fase num instante posterior). Para um sistema multicomponente temos uma situação análoga à da água pura. A figura a seguir mostra um sistema nas mesmas condições apresentadas para o sistema anterior onde inicialmente é colocada uma mistura de N líquidos. Notar que, uma vez atingida a condição de equilíbrio de fases, ambas as fases passam a ser constituídas por todos os componentes da mistura. Ou seja, se temos 5 componentes na mistura original, então na condição de equilíbrio, passaremos a ter a mistura líquida constituída pelos mesmos 5 componentes. Na mistura vapor também teremos esses mesmos 5 componentes. O que muda é a concentração desses componentes nas fases após o atingimento da condição de equilíbrio. Notamos também que se inicia um processo de separação dos componentes da mistura: alguns componentes tendem a querem se concentrar mais na fase vapor enquanto outros tendem a querem se concentrar mais na fase líquida. Importante: A separação de componentes de uma mistura só será efetiva se estes componentes apresentarem diferenças significativas nas propriedades que conduzem o processo de separação. Processos de separação de misturas baseadas no conceito de ELV só 37 ocorrerão caso exista uma diferença significativa na Volatilidade entre os componentes presentes na mistura. A modelagem de um sistema em ELV é fundamental para o dimensionamento dos equipamentos a serem utilizados para realizar o processo de separação das misturas. Para realizar essa modelagem é necessário o conhecimento das composições dos componentes da mistura, bem como a pressão e a temperatura em que se encontram o sistema em estudo. Através da aplicação de equações e modelos termodinâmicos é realizado o equacionamento do sistema. O estudo de duas fases coexistindo em equilíbrio foi elaborado por J. Willard Gibbs, que estabeleceu a seguinte proposição: num sistema em equilíbrio de fases é necessário saber o número de variáveis independentes que precisam ser especificadas para que o sistema possa ser modelado (qual a pressão, temperatura e composição das fases em equilíbrio) com uma solução única. Outra definição do estado de equilíbrio líquido-vapor é quando a energia livre de Gibbs do componente A na fase líquida iguala-se à energia livre de Gibbs desse mesmo componente no vapor; analogamente, aplica-se para o outro componente B. Para isso, propôs a seguinte relação, conhecida como regra das fases de Gibbs, a qual só pode ser aplicada para um estado de equilíbrio: V = C - F + 2 Onde: V =variância ou número de graus de liberdade de um sistema. C = número de componentes do sistema. F = número de fases coexistindo no sistema. A variância representa o número de propriedades intensivas (temperaturas, pressões, frações molares) que precisam ser especificadas para que se possa caracterizar um sistema por completo. 38 Aplicando a regra de fases para uma mistura entre líquido e vapor de dois componentes A e B, temos: Equilíbrio líquido-vapor entre dois componentes A e B. V = 2 – 2 + 2 = 2 Ou seja, duas variáveis (entre temperaturas, pressões e frações molares) devem ser especificadas. Notação: A figura mostra que as frações molares dos componentes presentes na fase líquida serão representadas por xi, enquanto as frações molares dos componentes presentes na fase vapor serão representadas por yi. Considerando o sistema em equilíbrio, então a temperatura da fase vapor é a mesma da fase líquida, assim como a pressão da fase vapor também é a mesma da fase líquida. TV = TL PV = PL A soma das frações molares na fase líquida (x) e na fase vapor (y) deve ser igual a 1,0. xA + xB = 1 yA + yB = 1 (Tv, Pv, yA, yB) Vapor (TL, PL, xA, xB) Líquido 39 Com oito variáveis listadas (TV , TL, PV , PL , xA , xB , yA , yB) num sistema em equilíbrio líquido-vapor, sabendo que a variância do sistema é 2 e que existem quatro equações de relações entre as variáveis, então duas novas equações correlacionando essas variáveis são necessárias. Dessa necessidade surge o conceito de Constante de Equilíbrio Líquido-Vapor (Ki), definida por: yA = KA*xA yB = KB*xB Através dessas duas novas equações o sistema fica aberto à definição de duas variáveis intensivas independentes, como por exemplo: Temperatura e Pressão ou temperatura e composição do componente A na fase vapor, Pressão e composição do componente B na fase vapor. Genericamente, para N componentes, podemos escrever yi = Ki*xi (i = 1 a N). Essas equações são conhecidas como Relações de Equilíbrio de Fases. Normalmente procuramos escrever a relação de equilíbrio em função da constante de Equilíbrio Líquido Vapor, isto é: Ki = yi / xi Na prática a constante K mede a tendência de vaporização de um determinado componente da mistura (cada componente possui uma determinada constante de Equilíbrio Líquido Vapor) Quanto maior o valor de K, maior a tendência do componente em se concentrar na fase vapor. Se K = 1 o componente deverá se dividir igualmente entre a fase líquida e vapor. 40 A constante K, para uma dada mistura, é função da temperatura, pressão, e da sua composição, estando relacionada com essas grandezas da seguinte forma: • Temperatura: aumento da temperatura resulta num aumento do valor de K. • Pressão: aumento da pressão reduz o valor de K, tornando a separação mais difícil. Num processo de destilação a análise da constante K é realizada através do conceito de volatilidade relativa, definido como a relação entre as constantes K de dois componentes. ij = Ki / Kj A volatilidade relativa representa a facilidade em se separar dois componentes quaisquer de uma mistura. No cálculo da volatilidade relativa entre componentes, considera-se sempre que o componente i é o mais volátil da mistura ( sempre será superior a 1) Em geral para valores de acima de 1,05 o processo de destilação torna-se economicamente viável e recomenda-se sua utilização. Quanto mais próximo de 1,0 estiver a volatilidade relativa, mais difícil será a separação dos componentes, podendo gerar custos excessivos. 41 1.1 - Estimativa da Constante de Equilíbrio Líquido Vapor (Ki) O cálculo da constante de equilíbrio líquido vapor (Ki) depende do tipo de mistura em estudo, sendo que no caso de misturas ideais, as Leis de Raoult e Dalton podem ser aplicadas, tornando o equacionamento bastante simples (Ki = Pi v/PT). A utilização das leis de Raoult e Dalton para o equacionamento de um sistema real pode resultar em erros consideráveis, comprometendo o desempenho de um projeto. Nota-se, portanto, um acréscimo de preocupação e cuidados nos cálculos e previsão do valor da constante de equilíbrio líquido vapor, principalmente para sistemas não ideais. Considerando que os cálculos de equilíbrio de fases constituem-se na base teórica para o cálculo dos equipamentos a serem projetados para realizar a separação misturas, uma previsão mal feita pode resultar em desvios significativos entre o comportamento real e o previsto de um processo de destilação. Do ponto de vista prático, três casos particulares merecem destaque no equacionamento da constante de Equilíbrio líquido vapor. a) Quando ambas as misturas (líquida e vapor) são Ideais Nessa condição, valem as leis de Raoult (Pi = xi P V i) e Dalton (Pi = yi PT) Seigualarmos as duas equações, temos: xi P V i = yi PT Escrevendo na forma da constante de equilíbrio líquido vapor temos: Ki = yi / xi = P V i / PT Ou seja, a constante de equilíbrio líquido vapor depende apenas de pressão e temperatura em que se encontra a mistura em estudo. 42 b) Quando a fase líquida é real e a fase vapor ideal É uma situação bastante comum no dia a dia de processos industriais, uma vez que é difícil a operação de separação de misturas em pressões muito elevadas. Uma vez que a mistura líquida deve ser considerada real, é necessário corrigirmos a não idealidade da mistura multiplicando-se a lei de Raoult pelo coeficiente de Atividade já apresentado anteriormente. Nesse caso, tomando como base a dedução da equação da situação 1, o cálculo da constante de equilíbrio líquido vapor obedecerá à seguinte expressão: Ki = yi / xi =( i * P V i ) / PT c) Quando a mistura em estudo é constituída por hidrocarbonetos de baixo peso molecular Nesse caso a mistura apresenta um comportamento bastante próximo do ideal, tendo ainda a vantagem adicional da existência de um gráfico através do qual a determinação da constante de equilíbrio líquido vapor pode ser realizada sem a necessidade de nenhum cálculo matemático (basta conhecermos a pressão e a temperatura do sistema em estudo). Esse gráfico é conhecido por diagrama Depriester (a seguir) e sua utilização é extremamente simples: No eixo Y do lado esquerdo do gráfico fazemos a leitura da pressão do sistema (em kPa) e no eixo Y do lado direito do gráfico fazemos a leitura da temperatura do sistema (°C). Marcamos os dois pontos e traçamos uma reta unindo os dois pontos. A reta cruzará diversas curvas que representam diversos hidrocarbonetos. Basta identificar o hidrocarboneto desejado e realizar a leitura do ponto onde a reta traça e linha do hidrocarboneto (o valor lido já é a Constante de Equilíbrio Líquido Vapor do componente). 43 44 2 - Temperatura de Bolha e Temperatura de Orvalho de uma Mistura Uma das principais diferenças entre uma substância pura e uma mistura está no fato que, numa determinada pressão, uma substância pura (na fase líquida ou na fase vapor) vaporiza ou se condensa a uma temperatura fixa enquanto uma mistura (seja ela de dois ou mais componentes) tem sua temperatura de condensação ou vaporização alterada à medida que o processo em estudo evolui e a mistura tem sua composição alterada. No caso de misturas, podemos dizer que o processo de condensação ou vaporização ocorre num intervalo de temperaturas. Esse intervalo de temperaturas, no qual ocorre o processo de mudança de fases de uma mistura, determina a faixa de temperaturas onde uma mistura estará numa condição de equilíbrio de fases. Para uma dada pressão, essas temperaturas limites são conhecidas por Temperatura de Bolha e Temperatura de Orvalho da Mistura 45 2.1 - Conceito de Temperatura de Bolha (Tb) O conceito de temperatura de bolha pode ser entendido através uma mistura líquida mantida a uma pressão fixa dentro de um determinado sistema que possui um pistão móvel que permite o controle da pressão do sistema. Inicialmente aplicamos a este sistema uma determinada temperatura (T1), conforme figura a seguir. Após um determinado tempo podemos alterar a temperatura desse sistema para um valor T2>T1. O aumento do grau de agitação das moléculas líquidas fará com que ocorra sua expansão dentro do sistema. Consequentemente, para se manter a pressão constante, o pistão de deslocará para cima, aumentando o volume ocupado pelo líquido, como mostrado na figura a seguir. 46 Se esse processo for repetido continuamente, haverá um momento em que a temperatura do sistema será suficiente para fazer com que a mistura comece a vaporizar. Se fosse possível observar o sistema microscopicamente, num determinado instante poderíamos visualizar a formação da 1ª bolha de vapor no sistema, conforme mostrado na figura a seguir. Essa temperatura na qual ocorre a formação da 1ª bolha de vapor no sistema é denominada Temperatura de Bolha da mistura (dizemos que o líquido nessa situação é um Líquido Saturado). Conceitualmente é possível tratar essa condição como uma condição em que duas fases passam a coexistir no mesmo sistema: uma bolha de vapor está em equilíbrio de fases com a mistura líquida originalmente colocada no sistema. Também é importante considerar que nesse momento, a formação de uma única bolha de vapor que se desprende da mistura líquida praticamente não altera a composição da mistura líquida. A partir dessa consideração é possível realizar a modelagem do sistema na temperatura do equilíbrio de fases, considerando que a composição da bolha de vapor formada está correlacionada com a misturas líquida através da expressão yi = Ki xi (onde xi = composição de cada componente na mistura líquida original). 47 2.2 - Conceito de Temperatura de Orvalho (To) Similar ao conceito de temperatura de bolha, a temperatura de Orvalho pode ser entendida através da análise de um exemplo similar. Agora devemos analisar uma mistura que se encontra na fase vapor, num sistema mantido a uma pressão fixa dentro (controlada pelo mesmo pistão móvel). Inicialmente aplicamos a este sistema uma determinada temperatura (T1), conforme figura a seguir. Após um determinado tempo passamos a resfriar essa mistura até atingirmos uma nova condição em que T2<T1. Ocorre uma redução no grau de agitação das moléculas gasosas e contração das moléculas no sistema. Para se manter a pressão constante, o pistão de deslocará para baixo, reduzindo o volume ocupado pelo gás, como mostrado na figura a seguir. Repetindo-se esse processo haverá um momento em que a temperatura do sistema será suficiente para fazer com que a mistura comece a se condensar. Analogamente ao sistema 48 estudado anteriormente, caso fosse possível observar o sistema microscopicamente, num determinado instante poderíamos visualizar a formação da 1ª gota de líquido no sistema, conforme mostrado na figura a seguir. A temperatura na qual ocorre a formação da 1ª gota de líquido no sistema é denominada Temperatura de Orvalho da mistura (o vapor que se encontra nessa condição é denominado Vapor Saturado) e, pode ser tratada como uma condição em que duas fases passam a coexistir no mesmo sistema: uma gota de líquido está em equilíbrio de fases com a mistura gasosa originalmente colocada no sistema. O conceito de modelagem matemática dessa condição segue a mesma linha de raciocínio apresentada para o caso da determinação da temperatura de bolha do sistema. Se os processos anteriores forem continuados, é de se esperar a formação de diversas condições de equilíbrio de fases, com mudanças significativas da mistura originalmente alimentada no sistema bem como da composição das misturas formadas. Mais ainda: no limite do 1º processo apresentado, a elevação da temperatura poderá chegar a uma nova condição em que toda a mistura líquida inicialmente presente no sistema se transforma numa mistura vapor. Nesse caso a mistura formada apresentará uma composição idêntica à mistura líquida original. Vale o mesmo pensamento para o 2º caso apresentado. 49 Matematicamente, as condições de temperatura de bolha e de orvalho constituem-se em situações de equilíbrio líquido vapor (mesmo sendo uma gota de vapor com um conjunto de líquido ou uma gota de líquido com uma massa de vapor), com a coexistência de duas fases. Especificamente tratando da situação de temperatura de bolha: A relação entre as duas fases formadas é dada por yi = ki xi, onde ki é a constante de equilíbrio líquido – vapor de cada componente i. No caso, como se formou somente uma bolha,a composição do líquido remanescente é praticamente igual à do líquido original, isto é, xi (líquido saturado) = zi (carga inicial, antes de formar a bolha). Como a somatória de yi deve ser igual a 1, tem-se ∑ yi = ∑ ki xi = ∑ kizi = 1, sendo zi conhecida. Então, nessa relação, as incógnitas são as constantes de equilíbrio líquido – vapor de cada componente (ki), que dependem, por sua vez, da pressão (dado conhecido), temperatura (o que se quer determinar) e, de modo geral, da composição. Para o caso mais geral, ki = (γi Pvi)/(i P), onde Pvi é a pressão de vapor do componente i e P é a pressão total do sistema, ambas em valor absoluto; γi é o coeficiente de atividade do componente i (corrige a não idealidade na fase líquida) e i, o coeficiente de fugacidade do componente i (corrige a não idealidade na fase vapor). Para o caso particular de um sistema que pode ser considerado como mistura ideal, tanto na fase líquida como na de vapor, ki = Pvi/P, pois ambos os coeficientes de correção (γi e i) são unitários. Nesse caso, a determinação da temperatura de bolha torna-se mais simples, uma vez que a pressão de vapor de um componente puro (Pvi) é função exclusiva da temperatura (que se quer obter), dada pela equação de Antoine, por exemplo. A determinação da temperatura de bolha, de modo geral, então, é um processo iterativo. 50 Para uma dada mistura de composição zi, à pressão absoluta P, adota-se um valor da temperatura T (estimativa inicial), calculam-se as constantes de equilíbrio ki, determina-se ∑ kizi. Se ∑ kizi < 1, significa que T < Tbolha (à temperatura T adotada, a mistura ainda é líquida subresfriada). Na próxima estimativa, deve-se adotar um valor maior para T. Se ∑ kizi >1, T > Tbolha, o valor a ser adotado para T deve ser menor. Repetem-se as iterações até que se chegue a ∑ kizi = 1. Para a determinação da temperatura de orvalho, o procedimento é análogo. Agora, tem-se zi praticamente igual a yi. Então, “busca-se” ∑ xi = ∑ yi/ki = ∑ zi/ki = 1. Se ∑ zi/ki < 1, T > Torvalho (vapor super aquecido). Se ∑ zi/ki > 1, T < Torvalho. Notar que se ∑ kizi >1 e ∑ zi/ki > 1, resulta T > Tbolha e T < Torvalho, ou seja, trata-se de uma mistura líquido mais vapor. Então, para que uma mistura possa ser “flasheada”, deve satisfazer simultaneamente as condições de ∑ kizi >1 e ∑ zi/ki > 1, na entrada do vaso de flash. O procedimento descrito para a determinação das temperaturas de bolha e de orvalho aplica- se indistintamente para sistema binário ou multicomponente. Porém, quando há apenas dois componentes na mistura, em geral, não é necessário recorrer a esse procedimento (embora aplicável), pois há outros modos mais simples e diretos (por exemplo, o uso dos diagramas de equilíbrio temperatura – composição). 51 Por outro lado, se este diagrama em si não for dado, embora disponíveis “outros” dados de equilíbrio líquido – vapor, as equações apresentadas tornam-se interessantes e até necessárias para a determinação das temperaturas de bolha e de orvalho. 52 3 - Diagrama temperatura-Composição Uma condição de equilíbrio de fases representa uma relação entre a pressão, temperatura do sistema e as respectivas composições da fase líquida e vapor dos componentes da mistura. Considerando todas as variáveis envolvidas, o sistema poderia ser representado por gráficos tridimensionais, o que torna a interpretação e visualização das condições do sistema um pouco mais complicada. Como será visto mais adiante nos principais processos de separação de misturas, podemos considerar, sem grandes erros de aproximação, que a pressão de operação nos equipamentos onde são realizadas essas separações pode ser considerada constante. Essa premissa permite que as condições de equilíbrio de fases sejam frequentemente estudadas em pressões constantes, facilitando a interpretação dos dados e resultados uma vez que temos uma variável a menos para influenciar no comportamento do sistema. Considerado a pressão constante, as variáveis temperatura e composições do equilíbrio de fases podem ser representadas graficamente em diagramas bidimensionais conhecidos por diagramas Temperatura-Composição Isobáricos, representado pela figura a seguir. 53 Interpretando o diagrama: • O eixo X corresponde à concentração do componente mais volátil da mistura (x quando estamos tratando a fase líquida e y quando estamos tratando a fase vapor). • O eixo Y corresponde à temperatura do equilíbrio de fases. • Os pontos A e C representam a temperatura de ebulição dos componentes menos volátil e mais volátil puros, respectivamente. • Os pontos G, F, D representam condições de temperatura e composição onde o estado entálpico da mistura é Vapor Saturado (toda a linha onde estão esses três pontos representa condições nesse mesmo estado). • No ponto F, por exemplo, a temperatura do equilíbrio de fases é dada por T2 e a composição da mistura na fase vapor (componente mais volátil) é y2. • Os pontos H, E, B representam condições de temperatura e composição onde o estado entálpico da mistura é Líquido Saturado (toda a linha onde estão esses três pontos representa condições nesse mesmo estado). • No ponto B, por exemplo, a temperatura do equilíbrio de fases é dada por T1 e a composição da mistura na fase líquida (componente mais volátil) é x1. • A região compreendida entre a linha que representa a condição de líquido saturado e a linha que representa a condição de vapor saturado representa a região onde há o equilíbrio de fases. Todo e qualquer ponto localizado nesta região apresenta composição tanto na fase líquida como na fase vapor. • Qualquer ponto localizado acima da região da linha de Vapor Saturado está numa condição entápica denominada Vapor Superaquecido. • Qualquer ponto localizado abaixo da região da linha de Líquido Saturado está numa condição entápica denominada Líquido Sub-resfriado. • Para uma temperatura fixa T3, por exemplo, a mistura em estudo pode assumir qualquer um dos estados entálpicos apresentados (depende exclusivamente da composição dessa mistura) • Para uma composição fixa x1, por exemplo, a mistura em estudo pode assumir qualquer um dos estados entálpicos apresentados (depende exclusivamente da temperatura do sistema). 54 3.1 – Texto Complementar – Descrição Simplificada do Método de Convergência de Newton Um dos métodos matemáticos mais utilizados para se obter as raízes de uma determinada função é o método de Newton (ou método de Newton-Raphson). Este método está baseado no seguinte princípio: • Conhecida uma função, podemos tomar um ponto qualquer da função como partida para o estudo; • Calcula-se a equação da tangente (derivada) da função nesse ponto; • Calcula-se o ponto de intersecção da tangente ao eixo das abcissas; • Calcula-se o valor da função nesse ponto e repete-se o processo, que deve tender a uma das raízes da função rapidamente, ou não tender a nada. Em notação matemática: xn+1 = xn – [f(xn) / f’(xn)] onde n indica a n-ésima iteração do algoritmo e f'’(xn) é a derivada da função f em xn. A convergência no método de Newton-Raphson está sempre garantida para um dado intervalo [a,b] que contém a raiz de f(x), desde que f(x) e f’(x) sejam contínuas nesse intervalo e que f’()0, onde e a raiz de f(x) (f()=0). Portanto, se utilizarmos uma estimativa inicial x0 tal que x0 [a,b], a convergência estará garantida. Em outras palavras, para o método de Newton-Raphson convergir, e preciso que nossa estimativa inicial esteja próxima da raiz de f(x). A proximidade exigida para a convergência vai depender de caso a caso e nem sempre e simples de determinar. Resumidamente, quatro condições precisam ser satisfeitas para a aplicação do método: • O intervalodelimitado deve conter a raiz de f; • A função f deve ser diferenciável em todo o intervalo; • A primeira derivada no intervalo não deve trocar de sinal; • A segunda derivada no intervalo não deve trocar de sinal. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tangente http://pt.wikipedia.org/wiki/Derivada http://pt.wikipedia.org/wiki/Abcissa http://pt.wikipedia.org/wiki/Derivada http://pt.wikipedia.org/wiki/Fun%C3%A7%C3%A3o 55 Uma vez delimitado um intervalo que cumpra tais exigências, escolhe-se um valor como estimativa inicial e inicia-se o processo iterativo até o momento em que o erro obtido no processo de estimativa estiver abaixo da tolerância requerida para o estudo que está sendo realizado. Dado xn, o ponto xn+1 será obtido pela intercessão da reta tangente a f(x) em xn com o eixo x (a abscissa). Pode-se ilustrar isso matematicamente. A reta tangente a f(x) em xn e dada por: A partir dessa expressão, obtém-se a fórmula de Newton-Raphson, ou seja: Portanto, a cada iteração do nosso processo, nos aproximamos cada vez mais da raiz de f(x) através da tangente (ou seja, da derivada) da função f(x). A figura a seguir ilustra essa interpretação geométrica do Método de Newton-Raphson 56 57 4 - Curva de Equilíbrio Líquido Vapor A curva de equilíbrio líquido vapor é a forma mais usual de se mostrar os resultados do equilíbrio de fases. Essas curvas são determinadas para uma pressão fixa do sistema em estudo e a partir daí são calculadas as composições da fase líquida e da fase vapor em função de uma dada temperatura. A curva mostra simplesmente como estão correlacionadas as composições molares do componente mais volátil da mistura na fase líquida e na fase vapor, conforme mostrado na figura a seguir. Cada ponto que for traçado representa uma condição de modelagem do equilíbrio de fases, conforme apresentado anteriormente. 58 O formato dessas curvas é influenciado por alguns parâmetros já discutidos, sendo os principais: • Tipo de Mistura: Se a mistura é ideal (valem as leis de Raoul e Dalton) então o comportamento da curva tende a ser bastante simétrico e “comportado”, conforme mostrado na figura anterior. Quando a mistura tende a ser real, o comportamento da curva é bastante assimétrico, como mostram as figuras a seguir. 59 No caso das misturas ideais (comportamento simétrico), podemos afirmar que a volatilidade relativa entre os componentes varia muito pouco, independentemente do ponto de equilíbrio de fases em estudo. Essa condição é de especial importância, pois os permite calcular a curva de ELV algebricamente ao invés de determiná-la graficamente. Esse cálculo para da premissa que conhecemos a volatilidade relativa entre os dois componentes da mistura (AB) e que esta pode ser considerada constante. Seja a definição de volatilidade relativa entre os componentes A e B. AB = KA / KB Mas, da definição de constante de equilíbrio líquido vapor: yA = KA xA e yB = KB xB Reorganizando essas equações temos: AB = (yA / xA) / (yB / xB) Relembrando que a soma das frações molares dos componentes da mistura sempre é 1 (yA + yB = 1 e xA + xB =1) então podemos reescrever a equação anterior como: yA = (AB xA) / [1 + (AB – 1) xA] • Pressão do sistema: Quanto menor a pressão a que o sistema em estudo for submetido, mais fácil será a separação de seus componentes uma vez que a pressão influencia diretamente no cálculo da constante de equilíbrio líquido vapor dos componentes, favorecendo que os componentes queiram migrar “ainda mais” para a fase vapor do sistema (já analisado anteriormente). A figura a seguir ilustra o comportamento da curva de equilíbrio líquido vapor de uma mistura constituída por butano e um hidrocarboneto pesado em função da variação de pressão do sistema. 60 Visualmente podemos notar que quanto mais aberta for a curva indica uma maior facilidade na separação dos componentes da mistura. • Volatilidade Relativa entre os Componentes da Mistura: O comportamento apresentado é bastante similar ao mostrado com a variação da pressão do sistema. Quanto maior a volatilidade relativa entre os componentes maior a diferença na pressão de vapor dos componentes da mistura, facilitando a sua separação. É o que mostra a figura a seguir. 61 EXERCÍCIOS – CAPÍTULO 2 1) Uma mistura líquida de n-hexano e n-octano está sendo vaporizada em um sistema que se encontra a 760 mmHg e 121°C. Determinar a composição da mistura inicialmente formada, considerando que a mistura se comporta como ideal. Dados: Equação de Antoine para cálculo da pressão de vapor dos componentes da mistura: T em °C e P em mmHg A B C n-hexano 6,87776 1171,530 224,366 n-octano 6,92374 1355,126 209,517 2) Considerando que a mistura líquida entre Ciclopentano (componente mais volátil) e Tetraclorometano é ideal, calcular a pressão do sistema e a composição da fase vapor em equilíbrio com a mistura líquida quando a composição de ciclopentano na fase líquida (xA) é 0,47 e a temperatura da mistura é 25°C. Dados: coeficientes da equação de Antoine para os componentes da mistura. Componente A B C Ciclopentano 6,90325 1132,868 232,375 Tetraclorometano 6,84083 1177,910 220,576 Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em °C e P em mmHg CT B APlog si + -= CT B APlog s i + -= 62 3) Uma solução líquida cuja composição molar é 30% do componente A (mais volátil) e 70% do componente B encontra-se em equilíbrio de fases com seu respectivo vapor a uma temperatura de 50°C. Determinar a constante de equilíbrio líquido vapor (K) para cada componente da mistura, considerando que o comportamento da mistura é ideal tanto na fase líquida quanto na fase vapor. São conhecidas as expressões para o cálculo da pressão de vapor desses componentes: • Componente A: ln(PvA) = 13,8183 – 2477,07 / (T – 39,94) • Componente B: ln(PvB) = 13,8587 – 2911,32 / (T – 56,51) Obs: Temperatura das expressões acima em K e Pv em mmHg. 4) Uma mistura líquida apresenta a seguinte composição molar: Isobutano = 0,080; n – Hexano = 0,229; n – Octano = 0,691 Utilizando o diagrama dePriester determinar a composição da mistura gasosa em equilíbrio líquido vapor com a mistura líquida a uma pressão de 2,04 atm. 63 5) Utilizando os conceitos de ELV determine a composição da fase vapor e da fase líquida obtidas quando uma corrente líquida constituída de Benzeno (B), Tolueno (T) e Xileno (X) é alimentada num tambor de flash (equipamento utilizado para separação de componentes de uma mistura) que se encontra a 1 atm e 98°C. Dados: Constantes de equilíbrio líquido vapor dos componentes a 98°C • KB = 1,6830 • KT = 0,6888 • KX = 0,2957 Obs: Sabe-se que a fração molar de benzeno na corrente vapor é 0,70. V L ZB ; ZT ; ZX yB = 0,7 yT yX xB xT xX 64 6) Uma mistura líquida é composta de etanol (fração molar = 0,32) e octano e se encontra em ELV com seu respectivo vapor. Sabendo que a temperatura dessa mistura é de 65°C e a pressão do sistema é de 448,2 mmHg, verificar se essa mistura é ideal na fase líquida. Obs: considerar que essa mistura é ideal na fase vapor. Dados: coeficientes da equação de Antoine para os componentes da mistura. Componente A B C Etanol 8,11220 1592,864 226,184 Octano 6,93142 1358,800 209,855 Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em °C e P em mmHg CT B APlog si + -= 65 7) Uma mistura entre Metanol e CCl4, mantida a 760 mmHg foi analisada em 5 diferentes condições obtendo-se os resultados das faseslíquida e vapor em ELV conforme tabelado. I II III IV V Fração molar do metanol na fase líquida da mistura (xA) 0,0505 0,1070 0,4010 0,5050 0,8830 Fração molar do metanol na fase vapor da mistura (yA) 0,4450 0,4960 0,5365 0,5485 0,6855 Temperatura da mistura (°C) 59,4 57,2 55,8 55,7 58,2 Determinar os coeficientes de atividade de cada componente para cada situação apresentada e esboçar o gráfico coeficiente de atividade x composição da mistura. São também conhecidos os coeficientes da equação de Antoine para os dois componentes da mistura Componente A B C Metanol 8,0897 1582,271 239,12 CCl4 6,84033 1177,90 220,59 Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em °C e P em mmHg CT B APlog si + -= 66 8) Calcular para a solução líquida etanol – água a 100 mmHg a concentração aproximada de equilíbrio da fase vapor (considerada ideal), sendo conhecidos: • Constantes da Equação de Antoine: Componente A B C Etanol 8,1122 1592,864 226,184 Água 8,07131 1730,630 233,426 • Constantes da equação de van Laar: A12 = 1,4191 A21 = 1,1138 • Composição da fase líquida da mistura: xA (etanol) = 0,1424 • Temperatura da mistura = 39,8°C Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em °C e P em mmHg 9) Calcular para a solução líquida etanol – água a 100 mmHg a concentração aproximada de equilíbrio da fase vapor (considerada ideal) e a temperatura da mistura, sendo conhecidos: • Constantes da Equação de Antoine: Componente A B C Etanol 8,1122 1592,864 226,184 Água 8,07131 1730,630 233,426 • Constantes da equação de van Laar: A12 = 1,4191 A21 = 1,1138 • Composição da fase líquida da mistura: xA = 0,468 Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em °C e P em mmHg CT B APlog si + -= CT B APlog si + -= 67 10) O sistema constituído por dois componentes A e B, mantido a 725 mmHg e 65°C é considerado ideal na fase vapor. São conhecidas as constantes da equação de Antoine para os componentes da mistura e os coeficientes da equação de van Laar para a mistura líquida. Determinar a composição da fase vapor nas condições de ELV sabendo que a fração molar de A na fase líquida é inferior a 0,60. Componente A B C Comp. A 6,87926 1212,021 226,409 Comp. B 8,1122 1592,864 226,184 Constantes da equação de van Laar: A12 = 1,5308 A21 = 2,4095 Considere a equação de Antoine para o cálculo da Pressão de vapor, com T em °C e P em mmHg CT B APlog si + -= 68 11) Para a mistura metanol (M) / água (A) são disponíveis na literatura os seguintes dados experimentais (tabelados) do ELV à pressões de 760 e 6080 mmHg. Calcule os valores da volatilidade relativa entre metanol/água nas duas pressões, analisando seu comportamento em função de variações na composição e pressão da mistura. P = 760 mmHg P = 6080 mmHg xm ym T (°C) ym T (°C) 0,02 0,134 96,4 0,101 166,5 0,10 0,418 87,7 0,340 156,8 0,20 0,579 81,7 0,483 149,9 0,50 0,779 73,1 0,714 133,8 0,80 0,915 67,5 0,886 132,3 0,90 0,958 66,0 0,943 130,6 69 12) Uma mistura entre naftaleno (componente mais volátil) e tetradecano apresenta os seguintes dados de equilíbrio de fases (ELV) obtidos em laboratório. P = 10 mmHg Xi yi T (°C) 0,17 0,45 111,4 0,38 0,74 102,2 0,57 0,86 95,6 0,77 0,94 90,8 0,89 0,97 88,3 P = 100 mmHg Xi yi T (°C) 0,14 0,33 171,1 0,31 0,57 164,6 0,64 0,84 154,2 0,74 0,89 151,7 0,91 0,96 147,7 Pede-se: a) Esboçar a curva de equilíbrio líquido vapor dos sistemas estudados b) Determinar a volatilidade relativa média entre os componentes nos dois sistemas estudados c) Estimar a Tebulição dos componentes puros. 70 13) Uma mistura equimolar de benzeno e tolueno está em equilíbrio com o seu respectivo vapor a 30°C. Nessa situação, qual a pressão do sistema e a composição da fase vapor? Dados: log P = A-B/(C+T) P em mmHg e T em °C A B C Benzeno 6,906 1211 220,8 Tolueno 6,9533 1343,9 219,38 14) Uma mistura líquida de dois componentes (A e B) é mantida num sistema a 1 atm de pressão, apresentando uma composição molar de 40 % do componente A (mais volátil). Para esse sistema, determinar: a) A composição da 1ª gota de vapor formada quando se atinge a temperatura de bolha da mistura inicial. b) A composição da fase vapor em ELV com a fase líquida durante o processo de vaporização da mistura para o momento em que a fração molar do componente A na fase líquida for 0,12. c) Determinar a constante de equilíbrio líquido vapor e a volatilidade relativa dos componentes da mistura para as seguintes temperaturas: 120, 130 e 140 °C. d) Em função dos resultados do item c, em qual situação a mistura é mais fácil de ser separada? e) Qual o estado (líquido subresfriado, líquido saturado, ELV, vapor saturado ou vapor superaquecido) de uma mistura que apresenta uma fração molar na fase líquida de 0,3 no componente A nas seguintes temperaturas: 115 e 132°C. E se a fração do componente A fosse de 0,90? Dados: Curva de ELV e diagrama T-composição da mistura a 1 atm. 71 Diagramas para solução do exercício 14 (a seguir) Diagrama T-Composições (Mistura A/B) P = 1 atm 105 110 115 120 125 130 135 140 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 x,y (A T (° C) Curva de Equilíbrio Líquido vapor (Mistura A e B) P = 1 atm 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 x (*0,1) y 72 15) Uma mistura gasosa cuja composição molar é 70 % em benzeno e 30 % em tolueno é mantida a 80°C. O sistema que contém esse gás é mantido nesta temperatura e a pressão alterada gradativamente até que se inicie a condensação da mistura. Para esse sistema determinar: a) A pressão e a composição da primeira gota de condensado que se forma; b) A composição da última bolha de vapor que irá se condensar, considerando que a pressão do sistema continua a se elevar gradativamente até a condensação total da fase vapor. Dados: Pv benzeno a 80°C = 756 mmHg Pv tolueno a 80°C = 287 mmHg. Obs: considere a primeira estimativa da pressão = 600 mmHg 73 16) Deseja-se estudar a condição de equilíbrio líquido vapor para a mistura entre benzeno e tolueno que se encontra a 760 mmHg. Para esse sistema, pede-se: a) Determinar a curva de temperatura de bolha da mistura em função das frações molares de benzeno na fase líquida. b) Determinar a curva de temperatura de orvalho da mistura em função das frações molares de benzeno na fase vapor. c) A curva de equilíbrio dessa mistura (fração molar de benzeno na fase vapor em função da fração molar de benzeno na fase líquida). d) A curva de volatilidade relativa do benzeno em relação ao tolueno em função das frações molares de benzeno na fase líquida. e) Determinar a temperatura de bolha e a temperatura de orvalho de uma mistura equimolar de benzeno e tolueno a 760 mHg f) Calcular a composição da fase vapor de uma mistura líquida contendo 20 % molar de benzeno na pressão de 760 mmHg g) Calcular a composição da fase líquida de uma mistura líquida contendo 70% molar de benzeno na fase vapor a 760 mmHg Dados: Temperatura de ebulição dos componentes puros a 760 mmHg Benzeno = 353,26 K Tolueno = 383,78 K Constantes da Equação de Antoine Benzeno: A=15,9008 B=2788,51 C=-52,36 Tolueno: A=16,0137 B = 3096,52 C = -53,67 Obs: Na equação de Antoine, utilizar T em K e P em mmHg 74 17) Determinar a temperatura de bolha de uma mistura equimolar líquida de benzeno e tolueno que é mantida a uma pressão de 2 atm.
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