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Pediatri� Bronquiolite Viral Termo usado para descrever uma injúria inflamatória inespecífica, que afeta pequenas vias aéreas (<2mm de diâmetro); Brônquios → bronquíolos → bronquíolos terminais (por ser local de troca de gases, vai acabar apresentando hipoxemia); Diagnóstico clínico descrito como sinais e sintomas clínicos incluindo pródromos de infecção respiratória de via aérea superior, seguida por aumento de esforço respiratório, sibilância e crepitantes bilaterais em crianças; ⤲ < 12 meses de idade → European Respiratory Society (ERS); ⤲ < 24 meses → American Academy of Pediatrics(AAP); 20% das crianças apresentam Bronquiolite no primeiro ano de vida; desses, 2- 3% serão hospitalizadas (necessidade de O2 – faz hipoxemia); Ocorre principalmente no inverno → infecção sazonal. Mas sabe-se que tem epidemias anuais ou bianuais; ⤲ Rinovírus → Independente da época; ⤲ Vírus sincicial respiratório (VSR) e Influenza → Maio-junho; ⤲ Parainfluenza e Adenovírus → Setembro e dezembro; Observação - Adenovírus = Alerta. Geralmente é mais agressivo, podendo continuar apresentando sintomas. Pode evoluir para bronquiolite obliterante, que é um remodelamento da VA (como se fosse uma asma, mas que não tem episódios de melhora/piora como o asmático), geralmente com dano pulmonar com diminuição funcional; Principal agente - Vírus Sincicial Respiratório (50-80% dos casos); Mais comum no outono/inverno(maio-junho); Outros agentes ⤲ Vírus influenza (10-20%); ⤲ Mycoplasma pneumoniae (5-15%); ⤲ Parainfluenza (10-30%) – atentar para parainfluenza 3, que é o que mais acomete crianças; ⤲ Adenovírus (5-10%) – não é tão comum, mas quando se apresenta, geralmente são casos mais graves; ⤲ Metapneumovírus (10%); ⤲ Covid-19 (não é o responsável pelos casos mais graves); A inalação de ar frio e seco podem prejudicar a mucosa das vias aéreas (fazendo com que os vírus tenham facilidade maior para entrar no organismo); Temperatura pode influenciar a transmissão e a gravidade da doença com a inibição da resposta antiviral; Poluentes têm sido associados a exacerbação de infecções respiratórias; A fumaça do tabaco aumenta o risco de infecção por VSR e agrava a doença; 4-6 dias de incubação → após febre, rinorreia, congestão nasal, inapetência; 2-3 dias após sintomas agudos de via aérea superior → 1/3 dos pacientes evolui com sintomas em via aérea inferior; Tosse, sibilância, taquipneia, esforço. Hiperinsuflação devido ao aprisionamento aéreo devido a oclusão de bronquíolos; Aprisionamento aéreo em alvéolos → atelectasias distais a obstrução; Aumento de esforço e declínio de função pulmonar → alteração ventilação – perfusão → hipoxemia; Pediatri� Observação - Importante saber qual dia de sintoma o paciente se encontra (5° dia normalmente é o pico, período de maior replicação → mais chance de impacto) e saber o dia que iniciaram os sintomas; Apresentação clínica e diagnóstico diferencial - Diagnóstico clínico; A incidência máxima ocorre entre 3 e 6 meses de idade; A apresentação clínica clássica da bronquiolite inicia com sintomas de infecção viral das vias aéreas superiores que evoluem para vias aéreas inferiores; Não usar broncodilatador → Não se faz broncoespasmo, seu uso não é necessário; Não solicitar Raio-X → Exceto em pacientes que estavam em evolução e repentinamente pioraram (pode ser causado por pneumotórax, atelectasia) e em pacientes que esperava melhora e houve uma piora ou não teve a evolução esperada; Laboratoriais → Leucocitose, PCR elevada; não é pedido de rotina; Bronquiolite leve - Não há alteração de alimentação, sem taquipnéia, sem muito esforço respiratório, sem batimento de asa de nariz, não vai estar gemente, e geralmente com boa saturação (>92%) → BEG; Observação - Atualmente saturação > 90% é considerada aceitável, mas é um valor que muda com frequência; Bronquiolite moderada - Recusa alimentar, começa com um pouco de taquipneia, esforço respiratório (que geralmente inicia com tiragem subcostal ou retração de fúrcula), e saturação já começa a diminuir(88-92%); Bronquiolite severa - Já tem taquipneia importante, batimento de asa nasal, gemência, esforço importante, saturação < 88% → É o paciente que pode chegar a ir para UTI (tem que ficar alerta, podendo ter que internar); Observação - Geralmente interna de moderada a severa, depende dos dias de evolução do paciente; Pediatri� Observação - Não focar tanto na saturação → Pulmão está inflamado, é normal que isso aconteça (reduza). Manter a saturação no parâmetro alvo - 92 a 94; Paciente masculino, 4 meses, em atendimento pediátrico de revisão de quadro de sibilância e febre. Pediatra solicita que Pneumologista que trabalha em sala ao lado do seu consultório veja a criança, pois acha que ela está muito cansada e que a bronquiolite piorou. HMP: paciente com história prévia de bronquiolite viral aguda grave com necessidade de internação em UTI e VM por 11 dias; Exame físico: Primeiro passo é prestar atenção no som do paciente: é inspiratório ou expiratório (estridor X sibilo)?; Inspiratório = Obstrução via aérea superior; Expiratório = Obstrução via aérea inferior = pulmonar – brônquios, bronquíolos; Paciente apresentava estridor inspiratório (não é bronquiolite) → Estridor + ventilação mecânica (VM) por 11 dias → Pensa em diagnóstico diferencial de estenose de traqueia (tubo para ventilar pode machucar a região) → O que fazer? Sendo você o pneumologista pediatra, o que faria? 1. Encaminharia à emergência para início de Oxigenoterapia (somente quando necessário); 2. Faria resgate com broncodilatador e corticóide oral no consultório (sibilos expiratórios - Se pensar em asma - Broncodilatador não beneficia para quadros virais; 3. Solicitaria uma broncoscopia com urgência (ver o que está acontecendo com a via aérea); 4. Faria adrenalina e corticoide injetável no consultório (diagnóstico diferencial de estridor - Laringite - Paciente muito pequeno para pensar em laringite e não teve um quadro viral; Melhor conduta - Solicitar uma broncoscopia com urgência, para conseguir visualizar o que está impedindo a passagem de ar e corrigir. Em locais sem esse serviço disponível, encaminha-se o paciente para a emergência verificar saturação e iniciar oxigenoterapia,se necessário; Atenção! Oxigênio não é usado para conforto, só se está em hipoxemia; Nesse caso, na broncoscopia observou-se uma estenose, resolvida com dilatação; Observações - Escutou sibilo expiratório → Normalmente é asma, bronquiolite, pneumonia viral ou atípica; Pneumonia bacteriana típica não sibila; Para lactentes com uma apresentação típica de bronquiolite o diagnóstico é clínico; ⤲ Exames de RX ou laboratoriais não são recomendados de rotina; ⤲ No RX observa-se atelectasias, podendo dar antibioticoterapia sem necessidade por visualizar uma consolidação; ⤲ Nos exames laboratoriais apareceria leucocitose, desvio, mas não será motivo para iniciar antibiótico – somente no paciente que suspeita de bronquiolite, mas não tem apresentação clássica ou então com evolução ruim, para pensar em coinfecção; Atenção! Exames que não mudariam minha conduta não são necessários solicitar; → Estudo americano comparando a oximetria de pulso intermitente versus contínua em lactentes não hipoxêmicos em hospitais encontrou resultados semelhantes; manter intermitente apenas se estiver na UTI ou muito grave, se não, constitui-se apenas como um causador de estresse para os pais e criança; Paciente com 3 meses, sexo feminino, QP: dificuldade respiratória. HDA: tosse e congestão nasal desde 13/07, com uso de Hixizine. Apresentou um episódio de febre dia 14/07 após vacina pentavalente. Ao exame: respira de maneira confortável, sem esforço. Expansão torácica simétrica, AP: MVUD, com crepitantes difusos e sibilos expiratórios. HMP: assintomático previamente, nega engasgos ou Pediatri� vômitos frequentes, sem tabagistas em casa, história familiar positiva para asma (irmã) O que fazer? 1. Solicitar RX de tórax Rx com atelectasia em LSD. Tem sobreposição de imagem por causa do timo, mas é possível visualizaráreas em que a costela tá um pouco diminuída no espaço intercostal, normalmente quando se vê isso pensa em atelectasia no perfil – há uma imagem bem delimitada, praticamente triangular (dificilmente quando tem pneumonia/consolidação não há essa delimitação). RX com consolidação em LSD; 2. Testar resposta ao broncodilatador; 3. Iniciar oxigênio; 4. Iniciar fisioterapia; 5. Iniciar corticóide; 6. Nenhuma das anteriores; Achados radiográficos ⤲ Atelectasia; ⤲ Elevação hemicúpula direita; ⤲ Retificação arcos costais; ⤲ Imagens geométricas no perfil; Foi iniciado ATB pensando em consolidação no LSD. Após 48hs chegou o resultado do vírus: MIPAS positivo para VSR; Plano: resgate com B2 em paciente mais velho, com histórico de asma; após 20 minutos ausculto o paciente e não apresentou mudança no quadro = Fisioterapia respiratória. Após 4 dias, o RX estava normal; Observação - Se tivesse melhora com B2, então além de um quadro viral eu teria uma broncoconstrição de um processo atópico, seguiria utilizando; Vírus → Broncoconstrição → Acúmulo de secreção → Crepitantes e sibilos; Conclusão: não solicitar RX para paciente que está sibilando, pois vai fazer atelectasia, já que tem broncoconstrição (vai diminuir a passagem de ar), dificultando para diferenciar consolidação X atelectasia; RX só deve ser feito quando a apresentação não é clássica, para ver hiperinsuflação, espessamento peribrônico e eventualmente atelectasia. Quadros típicos não sibilam diagnóstico é clínico; Pesquisa viral → Muitas diretrizes nacionais recomendam que não sejam feitos exames virológicos rotineiros na bronquite; Ajuda? Muda conduta? Observação - A maioria das diretrizes são feitas em países que possuem quartos separados, por isso em países em desenvolvimento essa conduta ajuda para não fazer coinfecção; → Controle da infecção: seguir precauções estritas, incluindo higiene das mãos, separar bebês em quartos de hospital compartilhados; Hemograma e QUE → Não são rotineiramente recomendados como parte da prática padrão no diagnóstico da bronquiolite!; → EQU e urocultura para lactentes < 60 dias + febre e para bebês febris mais velhos que têm fatores de risco para ITU; ⤲ Não deve ser rotineiramente obtida em todos os bebês com bronquiolite; ITUs ocorrem com mais frequência do que bacteremia e meningite, com proporções que variam de 1% a 7%; Pediatri� ⤲ Cianose ou esforço respiratório importante (FR>70, batimentos de asa, gemência); ⤲ Letargia; ⤲ Apneias; ⤲ Diagnóstico incerto (sepse, temperatura >40°C) – principalmente menores de 1 ano de vida; ⤲ Cardiopatas; ⤲ Prematuridade extrema; ⤲ Imunodeficiências ou pneumopatias prévias; ⤲ Síndrome de Down; ⤲ Fatores sociais (exemplo - Pacientes indígenas, muita fumaça na aldeia); ⤲ Indicação de UTI: ➢ Sat <90% com aumento de O2; ➢ Insuficiência respiratória; ➢ Piora de apneias; Aerolin; Um estudo de revisão sistemático de 2014 identificou 30 estudos que avaliaram uso de broncodilatador (Salbutamol), excluindo epinefrina; Sem benefício de nenhum tratamento para lactentes internados; Em emergência: B2 X Placebo → Não melhorou oximetria, nem tempo de resolução de sintomas ou internações hospitalares; Único efeito benéfico → Em crianças maiores e com sibilância recorrente, podendo fazer o teste com BD para ver se melhora (B2 → Aguarda +- 20min → Ausculta → Se melhorou, pode usar B2); Guidelines dos EUA, Inglaterra e Canadá não recomendam B2 (nem fazer o teste); Broncodilatadores → Teste resposta → Fazer bronco e reavaliar → Melhorou saturação → Liberar com broncodilatador; Diminui edema de vias aéreas, diminui plugs mucosos, melhora de limpeza mucociliar e reidratação de vias aéreas → Isso em fibrose cística (será igual ao LS?); Estudos recentes mostraram resultados conflitantes. Os que mostraram benefício foram feitos em pacientes com mais de 72h de internação; Faz fisioterapia após para mobilizar a secreção; Não pode fazer em domicílio → Sal pode causar broncoconstrição, por isso tem de ser monitorado); Salina a 3% ou 5% → AAP é utilizar em pacientes hospitalizados por bronquiolite, geralmente de 8/8h; Salina 3%: NaCl 20% 0,5ml + AD 2,8ml; Salina 5%: NaCl 20% 1ml + AD 3ml; Dados de 2 grandes estudos multicêntricos não mostraram benefício para redução de tempo de internação e uma revisão de 2013 mostrou os mesmos resultados; Guidelines NÃO indicam uso de corticoides com B2 → Médicos referem que consideram história pessoal ou familiar de atopia para decidir quando tratar ou não; Corticóide é imunossupressor → Aumenta carga viral e pode prejudicar o paciente; Uso de O2 nasal e pressão positiva; O2 nasal (em casos de hipoxemia); Uso de pressão positiva contínua → Estudo em cuidados intensivos, demonstraram melhora de parâmetros respiratórios; Guideline do Reino Unido → Usar pressão positiva de vias aéreas em pacientes com insuficiência respiratória iminente; Uso por febre e dificuldade em diferenciar atelectasia de consolidação e preocupação com infecção secundária; Porém, curso viral com infecção secundária com risco de bacteremia e meningite é < 1% (por isso não se usa de rotina); Uso de rotina de ATB → Efeitos adversos desnecessários e resistência a ATB → Não usar!; Pediatri� Macrolídeos têm potencial anti-inflamatório → Atenuar inflamação; Observação - Se for usar algum ATB, prefira usar azitromicina, que ao menos ajuda como anti-inflamatório também; 2 estudos randomizados → Não tem diferença entre azitromicina e placebo em tempo de internação, uso de O2 e readmissão; Hidratação, aspiração e fisioterapia; Hidratação venosa (HV) → Pilar do tratamento, dificuldade de alimentar e esforço respiratório; Estudo multicêntrico com crianças < 12 meses (759) → Não tem benefício de uso de HV, comparada com fluido nasogástrico. Mais difícil acesso venoso nessas crianças; Se puder ser oral ou por sonda melhor; Guideline inglês ou escocês prefere hidratação naso ou orogástrica nos que toleram do que hidratação venosa; ⤲ Se hidratação venosa - Preferíveis fluidos isotônicos; Crianças são basicamente respiradores nasais → Orientar higiene nasal – Aspiração melhora respiração e alimentação. Cuidar, fazer aspiração superficial (não aspirar profundamente), pois pode lesionar mucosa e provocar edema; Sat O2 aumentam com hidratação nasal, mesmo sem aspiração; Guidelines são controversos, os que indicam, mostram que devem ser superficiais; O que tem de mais importante é a lavagem nasal → Ajuda, hidrata mucosa, diminui risco de fazer microaspiração → Então ela pode ser beneficiada em favor da aspiração; Fisioterapia respiratória: varia de acordo com cada país – principalmente em pressão positiva; Revisão de 12 estudos (1249 participantes) sem benefício em tempo de internação, Sat O2, ou parâmetros respiratórios; Sem recomendação de rotina (embora na prática indica-se para pacientes mais secretivos que continuam com esforço respiratório ou possuem área de atelectasia – métodos de pressão positiva); Para o VSL – Disponível somente para prematuros: Anticorpo monoclonal; Uso no período de sazonalidade → Máximo 5 doses IM 30/30 dias → 15 mg/kg; Criança também deve receber se estiver internada; RN >7 dias de vida, desde que estáveis; Desde 2018 → Convênios são obrigados a fornecer para quem tem indicação; Recomendação MS PT com IG< ou = 28s6d sem DPC, sem cardiopatia congênita → Se <12 meses no início do período sazonal; Cardiopatia congênita hemodinamicamente significativa ou DBP com uso de O2, corticoides ou diuréticos → Se <24 meses no início do período sazonal; Internação por bronquiolite em baixa idade, associa com aumento de risco de sibilância recorrente; 17-60% sibilância recorrente após internação por bronquiolite; Bronquiolite predispõe a asma X crianças que tiverem bronquiolite tem fator de risco que predispõem a sibilância recorrente e bronquiolite severa (ainda não há nada definido); Recuperação do batimento ciliar e de estrutura epitelial não é influenciada por uso de corticoide inalatório; Perda ciliar (epitélio nasal) e anormalidades persistem em média 13-17 semanas; 24 semanaspara recuperar completamente o epitélio → Período possível de complicação; Pediatri� Diagnóstico é clínico; Não solicitar RX de rotina. Apenas em casos sem boa evolução!!; Pesquisa viral quando possível; Saber diferenciar ruídos inspiratórios e expiratórios; Tratamento ⤲ Corticoide = Nunca; ⤲ Broncodilatador = Raramente (naqueles com história familiar positiva de asma em próximo 6 meses); ⤲ NBZ hipertônica = As vezes (internados + graves e secretivos); ⤲ O2 = Quando necessário. Nunca para conforto; ⤲ Fisioterapia = se atelectasias; ⤲ Aspiração = se secreção (aspiração superficial); ⤲ Suporte = lavagem nasal, alimentação, dieta = Sempre;
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