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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 7 – mod X – Dr. Google Glomerulopatias secundárias + imunossupressores Glomerulopatias secundárias Nefropatia diabética - É uma complicação crônica do DM, que acomete cerca de 35% dos pctes com DM tipo I (principal causa de morte nesse grupo: nefropatia diabética). Cerca de 10 a 40% ocorre em pctes com DM tipo II (principal causa de morte nesse grupo: doença cardiovascular). - A presença da nefropatia diabética está associada a um aumento da mortalidade de aproximadamente 100 vezes em pctes com DM tipo I e de 5 vezes em DM tipo II. - No Brasil, em São Paulo, cerca de 10,9% dos pctes em dialise são portadores de diabetes. - Estudos mais recentes mostram que 26% dos pctes em hemodiálise apresentam ND, sendo a sobrevida média desses pctes de apenas 26 meses. FISIOPATOLOGIA - Há fatores genéticos e fatores não genéticos que podem contribuir para o desenvolvimento de ND. - Fatores Não-Genéticos: - Hiperglicemia sustentada: estimula oxidação das moléculas de glicose no CK, gerando radicais no nível mitocondrial e ativam quatro vias metabólicas: polióis (acúmulo de sorbitol), hexosaminas, proteína C quinase (induz albuminúria) e estimulação para produção de glicosilação ñ enzimática de AA e proteínas. - Essas vias com atividade aumentada levam a: Dano celular (sorbitol faz estresse hiperosmótico, redução de Na/K/ATPase que faz a lesão), Hipertrofia celular, aumento na produção de matriz mitocondrial e perda proteica (AGE) - HAS - Mau controle glicêmico - Hipercolesterolemia - Tabagismo - Fatores hemodinâmicos - Fatores Genéticos: - Outros fatores de risco: - Fatores alimentares: consumo de proteínas inferior a 20%. Além disso, uma maior ingestão de proteínas vinda de peixes parece estar associada à redução do risco de desenvolver ND em pctes com DM tipo I. - Refrigerantes com açúcar artificial, pois estuda-se que a frutose aumenta o ácido úrico, que induz estresse oxidativo e faz disfunção endotelial. - Aumento da TFG (hiperfiltração glomerular): a hiperfiltração causa dano à parede capilar e aumenta a passagem de macromoléculas e depósitos destas no mesângio -> altera a permeabilidade da membrana - Níveis de albuminúria elevados: mesmo que em níveis normais. CLASSIFICAÇÃO Classe Descrição I Alterações leves ou não específicas à MO e espessamento de MBG no ME IIa Leve expansão mesangial IIb Grave expansão mesangial III Esclerose nodular IV Glomeruloesclerose diabética avançada - A ND apresenta em seu curso clínico 3 etapas evolutivas: Categoria Urina 24h Amostra de urina casual Normal – albuminúria < 30mg < 17mg/L Nefropatia incipiente (microalbuminúria) 30 - 300mg 17 – 173 mg/L Nefropatia Clínica (macroalbuminúria) >= 300mg >= 174 mg/L Proteinúria >= 500mg/24h >= 430mg/L 1. Fase de nefropatia incipiente: - Níveis aumentados de excreção urinária de albumina- microalbuminúria. A microalbuminúria ocorre em 30 a 45% dos pctes com DM tipo I e em 13 a 26% em pctes com DM tipo II. - Função renal normal. - Espessamento da membrana basal glomerular e hiperfiltração e hipertrofia glomerular e renal. - Geralmente os pctes ficam anos nessa fase (aproximadamente 10 anos), porém, em alguns casos pode haver rápida progressão devido a fatores como: mau controle glicêmico, níveis tensionais elevados, dislipidemia, tabagismo e fatores genéticos. - HAS geralmente ausente em DM1 e presente em DM2. - A microalbuminúria está relacionada a dislipidemia (aumento do LDL e TGL e diminuição do HDL), alterações na função endotelial (aumento no fator plasmático VII, atividade do inibir 1 do ativador do plasminogênio) e dos fatores de coagulação. 2. Fase da Nefropatia Clínica: - Proteinúria maior que 200 ug/min ou proteinúria de 24h maior que 500 mg. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 - É a fase da proteinúria ou da macroalbuminúria. - Nessa fase, geralmente os pctes da DM tipo II são idosos, obesos e com mais de 10 anos de duração de DM e com HAS, hipercolesterolemia e mau controle glicêmico. - HAS presente em 90% dos pctes. - A retinopatia também está presente nesta fase em 90% da DM1 e em cerca de 60% da DM2. - Em pctes com DM tipo I, a partir do diagnóstico de nefropatia clínica, ocorre redução nos valores da TFG na ordem de 1 ml/min/mês. Já em DM tipo II, a perda da função renal é mais heterogênea, podendo ser mais lenta 0,5 ml/min/mês. - Os princípios que determinam a velocidade do declínio da TFG são PA, colesterol sérico, tabagismo, controle glicêmico, nível de proteinúria, grau de lesão histopatológica. Fatores genéticos estão envolvidos no mau prognóstico. - O melhor controle da glicemia está associado a menor perda de função renal. 3. Fase de Insuficiência Renal Terminal: - Uremia e necessidade de diálise e transplante. DIAGNÓSTICO - TGF avalia função renal para diagnóstico, estadiamento e seguimento da ND. - A ND geralmente ocorre após algum tempo de DM. Por isso, o rastreamento deve começar após 5 anos de DM tipo I. Já no tipo II o rastreamento deve ser feito por ocasião do diagnóstico de DM. O rastreamento para ambos deve ser repetido a cada 1 ano. - EQU - Urocultura - Dosagens totais de proteína na urina de 24h (valores acima de 430 mg/L possuem grande sensibilidade para doença). - Dosagem de albuminúria (valores maiores que 17 mg/L são diagnóstico de microalbuminúria, e valores menores que isso são considerados normais). - Creatinina - Fatores que diminuem probabilidade de ND: proteinúria com menos do que 10 anos de duração de DM, velocidade de queda da TFG maior que a esperada, súbita síndrome nefrótica, presença de hematúria, elevação da creatinina sem aumento de proteinúria. TRATAMENTO - Multifatorial: medidas ñ farmacológicas como perda de peso, atividade física, interrupção do tabagismo + tratamento da hiperglicemia, microalbuminúria, HAS e hipercolesterolemia. Prevenção Primária - Obj: evitar a instalação da ND removendo ou modificando fatores de risco. - Controle dos níveis glicêmicos (infusão subcutânea de insulina ou medicamentos: reduzem a macro e microalbuminúria) - Controle da PA (múltiplos agentes anti-hipertensivos, principalmente IECA). Prevenção Secundária - Obj: retardar o processo evolutivo de ND. - Tratar riscos vasculares (AAS), dislipidemia (<100), tabagismo. - Dieta hipoproteíca (substituição de proteína animal -> vegetal): cerca de 0,8 g/kg/dia. - Controle glicêmico (Hb glic menor ou igual a 7%) - Independente da presença de HAS, deve-se usar IECA pois eles ajudam na diminuição da micro e macroalbuminúria. - Pctes com nefropatia clínica devem ser avaliados pelo menos a cada 3 meses. - Exame oftalmológico anual. Lúpus Eritematoso Sistêmico- Nefrite Lúpica - A doença renal é uma manifestação clinica frequente no LES. Acomete principalmente mulheres jovens. - A prevalência na nefropatia deve ser maior que 90%, pois a biópsia renal em pctes sem qualquer evidência pode revelar alterações glomerulares, como depósito de imunocomplexos. - O diagnóstico de LES é definido pelo preenchimento de alguns critérios clínicos e laboratoriais feitos pela American Rheumatismo Association (ARA). Há 11 fatores principais, os quais: - A presença de 4 desses critérios já confere 96% de sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de LES. - Fatores genéticos estão associados pois: presença de auto anticorpos em familiares de pctes com LES e uma maior suscetibilidade do lúpus em pctes com deficiências congênitas no sistema complemento. - O acometimento renal ocorre quando há presença de proteinúria persistente acima de 500g/dia OU presença de cilindros celulares no sedimento urinário (após se afastar ITU e efeito de drogas). EMANUELA HANNOFF PILON –MEDICINA 202 3 FISIOPATOLOGIA - A patogênese da doença renal no LES é muito complexa e com vários mecanismos que envolvem injúria renal. - O envolvimento glomerular faz com que a nefropatia lúpica seja induzida por imunocomplexos. - Formação de auto anticorpos devido a hiperatividade de linfócitos B (que ocorrem devido a distúrbios regulatórios de linfócitos T ou por disfunções na imunorregulação) -> auto anticorpos que vão contra o DNA de fita simples e hélice dupla, ribonucleoproteínas, histonas e as vezes contra proteínas da matriz extracelular (colágeno). - Na nefrite lúpica haverá deposição crônica in situ de imunocomplexos circulantes anti-DNA que irá representar, histologicamente, lesões mesangiais e proliferativas endocapilares. - A localização dessa deposição nos glomérulos depende de fatores: tamanho, carga elétrica, avidez dos complexos, capacidade de clareamento do mesângio e fatores hemodinâmicos locais. - Quando depositados, os imunocomplexos irão ativar o sistema complemento -> ativação de fatores procoagulantes -> infiltração de leucócitos -> liberação de citocinas que regulam a proliferação glomerular. - Essas alterações irão se manifestar clinicamente por glomerulonefrite proliferativa e sedimento urinário + proteinúria e redução da filtração glomerular. - A injuria glomerular e vascular no LES pode ser ampliada por fenômenos locais decorrentes da coagulação intravascular. - A nefropatia do LES é caracterizada pela sua forma heterogênea de apresentação histológica, havendo lesões de diversos potenciais. - O envolvimento da LES irá ocorrer com a deposição de imunocomplexos nos glomérulos que irão gerar 4 padrões característicos: mesangial, proliferativo focal, proliferativo difuso e membranoso. Porém, devido a grandes quantidades de classificação histológica, ocorre dificuldade de classificações morfológicas, por isso foi feita uma nova classificação morfológica pela OMS: Classe I - Biopsia Normal - Rins normais na microscopia e na imunofluorescência. - Geralmente não é feita biopsia nesses casos. Classe II - Alterações Mesangiais Puras - Lesões glomerulares restritas ao mesângio, com hipercelularidade. - Normais na microscopia ótica, mas presença de imunocomplexos na imunofluorescência. - Normal em pctes ambulatoriais com função renal normal, proteinúria e hematúria discretas. Classe III - Glomerulonefrite Focal e Segmentar - Proliferação endocapilar: células mesangiais, endoteliais, neutrófilos e monócitos. - A lesão focal e segmentar recebe essa denominação em casos em que o acometimento dos glomérulos seja menor que 50%. - Necrose fibrinóide, picnose nuclear e ruptura da membrana basal glomerular + infiltração de neutrófilos. - Hipertensão, sedimento urinário, proteinúria, creatinina elevada (25%). - Imunofluorescência: deposito de Ig e complemento. Classe IV - Glomerulonefrite Proliferativa Difusa - Classe histológica mais frequente no LES. - Acometimento de mais de 50% da superfície dos glomérulos com distribuição difusa e global. - Necrose, fibrinóide, infiltração de neutrófilos e crescentes epiteliais. - Manifestações clínicas: proteinúria nefrótica, hematúria, perda da função renal, cilindros hemáticos, hipertensão. Em alguns casos pode levar a IR progressiva com grande perda aguda da função renal. Isso ocorre em casos de necrose. Classe V - Glomerulonefrite Membranosa - Depósitos imunes subepiteliais com padrão membranoso, com subclasses: doença membranosa e proliferativa mista) - Manifestações: síndrome nefrótica e função renal preservada. Classe VI - Glomerulonefrite Esclerosante Avançada - Lesões cicatriciais e esclerosantes (90%) levando a IRC. - Sendo assim, a glomerulonefrite focal/segmentar e a glomerulonefrite proliferativa difusa são as formas mais graves de envolvimento renal. - Devido a essas classificações da nefropatia lúpica, há um índice com bases nos achados histopatológicos que indicam se as lesões renais por LES são reversíveis ou são cronificadas e, portanto, irreversíveis: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Dependem da gravidade das lesões histológicas renais. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 - Geralmente, alterações urinárias são concomitantes com os outros sintomas sistêmicos e, raramente, a nefrite será uma manifestação precoce. - Pctes classe I e II tem sedimento urinário inativo e proteinúria < 1g/dia. Testes sorológicos podem estar alterados. - Já lesões classe III, há hematúria e cilindros hemáticos, proteinúria sempre presente e de característica nefrótica. HAS frequente e sorologia + no momento da biópsia. - Lesões do tipo IV é a forma mais ativa e grave do envolvimento renal. Há síndrome nefrótica e sedimento urinário alterado. IR moderada é comum podendo haver perda rápida da função renal. - Tipo V: quadro nefrótico sem função renal alterada. Associada a trombose da veia renal e defeito na coagulação. DIAGNÓSTICO - Doença de evolução a longo prazo com períodos de recidivas e períodos de remissão. - Obj: detectar injúria renal precoce para que já sejam usados imunossupressores. (1) Testes sorológicos: velocidade de hemossedimentação, PCR, complemento, auto anticorpos, imunocomplexos e citocinas. - Os testes melhores: anti-DNA e níveis séricos de CH50 e fração de C3. (2) Creatinina (3) EQU TRATAMENTO - Depende da lesão histológica e do grau de comprometimento da função de filtração. - Classe I e II não necessitam de tratamento. - Classe III: não necessitam de tratamento específico. Só suporte terapêutico para manifestações extrarrenais. Pode-se usar Corticoide para que a atividade sistêmica não se prolifere. Se agravar, mesmo tratamento da IV. - Classe III e IV: Corticoides em doses elevadas (prednisona por 6 a 8 semanas) + Drogas citostáticas (Ciclofosfamida) - Classe V: Corticoides (prednisona) durante 8 semanas. Pode haver associação com Ciclofosfamida (evitar imunossupressão agressiva). - Classe VI necessitam de diálise e transplante renal. Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídio - Caracterizada por tromboses arteriais e venosas e perdas fetais recorrentes. Percebeu-se uma atividade anticoagulante no plasma de pctes com Lúpus. - Os autoanticorpos associados à SAF são dirigidos contra proteínas plasmáticas ou contra proteínas expressas ou ligadas na superfície de células ou plaquetas. Manifestação Clínica - Trombose, tanto venosa quanto arterial. - Vasos de todos os tamanhos podem ser envolvidos. Tratamento - Na ausência de manifestações clínicas, não se recomenda profilaxia primária, exceto AAS para pctes de alto risco. - Em pcte com LES e APL sugere AAS + hidroxicloroquina. - Varfarina é um bom anticoagulante. - Imunossupressão tem sucesso terapêutico limitado. Amiloidose - Caracterizada pelo acúmulo proteico anormal no tecido. - A amiloidogênese ocorre quando determinado estimulo provoca alteração na [ ] ou estrutura de uma proteína sérica que após polimerização acaba por se depositar nos tecidos. - As proteínas envolvidas nesses processos são: (1) Cadeia leve de Ig: proteína amiloide AL (percursora: cadeira leve da Ig). (2) Amilóide A: proteína amiloide A (percursora: proteína SAA). Acompanha amiloidose secundária, após doenças infecciosas, inflamatórias, neoplasias, etc. (3) Outras: transtiretina, gelsolina, apolipoproteína, calcitonina, polipeptídeo amiloide da ilhota de langerhans, fator atrial natriurético, cistatina C. - Nos rins, esses depósitos geralmente ocorrem no mesângio de forma segmentar e focal. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA - Sintomas comuns: fadiga, edema, dispneia, anorexia e parestesia. - Sinais comuns: púrpura periorbital, hepatomegalia. - Sintomas raros: claudicação, rigidez e dor articulares. - Sinal raro: infiltração serosa das pálpebras.- Quadro clínico mais comum: síndrome nefrótica e pctes acima de 40 anos. Amiloidose primária - Não possui associação com outra doença sistêmica. - Gera Proteinúria e síndrome Nefrótica (deposição glomerular). - Rins aumentados de tamanho - Diagnóstico: faz-se em pctes com IR de causa não definida, com síndrome nefrótica, acima de 40 anos. Além de pesquisa monoclonal em soro e urina por imunoeletroforese. Há presença comum de cadeia leve do tipo lambda e do tipo kapa. - Pctes que já apresentam creatinina plasmática > 2mg/dL, ou proteinúria muito intensa (>10g/24h) possuem prognóstico renal reservado. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Além do rim pode haver deposição de proteínas de cadeia leve no coração, língua, nervos periféricos, vasos sanguíneos e trato digestivo. Amiloidose secundária - Associada a estímulo inflamatório crônico e acompanhado de doenças infecciosas, inflamatórias ou neoplásicas. - Níveis elevados de proteína amiloide A (proteína SAA) através da produção dos mediadores IL-1 e IL-6. - Fragmentos menores tendem a se depositar nos glomérulos e fragmentos maiores se depositam nos vasos sanguíneos. Amiloidose Renal Hereditária - Doença rara onde há deposição de amiloide, preferencialmente nos rins. DIAGNÓSTICO - Biópsia TRATAMENTO - Uma terapia estudada efetiva se refere ao tratamento da síndrome nefrótica, insuficiência cardíaca e hepatomegalia. Doença por deposição de cadeias leves - As cadeias leves de imunoglobulinas nefrotóxicas são produzidas em pctes com neoplasias malignas. - Essa doença confere um padrão específico de lesão renal: nefropatia de cilindros. Isso causará insuficiência renal com síndrome nefrótica. - Esses pctes irão produzir cadeias leves kappa que não possuem características bioquímicas necessárias para formação de fibrilas amiloides. Nesses casos, elas irão sofrer auto agregação e formar depósitos granulosos ao longo do capilar glomerular e mesângio da membrana basal tubular e da cápsula de Bowman. - Quando essa agregação ocorre predominantemente nos glomérulos, há a síndrome nefrótica e cerca de 70% dos pctes progridem para dialise. - São facilmente identificadas pelo anticorpo anticadeias leves na Imunofluorescência. Ou como depósitos granulosos pela microscopia eletrônica. Nefropatia do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) - A nefrotoxicidade da terapêutica (terapia antiviral) e as alterações hemodinânimas e eletrolíticas foram as primeiras responsáveis pelas descrições de insuficiência renal aguda. - A nefropatia associada ao HIV (HIVAN) é a forma mais comum de doença renal crônica em pctes HIV +. - Nesses casos, ocorre um tipo de lesão glomerular que é uma forma especial de glomeruloesclerose segmentar e focal, geralmente associada à síndrome nefrótica e perda progressiva da função renal. - A HIVAN é normalmente uma complicação tardia do HIV, sendo evidenciado pela diminuição de linfócitos CD4+ e pela história de infecções oportunistas prévias. FISIOPATOLOGIA - A lesão histológica mais frequente na infecção por HIV é a glomeruloesclerose segmentar e focal. Isso ocorre em associação com várias outras situações clínicas, embora nenhuma delas seja bem explicada. - Mas, sabe-se que a nefropatia por HIV decorre da desregulação na interação entre vírus/hospedeiro. O HIV pode infectar diretamente as células mesangiais e epiteliais -> efeito citopático -> expressão de citocinas e fatores de crescimento -> produção da matriz e esclerose mesangial. - Ou a infecção pelo HIV altera o ciclo celular com intensificação da apoptose e alterações da polaridade celular, explicando assim a dilatação tubular micro cística característica da nefropatia. - As lesões renais associadas ao HIV podem ser por 3 tipos: (1) Glomeruloesclerose focal de forma colapsante (2) Glomerulonefrite proliferativa mediada por imunocomplexos (3) Nefropatia túbulo intersticial - O termo ‘nefropatia associada ao HIV’ é reservado para a Glomeruloesclerose focal colapsante, com oclusão da luz capilar, segmentar ou global, como alguns achados característicos: hipertrofia das células epiteliais e endoteliais do glomérulo-formação de coroa podocitária, dilatação microcística dos túbulos com presença de cilindros proteicos, degeneração celular e necrose. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 - Síndrome Nefrótica + Perda progressiva da função renal - Edema: pode ser insidioso ou abrupto. - Geralmente não ocorre HAS. - Níveis séricos de complemento estão normais e as Ig podem estar aumentadas. - Imunofluorescência: deposição de IgM e C3 - Dilatação tubular com precipitados pouco densos, granulares e com proteínas Tamm-Horsfall. - Quadro microscópico característico: glomeruloesclerose segmentar ou focal com alterações nas células epiteliais glomerulares, dilatação tubular, infiltrado com fibrose e presença de estruturas túbulo-reticulares intracitoplasmáticas. TRATAMENTO - Terapia antiviral, pois a negativação da carga viral mudou muito a história natural da HIVAN. Reduz proteinúria. Microangiopatias Trombóticas - Composto de: Púrpura Trombocitopenia Trombótica (PTT) e Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU). - Ambas compartilham características de: púrpura trombocitopênica idiopática, anemia hemolítica, insuficiência renal e distúrbios neurológicos. - Quando os pctes são crianças há tendência a ser SHU, e quando são adultos com doença neurológica ela passa a ser considerada PTT (20-50a). Mulheres + afetadas. - Porém, nos adultos geralmente há uma mistura de ambas, portanto: PTT/SHU. - Na parede do capilar glomerular há evidências de endoteliose capilar glomerular, que é associada a trombos plaquetários, dano da parede capilar e formação de material de fibrina dentro e ao redor dos glomérulos. - A síndrome PTT/SHU também é observada na gravidez, com o uso de contraceptivos orais ou quinina, em pctes com transplante renal que recebem substância específica para combater rejeição, e em pctes que estão tomando agentes antiplaquetários (ticlopina e clopidogrel) ou após infecção por HIV. FISIOPATOLOGIA - Há 2 grupos reconhecidos de fisiopatologia: - SHU na infância associada a diarreia êntero- hemorrágica: causada pela toxina liberada pela E. coli e, ocasionalmente, pela Shigella dysenteriae. - A toxina shiga lesiona diretamente os endotélios, enterócitos e células renais -> causando apoptose -> aglomerados de plaquetas -> hemólise intravascular pela ligação aos receptores de glicolipídios. - Esses receptores são mais abundantes em crianças do que em adultos. - Algumas crianças com deficiências de proteínas do complemento expressam SHU atípica. - PTT/SHU em adultos: Deficiência genética da metaloprotease ADAMTS13, causando assim aglomeração das plaquetas e hemólise intravascular. - Anticorpos para ADAMTS13 podem ser encontrados, mas são muito raros. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Pêntade da PPT: trombocitopenia, anemia hemolítica, sinais e sintomas neurológicos, manifestações renais e febre. - Tríade de SHU: LRA grave, trombocitopenia e anemia. - Tem elevação de LDH, aparecimento de hemácias fragmentadas em esfregaços do sangue periférico. - Sintomas GI, além de proteinúria, hematúria, hipertensão e LRA. DIAGNÓSTICO - Anemia normocítica, aumento na disparidade do tamanho das hemácias, reticulocitose, LDH elevada. - Positividade da pesquisa de toxina Shiga ou na cultura para E. coli toxigênica aponta para o diagnóstico. TRATAMENTO - PPT/SHU: plasmaférese até que se observe uma elevação na contagem de plaquetas. Em pctes com recidiva, mantem-se o tratamento com a plasmaférese diária. A maioria irá responder com 2 semanas de tratamento. - Pode-se usar também imunossupressores ou do rituximabe. - SHU: devidoa diarreia infecciosa, não se deve utilizar antibióticos pois estes aceleram a liberação de toxinas. Portanto, utiliza-se apenas a terapia de suporte em crianças com SHU pós-diarreica. Imunossupressores - São fármacos usados na terapia de doenças autoimunes com o objetivo de prevenis e/ou tratar rejeição de transplantes e em doenças auto-imunes. - Como comprometem as respostas imunológicas, promovem diminuição da resposta a infecções e podem facilitar a emergência de linhagens celulares malignos. - A maioria desses fármacos atua durante a fase de indução da resposta imunológica, reduzindo a proliferação de linfócitos. Outros fármacos podem inibir aspectos da fase efetora. - São caracterizados: (1) Fármacos que inibem a produção ou ação da IL- 2 (Ciclosporina, Tacrolimo) (2) Fármacos que inibem a expressão de genes de citocinas (corticoesteroides) (3) Fármacos que inibem a síntese de purina e pirimidinas (Azatioprina, Micofenolato, Mofetila). 1. Ciclofosfamida: EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7 - Ativa mostarda de fosforamida, que forma ligações cruzadas com o DNA que impedem a replicação da célula. - Vai suprir as funções das células T e B em 30-40%. - Muito usado em doenças reumáticas. Indicado para artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, vasculite, Granulomatose de Wegener e outras doenças reumáticas. 2. Ciclosporina - É um ATB peptídico, que por regulação da transcrição gênica, inibe a produção de IL-1 e IL-2 e secundariamente inibe a interação entre macrófagos e células T e sua responsividade. As células B são afetas tbem pois dependem das células T. - Indicações: artrite reumatoide, evita aparecimento de erosões ósseas, LES, polimiosite, dermatomiosite, Granulomatose de Wegener. - Efeitos colaterais: leucopenia, trombocitopenia, anemia. Em altas doses pode ser cardiotóxica, podendo causar esterilidade, principalmente em mulher. 3. Metotrexato - 1ª Linha de tratamento de artrite reumatoide e o mais usado. - Faz inibição da aminoimidazolcarboxamida (AICAR) e da timidilato-sintetase. Isso, por mecanismo concomitante acaba suprindo ações inflamatórias de neutrófilos, macrófagos, células dendríticas e linfócitos. - Exerce efeitos inibitórios diretos na proliferação e estimula apoptose nas células imunes inflamatórias. - ½ vida: 6-9h mas pode se estender por até 24h. - Indicações: artrite reumatóide, psoríase, artrite psoriática, dermatomiosite, LES, vasculite, etc. - Efeitos colaterais: náuseas, úlceras da mucosa, leucopenia, anemia, estomatite, ulcerações gastrointestinais, alopecia, hepatotoxicidade. - Contraindicado durante a gravidez. 4. Micofenolato de Mofetila - Será convertido em Ácido Micofenólico que é a forma ativa do fármaco. Irá inibir a inosina monofosfato desidrogenase que leva a supressão da proliferação de linfócitos T e B. - Indicações: Doença renal por LES, vasculite, Granulomatose de Wegener. - Efeitos colaterais: náuseas, dispepsia e dor abdominal, leucopenia, trombocitopenia e anemia.
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