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Doença de Chagas Aguda Quadro clinico Após período de incubação que varia de 4 a 10 dias nos casos de transmissão vetorial e de 20 a 40 dias ou mais nos de contaminação por transfusão de sangue, segue-se uma fase aguda. Esta pode ser sintomática ou, o que é muito mais comum, assintomática. A fase aguda sintomática caracteriza-se por parasitemia elevada, intenso parasitismo tecidual, manifestações de toxemia, processo inflamatório exuberante e quadro clínico variável. Uma das mais importantes características da fase aguda é o sinal de porta de entrada oftalmoganglionar, descrito como sinal de Romaña, que representa a reação do hospedeiro à penetração dos tripanosomas na mucosa ocular. A mortalidade na fase aguda é cerca de 5 a 10%, geralmente em decorrência de meningoencefalite, insuficiência cardíaca grave e, mais raramente, morte súbita. Durante este estágio, os parasitos estão disseminados e podem ser facilmente identificados no sangue pela pesquisa direta, sendo que ocorre invasão direta das fibras cardíacas. O envolvimento do coração é semelhante ao que ocorre em outros tipos de miocardite: infiltrado inflamatório, edema intenso separando as fibras cardíacas, podendo conter amastigotas do T. cruzi. A fase aguda passa despercebida na maioria dos pacientes. Entretanto, quando diagnosticada, está recomendado o tratamento antiparasitário com benzonidazol, o que usualmente leva à cura da infecção e previne as manifestações da doença crônica. Havendo sinais e sintomas de miocardite, o tratamento deve ser semelhante ao preconizado para miocardites de outras etiologias Nos casos não tratados, a fase aguda dura 10 a 60 dias. Com o passar dos dias ou semanas, a sintomatologia regride, o número de parasitos diminui na circulação (tornam-se raros). A infecção aguda é seguida por um período de latência (indeterminado) que pode permanecer assintomático ou progredir para doença crônica. Imunossupressão pode reativar a infecção latente, com alta parasitemia e uma 2ª fase aguda, lesões de pele, ou abscessos cerebrais. Fisiopatologia da fase aguda Na fase aguda, a patologia causa, principalmente, dilatação cardíaca e derrame pericárdico. A miocardite é intensa e difusa, ocorrendo necrose miocitolítica, edema, vasculite e infiltrado inflamatório, de natureza mono e polimorfo nuclear. A maior parte dos casos agudos evolui para a forma indeterminada. Considera-se que pacientes nessa forma constituam a grande maioria de infectados em áreas endêmicas, podendo aproximadamente 40% de estes persistirem indefinidamente nessa condição. O estágio é caracterizado pela presença de infecção, confirmada por testes parasitológicos e/ou sorológicos, na ausência de manifestações clínicas, radiológicas (coração, esôfago e/ou cólon) e eletrocardiográficas. A evolução para as formas determinadas (cardiomiopatia e mega síndromes) geralmente ocorrerá 10-20 anos após a fase aguda. Doença de Chagas Aguda Histopatologia da fase aguda Processo de miocardite crônica difusa, ativa e fibrosante. O infiltrado inflamatório mostra células mononucleares: macrófagos, linfócitos e plasmócitos, com adensamentos focais, correspondentes à desintegração dos miócitos. Os parasitos são raramente encontrados no citoplasma dos miócitos, porém à imuno- histoquímica, usando anticorpos anti- T. cruzi ou a PCR, pode revelar ninhos parasitários ou detritos dos parasitos em desintegração. Os três tipos genéticos de colágeno estão presentes no miocárdio e são reversíveis pelo tratamento quimioterápico. Foram revelados pela marcação com anticorpos monoclonais por imunofluorescência: colágenos tipos I, III, IV além de fibronectina e depósito de laminina na membrana basal dos miócitos. Inicia-se com a penetração do protozoário no homem. Após um período de incubação de 5 a 7 dias, os tripanossomos invadem a corrente sanguínea e linfática, indo localizar-se em praticamente todos órgãos e tecidos do corpo. Na maioria dos pacientes, esta fase é assintomática; só em uma minoria de casos é aparente - sintomática. Nesta última, são importantes os sinais de porta de entrada que surgem quando a contaminação se faz pelo barbeiro. Manifestam- se 4 a 10 dias após a picada do inseto. No coração se desenvolvem as lesões básicas, originando epicardite, miocardite e endocardite parietal. Constitui-se, portanto, uma verdadeira pancardite, à qual se associam lesões do sistema nervoso autônomo intracardíaco. Em casos fatais de DC aguda humana observa-se, no coração, miocardite em focos disseminados, a qual frequentemente adquire aspecto difuso. O processo tem as características já descritas, devendo-se enfatizar: 1) O intenso parasitismo e as frequentes lesões das fibrocélulas musculares; 2) Os elementos do exsudato inflamatório que no miocárdio penetram no endomísio enfileiram-se ao longo dele ou formam acúmulos, mascarando as fibrocélulas, dissociando-as e separando-as dos capilares; estendem-se, ainda, ao perimísio e deste à adventícia dos vasos; 3) As lesões acometem tanto o miocárdio contrátil como o sistema de gênese e condução do estímulo cardíaco. Doença de Chagas Aguda Anatomopatologia da fase aguda Macroscopicamente, o achado mais chamativo nos casos de cardite chagásica aguda é o aspecto flácido e congesto do coração, que em geral se apresenta aumentado de volume devido à dilatação das cavidades. Tais características resultam basicamente da inflamação que acomete simultaneamente os três folhetos cardíacos, especialmente o miocárdio. O saco pericárdico, em geral, é distendido, congesto e contém maior quantidade de líquido claro e transparente (hidro pericárdio). As manifestações clínicas da cardite aguda parecem resultar basicamente, das lesões miocárdicas descritas. Estas, bem como a dilatação e a insuficiência dos óstios átrio- ventriculares que delas decorrem, são as principais responsáveis pela cardiomegalia, pelos distúrbios valvulares funcionais e pela insuficiência cardíaca congestiva observada em alguns casos. As lesões do tecido excito-condutor mostram boa correlação com os dados eletrocardiográficos (os quais indicam predomínio das arritmias sinusais) e podem sugerir que as alterações da fase aguda seriam capazes de deixar sequelas cicatricial nos indivíduos que passam para a forma indeterminada da doença. Diagnóstico na fase aguda → Testes Sorológicos O diagnóstico sorológico da infecção pelo T. cruzi é confirmado (ou excluído) pelo emprego de pelo menos dois testes sorológicos de princípios diferentes, que devem comprovar a existência de anticorpos anti-T. cruzi. Os testes sorológicos mais empregados e de maior utilidade são os convencionais: ensaio imunoenzimático (ELISA), imunofluorescência indireta (IFI) e hemaglutinação indireta (HAI). Quando realizados os três testes, é possível obter concordância entre eles em mais de 98% dos soros. → Microscopia óptica de esfregaços de sangue: O número de tripanosomas no sangue periférico é alto durante a fase aguda da doença de Chagas podendo ser prontamente detectado pelo exame das lâminas com amostras de sangue finas ou espessas. Em contraste, poucos parasitas estão presentes no sangue durante infecção latente ou doença crônica. O diagnóstico definitivo da doença de Chagas também pode ser feito no estágio agudo pelo exame de tecido de linfonodos ou cardíaco. → PCR: Utilizar PCR (polymerase chain reaction) quando a parasitemia for provavelmente alta, como ocorre na doença de Chagas aguda, na doença de Chagas transplantaria (congênita) ou após a transmissão via transfusão de sangue, transplante ou exposição laboratorial. → Xenodiagnóstico: Nas regiões endêmicas, o xenodiagnóstico tem sido utilizado; é feito pelo Doença de Chagas Aguda examedo conteúdo intestinal de triatomíneos criados em laboratório depois de picarem uma pessoa com doença de Chagas.
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