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Apostila de Contabilidade Comercial e Financeira

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Faculdade Estácio do Recife – FIR 
Graduação em Ciências Contábeis 
Disciplina: GST0035 – Contabilidade Comercial e Financeira 
Turma: 2ª Período 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Esp. Marcos Gomes de Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife 
2013 
PLANO DE ENSINO 
 
CURSO: Ciências Contábeis 
DISCIPLINA: GST0035 – Contabilidade Comercial e Financeira 
TURMA: 2ª Período 
CARGA HORÁRIA SEMANAL: 4h/aula – 73 horas 
 
I – CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
 O desenvolvimento econômico de uma sociedade capitalista se dá através da 
exploração de atividades industriais, comerciais e de serviços. As empresas organizam-
se de modo a se especializarem naqueles econômicos, investem e almejam resultados. 
Nesse contexto, a Contabilidade desempenha um importante papel na gestão de tais 
empresas, fornecendo informações tempestivas e adequadas sobre as mutações 
patrimoniais além da composição do resultado econômico daquelas organizações, 
possibilitando aos gestores a tomada de decisão e a avalição de desempenho. 
Reconhecendo a importância de cada uma das atividades econômicas (indústria, 
comércio e serviços) focalizaremos nosso estudo, nessa disciplina, nos aspectos 
comerciais. Assim, a disciplina Contabilidade Comercial e Financeira desenvolverá as 
competências e habilidades necessárias a execução do registro, mensuração e 
divulgação dos eventos econômicos atinentes as operações de uma empresa 
mercantil. Será dado destaque as transações cotidianas de uma empresa comercial tais 
como operações com mercadorias, operações financeiras e operações com ativo 
imobilizado. Operações estas que constituem o cerne operacional da atividade 
mercantil. 
 
 
 
 
 
 
II – EMENTA 
 
Operações com mercadorias – compras, vendas e ajustes; tributos incidentes sobre 
compras e vendas de mercadorias; operações financeiras; ajustes a valor presente das 
contas a receber e contas a pagar; Operações com ativo imobilizado; noções de 
impairment. 
 
III – OBJETIVO GERAL 
 
 Contribuir no desenvolvimento das habilidades e competências necessárias ao 
profissional de contabilidade a fim de permitir a mensuração, avaliação e divulgação 
das mutações patrimoniais das empresas comerciais sob o enfoque da contabilidade 
financeira. 
 
IV – OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Compreender os principais métodos de contabilização bem como os regimes de 
inventário para controle das operações com mercadorias. Aplicar os critérios para 
valoração do inventário e simular os efeitos desses critérios sobre o resultado 
operacional das empesas. Contabilizar os efeitos das transações que alteram o valor 
das compras e vendas das mercadorias. Contabilizar, controlar e apurar os principais 
tributos incidentes sobre as compras e vendas de mercadorias. Registrar as aplicações 
e captações de recursos bem como os rendimentos e encargos incidentes sobre essas 
operações. Ajustar e contabilizar o efeito cambial da moeda sobre operações 
financeiras bem como seu valor no tempo. Apurar e registrar os gastos passíveis de 
contabilização em relação aos ativos imobilizados bem como sua recuperação 
econômica, seja por depreciação ou impairment. Registrar e apurar o resultado das 
alienações de ativo imobilizado. 
 
 
 
 
V – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
1. Operações com Mercadorias – Compras e vendas 
1.1. Compra, venda e estoque de mercadorias; 
1.2. Métodos de contabilização; 
1.2.1. Conta mista de mercadorias; 
1.2.2. Conta mercadorias com função desdobrada; 
1.3. Regimes de inventário; 
1.3.1. Inventário periódico; 
1.3.1.1. Contagem física; 
1.3.2. Inventário permanente; 
1.3.2.1 Ficha de controle de estoques; 
1.4. Critérios para valoração do inventário; 
1.4.1. PEPS; 
1.4.2. UEPS; 
1.4.3. Custo médio ponderado móvel; 
1.5. Apuração de resultado com mercadorias; 
2. Operações com Mercadorias – Fatos que alteram o valor das compras e das vendas 
2.1. Devolução e abatimentos; 
2.2. Descontos comerciais e financeiros; 
2.3. Fretes e seguros; 
2.4. Apuração de resultado contábil; 
3. Tributos incidentes sobre as compras e vendas 
3.1. ICMS sobre as compras e vendas; 
3.1.1. Base de cálculo do ICMS; 
3.1.2. Apuração e contabilização do ICMS; 
3.2. IPI sobre compras e vendas; 
3.2.1. Base de cálculo do IPI; 
3.2.2. Apuração e contabilização do IPI; 
3.3. PIS e COFINS – regime cumulativo e não cumulativo; 
3.3.1. Base de cálculo do PIS e COFINS; 
3.3.2. Apuração e contabilização do PIS e COFINS; 
3.4. Apuração da receita líquida de vendas; 
 
4. Operações financeiras 
4.1. Aplicações financeiras; 
4.1.1. Rendimentos pré-fixados – contabilização; 
4.1.2. Rendimentos pós-fixados – contabilização; 
4.2. Empréstimos; 
4.2.1. Encargos pré-fixados – contabilização; 
4.2.2. Encargos pós-fixados – contabilização; 
4.3. Desconto de duplicatas; 
4.3.1. Encargos financeiros a vencer; 
4.3.2. Baixa das contas a receber; 
4.4. Variação cambial ativa e passiva – contabilização; 
4.5. Ajuste a valor presente das contas a receber e contas a pagar; 
5. Operações com Ativo Imobilizado 
5.1. Aquisição do ativo imobilizado – gastos capitalizáveis; 
5.2. Amortização, depreciação e exaustão; 
5.3. Noções sobre impairment de ativo imobilizado; 
5.4. Alienação de bens do ativo imobilizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PLANO DE AULA 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O estudo organizado de qualquer assunto deve começar por sua definição. 
Dessa forma, para estudar Contabilidade Comercial e Financeira, torna-se inevitável 
perguntar: 
O que é bem como qual é a diferença entre Contabilidade Comercial e 
Financeira? 
Para responder a essa indagação, vamos levantar outros dois questionamentos: 
afinal de contas, a Contabilidade é uma ciência ou uma técnica? A Contabilidade é 
Ciência Exata ou Ciência Social? 
A primeira vista, surge a equivocada classificação de Contabilidade como 
técnica a partir da percepção do método das partidas dobradas como uma repetição 
de registro. No entanto, a Contabilidade utiliza esse método para identificar e registrar 
os elementos patrimoniais (aspectos qualitativos) e da mensuração, da identificação 
do valor em moeda desses elementos (aspectos quantitativos). Desse modo, ainda 
que a Contabilidade se utilize de métodos quantitativos, não podemos confundi-la com 
as ciências exatas, que têm por objeto as quantidades consideradas abstratas que 
independem das ações humanas. Na Contabilidade, as quantidades são simples 
medidas dos fatos que ocorreram em razão da ação do homem. 
Megale (1990, p. 42), define Ciência: 
(...) é o conjunto de vários conhecimentos vinculados entre si, formando 
uma teoria que constantemente está sendo posta à prova, que foi gerada 
por investigação (estudo, pesquisa, busca de dados) criteriosa, metódica, 
dentro da lógica ou coerência, visando a verdade e retratando fielmente o 
objeto ou fenômeno estudado, sem a opinião pessoal do pesquisador, 
indicando que o conhecimento é fruto de experiência que assegura, com 
clareza, os seus resultados. 
 
Conforme Iudícibus (2002, p. 68), “há inúmeras classificações de Ciências e elas 
se dividem em dois grupos: Formais e Exatas; Factuais (que se desdobram em Naturais 
e Sociais)”. 
 
Para Megale (1990, p. 53): 
As Ciências Exatas são abstratas, algumas não precisam de confirmação 
empírica como Matemática, Geometria e Astronomia. As Ciências Naturais 
têm como objeto de estudo as coisas concretas, os seres vivos, como 
Geografia, Botânica, Biologia, Química e Física. Já as Ciências Humanas e 
Sociais investigam as relações sociais, estuda o homem não como ser vivo,mas como ser social, como criador de cultura, em quaisquer que sejam os 
aspectos da vida social, como Antropologia, Direito, Economia, Psicologia 
Social e Sociologia. 
 
Assim, toda ciência tem um objeto, a Contabilidade é uma Ciência Social 
Aplicada que tem como objeto o conjunto de conhecimentos obtidos através da 
investigação sistemática, objetiva e empírica do patrimônio para fornecer 
informações aos seus usuários para tomada de decisões nos processos de controle e 
planejamento de uma entidade econômico-administrativa, pessoa física ou jurídica, 
com o objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que 
afetam a situação patrimonial e financeira. 
 
Objeto da 
Contabilidade 
 → Patrimônio → 
Conjunto 
de bens, 
direitos e 
obrigações. 
 
Para atingir esse fim, são utilizadas técnicas contábeis como procedimentos 
práticos para coleta de dados (captação), para o registro de forma acumulada desses 
dados nos livros contábeis, para a elaboração dos relatórios (demonstrações 
financeiras), bem como suas análises e checagens. (MEGALE, 1990; MONTOTO, 2011) 
 
 
Técnicas Contábeis 
 
 
 
 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 Escrituração 
Demonstrações 
Contábeis 
 Auditoria 
Análise das 
Demonstrações 
 
 
 A palavra “partida”, na técnica contábil, tem a ideia de lançamento ou 
assentamento escrito. A escrituração das partidas dobradas é feita através de sistemas 
de contas próprias onde se registram componentes específicos e as variações positivas 
e negativas que modificam os valores absolutos dos elementos reais e também os seus 
efeitos sobre os elementos derivados (CAMPIGLIA, 1966). 
A respeito do conceito de Contabilidade, a Resolução CFC nº 774/94 relata a 
seguinte definição: 
A Contabilidade possui objeto próprio - o Patrimônio das Entidades - e 
consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as 
condições de generalidade, certeza e busca das causas, em nível qualitativo 
semelhante às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa 
de que a Contabilidade é uma ciência social com plena fundamentação 
epistemológica. Por consequência, todas as demais classificações - método, 
conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais 
correntes - referem-se a simples facetas ou aspectos da Contabilidade, 
usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões 
concretas. (grifo nosso) 
 
O aspecto da fundamentação epistemológica, citado na definição da Resolução 
CFC nº 774/94, diz respeito a teoria do conhecimento, sendo o ramo filosofia 
interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as 
questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o 
conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo 
contra o desafio cético? 
Em suma, para o entendimento do que venha a ser a ciência da Contabilidade, 
podemos fazer uma analogia entre as três principais ciências envolvidas no universo 
das entidades econômico-administrativas: um empreendimento, para obter o sucesso 
esperado por seus investidores, deve sempre passar pelas etapas de Planejamento, 
Execução e Controle de suas ações. Desta forma, temos a Economia no planejamento 
das metas da empresa, a Administração na execução de suas estratégias e ações e a 
Contabilidade no controle do resultado dessas ações. 
Para que a Contabilidade possa controlar, é fundamental que ocorra o registro 
de todos os fatos contábeis, isto é, de todos os eventos ou acontecimentos que 
afetam o patrimônio da empresa ou entidade em questão. 
 Um fato é uma ação feita. Fato contábil é todo acontecimento na entidade 
contábil que possui expressão monetária e que afeta o patrimônio, 
quantitativamente ou qualitativamente. Este tanto pode ser um fato administrativo 
como não administrativo. 
Fatos administrativos são os fatos praticados pela gestão, que correspondem 
a maioria dos fatos realizados em qualquer período analisado (ex.: compra de 
mercadorias). Fatos não administrativos são os não praticados pelos gestores da 
empresa, como o roubo de um veículo ou de qualquer outro ativo. 
Como regra, a Contabilidade não registra atos administrativos, pois estes não 
afetam o Patrimônio, uma vez que se tratam apenas de decisões ou procedimentos. 
Somente registramos atos quando estes puderem comprometer, no futuro, o 
Patrimônio da empresa; por exemplo, aval em empréstimo de terceiros, fiança em 
locação de terceiros, etc. 
 
 
A Contabilidade registra 
 
 
 ↓ 
 
 
Fatos Contábeis 
 
 
 
 
 │ 
 
 
 
 
 ↓ ↓ 
 
Fatos administrativos ou 
de gestão 
 
Fatos não praticados 
pela administração da 
entidade 
 
O grande desafio do profissional de Contabilidade é o registro e a classificação 
de dados semelhantes (fatos contábeis) para sua posterior sintetização em contas nos 
relatórios que serão analisados pelo público interno e externo interessados em 
informações da entidade (empresa). Esses relatórios financeiros são chamados de 
demonstrações financeiras. 
A Contabilidade possui duas funções práticas básicas: 
1 – Função Administrativa: controlar o patrimônio; 
2 – Função Econômica: nas empresas, consiste em apurar o lucro ou prejuízo, ou seja, 
calcular o resultado econômico. 
O objetivo final da Contabilidade é fornecimento de informações de natureza 
econômica, financeira e patrimonial, para o controle das operações e para 
planejamento das metas futuras. 
 
 
 
Contabilidade 
 
 
 
 
 
 
 Objeto Funções Objetivo 
Patrimônio Administrativa Econômica Controle Planejamento 
 
Por meio da Contabilidade, é possível ter o controle e o conhecimento 
detalhado do estado em que se encontra um patrimônio e acompanhar sua evolução, 
seja na exploração de um negócio, seja em na residência. 
Em suma, as entidades econômico-administrativas produzem fatos contábeis 
passíveis de contabilização. A Contabilidade registra, classifica e sintetiza esses fatos, 
produzem os relatórios financeiros (demonstrações contábeis), que permitirão a 
mensuração do Patrimônio e a determinação do resultado em determinado período. 
O estudo específico da elaboração e divulgação das informações contábeis de uma 
entidade direcionadas aos usuários externos (acionistas, potenciais investidores, o 
governo, o fisco, bancos e credores) é denominado Contabilidade Financeira. As 
informações oriundas da contabilidade financeira evidenciam o resultado, o 
desempenho da gestão da entidade em dado exercício e perspectivas futuras, 
resultante de decisões de administradores na condução do seu negócio e casos 
fortuitos. 
Por intermédio da Contabilidade Financeira, um investidor pode, por exemplo, 
gerenciar melhor os recursos aplicados, obter informações úteis a tomada de decisão, 
saber o custo do que é produzido ou consumido, apurar o lucro ou prejuízo, e analisar 
o desempenho de seu recurso aplicado. Esse ramo da Contabilidade é basicamente 
regulamentado por legislações específicas e pelos princípios fundamentais de 
contabilidade. De outra forma, seus processos são influenciados por órgãos 
reguladores, pelo governo e por exigências da auditoria independente. 
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o objetivo da 
Contabilidade Financeira é: 
Permitir a cada grupo de usuários a avaliação da situação econômica e 
financeira da entidade num sentido estático, bem como fazer inferências 
sobre tendências futuras. Para consecução desse objetivo, é preciso que as 
empresas dêem ênfase à evidenciaçãode todas as informações que 
permitam não só a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações 
desse patrimônio, mas, além disso, que possibilitem a realização de 
inferências sobre o seu futuro. 
 
Em resumo, a principal finalidade da contabilidade é controlar a movimentação 
do patrimônio das entidades para fornecer informações de ordem patrimonial, 
econômica e financeira que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da 
companhia e as mutações ocorridas no exercício. Essas informações, utilizadas tanto 
por contabilistas quanto por outros usuários, são elaboradas com base nos registros 
contábeis da entidade e apresentados em forma de mapas, relatórios, gráficos ou de 
outros quadros sintéticos ou analíticos. 
O estudo feito pela Contabilidade abrange todo e qualquer patrimônio, seja ele 
pertencente a um indivíduo ou a uma entidade de qualquer natureza. Desse modo, a 
Contabilidade Geral aplicada as empresas comerciais denomina-se Contabilidade 
Comercial, ou seja, é a Contabilidade no que se refere ao estudo dos patrimônios 
pertencentes as empresas mercantis. 
Na primeira parte dessa disciplina, serão estudados assuntos concernentes a 
Contabilidade Comercial, abordando os aspectos que envolvem os estoques, item 
importante numa empresa que possui atividade comercial. 
Na segunda parte de nossos estudos, serão apresentados os tópicos da 
Contabilidade Financeira, ramo das Ciências Contábeis característico pela elaboração 
das demonstrações contábeis e financeiras, a observância dos princípios fundamentais 
da contabilidade, a apuração do custo das mercadorias vendidas, através da 
contabilidade de custos, e a avaliação do passado. No entanto, nessa disciplina serão 
focados apenas os aspectos relacionados a gestão financeira de operações 
financeiras, instrumentos financeiros e do ativo não circulante permanente. 
 
 
 
 
 
 
 
PLANO DE AULA 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O estudo organizado de qualquer assunto deve começar por sua definição. 
Dessa forma, para estudar Contabilidade Comercial e Financeira, torna-se inevitável 
perguntar: 
O que é bem como qual é a diferença entre Contabilidade Comercial e 
Financeira? 
Para responder a essa indagação, vamos levantar outros dois questionamentos: 
afinal de contas, a Contabilidade é uma ciência ou uma técnica? A Contabilidade é 
Ciência Exata ou Ciência Social? 
A primeira vista, surge a equivocada classificação de Contabilidade como 
técnica a partir da percepção do método das partidas dobradas como uma repetição 
de registro. No entanto, a Contabilidade utiliza esse método para identificar e registrar 
os elementos patrimoniais (aspectos qualitativos) e da mensuração, da identificação 
do valor em moeda desses elementos (aspectos quantitativos). Desse modo, ainda 
que a Contabilidade se utilize de métodos quantitativos, não podemos confundi-la com 
as ciências exatas, que têm por objeto as quantidades consideradas abstratas que 
independem das ações humanas. Na Contabilidade, as quantidades são simples 
medidas dos fatos que ocorreram em razão da ação do homem. 
Megale (1990, p. 42), define Ciência: 
(...) é o conjunto de vários conhecimentos vinculados entre si, formando 
uma teoria que constantemente está sendo posta à prova, que foi gerada 
por investigação (estudo, pesquisa, busca de dados) criteriosa, metódica, 
dentro da lógica ou coerência, visando a verdade e retratando fielmente o 
objeto ou fenômeno estudado, sem a opinião pessoal do pesquisador, 
indicando que o conhecimento é fruto de experiência que assegura, com 
clareza, os seus resultados. 
 
Conforme Iudícibus (2002, p. 68), “há inúmeras classificações de Ciências e elas 
se dividem em dois grupos: Formais e Exatas; Factuais (que se desdobram em Naturais 
e Sociais)”. 
 
Para Megale (1990, p. 53): 
As Ciências Exatas são abstratas, algumas não precisam de confirmação 
empírica como Matemática, Geometria e Astronomia. As Ciências Naturais 
têm como objeto de estudo as coisas concretas, os seres vivos, como 
Geografia, Botânica, Biologia, Química e Física. Já as Ciências Humanas e 
Sociais investigam as relações sociais, estuda o homem não como ser vivo, 
mas como ser social, como criador de cultura, em quaisquer que sejam os 
aspectos da vida social, como Antropologia, Direito, Economia, Psicologia 
Social e Sociologia. 
 
Assim, toda ciência tem um objeto, a Contabilidade é uma Ciência Social 
Aplicada que tem como objeto o conjunto de conhecimentos obtidos através da 
investigação sistemática, objetiva e empírica do patrimônio para fornecer 
informações aos seus usuários para tomada de decisões nos processos de controle e 
planejamento de uma entidade econômico-administrativa, pessoa física ou jurídica, 
com o objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que 
afetam a situação patrimonial e financeira. 
 
Objeto da 
Contabilidade 
 → Patrimônio → 
Conjunto 
de bens, 
direitos e 
obrigações. 
 
Para atingir esse fim, são utilizadas técnicas contábeis como procedimentos 
práticos para coleta de dados (captação), para o registro de forma acumulada desses 
dados nos livros contábeis, para a elaboração dos relatórios (demonstrações 
financeiras), bem como suas análises e checagens. (MEGALE, 1990; MONTOTO, 2011) 
 
 
Técnicas Contábeis 
 
 
 
 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 Escrituração 
Demonstrações 
Contábeis 
 Auditoria 
Análise das 
Demonstrações 
 
 
 A palavra “partida”, na técnica contábil, tem a ideia de lançamento ou 
assentamento escrito. A escrituração das partidas dobradas é feita através de sistemas 
de contas próprias onde se registram componentes específicos e as variações positivas 
e negativas que modificam os valores absolutos dos elementos reais e também os seus 
efeitos sobre os elementos derivados (CAMPIGLIA, 1966). 
A respeito do conceito de Contabilidade, a Resolução CFC nº 774/94 relata a 
seguinte definição: 
A Contabilidade possui objeto próprio - o Patrimônio das Entidades - e 
consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as 
condições de generalidade, certeza e busca das causas, em nível qualitativo 
semelhante às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa 
de que a Contabilidade é uma ciência social com plena fundamentação 
epistemológica. Por consequência, todas as demais classificações - método, 
conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais 
correntes - referem-se a simples facetas ou aspectos da Contabilidade, 
usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões 
concretas. (grifo nosso) 
 
O aspecto da fundamentação epistemológica, citado na definição da Resolução 
CFC nº 774/94, diz respeito a teoria do conhecimento, sendo o ramo filosofia 
interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as 
questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o 
conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo 
contra o desafio cético? 
Em suma, para o entendimento do que venha a ser a ciência da Contabilidade, 
podemos fazer uma analogia entre as três principais ciências envolvidas no universo 
das entidades econômico-administrativas: um empreendimento, para obter o sucesso 
esperado por seus investidores, deve sempre passar pelas etapas de Planejamento, 
Execução e Controle de suas ações. Desta forma, temos a Economia no planejamento 
das metas da empresa, a Administração na execução de suas estratégias e ações e a 
Contabilidade no controle do resultado dessas ações. 
Para que a Contabilidade possacontrolar, é fundamental que ocorra o registro 
de todos os fatos contábeis, isto é, de todos os eventos ou acontecimentos que 
afetam o patrimônio da empresa ou entidade em questão. 
 Um fato é uma ação feita. Fato contábil é todo acontecimento na entidade 
contábil que possui expressão monetária e que afeta o patrimônio, 
quantitativamente ou qualitativamente. Este tanto pode ser um fato administrativo 
como não administrativo. 
Fatos administrativos são os fatos praticados pela gestão, que correspondem 
a maioria dos fatos realizados em qualquer período analisado (ex.: compra de 
mercadorias). Fatos não administrativos são os não praticados pelos gestores da 
empresa, como o roubo de um veículo ou de qualquer outro ativo. 
Como regra, a Contabilidade não registra atos administrativos, pois estes não 
afetam o Patrimônio, uma vez que se tratam apenas de decisões ou procedimentos. 
Somente registramos atos quando estes puderem comprometer, no futuro, o 
Patrimônio da empresa; por exemplo, aval em empréstimo de terceiros, fiança em 
locação de terceiros, etc. 
 
 
A Contabilidade registra 
 
 
 ↓ 
 
 
Fatos Contábeis 
 
 
 
 
 │ 
 
 
 
 
 ↓ ↓ 
 
Fatos administrativos ou 
de gestão 
 
Fatos não praticados 
pela administração da 
entidade 
 
O grande desafio do profissional de Contabilidade é o registro e a classificação 
de dados semelhantes (fatos contábeis) para sua posterior sintetização em contas nos 
relatórios que serão analisados pelo público interno e externo interessados em 
informações da entidade (empresa). Esses relatórios financeiros são chamados de 
demonstrações financeiras. 
A Contabilidade possui duas funções práticas básicas: 
1 – Função Administrativa: controlar o patrimônio; 
2 – Função Econômica: nas empresas, consiste em apurar o lucro ou prejuízo, ou seja, 
calcular o resultado econômico. 
O objetivo final da Contabilidade é fornecimento de informações de natureza 
econômica, financeira e patrimonial, para o controle das operações e para 
planejamento das metas futuras. 
 
 
 
Contabilidade 
 
 
 
 
 
 
 Objeto Funções Objetivo 
Patrimônio Administrativa Econômica Controle Planejamento 
 
Por meio da Contabilidade, é possível ter o controle e o conhecimento 
detalhado do estado em que se encontra um patrimônio e acompanhar sua evolução, 
seja na exploração de um negócio, seja em na residência. 
Em suma, as entidades econômico-administrativas produzem fatos contábeis 
passíveis de contabilização. A Contabilidade registra, classifica e sintetiza esses fatos, 
produzem os relatórios financeiros (demonstrações contábeis), que permitirão a 
mensuração do Patrimônio e a determinação do resultado em determinado período. 
O estudo específico da elaboração e divulgação das informações contábeis de uma 
entidade direcionadas aos usuários externos (acionistas, potenciais investidores, o 
governo, o fisco, bancos e credores) é denominado Contabilidade Financeira. As 
informações oriundas da contabilidade financeira evidenciam o resultado, o 
desempenho da gestão da entidade em dado exercício e perspectivas futuras, 
resultante de decisões de administradores na condução do seu negócio e casos 
fortuitos. 
Por intermédio da Contabilidade Financeira, um investidor pode, por exemplo, 
gerenciar melhor os recursos aplicados, obter informações úteis a tomada de decisão, 
saber o custo do que é produzido ou consumido, apurar o lucro ou prejuízo, e analisar 
o desempenho de seu recurso aplicado. Esse ramo da Contabilidade é basicamente 
regulamentado por legislações específicas e pelos princípios fundamentais de 
contabilidade. De outra forma, seus processos são influenciados por órgãos 
reguladores, pelo governo e por exigências da auditoria independente. 
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o objetivo da 
Contabilidade Financeira é: 
Permitir a cada grupo de usuários a avaliação da situação econômica e 
financeira da entidade num sentido estático, bem como fazer inferências 
sobre tendências futuras. Para consecução desse objetivo, é preciso que as 
empresas dêem ênfase à evidenciação de todas as informações que 
permitam não só a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações 
desse patrimônio, mas, além disso, que possibilitem a realização de 
inferências sobre o seu futuro. 
 
Em resumo, a principal finalidade da contabilidade é controlar a movimentação 
do patrimônio das entidades para fornecer informações de ordem patrimonial, 
econômica e financeira que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da 
companhia e as mutações ocorridas no exercício. Essas informações, utilizadas tanto 
por contabilistas quanto por outros usuários, são elaboradas com base nos registros 
contábeis da entidade e apresentados em forma de mapas, relatórios, gráficos ou de 
outros quadros sintéticos ou analíticos. 
O estudo feito pela Contabilidade abrange todo e qualquer patrimônio, seja ele 
pertencente a um indivíduo ou a uma entidade de qualquer natureza. Desse modo, a 
Contabilidade Geral aplicada as empresas comerciais denomina-se Contabilidade 
Comercial, ou seja, é a Contabilidade no que se refere ao estudo dos patrimônios 
pertencentes as empresas mercantis. 
Na primeira parte dessa disciplina, serão estudados assuntos concernentes a 
Contabilidade Comercial, abordando os aspectos que envolvem os estoques, item 
importante numa empresa que possui atividade comercial. 
Na segunda parte de nossos estudos, serão apresentados os tópicos da 
Contabilidade Financeira, ramo das Ciências Contábeis característico pela elaboração 
das demonstrações contábeis e financeiras, a observância dos princípios fundamentais 
da contabilidade, a apuração do custo das mercadorias vendidas, através da 
contabilidade de custos, e a avaliação do passado. No entanto, nessa disciplina serão 
focados apenas os aspectos relacionados a gestão financeira de operações 
financeiras, instrumentos financeiros e do ativo não circulante permanente. 
 
 
 
 
 
 
 
PARTE I – CONTABILIDADE COMERCIAL 
 
Legislações para estudo: 
▪ Lei 6.404/76 alterada pelas leis 11.638/07 e 11.941/09 
▪ CPC 16 (R1) – Estoques 
▪ CFC - NBC TG 16 - Resolução nº. 1.170/09 alterada pela Resolução nº. 1.273/10; 
 
1. OPERAÇÕES COM MERCADORIAS – COMPRAS E VENDAS 
 
As operações com mercadorias, produtos ou serviços são, em essência, o 
objetivo da existência de uma empresa. Todos os investimentos em infraestrutura, 
pessoal, treinamento, tecnologia, etc. são realizados para que a empresa consiga 
conquistar sua principal finalidade: vender suas mercadorias, produtos os serviços. 
No entanto, na primeira parte dessa disciplina, serão abordadas as operações 
de compra e venda de mercadorias por empresas comerciais, industriais e de serviços, 
sendo que, especialmente, serão tratadas apenas operações de empresas comerciais, 
objetivo principal da Contabilidade Comercial; uma vez que as operações que 
envolvam os produtos em uma indústria e em empresas prestadoras de serviços são 
similares e serão tratadas na Contabilidade de Custos, um ramo especial da 
Contabilidade. 
A Contabilidade Comercial é um ramo das Ciências Contábeis aplicado ao 
estudo e ao controle do patrimônio das empresas comerciais, com o fim de oferecer 
informações sobre sua composição e suas variações, bem como sobre o resultado 
decorrente da atividade mercantil. Para acompanhar a variação qualitativa e 
quantitativa do patrimônio de tais entidades, é importante também entender o 
quadro econômico e jurídico mais amplo dentro do qual operam, bem como algumas 
características essenciaisde sua gestão. 
O entendimento do que vamos estudar nessa primeira parte dessa disciplina, 
exige que saibamos a distinção entre os tipos de empresas: INDUSTRIAL, COMERCIAL 
e PRESTADORA DE SERVIÇOS. Essa distinção de atividades das empresas é 
fundamental para ter conhecimento dos tributos de que a empresa é contribuinte. 
Ser contribuinte de um tributo define a capacidade de recuperar um imposto quando 
há compra de mercadorias ou matérias- primas, e a obrigação de recolhimento 
quando há a venda de mercadorias ou prestação de serviços. 
Uma Empresa Industrial é aquela que transforma uma matéria-prima em 
outro tipo de matéria-prima ou uma matéria-prima em um produto acabado ou 
semiacabado. 
 
EXEMPLOS: 
 
COMPRA 
 
TRANSFORMA 
 
VENDA 
 
Minério de ferro 
 
→ 
Companhia Siderúrgica Nacional 
 
→ 
Chapa de aço 
 Chapa de aço 
 
 
 
→ 
Montadora (Ex. GM) 
 
→ 
Veículos 
Produtos Semiacabados 
 
Uma empresa industrial é contribuinte dos seguintes impostos e contribuições 
sobre vendas: 
1) IPI (imposto sobre Produtos Industrializados); 
2) ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias em Geral e Serviços de 
transporte interestadual, intermunicipal, serviços de comunicação e energia 
elétrica); 
3) PIS/PASEP (Programa de Integração Social/ Programa de Formação do 
Patrimônio do Servidor Público); 
4) COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social). 
 
Uma Empresa Comercial ou Mercantil é aquela que não realiza nenhuma 
modificação nos produtos comercializados. Compra matéria-prima e a vende ou 
compra produto acabado e o vende exatamente como o adquiriu. A operação de 
compra e venda é também chamada de mercantil. 
 
 
EXEMPLOS: 
 
COMPRA 
 
COMERCIALIZA 
 
VENDA 
 Chapa de Aço → Distribuidor → Chapa de Aço 
 Veículos → Concessionária de Veículos → Veículos 
 
Uma empresa comercial é contribuinte dos seguintes impostos e contribuições 
sobre vendas: 
1) ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias em Geral e Serviços de 
transporte interestadual, intermunicipal, serviços de comunicação e energia 
elétrica); 
2) PIS/PASEP (Programa de Integração Social/ Programa de Formação do 
Patrimônio do Servidor Público); 
3) COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social). 
 
Uma Empresa Prestadora de Serviços é aquela que não produz nenhum 
produto e eventualmente fornece ou utiliza uma mercadoria ou matéria-prima para 
prestar o serviço contratado. A parte referente a mão de obra é de valor predominante 
do custo do serviço prestado. 
 
EXEMPLO: 
 
 
Peças 
 
 
 ↓ 
 
Gastos Diversos 
 
→ 
Veículo 
 
→ 
Serviço Presatdo 
 
 ↑ 
 
 
 
Mão de Obra 
 
 
O reparo de um carro em uma oficina mecânica exige a utilização de peças e a 
aplicação de mão de obra especializada além de gastos diversos, como energia 
elétrica, aluguel, etc. 
Uma empresa de serviços é contribuinte dos seguintes impostos e 
contribuições sobre vendas: 
1) ISS (Imposto sobre Serviços); 
2) PIS/PASEP (Programa de Integração Social/ Programa de Formação do 
Patrimônio do Servidor Público); 
3) COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social). 
 
1.1. COMPRA, VENDA E ESTOQUE DE MERCADORIAS 
 
 Para melhor entendimento do reflexo das operações com mercadorias no 
patrimônio e resultado das empresas, é fundamental conhecer alguns conceitos: 
 
COMPRA: é o ato pelo qual uma empresa adquire o direito de propriedade sobre 
mercadorias para revenda ou de bens para uso. 
As compras de mercadorias ou insumos devem ser contabilizadas sem os 
tributos, considerando as devoluções de compras (descontando) e agregando ao valor 
os gastos com frete, seguro ou qualquer gasto que tenha sido realizado para colocar e 
manter a mercadoria em estoque. 
VENDA: é o ato pelo qual uma empresa revende as mercadorias adquiridas de seus 
fornecedores. Assim, em uma venda, a empresa irá transferir a propriedade ao 
cliente. 
RECEITA: Nem toda entrada ou promessa de entrada de recursos em uma empresa é 
receita. Quando uma empresa contrata um empréstimo ou quando um sócio 
integraliza capital, entram recursos, mas não constituem uma receita. 
No pronunciamento CPC 30 aprovado pelo CFC por meio de Resolução CFC N.º 
1.412/12 e transformado em Norma Técnica Brasileira de Contabilidade (NBC-TG-30), 
está definido com clareza o que pode ser considerado receita e o que pode deve ser 
excluído das operações de venda para obtenção da receita efetiva da empresa, 
chamada receita líquida. De acordo com o CPC 30, item 7: 
Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período 
observado no curso das atividades ordinárias da entidade que resultam no 
aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio 
líquido relacionados às contribuições dos proprietários. 
As atividades ordinárias da entidade são as principais da empresa, e as 
contribuições dos proprietários formam o capital social destes, ou seja, ingressos que 
nada têm a ver com as operações. 
Na maior parte dos casos, a contraprestação é feita na forma de Caixa ou 
equivalente de Caixa, enquanto o valor da receita é o valor recebido ou a receber. 
A contraprestação é a forma de pagamento, enquanto que equivalente de caixa 
é qualquer valor em dinheiro ou equivalente a dinheiro aceito pela entidade que 
ganhou a receita. 
Assim, receitas são ganhos que têm origem nas seguintes transações: 
1) Vendas de bens; 
2) Prestação de serviços; 
3) Utilização por terceiros de ativos da empresa – item 5 do CPC 30 (R1): 
A utilização, por parte de terceiros, de ativos da entidade dá origem a 
receitas na forma de: 
(a) juros – encargos pela utilização de caixa e equivalentes de caixa ou de 
quantias devidas à entidade; 
(b) royalties – encargos pela utilização de ativos de longo prazo da entidade, 
como, por exemplo, patentes, marcas, direitos autorais e software de 
computadores; e 
(c) dividendos – distribuição de lucros a detentores de instrumentos 
patrimoniais na proporção das suas participações em uma classe particular 
do capital. 
 
 A receita formal de uma empresa é chamada de receita bruta, é obtida 
totalizando os valores que constam nas notas fiscais de venda. A partir dela, existem 
valores que devem ser deduzidos: 
As quantias cobradas por conta de terceiros – tais como tributos sobre 
vendas, tributos sobre bens e serviços e tributos sobre valor adicionado não 
são benefícios econômicos que fluam para a entidade e não resultam em 
aumento do patrimônio líquido. Portanto, são excluídos da receita (Item 8, 
CPC 30). 
 
1 - Devolução de Vendas 
2 - Cancelamentos de serviços 
3 - Descontos 
4 - Abatimentos 
5 - Impostos e contribuições 
 
 Os itens 1 e 2 são eventos que ocorrem após a emissão das notas fiscais e 
entrega das mercadorias, é comum acontecerem devoluções ou cancelamentos de 
serviços por diversas razões; 
 O item 3 refere-se a descontos especificados nas notas fiscais, significando que 
existe um valor de tabela para o preço do produto, mas que o comprador irá pagar um 
valor menor, normalmente porque está comprando uma quantidade maior; 
O item 4 diz respeito a descontos dados ao cliente após a emissão da nota fiscal; 
O item 5 é referente aqueles impostos que não são valores da empresa, mas das 
entidades públicas, uma vez que a empresa é apenas uma recolhedora de tributos. 
O montante da receita proveniente de uma transação é geralmente 
estabelecido entre a entidade e o comprador ou usuário do ativo. É 
mensurado pelo valorjusto da contraprestação recebida, ou a receber, 
deduzida de quaisquer descontos comerciais (trade discounts) e/ou 
bonificações (volume rebates) concedidos pela entidade ao comprador (Item 
10, CPC 30). 
 
 Na maioria das situações, os tributos são cobrados pela empresa aos seus 
clientes, mas esses valores têm que ser repassados ao fisco, portanto, devem ser 
deduzidos da receita, assim como todo e qualquer tipo de desconto comercial 
concedido no ato da emissão da nota fiscal, devolução de mercadorias ou serviços 
feitos pelos clientes. 
DISTINÇÃO ENTRE CUSTOS E DESPESAS: é todo valor gasto para adquirir mercadorias, 
fabricar um produto ou prestar um serviço; já as despesas são os valores gastos no 
esforço para vender. 
Exemplo: Uma mulher vendeu 50 sanduíches por R$ 5,00 cada um, livres de impostos. 
Para fazer cada sanduíche, ela gastou R$ 2,00. Sabendo que ela gastou R$ 5,00 de 
condução e R$ 15 em alimentação, qual foi o lucro líquido ao fim do dia de trabalho? 
RESULTADO COM MERCADORIAS 
CONTA QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO TOTAL 
 Receita 50 5,00 250,00 
 (-) Custo 50 2,00 100,00 
 Lucro Bruto 
(Resultado com 
Mercadorias) 
 150,00 
 (-) Despesas 20,00 
 Lucro Líquido 130,00 
 
 A determinação do lucro bruto é fundamental na vida das empresas porque se 
a empresa não conseguir êxito na obtenção do lucro bruto, não terá como honrar 
sequer os gatos de suas vendas. O lucro bruto é um lucro obtido preliminarmente, que 
deverá ser suficiente para suportar as despesas da empresa. 
 
DEVOLUÇÃO: é ato pelo qual mercadorias compradas retornam do cliente ao 
fornecedor, por estarem em desacordo com o período ou por qualquer motivação de 
ordem comercial. No ato da devolução, é necessária que o cliente faça uma 
formalização, normalmente uma nota fiscal, a fim de acompanhá-las. Desta forma, o 
vendedor irá creditar os tributos quando houver a devolução. 
ABATIMENTO: é um tipo de desconto dado após a emissão da nota, geralmente para 
evitar uma devolução ou por imposição para pagamento no dia do vencimento. Se o 
cliente estiver insatisfeito com a mercadoria adquirida, por culpa do fornecedor, e não 
julgar necessário devolvê-la, este pode entrar em acordo com o fornecedor e exigir um 
abatimento, a fim de evitar a devolução. Os fatos mais comuns que podem levar ao 
abatimento são: deterioração, perda de qualidade, divergências nas especificações 
técnicas e atraso na entrega. Tendo em vista que tal abatimento é posterior ao ato da 
venda, o mesmo não esteve e nem estará em nenhuma nota fiscal e, por conseguinte, 
não há ICMS no abatimento, visto que a mercadoria não circula. 
DESCONTO INCONDICIONAL (ou COMERCIAL): é o desconto dado incondicionalmente 
pelo fornecedor ao cliente, visto que não depende das condições de pagamento, e 
sim de outros fatores, tais como grande quantidade adquirida, interesse promocional 
ou cliente preferencial. Tendo em vista que tal desconto é concedido no ato da venda 
das mercadorias, este aparece na nota fiscal. 
 Esse tipo de desconto precisa ser indicado na nota fiscal porque a legislação do 
IPI determina que a alíquota do IPI seja sempre calculada pelo valor sem desconto. Já 
O ICMS, PIS e CONFINS terão suas alíquotas caliculadas pelo valor com o desconto. 
Exemplo: Uma empresa vende 1.500 unidades de seu único produto ao preço unitário 
de R$ 10,00. O IPI é de 10%, o ICMS é de 20%, o PIS é de 1% e o COFINS é de 4%. 
Vamos calcular o valor da venda e o valor dos tributos sobre vendas lançados nas 
contas-correntes de cada tipo de tributo, sabendo que foi concedido um desconto 
comercial de 10%. 
CONTA QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO TOTAL 
 Valor da venda 1500 10 15.000,00 
 Desconto comercial (10%) 1.500,00 
 Base de cálculo para ICMS, PIS e COFINS. 13.500,00 
 IPI (10% sobre 15.000) 1.500,00 
 ICMS (20% sobre 13.500) 2.700,00 
 PIS (1% sobre 13.500) 135,00 
 COFINS (4% sobre 13.500) 540,00 
 
DECONTO CONDIOCIONAL: é diferente do desconto comercial, que é dado no ato da 
compra e é uma dedução da receita. É um tipo de desconto obtido pelo comprador ou 
concedido pelo vendedor. Normalmente este ocorre pelo cumprimento de um prazo 
de pagamento ou sua antecipação. É comum recebemos um título com a condição 
dizendo “se pagar até o dia 31, desconto de 5%”. Quando um vendedor de 
mercadorias ou prestador de serviços oferece uma condição deste tipo, o vendedor 
não sabe se o cliente irá optar por ela; só saberá quando o comprador pagar. 
 
Título a receber 
 
Banco 
 
Desconto comercial 
(despesa financeira) 
 
10.000,00 
 
10.000,00 
 
 
9.500,00 
 
 
500,00 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESULTADO OPERCAIONAL BRUTO: o resultado operacional bruto é também chamado 
de resultado com mercadorias, ou seja, é o resultado preliminar que uma empresa 
obtém em seus negócios. 
 O preço de uma mercadoria é a base da receita bruta. O regulamento do IPI 
determina que este não pode integrar o preço do produto, devendo ser calculado 
sobre o preço do item em questão. 
 Para conciliar as legislações fiscais e contábeis, a maneira sugerida pelo manual 
das sociedades por ações, no Capítulo 28, é criar a conta “faturamento bruto”, que é a 
receita bruta adicionada do IPI. 
 O regulamento do imposto de renda define que: a receita líquida de vendas e 
serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos 
concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas (Decreto-Lei 
n. 1.598, de 1997, art. 12, parágrafo 1ª). 
 Abaixo, apresentaremos a parte inicial do demonstrativo da receita líquida na 
DRE segundo a lei 6.404/76: 
 
1 Faturamento Bruto (receita bruta + IPI) 
2 (-) IPI 
3 Receita bruta (preço X quantidade) 3 = 1 - 2 
4 (-) Deduções 
 Devoluções 
 Descontos incondicionais 
 Impostos e contribuições 
 Abatimentos 
5 Receita líquida (receita bruta menos deduções) 5 = 3 - 4 
 
APURAÇÃO DO CMV: um feirante tem 8 caixas de laranjas em estoque para revenda a 
custo unitário de R$ 10, em seguida compra mais 10 caixas com o mesmo custo 
unitário. Ao término do dia seu estoque apresenta ainda 6 caixas, tendo adquirido R$ 
500 pelas vendas. Qual o custo da mercadoria vendida (CMV) e seu lucro? 
CMV = EI + C – EF 
 
CMV = (8 caixas + 10 caixas – 6 caixas) X custo unitário 
CMV = (8 x 10 + 10 x 10 – 6 x 10) 
CMV = 80 + 100 – 60 
CMV = 120 
 
1 Receita Líquida 500,00 
2 (-) CMV 120,00 
3 Resultado bruto 3 = 1 - 2 380,00 
 
Segundo o art. 289/RIR 99, “o custo das mercadorias revendidas e das matérias-primas 
utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no 
valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período 
de apuração” (Decreto-Lei 1.598, de 1977, art. 14). 
1° O custo de aquisição de mercadorias destinadas a revenda compreenderá os de 
transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na 
aquisição ou importação (Decreto-Lei 1.598, de 1977, art. 13). 
2° Os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de aquisição. 
3° Não se incluem no custo os impostos recuperáveis através de créditos na escrita 
fiscal. 
 
1 Receita Líquida 
2 (-) CMV ou CPV ou CSP 
3 Resultado bruto 3 = 1 - 2 
 
 A avaliação de estoques é fundamental para a determinação do custo das 
mercadorias vendidas e, portanto, do resultado de uma empresa comercial ou 
industrial. 
 Em uma empresa industrial, a determinação do custo de um produto fabricado 
depende do valor da matéria-prima,do valor da mão de obra direta de fabricação 
(aplicada para transformar as matérias-primas em um produto) e também da 
determinação dos chamados gastos gerais fabris, como energia elétrica, aluguéis, 
segurança, limpeza pessoal indireto, etc. 
 Uma empresa de serviços tem praticamente a mesma estrutura de composição 
de custos de uma indústria. Um serviço também exige habitualmente a utilização de 
algum tipo de matéria-prima, mão de obra direta e gastos gerais para sua prestação, 
embora nas empresas de serviços os estoques tenham importância reduzida. 
 Em uma empresa comercial, a dificuldade é muito menor, pois ela vende 
exatamente o que compra. O foco dessa disciplina será a noção dos conceitos 
relevantes da contabilidade aplicada a essa atividade. Os problemas contábeis de 
estoques estão associados a necessidade de apurar de forma adequada e correta essa 
conta. Numa entidade comercial, o valor do CMV pode representar mais de 60% da 
receita da entidade, e por isso há necessidade de destacar a apuração do CMV e do 
estoque. 
 
 
ESTOQUES: o item 6 do CPC 16 (R1) define que Estoques como ativos que estejam: 
(a) mantidos para venda no curso normal dos negócios; 
(b) em processo de produção para venda; ou 
(c) na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no 
processo de produção ou na prestação de serviços. 
 
 Assim, os estoques são compostos por bens adquiridos e destinados a venda, 
incluindo, por exemplo, mercadorias compradas por um varejista para revenda ou 
terrenos e outros imóveis para revenda. 
Os estoques também compreendem produtos acabados e produtos em 
processo de produção pela entidade e incluem matérias-primas e materiais 
aguardando utilização no processo de produção, tais como: componentes, embalagens 
e material de consumo. No caso de prestador de serviços, os estoques devem incluir os 
custos de serviços. 
Os estoques devem ser mensurados pelo valor: 
1) de custo; ou 
2) de mercado (valor realizável líquido), dos dois o menor. 
 
Valor Realizável Líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos 
negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados 
necessários para se concretizar a venda. 
Exemplo: venda de um apartamento por R$ 500.000,00 e comissão de venda de R$ 
40.000,00: 
 
Valor de venda de um imóvel 500.000,00 
 (-) Custo de venda - comissões 40.000,00 
 Valor realizável líquido 460.000,00 
 
 Uma entidade geralmente compra estoques com condição para pagamento a 
prazo. Quando a negociação contém efetivamente um elemento de financiamento, 
esse elemento, por exemplo, uma diferença entre o preço de aquisição em condição 
normal de pagamento e o valor pago, deve ser reconhecido como despesa de juros 
durante o período do financiamento. 
Exemplo: 
 
a) Aquisição a prazo ................................... Produto X 
 b) 
 Preço de Venda Normal (a vista)............. 
 
30.000,00 
 c) 
 Preço a ser pago (a prazo)........................ 
 
45.000,00 
 d) 
 Juros (diferença)...................................... 
 
15.000,00 
 
 Lançamento Contábil: 
 
 
 D - Produto X (AC)................................... 
 
30.000,00 
 
 D - Juros a Transcorrer (CRPNC)............... 
 
15.000,00 
 
 C - Fornecedor (PNC)............................... 
 
45.000,00 
 (CRPNC = conta redutora do passivo não circulante) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2. MÉTODOS DE CONTABILIZAÇÃO. 
 
O grande problema contábil em operações com mercadorias envolve a 
necessidade de determinar qual o custo da mercadoria que está sendo vendida por 
uma entidade. Em certos tipos de entidade, é possível determinar isso de forma clara e 
precisa quando se pode “rastrear” o produto. É o caso de uma concessionária de 
veículos, na qual cada veículo possui uma especificação clara e precisa (número da 
placa, por exemplo), e a empresa pode determinar quanto custou cada veículo. Nesses 
casos, é possível, a cada venda do produto, determinar o seu valor do custo. 
Entretanto, essa situação é possível em setores nos quais o valor unitário do produto 
que está sendo comercializado é relativamente alto, como acontece com um veículo. 
Em outros setores, em que o valor do produto é reduzido, o “rastreamento” de 
cada item pode ser muito caro. E temos aqui problemas contábeis que necessitamos 
resolver. 
A base desta Unidade é mostrar como acontece a contabilidade de uma 
entidade que gera receita por meio da comercialização de mercadorias. Nessa 
situação, a entidade possui algumas alternativas de mensuração que podem ser 
usadas. Comecemos pela escolha do sistema de inventário. 
 
Operações na compra 
 
Quando uma entidade compra uma mercadoria, essa operação pode ser à vista 
ou a prazo. Se a compra é a prazo, isso gera um passivo para a entidade, que será mais 
adiante quitado. 
Um exemplo de lançamento da compra de mercadoria é apresentado a seguir: 
 
 
 
Entretanto, diversos fatos podem ocorrer a partir desse momento. 
Vamos considerar os mais comuns e relevantes, quais sejam: devolução: a 
devolução de mercadoria ocorre quando o comprador não está satisfeito com a 
qualidade ou a especificação do estoque recebido. Em tais casos, a entidade poderá 
devolver o produto, sendo necessário retirá-lo do estoque e reduzir a dívida, caso a 
compra tenha sido a prazo. Um exemplo de tal operação encontra-se a seguir: 
 
 
 
Abatimento: acontece quando o comprador não está satisfeito com a 
aquisição, mas o fornecedor não deseja receber a mercadoria novamente. Por esse 
motivo, reduz o seu preço, incentivando o comprador a ficar com o estoque. O 
estoque permanece na entidade, mas com um valor menor. O lançamento contábil é 
igual ao realizado na devolução: 
 
 
 
Frete: o frete para entrega da mercadoria pode ser pago pelo comprador ou 
pelo vendedor. Dependendo da situação, teremos lançamentos distintos. Caso o frete 
seja pago pelo comprador, o valor deve constar do custo do estoque. Nesse caso, o 
valor pago (se for à vista) deve ser somado ao que já foi pago pela entidade: 
 
 
Já se o frete for pago pelo vendedor, seu valor já está inserido no custo do 
produto. O lançamento contábil só deverá ocorrer na empresa vendedora (não na 
compradora), como despesa operacional; 
 
Desconto: é diferente do abatimento, pois não existe a insatisfação do 
comprador. Se o desconto ocorre no momento da compra, temos o desconto 
comercial. O desconto comercial é aquele obtido no ato da compra, quando o 
comprador “chora” uma redução no preço, seja por que é um cliente antigo, seja por 
estar comprando em grande quantidade. No desconto comercial, não existe nenhum 
lançamento contábil, já que o valor constante já deve incluir o desconto (nem sempre 
o desconto financeiro é bom). 
O desconto financeiro ocorre depois de a entidade ter realizado a compra, 
normalmente ao antecipar o pagamento. Nesse momento, o fornecedor concede um 
desconto pela antecipação. 
Isso reduz o custo do estoque e também diminui a dívida do comprador com 
seu fornecedor. Naturalmente que necessitamos fazer um lançamento para corrigir o 
valor das contas de “estoques” e de “fornecedores”. Para exemplificar, vamos 
considerar os lançamentos anteriores de compra, devolução, abatimento e frete. Com 
esses eventos, os razonetes de “estoques” e “fornecedores” apresentam o seguinte 
saldo: 
 
 
 
A dívida da empresa com os fornecedores é de R$ 6.970 (você seria capaz de 
achar esse valor?). Suponha um desconto financeiro de 5%, ou R$ 349. O lançamentoseria: 
 
 
 
Com os seguintes razonetes: 
 
 
 
Operações na venda 
 
Na operação de venda no inventário permanente, são realizados dois 
lançamentos: o primeiro, referente à venda, e o segundo, à baixa do estoque: 
 
 
 
O primeiro lançamento é o da venda, no qual o valor é aquele que o cliente 
pagará pela mercadoria. Inclui, portanto, a margem de lucro. O segundo lançamento 
são a baixa do estoque e o reconhecimento do custo do produto vendido. A diferença 
entre o primeiro valor e o segundo representa o lucro obtido com a operação de 
venda. 
Agora, vamos mostrar como é feita a contabilização de situações específicas da 
operação de venda de mercadorias, mostrando o efeito contábil de devoluções, 
descontos, abatimentos e fretes. Esses lançamentos diferem um pouco daqueles 
mostrados na compra de estoques. 
 
Devolução 
 
Existindo uma devolução da mercadoria que foi vendida ao cliente, a entidade 
deve contabilizar a volta do estoque, a redução no custo da mercadoria vendida, a 
redução nos valores a receber do cliente e a redução das receitas de vendas. Em outras 
palavras, o registro da devolução deve mirar o registro realizado anteriormente da 
venda de mercadoria. Considere que o lançamento anterior teve uma devolução de 
10% das mercadorias: 
 
 
 
O primeiro lançamento reduz o ativo “valores a receber” e também debita uma 
conta de “devolução”. Essa conta de devolução vai aparecer na demonstração do 
resultado da entidade após a receita e com o sinal negativo. No segundo lançamento, 
é registrada novamente a entrada da mercadoria no estoque da entidade. Estamos 
assumindo que o estoque não tem defeito. Ao mesmo tempo, o segundo lançamento 
reduz o custo do produto vendido. 
Abatimento 
 
O abatimento na venda possui um tratamento similar ao que aprendemos na 
compra. Caso a entidade queira um controle à parte do volume de abatimento, é 
possível utilizar uma conta específica de abatimento, que na demonstração do 
resultado vai subtrair a conta de receita. O lançamento seria o seguinte: 
 
 
 
Frete 
 
Existindo frete na venda pago pela entidade, deve ser considerada despesa 
operacional, não sendo parte da receita ou do CMV. Nessas situações, o registro será: 
 
 
 
Desconto 
 
Quando a entidade concede desconto para o seu cliente, para que este pague 
sua dívida com antecedência, temos a figura do desconto financeiro. Nessas situações, 
temos o seguinte lançamento: 
 
 
 
A conta “desconto concedido” deve entrar na demonstração do resultado com 
o sinal negativo, logo após a conta de receitas. O Quadro 02 mostra um resumo dos 
lançamentos do inventário permanente. Além disso, na última coluna, apresenta como 
ocorrem os lançamentos no periódico. 
 
Lançamentos contábeis nos sistemas de inventário 
 
 
1.3. SISTEMA DE INVENTÁRIO 
 
Existem dois sistemas de inventário que uma entidade pode adotar: 
1) Sistema de inventário permanente; e 
2) Sistema de inventário periódico. 
 
1.3.1. Sistema de inventário permanente 
 
O sistema de inventário permanente registra, de forma detalhada, cada operação 
com mercadorias. Esse registro detalhado permite que a entidade possa ter, a 
qualquer momento, a quantidade e o valo do estoque. Nesse sistema, toda vez que se 
faz uma operação de venda, ocorrem dois lançamentos contábeis: 
1) da venda: no qual se considera o evento venda da mercadoria, utilizando como 
valor do lançamento o preço de venda; e 
2) da baixa da mercadoria no estoque: no qual se considera o evento redução do 
estoque da mercadoria que acabou de ser vendida, sendo usado nesse 
lançamento o custo da mercadoria. Desse modo, o razonete do custo da 
mercadoria vendida está sendo sempre atualizado. 
 
1.3.2. Sistema de inventário periódico 
 
O inventário periódico difere do permanente por não registrar de maneira 
detalhada cada operação com mercadorias. Ocorrendo uma venda de mercadoria, o 
inventário periódico só faz o lançamento da receita, não efetuando nenhum 
lançamento do custo do estoque que foi vendido. Nesse caso, o custo da mercadoria 
vendida é determinado somente no final do período, isto é, periodicamente. Para 
obter o custo da mercadoria vendida (CMV), é necessário fazer os seguintes passos: 
▪ determinar o estoque inicial; 
▪ adicionar o valor comprado no período; e 
▪ subtrair o estoque existente no final do período. 
 
 
1.3.2.1. Conta Mista de Mercadorias 
 
Existe apenas uma única conta, a de Mercadorias, que registra todos os fatos 
pertinentes ao RCM: – Vendas, Compras, Estoque e CMV. É denominada conta mista, 
pois mescla em seu interior contas patrimoniais (estoque) e de resultado (RCM). 
 
1.3.2.2 Conta Mercadorias Desdobrada 
 
Nesta forma de registrar os fatos que envolvem mercadorias, cinco contas são 
utilizadas para se registrarem as operações que envolvem mercadorias. Deste modo, 
são utilizadas as contas Mercadorias, Compras, Vendas, CMV e RCM. 
 
Considerações adicionais 
 
O sistema de inventário permanente tem sido usado por entidades que 
possuem mercadorias de maior valor unitário. A expansão recente do uso de 
computadores e scanners tem levado as entidades a mudarem para esse sistema, já 
que o custo de sua implantação tem reduzido nos últimos anos, e a qualidade da 
informação tem sido maior. Outra vantagem desse sistema é a possibilidade de 
exercer um melhor controle sobre as operações com mercadorias, mostrando, a 
qualquer momento, a quantidade de estoque existente na entidade. 
Em alguns tipos de negócio, ainda é interessante usar o inventário periódico, 
uma vez que não é econômico fazer um controle muito apurado do CMV a cada 
operação. Pequenos estabelecimentos comerciais usam o periódico em virtude do 
baixo custo de implantação desse sistema. 
Um comparativo entre os dois sistemas é apresentado no Quadro 01. 
Qual sistema usar? Não existe uma resposta geral para essa pergunta, sendo 
necessário fazer uma análise de cada entidade. Por existir uma tendência nos últimos 
anos a se adotar o inventário permanente, será dada uma ênfase a esse sistema. 
 
 
Comparação entre os sistemas de inventário 
 
Apresentação da venda e do lucro 
 
A apresentação da venda de uma empresa comercial deve se iniciar com a 
receita bruta de venda. Sobre esse valor, devem-se subtrair os descontos que foram 
concedidos na venda, as devoluções de mercadorias e os abatimentos. Além disso, 
aqueles impostos que incidem sobre a venda, como o ICMS – Imposto sobre Circulação 
de Mercadorias e Prestação de Serviços –, devem ser subtraídos. O resultado é a 
receita líquida de venda. 
Quando fazemos análise do desempenho de uma entidade, usamos índices 
como a margem líquida. A margem líquida é obtida dividindo o lucro líquido pela 
receita líquida. 
Da receita líquida, subtraímos o CMV (custo da mercadoria vendida) para obter 
o lucro bruto. A margem bruta é calculada a partir desses valores, usando a seguinte 
expressão: 
 
 
 
 O quadro resume o uso para análise da informação contábil. 
Questão Informação O que significa? Como analisar? 
Quanto a 
entidade está 
ganhando com as 
operações com 
mercadorias? 
Margem bruta. 
Lucro bruto 
dividido pela 
receita líquida e 
multiplicado por 
cem. 
Quanto a entidade 
obtém de lucro para 
cada unidade de 
receita. Maiores 
margens indicam 
maiores 
rentabilidades. 
Analisando a informação contábil: estoques 
 
Inventário físico 
 
Conforme afirmamos anteriormente, o inventário permanente faz o 
lançamento de cada saída de mercadoria da entidade. Aparentemente, essa é umapequena diferença. Quando imaginamos uma entidade com uma grande 
movimentação no seu estoque, a adoção do permanente vai significar uma quantidade 
adicional de lançamentos contábeis elevada. No periódico, ao final do período, é feita 
a contagem física do estoque, e o CMV é determinado pela seguinte expressão: 
 
CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final 
 
O valor das compras é obtido por meio da soma das notas fiscais de compras 
efetuadas durante o período. Nesse valor, devem estar subtraídas as devoluções de 
compras, sendo também considerados os abatimentos das compras. O estoque final 
da expressão acima é obtido a partir da contagem física. Após essa contagem, o 
estoque é valorado. (Posteriormente, estudaremos como ocorre essa valoração.) 
Apesar de a contagem física ser uma característica inerente do inventário periódico, 
nada impede que uma entidade que adote o inventário permanente possa fazer uma 
contagem física periodicamente para verificar a qualidade da informação do sistema 
permanente. 
As eventuais diferenças entre a contagem física e os valores constantes do 
razonete no inventário permanente devem ser corrigidas. Naturalmente que a 
existência de uma diferença significativa necessita de uma investigação mais detalhada 
para achar as razões. 
Na maioria das entidades, a contagem física do estoque é realizada no mínimo 
uma vez por ano, geralmente no momento do fechamento do exercício social. Para 
fazer essa contagem física, geralmente a entidade fecha suas portas; daí a expressão 
“fechado para balanço”. 
Como a grande maioria das entidades tem o exercício social coincidindo com o 
ano civil, a contagem física é realizada no dia 31 de dezembro ou no dia 2 de janeiro. 
Outra razão para fazer a contagem física nesse momento é a quantidade menor de 
estoque. 
E as mercadorias furtadas? No inventário permanente, as mercadorias furtadas 
farão com que exista diferença entre a contagem física e o valor existente no razonete 
antes dela. Já no inventário periódico, como não é possível determinar essa diferença, 
as mercadorias furtadas estão sendo contadas como custo da mercadoria vendida. 
 
Existem dois outros problemas que podem ocorrer na contagem física: 
Produtos em trânsito: são aqueles que foram adquiridos pela entidade e que ainda 
não foram recebidos ou que foram vendidos e ainda não foram entregues. A regra 
geral é que deve ser considerada a propriedade dos produtos. O produto em trânsito 
deve ser incluído no inventário se a entidade possui a sua propriedade; e 
Produtos com venda em consignação: são aqueles que estão fisicamente na entidade, 
mas não são de sua propriedade. 
Um comércio pode aceitar manter um produto em consignação para tentar 
vendê-lo. Não tendo sucesso na sua venda, a empresa poderá devolver o produto para 
seu proprietário. Os produtos em consignação reduzem o risco da entidade que tenta 
vendê-lo. 
 
Os problemas contábeis com os estoques podem ser relevantes. Um caso 
clássico ocorreu na década de 1960, quando uma empresa norte-americana de 
importação de azeite passou a dar seus estoques como garantia de empréstimos. Suas 
demonstrações eram auditadas, incluindo a verificação dos estoques. Quando os 
bancos tiveram dificuldade de receber da empresa e resolveram lançar mão da 
garantia, os barris estavam cheios de água e um filete de azeite. O auditor, ao fazer a 
auditoria, não percebeu, pois o azeite bóia na água. 
 
Apuração do custo da mercadoria 
 
Mostramos os dois sistemas de inventário que uma entidade pode adotar. 
Mostramos também algumas situações que podem ocorrer na compra e venda de 
mercadorias. Vimos, nas Unidades anteriores, que a contabilidade utiliza o custo como 
determinação do valor. Vamos, a partir deste momento, discutir como mensuramos o 
valor do custo da mercadoria que está sendo vendida pela entidade. 
Para melhor desenvolver os aspectos contábeis, usaremos um exemplo de uma 
empresa comercial, a Jatos Impressora, que possuía quatro impressoras no início do 
ano, que foram compradas no final do ano anterior por R$ 250,00 cada. No dia 7 de 
janeiro, a empresa comprou mais três impressoras no valor de R$ 260,00 cada. Vamos 
admitir, para fins de simplificação, que todas as impressoras são de um único modelo. 
No dia 10 de janeiro, um cliente adquiriu cinco impressoras. Vamos discutir as quatro 
maneiras de mensurar o valor do custo da mercadoria vendida e do valor do estoque. 
Adotaremos que a empresa usa o inventário permanente. 
 
Preço específico 
 
No inventário específico, cada produto é identificado. Isso significa dizer que a 
venda do produto por parte da entidade está associada a uma determinada 
especificação que permite que o custo do produto seja imediatamente identificado. 
Na situação de uma entidade que adota o preço específico, o custo da mercadoria 
vendida pode ser obtido facilmente. Considere o exemplo da empresa Jatos 
Impressora e suponha que o Quadro 03 apresente a situação que ocorreu nessa 
empresa. 
 
Custo específico 
 
A primeira coluna apresenta o estoque inicial que existia na empresa, com um 
número para identificar cada impressora. A segunda coluna apresenta o valor 
adquirido no dia 7 de janeiro e a identificação de cada produto. A soma do estoque 
inicial mais as compras resultam nas mercadorias disponíveis para venda. São os 
estoques que a entidade pode vender. No dia 10, um cliente da empresa comprou 
cinco impressoras. Como temos o número de identificação de cada uma delas, 
sabemos perfeitamente qual produto foi vendido: três impressoras do estoque inicial e 
duas impressoras da aquisição que a empresa fez no dia 7. Essas impressoras estão na 
coluna do CMV do Quadro 03. Sobraram duas impressoras, que estão destacadas na 
última coluna da ilustração. Precisamos determinar qual o valor do custo da 
mercadoria vendida e do estoque final. Foram vendidas três impressoras do estoque 
que existia no início do ano, cujo custo de aquisição era de R$ 250,00, e duas 
impressoras com custo de R$ 260,00. Isso significa que o CMV é de R$ 1270 (= 250,00 x 
3 + 260,00 x 2). Esse é o valor que deverá constar do lançamento de baixa do estoque 
(débito de CMV e crédito de estoque) no instante da venda. O estoque final é de R$ 
510,00, que corresponde a uma impressora do estoque antigo (R$ 250,00) e outra do 
estoque mais recente (R$ 260,00). 
 
Primeiro a entrar, primeiro a sair (PEPS) 
 
Ao contrário do preço específico, os próximos três métodos possuem suposição 
sobre qual mercadoria foi vendida. A suposição está implícita na denominação do 
método. 
O “primeiro a entrar, primeiro a sair” (também conhecido pela sigla PEPS, por 
first-in, first-out ou FIFO) é o método em que assumimos que a mercadoria que foi 
vendida é aquela que entrou primeiro no estoque da entidade. Em outras palavras, 
ocorrendo uma venda, a mercadoria que foi vendida é a mais antiga. 
Considere o exemplo da empresa Jatos Impressora. Usando o PEPS, temos que 
o estoque inicial eram quatro impressoras a R$ 250 cada e compras de três 
impressoras a R$ 260 cada, o que leva a um valor de mercadorias disponíveis para 
venda de R$ 1.780 (vide Quadro 58). 
 
PEPS 
 
Como foram vendidas cinco impressoras, temos que aplicar a regra do 
“primeiro a entrar, primeiro a sair”. Em outras palavras, as impressoras que foram 
vendidas são as mais antigas no estoque, ou seja, quatro impressoras com custo de R$ 
250,00 e uma impressora com o custo de R$ 260,00 – totalizando R$ 1.260,00 de CMV. 
O estoque final pode ser obtido facilmente subtraindo o valor das mercadorias 
disponíveis para venda (MDV) pelo custo da mercadoria vendida. 
Observe o Quadro 58 com osvalores que obtivemos usando o PEPS. O PEPS é 
uma boa aproximação da realidade, quando temos um estabelecimento comercial no 
qual o cliente não tem acesso ao estoque. Geralmente, a empresa tenta vender os 
produtos que entraram primeiro (mais antigos) para evitar obsolescência ou perda. 
 
 
 
“Último a entrar, primeiro a sair” (UEPS) 
 
Esse método assume que os produtos mais novos serão vendidos primeiro. É 
também conhecido como last-in, last-out (LIFO). Podemos também aplicar o método 
UEPS para o nosso exemplo (vide Quadro 59). Como foram vendidas cinco 
impressoras, as cinco últimas que entraram no estoque devem ser consideradas. 
Dessas cinco últimas, quatro possuem um custo de R$ 260,00, e uma, um custo de R$ 
250,00. Isso significa um CMV de R$ 1.280,00. Como as últimas mercadorias foram 
vendidas, o estoque final será composto pelas mercadorias mais antigas. Em outras 
palavras, por duas impressoras com o preço de R$ 250,00 cada. 
 
 
UEPS 
 
O método UEPS pode ser adequado para situações nas quais o estoque é não 
perecível e geralmente armazenado em pilhas. Ocorrendo a venda, o produto que fica 
no topo, que entrou por último, é retirado. 
 
Média ponderada 
 
A média ponderada considera como o custo da mercadoria vendida o custo 
médio ponderado. Toda vez que a entidade efetua uma compra, isso afeta a média 
ponderada. Para cálculo dessa média, basta utilizar a seguinte expressão: 
 
 
 
No exemplo apresentado, antes da venda a empresa tinha sete impressoras 
com um custo de R$ 1.780,00. Usando a expressão, temos: 
 
 
 
Como a empresa vendeu cinco impressoras e restaram duas em estoque, o 
valor do CMV e do estoque final é obtido da seguinte forma: 
 
 
 
A média ponderada é um método interessante quando existe uma mistura dos 
produtos antigos com os novos. Um exemplo ocorre num posto de gasolina. Nesse 
exemplo, o caminhão deposita o combustível recém-adquirido no tanque, misturando 
o produto antigo e novo. 
 
Sumário do resultado obtido 
 
A partir do resultado obtido, poderemos fazer algumas conclusões 
interessantes sobre os quatro métodos. Antes de prosseguir, é importante recordar 
que no nosso exemplo ocorreu um aumento no custo unitário da impressora, de R$ 
250,00 para R$ 260,00. Obviamente que, quando não existe mudança de preço, a 
adoção de qualquer método levará ao mesmo resultado. 
O Quadro 60 mostra os valores obtidos no CMV e “estoque final” pelos quatro 
métodos. Usaremos somente essas duas contas, pois no nosso exemplo o estoque 
inicial era idêntico para todos os métodos (e isso nem sempre ocorre). Como o 
resultado do preço específico poderia variar conforme a mudança dos produtos 
especificados que foram comercializados, centremos a análise nos três métodos. 
 
 
Quadro 60: Comparação entre os métodos 
 
Como ocorreu um aumento nos preços, o CMV com maior valor é aquele 
obtido pelo método UEPS. O menor valor é o do PEPS, sendo média um valor 
intermediário. Já o estoque pelo PEPS é maior. Podemos notar que, dependendo da 
adoção de algum método, o resultado será alterado, seja o custo da mercadoria 
vendida, seja o estoque final. Ou seja, a escolha do método vai afetar tanto a 
demonstração do resultado quanto o balanço patrimonial. Essa influência do método 
escolhido será maior quando existe uma variação contínua nos preços dos produtos. 
No exemplo, ocorreu um aumento nos preços, que levou o CMV do método UEPS a ser 
o maior. Isso, naturalmente, reduz o lucro da empresa. Podemos, então, estabelecer a 
seguinte regra para uma situação de aumento de preços (inflação): 
 
 
 
Para o caso de deflação (redução nos preços), a regra será inversa. 
 
Método que uma entidade deve usar 
 
Sabemos que a escolha do método interfere no resultado do exercício e no 
balanço patrimonial, e que esse efeito vai depender do nível de aumento ou redução 
dos preços. A escolha do método que uma entidade deve adotar vai depender de 
vários fatores, mas essa é uma decisão da administração da entidade. 
Nesse processo, três aspectos devem ser considerados: os efeitos nas 
demonstrações financeiras, as restrições legais e a maneira como a entidade trabalha. 
O principal efeito na demonstração financeira diz respeito à redução da carga 
tributária. Nós já comentamos que o processo inflacionário tende a reduzir o lucro 
quando se utiliza o método UEPS. Isso, naturalmente, pode ser um forte incentivo para 
que esse método seja escolhido nessas situações. 
Em diversos países, é possível usar o método UEPS, não existindo impeditivo de 
ordem fiscal. Entretanto, inúmeras pesquisas realizadas na área acadêmica têm 
procurado estudar os efeitos da mudança do PEPS para o UEPS, e vice-versa, no 
comportamento das ações de uma empresa. 
De uma maneira geral, é preciso tomar muito cuidado com uma entidade que 
altera a mensuração dos estoques sem uma justificativa adequada. 
 
Entretanto, nosso país não permite para fins fiscais o uso do UEPS, exatamente 
pelos motivos expostos no parágrafo anterior. Uma entidade pode até adotar a UEPS 
para fins gerenciais e outro método para fins fiscais. Mas isso representa um custo no 
qual, provavelmente, uma entidade não está disposta a incorrer. 
Finalmente, a maneira como a entidade trabalha pode ser um excelente razão 
para justificar a escolha de um método. Comentamos, anteriormente, algumas 
situações em que é mais coerente a adoção de um método, mas não de outro. 
Observar o processo produtivo da entidade pode ser um bom guia para a escolha da 
forma como vamos mensurar o custo da mercadoria vendida e o estoque. 
Um aspecto importante diz respeito à continuidade de uso de um método 
previamente escolhido. Existe uma regra contábil que diz que, sempre que possível, 
devemos manter uma uniformidade nos procedimentos de mensuração para não 
prejudicar a comparação. Isso significa dizer que não é muito adequado usar num 
determinado ano a média ponderada, no outro o PEPS e no seguinte o preço 
específico, sem uma razão adequada para essas contínuas mudanças. Mesmo que 
ocorra uma mudança na mensuração, a entidade deveria informar, em notas 
explicativas, os efeitos dessa mudança. 
 
Analisando os estoques 
 
Na Unidade anterior, vimos que os estoques fazem parte do ciclo operacional 
de uma entidade. Nesta Unidade, vamos mostrar como podemos analisar a política de 
estocagem de uma entidade. 
O principal índice é o prazo de estocagem (ou prazo médio de estocagem), que 
mostra quanto tempo o estoque fica na entidade. Indica, portanto, se um estoque 
demora muito ou pouco tempo na entidade. 
Seu cálculo é obtido da seguinte forma: 
 
 
O resultado final será dado em número de dias. Caso se queira um prazo de 
estocagem em meses, basta multiplicar por 12, em lugar de 365. 
Um resultado reduzido indica que a entidade fica com o estoque pouco tempo, 
conseguindo transformá-lo em valores a receber e caixa. 
No comércio, reduzido prazo de estocagem pode indicar que a empresa 
gerencia adequadamente seus estoques, reduzindo a aplicação de recursos 
desnecessários nesse ativo. 
Uma alternativa ao cálculo do prazo de estocagem é a rotação dos estoques: 
 
 
 
Se o prazo de estocagem estiver em meses, basta substituir 365 por 12. A 
rotação dos estoques mostra quantas vezes um estoque é renovado durante um 
determinado período de tempo. Quanto menor o prazo de estocagem, maior a 
renovação do estoque ao longo do tempo. 
 
A adoção de modernos sistemas de gerenciamento de estoques, incluindo o 
just-in-time, e o desenvolvimento da logística têm afetado o nível de estocagem das 
entidades, reduzindo o prazo e aumentando

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