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Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP ADMINISTRAÇÃO MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo V Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 2 CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP ADMINISTRAÇÃO MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo V Christiane Mazur Doi Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Mestra em Ciências (Tecnologia Nuclear), Engenheira Química e Licenciada em Matemática, com Aperfeiçoamento em Estatística. Professora titular da Universidade Paulista. José Carlos Morilla Doutor em Engenharia de Materiais, Mestre em Engenharia de Materiais e em Engenharia de Produção, Especialista em Engenharia Metalúrgica e Física e Engenheiro Mecânico, com MBA em Gestão de Empresas. Professor adjunto da Universidade Paulista. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 3 Questão 1 Questão 1.1 Ludwick Marishane, de 22 anos de idade, estudante da Universidade de Cape Town, na África do Sul, desenvolveu um gel de banho que não exige água e sabão. Para divulgar o produto, ele também criou uma empresa. A ideia de Marishane é útil principalmente para lugares onde não há água adequada ou suficiente para o banho. O gel promete eliminar bactérias, hidratar a pele e deixar um cheiro de banho tomado, bastando esfregá-lo sobre o corpo. Marishane acredita que seus principais clientes não estarão apenas em lugares onde não há água potável. A empresa diz que vai vender o gel para passageiros que farão voos de longa duração, para hotéis e locais onde existem guerras ou situações de conflitos. A criação de Marishane, extremamente parecida com o álcool gel, pode ajudar a reduzir doenças em áreas rurais causadas pela falta de água e higiene. A composição do gel mistura biocidas, bioflavonoides e hidratantes. Com o gel, Marishane ganhou o prêmio máximo do Global Student Entrepreneur Awards de 2011. Agora, além de uma empresa, ele já detém a patente e a marca registrada do gel. Cada unidade do gel será vendida por US$ 0,50 para comunidades rurais e por US$ 1,50 para empresas. Segundo o estudante, uma unidade é suficiente para limpar todo o corpo e matar 99,9% dos germes. DARAYA, V. Estudante cria forma de tomar banho sem água. Disponível em <http://exame.abril.com.br>. Acesso em 17 jul. 2012 (com adaptações). A figura abaixo representa a Matriz BCG (Boston Consulting Group) de participação de mercado. Suponha que uma empresa comercial que atue com a distribuição de diversos produtos resolva introduzir o gel criado por Marishane no seu portfólio de produtos. Nessa situação, em qual dos quadrantes da Matriz BGC o gel estaria posicionado? A. Como pontos de interrogação, pois é um novo produto que ainda não tem participação de mercado, embora seja introduzido em um mercado em crescimento. B. Como estrelas, pois tem grande participação no mercado e será introduzido em um mercado em crescimento constante. 1Questão 30 – Enade 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 4 C. Como vira-latas ou abacaxis, pois como o mercado e o produto são novos, tanto a participação quanto o crescimento do mercado são pequenos. D. Como vacas leiteiras, pois tem grande potencial de vendas em um mercado crescente. E. Como estrelas, pois é indicado para uso durante viagens de avião de longa distância. 1. Introdução teórica Matriz de crescimento ou participação Uma das formas mais comuns de conceber o portfólio de uma empresa é a matriz BCG (Boston Consulting Group), na qual são relacionadas as variáveis de participação e crescimento de mercado (JOHNSON, SCHOLES e WHITTINGTON, 2009). Nessa matriz, o crescimento e a participação no mercado são colocados em eixos cartesianos, definindo quatro tipos de negócio: o produto estrela, em que a participação e o crescimento de mercado são grandes; o produto vaca leiteira, em que o produto tem grande participação em um mercado de pequeno crescimento; o produto vira-lata (ou abacaxi), aquele com pequena participação em um mercado de baixo crescimento; e o produto incógnita, que apresenta pequena participação em um mercado de grande crescimento (JOHNSON et al. 2009). A figura 1 apresenta uma matriz BCG. Figura 1. Matriz BCG. Fonte. MANGABEIRA, 2015. A figura 1 indica que os produtos considerados abacaxis devem ser eliminados do portfólio da empresa e que os produtos incógnitas devem sofrer investimento para se tornarem estrelas (MANGABEIRA, 2015). Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 5 2. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. O texto indica que o gel em questão é um novo produto, com baixa participação em um mercado que ainda está sendo explorado, ou seja, em um mercado com grande possibilidade de crescimento. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O gel em questão não pode ser considerado um produto estrela, pois sua participação no mercado é pequena. Devem ser feitos investimentos para transformá-lo em um produto estrela. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O gel em questão não pode ser considerado um produto abacaxi, pois, embora sua participação no mercado de higiene pessoal seja pequena, trata-se de um novo produto, que pode ter grande crescimento no mercado. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O gel em questão não pode ser considerado um produto vaca leiteira, pois sua participação no mercado de higiene pessoal é pequena. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A indicação do produto para uso em viagens de avião de longa distância não o classifica com relação à sua participação no mercado. 3. Indicações bibliográficas JOHNSON, G.; SCHOLES, K. & WHITTINGTON, R. Fundamentos de Estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2009. MANGABEIRA, D. Matriz BCG. Disponível em <http://www.dmmarketingdigital.com/ matriz-bcg/>. Acesso em 04 fev. 2015. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 6 Questão 2 Questão 2.2 O franchising permite que o franqueador aumente sua base de atuação com maior intensidade do que seria possível se dependesse apenas de recursos próprios para instalar, operar e gerir novas unidades. O fenômeno ocorre porque o franqueador faz uso daquilo que os estadunidenses denominam O.P.M. (“other people’s money”, ou seja, “o dinheiro dos outros”), situação em que os franqueados bancam os custos de implantação, operação e de gestão das respectivas unidades. Em segundo lugar, o franchising reduz a necessidade de o franqueador recrutar, selecionar e contratar pessoal, em particular gerentes que sejam capazes de administrar essas novas unidades, muitas vezes geridas pelos próprios franqueados. Por meio do franchising, o franqueador pode, adicionalmente, ingressar em mercados nos quais dificilmente entraria se dependesse de seus recursos próprios, sejam financeiros ou humanos. Para isso, conta com a presença física e o conhecimento do franqueado sobre os hábitos e a cultura da região onde vive e trabalha. ARAÚJO, A. P. B. Franchising. Disponível em <http://www.biblioteca.sebrae.com.br>. Acesso em 17 jul. 2012 (com adaptações). A figura a seguir representa a matriz de componentes do vetor de crescimento, também conhecida como matriz produtos e mercados, de Igor Ansoff. Suponha que uma empresa franqueadora do setor de lanchonetes deseje ampliar negócios sem modificar os princípios negociais habitualmente praticados. A partir do texto e dos quatro quadrantes da matriz de componentes do vetor de crescimento apresentada acima, qual das alternativas de crescimento seria mais pertinente ao caso? A. Desenvolvimento de produto e diversificação. B. Desenvolvimento de mercado e diversificação.C. Penetração de mercado e diversificação. D. Penetração de mercado e desenvolvimento de produto. E. Penetração de mercado e desenvolvimento de mercado. 2Questão 32 – Enade 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 7 1. Introdução teórica Matriz produto/mercado de Igor Ansoff A matriz produto/mercado, desenvolvida por Igor Ansoff, é uma ferramenta que permite compreender o desenvolvimento dos objetivos de Marketing. Essa matriz é um modelo utilizado para determinar oportunidades de crescimento de unidades de negócio (DAYCHOUM, 2008). A matriz de Ansoff tem duas dimensões: produtos e mercados, com duas alternativas cada: novos e existentes, que permitem a formulação de quatro estratégias. A figura 1 mostra a matriz de Ansoff com suas quatro estratégias (DAYCHOUM, 2008). Figura 1. Matriz de Ansoff. Fonte. SERRANO, 2015. A penetração de mercado indica a direção de crescimento por meio do aumento na participação nos mercados existentes para os produtos da empresa. Uma forma de atingir esse objetivo é a elevação da frequência de uso ou da descoberta de novas aplicações para o produto (DAYCHOUM, 2008). O desenvolvimento de mercados indica a busca de novos mercados para os atuais produtos da empresa. Isso pode ser conseguido, por exemplo, por meio da expansão geográfica ou da busca por novos segmentos (DAYCHOUM, 2008). Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 8 O desenvolvimento de produtos cria novos produtos ou gera aperfeiçoamentos, com o objetivo de substituir os produtos existentes nos mercados em que a organização atua. Isso pode ser conseguido, por exemplo, por meio da introdução de novas características aos produtos existentes ou da melhora de desempenho dos produtos atuais (DAYCHOUM, 2008). A diversificação trata da prospecção de novos produtos para novos mercados. Esse quadrante da matriz tem sido referido por alguns como a “célula suicida”. No entanto, a diversificação pode ser uma escolha razoável se o alto risco for compensado pela possibilidade de alta taxa de retorno (LOPES, 2015). 2. Resolução da questão No caso em estudo, a empresa não está buscando crescimento por meio da ampliação de portfólio de produtos, mas sim por meio da modificação e do desenvolvimento de seus produtos já existentes. A ampliação dos negócios está centrada na expansão do mercado por meio do aumento de participação nos mercados existentes, o que indica penetração no mercado, e da expansão geográfica para os produtos fabricados pela empresa, o que indica desenvolvimento de mercado. Alternativa correta: E. 3. Indicações bibliográficas DAYCHOUM, M. 40+2 ferramentas e técnicas de gerenciamento. Rio de Janeiro: Brasport, 2008. LOPES, A. A Matriz de Produto/Mercado de Ansoff. Disponível em <http://www.professorari.blog.br/a-matriz-de-produto-mercado-de-ansoff/>. Acesso em 04 fev. 2015. SERRANO, D. P. A Matriz de Ansoff - Produto/Mercado. Disponível em <http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Matriz_de_Ansoff_Produto_Mercado.htm>. Acesso em 04 fev. 2015. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 9 Questão 3 Questão 3.3 Uma das decisões mais relevantes quando se trata da política de capital de giro de uma empresa é a decisão de como os ativos correntes devem ser financiados. Disso é possível derivar seis possíveis estruturas financeiras, conforme proposto por Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) e Assaf Neto e Tibúrcio Silva (2002). Estrutura Capital Circulante Líquido (CCL) Necessidade de Investimento em Giro (NIG) Tesouraria (T) I + - + II + + + III + + - IV - + - V - - - VI - - + CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante NIG = Ativo Circulante Operacional – Passivo Circulante Operacional T = Ativo Circulante Financeiro – Passivo Circulante Financeiro ASSAF NETO, A.; TIBÚRCIO SILVA, C. A. Administração do capital de giro. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2002. FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANC, G. Modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas brasileiras – um método de análise, orçamento e planejamento financeiro. Belo Horizonte: Campus, 2003. Com base nas estruturas financeiras apresentadas, avalie as afirmações abaixo. I. Organizações que exibem estrutura do tipo I estão em excelente situação financeira em razão do elevado nível de liquidez praticado, pois têm recursos permanentes aplicados no ativo circulante. II. Organizações que exibem estrutura do tipo IV estão em situação financeira confortável, embora tenham saldo de tesouraria negativo em decorrência da necessidade de captação de recursos de longo prazo para investimento no CCL. III. Organizações que exibem estrutura do tipo V estão em uma situação em que recursos de curto prazo financeiros e operacionais financiam investimentos de maior prazo, o que evidencia uma estrutura inadequada de gestão financeira de capital de giro. É correto o que se afirma em A. II, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. I e III, apenas. E. I, II e III. 3Questão 12 – Enade 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 10 1. Introdução teórica O modelo dinâmico de Fleuriet O modelo dinâmico de capital de giro, proposto por Fleuriet, é um modelo utilizado para analisar a liquidez das empresas. Esse modelo visa a reclassificar o balanço patrimonial em contas operacionais, de curto prazo e de longo prazo, nomeando-as como erráticas, cíclicas ou permanentes (SOUZA NETO e MARTINS, 2011). O modelo de Fleuriet foi elaborado a partir de 3 variáveis: Capital de Giro (CDG) ou Capital Circulante Líquido (CCL), Necessidade de Capital de Giro (NCG) ou Necessidade de Investimento em Giro (NIG) e Saldo de Tesouraria (T) (SOUZA NETO e MARTINS, 2011). As contas do balanço patrimonial foram reclassificadas e isoladas, de forma a constituir as variáveis em questão. Essas variáveis foram essenciais para elaborar o diagnóstico de situação financeira (ROSSETTI, 2008). O Capital de Giro (CDG) é a diferença entre o passivo permanente e o ativo permanente. O ativo permanente e o passivo permanente são contas não cíclicas. Se a empresa souber administrar o CDG, ela terá bons resultados até mesmo com baixa liquidez ou resultado negativo (SOUZA NETO e MARTINS, 2011). A Necessidade de Capital de Giro (NCG) refere-se à diferença entre o ativo cíclico e o passivo cíclico, que são contas de curto prazo ligadas às operações da empresa (ASSAF NETO, 2002). O Saldo de Tesouraria (T) é definido como a diferença entre o ativo errático e o passivo errático, conforme segue. T = CDG – NCG As contas erráticas do ativo e passivo são de curto prazo, podendo ou não ser renováveis e apresentar ligação com as atividades operacionais. Essa variável informa se o capital de giro financia a necessidade de capital de giro (ASSAF NETO, 2002). Os índices de liquidez, propostos por Fleuriet, são obtidos a partir da correlação das contas e do grupo das demonstrações financeiras, que visam a evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira da empresa. Os índices de liquidez são os que têm como base o confronto dos ativos circulantes com as dívidas, procurando medir a base financeira da empresa. Cada índice tem seu peso e existem padrões estatísticos para medir a importância que cada um representa na gestão Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 11 dos relatórios. Essas análises possibilitam medir, por exemplo, se a organização está com problemas de insolvência ou quanto existe de capital de terceiros investido na empresa. Sobre o risco da estrutura financeira, Fleuriet (2003) utilizou as variáveis NCG, CDG e T para analisar a situação de liquidez das empresas. O autor aplica uma escalade classificação, que consiste em qualificar a situação financeira da organização, como mostra o quadro 1 (SOUZA NETO e MARTINS, 2011). Quadro 1. Situação de liquidez. Fonte. FLEURIET, 2003. A classificação apresentada no quadro 1 pode ser explicada conforme segue. Tipo 1. A empresa possui NCG negativa, pois apresenta excelente liquidez, e CDG positiva, pois evidencia fonte de recursos. Tipo 2. A empresa apresenta necessidade de capital de giro (NCG positiva) e possui CDG e T positivos. Apesar de haver a necessidade de capital de giro, o CDG consegue financiar a NCG, mantendo a tesouraria positiva. Nessa situação, a empresa está em uma situação sólida. Tipo 3. A empresa possui NCG positiva, CDG positiva e T negativa. Essa situação é insatisfatória, pois o capital de giro (CDG) não é suficiente para financiar a NCG, o que deixa a tesouraria negativa. Seria necessário encontrar fontes de recursos de curto prazo. Tipo 4. A empresa possui NCG negativa, CDG negativa e T positiva, além de estar sujeita a uma situação financeira de alto risco, pois a variável CDG foi aplicada em recursos no curto prazo. A variável CDG não se mostra rentável. Tipo 5. A empresa possui NCG negativa, CDG e T negativa. A situação é classificada ruim, porque necessita de complemento nos ativos de longo prazo e de recursos de curto prazo. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 12 Tipo 6. A empresa possui NCG positiva, CDG e T negativa. A empresa irá utilizar o T para financiar o NCG e CDG. Como consequência disso, ela poderá ser classificada como insolvente. 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Como mostra o quadro 1, as organizações que exibem estrutura do tipo I estão em excelente situação financeira em função de não necessitarem de capital de giro e terem a tesouraria positiva. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Como mostra o quadro 1, as empresas que estão nesse tipo de estrutura não apresentam Capital de Giro, têm a necessidade de Capital de Giro e estão com problemas na Tesouraria. Nessa situação, a empresa enfrenta grandes dificuldades, já que sua liquidez é péssima. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. As organizações que exibem esse tipo de estrutura estão em uma situação em que recursos de curto prazo, financeiros e operacionais financiam investimentos de maior prazo, evidenciando uma estrutura inadequada de gestão financeira de Capital de Giro e deixando a empresa em uma situação ruim. Alternativa correta: D. 3. Indicações bibliográficas ASSAF NETO, A. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2002. FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANC, G. O modelo Fleuriet - a dinâmica financeira das empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. ROSSETTI, J. P. et al. Finanças corporativas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. SOUZA NET, J. A.; MARTINS, H. C. Finanças e governança corporativa - práticas e estudos de casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 13 Questão 4 Questão 4.4 O presidente de uma grande indústria de cosméticos e beleza reconhece que o momento econômico do país é extremamente favorável à expansão dos negócios da empresa. Ele propôs, então, ao Conselho de Administração, a expansão da organização, por meio da construção de uma nova fábrica na região central do país. Atualmente, a única fábrica da empresa está situada no sul e atende à demanda de todo o país. Porém, o presidente acredita que uma nova fábrica possibilitará ganhos de escala, menores custos para distribuição dos produtos e atendimento mais rápido e personalizado aos clientes. O Conselho de Administração concordou com a argumentação, mas solicitou um estudo mais detalhado ao presidente sobre o projeto. O presidente reconhece que a administração se caracteriza pela interdisciplinaridade de conceitos e áreas, que, por sua vez, requer uma intensidade de trocas entre os especialistas de marketing, recursos humanos, finanças e produção, entre outros. Nesse sentido, para elaborar o projeto solicitado pelo Conselho, convocou inicialmente os diretores das seguintes áreas para discutir a expansão e desenvolvimento do projeto: planejamento, recursos humanos, produção, marketing e finanças. Na reunião, os diretores solicitaram uma caracterização/contextualização do projeto de expansão, que ficou a cargo do diretor de planejamento. Pouco tempo depois, o diretor de planejamento apresentou aos outros diretores da empresa a caracterização do projeto em que constavam: objetivo, breve histórico da empresa, panorama e análise do cenário atual, levantamento das oportunidades e ameaças ao negócio, justificativa e proposição da expansão da fábrica de cosméticos na região central do país. TAVARES, M. C. Gestão Estratégica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010 (com adaptações). Suponha que, após entrega da caracterização do projeto apresentada pelo diretor de planejamento, o presidente da empresa tenha solicitado aos demais diretores que redigissem um plano que contivesse o papel estratégico e os objetivos das áreas funcionais para a realização do projeto de expansão da fábrica. Com base nessa situação, elabore um texto dissertativo que contemple os seguintes aspectos: a) critérios críticos a serem analisados pela área de Recursos Humanos para a viabilização do projeto de expansão da fábrica; b) critérios críticos a serem analisados pela área de Produção para a viabilização do projeto de expansão da fábrica. 4Questão 5 – discursiva – Enade 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 14 1. Introdução teórica Funções organizacionais Em uma organização, uma pessoa, ou um grupo de pessoas, executa tarefas específicas para que os objetivos sejam atingidos. Essas tarefas são chamadas de funções organizacionais (MAXIMIANO, 2011). Segundo Maximiano (2011), as funções organizacionais mais importantes são produção (ou operações), marketing, pesquisa e desenvolvimento (P&D), finanças e recursos humanos, cabendo à administração geral a coordenação de todas essas funções. A função produção é aquela que transforma insumos no produto, ou serviço, destinados aos clientes usuários. Cabe a ela organizar o processo produtivo de maneira que seja possível obter o produto no tempo, na quantidade e na qualidade adequados às necessidades do cliente. Dentro da função produção, está a análise da relação entre a demanda e a capacidade da organização em atender a essa demanda. De acordo com Slack e Lewis (2009), a restrição de capacidade de uma operação está associada à capacidade máxima de processamento de algumas de suas unidades produtivas. Essas partes constituem o “gargalo” da operação e limitam a quantidade de processamentos de toda a operação ao limite máximo permitido por estas partes. Para que a produção atenda à demanda com o menor custo e no menor tempo possível, ela deve ocorrer de maneira ordenada com cada uma de suas etapas, sendo executada em local apropriado. A disposição relativa a cada etapa executada é chamada de arranjo físico. Embora seja comum classificar os arranjos físicos em quatro tipos básicos, na realidade, existem inúmeros tipos de leiautes, obtidos por combinações dos quatro tipos básicos. Segundo Slack et al. (1997), os quatro tipos básicos são: arranjo físico posicional; arranjo físico por processo; arranjo físico celular; e arranjo físico por produto. A função marketing é aquela que deve estabelecer e manter a ligação entre a organização e seus clientes. Essa ligação é feita por meio da identificação dos interesses, das necessidades e das tendências de mercado, do desenvolvimento de produtos, do desenvolvimento de canais de distribuição, da determinação das políticas comerciais, da comunicaçãocom o público alvo e das vendas (MAXIMIANO, 2011). A função P&D transforma as informações de marketing, os avanços da ciência e as ideias originais em produtos e serviços (MAXIMIANO, 2011). Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 15 A função finanças cuida do dinheiro da organização. O objetivo dessa função é a proteção e o uso eficaz dos recursos financeiros, de maneira que a organização consiga cumprir seus compromissos financeiros e proporcione retorno aos acionistas. A função recursos humanos tem o objetivo de atrair e manter as pessoas de que a organização necessita para o seu sucesso. Isso é feito por meio do planejamento da quantidade necessária de pessoas para o funcionamento da organização aliada às competências de cada um, para que seja possível a plena eficiência de todas as funções organizacionais. As tarefas dessa função incluem também o recrutamento, a seleção, o treinamento, o plano de remuneração, a avaliação de desempenho, a higiene e a segurança das pessoas, a administração de pessoal e as funções pós-emprego, que são a recolocação, a aposentadoria e outros tipos de benefícios (MAXIMIANO, 2011). Como afirma Ribeiro (2012), os recursos humanos devem garantir que as organizações tenham o número correto de pessoas, no lugar certo e no momento certo, e que essas pessoas sejam capazes de executar as funções a elas atribuídas. Os recursos humanos fazem um dimensionamento da quantidade e qualidade do quadro de pessoal, buscando interna e externamente competências que atendam às necessidades da organização em quantidade e qualidade, a fim de adequar-se às demandas do trabalho (RIBEIRO, 2012). 2. Padrão de resposta do Inep Espera-se que o estudante mostre, por meio de um texto dissertativo, conhecimento sobre os itens a seguir. a) O papel da área de recursos humanos na organização e na decisão de expansão, com base em critérios como: custo de mão de obra na região; estrutura funcional (áreas e cargos para nova fábrica); competências e habilidades para cada cargo; oferta de mão de obra especializada na região; possibilidade de transferência interna de funcionários; recrutamento e seleção; necessidade de treinamento. b) O papel da área de produção na organização e na decisão de expansão, com base em critérios como capacidade instalada relacionada à demanda; estratégia de produção; sistemas de produção; arranjo físico e fluxos produtivos; arranjos produtivos; organização da produção – produção artesanal, em massa, enxuta; cadeia de Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 16 fornecimento/suprimento; custos de transporte; infraestrutura logística; segurança das operações; impactos ambientais. Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2012/administracao.pdf>. Acesso em 15 abr. 2015. 3. Indicações bibliográficas MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2011. RIBEIRO, R. V. Estratégias em recursos humanos. Curitiba: IESDE, 2012. SLACK, N.; LEWIS, M. Estratégia de operações. Porto Alegre: Bookman, 2009. SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas. 1997. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 17 Questão 5 Questão 5.5 Algumas empresas com espírito inovador estão subvertendo a lógica tradicional da indústria. No lugar de departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), lotados com técnicos e pesquisadores altamente especializados, elas contam com ideias de pessoas que chegam do mundo todo, via Internet. Um modelo adotado por uma empresa americana chama a atenção: qualquer pessoa, com a contribuição de 10 dólares, pode lançar uma proposta de produto, que será submetida a um fórum de mais de 200 000 colaboradores virtuais. Na sede da empresa, onde trabalham 78 pessoas, os protótipos dos produtos são confeccionados em plástico, em impressoras 3D, e o processo de aperfeiçoamento dos protótipos conta, também, com a colaboração dos voluntários da rede. Os modelos finais são produzidos em fábricas chinesas. Os inventores e os internautas que palpitaram compartilham o equivalente a 30% das vendas, conforme sua participação no processo. A empresa foi criada com o aporte de 15 milhões de dólares angariados em fundos de capital de risco, conta com um portfólio de produtos com expressivos volumes de vendas e tem cerca de 70 projetos em fase final de desenvolvimento. Cada um dos projetos é controlado por funcionários da empresa e tem prazo para acabar – não mais que seis semanas. Todavia, novos modelos de negócios trazem novos desafios, como a complexidade das questões relacionadas à propriedade intelectual e à democratização da produção caseira de produtos, propiciada pela expansão da oferta de impressoras 3D. MANO, C. A multidão manda. Exame, São Paulo, ano 46, n. 1016, p. 112-114, 16 mai. 2012 (com adaptações). A respeito dessa situação, responda às perguntas a seguir, justificando sua resposta. a) Que tipo de estrutura organizacional melhor representa a situação descrita? b) Como os sistemas de informação dão suporte aos processos interativos de desenvolvimento de produtos e serviços? c) Quais os incentivos para um fundo de capital de risco investir nesse tipo de empreendimento? d) De que modo processos de inovação aberta tais como o descrito no texto podem contribuir para a solução de problemas públicos relacionados a governos e cidadãos? 1. Introdução teórica 1.1. Estrutura organizacional Segundo Oliveira (2011), a organização da empresa é a identificação, a análise, a ordenação e o agrupamento das atividades e recursos, visando ao alcance dos resultados anteriormente estabelecidos pelo planejamento. Na organização, a estrutura organizacional é o instrumento administrativo para que a empresa tenha meios de alcançar esses resultados (OLIVEIRA, 2011). 5Questão 4 – discursiva – Enade 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 18 Os tipos de estrutura organizacional encontrados são a estrutura departamental, característica das empresas que apresentam uma única linha de negócios e que organizam suas atividades em grupos funcionais; a estrutura divisional, adequada para empresas que diversificam suas atividades tendo como objetivo atender a determinado mercado; e as estruturas matriciais, que permitem a especificação de relações duais para vários setores da organização (GAMBLE e THOMPSON, 2012). 1.2. Desenvolvimento de produto Segundo Eppinger e Chitkara (2009), o desenvolvimento de um produto cada vez mais deixa de ser um processo local para se tornar um processo de colaboração global. Sabe-se que, entre 2000 e 2010, times interfuncionais de desenvolvimento de produto tiveram a oportunidade de executar simultaneamente uma vasta gama de atividades de forma muito próxima e colaborativa. Isso trouxe agilidade para lançamento de novos produtos e redução nos custos de produção (VIEIRA, BOURAS e DEBAECKER, 2012). Atualmente, o desenvolvimento de um produto é um processo disperso ao redor do mundo com equipes conectadas por meios digitais. 1.3. Engenharia simultânea e trabalho colaborativo Em uma empresa, o trabalho colaborativo tem início quando diversas áreas começam a trabalhar juntas. Esse tipo de trabalho torna-se efetivo quando é mantido o fluxo de informações, necessário para o desenvolvimento do produto (VIEIRA, BOURAS e DEBAECKER, 2012). Nessa perspectiva, surgiu, em meados da década de 1980, a engenharia simultânea, que é um conjunto de atitudes que proporciona o desenvolvimento de um novo produto, de forma concorrente ou simultânea, tomando-se proveito de grupos de trabalhos heterogêneos e multifuncionais (MELLONI, 2015). Para resolver grande parte dos problemas de informação que possam existir em um processo de desenvolvimento simultâneo,as empresas fazem uso da tecnologia de informação (TI). As aplicações da tecnologia da informação no meio empresarial podem contribuir para solucionar problemas, gerar informação efetivamente oportuna, auxiliar nos processos de tomada de decisão da empresa, determinar fatores diferenciais de negócio e proporcionar lucratividade e competitividade (NASCIMENTO e SANTOS, 2015). Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 19 1.4. Capital de risco Capital de risco é uma modalidade de investimento muito usada no apoio de negócios, feita por meio da compra de uma participação acionária, geralmente minoritária, com objetivo de ter as ações valorizadas para posterior saída da operação (CAETANO, 2013). Chama-se capital de risco pelo fato de o investimento ser efetuado em empresas cujo potencial de valorização é elevado e o retorno esperado é idêntico ao risco que os investidores querem correr (CAETANO, 2013). Este tipo de financiamento está associado a negócios que estão em fase de início, em fase de expansão ou em mudança de gestão. Qualquer dessas situações tem um risco muito elevado associado à incerteza do projeto em que a empresa se encontra. Comparada com outras formas de investimento, o capital de risco é a única que associa o sucesso do negócio com o sucesso de seu investimento. 2. Padrão de resposta do Inep a) O estudante deve indicar que o tipo de estrutura que melhor representa a situação descrita é a estrutura organizacional em rede, que busca integrar a empresa com os stakeholders envolvidos nos seus processos. b) O estudante deve identificar os elementos encontrados no texto que se relacionam com o processo de desenvolvimento de produto de forma colaborativa pela disseminação e integração de conhecimentos – colaboração em rede, inovação aberta, produção de protótipos em impressoras 3D, prototipagem rápida, gestão de projetos e terceirização da produção –, considerando a relevância de sistemas de informação que permitam interação de vários atores, flexibilidade, agilidade e compartilhamento de dados e informações. c) O estudante deve citar a possibilidade de retorno acima da média no contexto descrito, considerando que o retorno deve ser compatível com o risco. d) O estudante deve citar modos pelos quais o uso de tecnologias de informação propicia soluções inovadoras em serviços públicos ao aproximar cidadãos e agentes públicos. As Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 20 respostas podem abordar o uso de dados abertos e o desenvolvimento de aplicativos para controle e facilitação de acesso aos serviços públicos. Podem, também, mencionar o cidadão como corresponsável pela qualidade da gestão pública por meio da comunicação direta via sistemas de informação. A noção de governo aberto, subjacente a essa resposta, pode ser mencionada. Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2012/administracao.pdf>. Acesso em 15 abr. 2015. 3. Indicações bibliográficas CAETANO, P. Capital de risco. Coimbra: Almedina, 2013. GAMBLE, J. E.; THOMPSON Jr, A. A. Fundamentos da administração estratégica - a busca pela vagem competitiva. Porto Alegre: Bookman, 2012. MELLONI, L. F. Engenharia simultânea: potencialidades e limites. Disponível em <https://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/docs/25052012_142329_luis_fernando_mello ni.pdf>. Acesso em 18 mar. 2015. NASCIMENTO, L. A. do; SANTOS E. T. A contribuição da tecnologia da informação ao processo de projeto na construção civil. Disponível em <http://www.eesc.sc.usp.br/sap/workshop/anais/A_CONTRIBUICAO_DA_TECNOLOGIA_ DA_INFORMACAO.pdf>. Acesso em 18 mar. 2015. OLIVEIRA, D. P. R. Estrutura organizacional - uma abordagem para resultados e competitividade. São Paulo: Atlas, 2011. VIEIRA, D.; BOURAS, A.; DEBAECKER, D. Gestão de Projeto do Produto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 21 Questão 6 Questão 6.6 A Diretoria Financeira da empresa Átria informou que, atualmente, a estrutura de capital é composta de R$ 6 000 000,00 de dívidas de longo prazo, captadas junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao custo de 6% a.a. A empresa tem, hoje, 2 milhões de ações ordinárias distribuídas, ao valor de mercado de R$ 11,00/ação. A empresa é tributada à alíquota de 30%. O preço médio de venda de seus produtos é de R$ 118,00, os custos variáveis unitários são de R$ 69,00 e os custos fixos são da ordem de R$ 1 428 000,00. A quantidade vendida do exercício anterior foi de 200 000 unidades. Espera- se que a economia nos próximos 3 anos ganhe ainda mais fôlego e expansão. O desempenho financeiro da Átria é especificado na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) a seguir. Demonstração de Exercício da Empresa Átria – Exercício T-1 Alguns Múltiplos da Empresa Átria – Exercício T -1 Receita Operacional Bruta 23.600.000,00 (-) Deduções da Receita Métricas Valores Impostos e contribuições -1.180.000,00 ROA 18,45% Devoluções de vendas -236.000,00 ROI 23,06% Receita Operacional Líquida 22.184.000,00 ROE 26,62% (-) Custo das Mercadorias Vendidas PC 7.000.000 Custos variáveis -13.800.000,00 PL 22.000.000 Custos fixos -1.428.000,00 Ex PL 6.000.000 Resultado Operacional Bruto 6.956.000,00 ROA = Retorno sobre o Ativo (-) Despesas Operacionais -500.000,00 ROI = Retorno sobre o investimento de Longo Prazo Resultado antes juro e imposto de renda 6.456.000,00 (-) Despesas Financeiras -600.000,00 ROE = Retorno sobre o Capital Próprio Resultado Antes do Imposto de Renda 5.856.000,00 (-) Imposto de renda e contribuição social -1756.800,00 PC = Passivo Circulante Resultado Líquido do Exercício 4.099.200,00 PL = Patrimônio Líquido (/) Lucro/Ação 2,05 Ex PL = Exigível Longo Prazo. Considerando a DRE acima e tendo em vista os resultados para os diferentes indicadores e múltiplos, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. A alavancagem financeira adotada pela empresa Átria gerou efeito positivo nos resultados da empresa. PORQUE II. Com a economia em expansão, torna-se mais intensa a geração de resultados líquidos a partir dos investimentos realizados pela empresa Átria com recursos de terceiros, uma vez que estes contribuem para gerar resultados para a empresa. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa da I. 6Questão 20 – Enade 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 22 C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E. As asserções I e II são proposições falsas. 1. Introdução teórica Alavancagem financeira Alavancagem financeira é a capacidade da empresa em trabalhar com recurso de terceiros a fim de maximizar os efeitos do lucro operacional e, por consequência, sobre os lucros por ação dos proprietários de uma empresa (CAIXETA, 2015). A alavancagem financeira corresponde a um efeito financeiro de crescimento da rentabilidade dos capitais próprios (também designado por retorno sobre o capital próprio - ROE) produzidos por meio do aumento do nível de endividamento. Esse tipo de operação é usado sempre que os custos financeiros de financiamento são inferiores à rentabilidade da operação da empresa. Como existe melhora na rentabilidade dos capitais próprios, a alavancagem financeira promove benefícios para os detentores do capital da empresa, pois eles obtêm maiores retornos sem a necessidade de aumentar seus próprios capitais investidos (COSTA, MORITZ e VITAL, 2009). A existência, ounão, de alavancagem financeira não depende somente da rentabilidade dos investimentos financiados, mas também das condições de financiamento conseguidas no mercado no que se refere ao prazo e às taxas de juros, ou seja, a alavancagem financeira é usada quando o retorno sobre o patrimônio líquido da organização for maior do que o custo do capital de terceiros a longo prazo (GITMAN, 2006). 2. Análise das asserções I – Asserção verdadeira. JUSTIFICATIVA. A alavancagem financeira adotada pela Átria gerou efeito positivo nos resultados da empresa, pois os custos financeiros do financiamento (6%) são inferiores à rentabilidade da operação da empresa (26,62%). Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 23 II – Asserção verdadeira. JUSTIFICATIVA. A asserção II também é verdadeira e justifica a primeira, pois, como existe melhora na rentabilidade dos capitais próprios, a alavancagem financeira promove benefícios para os detentores do capital da empresa, visto que eles obtêm maiores retornos sem a necessidade de aumentar os seus próprios capitais investidos. Com essas considerações, podemos chegar à conclusão de que as duas asserções são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. Alternativa correta: A. 3. Indicações bibliográficas CAIXETA, A. A alavancagem financeira. Disponível em <http://www.administradores. com.br/artigos/negocios/a-alavancagem-financeira/31131/>. Acesso em 18 mar. 2015. COSTA, A. M.; MORITZ, G. O.; VITAL, J. T. Administração do circulante. Curitiba: IESDE, 2009. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Pearson, 2006. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 24 Questão 7 Questão 7.7 As tabelas a seguir apresentam estimativas de regressão entre os retornos da empresa Alfa, que atua na produção e comercialização de piscinas e implementos para piscinas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória, e retornos do Ibovespa (índice da bolsa de valores de São Paulo). Considerando que o modelo estimado é robusto à presença de autocorrelação e heterocedasticidade nos resíduos, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. O risco de mercado da empresa Alfa é menor do que o do Ibovespa (carteira de mercado), o que significa que os retornos esperados para a Alfa serão menores do que os retornos esperados para o índice Bovespa. PORQUE II. O modelo é estatisticamente não significante tendo em vista que não se pode rejeitar a hipótese de que os coeficientes da regressão sejam estatisticamente diferentes de zero. 7Questão 16 – Enade 2012. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 25 A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa da I. C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E. As asserções I e II são proposições falsas. 1. Introdução teórica Regressão pelo método dos mínimos quadrados O processo de determinar a relação entre variáveis é chamado de regressão. Esse processo é chamado de regressão linear quando o gráfico da função que as relaciona pode ser aproximado por uma reta (SARTORIS, 2003). Seja a função de regressão linear dada pela expressão a seguir. jj221j uXY Na expressão, Y é a variável dependente, 1 é o termo independente (interceptor), X2 é a variável explanatória (ou regressor), u é o termo de erro estocástico e j é o indicador da j-ésima observação. Encontrar a reta da regressão significa determinar os estimadores para 2 . Vamos definir as variáveis x2 e y, que são as variáveis centradas na média, isto é, YYyXXx 222 Considerando que a média dos erros é zero, podemos escrever 0XY 221 Com isso, temos o que 0XuXYYy 221jj221jj Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 26 jj22j uxy Dessa forma, o erro é dado por j22jj xyu O método dos mínimos quadrados, usado para a regressão linear, pressupõe que a melhor função linear é aquela cuja soma dos quadrados dos erros é mínima, ou seja, n j jj n j j xyu 1 2 22 1 2 mínimo n j n j j xyxymínimou 1 22 2 22 2 1 2 2 Encontrar a soma dos mínimos quadrados significa encontrar 2 para que a somatória seja a mínima. O ponto de mínimo irá ocorrer quando a derivada de n 1j 22 2 22 2 xy2xy em relação a 2 for igual a zero. Devemos notar que o 2 encontrado pelo método é um estimador, isto é, usando-o a partir de um valor de X2 é possível encontrar um valor estimado para Y (SARTORIS, 2003). Há de se ressaltar que, em uma estimação sem o interceptor 1, fica implícito que a reta representante da função passa pela origem (se X2 for igual a zero, isso implica que Y seja igual a zero). Um estimador não é viesado quando ele se repete para cada variável independente (SARTORIS, 2003). O teorema de Gauss-Markov mostra que o estimador, que é linear, obtido pelo método dos mínimos quadrados apresenta a menor variância. De acordo com Sartoris (2003), o estimador que apresenta a menor variância é um estimador eficiente. Um problema na seleção de variáveis é a inclusão de variáveis irrelevantes ou a exclusão de variáveis relevantes. Apesar de a inclusão de variáveis irrelevantes não viesar os resultados de outras variáveis independentes, ela exerce impacto sobre a regressão, elas podem mascarar ou substituir o efeito de varáveis mais relevantes, principalmente se Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 27 alguma forma de estimação estiver sendo empregada, e podem reduzir a significância estatística de outras variáveis (HAIR, 2009). A exclusão de variáveis relevantes pode causar vieses nos resultados e afetar a interpretação de seus resultados. Na situação mais simples, a exclusão de uma variável relevante pode reduzir a precisão preditiva da análise (HAIR, 2009). No caso de dúvida, é preferível a inclusão de uma variável, pois, se ela for irrelevante, apenas, poderá confundir a interpretação. Se ela for relevante e omitida, poderá ocorrer viés de todas as estimativas na regressão (HAIR, 2009). 2. Análise das asserções I – Asserção verdadeira. JUSTIFICATIVA. A asserção I é verdadeira, pois o coeficiente de risco da empresa alfa é negativo e o coeficiente do IBOVESPA é positivo. I – Asserção falsa. JUSTIFICATIVA. A asserção II é falsa, pois é possível rejeitar a hipótese de que os coeficientes de regressão sejam zero, já que, nessa situação, não haveria dependência entre as variáveis. Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas SARTORIS, A. Estatística e introdução à econometria. São Paulo: Saraiva, 2003. HAIR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookmann, 2009. Material Específico – Tomo V – Administração – CQA/UNIP 28 ÍNDICE REMISSIVO Questão 1 Marketing. Estratégias. Matriz BCG. Questão 2 Marketing. Estratégias. Matriz de Ansoff. Questão 3 Finanças. Finanças corporativas. Modelos dinâmicos. Modelo de Fleuriet. Questão 4 Visão estratégica. Áreas funcionais da administração. Função produção. Função recursos humanos. Questão 5 Visão estratégica. Cooperação e trabalho em equipe. Estruturas organizacionais. Gestão de projetos. Tecnologia da informação. Capital de risco. Questão 6 Visão estratégica. Ciências econômicas e contábeis. Finanças. Questão 7 Métodos quantitativos aplicados à administração. Estatística e pesquisa operacional.Regressão linear.
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