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Cicatrização de Feridas

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Ariane Marcela Oliveira Ramos – Medicina – UNIRV 
5º Semestre – Clínica Cirúrgica 
▪ Cicatrização - Processo de reparação tecidual que substitui o tecido lesado 
por um novo tecido, com fases sobrepostas e envolvendo mecanismos 
complexos de ações celulares e bioquímicos. 
▪ Formas de cicatrização: primeira, segunda e terceira intenções 
▪ Etapas do processo de cicatrização: inflamatória / proliferativa / 
remodelação 
CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS 
 
As feridas são classificadas quanto ao tempo de existência: 
• AGUDA: Facilmente identificável. A ruptura aguda da pele pode resultar de 
mecanismos contundentes ou penetrantes, pode ter uma variedade de 
tamanhos, profundidades e locais. Podem resultar em lacerações simples ou 
complicadas (queimaduras ou defeitos teciduais) 
• CIRÚRGICA: Forma controlada da ferida, pode ser classificada em: limpa, 
potencialmente contaminada e infectada. 
• CRÔNICAS: Podem ser secundárias a lesão aguda ou ruptura da pele 
previamente integra. 
 
PODE SER CLASSIFICADA DE ACORDO COM A PROFUNDIDADE 
EM: 
 
• Ferida superficial, quando limitada à epiderme 
• Ferida com perda parcial, quando atinge a epiderme e parte profunda 
da derme (ex.observada após traumas ou certos procedimentos 
dermatológicos). 
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5º Semestre – Clínica Cirúrgica 
• Ferida com perda total, com destruição da epiderme, derme, tecido 
celular subcutâneo e tecidos profundos, como músculos, tendões e 
ossos. 
 
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 
A cicatrização vai depender da quantidade de tecido lesado ou danificado, da 
presença não de infecção. 
PRIMEIRA INTENÇÃO 
 Realiza-se a aproximação das bordas e tecidos seccionados com auxílio de síntese 
cirúrgica, ou seja, com o uso de suturas, colas, pontes, grampos, entre outros. É 
utilizada quando não há perda significativa de tec ido, quando não há infecção nem 
edema, sendo, portanto, operação fundamental dentro da técnica operatória. 
 
 Ferida Cirúrgica 
 
SEGUNDA INTENÇÃO (Cicatrização secundária) 
A ferida cicatriza-se sem auxílio de síntese cirúrgica, a partir da formação do tecido 
de granulação. Preferida quando há grande perda de tecido e pouca epitelização. É 
um processo de reparo mais complicado e demorado. 
 
 
 
FERIDA TERCEIRA INTENÇÃO 
 
Quando a ferida não é suturada primariamente ou a sutura se rompe e suas bordas 
são reaproximadas a pós sua limpeza, geralmente 3 a 7 dias depois. É indicada nas 
feridas contaminadas ou com risco de infecção, nas feridas com grande perda de 
tecido ou nos casos em que o fechamento é feito com muita tensão, levando à 
deiscência da sutura. 
 
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5º Semestre – Clínica Cirúrgica 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM 
EXTERNOS 
- Localização: região corporal, existem regiões que apresentam maior facilidade 
de cicatrização. 
-Infecção: infecção provoca a destruição da célula e impede a produção de 
colágeno. 
-Ação de fármacos: substâncias injetadas no meio da ferida podem dificultar a 
cicatrização. 
-Irradiação 
-Mecanismo do trauma: 
 
 
INTERNOS 
- Desnutrição: hipoalbuminemia, carência de vitamina. 
Com baixa quantidade de proteínas e vitaminas desencadeia-se uma menor 
produção de colágeno, pois ambos estão relacionados a matéria prima para 
produção do mesmo e como conclusão temos a redução da cicatrização. 
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- Patologias: diabetes, obesidade - doenças que levam a má perfusão, pois com isso 
há menos nutrientes e oxigênio chegando no local da lesão. 
 
Coagulação 
 
O início é imediato após o surgimento da ferida. Essa fase depende da atividade 
plaquetária e da cascata de coagulação. Ocorre uma complexa liberação de 
produtos. Substâncias vasoativas, proteínas adesivas, fatores de crescimento e 
proteases são liberados e ditam o desencadeamento de outras fases. 
 
FASE DA CICATIZAÇÃO 
1- Inflamatória 
2- Proliferativa: Epitelização e Fibroplasia 
3- Remodelação: Maturação 
 
FASE INFLAMATÓRIA 
Fase que se completa dentro de três dias, exceto na presença de infecção ou 
outros fatores associados à cicatrização. 
1- Perda da integridade tecidual 
2- Vasoconstrição Transitória 
3- Vasodilatação 
4- Gera extravasamento de plasma na ferida com exposição de colágeno 
5- Sistema de coagulação 
6- Sistema do complemento 
7- Aderência plaquetária 
8- Liberação de citocinas 
9- Aumento da permeabilidade capilar 
10- Migração de leucócitos 
11- Formação de exsudato na ferida 
12- Calor/rubor/edema/dor (Sinais de inflamação) 
 
Células 
 
Leucócitos (Polimorfonucleares) - poucas horas após o trauma. Responsáveis 
pela fagocitose das bactérias. 
Neutrófilos – Chegam no local de ação por diapedese realizando remoção de 
C.E, desbridamento de tecidos e combate a bactérias. Não são essenciais 
Monócitos – Se transformam entre 24 e 36 horas em MACRÓFAGOS que 
agem como células fagocitárias e ativam a ação dos fibroblastos ( que 
produzem o colágeno), além de ativar a angiogênese. 
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Linfócitos – última célula predominante, mas não se sabe sua ação ao certo. 
 
Ambiente 
 
Nesta fase, o ambiente da ferida: Acidótico; Hipóxico; Hipoglicêmico; 
Hipercalêmico (K); Hipercárbico; (CO2). Rico em ácido láctico tudo isso estimula: 
migração celular; liberação de fatores angiogênicos; produção de 
colágeno. 
 
Rede de fibrina 
 
Protrombina que gera trombina e a trombina age no fibrinogênio formando a fibrina. 
Sem a rede de fibrina não há cicatrização, uma vez que é o alicerce para migração 
de macrófagos e fibroblastos. 
 
 
PROLIFERATIVA – EPITELIZAÇÃO 
 
▪ Fase proliferativa 
▪ Se inicia no 4° dia e se estende até à segunda semana 
▪ Caracterizada pela deposição de colágeno e intensa migração celular 
▪ Dividida em 4 etapas: Epitelização, angiogênese, granulação e deposição de 
colágeno 
 
É o processo de restauração do isolamento entre meio interno e externo; existe 
intensa atividade mitótica; as células se multiplicam e migram das bordas até o 
encontro de outra célula; as células se multiplicam da borda para o centro. Fatores 
que facilitam (mais rápido): integridade da membrana basal; limpeza da ferida; 
superfície úmida. 
Se a atividade mitótica perdurar por longos pode gerar um carcinoma espinocelular. 
Ferida em paciente queimado há 30 anos: úlcera de marjolin. 
 
 
PROLIFERATIVA - FIBROPLASIA 
 
Inicia-se com o surgimento dos fibroblastos na ferida; do 2° ao 3° dia do trauma 
(tempo bem semelhante a fase de epitelização) 
Os fibroblastos secretam o COLÁGENO; a produção de colágeno cresce até 21 
dias do trauma, quando entra em equilíbrio. Se após isso não cessar a produção 
cria-se a queloide. 
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Forma o tecido de granulação: é o tecido formado pela proliferação vascular e pela 
matriz extracelular sintetizada pelo fibroblasto. 
 
 
 
Colágeno 
 
Formado pelo retículo endoplasmático rugoso; uma proteína grande; composto de 
02 aminoácidos: 
• Hidroxiprolina 
• Hidroxilisina 
na forma de 3 cadeias dispostas em tripla hélice. 
 
A prolina hidroxilase transform a prolina em Hidroxiprolina que dá a forma de 
tripla hélice e aí permite que a molécula seja exportada da célula. 
Quem tem queloide tem um desequilíbrio. 
 
Tipos de colágeno 
 
Colágeno tipo I: é o principal componente da pele normal (80 a 90%) -remodelação 
Colágeno tipo III: em pele normal corresponde a 10 a 
20%; no tecido de granulação chega a 30%. - Inflamação 
 
São cofatores da enzima prolina hidroxilase: 
 
-Ácido Ascórbico; 
-Ferro; 
-Oxigênio (Câmara Hiperbárica) 
-Alfa-cetoglutarat 
 
O último processo dessa fase é a angiogênese, senso essa essencial parao 
suprimento de oxigênio e nutrientes para a cicatrização. 
 
Remodelação-Maturação 
 
Inicia-se após término da fase proliferativa; o ápice da produção de colágeno ocorre 
em torno de 21 dias, quando passa a predominar a colagenólise em relação à síntese; 
ação da COLAGENASE sobre o colágeno (age por ANOS). 
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Essa fase ocorre no colágeno e na matriz, é responsável pelo aumento da força de 
tensão e pela diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema. 
 Reformulações dos colágenos, melhoria dos componentes das fibras colágenas, 
reabsorção de água, são eventos que permitem uma conexão que aumenta a força da 
cicatriz e diminui sua espessura. 
 
▪ Influência de fatores locais e de fatores sistêmicos 
 
▪ Fatores locais: 
• Dimensão e profundidade da lesão 
• Grau de contaminação 
• Presença coleções líquidas (hematomas, equimoses, edemas) 
• Necrose tecidual e infecção local 
• Suprimento vascular deficiente 
• Técnica cirúrgica utilizada, material e técnica de sutura, tipos de 
curativos 
• Tração ou pressão mecânica sobre a cicatriz 
 
Fatores sistêmicos: 
• Faixa etária 
• Raça 
• Estado nutricional 
• Presença de doenças crônicas 
• Uso de medicamentos 
 
 
Queloides x Cicatrizes hipertróficas 
 
 
 
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ENXERTOS 
 
▪ Conceito: Enxerto de pele é um procedimento cirúrgico que envolve a 
remoção da pele de uma área do corpo e o ato de movê-la ou 
transplantá-la para uma área diferente do corpo. 
 
▪ Tipos: Existem dois tipos básicos de enxertos de pele: enxertos com 
espessura parcial e espessura total. 
 
 
▪ Enxertos de Espessura Parcial 
 
▪ Um enxerto de espessura parcial envolve a remoção da camada 
superior da pele – a epiderme – bem como uma parte da camada mais 
profunda da pele, chamada derme. 
 
▪ Essas camadas são retiradas do local doador, que é a área onde a pele 
saudável está localizada. 
 
▪ Enxertos de pele de espessura parcial geralmente são colhidos na 
parte frontal ou externa da coxa, abdômen, nádegas ou costas. 
▪ Os enxertos de espessura dividida são usados para cobrir grandes 
áreas. 
▪ Estes enxertos tendem a ser frágeis e tipicamente têm uma 
aparência brilhante ou lisa. 
▪ Eles também podem aparecer mais pálidos do que a pele adjacente. 
 
▪ Enxertos de Espessura Total 
 
▪ Um enxerto de espessura total envolve a remoção de toda a epiderme 
e derme do local doador. 
▪ Estes geralmente são retirados do abdômen, virilha, antebraço ou 
área acima da clavícula. 
▪ Eles tendem a ser pedaços menores de pele, já que a área doadora de 
onde é colhida é geralmente unida e fechada em uma incisão reta com 
pontos ou grampos. 
▪ Enxertos de espessura total são geralmente usados para pequenas 
feridas em partes altamente visíveis do corpo, como a face. 
 
 Autoenxertos x substitutos cutâneos 
 
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▪ Dá-se o nome de substitutos cutâneos a um grupo heterogêneo de 
elementos biológicos e/ou sintéticos que possibilitam a oclusão 
temporária ou permanente das feridas. 
▪ Pode-se considerar substituto dérmico desde o xeno ou aloenxerto 
de pele até a combinação de cultura de queratinócitos autólogos 
sobre matriz dérmica, em busca da maior semelhança possível com a 
pele do paciente 
▪ aloenxertos (derivados da pele de cadáver) 
▪ xenoenxertos (derivados da pele de animais) 
▪ sintéticos (construídos por engenharia de tecidos). 
 
Substitutos cutâneos 
 
▪ Material de Curativo Temporário e Impermeável – temporários, apenas com 
função de barreira e não apresentam elementos celulares. Podem ser 
biológicos ou sintéticos. Ex: membrana amaniótica e Tegaderm 
▪ Substitutos cutâneos duráveis de camada única – membranas de colágeno 
suíno e matrizes dérmicas de origens bovina e humana 
▪ Substitutos de Pele Compostos – se utilizam de matrizes de aloenxerto 
acelulares e de matrizes dérmicas preparadas e acelulares.

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