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Câncer de próstata O câncer de próstata permanece como uma importante causa de morbidade e mortalidade no mundo. É o tipo de câncer mais comum no homem e o segundo em mortalidade. Sabe- se que quanto mais precoce o seu diagnóstico, maior a chance de cura da doença. Seu rastreamento é feito através de exame de sangue (PSA) e do toque retal, e deve ser feito a partir dos 45 anos por todos os homens e a partir dos 40 anos para aqueles da raça negra ou que têm história de câncer da próstata na família. Após os 50 anos, 42% dos homens podem ter alterações compatíveis com câncer de Próstata (CaP) em achados de autópsias. No entanto, como geralmente se trata de um tumor indolente (sem dor), apenas 9,5% terão esta doença diagnosticada e 2.9% morrerão da mesma. Como o câncer de próstata se constitui numa patologia com índices de cura superiores a 80% quando diagnosticada precocemente, o diagnóstico do Câncer de Próstata numa fase em que o mesmo está confinado ao órgão, tem se tornado cada vez mais importante até como forma de se aumentar a longevidade das pessoas do sexo masculino. Nesta situação, o tratamento cirúrgico ou radioterápico proporciona elevados índices de cura. Nos casos em que o diagnóstico é feito tardiamente com o estadiamento mostrando que a doença não está mais confinada à próstata o tratamento é principalmente baseado na hormonioterapia e não visa mais a cura, mas sim uma melhora na qualidade de vida e sobrevida destes pacientes. A fim de se aumentar a especificidade da determinação do PSA, evitando- se a realização de repetidas biópsia em pacientes com PSA igual ou superior a 4 tem- se tentado correlacionar esta dosagem com o volume prostático (densidade de PSA), com a velocidade de aumento anual do mesmo (velocidade de PSA), com a idade e também fazendo- se a relação entre o PSA livre e PSA total. Estes métodos embora possam auxiliar a evitar biópsia de repetição em pacientes com PSA pouco elevado, principalmente entre 4 e 10 ng/ml, não são suficientes para evitar a realização de pelo menos duas biópsias. A exceção são os pacientes com mais de 70 anos onde níveis de PSA entre 5 e 6 ng/ml podem se apenas acompanhados. Para pacientes com PSA acima de 10 tais parâmetros não mais se aplicam, pois a possibilidade de câncer é próxima de 50% devendo a biópsia ser repetida. Entre os homens vivos, estima- se que 1 em 7 (15,3%) será diagnosticado com câncer de próstata e 1 em 38 (2,6%) morrerá em decorrência dessa doença. A incidência de câncer de próstata varia por raça/etnia, sendo que os afro- americanos apresentam taxas de incidência 59% mais elevadas do que os brancos. A incidência aumentou e tal aumento deve- se, em parte, à detecção incidental do câncer da próstata associada à utilização de ressecção transuretral da próstata para a remoção de hiperplasia prostática benigna. A incidência de câncer de próstata aumentou após a introdução da dosagem do antígeno prostático específico (PSA, do inglês prostate- specific antigen) como teste de rastreamento do câncer de próstata. Estimativas de modelagem com base em dados provenientes de diversas fontes sugerem que o rastreamento e o tratamento explicam, respectivamente, 45% a 70% e 22% a 33% do declínio na mortalidade por câncer de próstata desde 1991. Diferenças Raciais Não se baseiam na biologia, mas, sim, em aspectos sociais, políticos e culturais. Importante salientar que os afro- americanos e os jamaicanos de ascendência africana têm a maior incidência de câncer da próstata no mundo. As diferenças nos padrões de tratamento por raça mostram que os afro- americanos em todos os estágios recebem menos tratamento agressivo do que os caucasianos independentemente de idade, estado civil, risco de câncer e presença de comorbidades, mesmo em sistemas de saúde nos quais todos os beneficiários têm igual acesso a todos os tratamentos, Mesmo entre os indivíduos sob acompanhamento vigilante (watchful waiting), os afro- americanos recebem menos acompanhamento intensivo. A muitas hipóteses biológicas, ambientais e sociais para tentar explicar essas diferenças. As hipóteses biológicas e ambientais envolvem diferenças postuladas em predisposição genética, diferenças nos mecanismos de iniciação, promoção e progressão tumoral, dietas com elevado teor de gordura, concentrações mais elevadas de testosterona no soro e maior índice de massa corporal. As hipóteses sociais envolvem barreiras estruturais, financeiras, educacionais e culturais ao rastreamento, à detecção precoce e à terapia agressiva e fatores relacionadas com o médico em si. Atualmente, não há dados indicando claramente se qualquer uma dessas hipóteses explica as diferenças observadas na incidência ou na mortalidade. Provavelmente, a fonte dessa disparidade é multifatorial. Idade no Diagnóstico O câncer da próstata é raramente diagnosticado em homens com menos de 50 anos de idade, representando apenas 2% de todos os casos. Antes da era do PSA, a idade mediana no momento do diagnóstico era de 70 anos, caindo para 67 anos na última década com 63% dos cânceres diagnosticados após os 65 anos. A idade média de morte por câncer de próstata é de 77 anos. Estádio no Diagnóstico Desde a introdução do exame de PSA, 81% dos homens recém-diagnosticados têm doença localizada, enquanto a incidência de doença metastática diminuiu em 75%... A melhora no estádio patológico ocorre em estádios clínicos T1 a T3 e em todos os graus histológicos, o que resulta em uma melhor sobrevida específica ao câncer após terapia em pacientes tratados tardiamente na era de PSA. • A inflamação crônica que provoca hiperproliferação celular para a substituição do tecido lesionado contribui para o desenvolvimento de câncer de próstata. • Observações genéticas e histológicas sugerem que as células incapazes de neutralizarem oxidantes inflamatórios são importantes na iniciação e na promoção do câncer da próstata. • A inflamação pode ser desencadeada por alimentação, infecção, estrógenos ou outros agentes ambientais. • Alguns dados epidemiológicos sugerem que uma história de infecção sexualmente transmissível ou prostatite está associada a um maior risco de câncer de próstata. Atualmente, não há provas de que agentes infecciosos possam causar câncer de próstata. • Evidências histológicas da inflamação, como a atrofia inflamatória proliferativa, são comuns em câncer de próstata e podem ser importantes no processo biopatológico do seu desenvolvimento. A bactéria Propionibacterium acnes foi a espécie predominante em ambas as doenças benigna e maligna da próstata e está associada à inflamação intraprostática. Atualmente, não há provas de que agentes infecciosos possam causar câncer de próstata. Os andrógenos influenciam o desenvolvimento, a maturação e a manutenção da próstata e afetam tanto a proliferação quanto a diferenciação do epitélio luminal. Estes demonstraram que a inibição da conversão da testosterona (T) para a mais potente di- hidrotestosterona (DHT) por um inibidor da 5α- redutase (5ARI) reduz a incidência do câncer de próstata em 25% a 30%.. Polimorfismos em genes envolvidos tanto nas vias sintéticas quanto nas metabólicas, como o AR. a isoenzima 5α- redutase tipo 2 e genes envolvidos na biossíntese de T, podem afetar o risco. Homens com repetições CAG mais curtas no AR estavam em maior risco de câncer de próstata. Os estrógenos têm efeitos diretos e indiretos sobre o crescimento e o desenvolvimento prostático e, provavelmente, atuam no surgimento e na progressão do câncer de próstata. Tradicionalmente, os estrógenos são considerados protetores contra o câncer de próstata e utilizados como tratamento de doença avançada. O efeito desse tratamento ocorre, principalmente,por meio de um feedback negativo no eixo hipotalâmico- hipofisário- gonadal e também por meio de um efeito inibidor direto dos estrógenos sobre o crescimento de células epiteliais da próstata. No entanto, há cada vez mais evidências diretas de que os estrógenos podem atuar como pró- carcinógenos na próstata. Células progenitoras prostáticas foram isoladas de próstata humana normal e cultivadas em cultura tridimensional para formar esferas prostáticas. Essas células expressaram os receptores de estrógenos ER- α e ER- β, e o receptor acoplado à proteína G responsiva a estrógenos 30 tanto em nível transcricional quanto proteico, e cresceram em resposta ao estradiol exógeno. Em um nível mais macroscópico, as doenças prostáticas relacionadas com a idade estão associadas a um aumento nas concentrações séricas de estrógenos, e existe uma baixa incidência de câncer de próstata em culturas com dietas ricas em fitoestrógenos. Os fatores de crescimento semelhante à insulina (IGFs) são hormônios peptídicos que têm atuação essencial no crescimento e no metabolismo corporal e exercem influência em processos celulares fundamentais, como proliferação, migração e diferenciação. Os IGFs promovem a proliferação e inibem a apoptose em células prostáticas normais e cancerosas in vitro. As IGFBPs (proteínas de ligação) podem influenciar o crescimento da próstata independentemente de IGF.] A leptina, um hormônio peptídico produzido por adipócitos, contribui para o controle do peso corporal por supressão do apetite e modulando a utilização de energia. Homens obesos tornam- se resistentes à leptina e exibem concentrações plasmáticas elevadas desse hormônio. Uma metanálise concluiu que um alelo variante de células germinativas do gene LEP está associado a um risco de 1,2 a 1,3 vezes maior. Há evidências de que a leptina tem atuação no desenvolvimento da doença avançada. Um alelo variante no gene do receptor de leptina, LEPR, parece ser o mais forte preditor de câncer de próstata fatal. Vitamina D, Receptor de Vitamina D e Cálcio: Os homens que vivem em latitudes setentrionais com menos exposição aos raios ultravioleta derivados da luz solar têm maior taxa de mortalidade por câncer de próstata. O câncer de próstata ocorre mais frequentemente em homens mais velhos, nos quais a deficiência de vitamina D é mais comum por causa da menor exposição aos raios ultravioleta e dos declínios nas hidroxilases responsáveis pela síntese de vitamina D ativa relacionadas com a idade. Os afro- americanos, cuja melanina da pele bloqueia a radiação ultravioleta e inibe a ativação de vitamina D, têm as maiores taxas de incidência e mortalidade em todo o mundo. A ingestão diária de produtos lácteos ricos em cálcio, que diminuem as concentrações séricas de vitamina D, está associada ao maior risco de câncer de próstata. Os japoneses nativos, cuja dieta é rica em vitamina D derivada de peixes, tem uma baixa incidência de câncer de próstata. Além disso, as células do câncer de próstata expressam o receptor de vitamina D, e muitos estudos demonstraram efeitos biológicos significativos da vitamina D, incluindo a parada do ciclo celular e inibição da invasão, migração celular, metástase e angiogênese. Assim como outros esteroides reguladores do crescimento da próstata (ou seja, andrógenos e estrógenos), as células epiteliais de próstata normais podem sintetizar vitamina D que, por sua vez, pode inibir seu crescimento. A atividade da enzima que converte o pró- hormônio 25- hidroxivitamina D à forma mais ativa, a 1,25-di- hidroxivitamina D, é menor no câncer da próstata, o que leva a uma perda potencial da inibição autócrina do crescimento. O receptor de vitamina D (VDR), polimorfismos que resultam em um VDR com menor atividade podem estar associados ao maior risco de câncer de próstata. Atividade Sexual/Infecções Sexualmente Transmissíveis Acredita- se que a atividade sexual expõe a próstata a agentes infecciosos que podem aumentar o risco de câncer por infecção direta com um organismo carcinogênico (semelhante ao HPV e o câncer cervical) ou por causa do início de uma resposta inflamatória que tem efeitos carcinogênicos conhecidos. Sugeriu-se um elevado risco de câncer de próstata entre homens com história de DST (especialmente sífilis), com aumento da frequência da atividade sexual e com maior número de parceiros sexuais. Um estudo prospectivo de mais de 68.000 homens na Califórnia relatou que os indivíduos com história de prostatite ou maior duração dos sintomas de prostatite tiveram um aumento do risco de câncer de próstata em comparação com aqueles sem história ou menor duração dos sintomas. Dois agentes infecciosos não tradicionais, o protozoário Trichomonas vaginalis e a bactéria P. acnes da pele, potenciais causadores de infecção e inflamação da próstata, estão associados ao risco aumentado de câncer de próstata. Estudos também sugerem uma associação protetora entre câncer de próstata e a frequência de ejaculação, observaram um efeito de proteção em homens que relataram mais de cinco ejaculações por semana quando tinham por volta de 20 anos. Demonstrou-se um efeito protetor para os homens que relataram 21 ou mais ejaculações por mês quando tinham por volta de 20 e 40 anos, no ano anterior e durante a vida. A base biológica para esse efeito não é conhecida. Vasectomia Atualmente, o peso da evidência não sustenta um risco aumentado de câncer de próstata em homens que se submeteram à vasectomia. Tabagismo A fumaça do cigarro pode ser um fator de risco para o câncer de próstata, pois ela é uma fonte de exposição ao cádmio, aumenta a concentração dos andrógenos circulantes e causa estresse oxidativo celular significativo. Dieta Estudos epidemiológicos descritivos de migrantes, variações geográficas e estudos temporais sugerem que fatores dietéticos podem contribuir para o desenvolvimento do câncer da próstata. Assim, a evidência mais convincente do papel da dieta e de outros fatores ambientais na modulação do risco de câncer de próstata vem de estudos de migração que mostram um aumento da incidência dessa doença em imigrantes de primeira geração nos Estados Unidos que vieram do Japão e da China. Há uma forte correlação positiva entre a incidência de câncer de próstata e as taxas correspondentes de vários outros cânceres relacionados com dieta, como câncer da mama e do cólon. As dietas ricas em carne fontes de gordura também costumam ter baixo consumo de vegetais com nutrientes que podem proteger contra o câncer de próstata. Além disso, carnes e lacticínios contêm outros constituintes, como zinco e cálcio, que podem afetar o risco de câncer de próstata. O colesterol intracelular pode ser cancerígeno por ser um precursor esteroidal de T e DHT e por aumentar a sinalização da proteína Akt. Um trabalho molecular recente demonstrou que a expressão do gene codificador da proteína ABCA1 (do inglês ATP- binding cassette, subfamily A, member 1), o maior transportador de colesterol celular, é preferencialmente silenciada por hipermetilação do seu promotor em cânceres da próstata de graus intermediário a alto. Seus níveis de expressão são também inversamente correlacionados com o escore de Gleason. Obesidade A obesidade, medida pelo índice de massa corporal (IMC), parece ser um fator de risco para o câncer de próstata por causa de sua ocorrência comum em homens de meia- idade e ligações claras com risco de câncer de cólon e de mama. O tratamento da obesidade por meio da redução da ingestão de gorduras e do aumento da frequência de exercícios físicos reduz o estresse oxidativo. Isso sugere que as modificações no estilo de vida podem ser importantes na redução do risco de câncer de próstata, associação da obesidade a um menorrisco de doença de baixo grau histológico, mas um maior risco de doença de alto grau histológico. As explicações potenciais para a última observação são a associação da obesidade com concentrações séricas elevadas de estradiol, insulina, IGF- 1 livre e leptina e concentrações séricas baixas de T livre e adiponectina, que também parecem estar associados ao câncer de próstata mais agressivo. Interações complexas entre o viés de detecção e a biologia em homens obesos. ETR, exame de toque retal; E, estrógenos; IGF- 1, fator de crescimento semelhante à insulina; IL- 6, interleucina 6; PSA, antígeno prostático específico; T, testosterona. Consumo de Álcool Um estudo de caso- controle contemporâneo encontrou concentrações menores de PSA e maior risco de doença de alto grau histológico no momento do diagnóstico em bebedores pesados. O câncer de próstata é único entre os tumores sólidos, pois existe em duas formas: uma forma histológica ou clinicamente oculta que pode ser identificada em aproximadamente 30% dos homens com mais de 50 anos e em 60% a 70% daqueles com mais de 80 anos e uma forma clinicamente evidente que afeta cerca de 1 em cada 6 homens norte- americanos. A 5α- redutase do tipo 2 funcional é um pré- requisito para o desenvolvimento normal da próstata e dos órgãos genitais externos nos homens, e a exposição insuficiente da próstata à DHT parece proteger contra o desenvolvimento de câncer de próstata. Homens com deficiência herdada de 5α- redutase têm tecido prostático minúsculo, e biópsias demonstram a presença de estroma, mas não de epitélio. Além da falta de atividade enzimática, a ausência de T também pode proteger contra o desenvolvimento de câncer de próstata, conforme evidenciado pelas próstatas atróficas observadas em homens após a castração cirúrgica. Suspeita - > anamnese e exame físico com o toque retal (abaulamento ou nodulações). Além disso há como opções a tomografia, ressonância nuclear magnética prostática e cintilografia óssea. Coleta de PSA (critério para diagnóstico e estadiamento). O diagnóstico é feito pela confirmação anatomopatológica (biópsia transretal). Avaliação da glândula: ultrassom, tomografia e ressonância nuclear magnética da próstata. DHL e fosfatase alcalina - > volume de doenças e metástases ósseas. Hemograma - > anemia (à perda urinária ou de doença crônica) e pior prognóstico.
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