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MODIFICAÇÕES PRODUZIDAS NOS ALIMENTOS DURANTE O CONGELAMENTO Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos Caciano Zapata Noreña Depende da taxa de congelamento e das características dos produtos; Tecidos de estrutura com paredes e membranas celulares são mais afetados pela formação de cristais. 1. Danos por cristais de gelo: 1.1 Congelamento Lento a) Tecido vegetal: O lento abaixamento da temperatura provoca a formação de cristais no exterior das células devido ao ponto de congelação do fluido extracelular ser maior que o do fluido intracelular; 1. Danos por cristais de gelo: Com o aumento do tamanho dos cristais extracelulares os solutos dissolvidos no fluido extracelular se concentram promovendo a saída de água intracelular por osmose; Dano às membranas e desidratação das células pelo contínuo crescimento dos cristais; a) Tecido vegetal: A concentração intracelular de solutos reduz o ponto de início de congelamento e a probabilidade do início da cristalização no interior das células; A desidratação é irreversível quando ultrapassa certos níveis: as células não recuperam a hidratação original. a) Tecido vegetal: b) Tecido animal: Possui fibras mais flexíveis: menores alterações, que apesar de separar-se não chegam a quebrar. c) Alimentos com certa estrutura ou organização: Emulsões, espumas e géis; A formação de cristais provoca ruptura das emulsões na manteiga; Formações de bolsas de lipídios. 1.2 Congelamento Rápido Altas taxas de congelamento provoca formação de cristais de gelo no interior e exterior das células praticamente ao mesmo tempo; Mínimo deslocamento de água; Cristais pequenos e numerosos; A cristalização intracelular provoca certo grau de destruição da organização celular (tecidos de pouca permeabilidade no interior das células); Em tecidos com alta permeabilidade, existe certo grau de desidratação nas células independente da taxa de resfriamento; Fonte: Ordoñez (2005) CRIOPROTETORES Compostos com diversas composições que possuem grande afinidade com a água; Imobilizam a água e impedem sua cristalização; Impedem a desidratação celular; Úteis quando a taxa de congelamento é lenta; Prejudiciais quando a velocidade de congelação é rápida: neste caso servem como núcleos de cristalização celular; Exemplos: glicerol, sorbitol, monossacarídeos, sais e proteínas. CRIOPROTETORES A concentração de solutos na fração não congelada aumenta (faixa de temperatura de -5 a -15 ºC), ocasionando a aceleração das reações químicas nessa fração: Lei da Ação das Massas; 2. Aumento da concentração de solutos na solução não congelada Nessa faixa de temperaturas o efeito da baixa temperatura não diminui tanto a velocidade das reações químicas: a equação de Arrhenius não se cumpre totalmente. 2. Aumento da concentração de solutos na solução: a. A diminuição da temperatura sempre ocasiona a diminuição na velocidade das reações; b. A concentração dos solutos produz o efeito contrário, podendo, em alguns casos, aumentar a velocidade de oxidação, hidrólise ou desnaturação de proteínas. A congelação, nessa faixa de temperaturas, pode ter dois efeitos opostos sobre a velocidade das reações: O fenômeno ocasionado pela concentração de solutos e pelo abaixamento da temperatura é grave quando a taxa de congelamento é lenta pois o alimento se mantém muito tempo na zona crítica: (-5 ºC a -15 ºC). Efeito da redução da temperatura nas reações enzimáticas Depende das características de cada enzima; Podem ser ativadas ou inativadas, parcial e transitoriamente como consequência da alteração do meio (pH, quantidade de água disponível, aumento da concentração de solutos, ativadores, inibidores) e do estado da enzima; Pouco efeito devido a energia de ativação ser menor; Vegetais: catalase, peroxidase e proteases conservam atividade até -15 ºC ou -17 ºC; Lipases: atividades até -25 ºC ou -30 ºC. Efeito da redução da temperatura nas reações enzimáticas O congelamento não é um agente de esterilização; a -18 ºC não há destruição total dos MO presentes nos alimentos; Esporos de bactérias e fungos são muito resistentes e Gram + são mais resistentes que Gram - ; Efeito do congelamento nos microrganismos Coliformes não desenvolvem-se abaixo de 5 ºC; Toxinas não são afetadas pelo congelamento; Quanto maior a temperatura de armazenamento, maior a supervivência das bactérias; -18°C cessa o desenvolvimento dos MO; Efeito do congelamento nos microrganismos A maioria das bactérias não se multiplicam a temperaturas menores que -8 ºC; leveduras a -10 ºC e fungos a -12 ºC; MO psicrotróficos (-4 ºC a -7 ºC); Ainda que a temperatura seja baixa, a atividade metabólica pode ser significante; Efeito da congelamento nos microrganismos São mais sensíveis ao frio (larvas, protozoários, nematódeos); Efeito da congelamento nos parasitas Água líquida gelo: aumento em 9% do volume; Se contínua resfriando contrai-se ligeiramente; Em alimentos a expansão é menor que no gelo puro e depende do teor de água contida no produto; 3. Variação no volume: Os lipídeos contraem-se durante o congelamento; As variações no volume provocam tensões internas ocasionando danos na estrutura celular; O dano mecânico pela troca de volume afeta em maior proporção frutas e hortaliças (paredes celulares rígidas e células não alinhadas); 3. Variação no volume: CONSERVAÇÃO POR CONGELAMENTO Em geral, quando mais de 80% da água livre no alimento é transformada em gelo, obtém-se efeitos desejáveis de conservação; Reações físicas e químicas conduzem a uma perda de qualidade gradual, acumulativa e irreversível. Variação da porcentagem de água congelada em função da temperatura Fonte: Neves (1983) Porcentagem do teor de água congelada em relação ao teor de água a diferentes temperaturas 979695938850Espinafre 878786858050 Gema de ovo 928986806476Ervilha 888785827474 Carne magra 969390857288 Suco de fruta % de água congelada -5ºC -10ºC -15ºC -20ºC -30ºC Teor de água(%) Produto 1. Métodos de congelamento (taxas de congelamento) a) lenta b) rápida c) ultra rápida 2. Métodos de congelamento Ar sem movimento: mais barato, porém muito lento (temperatura oscila entre -10 ºC e -20 ºC); Ar forçado: túnel e leito fluidizado (velocidade do ar excede a velocidade de caída das partículas - IQF). a) Congeladores por ar: 2. Métodos de congelamento O alimento é colocado em contato com uma placa resfriada por uma substância refrigerante. b) Congeladores por contato direto: Imersão direta do alimento no meio refrigerante ou pulverização do líquido sobre o produto (congelação quase instantânea); Soluções: NaCl, açúcar, glicol; Líquidos criogênicos: gases liquefeitos com ponto de ebulição baixos (N2 e CO2, com tempos de 1 a 3 min.) 2. Métodos de congelamento c) Congeladores por imersão: Figura. Faixas de velocidade de congelamento Fonte: Neves (1984) 3. Tempo de congelamento para frutas e vegetais pequenos: a) Congelação com embalagem (300g): - ar forçado: 3 a 5 horas - placa: ½ a 2 horas b) Congelamento a granel (ar forçado): - esteira: 20 a 30 min. - esteira fluidizada: 5 a 10 min. c) Congelação criogênica: 1 a 1 ½ min. ESTOCAGEM POR CONGELAMENTO Estocagem em meses a diferentes temperaturas: >2412-ovo >953Peixe com gordura 15106Porco (carcaça) 24158Bife (carcaça) 1510-Cebola >24246Ervilha >24124Couve flor >241810Cenoura >24123Aspargos >2424-Suco de frutas >24184Pêssego >24184Pêra - 24 ºC- 18 ºC- 12 ºCProduto
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