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1 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG - 8º Período PERIODONTIA II Prof: Rafael Paschoal REGENERAÇÃO PERIODONTAL Regeneração periodontal -> Melhora dos desfechos clínicos em longo prazo - Diminuir risco de recidiva de doença - Aumentar a chance de estabilidade daquele resultado com a terapia periodontal ativa - Não é uma terapia de tratamento de doença, deve ser indicada após terapia periodontal ativa, onde já se tem um controle do quadro inflamatório Principais objetivos: - Aumentar a inserção periodontal de dentes muito comprometidos (melhora do prognóstico do dente) - Reduzir profundidade de bolsa para uma faixa mais sustentável (evitar reinfecção e recidiva de doença naquele sítio) - Reduzir os componentes vertical e horizontal dos defeitos de furca CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO DOS DEFEITOS ÓSSEOS PERIODONTAIS Supraósseo: A base da bolsa está acima da crista óssea Infra-ósseo: A base da bolsa está num nível apical à crista óssea Inter-radicular: Quando há envolvimento de furca - Esta classificação é feita baseada na avaliação clínica (ex: no momento da cirurgia a retalho é possível visualizar estes defeitos) - Pela radiografia e sondagem dá pra se ter uma ideia de qual tipo de defeito está presente, mas a confirmação se dá no momento da cirurgia periodontal Classificação dos defeitos Infra-ósseos: Intra-ósseos: É aquele defeito que está envolvendo apenas um dente. Defeito intra-ósseo de uma parece: Defeito vertical que apresenta uma parede remanescente. Defeito intra-ósseo de duas paredes: Defeito vertical que apresenta duas paredes remanescentes. Defeito intra-ósseo de três paredes: Defeito que apresenta três paredes remanescentes Cratera interproximal: Envolve dois dentes adjacentes. Defeito que envolve duas raízes. E que a parede lingual ou vestibular está num nível mais acima do que o defeito central da cratera. - Defeitos são vistos pela radiografia, porém para saber a quantidade de paredes do defeito, só é possível através do aspecto clínico (cirurgia) REGENERAÇÃO PERIODONTAL: - Fatores que irão interferir no prognóstico do dente Fatores relacionados ao paciente: Infecção periodontal: - Regeneração periodontal e tratamento da periodontite. - Controle do biofilme: efeito dose-dependente sobre o desfecho da regeneração. O paciente deve ser colaborador para se indicar uma terapia regenerativa e se tenha os melhores resultados (ganho de inserção, redução de profundidade de sondagem e regeneração dos tecidos perdidos) Placa inferior a 10%, ganho de 1,89mm maior que placa superior a 20%. Tabagismo: - Associado à redução nos ganhos de inserção. - Efeito prejudicial dose-dependente nos ganhos de inserção. Outros fatores relacionados ao paciente: - Idade, genética, condições sistêmicas (diabetes) ou níveis de estresse Estes fatores precisam ser controlados e avaliados previamente à indicação de uma terapia regenerativa. 2 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG - 8º Período Fatores relacionados ao defeito: Tipo de defeito: - Sem evidência científica: defeitos supraósseos (horizontais) ou crateras interdentais (sem indicação de terapia regenerativa). - Indicação: defeitos infra-ósseos (verticais). Furca: - Imprevisível: envolvimento de furca grau II maxilar e grau III maxilar/mandibular (sem indicação de terapia regenerativa). - Indicação: envolvimento de furca grau II mandibular. Morfologia do defeito: - Profundidade e largura do defeito. Defeitos profundos e finos possuem um melhor prognóstico. - Número de paredes ósseas: melhor prognóstico em defeitos de três paredes, por ser mais retentivo. Defeito de duas paredes depende da sua profundidade e largura. Fatores relacionados ao dente: Mobilidade dental: dentes com mobilidade apresentam prognóstico duvidoso na regeneração. ABORDAGEM CIRÚRGICA: - Mudanças na técnica cirúrgica devem ser feitas para melhorar o prognóstico - Necessidade de preservar tecidos moles e tecidos interdentais - O desenho do retalho deve ser feito pensando na preservação dos tecidos moles e interdentais e na possibilidade de cobertura do material de enxertia e/ou membrana para evitar a exposição deles (condição crítica na terapia regenerativa) - Membrana exposta: aumento do risco de infecção, pior resultado da terapia regenerativa, insucesso da cirurgia Retalhos com preservação de papila: Indicação: Espaço interdental amplo 1. Incisão horizontal realizada na gengiva queratinizada vestibular da base da papila. 2. Incisões intrasulculares mesio- distais na vestibular. 3. Elevação de retalho de espessura total na vestibular. 4. Elevação de retalho palatino incluindo tecidos interdentais. -> acesso ao defeito 5. Debridamento do defeito (curetagem, remoção de tecido de granulação e limpeza do defeito). a. deixar o coágulo encher o defeito e suturar ou b. colocar uma membrana de barreira ou enxerto ósseo - Analisar defeito pela quantidade de paredes e profundidade - Verificar se há necessidade de indicação de biomaterial, membrana ou só deixar coágulo preencher defeito 6. Sutura: colchoeiro interna (para facilitar o fechamento passivo da região e a não exposição da membrana e/ou enxerto). Sutura colchoeiro vertical interno - Penetrar o retalho vestibular 4- 6 mm da margem. - Passar a agulha sob o ponto de contato. - Penetrar a face interna do retalho lingual/palatino 4-6 mm da margem. - Penetrar novamente a face externa lingual/palatina 2-3 mm da margem. - Passar a agulha sob o ponto de contato. - Finalizar o ponto dando o nó pela vestibular - A linha passa internamente CONDUTA PÓS-OPERATÓRIA: - Antibiótico sistêmico (prevenir infecção em membrana e enxerto) - Clorexidina - Evitar higienização na área do enxerto - Manutenção profissional semanal - Remoção de membranas não reabsorvíveis: 4 a 6 semanas 3 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG - 8º Período MATERIAIS DE BARREIRA: Regeneração tecidual guiada Por que utilizar membrana no defeito? - Se apenas realizarmos a cirurgia à retalho, raspagem e curetagem, voltamos com o retalho para o lugar e não colocamos uma barreira, as primeiras células que irão chegar nesta região do defeito são as células do tecido gengival, e com a cicatrização há formação de tecido juncional longo no defeito e a regeneração óssea desejada não ocorre. - Ao colocar a barreira, impedimos que as células gengivais cheguem no defeito e este tecido juncional longo se forme, com isso, as células que têm capacidade de regeneração óssea conseguem chegar no local do defeito (células provenientes do ligamento periodontal). MATERIAIS DE BARREIRA: Características essenciais: - Biocompatibilidade. - Barreira para tipos celulares indesejados (devem barrar as células epiteliais do tecido gengival). - Permitir a passagem de nutrientes e gases. - Permitir uma integração tecidual. - Capacidade de criar e manter espaço adjacente à superfície radicular (ter certa resistência para manter o espaço do defeito vertical e permitir a regeneração de osso naquele local). - Proporcionar estabilidade ao coágulo (não pode ficar movimentando). Materiais não biorreabsorvíveis: e-PTFE: Membrana de politetrafluoretileno. Membrana mais rígida que apresenta diversos tamanhos e formatos. Pode ser moldada, recortada de acordo com a necessidade para uma melhor adaptação no defeito. - Cumprem uma série de requisitos importantes nas características ideais que uma membrana deve ter,mas por outro lado, são membranas não reabsorvíveis que necessitam de outro tempo cirúrgico para serem removidas. Materiais biorreabsorvíveis: - Materiais que não necessitam de outro tempo cirúrgico para remoção. Colágeno: - Sua degradação ocorre de 21 dias até 3 meses - Pode ter origem suína, bovina, retirada de diversas partes do animal - Por serem muito maleáveis há uma dificuldade em manter o espaço (arcabouço) do defeito para a regeneração óssea. Quando associada a um enxerto ósseo há uma melhora em sua estabilidade. - Reabsorvida pela atividade enzimática de macrófagos e leucócitos PMN. - Variabilidade de resultados nos estudos. - Complicações relatadas: degradação precoce, invaginação epitelial ao longo da membrana e perda prematura da membrana. Ácido polilático: - Muito semelhante ao colágeno, mas com uma resistência maior - Biocompatíveis - Degradado por hidrólise. Não são inertes - espera-se alguma reação tecidual durante degradação. - Alguns estudos demonstram resultados satisfatórios semelhantes às barreiras não biorreabsorvíveis. Estudos mostram que a utilização de material de barreira em cirurgias de regeneração tecidual garante melhoras clínicas significativas em defeitos intraósseos: ganho de inserção, redução de PS e ganhos ósseos. Lesão de furca: - Utilização de material de barreira para manter o espaço e permitir que as células do ligamento periodontal cheguem e ocorra a regeneração óssea. - Beneficio adicional no tratamento de defeito de furca mandibular classe II. - Resultados inconsistentes no tratamento de defeito de furca maxilar classe II. - Resultado imprevisível no tratamento de defeito de furca classe III. 4 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG - 8º Período ENXERTOS PARA REPOSIÇÃO ÓSSEA: Origem humana: - Autólogo ou autógeno (do próprio paciente) ou alógeno (de outro indivíduo – banco de osso) Origem animal: - Xenógeno (bio-oss® - origem bovina) Sintético: - Aloplástico (hidroxiapatita) Todos apresentam osteocondução (servem de arcabouço para que as células que irão atuar na regeneração venham para esta região e começam a povoar a região do defeito) e osteoindução (capacidade de induzir a diferenciação celular e a formação de células que irão trabalhar na regeneração - osteoblastos) e apresentam excelentes resultados na terapia regenerativa periodontal. MATERIAIS REGENERATIVOS BIOLOGICAMENTE ATIVOS: - Possuem capacidade de induzir ou acelerar os processos de formação matricial e diferenciação celular, para que se tenha células viáveis capazes de formar osso, cemento, ligamento periodontal e regenerar aquela região que foi afetada/comprometida. Derivados de matriz de esmalte: - Benefício adicional em defeitos intraósseos: ganho de inserção, redução da PS e previsibilidade de desfechos. - Desfechos controversos no tratamento de furcas. - As células do ligamento periodontal que tiverem contato com o material sofrem uma alteração, modificam seu fenótipo por meio do aumento da expressão de genes relacionados a fatores de crescimento e diferenciação. As células do ligamento periodontal que apresentam essa capacidade (formar cemento, formar novo osso). Como funciona: - Há um aumento da proliferação de células do ligamento periodontal, fibroblastos gengivais e osteoblastos - Regulação dos marcadores de formação óssea - Papel indutivo na cementogênese TERAPIA COMBINADA: - Material de barreira + enxerto ósseo - Possível efeito aditivo com a combinação de diferentes princípios regenerativos. - Osteocondução e osteoindução - Provisão de espaço (manutenção do espaço para a regeneração) - Estabilização do coágulo Ex: membrana de colágeno + enxerto ósseo ESTRATÉGIAS CLÍNICAS: - Potencial das membranas, da combinação de membranas e enxerto e do uso da matriz derivada de esmalte na regeneração periodontal em defeitos intraósseos. - As evidências existentes não apóiam uma única abordagem regenerativa. - Fatores relacionados ao paciente, incluindo tabagismo, infecção periodontal residual e higiene oral, bem como fatores relacionados à morfologia do defeito influenciam o desfecho final (controle de placa rigoroso). - A exposição e contaminação da membrana está associada aos piores desfechos. - A otimização da abordagem cirúrgica e o controle das variáveis cirúrgicas podem melhorar os desfechos, uma vez que evitam a contaminação e a exposição da membrana. Pontos de maior contribuição para a regeneração periodontal: - Espaço para a formação do coágulo sanguíneo na interface entre o retalho e a superfície radicular. - Estabilidade para o coágulo sanguíneo manter uma continuidade com a superfície radicular. Proteção de tecido mole para a área tratada, a área não pode ficar exposta no meio bucal.
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