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Carcinoma epidermóide Oncologia Oral – UFPE Larissa Albuquerque *Também conhecido como carcinoma de células escamosas, corresponde a cerca de 95% de todas as malignidades orais, sendo os 5% restantes relacionados aos tumores de glândulas salivares, sarcomas e linfomas. *A prevalência maior é para homens de meia-idade e idosos. *A sua etiologia é multifatorial e não existe um fator único claramente definido como causador, acredita- se, então, que é o conjunto de fatores que produz a malignidade. Os fatores intrínsecos são o fumo de tabaco com fumaça (80% dos pacientes são fumantes), consumo de álcool (principalmente em associação com o fumo), sífilis e luz solar (para câncer de vermelhão do lábio). Já os fatores intrínsecos incluem estados sistêmicos como desnutrição ou anemia por deficiência de ferro. Muitos casos são associados ou precedidos a uma lesão pré- cancerosa, especialmente a leucoplasia. *Geralmente os indivíduos afetados apenas procuram ajuda profissional após 4 a 8 meses do início da lesão, podendo ocorrer em até 24 meses para grupos socioeconomicamente desfavorecidos. No início do crescimento, a lesão apresenta dor mínima, o que pode explicar a demora para a busca profissional. *O carcinoma de células escamosas oral tem diversas apresentações clínicas: • Exofítica: ocorre a formação de aumento de volume, que pode ser vegetante, papilar e verruciforme. A cor pode variar de normal, vermelho ou branco, a depender da vascularização e quantidade de queratina. A superfície é ulcerada e duro à palpação (endurado). Esse crescimento facilita o diagnóstico. • Endofítica: é uma lesão invasiva, escavada e ulcerada, com formato irregular e borda em rolete (devido à invasão) de mucosa normal, vermelha ou branca. • Leucopásica: apresenta-se como mancha branca. • Eritroplásica: apresenta-se como mancha vermelha. • Eritroleucoplásica: é uma combinação de áreas vermelhas e brancas. 1: lesão exofítica em mucosa jugal com ulceração; 2: lesão eritroplásica no soalho de boca. 1: lesão leucoplásica na região ventrolateral da língua; 2: lesão eritroleucoplásica na mucosa jugal posterior. Câncer epidermóide do vermelhão de lábio *Geralmente ocorre em pessoas de pele clara, com exposição prolongada aos raios UV, com história de dano agudo por queimadura solar, tabagistas ou associada a doenças multifatoriais. *Essa lesão está associada à queilose actínica e pode ocorrer no local em que o paciente segura o cigarro, charuto ou cachimbo, sendo a maioria das lesões em lábio inferior. *O carcinoma do vermelhão do lábio clinicamente é uma ulceração endurecida, indolor, com crosta e exsudativa, com menos de 1cm no maior diâmetro quando descoberta. *Ele tem uma taxa de crescimento lenta, o que adia o diagnóstico porque o paciente demora a procurar ajuda profissional. *Pode ocorrer metástase, atingindo cerca de 2% dos pacientes, afetando os linfonodos submentonianos e submandibulares. Carcinoma de células escamosas com aumento de volume ulcerado do vermelhão do lábio inferior. Oncologia Oral Larissa Albuquerque Câncer de gengiva *A lesão tem como etiologia o tabagismo e etilismo, além do envolvimento genético. Pode ocorrer metástase para os linfonodos jugulares, submandibulares e submentonianos. Normalmente é indolor e é mais frequente na mucosa queratinizada de uma região próxima à região posterior da mandíbula. *Tem como característica a capacidade de simular lesões inflamatórias benignas e lesões reacionais, como o granuloma piogênico. *Quando ocorre em região edêntula, pode causar aumento de volume que é semelhante ao causado pela hiperplasia fibrosa inflamatória, envolvendo a borda da dentadura. Lesão exofítica com superfície irregular e com indentação ao longo da porção vestibular devido à pressão da prótese. Câncer epidermóide de soalho de boca *Tem frequência maior em homens do que em mulheres e é responsável por 35% de todos os cânceres intraorais. *É a lesão que tem maior propensão a se originar de uma leucoplasia ou eritroplasia pré-existente e de desenvolver uma segunda malignidade primária em outra localização. Geralmente acomete a linha média, próximo ao freio lingual. Câncer epidermóide de língua *2/3 das lesões iniciam com o aumento de volume ou por úlceras endurecidas, indolores, localizadas na margem lateral posterior. 20% ocorrem nas superfícies anterior lateral ou ventral e apenas 4% ocorrem no dorso. *Pode ocorrer metástase para os linfonodos digástricos e submantibulares e terço médio jugular. Carcinoma de células escamosas na mar- gem lateral posterior da língua com aumen- to de volume exofítico. Lesão com aumento de volume da língua. Câncer epidermóide de palato *Geralmente o tumor tem tamanho maior do que os localizados mais anterior- mente e possui maior chance de metástase, pois quanto mais posterior ou inferior for a lesão, maior a chance de disseminação linfática. Lesões ulceradas na região de palato mole. Aspectos histopatológicos *Histopatologicamente é caracterizado pela presença de ilhas e cordões invasivos de células escamosas epiteliais malignas. *A invasão no tecido é representada pela extensão irregular do epitélio lesionada da membrana basal para o interior do tecido conjuntivo subepitelial. *As ilhas ou cordoes de células são observados pelo interior do tecido conjuntivo, sem adesão ao epitélio da superfície. *O aumento de volume celular em invasão pode se estender profundamente, até o interior do tecido adiposo, músculo e osso subjacentes, destruindo o tecido original. *As células lesionais podem destruir vasos sanguíneos e invadir o interior de veias e vasos linfáticos, além de poder induzir a angiogênese e formar fibrose densa. *Muitas vezes ocorre uma forte resposta inflamatória ou imune celular no epitélio em invasão e pode apresentar áreas de necrose. *As células lesionais apresentam citoplasma eosinofílico abundante, com núcleos grandes e coloração intensa (hipercromáticos), além de relação núcleo-citoplasma aumentada. *Ainda podem apresentar diferentes níveis de pleomorfismo celular e nuclear. Também é comum a formação de pérolas de queratina, que são focos arredondados de camadas concêntricas de células Oncologia Oral Larissa Albuquerque queratinizadas, produzidas no interior do epitélio lesional. Graus de diferenciação *A avaliação histopatológica classifica os tumores em relação a sua semelhança com o tecido de origem, classificando de acordo com a gradação em grau I, II e III. *Bem diferenciado ou grau I: o tumor é parecido com o seu tecido de origem e cresce em velocidade menor e tem metástase em um estágio avançado do curso clínico. Carcinoma bem diferenciado. Células epiteliais displásica com pérolas de queratina. Figuras de mitose abundantes e atípicas, hipercromatismo, pleomorfismo celular e nuclear. Figuras concêntricas em forma de ninho (pérolas de queratina). *Indiferenciado ou grau III: é uma lesão com muito pleomorfismo celular e nuclear, com pouca ou nenhuma produção de queratina e dificuldade de identificar qual o seu tecido de origem. Normalmente apresenta crescimento rápido e metástase precoce. Células muito grandes e ovaladas. Muitas células pleomórficas no interior da lâmina própria. *Moderadamente diferenciado ou grau II: ocorre quando o tumor apresenta microscopia entre esses dois extremos. É possível reconhecer que as células malignas são de origem epitelial escamosa. Referências: • Patologia oral & maxilofacial / Brad Neville... [et al.] - [tradução Danielle Resende Camisasca Barroso... et al.]. — Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
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