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livro anatomofisiologia

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ANATOMOFISIOLOGIA
DO CORPO HUMANO
Débora Nunes Martins Bueno
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CONHECENDO A DISCIPLINA
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) ao estudo da anatomo�siologia do corpo humano.
Esta disciplina é de extrema importância para todos os estudantes que
estão em busca de uma carreira na área da saúde. Neste livro trataremos
da anatomia e �siologia dos sistemas que compreendem o corpo
humano. A anatomia humana nos possibilita conhecer as várias
estruturas que compõem o nosso corpo; a �siologia proporciona o
entendimento do funcionamento do corpo humano. Por esse motivo,
aqui serão abordadas, de forma conjunta, essas duas disciplinas que são
a base do conhecimento para qualquer situação que você irá se deparar
no decorrer da sua vida pro�ssional.
Neste livro, você terá a oportunidade de conhecer todos os conceitos
dos sistemas que compõem o corpo humano. Vamos estudar em
detalhes as partes anatômicas dos sistemas respiratório, digestório,
circulatório, renal, endócrino e reprodutor. Além de compreender
Deseja ouvir este material?
Áudio disponível no material digital.
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profundamente o funcionamento de cada um desses sistemas, tudo isto
servirá de suporte para você entender como nosso corpo funciona em
movimento.
O presente livro contém 4 Unidades, cada uma com 3 Seções. Na
Unidade 1, vamos falar sobre a histologia, anatomia e �siologia dos
sistemas respiratórios e digestório. Já na Unidade 2, o assunto abordado
será a histologia, anatomia e �siologia do sistema circulatório. Na
Unidade 3, vamos conversar sobre histologia, anatomia e �siologia do
sistema renal. E, por �m, na Unidade 4, o tema será a histologia,
anatomia e �siologia dos sistemas endócrino e reprodutor.
Este livro servirá como uma orientação para o seu estudo,
proporcionando a você uma grande quantidade de informações sobre os
principais sistemas do corpo humano, contribuindo para o pro�ssional
que você será no futuro. 
Vamos começar?
Boa sorte e bons estudos!
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NÃO PODE FALTAR
ANATOMOFISIOLOGIA
DO SISTEMA
RESPIRATÓRIO
Débora Nunes Martins Bueno
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CONVITE AO ESTUDO
Fonte: Shutterstock.
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Nesta primeira Unidade, iniciaremos nosso estudo pelos sistemas
respiratório e digestório. Estudaremos em detalhes as partes anatômicas
desses dois sistemas, além de compreender seu funcionamento, o que
servirá de suporte para você entender como nosso corpo funciona em
movimento.
Assim, para exempli�car melhor um dos temas abordados nesta
Unidade, re�etiremos sobre a situação de temor mundial que estamos
vivendo atualmente despertada pela COVID-19, uma doença que pode
causar, dentre outros sintomas, a di�culdade respiratória. Seria possível
você entender onde ocorre o bloqueio que causa a falta de ar? Nesta
Unidade você conhecerá as estruturas envolvidas no processo da
respiração e suas funções. E você sabia que a prática de atividade física
pode melhorar a capacidade pulmonar? Um grupo de pesquisadores
demostrou que a atividade física diminui a prevalência de hospitalização
associada à COVID-19 (SOUZA et al., 2020). Ficou curioso em estudar
mais sobre o assunto? 
Para você aprender sobre como o sistema respiratório funciona,
estudaremos todas suas estruturas; como ocorre a mecânica da
ventilação pulmonar; de que modo acontecem as trocas gasosas; como
os gases são transportados pelo corpo; qual o mecanismo de controle da
respiração; qual a relação dos volumes e das capacidades pulmonares; e,
ainda, quais as principais doenças que afetam o sistema respiratório.
A escolha de cada tópico abordado para o estudo do sistema respiratório
trará a você o entendimento de como o corpo humano funciona e quais
estruturas estão envolvidas no seu perfeito funcionamento, esteja o
indivíduo em repouso ou praticando atividade física. 
Além disso, para o estudo do sistema digestório – que também será
abordado nesta Unidade – precisamos mencionar todas as estruturas
que o compõem; entender como ocorrem a deglutição e a motilidade do
trato gastrointestinal; como acontece a digestão e a absorção intestinal;
e, então, quais as principais doenças relacionadas ao sistema digestório.
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De fato, as doenças que afetam esses sistemas desperta-nos a
curiosidade de aprender sobre o funcionamento do corpo humano e
quais são suas limitações.
PRATICAR PARA APRENDER
Nesta Seção daremos início ao estudo do sistema respiratório. Como
etapa inicial, compreenderemos a divisão funcional do sistema
respiratório, conhecendo as estruturas da parte condutora e da parte
respiratória. Além disso, você será convidado a entender, de forma
prática, como esse sistema pode se alterar durante diferentes tipos de
exercício físico.
Você talvez já tenha escutado que os pulmões são a fonte de
fornecimento de oxigênio (O ) para nosso corpo e que são eles que
removem o dióxido de carbono (CO ) do corpo. E o que acontece
durante o exercício físico? À medida que nos movimentamos no decorrer
da atividade física, recrutamos mais músculos para executar o
movimento. Nosso organismo, então, vai utilizar cada vez mais oxigênio e
gerar mais dióxido de carbono para ser eliminado. Por essa razão, ao
longo do exercício físico, aumentamos nossa respiração para suprir a
demanda do nosso corpo. 
Sendo assim, o estudo do sistema respiratório se torna ainda mais
interessante quando pensamos nas diversas maneiras que podemos
alterar os padrões respiratórios, seja em repouso ou nas diversas fases
do exercício físico.
Imagine que você é professor de Educação Física em uma academia de
ginástica e vai ministrar uma aula dinâmica de circuito para uma turma
de oito alunos. Então, você começa a separar os materiais e a montar os
circuitos e decide que é melhor separar os alunos em dois grupos. Cada
grupo vai realizar os exercícios passando por alguns obstáculos. Durante
a aula, um dos alunos se desequilibra, cai sobre um dos objetos que faz
parte do circuito e grita de dor, colocando as mãos sobre a caixa
torácica.
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Você corre para entender o que aconteceu e tenta acalmar o aluno para
poder avaliar a situação e ele começa a se queixar de falta de ar e muita
dor no tórax e abdome. Em seguida, você tenta apalpar a região e
percebe um afundamento das costelas do lado esquerdo.
Nesse momento, você tenta entender o que pode estar acontecendo
dentro do corpo do seu aluno. O que será que o afundamento das
costelas pode ter causado? E por que o aluno não consegue realizar a
respiração completa? O que você pode fazer para ajudar seu aluno.
CONCEITO-CHAVE
O sistema respiratório apresenta duas divisões que se completam: parte
superior e inferior, de acordo com suas estruturas, e parte condutora e
respiratória, devido à sua funcionalidade. As principais funções desse
sistema são aquecer, umedecer e �ltrar o ar, emitir som e,
principalmente, realizar a troca gasosa. 
A parte condutora do sistema respiratório inclui nariz, faringe, laringe,
traqueia, brônquios e bronquíolos (Figura 1.1), e a parte respiratória se
consiste nos alvéolos (Figura 1.2). A seguir, vamos conhecer cada uma
dessas estruturas e como elas desempenham um papel importante no
sistema.
NARIZ: o local de entrada de ar no sistema respiratório é pelo nariz, que
é dividido em parte externa e interna. A primeira é coberta com pele e
sustentada pelos ossos nasais e cartilagens �exíveis, das quais uma delas
forma o septo do nariz, que separa a cavidade do nariz em duas
câmaras, direita e esquerda.
A cavidade nasal compõe a parte interna do nariz. A parte anterior desta
cavidade é composta pelas narinas, por onde o ar entra. Essa região é
revestida por um epitélio estrati�cado pavimentoso, onde estão
localizados os pêlos nasais, chamados vibrissas, que �ltram partículas de
poeira e evitam que sejam inaladas.
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FARINGE: a faringe é um órgão que tem uma extensão de
aproximadamente 13 cm. Ela pertence a dois sistemas, o respiratório e o
digestório. De fato, podemos observar que a faringe conecta a cavidade
nasal e oral à laringe e esôfago. 
A parede externa da faringe é sustentada por um músculo estriado
esquelético e é revestida por uma mucosa. A faringe se divide em três
partes, e em cada uma delas podemos encontrar estruturas com
funções distintas. A parte nasal da faringe é o local por onde passa
somente o ar – podemos observar a úvula palatina ao �nal do palato
mole, estrutura importante para impedir que alimentos invadam a
cavidade nasal. Já a parte oral da faringe é um local em que alimentos e
líquidos deglutidos – e o ar – passam. Podemos observar um par de
tonsilas palatinas e tonsilas linguais, que são órgãos pertencentes ao
sistema linfático. E, por �m, a parte laríngea da faringe, que conduz o ar
para a laringe e os alimentos e líquidos para o esôfago.
LARINGE: a laringe conecta a parte laríngea da faringe com a traqueia.
Possui como função principal impedir que alimentos ou líquidos entrem
na traqueia e permitir que o ar chegue até os pulmões.
É composta por nove cartilagens. A maior delas se chama cartilagem
tireóidea e possui uma proeminência conhecida como “pomo de Adão”
que pode ser palpada no pescoço e é muito mais visível nos homens do
que nas mulheres. A cartilagem epiglote, que desempenha um papel
protetor das vias aéreas, possui a �exibilidade de, durante a deglutição,
fechar a laringe para que alimentos e líquidos possam entrar no esôfago
e, durante a respiração, se abrir para a passagem do ar. 
Além disso, é na laringe que se encontram as cordas vocais, que vibram
com a passagem do ar, produzindo sons.
TRAQUEIA: a traqueia mede, em média, 12 cm. Ela liga a laringe ao
brônquio principal. É composta de cartilagem hialina em formato de C,
que possibilita manter a via aérea sempre aberta. De forma intrigante, a
traqueia é revestida por epitélio pseudoestrati�cado colunar ciliado que
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contém numerosas células que secretam muco. Estes cílios se
movimentam carregando as partículas estranhas e muco excessivo para
fora da traqueia, levando estas partículas até a faringe, onde podem ser
deglutidas.
E então, a traqueia se bifurca para formar os brônquios principais direito
e esquerdo que irão penetrar nos pulmões, e essa cartilagem da
bifurcação recebe o nome de carina.
BRÔNQUIOS: os brônquios principais ou primários direito e esquerdo
são provenientes da bifurcação da traqueia, penetram nos pulmões e,
então, se rami�cam em tubos menores denominados brônquios lobares
ou secundários por se dividirem para cada lobo do pulmão. Eles se
rami�cam em brônquios segmentares ou terciários, que, por �m, se
rami�cam várias vezes até formar os bronquíolos.
BRONQUÍOLOS: os bronquíolos continuam a se rami�car até formar os
bronquíolos terminais, que dão origem aos bronquíolos respiratórios e
que vão se fragmentar em diversos ductos alveolares.
Figura 1.1 | Anatomia do Sistema Respiratório
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Fonte: Larosa (2016, p. 201).
EXEMPLIFICANDO
A asma é uma enfermidade que pode ser infecciosa ou
alérgica, e está diretamente ligada aos bronquíolos. As
paredes dos brônquios principais são iguais aos da traqueia, o
que os mantém abertos mesmo quando se estende pelo
pulmão. Além disso, observa-se músculo liso presente nos
brônquios. À medida que os brônquios se rami�cam e se
tornam cada vez menores, as cartilagens que os envolvem
deixam de existir, restando somente o músculo liso os
envolvendo, assim se formam os bronquíolos.
Dessa forma, quando uma pessoa entra em crise asmática, o
que acontece é que os músculos que envolvem os
bronquíolos entram em contração, e a falta da cartilagem
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para impedir o seu fechamento causa o estreitamento da
passagem de ar, apresentando como principal sintoma a
di�culdade de respirar.
ALVÉOLOS: os ductos alveolares se abrem formando os alvéolos
pulmonares, que se agrupam em os sacos alveolares (Figura 1.2). Os
alvéolos são revestidos por um epitélio pavimentoso simples e não
possuem músculo liso. Neles ocorrem as trocas gasosas. Por esse motivo,
nas paredes dos alvéolos encontra-se uma complexa rede de vasos
capilares. Nesse sentido, as paredes dos alvéolos são constituídas por
células alveolares (Figura 1.5) denominadas pneumócito tipo I e
pneumócito tipo II. 
Os pneumócitos tipo I são mais �nos e, devido à essa característica,
favorece a difusão dos gases. Já os pneumócitos tipo II são mais espessos
e secretam uma substância conhecida como surfactante, extremamente
importante para manter os alvéolos abertos.
Além disso, nas paredes dos alvéolos encontram-se os macrófagos, célula
de defesa que remove as partículas de poeira presentes nos alvéolos.
Figura 1.2 | Alvéolos e capilares pulmonares
Fonte: Van De Graa� (2003, p. 613).
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PULMÕES: os pulmões são divididos em direito e esquerdo (Figura 1.1),
estão localizados na cavidade torácica, onde �cam dispostos desde o
diafragma até um pouco acima das clavículas e são circundados anterior
e posteriormente pelas costelas. Além disso, os pulmões �cam separados
um do outro pelo coração e o mediastino. A parte do pulmão situada
superiormente é chamada de ápice, e a parte inferior é a base.
O pulmão esquerdo é um pouco menor do que o direito, isso se dá pelo
fato de o coração invadir uma parte, formando a impressão cardíaca.
Nesse sentido, o pulmão esquerdo se divide apenas em dois lobos
(superior e inferior) separados pela �ssura oblíqua. No entanto, o
pulmão direito se divide em três lobos (superior, médio e inferior) e
possui duas �ssuras (horizontal e oblíqua) (ver Figura 1.3).
Cada lobo do pulmão é dividido em lóbulos que contêm os alvéolos
pulmonares. Estas divisões lobulares do pulmão formam os segmentos
broncopulmonares. Cada segmento tem seu próprio suprimento
sanguíneo. Assim, se houver alteração em um dos segmentos, este pode
ser removido cirurgicamente sem o comprometimento dos demais.
PLEURA: os pulmões e a cavidade torácica são envolvidos por uma
membrana serosa chamada pleura. A pleura possui duas porções: a
pleura visceral, que adere na superfície externa dos pulmões, e a pleura
parietal, que reveste as paredes da cavidade torácica (Figura 1.3). Entre
as duas porções da pleura existe uma cavidade pleural que é preenchida
pelo líquido pleural.
O líquido pleural é secretado pela pleura e tem a função de reduzir o
atrito das duas porções durante os movimentos causado pela
respiração.
Figura 1.3 | Pulmões e Pleuras
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Fonte: Van De Graa� (2003, p. 617).
MECÂNICA DA VENTILAÇÃO: a ventilação pulmonar ou respiração
envolve o movimento do tórax para que o ar entre e saia dos pulmões –
aproximadamente 500 ml de ar entra e sai dos pulmões em cada
respiração. A �exibilidade da cavidade torácica é muito importante para
o movimento da respiração. As paredes laterais da caixa torácica são
�exíveis pelo fato de a maioria das costelas estarem ligadas ao osso
esterno pelas cartilagens costais elásticas, e devido ao músculo
diafragma que �ca localizado no assoalho dessa cavidade.
A respiração acontece devido à diferença de pressão entre a atmosfera e
os pulmões. Ela é composta por duas fases, inspiração e expiração
(Figura 1.4). A inspiração ocorre quando a pressão do ar no interior dos
pulmões é menor do que a pressão atmosférica. Já a expiração acontece
quando a pressão do ar no interior dos pulmões é maior do que a
pressão atmosférica.
Durante uma inspiração de repouso, o tamanho da cavidade torácica
aumenta devido à contração do músculo diafragma, causando o seu
achatamento, além da contração dos músculos intercostaisexternos e a
porção intercondral dos músculos intercostais internos que puxam as
costelas para cima. Porém, quando se faz uma inspiração forçada ou
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profunda, ocorre o recrutamento dos músculos escalenos e
esternocleidomastoideo, que puxam as costelas para cima e, assim,
produz uma grande expansão da cavidade torácica. 
Contudo, a expiração de repouso é um processo passivo, pois os
músculos ativados durante a inspiração relaxam e a caixa torácica volta à
sua posição de descanso, reduzindo o volume da cavidade torácica e
aumentando a pressão dentro dos pulmões. Dessa forma, a pressão
aumentada dentro dos pulmões força a saída do ar até que as pressões
entrem novamente em equilíbrio. Durante uma expiração forçada,
ocorre a ativação da porção interóssea dos músculos intercostais
internos, o que deprime a caixa torácica e a ativa os músculos
abdominais que forçam os órgãos abdominais, empurrando o diafragma
para cima e contribuindo para diminuição do volume da cavidade
torácica.
Figura 1.4 | Inspiração e Expiração
Fonte: Van De Graa� (2003, p. 619).
TROCAS GASOSAS: as trocas gasosas, também conhecidas como
hematose, é o processo que acontece entre os alvéolos e os capilares
sanguíneos por meio da difusão de gases que participam da respiração.
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O ar atmosférico é uma mistura de gases, na qual podemos encontrar
nitrogênio (N ), oxigênio (O ), dióxido de carbono (CO ) e moléculas de
água (H O) em pequena quantidade. Essas moléculas de gases realizam
um movimento que é denominado difusão. A difusão dos gases acontece
devido ao deslocamento dos gases pelo contato entre as moléculas,
gerando pressão. Assim, os gases se difundem do local de maior pressão
para o local de menor pressão. 
Os gases respiratórios de grande importância são o O  e o CO . A difusão
deles ocorre na membrana respiratória ou pulmonar. Essa membrana,
apesar de ser muito �na, permite a separação entre o ar alveolar e o
capilar sanguíneo. No pequeno espaço que os separa, há o epitélio
alveolar, membrana basal do epitélio alveolar, espaço intersticial,
membrana basal do endotélio capilar e endotélio capilar.
Para que ocorram as trocas gasosas de forma efetiva, são necessárias
três condições: a ventilação alveolar, a difusão dos gases através da
membrana respiratória e a perfusão alveolar. Nesse caso, quando a
pressão do ar atmosférico é maior do que a pressão dentro dos pulmões,
o que faz com que o ar entre nos pulmões e a pressão do oxigênio se
eleve nos alvéolos, o O  se difunde dos alvéolos para o sangue dos
capilares alveolares, e então, o O  é transportado pelo sangue, sendo
distribuído para todos os tecidos do corpo. Então, após a utilização do
O  pelos tecidos, estes devolvem para os capilares sanguíneos o CO , que
é transportado pelo plasma sanguíneo de volta aos alvéolos pulmonares
e assim deixa os pulmões liberados na atmosfera.
Figura 1.5 | Trocas gasosas
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Fonte: Tortora e Derrickson (2012, p. 467).
REFLITA
O tabagismo é uma doença que causa dependência do
consumo de nicotina e possui uma relação direta com várias
outras doenças, como câncer, doenças do sistema
respiratório e cardiovascular. Estima-se que pessoas que
fumam adoecem com uma frequência duas vezes maior que
as pessoas que não fumam. Você conhece quais os prejuízos
experimentados por um fumante durante a atividade física?
TRANSPORTE DE GASES: para que os gases respiratórios possam
alcançar os tecidos do nosso corpo e ocorrer as trocas gasosas é
necessário que eles sejam transportados ao longo dos vasos sanguíneos,
e, para isso, precisamos entender como este processo ocorre. A
solubilidade de um gás determina sua penetração no líquido, ou seja,
quanto maior a pressão parcial do gás, maior sua penetração no líquido.
Além disso, a temperatura do líquido também in�ui na solubilidade, pois
quanto maior a agitação das moléculas, menor sua solubilidade. Nesse
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contexto, o CO  apresenta sua solubilidade de 0,57 e o O  de 0,024.
Sendo assim, o CO  é cerca de 20 vezes mais solúvel em água do que o
O .
Devido à pouca solubilidade em líquido, o O  utiliza uma proteína para
que possa ser transportado no sangue. Ela é denominada hemoglobina e
possui uma a�nidade com O , por isso aumenta a capacidade do sangue
em carregar o O  até os tecidos, diminuindo, assim, a quantidade de
O  que é dissolvida no plasma (Figura 1.6). Portanto, logo que
inspiramos, o O  passa pelas vias condutoras e chega até os alvéolos
pulmonares, onde ocorre a difusão do gás para o capilar sanguíneo,
onde se liga à hemoglobina, que o transporta até os capilares. Então, o
O  se solta da hemoglobina e se difunde para as células, nutrindo todos
os tecidos do nosso corpo.
O O  que penetra nas células dos tecidos é transformado, a partir do
metabolismo celular, em CO  e água, os quais CO  são transportados
para os pulmões. Este transporte ocorre de três maneiras consecutivas:
cerca de 70% do CO  é transportado como íons bicarbonato (HCO )
dissolvidos no plasma; 23% ligando-se à hemoglobina, formando
carbamino hemoglobina; e 7% do gás é dissolvido no plasma e hemácias
(ver Figura 1.6). Nesse sentido, o gás carbônico é transportado pelas
veias até os capilares pulmonares, daí difundido para os alvéolos
pulmonares e conduzido até a atmosfera.
Figura 1.6 | Transporte de Gases
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Fonte: Tortora e Derrickson (2012, p. 473).
ASSIMILE
Como vimos nesta Seção, para que ocorra o transporte de
O  pelos capilares sanguíneos, o nosso corpo produz
hemoglobina. Uma das funções dessa proteína é manter a
pressão do O  nos tecidos. A cada 100 ml de sangue que
passa pelos tecidos, 5 ml de O  é liberado da hemoglobina e
entra nas células. Mas esse valor de liberação de O  pode ser
aumentado pelos tecidos musculares durante o exercício
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físico intenso, ocorrendo um aumento de aproximadamente
15 a 18 ml para cada 100 ml de sangue que passa pelo tecido.
Nesse sentido, a quantidade de O  transportado para os
tecidos musculares é elevada de 15 a 20 vezes durante o
exercício em relação à condição de repouso.
EXEMPLIFICANDO
A asma é uma enfermidade que pode ser infecciosa ou
alérgica, e está diretamente ligada aos bronquíolos. As
paredes dos brônquios principais são iguais aos da traqueia,
isto o mantem aberto, mesmo quando se estende pelo
pulmão. Além disso, observa-se músculo liso presente nos
brônquios, à medida que os brônquios vão se rami�cando e
se tornando cada vez menores, as cartilagens que os
envolvem deixam de existir, restando somente músculo liso
os envolvendo, assim se formam os bronquíolos.
Desta forma, quando uma pessoa entra em crise asmática, o
que acontece é que os músculos que envolvem os
bronquíolos entram em contração, e a falta da cartilagem
para impedir o seu fechamento, causa o estreitamento da
passagem de ar, apresentando como principal sintoma a
di�culdade de respirar.
Agora que já conhecemos as estruturas e a função do sistema
respiratório iniciamos nosso entendimento de como esse sistema
funciona, podemos nos aprofundar em solucionar algumas situações
práticas. Além disso, aproveite para rever todos os conteúdos que foram
abordados na Seção para �xá-los em sua memória de longo termo.
FAÇA VALER A PENA
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Questão 1
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A faringe é conhecida pela maioria das pessoas como “garganta”. Ela é
uma estruturaque faz parte de dois sistemas: o respiratório e o
digestório, permitindo tanto a passagem de ar em direção aos pulmões
quanto a passagem de alimentos e líquidos em direção ao esôfago.
Quais são as partes da faringe?
a. A faringe apresenta quatro partes: parte nasal, oral, laríngea e esofágica.
b. A faringe apresenta três partes: parte nasal, oral e laríngea.
c. A faringe apresenta duas partes: parte nasal e laríngea.
d. A faringe apresenta três partes: parte nasal, oral e laringofágica.
e. A faringe apresenta duas partes: parte oral e laringofágica.
Questão 2
O corpo humano é uma máquina de funcionamento constante, possui
um conjunto de sistemas que trazem harmonia para um bom
funcionamento diário. A respiração é o item funcional principal do
sistema respiratório, ela é constituída de duas fases: inspiração e
expiração.
O que ocorre na inspiração forçada?
a.  Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica aumenta devido a
contração somente do músculo diafragma.
b.  Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica diminui devido a
contração dos músculos diafragma, intercostais, escalenos e esternocleidomastoideo.
c.  Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica aumenta devido a
contração dos músculos abdominais.
d.  Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica aumenta devido a
contração dos músculos diafragma, intercostais, escalenos e esternocleidomastoideo.
e.  Durante uma inspiração forçada o tamanho da cavidade torácica diminui devido a
contração do músculo diafragma.
Questão 3
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REFERÊNCIAS
CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia Básica. 2. ed. São Paulo: Grupo GEN,
2017. Disponível em: https://bit.ly/3yRI6UT. Acesso em: 21 jan. 2021.  
LAROSA, P. R. R. Anatomia Humana: Texto e Atlas. São Paulo: Grupo GEN,
2016.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. Anatomia Orientada para
Clínica. 8. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2018. 
SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2. ed. São Paulo: Manole, 1991.
SOUZA, F. R. et al. Physical Activity Decreases the Prevalence of COVID-
19-associated Hospitalization: Brazil EXTRA Study. MedRxiv , 2020.
Disponível em: https://bit.ly/3khVoWL. Acesso em: 3 abr. 2021.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo Humano Fundamentos de
Anatomia e Fisiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
Dentro dos pulmões estão localizados milhões de alvéolos, e são neles
que ocorrem as trocas gasosas. O oxigênio inspirado se difunde dos
alvéolos para os capilares sanguíneos e o dióxido de carbono (gás
carbônico) se difunde dos capilares sanguíneos para os alvéolos.
De que modo ocorre o transporte do gás carbônico pelos vasos
sanguíneos?
a.  O gás carbônico é transportado como bicarbonato dissolvido no plasma, ligando-se à
hemoglobina e dissolvido no plasma.
b.  O gás carbônico é transportado em grande parte ligando-se à hemoglobina e uma parte
se dissolve no plasma.
c.  O gás carbônico se dissolve totalmente no plasma para ser transportado.
d.  O gás carbônico ao se ligar ao bicarbonato se dissolve e não precisa ser transportado
para fora dos pulmões.
e.  O gás carbônico se liga à hemoglobina para se dissolver e ser transportado pela corrente
sanguínea.
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https://br.freepik.com/vectorpouch
https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.10.14.20212704v1.article-info
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. 6. ed. São Paulo: Manole,
2003.
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
ANATOMOFISIOLOGIA
DO SISTEMA
RESPIRATÓRIO
Débora Nunes Martins Bueno
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SEM MEDO DE ERRAR
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Conforme a situação �ctícia apresentada nesta Seção 1.1, na qual
falamos sobre uma aula de circuito em que um dos alunos sofre uma
queda e apresenta algumas queixas, como falta de ar, muita dor no
tórax e abdome e um afundamento das costelas do lado esquerdo.
Nesta Seção nós entendemos como é a divisão funcional do sistema
respiratório, conhecendo as estruturas da parte condutora e da parte
respiratória. Sendo assim, quando olhamos para a situação-problema
imposta, podemos destacar alguns pontos importantes:
Afundamento das costelas;
Dor aguda;
Falta de ar.
De modo geral, quando nos deparamos com uma situação de queda,
existe o risco de fratura. Quando há fratura das costelas, o afundamento
pode ser visível ou somente sentido pela palpação do local, mas a
con�rmação somente é possível quando é feito o exame de raio-X.
Se for o caso, seguimos para outro sintoma, a falta de ar. As costelas são
compostas de 12 pares e envolvem os pulmões para protegê-lo, em
alguns casos, quando as costelas se rompem, pode ocorrer a perfuração
do pulmão, resultando em uma situação denominada pneumotórax.
O pneumotórax ocorre quando, por alguma razão, há entrada de ar na
cavidade pleural, que é o espaço existente entre a pleura parietal e
visceral. Imediatamente o pulmão do lado afetado colapsa totalmente ou
parcialmente, di�cultando a entrada do ar no pulmão, por isso a pessoa
sente falta de ar.
Geralmente o pulmão se mantém aberto pela pressão existente na
cavidade pleural. Mas, quando ocorre perfuração da pleura o ar entra
nesta cavidade e causa o fechamento do pulmão.
Assim, com todo esse conhecimento, quando o aluno caiu e relatou a
falta de ar, você já saberia quais as medidas necessárias para prestar o
socorro e encaminhar o seu aluno em segurança para o hospital mais
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próximo.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
CONSEQUÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO NO SISTEMA
RESPIRATÓRIO
Dona Edna tem 85 anos. Após muitos anos sem realizar atividade física
regular, resolveu voltar a praticar por recomendação médica. Para isso,
ela decidiu iniciar com uma caminhada em uma praça próxima de sua
residência, sem a supervisão de um pro�ssional. Sendo assim, quais as
limitações que esta senhora poderá sentir em relação ao sistema
respiratório?
RESOLUÇÃO
Dona Edna poderá encontrar algumas limitações que ocorrem no
sistema respiratório com o aumento da idade. O avanço da idade faz
com que se desenvolva uma rigidez da caixa torácica e a perda da
elasticidade dos pulmões, resultando na diminuição da capacidade
ventilatória. Além disso, ocorre uma redução da quantidade de
oxigênio transportado pelos vasos sanguíneos, diminuição da
atividade dos macrófagos e diminuição do funcionamento dos cílios
que revestem o trato respiratório. 
Todas essas perdas tornam o idoso mais suscetível a infecções do
sistema respiratório. Assim, Dona Edna pode encontrar algumas
di�culdades iniciais, como di�culdade de respirar, cansaço excessivo
e tontura. Por esse motivo, há necessidade de um pro�ssional
quali�cado para prescrever o exercício ideal e acompanhar Dona
Edna durante a atividade física.
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NÃO PODE FALTAR
ESTRUTURAÇÃO E
FUNCIONALIDADES DO
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Débora Nunes Martins Bueno
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PRATICAR PARA APRENDER
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Daremos continuidade ao estudo do sistema respiratório nesta Seção, na
qual estudaremos, de forma mais aprofundada, algumas funções vitais e
as principais doenças relacionadas ao sistema. 
Você já ouviu falar em hipóxia? A hipoxemia ocorre quando as taxas de
oxigênio no sangue apresentam-se baixas, o que pode desencadear
diversas lesões em vários tecidos do nosso corpo e afetá-los
permanentemente ou até mesmo levar o indivíduo à morte. Para evitar
isso, o sistema respiratório precisa funcionar de forma e�caz, sem
comprometimento de suas estruturas anatômicas e mantendo sua
capacidade funcional normal.
Nesta Seção, vamos discutir sobre a relação entre ventilação pulmonar e
�uxo sanguíneo pulmonar necessária para que os níveis adequados de
oxigênio cheguem até os tecidos vitais à nossa sobrevivência. Além disso,vamos conhecer o centro de controle neural da respiração e quais os
volumes e capacidades pulmonares ideais para um bom funcionamento
do nosso corpo.
Por �m, depois de adquirir certo conhecimento sobre o sistema,
discutiremos a respeito das doenças mais relevantes descritas na
literatura. Por que precisamos saber sobre as doenças? De fato, como
pro�ssionais da área da saúde, precisamos saber lidar com as diversas
alterações que nosso corpo pode apresentar durante o dia a dia. Sendo
assim, quando falamos das diversas maneiras que nosso corpo se
comporta para nos manter vivos, podemos visualizar qualquer situação
que não seja o padrão normal.
Leandro e Luciano gostam de esportes com bastante emoção, como
fazer trilhas, escalar e explorar novos ambientes e testar os limites do
corpo. Certo dia, estavam assistindo a um documentário sobre o Monte
Everest, que �ca localizado na Cordilheira do Himalaia e cujo pico
alcança 8.849 m acima do nível do mar. 
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Leandro propôs a Luciano testar um novo ambiente, uma escalada em
uma montanha bem alta e resolveram se aventurar em uma viagem ao
Monte Everest. Estavam muito animados em tentar chegar o mais
próximo possível ao topo do Monte. 
Eles se juntaram a um grupo de 20 alpinistas para uma expedição ao
Monte, que os orientaram a chegar ao local e passar por um processo de
adaptação antes de iniciarem a escalada. Assim, ao chegarem ao
acampamento a 5.400 m de altitude, começaram a sentir um pouco de
di�culdade de respirar e começaram a �car preocupados, pois toda a
preparação física deles foi feita em um ambiente que está ao nível do
mar. Será que eles vão encontrar di�culdade física para completar a
aventura? Quais as implicações da altitude elevada para o corpo
humano?
Para sermos reconhecidos no que fazemos, precisamos nos esforçar
para ter sucesso no resultado. Porém, para que isso aconteça, devemos
nos empenhar dia a dia. Já dizia o autor Robert Collier: “sucesso é o
acúmulo de pequenos esforços, repetidos dia e noite”. Esta frase diz
muito do que precisamos para vencer na vida. Dediquemo-nos aos
estudos e teremos conhecimento para lidar com as diversidades
encontradas no mercado de trabalho.
CONCEITO-CHAVE
RELAÇÃO VENTILAÇÃO-PERFUSÃO
A função que caracteriza o sistema respiratório é a realização das trocas
gasosas do organismo, sendo uma função considerada vital para o
funcionamento do corpo humano. Dessa maneira, através da respiração,
o ar rico em oxigênio (O ) entra pelas vias aéreas e chega aos pulmões,
sendo difundido dos alvéolos para os capilares pulmonares e então
distribuído por todos os tecidos do corpo. Nesse sentido, percebemos
que o sistema respiratório possui uma relação direta com o sistema
cardiovascular, em que um sistema é responsável pela entrada e saída
dos gases e o outro sistema �ca encarregado de distribuir o O  e
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recolher o dióxido de carbono (CO ), mantendo, assim, o funcionamento
adequado no nosso organismo. Esse processo é conhecido como relação
ventilação-perfusão (V/Q).
Para podermos entender como a relação entre a ventilação e a perfusão
funciona (Figura 1.7), precisamos nos aprofundar no conhecimento
sobre o que é ventilação e perfusão e como atuam nas trocas gasosas.
A ventilação alveolar ou pulmonar é o processo em que o oxigênio
contido no ar atmosférico entra pelas vias condutoras e alcança as vias
respiratórias, momento em que ocorre a difusão do O  pela membrana
respiratória, alcançando os capilares alveolares. No mesmo local,
contudo, produz-se o mecanismo inverso: o CO , por difusão, passa dos
capilares alveolares através da membrana respiratória até os alvéolos e é
conduzido para fora do corpo. Toda essa sequência corresponde a uma
das condições necessárias para que aconteçam as trocas gasosas.
Uma outra condição necessária para as trocas gasosas é a perfusão
pulmonar, ou seja, o �uxo sanguíneo dos pulmões. Cerca de 40% do
peso do pulmão se deve ao sangue contido nos vasos sanguíneos
pulmonares. De fato, os pulmões reservam cerca de 10% do volume
sanguíneo total circulante, o que corresponde a aproximadamente 500
ml. O �uxo sanguíneo que se dá no circuito coração-pulmão-coração é
denominado circulação pulmonar. Ela apresenta uma �uência alta,
porém de baixa pressão e baixa resistência, e começa quando o sangue
rico em CO  sai do ventrículo direito do coração pelas artérias
pulmonares, que sofrem rami�cações até se tornarem capilares
alveolares, local da difusão do CO , que é expelido pela expiração. Então,
após a inspiração, o O  se difunde para os capilares pulmonares, e o
sangue oxigenado é levado de volta para o coração pelas veias
pulmonares, chegando ao átrio direito, onde é entregue para a
circulação sistêmica, responsável em distribuir o O  pelo corpo. 
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O pulmão, como vimos na Unidade 1 Seção 1, assemelha-se a um
triângulo, possuindo, em sua parte inferior, a base, e o ápice em sua
parte superior. Sendo assim, ocorre uma distribuição irregular do �uxo
sanguíneo nos pulmões devido à ação da gravidade e pelo fato de a
pressão pulmonar arterial ser mais baixa do que a pressão arterial
sistêmica. Dessa maneira, quando estamos em pé, o �uxo sanguíneo é
maior na base e menor no ápice do pulmão, porém, quando estamos na
posição deitada ou decúbito o �uxo sanguíneo é distribuído quase da
mesma maneira por todo o pulmão. Além disso, no ápice dos pulmões,
os capilares podem colabar por causa do �uxo sanguíneo muito
diminuído.
Assim, para que possamos analisar se de fato o nosso organismo está
realizando as trocas gasosas de forma adequada, deve existir um
equilíbrio ente a ventilação e a perfusão pulmonar. Essa relação
ventilação-perfusão mede a e�cácia do sistema respiratório, através da
quantidade de ar e sangue que chega ao pulmão expressa por um
quociente respiratório ideal de 0,8. Qualquer situação que leve ao
desequilíbrio da relação ventilação-perfusão pode gerar uma
insu�ciência de O  no sangue.
Figura 1.7 | Ventilação Pulmonar e Perfusão Pulmonar
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Fonte: Silverthorn (2010, p. 570).
REFLITA
Por meio da respiração, conseguimos expressar emoções,
como rir e suspirar. A gargalhada nada mais é do que uma
inspiração rápida seguida de muitas expirações pequenas de
intervalos curtos, com vibração das cordas vocais e emissão
de som. Você conhece mais algum movimento respiratório
re�exo?
CONTROLE DA RESPIRAÇÃO
A nossa respiração acontece, na maior parte do tempo, de maneira
involuntária, mas existem alguns momentos em que podemos alterar a
respiração de modo voluntário, como acontece durante alguns
exercícios físicos ou em terapias que utilizam a percepção da respiração.
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A respiração é indispensável para a sobrevivência do nosso corpo. Por
esse motivo, conheceremos como a respiração involuntária ocorre e
quais são os mecanismos que a mantém durante o dia e a noite.
A respiração é um padrão rítmico controlado pelo centro respiratório de
neurônios localizados no tronco encefálico, mais especi�camente no
bulbo e na ponte. Essas células enviam impulsos nervosos aos músculos
respiratórios, controlando seu ritmo de acordo com a demanda do
indivíduo. O ritmo respiratório pode ser alterado por diversas situações
diárias, de acordo com as quais o sistema respiratório modi�ca seu
padrão para manter a oxigenação necessária para nutrir os tecidos do
corpo e retirar o excesso de CO  produzido pelo metabolismo celular. 
A regularidade da respiração involuntária normal é controlada pelo
bulbo, considerada a área da ritmicidade. Em seu interior encontram-se
as áreas inspiratória e expiratória. Assim, durante o ciclo respiratório,
ocorre a ativação de neurônios da área inspiratória, gerando impulsos
nervosos que se propagam por nervos que conduzem a informação que
vai provocar a contração dos músculos inspiratórios – osnervos frênicos
inervam o músculo diafragma e os nervos intercostais inervam os
músculos intercostais externos. Esse evento dura, aproximadamente,
dois segundos. Depois, ocorre a inativação da área inspiratória: os
impulsos nervosos são interrompidos e os músculos deixam de ser
excitados pelos nervos, o que culmina no relaxamento muscular e o
retorno passivo da cavidade torácica e pulmões. Esse evento passivo tem
duração de três segundos. Após ser concluído, inicia-se novamente o
ciclo.
No entanto, durante a respiração forçada, a área inspiratória recruta
mais músculos para garantir uma expansão completa da cavidade
torácica e pulmões. Nesse caso, são ativados também os músculos
esternocleidomastoideo e escalenos. Além disso, a área inspiratória ativa
os neurônios da área expiratória, que emite impulsos nervosos para a
contração dos músculos abdominais e intercostais internos responsáveis
pela expiração forçada.
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Já na ponte, observam-se neurônios distribuídos em duas áreas que
in�uenciam o funcionamento da área da ritmicidade, onde a área
apnêustica é responsável por ativar a área inspiratória, e a área
pneumotáxica realiza a inibição da área inspiratória.
De fato, podemos alterar de maneira voluntária nossa respiração, pois o
cérebro tem conexões diretas com o centro respiratório. Sendo assim,
por um curto período podemos prender a respiração, porém, logo
sentimos a necessidade de voltar a respirar, isso acontece porque existe
uma rede de receptores que detectam a quantidade de O  em nosso
corpo, e quando prendemos a respiração, nossas células consomem
todo o O  e liberam o CO  e hidrogênio (H ). Quando a concentração de
CO  atinge determinado patamar, há um estimulo involuntário da área
inspiratória para recompor a inspiração imediatamente.
Os quimiorreceptores são receptores sensoriais que respondem a
estímulos químicos do sangue, detectando os níveis dos gases
respiratórios e participando do monitoramento da respiração. Os
quimiorreceptores centrais �cam localizados no bulbo e reagem quando
há alteração no nível de CO  e H  no líquido cerebrospinal. Quando o
nível de CO  plasmático aumenta, uma grande quantidade do gás se
difunde pela barreira hematoencefálica e invade o líquido cerebrospinal.
O CO  se converte em H  e bicarbonato, ativando a área inspiratória, que
por sua vez responde aumentando a ventilação, processo conhecido
como hiperventilação. E os quimiorreceptores periféricos (Figura 1.8)
estão localizados no arco aórtico e nas artérias carótidas comuns e são
sensíveis à alteração do nível de O , CO  e H  no sangue. Nesse caso, o
aumento de CO  e H , e a queda de O  no sangue, desencadeiam a
ativação da área inspiratória e, consequentemente, a hiperventilação,
com o objetivo de retomar os níveis adequados desses gases no sangue.
Figura 1.8 | Quimiorreceptores periféricos
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Fonte: Van de Graa� (2003, p. 623).
ASSIMILE
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Você já ouviu falar em intoxicação por monóxido de carbono?
O monóxido de carbono (CO) é um gás expelido do
escapamento de carros e da fumaça de cigarro e aquecedores
a gás. Frequentemente escutamos que o CO é prejudicial à
saúde, mas você já parou para pensar o porquê? O que
acontece é que o CO se liga à hemoglobina (assim como o O ).
Porém, o CO tem uma ligação muito mais forte com ela, o que
reduz a quantidade de O  transportado no sangue e causa a
intoxicação por monóxido de carbono e pode levar a pessoa à
morte.
VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES
O volume pulmonar se consiste na quantidade de ar obtido durante
uma respiração normal, ou seja, sem esforço. Em média, uma pessoa em
repouso respira 12 vezes por minuto, e cada respiração movimenta 500
ml de ar na inspiração e expiração, o que equivale a 6 litros por minuto.
Desse modo, vamos conhecer quais são os volumes em uma respiração
de repouso e durante uma respiração forçada.
O espirômetro é um aparelho que mensura a quantidade de ar
proveniente da respiração. Com esse dispositivo podemos classi�car
alguns tipos de volumes pulmonares e avaliar a capacidade pulmonar da
pessoa. O volume de uma respiração é denominado volume corrente
(Vc). Estima-se que somente 350 ml (70%) do volume corrente participe
das trocas gasosas – os outros 150 ml (30%) �cam retidos no espaço
morto anatômico composto pelas estruturas das vias condutoras do ar.
O volume de reserva inspiratório (VRI) é o volume produto de uma
inspiração forçada. Em mulheres, esse volume é de 1.900 ml, e, nos
homens, chega a 3.100 ml. 
Quando realizamos uma expiração forçada, conseguimos mensurar o
volume de reserva expiratório (VRE), sendo de 700 ml nas mulheres e
1.200 ml nos homens. Entretanto, mesmo após uma expiração forçada, é
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detectado um volume de ar que �ca retido nos pulmões e nas vias
aéreas, denominado volume residual (VR), apresentando,
aproximadamente, 1.100 ml nas mulheres e 1.200 ml nos homens.
A capacidade pulmonar corresponde ao volume de ar total do sistema
respiratório calculado a partir das combinações dos volumes descritas
na Figura 1.9. Sendo assim, a capacidade inspiratória (CI) é calculada
quando somamos o volume corrente com o volume de reserva
inspiratório:
CI = Vc + VRI 
CI = 500 ml + 1.900 ml → CI = 2.400 ml (MULHERES)
CI = 500 ml + 3.100 ml → CI = 3.600 ml (HOMENS)
A capacidade residual funcional (CRF) é a soma do volume residual com o
volume de reserva expiratório:
CRF = VR + VRE 
CRF = 1.100 ml + 700 ml → CRF = 1.800 ml (MULHERES)
CRF = 1.200 ml + 1.200 ml → CRF = 2.400 ml (HOMENS)
A capacidade vital (CV) é a soma do volume de reserva inspiratório com o
volume corrente e o volume de reserva expiratório:
CV = VRI + Vc + VRE 
CV = 1.900 ml + 500 ml + 700 ml → CV = 3.100 ml (MULHERES)
CV = 3.100 ml + 500 ml + 1.200 ml → CV = 4.800 ml (HOMENS)
E, por �m, a capacidade pulmonar total (CPT) é a soma da capacidade
vital com o volume residual:
CPT = CV + VR 
CPT = 3.100 ml + 1.100 ml → CPT = 4.200 ml (MULHERES)
CPT = 4.800 ml + 1.200 ml → CPT = 6.000 ml (HOMENS)
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Os valores dos volumes e capacidades pulmonares podem sofrer
alterações de acordo com cada pessoa, por isso temos que considerar a
idade, o gênero e a estatura de cada um, mas, de modo geral, pessoas
mais velhas apresentam esses parâmetros mais baixos do que adultos
jovens. Como pudemos observar, os valores se alteram em mulheres e
homens, apresentando valores mais baixos em mulheres. Por �m, esses
valores são menores em pessoas que apresentam baixa estatura. Porém,
a partir disso podemos obter informações sobre as condições
respiratórias de uma pessoa.
Figura 1.9 | Grá�co mostrando os volumes e capacidades pulmonares
Fonte: Tortora (2012, p. 470).
DOENÇAS RELACIONADAS AO SISTEMA RESPIRATÓRIO
Vimos, até agora, como o sistema respiratório apresenta estruturas
desenvolvidas para conduzir o ar de maneira e�ciente até os pulmões.
Além disso, também destacamos que ele é coberto por um epitélio com
função diversi�cada – esta camada recobre a parte interna das
estruturas para aquecer e umedecer o ar, possui cílios para retirar
microrganismos indesejáveis, protegendo e lubri�cando todo o sistema
para que o ar chegue aos pulmões sem causar nenhum dano às
estruturas respiratórias que realizam as trocas gasosas. Sendo assim,
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após conhecer todo o sistema respiratório em perfeito funcionamento,
vamos conhecer algumas das principais doenças que lhe causam
irregularidades e/ou lesões.
Resfriado
O resfriado é uma doença provocada por vírus. O mais comum deles é o
rinovírus, cujo desenvolvimento ocorre em sete dias. Possui como
primeiros sintomas uma coceira no nariz e, em alguns casos, irritação na
garganta. À medida que a doença se desenvolve, outros sintomas
aparecem, como espirros e secreções nasais, que tendem a se acumulare causar congestão nasal. No entanto, observa-se que a febre não é
muito comum, apesar da febre baixa às vezes manifesta.
Gripe
A gripe também é causada por um vírus, a in�uenza. Este vírus causa os
mesmos sintomas iniciais que o resfriado, mas a febre é característica,
além de dores no corpo e cansaço. Por volta do segundo e quarto dias,
os sintomas do corpo tendem a diminuir, porém, alguns dos sintomas
respiratórios podem se manter por mais tempo, como é o caso do
surgimento de tosse seca. 
O tratamento da gripe pode variar, pois, por se tratar de um vírus, as
medicações usadas são apenas para aliviar os sintomas, logo são
utilizados antitérmicos e analgésicos. Entretanto, há alguns anos foi
desenvolvida uma vacina que é usada como prevenção da doença,
demonstrando uma e�cácia de 70 a 90%. Por isso, todos os anos é feita
uma campanha de vacinação para crianças e idosos. Há necessidade
anual de receber uma nova dose da vacina porque o vírus pode sofrer
mutações que o tornam imunes à vacina antiga, sendo necessário alterar
a composição dela para se adequar ao tipo de vírus mais provável de se
disseminar.
Asma
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A asma é uma in�amação crônica das vias aéreas que estreita a
passagem do ar e di�culta a respiração. Essa doença leva a uma severa
obstrução das vias aéreas, que ocorre devido a três fatores principais: (1)
espasmos do músculo liso nas paredes dos brônquios e bronquíolos; (2)
edema da mucosa que reveste as vias aéreas; e (3) secreção de muco
aumentada. 
A asma apresenta fator genético, ou seja, passa dos progenitores aos
�lhos. Pode ser leve ou severa a ponto de desencadear uma crise
potencialmente fatal. A crise asmática pode ser provocada por alérgenos
(poeira e mofo), distúrbios emocionais, exercício, dentre outros. Os
sintomas apresentados durante uma crise são: di�culdade para respirar,
dor no peito, tosse, chiado, respiração ofegante, aperto no peito,
taquicardia, fadiga, pele úmida e ansiedade. De modo geral, a asma pode
ser controlada com tratamentos que incluem inaladores que podem ser
usados para prevenir as crises ou até mesmo usados para abrir as vias
aéreas durante uma crise.
Bronquite
A bronquite é uma in�amação dos brônquios que causa excesso de
secreção de muco e falta de ar. Na Seção 1.1, estudamos sobre os
brônquios e vimos que eles são responsáveis por conduzir o ar até os
alvéolos pulmonares, e que são revestidos por minúsculos cílios que
transportam o muco presente para as vias aéreas superiores, mantendo
livre a passagem do ar. No caso da bronquite, a in�amação causa a
liberação de um muco espesso e um grande estreitamento dos
brônquios, di�cultando a atividade realizada pelos cílios, que deixam de
eliminar o muco e passam a acumular secreção nos brônquios,
mantendo-os in�amados e contraídos, provocando uma severa tosse na
tentativa de eliminar o muco.
A bronquite pode ser aguda ou crônica. Na bronquite aguda, a crise
pode durar de 7 a 15 dias, apresentando tosse seca ou com muco,
enquanto que, na bronquite crônica, as crises são constantes, sendo
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mais intensas pela manhã e se manifestam por até três meses durante
pelo menos dois anos consecutivos, os sintomas mais comuns são tosse
com muco, falta de ar, chiado, cianose e hipertensão pulmonar. 
Ainda não existe um tratamento especí�co, mas utiliza-se tratamento
preventivo com uso de vaporizadores e analgésicos, além de um
tratamento medicamentoso para as crises mais graves. Dentre essas
medicações, podemos citar os broncodilatadores, antibióticos,
mucolíticos e anti-in�amatórios – essas drogas só devem ser utilizadas
sob prescrição.
Tuberculose
A tuberculose é uma doença bacteriana infecciosa, causada pela bactéria
Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões e as
pleuras, mas pode ser encontrada em outras partes do corpo. A bactéria,
quando se instala nos pulmões, se multiplica e causa um processo
in�amatório, estimulando a migração dos neutró�los e macrófagos para
a área afetada, na tentativa de neutralizar essas bactérias e impedir sua
disseminação. 
A maioria das pessoas infectadas com a bactéria da tuberculose não
apresenta sintomas, porém, pode espalhar a doença através da tosse ou
espirro. No entanto, quando há sintomas, estes geralmente são tosse,
fadiga, perda de peso, letargia, anorexia, sudorese noturna, febre, falta
de ar, dor torácica e escarro com sangue. Para as pessoas
assintomáticas, não há necessidade de tratamento em muito dos casos,
já as pessoas com manifestação dos sintomas iniciam um tratamento
longo com vários antibióticos.
Pneumonia
A pneumonia é uma infecção que afeta os alvéolos em um ou ambos os
pulmões. É considerada a causa infecciosa mais comum de morte em
bebês e crianças devido à imunidade ainda ser baixa nessa população.
Outro grupo de risco são os idosos, por motivo da diminuição de células
de defesa, o que torna a imunidade comprometida.
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A infecção que leva à pneumonia é causada pela instalação de vírus,
bactéria pneumocócica (Streptococcus pneumoniae) ou mesmo fungos.
Quando esses microrganismos penetram nos pulmões, liberam toxinas
que estimulam a in�amação e respostas imunes que geram lesões nos
alvéolos e nas mucosas dos brônquios. Esse processo in�amatório e o
edema levam os alvéolos a se encherem de líquido, prejudicando a
ventilação e as trocas gasosas. Os sintomas observados incluem tosse
com catarro ou pus, febre, calafrios e di�culdade respiratória. O
tratamento utilizado é medicamentoso, sendo os antibióticos os mais
usados.
EXEMPLIFICANDO
Durante a prática de atividade física, há um recrutamento de
vários grupamentos musculares. Essa contração muscular em
massa consome uma grande quantidade de O , além de
produzir em grande quantidade o CO . Isso leva o sistema
respiratório a trabalhar mais para manter normal o nível
destes gases no sangue. Logo no início de uma atividade física
intensa, ocorre um súbito aumento da ventilação, devido à
ativação dos proprioceptores e vai se ajustando ao longo do
exercício, e a frequência respiratória também aumenta. Já na
atividade física moderada, ocorre um aumento na
profundidade da ventilação, mas não na frequência
respiratória. E, ao �m da atividade física, há um súbito
decréscimo da ventilação, por causa da diminuição dos
estímulos proprioceptivos pela diminuição ou falta de
movimento. Então, ocorre uma diminuição gradativa da
ventilação, pois a temperatura começa a cair e os
quimiorreceptores detectam os níveis dos gases no sangue.
Como a demanda desses gases para o corpo não é mais alta,
emitem uma sinalização para diminuir a ventilação até atingir
o nível de repouso.
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Chegamos ao �m do estudo do sistema respiratório. Nesta Seção,
abordamos de maneira completa a forma como se comporta o sistema
respiratório em funcionamento, e ainda conhecemos as principais
doenças que podem afetar o sistema. Desta maneira, a partir de todos
esses temas detalhados ao longo das duas Seções, pudemos nos
aperfeiçoar no entendimento de um sistema tão complexo e ainda
perceber como ele é essencial para nos manter vivos.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
A respiração acontece com maior frequência de maneira involuntária,
mas em algumas situações podemos alterar a respiração
voluntariamente. O centro respiratório que controla a ritmicidade da
respiração está localizado na____________ e ____________. Estas duas
estruturas fazem parte do encéfalo e são responsáveis por enviar
impulsos nervosos até os ____________.
Assinale a alternativa que completa as lacunas corretamente.
a.  Inspiração / expiração / pulmões.
b.  Medula / ponte / pulmões.
c.  Ponte / bulbo / músculos.
d.  Traqueia / cérebro / músculos.
e.  Faringe / bulbo / brônquios.
Questão 2
A função que caracteriza o sistema respiratório é a realização das trocas
gasosas do organismo, sendo uma função considerada vitalpara o
funcionamento do corpo humano. Dessa maneira, quando ocorre a
respiração, o sistema respiratório se relaciona diretamente com o
cardiovascular, processo conhecido como relação ventilação-perfusão.
Nesse sentido, julgue as a�rmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F)
Falsas.
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(    ) A ventilação alveolar é o processo em que o oxigênio contido no ar
atmosférico entra pelas vias condutoras e alcança as vias respiratórias.
(    ) Nos pulmões, o �uxo sanguíneo é menor na base e maior no ápice,
devido à elevada pressão pulmonar arterial, vinda do ventrículo direito. 
(    ) A relação ventilação-perfusão mede a e�cácia do sistema
respiratório, através da quantidade de ventilação e de sangue que chega
ao pulmão.
(    ) A circulação que ocorre entre o coração-pulmão-coração é
denominada circulação pulmonar.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a.  V – V – V – V.
b.  V – F – V – F.
c.  F – F – F – V.
d.  V – F – V – V.
e.  F– F – V – V.
Questão 3
Neste contexto, o espirômetro é um aparelho que mensura a
quantidade de ar proveniente da respiração. Através desse dispositivo,
podemos classi�car alguns tipos de volumes pulmonares e avaliar a
capacidade pulmonar da pessoa, que corresponde ao volume de ar total
calculado a partir das combinações dos volumes.
Qual é o cálculo para obter o volume da capacidade pulmonar total?
Os volumes pulmonares podem ser classi�cados como volumes estáticos e volumes dinâmicos.
Os volumes pulmonares estáticos são os resultantes da complementação de manobras
respiratórias, consistindo em compartimentos pulmonares. Os volumes pulmonares dinâmicos
são os decorrentes de manobras respiratórias forçadas, expressam variáveis e parâmetros de
�uxo aéreo. 
— (BARRETO, 2002)
“
a.  É a soma do volume de reserva inspiratório mais o volume corrente e o volume de reserva
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REFERÊNCIAS
BARRETO, S. S. M. Volumes Pulmonares. Jornal Brasileiro de
Pneumologia, Brasília, v. 28, suplemento 3, 2002, p. 83-94. Disponível
em: https://bit.ly/3pDIuSR. Acesso em: 4 abr. 2021.
CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia Básica. 2. ed. São Paulo: Grupo GEN,
2017.
RHOADES, R. A.; TANNER, G. A. Fisiologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2005.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. Anatomia Orientada para
Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019. 
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo Humano Fundamentos de
Anatomia e Fisiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. 6. ed. São Paulo: Manole,
2003.
expiratório.
b.  É a soma da capacidade vital com o volume residual.
c.  É a soma do volume residual com o volume de reserva expiratório.
d.  É a soma do volume corrente com o volume de reserva inspiratório.
e.  É a soma do volume residual, mais o volume corrente e o volume de reserva expiratório.
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http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/07/volumes-pulmonares.pdf
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
ESTRUTURAÇÃO E
FUNCIONALIDADES DO
SISTEMA RESPIRATÓRIO
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Vamos entender como as altitudes elevadas podem gerar respostas
adaptativas em nosso corpo. Nesta Seção 1.2, nós vimos uma história
hipotética de dois aventureiros, Leandro e Luciano, que se prepararam
�sicamente em um ambiente ao nível do mar para escalar o Monte
Everest, que �ca a aproximadamente 8.849 m do nível do mar, uma
grande altitude que pode trazer di�culdades para eles concluírem o
objetivo de tentar chegar o mais próximo possível do cume. 
Nas duas primeiras Seções desta Unidade, nós conversamos sobre a
mecânica respiratória e o controle da respiração. Também falamos sobre
a importante relação entre ventilação e perfusão pulmonar para que
ocorram as trocas gasosas, mantendo assim os volumes pulmonares
adequados para um bom funcionamento do sistema respiratório. Neste
caso, listaremos alguns dos sintomas que as altitudes elevadas podem
causar: 
Di�culdade de respirar;
Dores de cabeça;
Tonturas;
Menor resistência muscular nos braços e nas pernas;
Confusão mental.
Conforme a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui, o que
resulta em hipóxia, que nada mais é que a redução de O  no sangue e
em tecidos do nosso corpo, causando alterações �siológicas severas.
Portanto, a queda da disponibilidade de O  no corpo humano, afeta a
manutenção das funções cerebrais e físicas, pois, para o funcionamento
ideal destas funções, é necessário cerca de 21% de O  circulante. Por
esse motivo, o índice de morte em praticantes de alpinismo que tentam
chegar ao cume do Monte Everest é alta. Ao chegar a 7.000 metros acima
do mar, os sintomas da falta de oxigênio se acentuam drasticamente,
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deixando muitos dos praticantes desorientados e, em alguns casos,
inconscientes. Além disso, a temperatura extremamente baixa di�culta
ainda mais a recuperação deles, levando à morte em poucas horas. 
Logo, Leandro e Luciano precisariam passar pelo menos 15 dias de
aclimatação, período em que o corpo iniciaria um processo de tolerância
à baixa concentração de O  no ar, melhorando o desempenho pulmonar
e físico – mesmo assim, a adaptação não seria completa. Pessoas que
vivem em lugares de altitude elevada apresentam redução da resposta à
hipoxia desenvolvida por anos de exposição ao meio. Por esse motivo, ao
deixarem o Monte Everest e retornarem ao nível do mar, as adaptações
produzidas sumiriam em aproximadamente 20 dias. Assim, todas as
vezes que Leandro e Luciano retornarem a grandes altitudes, haverá
necessidade de aclimatação novamente.
No processo de aclimatação do corpo, ocorre um aumento gradativo da
ventilação, reduzindo a pressão do CO  e aumentando a pressão
O  arterial. Observa-se também mudanças como o aumento da
concentração de hemoglobina, ocasionando em um maior
aproveitamento no transporte do O  por todo o corpo.
Então, talvez nesta primeira experiência de Leandro e Luciano como
alpinistas não tenha sido como eles esperavam, mas aprenderam que o
corpo nem sempre responde da maneira como gostaríamos, porque
nosso organismo responde a in�uências como o ambiente e a
temperatura.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
EFEITOS DO MERGULHO PARA O SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sur�sta Augusto se mostra um amante do mar. Passou a adolescência
treinando para campeonatos. Porém, os treinamentos de Augusto não
eram somente se equilibrar sob a prancha; envolviam também muita
prática de controle da apneia para se manter debaixo d’água, pois as
quedas são constantes e muitas vezes o movimento das ondas podem
manter o sur�sta por um tempo submerso. Foi assim que Augusto, aos
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25 anos de idade, começou a praticar o mergulho livre, que consiste na
imersão em água sem o uso de equipamentos para a reposição de ar,
utilizando apenas o ar retido nos pulmões. No entanto, quanto mais ele
explorava o mar, mais se encantava com a beleza encontrada e sentia
um desejo de aprofundar cada vez mais naquelas águas. Você consegue
imaginar quais os perigos que Augusto pode encontrar ao explorar as
profundezas do oceano? Como o corpo de Augusto se comportaria ao
passar tanto tempo debaixo d’água? E, ainda, mesmo com o uso do
cilindro de ar comprimido (SCUBA) qual o perigo de um mergulho muito
profundo?
RESOLUÇÃO
Antes de mergulharmos, sempre realizamos uma inspiração
profunda e seguramos o ar, na tentativa de estocarmos uma
quantidade de O  antes da imersão, mas isso não muda o fato de o
nosso corpo não suportar mais de 4 minutos sem que ocorra a
respiração – há relatos de danos cerebrais após um período
prologado de apneia ou até mesmo a morte. Isso aconteceporque a
taxa de O  diminui e a de CO  aumenta, ativando os
quimiorreceptores que estimulam a área inspiratória e quando não
ocorre a respiração o corpo entra em colapso. Por isso, Augusto
sendo praticante de surfe a muitos anos, já entende quais as
limitações do seu corpo em mergulho livre. 
Mas já que Augusto deseja explorar cada vez mais as profundezas do
oceano, ele precisa entender que durante a prática do mergulho
autônomo (com o uso do equipamento SCUBA), ocorre um aumento
da pressão na descida, na qual a pressão atmosférica se eleva a 1
atm a cada 10 m de profundidade. Por isso, durante a descida à
medida que vamos nos afastando da superfície a diferença de
pressão pode ocasionar compressão dos gases nos pulmões, ouvidos
e seios da face e durante o retorno à superfície pode ocorrer uma
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hiperinsu�ação dos gases. Por esse motivo, esses dois processos
precisam de atenção e técnica para serem executados
cuidadosamente e minimizar os danos ao corpo.
Para prevenir qualquer male, quando Augusto começa a subir para a
superfície, ele vai sentir que a pressão diminui, isso porque o
oxigênio que estava comprimido e diluído no sangue aumenta e é
liberado nos pulmões, outro gás que participa da respiração é o
nitrogênio, e sua descompressão pode causar sintomas de
embriaguez e desmaio. Logo, durante a subida é importante que
Augusto mantenha um ritmo lento e realize paradas para que os
gases sejam descomprimidos de modo gradativo, evitando embolia
gasosa. Ele também precisa expirar todo o ar para ajudar a prevenir
a hiperinsu�ação e possível lesão tecidual.
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NÃO PODE FALTAR
ANATOMOFISIOLOGIA E
FUNCIONALIDADES DO
SISTEMA DIGESTÓRIO
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PRATICAR PARA APRENDER
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Nesta Seção de encerramento da unidade falaremos do sistema
digestório. Logo, compreenderemos a divisão anatômica e funcional
desse sistema, conhecendo a formação de cada órgão e suas doenças
mais relevantes. 
Você já reparou na quantidade de medicamentos que existem para
desconfortos digestivos nas farmácias? Já conheceu alguém que foi parar
no hospital por sentir tanta dor na região abdominal e descobriu que
eram apenas gases? O sistema digestório ganha nossa atenção quando
sentimos fome, azia, constipação e indigestão. Mas o que pode causar
todos esses sintomas? Como o que comemos in�uencia todo o nosso
corpo? 
Ao longo desta Seção, discutiremos conceitos importantes para a
compreensão das indagações elaboradas acima. Deste modo,
aprofundar-nos-emos em temas que vão desde a introdução do
alimento à boca até a excreção das substâncias inconsumíveis.
Imagine que você estava se preparando para ir a uma festa de um amigo
do seu �lho, e, como sabe, a maioria das festas infantis tem bastante
doce e alguns salgadinhos. Tudo o que você consegue pensar é que não
há como as coisas darem errado. Mas, agora vamos olhar para o outro
lado da festa, para o modo como foi feita toda a preparação para receber
os convidados. 
Michele é a mãe do aniversariante e resolveu que desta vez iria organizar
o aniversário de 4 anos de Benjamin em casa. Para isso, encomendou
doces e bolo de chocolate, e preparou cachorro-quente para todos. Mas,
ao comprar as salsichas, não se atentou para a data de validade, e fez o
cachorro-quente com salsichas vencidas. A festa aparentemente foi um
sucesso: crianças felizes, muitos doces e, para �nalizar, o famoso
“Parabéns pra você”. No outro dia, Benjamin acordou reclamando que
não estava se sentindo bem, relatou que estava com muito enjoo e
começou a vomitar muito, o que evoluiu para um grande desconforto
abdominal e diarreia. Porém, o que Michele não sabia é que não era só o
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Benjamin que estava se sentindo mal: você, seu �lho e todos da festa
estavam com os mesmos sintomas. Você consegue entender o que pode
ter acontecido? O que aconteceu com o alimento dentro do sistema
digestivo? Como o corpo detecta que o alimento está contaminado?
CONCEITO-CHAVE
O sistema digestório apresenta dois grupos de órgãos que se
completam. O primeiro é um longo tubo composto pelo trato
gastrintestinal, e o segundo é denominado órgãos digestórios
acessórios. 
A principal função do sistema é transformar o alimento em partes
menores que podem ser utilizadas pelas células do nosso corpo e
separar o que não for usado para ser excretado. A função digestória
pode ser dividia nos seguintes processos: ingestão, mastigação,
deglutição, digestão, absorção, peristaltismo e defecação. A seguir,
conheceremos cada uma dessas fases, quais as estruturas envolvidas e,
ainda, quais doenças estão associadas a disfunções deste sistema.
Cavidade oral
A cavidade oral é também conhecida como boca. Tem sua extensão dos
lábios até a parte oral da faringe. É envolvida pelas bochechas. Em seu
interior encontram-se os dentes, que salientam dos processos alveolares
dos ossos maxilares e mandíbula. No teto, observa-se anteriormente o
palato duro e, posteriormente, o palato mole e a língua que forma o
assoalho desta cavidade (Figura 1.10).
O ser humano possui lábio superior e inferior que revestem a borda da
boca. Por apresentarem uma mucosa transparente, os capilares
sanguíneos são percebidos, alterando a cor dos lábios. Os lábios e a
bochecha auxiliam no processo de mastigação, mantendo o alimento
dentro da boca e o movimentando entre os dentes. Logo atrás dos
dentes superiores está o teto da boca, formado por uma parte dura, pois
é a junção de dois ossos: ossos das maxilas e ossos palatinos. Por essa
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razão, esta região é denominada palato duro. O teto da boca se estende
até a parte posterior, formada por músculo, por isso apresenta uma
consistência mole, sendo denominado palato mole. O palato mole
apresenta uma ponta em sua extremidade chamada de úvula palatina
(Figura 1.10), que, juntos, possuem uma função importante durante a
deglutição, impossibilitando que alimentos e líquidos entrem na
cavidade nasal e possam seguir para a faringe. No contorno da úvula
palatina, em uma região de abertura para a parte oral da faringe,
encontram-se as tonsilas palatinas, que são órgãos que participam do
sistema linfático, responsável pela manutenção da nossa imunidade.
A língua, órgão acessório do sistema digestório, é composta por músculo
estriado esquelético coberto por uma mucosa onde encontram-se
distribuídas as papilas gustativas que nos permite sentir os sabores. É a
língua que movimenta o alimento para ser macerado pelos dentes e
empurra o bolo formado para a parte oral da faringe.
Os dentes pertencem aos órgãos acessórios, �cam inseridos através dos
processos alveolares dos ossos maxilares superiormente e na mandíbula
inferiormente. As gengivas são tecidos epiteliais que recobrem os
processos alveolares, dando sustentação aos dentes. Eles desenvolvem
um papel importante na transformação do alimento a ser digerido.
Aqueles localizados na frente são os incisivos e servem para cortar o
alimento; ao lado deles encontram-se os caninos, que perfuram o
alimento, e, por �m, mais atrás estão os pré-molares e molares, que
maceram o alimento. Até os 2 anos de idade, a criança tem
aproximadamente 20 dentes denominados decíduos (dente de leite).
Entre os 6 ou 7 anos de idade, eles são substituídos pelos dentes
permanentes. Na fase adulta, somam-se cerca de 32 dentes.
Figura 1.10 | Cavidade oral, Faringe e Esôfago
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Fonte: Van de Graa� (2003, p. 641).
Glândulas salivares
As glândulas salivares (Figura 1.11), órgãos digestivos acessórios,
produzem e secretam um líquido lubri�cante e com enzimas digestivas
denominado saliva, encontrada na boca e na faringe. A saliva apresenta é
composta de 99% de água e 1% de proteínas e íons. A água que compõe
a salivaauxilia a dissolver os alimentos, facilitando sua deglutição. Além
disso, há secreção da enzima digestiva amilase salivar, iniciando na boca
a degradação dos carboidratos. Também ocorre a secreção da enzima
lisozima, cuja função é proteger a mucosa da boca, minimizando
possíveis infecções na boca ou na faringe.
São secretados até 2 litros de saliva por dia pelas glândulas salivares. A
secreção salivar é controlada pelo sistema nervoso autônomo e a taxa de
secreção pode variar, sendo menor durante o sono e maior quando há
estímulo – este estímulo pode ser por introduzir o alimento a boca, pelo
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cheiro do alimento ou quando sentimos fome. Existe também uma
produção aumentada de secreção salivar durante a fala, para
lubri�cação de toda a cavidade oral.
Os três pares de glândulas salivares estão localizadas fora da boca, mas
possuem ductos que levam a saliva até a cavidade oral – um par de
glândulas maiores e dois pares de glândulas menores. As glândulas
parótidas são os maiores pares e estão localizados à frente e abaixo das
orelhas, e posterior ao músculo masseter; elas possuem um ducto
parotídeo (Figura 1.11) que atravessa o músculo masseter, perfura o
músculo bucinador e se abre no nível do segundo molar superior,
produzindo principalmente a saliva digestiva, contendo enzimas que
participam da digestão. As glândulas submandibulares são menores e
�cam localizadas na face interna da mandíbula, próximo ao ângulo da
mandíbula; possuem o ducto submandibular (Figura 1.11) que atravessa
o assoalho da boca e se abrindo próximo ao frênulo da língua, sendo
responsáveis pela salivação lubri�cante evitando o ressecamento da
mucosa da boca. Porém, quando há estímulo, elas secretam saliva
digestiva. Por �m, as glândulas sublinguais, que, assim como as glândulas
submandibulares, também são menores e possuem a mesma função,
mas estão localizadas logo abaixo da língua e possuem vários ductos
sublinguais (Figura 1.11) que se abrem no assoalho da boca.
Figura 1.11 | Glândulas Salivares
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Fonte: Van de Graa� (2003, p. 646).
HISTOLOGIA DO TRATO GASTRINTESTINAL
A parede do trato gastrintestinal possui quatro camadas de tecido, que
inicia no esôfago e se estende até o ânus, sendo, de dentro para fora,
constituída pela túnica mucosa, submucosa, muscular e serosa (Figura
1.12). 
A parte que reveste internamente o trato gastrintestinal é a túnica
mucosa, que possui três camadas, uma de epitélio, que �ca em contato
direto com o conteúdo interno do trato, outra camada de tecido
conjuntivo frouxo para �xar o epitélio, e uma camada de músculo liso,
que forma pequenas pregas na mucosa intensi�cando a absorção e
facilitando a digestão. 
A túnica submucosa é a camada que liga as túnicas mucosa e muscular.
Na túnica submucosa encontra-se neurônios que são controlados pelo
sistema nervoso autônomo (alguns pesquisadores chamaram estes
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neurônios de sistema nervoso entérico). Além disso, na túnica observam-
se vários vasos linfáticos e sanguíneos.
A túnica muscular se consiste em sua maior parte de músculo liso,
produzindo o peristaltismo, movimentos involuntários que auxiliam na
quebra e mistura do bolo alimentar, e movem o quimo alimentar ao
longo dos intestinos até o ânus. Somente na boca, faringe e parte
superior do esôfago encontra-se atividade voluntária realizada pelos
músculos estriados esqueléticos.
Por �m, a túnica serosa ou adventícia, a mais externa da parede do trato
gastrintestinal, é formada de tecido conjuntivo e está presente somente
no esôfago, na sua porção que passa abaixo do diafragma. Ela secreta
um líquido que lubri�ca o trato, permitindo que ele deslize sobre os
órgãos adjacentes. Por esse motivo, esta túnica é conhecida como
peritônio visceral.
Figura 1.12 | Túnicas da parede do trato gastrintestinal
Fonte: Berne e Levy (2009, p. 492).
Faringe e esôfago
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A faringe é uma estrutura que participa do sistema respiratório
(detalhada na Seção 1.1) e do sistema digestório. Logo, quando o
alimento é deglutido, sai da cavidade oral e entra na parte oral da
faringe. Pelos movimentos das contrações musculares, o alimento desce
pela parte laríngea da faringe e é direcionado para o esôfago (ver Figura
1.10).
O esôfago liga a faringe ao estômago. Sua localização inicial é atrás da
traqueia, passando pelo mediastino e perfura o diafragma para chegar
até o estômago. Apresenta em sua extremidade superior o esfíncter
esofágico superior, constituído por músculos estriado esquelético e em
sua extremidade inferior o esfíncter esofágico inferior, formado por
músculo liso.
ASSIMILE
Você sabia que as tonsilas palatinas eram chamadas de
amígdalas? As tonsilas palatinas estão inseridas na parte oral
da faringe e ajudam no combate de possíveis infecções por
microrganismos que podem penetrar em nosso corpo pelo
nariz ou boca.
Estômago
O estômago está localizado logo abaixo do diafragma (ver Figura 1.15).
Sua função é realizar a digestão tanto mecânica quanto química do bolo
alimentar. Ele apresenta quatro regiões: cárdia, fundo, corpo e piloro. A
região cárdia contorna a abertura do estômago com o esôfago, e a região
pilórica �ca entre o estômago e o duodeno (intestino delgado). Nessas
duas regiões encontram-se esfíncteres, o esfíncter esofágico inferior, que
evita o re�uxo para o esôfago, e o esfíncter pilórico, que controla a
passagem do quimo para o duodeno. 
O estômago apresenta em sua forma duas curvaturas: uma curvatura
gástrica maior e uma curvatura gástrica menor. O fato é que o estômago
funciona como reservatório do alimento, dando tempo ao intestino de
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absorver os nutrientes necessários. Assim, quando nosso estômago está
vazio, observa-se grandes dobras que são denominadas pregas gástricas
que �cam achatadas quando ocorre o esticamento do estômago. 
Na região do corpo e fundo do estômago encontram-se, em sua mucosa,
as glândulas gástricas. Nelas há vários tipos celulares que formam o suco
gástrico e o secretam no estômago, quais sejam: as células mucosas do
colo, células principais, células parietais e células entereoendócrinas. A
células mucosas do colo realizam a secreção de muco para proteger a
parede do estômago da acidez do suco gástrico. As células principais
secretam pepsinogênio, uma enzima gástrica que �ca inativada quando
o estômago está vazio. As células parietais produzem o ácido clorídrico,
que é responsável em esterilizar o bolo alimentar e transforma o
pepsinogênio em pepsina (forma digestiva ativa). Por �m, as células
entereoendócrinas são produtoras do hormônio gastrina, que estimula a
motilidade do estômago e a secreção de ácido clorídrico.
A parede do estômago é reforçada por músculo liso, o que torna possível
contrações peristálticas mais fortes, amassando e misturando o bolo
alimentar ao suco gástrico, produzindo assim o quimo (líquido espesso),
ocorrendo o esvaziamento gástrico, levando o quimo para o duodeno.
Pâncreas e fígado 
O pâncreas e o fígado são órgãos acessórios do sistema digestivo que
estão intimamente ligados com a digestão que ocorre no duodeno. 
O pâncreas está localizado atrás do estômago (ver Figura 1.15) e possui
função exócrina e endócrina. Nesta Seção, vamos falar somente da sua
função exócrina, que produz e secreta o suco pancreático no duodeno
através do ducto pancreático (Figura 1.13). O suco pancreático é
secretado pelas células dos ácinos, e é constituído de água, sais, enzimas
e bicarbonato de sódio. O bicarbonato de sódio neutraliza o pH ácido
proveniente do suco gástrico, protegendo, assim, a mucosa do duodeno.
Das enzimas contidas no suco pancreático, podemos encontrar a amilase
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pancreática que degrada os carboidratos, a tripsina e a quimiotripsina,
que, somente após se tornar ativa no duodeno, degrada as proteínas, e a
lipase pancreática, que degrada os triglicerídeos.

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