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Sinais e sintomas comuns

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Amanda L. Schell - TXXI 
 
 
Introdução 
Um sinal é um dado 
objetivo, notado pelo 
observador, já o 
sintoma é um dado 
subjetivo, não sentido 
pelo observador. 
Nesse resumo, trataremos sobre alguns sinais e sintomas 
frequentes na prática médica. 
Dor 
A dor é o sintoma mais comum sendo, em boa parte das 
vezes, o “sintoma guia” da histórica clínica, já que representa 
um sinal de alarme e mecanismo essencial de defesa. 
Ela poder ser classifica, conforme início e evolução, como 
aguada ou crônica. A primeira é vista como um mecanismo 
de defesa podendo durar segundos a semanas, enquanto a 
crônica é uma dor que dura no mínimo 3 meses podendo 
durar anos e caracteriza o sofrimento. 
 Ela dever ser entendida como um aspecto biológico, clinico, 
social e cultural, além de ser composta de componentes: 
sensoriais, cognitivo e afetivo-motivacional. 
Indivíduos que apresentam falta de sensibilidade dolorosa ou 
ausência de dor tem maiores chances de morrem 
precocemente em 
função de múltiplas 
lesões complicadas 
por infecção. 
A percepção da dor é 
composta por três 
mecanismos: 
• Transdução – a 
sensação 
dolorosa tem 
início pela estimulação de nociorecptores. Esses são 
inespecíficos e são capazes de gerar percepções 
diferentes conforme a intensidade do estímulo e fatores 
associados. Os estímulos podem ser mecânicos, físicos 
ou químicos. 
 
• Transmissão – mecanismo que permite que o impulso 
nervoso, gerado nos nociorecptores, atinja estruturas 
nervosas centrais onde haverá o reconhecimento da 
dor. As vias do grupo lateral estão relacionada pelo 
aspecto sensorial discriminativo da dor, enquanto as do 
grupo medial está relacionado ao aspecto afetivo-
motivacional. 
• Modulação – as vias nociceptivas também ativam 
estruturas que são responsáveis pela supressão da dor. 
Outra forma de classificação da dor é segundo o critério da 
fisiopatologia, podem ser agrupadas em: 
• Dor nociceptiva – é causada pela ativação dos 
nociceptores, sendo percebida simultaneamente à 
estimulação e apresentando, geralmente, alivio imediato 
após a remoção do fator causal. Dentro de grupo há 
uma subdivisão em espontânea ou evocada. A primeira 
pode ainda ser dividida em constante e intermitente, 
suas designações, geralmente, sugerem lesões tissular, 
enquanto a evocada pode ser desencadeada por 
manobras.. São exemplos picada de inseto, fratura do 
osso, cólica nefrética e apendicite. 
• Dor neuropática – gerada no sistema nervoso; apesar 
de não saber exatamente a fisiopatologia o que se 
considera mais essencial para esse tipo de dor é lesão 
do trato neoespinotalâmico ou neotrigeminotalâmico na 
dor facial.. São 
causas desse tipo 
de dor: 
neuropatia 
diabética, 
síndrome do 
membro 
fantasma, avulsão 
do plexo braquial, 
trauma 
raquimedular, 
acidente vascular 
encefálico. 
• Dor mista – 
conjunto de mecanismos nociceptivo e neuropático. 
Exemplo é dor causada por neoplasia maligna. 
 
 
Síndrome é um conjunto de sinais e 
sintomas que ocorrem associados e podem 
ter diferentes causas 
Dores como em casos de amputação de 
um membro, conhecida como “síndrome 
do membro fantasma”, deixam de ser um 
sintoma para serem vista como uma 
doença que requer atenção especial. 
Dor psicogênica – associada à um 
componente emocional; não há 
substrato orgânico; tende a ser difusa 
ou localização imprecisa; intensidade 
variável; o inicio pode estar 
relacionado à um evento traumático; 
pode estar acompanhada de sinais e 
sintomas de ansiedade e depressão. 
 
 
 
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A dor pode apresentar origens diferentes, dessa forma são 
classificadas da seguinte forma: 
• Dor somática superficial - estimulação de nociceptores 
do sistema tegumentar; bem localizada e com 
intensidade variável 
• Dor somática profunda – ativação de nociceptores de 
músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações.; 
difusa e intensidade proporcional ao estimulo. 
• Dor visceral – estimulação de nociceptores das vísceras; 
mal localizada a intensidade tende acentuar com 
atividade do órgão acometido. 
• Dor irradiada – sentida longe da origem; estimulo nóxico 
na inervação de origem. 
Ao avaliar a dor é preciso caracterizar ela conforme dez 
características, sendo elas: 
• Localização – 
local onde o 
paciente sente 
a dor; solicitar 
que o paciente 
aponte o local; devendo ser registrada de acordo com a 
nomenclatura das 
regiões; caso haja 
mais de um local 
todos devem ser 
registrados. 
• Irradiação – 
quando a dor 
segue o trajeto 
da raiz nervosa; 
exemplos: 
neuralgia occipital; 
cervicobraquialgia; 
• Qualidade ou caráter – descrição da sensação 
provocada pela dor; pode auxiliar a definir o processo 
patológico subjacente 
• Intensidade – avaliação subjetiva do paciente; pode ser 
escalonada por meio de uma escala analógica ou não 
numérica, a última é indicada para paciente crianças, 
idosos ou com baixa escolaridade. 
• Duração – registro do início, duração e número dos 
episódios e o comportamento dela durante o dia; 
permite a classificação em aguda e crônica. 
• Evolução - registro sobre a forma como que a dor foi 
instalada e as possíveis modificações que ocorreu na 
percepção. 
• Fatores agravantes – fatores que desencadeiam ou 
agravam a dor; descrever de forma quantitativamente e 
qualitativamente. 
• Fatores atenuantes – fatores que aliviam a dor; 
posições, uso de medicações, alimentação. 
• Manifestações concomitante – registrar se está 
acompanhada de febre, alterações na pele e nos sinais 
vitais; 
Vale ressaltar que com o envelhecimento o limiar da dor 
aumenta, consequentemente pacientes idosos, por muitas 
vezes, podem apresentar graves problemas sem queixar da 
dor, além de serem atípicas ou mal localizadas. Dessa forma, 
é preciso um certo alerta, já que esses paciente tendem a 
não relatar por considerar que é comum pela idade. 
Febre 
A febre é caracterizada pela elevação da temperatura acima 
de 37,8ºC. Sua 
causa pode 
estar ligada não 
apenas à 
distúrbios do 
próprio 
cérebro, mas 
também a 
substâncias 
capazes de 
influenciar os centros termorreguladores. 
Febre não é uma doença, mas um sinal de alerta de 
que há substâncias indicativas de processos mórbido. 
As principais causas da febre são: 
• Infecções – aparece quase sempre em infecções virais, 
bacterianas e por protozoários 
• Doenças do sistema nervoso – em lesões cerebrais a 
febre, em geral, é elevada 
• Neoplasias malignas – por conta da liberação de 
produtos do tecido destruído pelo tumor; em linfomas a 
febre é quase constante. 
• Anemias hemolíticas e púrpura 
• Medicações 
• Doenças auto-imunes 
• Doenças reumatológicas 
A semiologia da febre se dá pelas seguintes características: 
• Início – pode ser súbito, acompanhada de sinais e 
sintomas da síndrome febril, ou gradual, podendo ou 
não apresentar sintomas da síndrome febril. 
• Intensidade – usando como referência a temperatura 
axilar podemos classificar em: febrícula que corresponde 
temperaturas até 37,5ºC, moderada caracteriza 
Não aceitar “diagnósticos prontos”, por 
exemplo: “dor na vesícula”. 
Processos patológicos podem aumentar a 
possibilidade de a dor apresentar uma 
localização atípica. Exemplo: dor de 
isquemia miocardia em paciente com 
úlcera duodenal pode ser irradia para o 
epigástrico 
Síndrome febril – elevação da temperatura 
mais outros sintomas e sinais que aparecem 
e varia, de acordo com a magnitude da 
hipertermia. São exemplos: astenia, cefaleia, 
taquicardia, taquipneia, calafrios, sudorese, 
confusão mental e até convulsões. 
 
 
 
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temperaturas de 
37,6ºC a 38,5ºC, por 
fim podemos 
classificar em febre 
alta aquelas acima de 
38,6ºC. Lembrando 
que durante o dia a 
temperatura pode 
alterar , já que essa 
está ligado aos níveis de cortisol. Vale ressaltar que 
pacienteidosos, em choque e em mau estado geral 
podem não apresentar febre. 
• Duração – febre que permanece por mais de uma 
semana, continua ou não, é denominada febre 
prolongada. 
• Modo de evolução – apresenta os seguintes tipos: 
1. Contínua – febre sempre acima do normal com 
variações de até 1ºC e sem grandes oscilações. São 
exemplos: febre tifóide, pneumonia, endocardite 
infeciciosa 
2. Irregular ou séptica – picos altos intercalados de 
períodos de apirexia; sem padrão de variações; 
costuma ocorrer em septicemia, abscessos 
pulmonares, tuberculose e fase inicia da malária. 
3. Remitente – variações diárias maiores que 1ºC; sem 
períodos de apirexia; pode ocorrer em septicemia, 
pneumonia e tuberculose 
4. Intermitente – 
hipertemia 
interrompida 
por um 
período de 
temperatura 
normal;; 
exemplos são a malária e linfoma 
5. Recorrente ou ondulante – temperatura normal por 
dias interrompida por períodos de temperatura 
elevada; na fase febril não há grandes oscilações; são 
exemplos: linfomas, bruceloso e doença de Hodgkin 
• Término – o termino pode ocorrer em crise ou em lise. 
No primeiro caso a febre desaparece de forma súbita, 
enquanto no segundo ela vai desaparecendo 
gradualmente 
Durante a investigação sobre esse sinal é de grande 
importância questionar sobre: 
• Viagens recentes 
• Doença infecto-parasitárias 
• Atividade sexual 
• Animais 
• Hemorragias 
• Drogas e álcool 
• Medicamento 
Além disso, é importante ficar atento ao notar as seguintes 
regiões no exame físico: 
• Linfonodos – se há presença dele palpáveis 
• Cavidade oral 
• Seios da face 
• Ouvido 
• Artérias temporais 
• Sopros cardíacos 
• Nódulo mamário 
• Massas testiculares 
Edema 
Caracterizado pelo excesso de liquido acumulado no espaço 
intersticial, podendo ocorrer em qualquer região. 
A fisiopatologia do edema está ligado à forças que atuam no 
nível dos capilares e tomam parte nas troca de água e 
eletrólitos. Além disso, as principais causas são: 
• Síndrome nefrítica e nefrótica 
• Pielonefrite 
• Insuficiência cardíaca 
• Destruniçao proteica 
• Gravidez 
• Obesidade 
• Hipertireoidismo 
Quando observado é importante analisar os seguintes 
aspectos: 
• Localizado – pode ser localizado quando está 
restringindo à um segmento do corpo, descartado esse 
então teremos um edema generalizado. Geralmente, 
ocorre nos membros inferiores, mas é importante 
investigar a face e região pré-sacra, esse último em 
especial em pacientes acamados, récem-natos e 
lactantes. 
• Intensidade – sua determinação é dado pela 
compressão com a polpa digital do polegar ou indicador, 
esse é conhecido como sinal do Cacifo. Ao retirar o 
dedo da região será notado uma depressão 
denominada fóvea, a profundidade dessa é registrada 
em cruzes. Há 
também como 
pesar todos os 
dias o paciente, 
sendo uma vez 
pela manhã e 
outra pela noite 
ou medir o 
perímetro da 
região. 
Dissociação axilo-retal – diferença 
maior que 1ºC na mensuração da 
temperatura retal e axilar. Tal 
diferença sugere alterações intestinal 
e peritoneal. 
Reação de Jarisch Herxheimer – reação 
febril agudo que ocorre nas primeiras 24 
horas após o tratamento da sífilis 
 
 
 
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• Consistência – quando facilmente depressível é 
classificado como mole, já quando não é denominado 
duro e traduz a existência de proliferação fibroblástica 
• Elasticidade – quando ele retorna rapidamente ao seu 
normal é denominado elástico, no entanto quando 
permanece por um certo tempo é chamado inelástico. 
• Temperatura – o edema pode apresentar uma 
temperatura normal, mas também pode estar quente 
que significa um edema inflamatório ou frio que traduz 
comprometimento da irrigação sanguínea. 
• Sensibilidade – pode ser doloroso ou indolor, quando 
temos o primeiro caso estamos diante de um processo 
inflamatório. 
Cefaleia 
Dor de intensidade variável em uma região que vai dos 
supercílios até a base de implantação dos cabelos na nuca. 
O diagnóstico é clinico e 
tem como base a 
anamnese sendo o 
exame físico apenas 
para complementar 
dados da história. 
Pode ser dividida em: 
primária quando não há doença subjacente e secundária 
quando ela é sintoma de uma outra condição. 
Há diversos tipos de cefaleia primárias sendo elas: 
• Enxaqueca – caracterizada por ser paroxística, pulsátil, 
c/ ataquedes durando 4-72 horas, intensidade moderada 
a acentuada; piora com a pratica de exercícios leves e 
foto/fonofobia; pode estar acompanhada de náuseas 
e/ou vômito.; geralmente hemicraniana. Essa é muito 
comum no sexo feminino e comum na primeira metade 
da vida, sendo raro o 
início após aos 40. 
• Tensional – pode 
surgir em qualquer 
idade; geralmente 
holocraniana; do tipo 
pressão ou aperto; de 
intensidade leve a moderada; sem piora com atividade 
física rotineira; sem náuseas e vômito; pode estar 
presente foto ou fonofobia; analgésicos e relaxantes 
musculares ajudam na melhora; piora ao final do dia. 
• Em Cluster – predominante em homens; caracterizada 
por dor muito intensa, unilateral fronto-orbitária, duração 
em torno de 40 minutos; acompanhada de 
lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia; os ataques 
pode ser desencadeado por sono ruim, bebidas 
alcoólicas; melhora com inalação de oxigênio.; ligada a 
fase do ano e a alergia. 
Em uma anamnese é importante investigar as seguintes 
características: 
• Localização 
• Duração e frequência 
• Irradiação 
• Qualidade e caráter 
• Intensidade 
• Fatores de agravamento e melhora 
• Sintomas que acompanham 
• Idade, sexo e profissão 
No exame físico, além de um exame neurológico é 
importante uma inspeção das seguintes regiões: 
• Cabeça e pescoço 
• Palpação dos músculos cervicais 
• Palpação das artérias carótidas, temporais e ramos 
• Articulações temporomandibulares 
• Mobilidade cervical 
• Anormalidades das pupilas 
Icterícia 
O acúmulo de bilirrubina no sangue resulta em uma 
coloração de 
amarelo clara até 
amarelo esverdeada 
nas regiões de pele, 
mucosas visíveis e 
da esclerótica. Não 
é uma doença, mas 
um sinal que pode ter inúmeras causas. 
As principais causas são: 
• Hepatite infecciosa 
• Hepatopatia alcoólica ou por medicamentos 
• Leptospirose 
• Malária 
• Lesões obstrutivas das vias biliares extra-hepáticas 
Ela pode ser classificada por: 
• Indireta – 
quando não 
houve 
conjugação, 
ocorre nas 
anemias 
hemolíticas, 
síndrome de 
Gilbert, síndrome de Criggler-Najar tipo I e II 
• Direta – ocorre quando houve a conjugação; 
 
Síndrome de Costen -desordens 
temporamandibulares, motivada por 
alterações odontológicas. Um sintoma comum 
dessa síndrome é cefaleia tensional. 
Sinal de Courvosier Tenier - apresentam 
icterícia, além da vesícula palpável indolor; 
podendo estar relacionada à câncer de 
cabeça de pâncreas 
 
 
 
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Tosse 
Mecanismo de defesa das vias respiratórias à estímulos 
irritantes, esses 
podem apresentar 
origem inflamatória, 
mecânica, química 
e térmica. Os 
causadores mais 
comuns são: poeira, 
corpo estranho, 
gases irritantes, frio 
excessivo, 
hiperemia, edema e secreções. 
Apesar, do objetivo da tosse seja eliminar as secreções 
anormais ela pode se tornar danosa às vias respiratórias, pois 
pode distender os septos alveolares, pois ela aumenta a 
pressão da árvore brônquica. 
A tosse pode se apresentar de diversas formas, tais como: 
• Tosse produtiva – acompanhada de secreções 
• Tosse seca – não apresenta secreções 
• Tosse quintosa – geralmente na madrugada; com 
intervalos de acalmia; acompanhada de vômito e 
sensação de asfixia. Comum em coqueluche. 
• Tosse-síncope – após a crise há perda de consciência 
• Tosse bitonal – ocorre pela paralisia de uma das cordas 
vocais; podendo estar ligada ao comprometimento do 
nervo laríngeo inferior 
• Tosserouca – comum em tabagista; laringite crônica 
• Tosse reprimida – paciente evita, pois há dor abdominal 
ou torácica; comum em pleuropneumopatias. 
• Tosse psicogênica – ocorre em situações de tensão 
emocional; é um diagnostico de exclusão. 
Ao notar a presença de tosse o médico deve investigar os 
seguintes pontos: 
• Frequência 
• Intensidade 
• Tonalidade 
• Existência ou não de expectoração 
• Relação com o decúbito 
• Período do dia que ocorre mais 
• Evolução 
• Sinais e sintomas que acompanham 
• Hábitos e vícios 
• Exame físico respiratório

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