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Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021 ANÁLISE DA DENTIÇÃO MISTA Na dentição decídua há os arcos de Baume Tipo I e II. O tipo I representa 70% dos casos e é caracterizado por espaços interdentais, o que é melhor para a acomodação dos dentes na dentição mista/permanente (prognóstico mais favorável). O tipo II representa 30% dos casos, não apresenta espaços interdentais e apresenta uma dentição mista/permanente mais problemática. Se na dentição decídua consolidada a criança já apresentar dentes apinhados (ex: apinhamento de incisivos no arco inferior) há 100% de chances de dentes apinhados e problemas de falta de espaço no futuro. Dentes decíduos sem espaço entre eles representam um alerta: 70% de chances da dentição permanente apresentar falta de espaço. Quanto mais espaço entre os dentes decíduos, menor a chance de apinhamento na dentição permanente. No período da dentadura decídua completa, o comprimento do arco, a distância intercaninos e a distância intermolares se mantêm constantes. Porém, há crescimento vertical do processo alveolar devido à irrupção dos dentes sucessores e crescimento sagital dos maxilares, produzindo as áreas retromolares para irrupção dos molares permanentes. O período da dentição mista é dividido em primeiro período transitório (irrupção dos 1M e I), período intertransitório e segundo período transitório (irrupção dos C e PM). O primeiro período transitório ocorre dos 6 aos 8 anos, com a irrupção dos 1M permanentes e troca dos I. A análise da dentição mista deve ser feita, no mínimo, no final do primeiro período transitório (o paciente deve apresentar os I e 1M superiores e inferiores). Analisando a dentição mista: o paciente apresenta espaço para acomodação de todos os dentes permanentes e ajuste oclusal? É necessário intervir precocemente mantendo o espaço de Nance? É necessário uma extração seriada? Solicitar uma documentação ortodôntica ou utilizar outras ferramentas para analisar a dentição. Os modelos de estudo auxiliam na análise da dentição, além de avaliar a relação dos molares (classificação de Angle), overjet, overbite, mordidas cruzadas, inclinações axiais, curva de Spee, forma dos arcos e assimetria, alinhamento/rotações/giroversões/tamanho/forma dos dentes. Nele, é possível determinar a relação entre a quantidade de espaço no arco alveolar e a quantidade de espaço exigida para que todos os dentes se alinhem perfeitamente. ANÁLISE DA DENTIÇÃO MISTA: ● Procedimento importante para diagnóstico. ● Orienta o planejamento ortodôntico (condutas terapêuticas). ● Com ela, o profissional vai saber se o espaço na dentição precisa de supervisão, manutenção ou recuperação. Finalidades: ● Avaliar a quantidade de espaço disponível no arco para os sucessores permanentes. Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021 ● Estimar (através de tabelas e radiografias) o diâmetro dos dentes permanentes não irrompidos. ● Verificar se o volume dentário estará de acordo com o tamanho da base óssea. Métodos estatísticos: ● Análise de Moyers; ● Tanaka & Johnston. Métodos radiográficos: ● Nance; ● Huckaba; ● Ruellas. Materiais necessários: ● Modelo de gesso; ● Compasso de ponta seca/fio de latão/paquímetro; ● Lápis e borracha; ● Régua milimetrada; ● Ficha/cartão/papel. Discrepância de modelo: discrepância entre tamanho dentário e base óssea. DM = EP (espaço presente) - ER (espaço requerido) Pode ser + (EP > ER), nula (EP = ER) ou - (EP < ER). Espaço presente: ● Valor do tamanho do osso basal em mm. ● Medido entre a mesial do 1M de um lado à mesial do 1M do lado oposto (sobre a crista alveolar). Medidores: fio de latão, compasso de ponta seca e paquímetro. - Fio de latão: passa pelas coroas dos dentes contornando a forma da arcada da mesial do 1M de um lado à mesial do 1M do lado oposto. Retificar o fio sobre uma régua e medir o valor em mm. - Compasso de ponta seca: medição feita por segmentos. Mede o segmento com o compasso, transfere as medidas para um cartão/papel e mensura com régua milimetrada. Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021 Medições: da mesial do 1M à mesial do C; da mesial do C à mesial do IC; da mesial do IC à mesial do C; da mesial do C à mesial do 1M. Espaço requerido: ● Tem como objetivo estimar as larguras mésio-distais das coroas dos dentes permanentes não irrompidos (C e PM) através de métodos estatísticos (análise de Moyers, Tanaka & Johnston) e radiográficos (Nance, Huckaba, Ruellas). Métodos estatísticos: Análise de Moyers: ● Fácil aplicação, boa precisão, baixo custo (não utiliza radiografias), não exige muito tempo de trabalho e pode ser feita com igual segurança tanto para o principiante quanto pelo especialista. ● Tabela de predição do diâmetro mésio-distal de C e PM não erupcionados. ● A base do cálculo representa a soma das larguras mésio-distais dos II tanto para mandíbula como para maxila. ● A tabela apresenta para cada valor obtido na soma dos 4 II um valor correspondente para os C e PM. Por que utilizar os II como referência? Porque esses dentes apresentam menor variação de forma e tamanho quando comparados a outros dentes permanentes. Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021 - Primeira linha: valores da soma das larguras mésio-distais dos incisivos inferiores; variação de 0,5 mm. - Primeira coluna: Probabilidade expressa em porcentagem. Sugere a utilização de 75%: sobrestimar valores - avaliação mais pessimista da disponibilidade de espaço - é mais prático sob o ponto de vista clínico. Obs: sempre começar a análise de Moyers pelo arco inferior! Passo a passo para determinar o ER inferior: 1. Determinar a somatória dos diâmetros mésio-distais dos II. 2. A partir do valor dessa soma, utilizar a tabela em 75%. O valor encontrado na tabela corresponde à somatória dos diâmetros mésio-distais de caninos e pré-molares de uma hemi-arcada. ER = somatória mésio-distal dos II + 2 x (valor da tabela) Para determinar o ER superior, seguimos a mesma sequência de etapas do inferior. Predição dos C e PM superiores: realizar a partir da somatória dos II. Colocar a somatória dos IS na fórmula. 1. Determinar a somatória dos diâmetros mésio-distais dos IS. 2. Predição dos C e PM superiores a partir da somatória dos II. Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021 ER = somatória mésio-distal dos incisivos superiores + 2 x (valor da tabela) Tanaka & Johnston: ● Análise prática, precisa, de fácil memorização e rápida aplicação – economia de tempo. ● Similar à análise de Moyers: realizar a somatória dos II para predizer o diâmetro mésio-distal de C e OM. ● Fórmula pela qual consegue obter predição de 75% de probabilidade. Passo a passo: 1. Somar a largura mésio-distal dos II. 2. Adicionar à metade da soma da largura mésio-distal dos II: 10,5 mm para mandíbula e 11,0 mm para maxila. Métodos radiográficos: ● Medidas diretas do tamanho dos dentes no RX dificultam o diagnóstico devido às distorções - fator de magnificação da imagem. ● Sujeitos a erros significativos na predição de tamanho devido inclinações/rotações dentárias. Análise de Nance (para previsões individuais): aplicar a fórmula em cada dente, através de uma radiografia periapical. X é o dente permanente o qual se quer determinar o diâmetro.
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