Aleitamento materno · A prática do aleitamento materno está entre as intervenções mais eficazes para melhorar a saúde infantil por reduzir a morbimortalidade infantil por diarreia, infecções respiratórias e promover melhor qualidade de vida para o binômio mãe-bebê. · O momento deve ser prazeroso para mãe-bebê. É prejudicado pela tensão, ansiedade, irritabilidade, contrariedade e labilidade emocional materna. Se tem maior conforto e segurança quando a mãe é bem orientada e apoiada por cuidadores (profissionais de saúde/familiares). · Considerações: 1. Tentar amamentar na primeira meia hora de vida com boa atividade, vivacidade, sucção e choro normais 2. Promover o vínculo mãe-bebê, reduzir os riscos de hipoglicemia, azotemia e hiperbilirrubinemia (jejum prolongado aumenta a circulação intra hepática) 3. Incentivar o início do aleitamento na sala de parto de acordo com a demanda do bebê (normalmente intervalo de 3-4 h/dia) 4. RN alimentados exclusivamente ao seio materno não necessitam de água (os que usam fórmula, sim) 5. Espera-se variações no tempo entre as refeições e na quantidade ingerida nos primeiros dias de vida – 90% dos lactentes estabelecerão horários adequados e constantes. · Definições: 1. Amamentação exclusiva - leite materno (mesmo ordenhado). Pode-se usar soro oral, vitaminas, minerais e medicamentos, sem oferta de qualquer outro líquido ou alimento. 2. Amamentação predominante – leite materno (mesmo ordenhado) como fonte predominante de nutrição. O bebê pode receber soro oral,, sucos, chás, vitaminas e medicamentos. A criança não deve receber mais nada. Não é permitido uso de outros leites. 3. Amamentação complementar – leite materno (mesmo ordenhado) com alimentos sólidos ou semissólidos. A criança pode receber qualquer liquido ou alimento, incluindo leite ou fórmulas infantis. 4. Amamentação – leite materno (mesmo que ordenhado). A criança pode receber outros leites ou fórmulas infantis 5. Amamentação com mamadeira – qualquer liquido ou semissólido oferecido em mamadeira, onde a criança pode receber qualquer outro alimento (leite materno ou outros leites e fórmulas infantis). · A OMS, SBP e o MS recomendam aleitamento materno exclusivo por 6 meses e complementado até 2 anos · Efeitos indesejáveis da complementação: 1. Nutricionalmente inferior ao leite humano 2. Diminui a duração ao aleitamento humano 3. Interfere na absorção de nutrientes (Fe, Zn) 4. Reduz a eficácia da lactação na prevenção de novas gravidezes. * · Propriedades imunológicas do LH: não são reproduzidos por fórmula 1. Macrófagos, neutrófilos e linfócitos B e T – fagocitose, liberam Ig A, produzem complemento, lactoferrina e lisozima 2. Ig A secretória – proteção do TGI de agentes infecciosos 3. Fator bífido – acidifica as fezes, dificultando a reprodução de enteropatógenos 4. Lactoferrina proteína bacteriostática, indisponibiliza ferro para agentes infecciosos (E. coli) e inibe o crescimento de fungos 5. Lisozima: ação bactericida e antiinflamatória · Problemas do uso do leite de vaca: antes do primeiro ano de vida expõe a criança 1. Alergias alimentares 2. Micro hemorragias intestinais – facilitam a penetração de microrganismos 3. Anemia por deficiência de ferro. O LH possui menos ferro mas é mais biodisponível. 4. Excesso de proteína, sódio, potássio e fosforo 5. Deficiência de vitaminas do complexo B e vitamina C 6. Baixo disponibilidade de ferro, cálcio e zinco 7. Alta concentração de caseína de baixa biodisponibilidade e baixo valor biológico · Evidencias da superioridade da amamentação para a criança: 1. Redução da mortalidade infantil prevenindo 50% das mortes por doenças respiratórias e 66% por diarreicas. 2. Redução da mortalidade e morbidade por diarreia: as diarreias possuem maior risco com uso de água e chás nos primeiros 6 meses e amamentados possuem episódios diarreicos menos graves. A proteção diminui quando deixa de ser exclusivo. As doenças por diarreia ocorrem mais em crianças com baixo nível socioeconômico. 3. Redução da mortalidade e morbidade por doenças respiratórias: a parte respiratória é mais protegida quando a amamentação é exclusiva até os 6 meses com menos episódios de infecção. Diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória. 4. The Lancet: redução da mortalidade de menores de 5 anos por causas preveníveis 5. A mortalidade por doenças infecciosas é 6x maior nos menores de 2 meses não amamentadas 6. A proteção diminui à medida que cresce 7. Redução de alergias. Reduz risco de asma e bronquites. Reduz risco de sibilos recorrentes (independentemente de ser exclusivo), aumentando a proteção com a duração. Benefícios principalmente com história familiar de atopias. 8. Doenças crônicas: redução de doenças como auto-imunes, celíaca, Crohn, leucemia e colite ulcerativa. A exposição precoce ao leite de vaca (<4 meses) é determinantes para diabetes tipo 1. Pode reduzir os níveis pressóricos e possui pequeno efeito protetor na prevalência da obesidade. 9. Promove melhor nutrição pois é espécie-específico, melhor digestabilidade e pode apresentar crescimento inferior se comparado com o crescimento das crianças que usam fórmulas entre 3 e 9 meses. 10. Melhor desenvolvimento cognitivo por motivos não bem esclarecidos, mas há associação positiva. Pode ser associada a presença de LCPUFA (ácidos graxos de cadeia longa) que são incorporados às membranas dos neurônios. 11. Desenvolvimento facial e oclusão dentária são melhores. A falta da amamentação leva a mal oclusão dentária. A sucção ao seio faz uma melhor conformação do palato duro e alinhamento correto dos dentes. Uso de bicos e mamadeiras altera a cavidade nasal, palato duro e dentes. · Benefícios para mãe: proteção contra câncer de mama; efeito anticoncepcional (amenorreias, anovulação e infecundidade mais prolongados. Eficácia de 98% nos 6 meses desde que a amamentação seja exclusiva e que haja a manutenção da amenorreias, relacionada ao número de mamadas); economia (leite, mamadeiras, gás, medicamentos); vínculo afetivo mãe-filho; proteção contra diabetes tipo II (melhor homeostase da glicose); melhor qualidade de vida (menos adoecimento, falta ao trabalho, menos gastos e menos situações estressantes). Anatomia da mama · Corte transversal: 1. 15-25 lobos mamários em cada mama 2. Cada lobo possui de 20 a 40 lóbulos 3. Cada lóbulo possui de 10 a 100 alvéolos. O leite é produzido nos alvéolos e conduzido aos seios lactíferos por uma rica rede de ductos. Para cada lobo mamário há um seio lactífero, com saída independente no mamilo. · Fisiologia da lactação: 1. Estrogênio – responsável pela ramificação dos ductos lactíferos durante a gestação 2. Progesterona – formação dos lóbulos que diminui com o nascimento da criança e saída da placenta 3. Lactogênio placentário – acelera o crescimento mamário e inibe a secreção de leite durante a gestação 4. Prolactina – aumentada durante a gravidez e estimula a lactogênese e secreção de leite 5. Ocitocina – função de ejeção do leite com estímulo de sucção, estímulos condicionados (visão, cheiro e choro) e fatores emocionais (tranquilidade). É inibida pelo estresse, dor desconforto e ansiedade. 6. O leite aumente de 100ml/dia do início da lactação para 600ml ao 4 dia variando de acordo com a demanda do RN, chegando a 850 ml quando em aleitamento materno exclusivo, aumentando proporcionalmente ao esvaziamento das mamas. Composição do LM · É homogêneo em sua composição – quantidade e qualidade. Apenas mães gravemente desnutridas vão ter quantidade e qualidade irregulares. · Colostro – mais proteínas e menos lipídeos que o leite maduro. Rico em Ig (Ig A secretória – protege a mucosa de MOS refletindo a colonização materna). Produção máxima de uma semana a 10 dias. · Leite maduro – início em torno do 10 dias 1. Leite anterior – mais rico em hidrato de carbono, fatores imunológicos e água. É feito para hidratação. É o leite do início da mamada que não dá sustentação, por isso a criança deve esvaziar uma mama para ter acesso ao leite posterior. 2. Leite posterior