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LARA CARVALHO MORAES 1 TRAUMATISMO DENTÁRIO – EXAME DO PACIENTE Incidência: ⎯ Faixa etária de 8-12 anos ⎯ Acidentes esportivos, quedas e brigas ⎯ Afetam mais meninos que meninas ⎯ Trauma envolvendo dentes, tecidos moles e tecidos duros ⎯ Dentes mais afetados são incisivos centrais superiores por serem mais proeminentes História: ⎯ Quando ocorreu o acidente? Horas, dias, semanas ou anos. Importante para o planejamento e prognóstico favorável do tratamento. ⎯ Onde ocorreu o acidente? Em área contaminada ou não. Se for contaminada, deve medicar o paciente sistemicamente. ⎯ Como ocorreu o acidente? O impacto foi em uma área maciça ou maleável. Se for maciça, o dano pode ser maior na face do paciente. Exames clínicos: Exame neurológico: observar a fala do paciente (se tiver embolada, sugere-se que há comprometimento), o olhar do paciente (se for fixo e consegue acompanhar os movimentos está dentro da normalidade, mas se tem revirar dos olhos deve-se encaminhá-lo para o neurologista), sintomas como náuseas, vômitos e dores de cabeça. Exame externo (cabeça e pescoço): avaliação de lacerações na cabeça e pescoço, ATM (dependendo do impacto pode ter fratura de côndilo), abertura de boca do paciente (abertura insuficiente pode indicar fratura óssea), edema na face (assimetria pode indicar fratura óssea). Exame de tecidos moles: avaliação de lábios, gengiva, língua, bochecha; caso haja lacerações, deve-se suturar e além disso, deve-se radiografar para verificar se não há fragmentos de vidros e outros objetos que podem interferir na correta cicatrização. Exame de tecidos duros: avaliar mandíbula, maxila, osso alveolar e dentes (verificar se há fraturas dentárias coronárias ou radiculares); através de tomografia ou exames radiográficos. Testes térmicos (frio): teste de sensibilidade pulpar, se for positivo (dor) há vitalidade pulpar. Deve ser realizado na face vestibular e palatina, não devendo ser realizado na região cervical (saliva), do dente com bolinha de algodão impregnada de spray refrigerante (até -50°C) e também nos dentes adjacentes. Exame do dente: alteração de cor (amarelada sugere calcificação; escurecida sugere necrose pulpar); avermelhada sugere absorção interna), presença de fístula (rastreamento com bastão de guta-percha), presença de mobilidade (pode indicar fratura de tábua óssea). Exames radiográficos ou imaginológicos (complementares): ⎯ Radiografia periapical: avaliação de fratura coronária ou radícula e de lesão periapical. ⎯ Radiografia oclusal ⎯ Radiografia panorâmica ⎯ Tomografia computadorizada Cone Beam: avaliação das estruturas da mandíbula e maxila que podem ter se fraturado (se tiver, encaminhar para o bucomaxilo). Qual o exame clínico que melhor avalia a vitalidade do tecido pulpar em um dente que sofreu traumatismo dental? Testes de sensibilidade pulpar – teste térmico. LARA CARVALHO MORAES 2 CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO Tipo de fraturas: a) Fraturas dentais Coronárias: ⎯ Esmalte ⎯ Esmalte e dentina ⎯ Esmalte, dentina e com exposição pulpar Corono-radiculares: ⎯ Coroa e raiz Fraturas que envolvem a região radicular subgengival com invasão de espaço biológico tem prognóstico desfavorável. Radiculares: ⎯ Coronal ⎯ Médio ⎯ Apical Fraturas que envolvem regiões coronal e apicais tem prognóstico favorável. As que envolvem terço médio são desfavoráveis. b) Luxação: Concussão: Trauma em que o dente não apresentará nenhuma movimentação/deslocamento dentro do alvéolo e nem mobilidade. Apresentará sintomatologia compatível com pericementite traumática: dor ao ocluir. Subluxação: Trauma em que o dente apresentará mobilidade acentuada, mas não apresentará nenhuma movimentação/deslocamento dentro do alvéolo. Apresentará sintomatologia compatível com pericementite traumática. Paciente pode apresentar pequeno sangramento gengival. Luxação lateral: Trauma em que haverá deslocamento do dente dentro do alvéolo, podendo ser para vestibular, palatino, mesial ou distal. A mobilidade do dente é acentuada e pode haver ruptura do feixe vascunervoso que penetra no forame apical (necrose traumática por coagulação). Paciente apresenta sangramento gengival abundante. Luxação extrusiva: Trauma em que haverá deslocamento do dente dentro do alvéolo no sentido coronário. Pode haver ruptura do feixe vasculho nervoso e comprometimento da vitalidade pulpar. Luxação intrusiva: Trauma em que haverá deslocamento do dente dentro do alvéolo no sentido apical. Pode haver ruptura do feixe vasculho nervoso e comprometimento da vitalidade pulpar. c) Avulsão dentária Completa remoção do dente do alvéolo com ruptura do feixe vasculonervoso. Quanto mais rápida for a reimplantação do dente, maior será a chance de sucesso e melhor prognóstico. LARA CARVALHO MORAES 3 Orientação ao paciente: Pegar o dente pela coroa dental e não pela raiz, guarda-lo em soro, saliva ou leite gelado e ir no dentista para tentar o reimplante. d) Fratura óssea Pode envolver a tábua óssea vestibular, tábua óssea palatina ou um bloco do alvéolo compreendendo vários dentes, com ou sem ruptura do feixe vasculonervoso. *Reimplante não deve ser realizado em dentes decíduos! Tratamento: Vai depender do tipo de comprometimento: Fraturas dentais Luxação Polpas vivas Raiz completa Avulsão Polpas necrosadas Raiz incompleta Fratura óssea Esmalte e dentina / polpa vital / raiz completa ou incompleta: Realizar colagem do fragmento ou tratamento restaurador e acompanhar o desenvolvimento da raiz em caso de rizogênese incompleta ou acompanhar se o dente irá manter vitalidade pulpar em caso de raiz completa. LARA CARVALHO MORAES 4 Esmalte, dentina e polpa / polpa vital / raiz completa ou incompleta: Analisar o tamanho da exposição e realizar capeamento pulpar direto. Esmalte, dentina e polpa / necrose pulpar / raiz completa: Tratamento endodôntico convencional. Esmalte, dentina e polpa / necrose pulpar / raiz incompleta: Apicificação por trocas de hidróxido de cálcio até que organismo forme um tampão foraminal ósseo; apicificação com uma única aplicação de hidróxido de cálcio e colocar um tampão de MTA; técnica da revascularização induzindo que as células na região apical continuem a formar a raiz. Nos casos de apicificação, deve-se tratar o canal posteriormente. Concussão e subluxação: Ajuste oclusal devido a pericementite, geralmente a polpa está vital pois o trauma não é o suficiente para necrosá-la. Mas se ocorrer necrose e raiz for incompleta, deve-se usar um dos três procedimentos descritos anteriormente. Proservação! Luxação intrusiva: Se difere dos demais pois o dente entrou no alvéolo e pode sair de forma fisiológica ou necessitar de tração ortodôntica para coloca-lo no nível dos demais. Luxação lateral, extrusiva e intrusiva: Necessidade de esplintagem (uso de contenção). Sem envolvimento ósseo, a esplintagem será semi-rígida para evitar futura anquilose do dente. Avulsão: Com a completa saída do dente do alvéolo, deve-se reimplantá-lo o mais rápido possível (sucesso do tratamento depende disso). Avulsão / polpa viva / raiz completa: Reimplantar o dente, esplintagem semi-rígida e com 1 semana ou 2 semanas fazer tratamento endodôntico. Avulsão / polpa viva / raiz incompleta: Reimplantar o dente e verificar se haverá revascularização fisiológica. Se não, realizar apicificação, apicificação com MTA ou revascularização. Fratura óssea: Esplintagem será rígida para que haja consolidação óssea. Avaliar se o dente está vital e se há rizogênese completa (teste de sensibilidade e exame radiográfico) e seguir com os tratamentos descritos acima. Contenção semi-rígida: Fio de Nylon/Fio ortodôntico (0,30 ou 0,40mm) e resina composta. Contenção rígida: Fio ortodôntico de aço 0,50mm e resina composta. LARA CARVALHO MORAES5 Orientação ao paciente: Trauma dentário – recomendações: Avulsão: o tempo de permanência do dente fora do alvéolo é muito importante. Os primeiros 60min são de fundamental importância! LARA CARVALHO MORAES 6 Luxação e avulsão – recomendações: Questões: Resposta: Pulpectomia não dá para fazer em polpa necrosada. Obturação não é o indicado pois o dente sofreu fratura quando o paciente tinha 7 anos, ou seja, com rizogênese incompleta / ápice aberto. Utilizar técnica de apicificação pois o ápice está aberto. Apicogênese se aplica em dentes vitais. Apicificação: Tratamento endodôntico que se faz para fechamento do ápice nos casos de dentes com rizogênese incompleta e necrose pulpar. A forma usual é usar medicação intracanal de hidróxido de cálcio com renovações sucessivas durante determinado período (variável de acordo com o caso) até que se feche o ápice, quando então o canal deve ser obturado. LARA CARVALHO MORAES 7 Apicogênese: É feito nos casos de polpa vital com rizogênese incompleta após curetagem pulpar ou pulpectomia, faz-se a proteção do remanescente também com hidróxido de cálcio. Essa substância é usada na câmara pulpar em contato com o tecido pulpar vivo e aí o desenvolvimento radicular terá continuidade. Resposta: Teste de sensibilidade negativo indica necrose pulpar. Pulpite reversível: dor intensa provocada que cessa logo após a remoção do estímulo. Pulpite irreversível: dor espontânea. Polpa normal: dor leve que cessa logo após a remoção do estímulo.
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