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I Marylia Coelho Os sistemas adesivos são algumas substâncias capazes de promover a união de substratos dentários (esmalte ou dentina) com os materiais resinosos. Essas ligações entre o substrato e o material resinosos, podem ser classificadas como: ligações químicas, ligações físicas e ligações mecânicas. As ligações químicas são ligações muito fortes envolvendo moléculas iguais, ou seja, de mesma natureza. Temos os exemplos das dentinas sobre dentinas que vão se unir a base de ligações covalentes (muito forte), outro exemplo que podemos citar é o adesivo + resina. As ligações físicas também são ligações forte, porém menos que as ligações químicas e vão ocorrer por duas moléculas de natureza diferentes. Ex: CIV. Em alguns adesivos temos as presenças de MDP’s que são agentes que promovem uma ligação iônica entre o dente e o adesivo. As ligações mecânicas são uma união, através de materiais de naturezas diferentes, e esses agentes ficam presos por atrito entre o substrato. Essas ligações precisam ter um mínimo de contato para que possa ocorrer a adesão. No material dentário temos várias moléculas reagindo entre si e promovendo a união dos materiais, mas na superfície ficam radicais livres que estão em forte busca de ligações. Quando esses radicais estão totalmente livres, ou seja, quando a superfície dentária está totalmente limpa, sem nenhum resíduo, teremos um ambiente propício para fortes ligações com adesivos, resinas ou outros componentes. Se estiver sujo, é como se aqueles radicais livres já estivessem reagindo com algo e por isso se for feito aplicação de resinas, não terá um bom molhamento e consequentemente uma boa adesão. Na foto acima, representa a superfície dentária limpa com todos os radicais livres para fazer uma ótima adesão. ⬆ Energia Livre de superfície ⬆ Adesão Normalmente 30 minutos depois da escovação, teremos a formação da película adquirida que se adere facilmente a estrutura dentária, impedindo que haja uma ligação mais forte com outros materiais. Quando não há uma limpeza adequada da superfície teremos: ⬇ Energia livre de superfície ⬇ Adesão O molhamento é a capacidade do adesivo de se espalhar sobre a superfície dentária, fazendo a ligação com a energia livre de superfície. Porém é importante ressaltar que para que isso ocorra o produto precisa ter a tensão superficial baixa: que corresponde a fluidez do líquido. Adesivos que vão mais viscosos, possuem uma alta tensão superficial, não sendo adequados. Para que possamos ter uma ótima aderência do substrato com o material resinoso é importante que seja: ⬆ Energia livre de superfície ⬇ Tensão superficial Para fixar bem: teremos um bom molhamento quando o adesivo molha bem a superfície dentária como um todo. Para avaliar os adesivos, é feito o parâmetro de ângulos de molhamento. Dessa forma: quando menor for o ângulo de molhamento, melhor será o molhamento. Os sistemas adesivos são compostos por ácidos, primer e adesivos. Ácidos São compostos por ácidos fosfórico a 37% (geralmente quando temos somente o ácido fosfórico ele é transparente e muito fluído) Além do ácido temos também a sílica em sua composição que irá fazer com que haja uma consistência de geleia para que a fluidez não cause danos e auxiliar na hora de remoção do ácido. Primer São compostos por monômeros anfipáticos, ou seja, possuem moléculas tanto polares como apolares. Um dos lados se ligam a estruturas polares (um dos exemplos é a dentina que possuem água entra vai se ligar com as moléculas polares, e o outro lado vai se ligar com o adesivo que é apolar.) Possui também solventes (que irá evaporar juntamente com a água que está na dentina). Nessa fase não precisa fotopolimerizar, pois não tem fotoiniciadores. Adesivos Monômeros hidrofóbicos (não tem afinidade com água) BIS-EMA, TEDGMA Partículas de carga (mesma composição da resina fluída) Fotoiniciadores (canforoquinona) e precisam ser fotopolimerizados. Condicionadores universais São chamados de convencionais ou etch and rise. Será necessário de aplicação separadamente de ácido fosfórico sobre os substratos dentários (colocar tanto em esmalte como em dentina). 3 Passos. Ácido fosfórico + primer + adesivo em unidades separadas Esse método possui uma alta eficiência, porém é mais demorado Protocolo de aplicação: 1. Ácido fosfórico a 37% - 30 segundos no esmalte (pois é mais mineralizado) e 15 segundos em dentina. 2. Lava com água da tríplice por 60 segundos para garantir que todo ácido saia da superfície dentária. 3. A dentina precisa ficar úmida para que haja uma exposição do colágeno e que haja uma aderência melhor com o adesivo e o material resinoso. É importante depois que lavar secar levemente com papel absorvente ou microbrus seco, mas nunca com jato de ar para não ressecar a dentina. 4. Aplicar o primer (uma gota) com o auxílio do microbrush limpo e aplicar por 20 segundos, para garantir que o solvente vá evaporar juntamente com a água presente na dentina, os monômeros irão se aderir as fibras colágenas. 5. Secagem com o ar sobre o primer para ajudar mais ainda na evaporação do solvente com a água que ficou por 10 segundos a uma distância de 20 centímetros. 6. Aplicação do adesivo que é hidrofóbico durante 20 segundo no esmalte e dentina simultaneamente, fazendo movimentos de esfregaço. 7. Fotopolimeriza por 10 segundos (no mínimo) 2 Passos. É composto por um frasco de ácido fosfórico + primer e adesivo (no mesmo frasco) Porém esse método possui uma eficiência muito baixa. Protocolo de aplicação: Antes de começar o protocolo é importante balançar o frasco de primer + adesivo, pois como possuem moléculas apolares e polares ele fica com água e oléo e por isso precisa se balançar o frasco para “homogeneizar” o conteúdo. 1. Aplica o ácido fosfórico a 37% 15 segundos na dentina e 30 segundos no esmalte. 2. Lavagem com água para retirada do produto, lavagem de 60 segundos para certificar que todo o ácido foi retirado. 3. Remover o excesso de água, deixando a dentina, apenas úmida. 4. Aplicação ativa (esfregando) o conteúdo de primer + adesivo em esmalte e dentina por 20 segundos. 5. Secagem com jato de ar por 10 segundos a uma distancia de 20 centímetros. 6. Fotopolimerização por 10 segundos (no mínimo.) Autocondicionantes Conhecidos como self etch São utilizados por não precisar que a dentina fique úmida para que haja um condionamento. Possui menos passos clínicos e uma menor chances de erros. Como já possuem ácidos na sua composição a dentina pode ser trabalhada de forma seca. 2 passos. Primer acídico + adesivo. Protocolo de aplicação: 1. Ácido fosfórico a 37% no esmalte por 30 segundos 2. Lavagem da cavidade com água por 60 segundos 3. Secagem com jato de ar 4. Aplicação ativa (esfregando) do primer acídico, somente em dentina por 20 segundos 5. Secagem com jato de ar por 10 segundos a uma distancia de 20 centímetros. 6. Aplicação ativa do adesivo (hidrfóbico) por 20 segundos no esmalte e dentina. 7. Fotopolimeriza por 20 segundos 1 passo Primer acídico junto com adesivo. Tudo no mesmo frascos, porém possuem os piores desempenhos clínicos. Protocolo de aplicação: 1. Aplicação de ácido fosfórico a 37% 30 segundos somente no esmalte. 2. Lavagem da cavidade com água por 60 segundos. 3. Secagem da cavidade com jato de ar 4. Aplicação ativa (esfregando) o primer acídico+ adesivo em esmalte e dentina por 20 segundos. 5. Secagem com jato de ar por 10 segundos a uma distância de 20 centímetros da cavidade. 6.Fotopolimeriza por 10 segundos. A durabilidade do 3 passos convencionais e 2 passos autocondicionantes são os melhores. Já os 2 passos convencional e 1 passo autocondionante possuem os piores desempenhos clínicos, pois são mais hidrófilos e por isso há um maior desgaste e por ser mais permeáveis. Adesivos universais São os simplificados que possuem MDP’s em sua composição por isso tem um melhor desempenho. Possuem semelhança entre as estratégias ativas: 2 passos convencionais e 1 passo autocondionante, mas como já dito, com uma performance muito melhor. O esmalte é um substrato mais homogêneo, fazendo com que haja uma união menos complicada. É utilizada a técnica de Michael Bounocore, que consiste em aplicar ácido fosfórico na superfície dentária e assim desmineralizar, quando isso ocorre há uma exposição dos primas de esmaltes que vão auxiliar no embricamento (encaixe) ⬆ Área de contato. ⬆ Energia de superfície livre. ⬆ Capacidade de molhamento do esmalte. Para o esmalte o tempo de condicionamento é de 30 segundos por ser uma superfície muito mineralizada. Os sistemas adesivos vão se aderir mecanicamente ao esmalte devido as porosidades (formadas pela exposição dos prismas de esmalte. Na dentina haveremos uma adesão mecânica devido aos embricamentos do colágeno e assim gerando a camada híbrida. A camada híbrida é a região onde temos a mistura de componentes do dente e adesivo: Colágeno + hidroxiapatita + adesivo A dentina é mais complexa por ser um substrato muito homogêneo. A dentina possui muita água, cerca de 12% por isso as moléculas apolares vão se ligar a dentina e as apolares irão se ligar com o adesivo. O processo irá se deferir nas cavidades rasas e profundas, por conta da diversidade de tipos de dentina. Quanto mais rasa, mais dentina intertubular teremos, e é temos uma maior concentração de fibras colágenas e por isso teremos uma melhor ligação. Em cavidades mais profundas menor espaço de dentina intertubular e por isso não há uma boa ligação, além que teremos um controle menor da umidade da dentina e uma menor exposição de colágeno. Na dentina esclerosada a união é pior e na dentina afetada por cárie temos uma piora mais ainda da ligação dos tecidos. Fisiológicamente no dente temos presença de enzimas que irão degradar o colágeno na presença tanto de ácido lático (cárie) como de ácido fosfórico da restauração, fazendo com que em cavidades profundas sempre há uma degradação, em um longo período de tempo das fibras colágenas, prejudicando a adesão da restauração.