Buscar

DIREITO ADMINISTRATIVO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O inteiro teor desta apostila está sujeito à proteção de direitos autorais. 
Copyright © 2020 Loja do Concurseiro. Todos os direitos reservados. O conteúdo 
desta apostila não pode ser copiado de forma diferente da referência individual 
comercial com todos os direitos autorais ou outras notas de propriedade retidas, e 
depois, não pode ser reproduzido ou de outra forma distribuído. Exceto quando 
expressamente autorizado, você não deve de outra forma copiar, mostrar, baixar, 
distribuir, modificar, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, 
texto e/ou documentos contidos nesta apostila ou qualquer parte desta em qualquer 
meio eletrônico ou em disco rígido, ou criar qualquer trabalho derivado com base 
nessas imagens, texto ou documentos, sem o consentimento expresso por escrito da 
Loja do Concurseiro. 
 Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão 
de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da Loja 
do Concurseiro. 
 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
3 
 
 
PROGRAMA: 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
1 Princípios. 
2 Regime Jurídico Administrativo. 
3 Poderes da Administração Pública. 
4 Serviço Público. 
5 Atos Administrativos. 
6 Contratos Administrativos e Licitação. 
7 Bens Públicos. 
8 Administração Direta e Indireta. 
9 Controle da Administração Pública. 
10 Responsabilidade do Estado. 
 
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
De forma simplificada, o Estado é uma criação humana 
destinada a manter a coexistência pacífica dos 
indivíduos, a ordem social, de forma que os seres 
humanos consigam se desenvolver, e proporcionar o 
bem estar a toda sociedade. 
É o Estado o responsável por dar força de imposição ao 
Direito, pois é ele que detém o papel exclusivo de aplicar 
as penalidades previstas pela Ordem Jurídica. 
Assim o Estado pode ser definido como o exercício de um 
poder político, administrativo e jurídico, exercido dentro 
de um determinado território, e imposto para aqueles 
indivíduos que ali habitam. 
Os elementos que caracterizam o Estado são: 
- População: entende-se pela reunião de indivíduos num 
determinado local, submetidos a um poder central. O 
Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do 
Direito, o bem comum. A população pode ser classificada 
como nação, quando os indivíduos que habitam o 
mesmo território possuem como elementos comuns a 
cultura, língua, a religião e sentem que há, entre eles, 
uma identidade; ou como povo, quando há reunião de 
indivíduos num território e que apesar de se 
submeterem ao poder de um Estado, possuem 
nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes. 
- Território: espaço geográfico onde reside determinada 
população. É limite de atuação dos poderes do Estado. 
Vale dizer que não poderá haver dois Estados exercendo 
seu poder num único território, e os indivíduos que se 
encontram num determinado território estão obrigados 
a se submeterem. 
- Governo Soberano: é o exercício do poder do Estado, 
internamente e externamente. O Estado, dessa forma, 
deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos, 
decidir os rumos políticos, econômicos e sociais 
internamente e não depender de nenhum outro Estado 
ou órgão internacional. A essa autodeterminação do 
Estado dá-se o nome de soberania. O Governo pode ser 
entendido em sentido subjetivo ou formal como a cúpula 
diretiva do estado responsável pela condução das 
atividades do Estado, ou seja, o conjunto de poderes e 
órgãos constitucionais. Já em sentido objetivo ou 
material é a atividade diretiva do Estado, confundindo-
se com o complexo de funções básicas do Estado. 
O Estado assume em suas relações internacionais uma 
personalidade jurídica (capacidade de tornar-se titular 
de direitos e deveres) de direito público externo, dado o 
fato de reger-se pelas regras do direito público 
internacional. 
Já em se tratando das relações internas, ou seja, em 
relação à regência em suas relações de direito público 
interno, o Estado é representado, no caso do Brasil, pelos 
chamados entes da Federação – a União, os Estados-
membros, os Municípios e o Distrito Federal (Pessoas 
jurídicas de direito público interno). 
Isto porque quando se fala das Formas de Estado, 
observa-se que ele pode assumir a forma de unitário 
(onde o poder político-administrativo é centralizado em 
um único ente) ou composto, como é o caso do Estado 
brasileiro (onde há a presença de diversos entes que 
exercem, dentro de limitações territoriais, sua 
autonomia. Os Estados compostos podem ser 
classificados em: Uniões Reais, Uniões Pessoais, 
Federações e Confederações). 
A maneira pela qual o poder é exercido dentro de um 
Estado indica a Forma de Governo por ele adotada. 
Assim, temos como formas de governo: a República e a 
Monarquia. Na República, as principais características 
são a eletividade e a temporariedade dos governantes, 
além da Responsabilidade do Estado. Enquanto na 
Monarquia, os governantes são investidos por critérios 
de hereditariedade e permanecem vitaliciamente no 
exercício do poder, além de, em alguns casos, não 
poderem ser responsabilizados (monarquias 
absolutistas). 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
4 
Em resumo a organização e estrutura do Estado podem 
ser analisadas sob 3 aspectos: 
a) Forma de Governo - República ou Monarquia 
b) Sistema de Governo - Presidencialismo ou 
Parlamentarismo 
c) Forma de Estado - Unitário ou Federação. 
No BRASIL, o Estado é do tipo Federado ou Composto, 
pois temos diferentes poderes políticos convivendo no 
nosso território: um poder político central (União), um 
poder político regional (Estados-Membros) e um poder 
político local (Município), além do DF, que acumula as 
competências regionais e locais. 
Na CF/88, a forma federativa de Estado constitui cláusula 
pétrea, insuscetível de ser abolida pelo poder de reforma 
(art. 60, §4º, I). 
 
Organização dos Poderes do Estado 
Poder significa força para que se possa fazer ou executar 
certas coisas. Não há Estado sem poder. O poder deve 
mostrar-se presente na vida dos governados a fim de 
manter, principalmente, a ordem social, a segurança e a 
liberdade individual. 
O exercício do poder está concentrado em diversos 
órgãos estatais. “São poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, - determina o art. 2.º, da CF - o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Sendo 
independentes, evitam-se eventuais abusos, ficando 
cada um dentro da esfera de ação que lhe é traçada pela 
Lei Maior, impedindo, assim, que o poder venha ficar na 
mão de uma só pessoa, agindo, porém, harmonicamente 
no desempenho das finalidades que lhes são próprias. 
 
A) PODER LEGISLATIVO: 
a.1) Função típica: legislar e fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo; 
a.2) Função atípica de natureza executiva: ao dispor 
sobre sua organização, provendo cargos, concedendo 
férias, licenças a servidores etc.; 
a.3) Função atípica de julgamento: o Senado julga o 
Presidente da República nos crimes de responsabilidade 
(art. 52, I) e julga seus próprios servidores no 
cometimento de atos de indisciplina. 
 
B) PODER EXECUTIVO: 
b.1) Função típica: prática de atos de chefia de Estado e 
chefia de Governo; 
b.2) Função atípica de natureza legislativa: o Presidente 
da República, por exemplo, adota medida provisória, 
com força de lei (art. 32); a administração se vale dos 
chamados atos normativos, secundários, mas capazes de 
impor regras gerais e abstratas;além da iniciativa de lei, 
que em alguns casos é do chefe do executivo. 
b.3) Função atípica de julgamento: o Executivo julga, 
apreciando defesas e recursos administrativos. 
 
C) PODER JUDICIÁRIO 
b.1) Função típica: julgar (função jurisdicional), dizendo 
o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que 
lhe são levados, quando da aplicação da lei; 
b.2) Função atípica de natureza legislativa: regimento 
interno de seus Tribunais e as iniciativas de lei; 
b.3) Função atípica de natureza executiva: administra ao 
conceder licenças e férias aos magistrados e 
serventuários, etc. 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Primeiramente há de se falar em ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA EM SENTIDO AMPLO, a qual diz respeito aos 
órgãos do governo, os quais exercem a função política, 
bem como os órgãos e pessoa jurídicas que desempenha 
função meramente administrativa. 
Já ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO, diz 
respeito somente aos órgãos e as pessoas jurídicas que 
exercem a função meramente administrativa, de 
execução dos programas de governo. 
Para uma definição mais exata da expressão 
“administração pública” devem-se considerar dois 
sentidos: objetivo/ material/ funcional e o sentido 
subjetivo/formal ou orgânico. 
No sentido objetivo, grafado com letra minúscula, a 
administração pública é a própria função administrativa 
do Estado, ou seja, a própria gestão dos interesses 
públicos, seja por sua organização interna ou por sua 
intervenção no campo privado. 
 
As quatro funções básicas que a Administração Pública 
desenvolve são: 
1. O Fomento - incentivo ao desenvolvimento da 
iniciativa privada. São muitos os instrumentos de 
fomento, como a concessão de crédito, o 
direcionamento para setores de infra-estrutura e demais 
setores de interesse coletivo. 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
5 
2. Os serviços públicos – atividades materiais internas às 
repartições, visando a satisfação das necessidades do 
próprio funcionamento do Estado e os externos- 
atividades materiais que visam a satisfação da 
coletividade, como água, energia elétrica, transporte, 
etc. 
3. A Polícia – atividades preventivas e repressivas, 
normativas e concretas, que limitam as ações do 
particular em benefício da coletividade. 
4. Intervenção - A exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado quando necessária aos 
imperativos da segurança nacional ou a relevante 
interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
No sentido subjetivo/formal/orgânico o termo refere-se 
ao conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que 
têm a incumbência de executar as atividades 
administrativas, ou seja, os sujeitos da função 
administrativa, quem a exerce de fato. Nesse sentido 
pode ser dividida em direta e indireta. 
O Fim da Administração Pública é a satisfação do 
interesse púbico e do bem comum, isto é, de todos, 
incluídos brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros 
situados no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO E FONTES 
 
 
1– Noções Gerais de Direito Administrativo 
1.1– Conceito 
Segundo Hely Lopes Meirelles “Direito Administrativo é 
o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem 
os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a 
realizar, concreta, direta e imediatamente os fins 
desejados do Estado”. 
Na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello “Direito 
Administrativo é o ramo do Direito Público que disciplina 
o exercício da função administrativa”. 
Maria Sylvia Di Pietro “ Direito Administrativo é o ramo 
do direito público que tem por objeto órgãos, agentes e 
pessoas jurídicas administrativas que integram a 
Administração Pública, a atividade jurídica não 
contenciosa que exerce e os bens de que utiliza para a 
consecução de seus fins, de natureza pública”. 
O conceito de Direito Administrativo pode ser elaborado 
de várias maneiras distintas, dependendo da conotação 
do autor da obra a ser enfocada, ou seja, de acordo com 
as informações e o mecanismo didático escolhido pelo 
doutrinador, mas, sempre há de ser destacada as 
seguintes características do conceito de Direito 
Administrativo: 
A – pertence ao ramo do Direito Público, ou seja, está 
submetido, principalmente, à regras de caráter público 
(tal qual o Direito Constitucional e o Tributário); 
B – é considerado como direito não codificado, pois, não 
pode ser reunido em uma única lei e sim em várias leis 
específicas, chamadas de legislações esparsas (ex. Lei de 
Licitações, Lei de Improbidade Administrativa, Lei de 
Processo Administrativo Federal); 
C – o Direito Administrativo pátrio é considerado não 
contencioso, ou seja, não existe a previsão legal de 
Tribunais e Juízes Administrativos ligados ao Poder 
Judiciário, em face do Princípio da Jurisdição Única, onde 
a Constituição Federal/88 concede a este Poder a 
atribuição típica de julgar os litígios. 
D – possui regras que se traduzem em Princípios 
Constitucionais (que levam este nome por estarem 
previstos na própria C.F./88. no art. 37, caput) e 
Princípios Infraconstitucionais (previstos nas legislações 
específicas do tema Direito Administrativo). 
E – tem como objeto o estudo da organização e estrutura 
da Administração Pública. 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
6 
De maneira sintética podemos conceituar Direito 
Administrativo como o conjunto de normas e princípios 
que disciplinam a Administração Pública. 
1.2 – Fontes do Direito Administrativo 
O Direito Administrativo, que teve sua origem na França 
na época do Iluminismo, possui as seguintes fontes, que 
o auxiliam em sua formulação: 
A Lei, que em sentido amplo, é a fonte primária do 
Direito Administrativo, podendo ser considerada como 
fonte, as várias espécies de ato normativo; 
A Doutrina, formada pelo sistema teórico de princípios 
aplicáveis ao Direito Administrativo; 
 
FONTES 
A Jurisprudência, representada pela reiteração dos 
julgados sobre um mesmo tema em um mesmo sentido; 
O Costume, que no Direito Administrativo brasileiro, 
exerce ainda influência, em razão da deficiência da 
legislação, podendo ser representado pela praxe 
administrativa (atos rotineiros e repetitivos). 
 
1.3 – Regime Jurídico Administrativo 
A expressão Regime Jurídico Administrativo é utilizada 
para designar, em sentido amplo, o regime de Direito 
Público a que está submetida a Administração Pública, 
ou seja, esta tem que observar normas de caráter 
público, onde o interesse da coletividade tem que 
prevalecer como finalidade única dos atos 
administrativos praticados pelo Administrador Público. 
As normas de natureza pública podem conceder à 
Administração Pública tanto prerrogativas quanto 
restrições. 
Prerrogativas quando oferece ao Agente Público, dentre 
outras atribuições, o Poder de Polícia, no qual há a 
utilização do Poder de Império (poder de coagir o 
Administrado a aceitar a imposição da vontade do Estado 
através de uma limitação ao direito subjetivo do 
particular). 
Restrições no que diz respeito à emissão dos atos 
administrativos, que devem estar sempre vinculados à 
finalidade pública, sob pena de serem declarados nulos 
de pleno direito, em virtude da presença de uma 
ilegalidade que causa um vício insanável na formulação 
do ato e compromete toda a sua estrutura. 
No que diz respeito aos requisitos que compõem o 
Regime Jurídico Administrativo, também deve ser 
destacada a Supremacia do Interesse Público sobre o 
Interesse Privado, onde a Administração Pública coloca-
se em pé de desigualdade em face do particular, tendo 
em vista o fato desta poder impor a sua vontade (que 
representa o interesse da coletividade) em detrimento 
da vontade do particular (ex nas desapropriações, onde 
o interesse público se sobrepõem ao direito de 
propriedade assegurado ao particular, ressalvando as 
indenizações previstas em lei). 
 
Regime Jurídico: 
Direito Público; 
Prerrogativas; 
Restrições; 
Supremaciado Interesse Público. 
 
 
 
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
Segundo o conceito de José Cretella Júnior, "Princípios 
de uma ciência são as proposições básicas, 
fundamentais, típicas que condicionam todas as 
estruturações subsequentes. Princípios, neste sentido, 
são os alicerces da ciência.” 
Desse modo, o Direito Administrativo está informado 
por determinados princípios, alguns deles próprios 
também de outros ramos do direito público e outros 
deles específicos. Os princípios representam papel 
relevante nesse ramo do direito, permitindo à 
administração e ao Judiciário estabelecer o necessário 
equilíbrio entre os direitos dos administrados e as 
prerrogativas da administração. 
A Constituição de 1988 inovou ao fazer expressa menção 
a alguns princípios a que se submete a administração 
pública direta e indireta. Neste sentido, existem 
princípios explícitos e implícitos. 
São princípios explícitos: os princípios da legalidade, da 
impessoalidade, da moralidade administrativa, da 
publicidade e eficiência (art. 37, caput, com redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 4-6-98). 
São os princípios implícitos: supremacia do interesse 
público sobre o particular; indisponibilidade do interesse 
público, hierarquia; especialidade; presunção de 
legalidade ou de legitimidade dos atos administrativos; 
motivação; razoabilidade e autotutela. 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
7 
PRINCÍPIOS EXPRESSOS, EXPLÍCITOS OU 
CONSTITUCIONAIS 
 
Princípio da legalidade 
De acordo com o princípio da legalidade, o administrador 
não pode agir ou deixar de agir, senão de acordo com a 
lei, na forma determinada. 
Assim, na relação administrativa, a vontade da 
administração pública (que se manifesta através dos atos 
administrativos) deve emanar da própria lei (art. 5º, II da 
Constituição). Daí decorre a assertiva de que são 
diferentes os valores que movem a conduta do particular 
e da administração pública. 
Nesse sentido, ao particular é permitido fazer tudo o que 
não estiver proibido por lei. Já para a administração 
pública só é permitido fazer aquilo que estiver previsto 
em lei. 
Dessa maneira, se a administração pública pretender 
praticar certo ao e a lei não se manifestar sobre isto, 
significa que não poderá fazê-lo, sendo, portanto, 
proibido. Para o particular se não houver proibição, 
haverá ampla liberdade para agir. Importante ressaltar 
que a doutrina costuma apontar como exceções ao 
princípio da legalidade as seguintes situações: medida 
provisória, estado de defesa e estado de sítio. 
 
Princípio da impessoalidade 
Em decorrência do princípio da impessoalidade, a 
administração pública deve servir a todos, sem 
preferências ou aversões pessoais ou partidárias, não 
podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar 
determinadas pessoas, uma vez que o fundamento para 
o exercício de sua função é sempre o interesse público. 
Também está determinado que os atos administrativos 
praticados devem ser atribuídos à administração pública 
e não ao funcionário que os praticou. Para alcançar esse 
fim, a administração pública sempre deverá tratar 
indistintamente os administrados que se encontrem na 
mesma situação, segundo o princípio da igualdade. 
 
Princípio da impessoalidade 
Em decorrência do princípio da impessoalidade, a 
administração pública deve servir a todos, sem 
preferências ou aversões pessoais ou partidárias, não 
podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar 
determinadas pessoas, uma vez que o fundamento para 
o exercício de sua função é sempre o interesse público. 
Também está determinado que os atos administrativos 
praticados devem ser atribuídos à administração pública 
e não ao funcionário que os praticou. Para alcançar esse 
fim, a administração pública sempre deverá tratar 
indistintamente os administrados que se encontrem na 
mesma situação, segundo o princípio da igualdade. 
Em resumo, a impessoalidade impõe: isonomia, respeito 
à finalidade pública e a vedação da promoção pessoal 
dos agentes (dado seus atos serem imputados à própria 
Administração Pública). 
 
Princípio da moralidade administrativa 
O princípio da moralidade, explícito na Constituição 
Federal, caracteriza-se por exigir do administrador 
público um comportamento ético de conduta, ligando-se 
aos conceitos de probidade, honestidade, lealdade, 
decoro e boa-fé. A moralidade se extrai do senso geral 
da coletividade representada e não se confunde com a 
moralidade íntima do administrador (mora comum) e 
sim com a profissional (ética profissional). 
A moralidade administrativa pode ser conceituada, 
segundo Antonio Cecílio Moreira Pires, como sendo o 
enfeixamento de regras e princípios norteadores da 
administração pública que deve informar toda a 
atividade administrativa, sempre pautada por critérios 
de honestidade, de forma a atingir a consecução do 
interesse público. 
Em conformidade com o Art. 37, §4º da CF, os atos de 
improbidade (desonestidade) administrativa importarão 
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função 
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento 
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem 
prejuízo da ação penal cabível. 
Consequências possíveis, devido a atos de improbidade 
administrativa: 
• Suspensão dos direitos políticos; 
• Perda da função pública (responsabilidade 
disciplinar); 
• Indisponibilidade dos bens (responsabilidade 
patrimonial); 
• Ressarcimento ao erário (responsabilidade 
patrimonial). 
O administrador público está sujeito à Lei n.º 8.429/1992 
(Lei de improbidade administrativa). O Art. 85, V, da 
Constituição Federal estabelece serem crimes de 
responsabilidade os atos do Presidente da República que 
atentem contra a probidade na administração. 
 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
8 
Princípio da publicidade 
O princípio da publicidade, previsto na Constituição 
Federal, determina que a administração pública tem a 
obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica, 
salvo hipótese de sigilo previstas em lei, como por 
exemplo, a defesa da intimidade e o interesse social 
(como no caso da segurança pública) 
A publicidade é condição de eficácia do ato 
administrativo e tem por finalidade propiciar seu 
conhecimento pelo cidadão e possibilitar o controle por 
todos os interessados. Ressalte-se, no entanto, que em 
alguns atos, os efeitos podem ser iniciados independente 
da publicação, como no caso da decisão de um processo 
administrativo, cuja ciência se deu pelo interessado 
pessoalmente, antes da divulgação em diário oficial, 
iniciando a contagem do prazo para recurso a partir de 
então. 
Diz-se que o princípio da publicidade é um princípio 
meio, pois visa assegurar o direito à informação 
ressaltado no texto constitucional, para tanto há meios 
assecuratórios previstos pela CF para assegurar o acesso: 
habeas data, direito de petição e obtenção de certidões, 
além do próprio mandado de segurança, nas hipóteses 
da solicitação de informação ser referente a dado de 
caráter geral, baseado no interesse público. 
 
Princípio da eficiência 
Segundo o princípio da eficiência, a atividade 
administrativa deve ser exercida com presteza, perfeição 
e rendimento funcional, evitando-se atuações 
amadorísticas. 
Este princípio impõe à Administração Pública o dever de 
agir com eficiência real e concreta, aplicando, em cada 
caso concreto, a medida, dentre as previstas e 
autorizadas em lei, que mais satisfaça o interesse público 
com o menor ônus possível. Em decorrência disso, a 
administração pública está obrigada a desenvolver 
mecanismos capazes de propiciar os melhores resultados 
possíveis para os administrados. 
Portanto, a administração pública será considerada 
eficiente sempre que o melhor resultado for atingido. O 
aludido princípio, apesar de ter sido introduzido na 
Constituição apenas em 1998, através da EC 19, já era 
previsto em leis extravagantes tais comoa Lei de 
concessão de serviços públicos e o código de defesa do 
consumidor. 
 
 
OUTROS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO 
 
Princípio da supremacia do interesse público sobre o 
particular 
Esse princípio compreende não só a supremacia do 
interesse público sobre o particular, mas também a 
hegemonia do interesse público primário, que é o de 
toda a coletividade (interesse social, em coletivo ou 
geral), sobre o interesse público secundário, ligado ao 
aparato administrativo do Estado, isto é, dos órgãos ou 
entidades que exercem funções públicas, que somente 
pode ser atendido quando não contrastar com os 
interesses primários da sociedade. 
O termo “supremacia” significa eliminação, supressão de 
direito particular para atender ao interesse coletivo. 
Entretanto, isso não significa que a Administração 
Pública tenha o poder de amesquinhar o direito do 
particular. Em caso de lesão ao direito do particular, este 
pode sempre recusar ao Poder Judiciário, conforme 
inscrito na Constituição Federal (art.5º, XXXV). 
Esse princípio está implícito na Constituição em diversos 
dispositivos, como por exemplo, a requisição 
administrativa, desapropriação, função social da 
propriedade, etc. 
Todas essas hipóteses conferem o atributo da 
indisponibilidade do interesse. Um interesse é 
indisponível quando não puder ser alienado, renunciado, 
transacionado, onerado, etc. No direito privado, a 
existência dos direitos indisponíveis é a exceção, 
enquanto no direito público é a regra. 
Ao lidar com um interesse que não é próprio, mas 
coletivo, o administrador deverá interpretar a norma 
administrativa da forma que melhor garanta o 
atendimento do fim público a que se dirige. Eventual 
renúncia ou disposição do interesse público só pode 
ocorrer mediante autorização em lei. 
 
Princípio da Indisponibilidade do interesse Público 
Os bens e interesses públicos não pertencem à 
Administração Pública, nem a seus agentes. Cabe-lhes 
apenas geri-los, e por eles velar em prol da coletividade, 
esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses 
públicos. 
O princípio da indisponibilidade enfatiza tal situação. A 
administração não tem a livre disposição dos bens e 
interesses públicos, porque atua em nome de terceiros. 
Por essa razão é que os bens públicos só podem ser 
alienados na forma em que a lei dispuser. Da mesma 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
9 
forma, os contratos administrativos reclamam, como 
regra, que se realize licitação para encontrar quem possa 
executar obras e serviços de modo mais vantajoso para a 
Administração. 
O princípio parte, afinal, da premissa de que todos os 
cuidados exigidos para os bens e interesses públicos 
trazem benefícios para a própria coletividade. 
 
Princípio da hierarquia 
De acordo com esse princípio os órgãos da Administração 
são estruturados de tal forma que se cria uma relação de 
coordenação e subordinação entre uns e outros, cada 
qual com atribuições definidas em lei. Isto significa dizer 
que os órgãos e agentes de nível hierárquico superior 
têm a faculdade de dar ordens, rever, delegar ou avocar 
atos e atribuições dos órgãos de nível inferior. 
É importante destacar que esse princípio não se refere às 
funções legislativas e judiciais. 
Princípio da Finalidade 
A finalidade única da Administração Pública é atingir o 
interesse público. A prática de qualquer ato que esteja 
em descompasso com o interesse público encontra-se 
com desvio de finalidade que é uma das formas de 
abuso de poder. 
 
Princípio da especialidade 
Este princípio incide sobre todas as pessoas jurídicas 
criadas por lei. De acordo com esse princípio, as pessoas 
jurídicas não podem ter outras funções senão aquelas 
para as quais foram especialmente criadas. Quando a 
administração pública descentraliza a prestação de um 
serviço público para uma autarquia, a lei que cria 
estabelece com precisão as finalidades que lhe incumbe 
atender, de tal forma que a atuação dos seus 
administradores não pode se afastar desses objetivos 
legais. 
 
Princípio da presunção de legalidade 
Este princípio, também conhecido como legitimidade, 
refere-se à presunção de que os atos administrativos são 
verdadeiros e praticados com a observância das normas 
legais pertinentes, até prova em contrário. 
Todos os atos administrativos presumem-se de acordo 
com a lei, já que estes só podem ser executados se 
houver previsão legal. É uma presunção relativa, que 
admite prova em contrário, cujo ônus cabe a quem 
impugnar o ato. A presunção da legalidade possibilita à 
administração pública a execução imediata de seus atos, 
conferindo, assim, celeridade e eficiência. 
 
Princípio da motivação 
Este princípio determina que a administração pública 
indique no ato administrativo os pressupostos de fato e 
de direito que servem de fundamento ao ato que a levou 
a adotar determinada decisão. São as razões jurídicas do 
ato (motivo = razão). 
A motivação consiste, portanto, na obrigatoriedade da 
administração pública indicar os motivos fáticos e de 
direito que ensejam a edição de determinado ato, de 
forma clara, precisa e com explícita indicação das 
peculiaridades e circunstâncias que revestem o caso em 
concreto. 
A motivação, de acordo com os parâmetros do direito 
administrativo, deve ser necessariamente escrita, tendo 
em vista que integra a formalização do ato. Contudo, não 
exige forma específica, não precisando, 
necessariamente, ser contextual, podendo até mesmo 
ser realizada por órgão diverso daquele que praticou o 
ato, em outro instrumento, também chamada motivação 
aliunde. Assim, o ato administrativo pode fundar-se em 
pareceres, laudos, relatórios ou informações 
precedentes, ainda que formulados por órgãos distintos. 
Em regra, a motivação dos atos administrativos deve ser 
formulada concomitantemente com o próprio ato ou 
antes da edição deste. A motivação ulterior é bastante 
discutível e aceita com muitas reservas pela doutrina. 
Isso porque pode o administrador, a posteriori, “fabricar 
razões lógicas para justificá-lo e alegar que as tomou em 
consideração quando da prática do ato” (BANDEIRA DE 
MELLO, 1999, p. 346). 
Para Antônio Carlos de Araújo Cintra, são requisitos da 
motivação a suficiência, a clareza e a congruência. Em 
relação à suficiência, não basta a menção ao dispositivo 
legal que ampara o ato, sendo necessária a discriminação 
dos pressupostos de fato, bem como a relação de 
pertinência entre os fatos ocorridos e o objeto do ato, 
tendo em vista os fins para os quais for ou foi praticado. 
Quanto aos demais requisitos, a motivação deve ser 
clara e congruente a fim de permitir uma efetiva 
comunicação com seus destinatários, ou seja, uma 
motivação obscura ou contraditória poderia gerar 
incerteza sobre o conteúdo do ato, o que não permitiria 
ao administrado saber quais as reais razões da prática do 
mesmo ato. 
Sobre a motivação é importante observar os dizeres do 
Art. 50 da Lei n.º 9784/99, a lei que regulamenta o 
processo administrativo federal. Embora em tese 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
10 
aplique-se somente à esfera da União, esta lei vem sendo 
apontada com frequência pela doutrina no tocante ao 
embasamento do princípio em estudo. 
“Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, 
com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, 
quando: 
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; 
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III - decidam processos administrativos de concurso ou 
seleção pública; 
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo 
licitatório; 
V - decidam recursos administrativos; 
VI - decorram de reexame de ofício; 
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a 
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e 
relatórios oficiais; 
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou 
convalidação de ato administrativo. 
§ 1o A motivação deve ser explícita,clara e congruente, 
podendo consistir em declaração de concordância com 
fundamentos de anteriores pareceres, informações, 
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte 
integrante do ato. 
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, 
pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os 
fundamentos das decisões, desde que não prejudique 
direito ou garantia dos interessados. 
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e 
comissões ou de decisões orais constará da respectiva 
ata ou de termo escrito.” 
 
Princípio da razoabilidade 
De acordo com este princípio os meios utilizados pela 
administração pública, bem como os fins que deseja 
alcançar, devem ser compatibilizados de forma a evitar 
restrições desnecessárias ou abusivas, ou seja, com lesão 
a direitos fundamentais. Esta compatibilização deve ser 
aferida por padrões comuns dentro de nossa sociedade 
diante do caso concreto e não da simples interpretação 
literal da lei. 
A lei prevê duas formas de condutas administrativas: a 
vinculação e a discricionariedade. 
A conduta é vinculada quando a lei disciplinar todos os 
elementos da conduta, ou seja, a lei descreve todos os 
requisitos do ato administrativo. A maior parte das 
condutas está prevista em lei. 
A conduta é discricionária quando a administração 
pública puder praticar atos com liberdade de escolha de 
seu conteúdo, destinatário, conveniência, oportunidade 
e modo de sua realização. 
Assim, discricionariedade administrativa é a porção da 
liberdade outorgada pela lei ao administrador público, 
para que esse, mediante critérios de oportunidade e 
conveniência, possa escolher a alternativa não há 
liberdade para o administrador, pois sua liberdade de 
atuação está sempre limitada pela lei. 
A razoabilidade, que abrange também a 
proporcionalidade, significa que o administrador 
público, ao praticar atos tanto discricionários como 
vinculados, deve observar uma relação de pertinência 
entre a finalidade e os padrões de oportunidade e 
conveniência, sendo, portanto, vedada a imposição de 
obrigações, restrições e sanções em medida superior 
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do 
interesse público. 
 
Princípio da Tutela e Princípio da autotutela. 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma, para 
assegurar que as entidades da administração indireta 
observem o princípio da especialidade, elaborou-se 
outro princípio: o de controle ou tutela, em consonância 
com o qual a administração pública direta fiscaliza as 
atividades dos referidos entes, com o objetivo de 
garantir a observância de suas finalidades institucionais. 
Esse é o conteúdo do princípio da tutela ou controle, que 
não se confunde com o princípio da autotutela. 
Assim, o princípio da autotutela refere-se ao fato da 
administração pública poder, a qualquer momento, de 
ofício ou provocadamente, rever os seus atos, anulando-
os por questões de ilegalidade ou revogando-os por 
motivos de conveniência ou oportunidade de forma 
justificada. 
Sobre o tema, é importante observar o entendimento do 
STF: 
Súmula 346 → “A Administração Pública pode declarar a 
nulidade dos seus próprios atos”. 
Súmula 473→ “A Administração Pública pode anular os 
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os 
tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou 
revoga-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em 
todos os casos, a apreciação judicial.” 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
11 
Princípio da segurança jurídica 
Este princípio tem por objetivo vedar a aplicação 
retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da 
Administração Pública. Essa ideia é expressamente 
observada quando da análise do art. 2º da lei do processo 
administrativo, que impõe: “interpretação da norma 
administrativa da forma que melhor garanta o 
atendimento do fim público a que se dirige, vedada a 
aplicação retroativa de nova interpretação”. 
O princípio se justifica pelo fato de ser comum, na esfera 
administrativa, haver mudança de interpretação de 
determinadas normas legais, com a consequente 
mudança de orientação, em caráter normativo, afetando 
situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de 
orientação anterior. Essa possibilidade de mudança de 
orientação é inevitável, porém gera insegurança jurídica, 
pois os interessados nunca sabem quando a sua situação 
será passível de contestação pela própria administração. 
Daí a regra que veda a aplicação retroativa. 
 
Princípio da continuidade do serviço público 
Por esse princípio entende-se que o serviço público, 
sendo a forma pela qual o Estado desempenha funções 
essenciais ou necessárias à coletividade, não pode parar. 
Dele decorrem consequências importantes: 
1. a proibição ou limitação de greve nos serviços 
públicos; 
2. necessidade de institutos como a suplência, a 
delegação e a substituição para preencher as funções 
públicas temporariamente vagas; 
3. a impossibilidade, para quem contrata com a 
administração, de invocar a exceptio non adimpleti 
contractus nos contratos que tenham por objeto a 
execução de serviço público, ou seja, a impossibilidade 
de alegar exceção do contrato não cumprido e, portanto, 
não poder paralisar imediatamente as atividades, 
mesmo nos casos de inadimplência da Administração. Só 
é possível fazê-lo após 90 dias, ou ainda, nem é possível, 
nos casos de contratos firmados com dispensa de 
licitação – contratos de emergência – que duram no 
máximo 180 dias. 
4. a faculdade que se reconhece à Administração de 
utilizar os equipamentos e instalações da empresa que 
com ela contrata, para assegurar a continuidade do 
serviço; 
5. Com o mesmo objetivo, a possibilidade de 
encampação (retomada) da concessão de serviço 
público, nos casos em que não haja outro particular 
interessado em dar continuidade à execução indireta da 
atividade. 
REGIME JURÍDICO 
 
 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
Os poderes administrativos são inerentes à 
Administração Pública para que esta possa proteger o 
interesse público. Encerram prerrogativas de 
autoridade, as quais, por isso mesmo, só podem ser 
exercidas nos limites da lei. São os poderes normativo 
(ou regulamentar), disciplinar, hierárquico e poder de 
polícia. Poderes discricionário e vinculado não existem 
como poderes autônomos. Discricionariedade e 
vinculação são, no máximo, atributos de outros poderes 
ou competências da Administração. Segundo Hely Lopes 
Meirelles, “poder vinculado ou regrado é aquele que o 
Direito Positivo – a lei – confere à Administração Pública 
para a prática de ato de sua competência, determinando 
os elementos e requisitos necessários à sua 
formalização.” O agente está totalmente preso ao 
previsto na lei. “Poder discricionário é o que o Direito 
concede à Administração, de modo explícito ou implícito, 
para a prática de atos administrativos com liberdade na 
escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo.” 
(Direito Administrativo Brasileiro, p. 102/103) 
 
PODER REGULAMENTAR 
Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à 
Administração Pública de editar atos gerais para 
complementar as leis e possibilitar sua efetiva aplicação. 
Seu alcance é apenas de norma complementar à lei; não 
pode, pois, a Administração, alterá-la a pretexto de estar 
regulamentando-a. Se o fizer, cometerá abuso de poder 
regulamentar, invadindo a competência do Legislativo. 
O poder regulamentar é de natureza derivada (ou 
secundária): somente é exercido à luz de lei existente. Já 
as leis constituem atos de natureza originária (ou 
primária), emanando diretamente da Constituição. 
ATENÇÃO: Aqui os autores divergem, dado o fato de 
alguns considerarem o Poder Regulamentar uma 
prerrogativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo. Para 
estes autores, portanto, só têm Poder Regulamentar o 
Presidente da República, o Governador e o Prefeito. 
Neste caso, o poder geral conferido à Administração para 
editar seusatos complementares à lei é chamado de 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
12 
PODER NORMATIVO, do qual decorre o Poder 
Regulamentar, este, portanto, uma espécie daquele. 
 
Formalização 
A formalização do Poder Regulamentar se processa, 
principalmente, por meio de decretos. Nesse sentido é 
que o art. 84, IV, da Constituição dispõe que ao 
Presidente da República compete “expedir decretos e 
regulamentos para a fiel execução das leis”. Pelo 
princípio da simetria constitucional, o mesmo poder é 
conferido a outros chefes do Poder Executivo para os 
mesmos objetivos. 
Há também atos normativos que, editados por outras 
autoridades administrativas, estão inseridos no Poder 
Regulamentar. É o caso das instruções normativas, 
resoluções, portarias, etc. Tais atos têm, 
frequentemente, um âmbito de aplicação mais restrito, 
porém, veiculando normas gerais e abstratas para a 
explicitação das leis, também são meios de formalização 
do Poder Regulamentar. 
 
Lei e poder regulamentar 
Os atos administrativos que regulamentam as leis não 
podem criar direitos e obrigações, porque isso é vedado 
em dos postulados fundamentais de nosso sistema 
jurídico: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, art. 5°, 
II). 
É legítima, porém, a fixação de obrigações derivadas ou 
subsidiárias – diversas das obrigações primárias ou 
originárias contidas na lei – nas quais também encontra-
se a imposição de certa conduta dirigida ao 
administrado. Constitui, no entanto, requisito de 
validade de tais obrigações sua necessária adequação às 
matrizes legais. 
 
Controle dos atos de regulamentação 
Visando coibir a indevida extensão do poder 
regulamentar, dispôs o art. 49, V, da CF, ser da 
competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os 
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do 
poder regulamentar ou dos limites da delegação 
legislativa. 
No que se refere ao controle judicial, há que se distinguir 
a natureza do conteúdo do ato regulamentar. Tratando-
se de ato regulamentar contra legem, ou seja, aquele que 
extrapole os limites da lei, viável apenas será o controle 
de legalidade resultante do confronto do ato com a lei. 
Assim, incompatível, no caso, o uso da ação direta de 
inconstitucionalidade. 
Se o ato, todavia, ofender diretamente a Constituição, 
sem que haja lei a que deva subordinar-se, terá a 
qualificação de um ato autônomo e, nessa hipótese, 
poderá sofrer controle de constitucionalidade pela via 
direta, ou seja, através da ação direta de 
inconstitucionalidade, medida a que possibilita a 
impugnação de leis ou atos normativos que contrariem a 
Constituição. 
Atualmente, entretanto, é cabível a impugnação direta 
de atos regulamentares pela arguição de 
descumprimento de preceito fundamental (ADPF), 
prevista no art. 102, § 1°, da CF, e regulamentada pela 
Lei 9.882/99, porque aqui o controle concentrado é mais 
amplo, abrangendo a inconstitucionalidade direta e a 
indireta, atos normativos autônomos e subordinados e 
até mesmo atos administrativos concretos. A ADPF é 
uma ação subsidiária, ou seja, somente pode ser 
utilizada nos casos em que não houver outra medida 
judicial para sanar a ilegalidade ou inconstitucionalidade 
do ato. 
A omissão da Administração Pública em sua função 
regulamentar pode ser controlada pelo Poder Judiciário 
por meio de duas ações constitucionais: o mandado de 
injunção, que deve ser concedido “sempre que a falta de 
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos 
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania” 
(art. 5º, LXXI); e a ação declaratória de 
inconstitucionalidade por omissão, na qual, se for 
considerada ausente “medida para tornar efetiva norma 
constitucional, será dada ciência ao Poder competente 
para a adoção das providências necessárias e, em se 
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta 
dias” (art. 103, § 2º). 
 
Lei pendente de regulamento 
A regra legal que autoriza o Poder Executivo a 
regulamentar a lei deve necessariamente apontar o 
prazo para ser expedido o ato de regulamentação. Nesse 
prazo, a lei ainda não se torna exequível enquanto não 
editado o respectivo decreto ou regulamento, e isso 
porque o ato regulamentar, nessa hipótese, figura como 
verdadeira condição suspensiva de exequibilidade da lei. 
A omissão em regulamentar a lei é inconstitucional, visto 
que, em última análise, seria o mesmo que atribuir ao 
Executivo o “poder de legislação negativa”, ou seja, de 
permitir que a inércia tivesse o condão de estancar a 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
13 
aplicação da lei, o que, obviamente, ofenderia a 
separação de poderes. 
Assim, se for ultrapassado o prazo de regulamentação 
sem a edição do respectivo regulamento, a lei deve 
tornar-se exequível para que a vontade do legislador não 
se afigure inócua e eternamente condicionada à do 
administrador. Nesse caso, os titulares dos direitos 
previstos na lei passam a dispor de ação com vistas a 
obter, do Judiciário, decisão que lhes permita exercê-los, 
suprindo a ausência de regulamento. 
A ausência, na lei, da fixação de prazo para a sua 
regulamentação é inconstitucional, uma vez que não 
pode o Legislativo deixar ao Executivo a prerrogativa de 
só tornar a lei exequível se e quando julgar conveniente. 
Primeiramente, não existe tal prerrogativa na 
Constituição. E depois tal situação equivale a uma 
disfarçada delegação de poderes, o que é proibido pelo 
vigente sistema constitucional. 
 
Regulamentos autônomos 
Existe profunda divergência na doutrina sobre a 
possibilidade ou não, de o Executivo editar ou os 
denominados regulamentos autônomos, atos destinados 
a prover sobre situações não previstas na lei. 
Uma primeira posição defende sua existência no Direito 
Brasileiro como decorrência dos poderes implícitos da 
Administração. Outros professam o entendimento de 
que, conquanto possam teoricamente existir, os 
regulamentos autônomos não são admitidos, pois a CF 
atribui ao Chefe do Poder Executivo o poder de editar 
atos para a fiel execução das leis, razão porque só teria 
admitido os regulamentos de execução. 
Para que os regulamentos sejam caracterizados como 
autônomos, é necessário que os atos possam criar e 
extinguir primariamente direitos e obrigações, isto é, 
sem prévia lei disciplinadora da matéria, suprimindo, 
assim, lacunas legislativas. Inicialmente, a CF não previa 
nenhuma situação na qual a Administração Pública 
pudesse editar decretos autônomos. Porém, com a 
Emenda Constitucional 32/2000, passou a ser prevista 
essa modalidade no art. 84, VI: 
“VI – dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração 
federal, quando não implicar aumento de despesa nem 
criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando 
vagos;” 
Portanto, é possível a existência de atos administrativos 
que não estão subordinados a nenhuma lei, desde que 
cumpridos os seguintes requisitos: 
a) o ato deve ser um decreto, editado pelo Presidente da 
República e pelo Ministro ou Secretário da área. Nos 
termos do princípio da simetria, essa possibilidade 
estende-se também aos chefes dos Poderes Executivos 
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; 
b) sua matéria deve ser somente a organização e o 
funcionamento da Administração Pública; 
c) mesmo no tocante à Administração Pública, não 
podem implicar em: 
I) aumento de despesa; 
II) criação ou extinção de órgãos públicos; e 
III) extinção de funções ou de cargos públicos, exceto 
quando vagos. 
Apesar de editados pelo Presidente da República, que é 
o chefe da Administração Pública Federal, e não estarem 
subordinados à lei, não são regulamentos autônomos: 
a) medidas provisórias, que não são leis, mas têm força 
de lei, estando incluídas pela Constituição na seção 
referente ao processolegislativo. São, portanto, atos 
legislativos, excepcionalmente feitos pelo Poder 
Executivo; 
b) decretos de intervenção (federal ou estadual), de 
instauração do estado de defesa e do estado de sítio. 
Esses decretos são atos políticos, pois se referem ao 
governo e não à Administração Pública. 
 
PODER DISCIPLINAR 
O Poder Disciplinar refere-se à competência da 
Administração Pública para apurar infrações e aplicar 
sanções aos servidores públicos e demais pessoas que 
possuam um vínculo especial com o Poder Público, 
submetidas à disciplina interna da Administração. Para 
os servidores, o poder disciplinar é uma decorrência da 
hierarquia. 
O poder disciplinar da Administração não deve ser 
confundido com o poder punitivo do Estado, realizado 
por meio da Justiça Penal. O disciplinar é interno à 
Administração, enquanto que o penal visa a proteger os 
valores e bens mais importantes do grupo social em 
questão. A punição disciplinar e a penal têm 
fundamentos diversos. 
Vale lembrar que nenhuma penalidade pode ser aplicada 
sem prévia apuração por meio de procedimento legal em 
que sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa, 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
14 
com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, da 
CF). 
É importante ressaltar que o poder disciplinar pode ser 
combinando tanto com o poder discricionário quanto 
com o vinculado. Será combinado com o poder 
discricionário quando estivermos falando da escolha da 
penalidade (quando permitida em lei), assim como nos 
casos em que a penalidade pode ser graduada (como no 
caso de uma suspensão que varia entre 1 e 90 dias, por 
exemplo). Além disso, os tipos de infração disciplinar são 
mais discricionários que os tipos penais, por exemplo, 
assim, também há discricionariedade na definição da 
infração; é como diz o saudoso Professor Hely Lopes 
Meireles: “O poder disciplinar não é vinculado à prévia 
definição em lei sobre a infração cometida e sua 
respectiva sanção”. 
Por sua vez, será combinado com o poder vinculado no 
tocante à apuração do suposto ilícito praticado pelo 
agente (a abertura de processo para investigação, 
mediante a descoberta da irregularidade é obrigatória) e 
no que diz respeito à aplicação da penalidade ao agente 
faltoso, uma vez que comprovada a infração não se pode 
deixar de penalizar o responsável. 
 
PODER HIERÁRQUICO. 
A organização administrativa é baseada em dois 
pressupostos: distribuição de competências e hierarquia 
(relação de coordenação e subordinação entre os vários 
órgãos que integram a Administração Pública). Poder 
hierárquico, segundo Hely Lopes Meirelles, é o de que 
dispõe o Poder Executivo para distribuir e escalonar as 
funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de 
seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação 
entre os servidores do seu quadro de pessoal. Da 
organização administrativa decorrem para a 
Administração Pública diversos poderes como, por 
exemplo, poder de dar ordens aos subordinados que 
implica o dever de obediência para estes últimos, 
ressalvadas as ordens manifestamente ilegais; poder de 
controlar a atividade dos órgãos inferiores, para 
examinar a legalidade de seus atos e o cumprimento de 
suas obrigações, podendo anular os atos ilegais ou 
revogar os inconvenientes ou inoportunos, seja ex 
officio, seja mediante provocação dos interessados, por 
meios de recursos hierárquicos; poder de avocar 
atribuições, desde que estas não sejam da competência 
privativa do órgão subordinado; poder de delegar 
atribuições que não lhe sejam exclusivas etc. 
 
 
PODER DE POLÍCIA 
Um dos poderes da Administração resulta exatamente 
do inevitável confronto entre os interesses público e 
privado e expressa a necessidade de impor restrições ao 
exercício dos direitos dos indivíduos. Quando o Poder 
Público interfere na órbita do interesse privado para 
salvaguardar o interesse público, restringindo direitos 
individuais, atua no exercício do poder de polícia. 
 De acordo com Bandeira de Mello (2004, p. 725-727), a 
essência do poder de polícia é o seu caráter negativo: 
“No sentido de que através dele, o Poder Público, de 
regra, não pretende uma atuação do particular, 
pretende uma abstenção. (...) a utilidade pública é, no 
mais das vezes, conseguida de modo indireto pelo poder 
de polícia, em contraposição à obtenção direta de tal 
utilidade, obtida por meio dos serviços públicos”. 
 
Sentido amplo e restrito 
A expressão poder de polícia comporta dois sentidos, um 
amplo e um restrito. Em sentido amplo, poder de polícia 
significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em 
relação aos direitos individuais. Esta é a função do Poder 
Legislativo, incumbido da criação do direito legislado, e 
isso porque apenas as leis podem delinear o perfil dos 
direitos, aumentando ou reduzindo seu conteúdo. 
Em sentido estrito, o poder de polícia é a atividade 
administrativa, consistente no poder de restringir e 
condicionar o exercício dos direitos individuais em 
nome do interesse coletivo. Esse é o definição dada pelo 
Código Tributário Nacional: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando 
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou 
a abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos. 
 
Objeto e Finalidade: o objeto do poder de polícia 
administrativa é todo bem, direito ou atividade 
individual que possa afetar a coletividade ou por em 
risco a segurança nacional, exigindo, por isso mesmo, 
regulamentação, controle e contenção pelo Poder 
Público; com esse propósito a Administração pode 
condicionar o exercício de direitos individuais, pode 
delimitar a execução de atividades, como pode 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
15 
condicionar o uso de bens que afetem a coletividade em 
geral, ou contrariem a ordem jurídica estabelecida ou se 
oponham aos objetivos permanentes da Nação; a 
finalidade do poder de polícia é a proteção ao interesse 
público, nesse interesse superior não entram só os 
valores materiais como, também, o patrimônio moral e 
espiritual do povo, expresso na tradição, nas instituições 
e nas aspirações nacionais da maioria que sustenta o 
regime político adotado e consagrado na Constituição e 
na ordem vigente. 
 
Fases (ou ciclos) do poder de Polícia: 
a) norma de polícia (legislação): estabelece os limites do 
exercício dos direitos individuais. Pode ser 
constitucional, legal ou regulamentar; 
b) Consentimento de polícia: possibilita ao particular o 
exercício de atividade controlada pelo Poder Público, 
através de permissões (discricionárias) e licenças 
(vinculadas). Nem sempre estará presente, dado o fato 
de que nem todas as atividades do particular necessitam 
deste tipo de manifestação da Administração Pública. 
c) fiscalização: verificação do cumprimento das normas e 
das condições estabelecidas na permissão de polícia; 
d) sanção de polícia: aplicação de penalidades àqueles 
que descumprirem as normas e as condições da 
permissão de polícia. Também pode ser utilizada a 
medida de polícia, com o objetivo de impedir a 
ocorrência de dano. Ex.: após fiscalização que comprova 
a existência de comida estragada em um restaurante, a 
Administração impõe uma multa (sanção) e destrói a 
comida estragada (medida de polícia). 
 
Classificação do Poder de Polícia: 
Poder de polícia originário: seria aquele exercido pelas 
pessoas políticas (entes da federação). 
Poder de polícia derivado (ou delegado): aquele exercido 
pelas pessoas jurídicas que integram a administração 
indireta. 
A doutrina consagrou a expressão “poder de polícia 
delegado”,muito embora o emprego da palavra possa 
causar alguma confusão. Com efeito, a hipótese é de 
descentralização mediante outorga legal (também 
chamada descentralização por serviços) e não de 
descentralização mediante delegação (chamada 
descentralização por colaboração). Esta última implica 
transferir a particulares – não mediante lei, e sim, por 
meio de contrato administrativo – a execução de 
determinado serviço público. Nada tem a ver com o 
exercício do poder de polícia, que não pode ser conferido 
a particulares. 
Costumeiramente, não se utiliza a expressão “poder de 
polícia outorgado” no caso do poder de polícia atribuído 
às entidades às entidades da administração indireta, e 
sim “poder de polícia delegado”, embora elas recebem 
suas atribuições mediante outorga legal. 
 
Polícia administrativa e judiciária 
Existem dois tipos de poder de polícia: administrativa e 
judiciária. 
O poder de polícia administrativa cuida da adequação 
dos interesses individuais com o coletivo, podendo agir 
preventivamente (proibição de porte de arma, por 
exemplo), sendo concretizada por intermédio de atos da 
administração. Atua por meio de órgão e manifesta-se 
por meio de atos normativos, tanto de alcance geral (ex: 
portarias, regulamentos) como de efeitos concretos e 
específicos (ex: fechamento de estabelecimento 
comercial irregular, guinchar veículos, etc.) 
A polícia judiciária trata da repressão das infrações 
penais e é privativa de corporações especializadas, como 
a polícia civil e a federal. 
A principal diferença que se costuma apontar entre as 
duas está no caráter preventivo da polícia 
administrativa, que se predispõe a impedir ou paralisar 
atividades anti-sociais, e no repressivo da polícia 
judiciária que se preordena à responsabilização dos 
violadores da ordem jurídica. Assim, a primeira terá por 
objetivo impedir as ações anti-sociais, e a segunda, punir 
os infratores da lei penal. 
Ressalte-se, no entanto, que embora o caráter de uma 
seja EMINENTEMENTE preventivo e o de outra 
EMINENTEMENTE repressivo, ambas as formas de 
exercício de polícia possuem mecanismos tanto 
repressivos quanto preventivos. Observe, por exemplo, 
a polícia administrativa aplicando multas ou realizando 
apreensões, nestes casos ela não está mais prevenindo e 
sim reprimindo. O mesmo ocorre quando se verifica a 
ocorrência de fiscalizações preventivas de rotina da 
Polícia Federal nos aeroportos, no âmbito dos voos 
internacionais. 
 
 
 
 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
16 
 Finalidad
e 
Atuação Incidênc
ia 
Regência 
Polícia 
admi-
nistrativa 
Predis-
põe-se 
unica-
mente a 
impedir 
ou parali-
sar ativi-
dades 
anti-soci-
ais. 
Atua 
por 
meio de 
órgãos 
da 
Adminis
tração 
Sobre os 
bens e 
direitos 
Normas 
adminis-
trativas 
Polícia 
judiciária 
Preor-
dena-se à 
responsa-
bilização 
dos viola-
dores da 
ordem ju-
rídica 
Atua 
por 
meio da 
polícia 
de 
seguran
ça 
Sobre 
pessoas 
Direito 
Processu
al Penal 
 
Características ou Atributos do poder de polícia: 
discricionariedade, auto-executoriedade e 
coercibilidade. 
A discricionariedade do poder polícia refere-se à 
faculdade da administração pública de decidir qual o 
melhor momento de agir, qual o meio de ação mais 
adequado e qual a sanção cabível diante das previstas na 
norma legal. 
Porém, em outros casos, a lei já estabelece que, diante 
de determinadas situações a administração pública terá 
que adotar uma solução previamente estabelecida, sem 
margem de opção; são hipóteses em que o poder de 
polícia será vinculado (ex: licença – uma vez preenchidos 
os requisitos previstos em lei a Administração é obrigada 
a concedê-la). 
A auto-executoriedade é a faculdade de a administração 
decidir e executar diretamente sua decisão por seus 
próprios meios, sem intervenção do poder judiciário. No 
entanto, é importante lembrar que para utilizar-se disto 
é necessária a expressa autorização da lei ou em casos de 
medidas urgentes, situações em que poderá ocorrer um 
prejuízo maior para o interesse público. 
A coercibilidade significa a possibilidade da 
administração pública impor a decisão administrativa 
proferida, independentemente da manifestação de 
vontade por parte do particular, autorizando ainda, o 
emprego de força para o seu cumprimento. O uso da 
força física pela administração, nas situações 
necessárias, é justificado por meio desse atributo, 
tornando-o, assim, indissociável da auto-
executoriedade. 
 
DELEGAÇÃO DO PODER DO POLÍCIA: 
É importante ressaltar que a maioria da doutrina, 
baseada no entendimento de que o poder de império é 
próprio e privativo do poder público, não admite a 
delegação do poder de polícia a pessoas da iniciativa 
privada, ainda que se trate de uma delegatária de serviço 
público. O STF no julgamento da ADI 1717/DF de 2002, 
decidiu que o exercício do poder de polícia não pode ser 
delegado a entidades privadas. 
É possível, no entanto, sua outorga a entidades de 
Direito Público da Administração Indireta, como as 
agências reguladoras (ANA, ANEEL, ANATEL, etc.), as 
autarquias corporativas (CFM, CFO, CONFEA, etc). Neste 
caso a doutrina consagrou a expressão “poder de polícia 
derivado” para referir-se ao exercício de polícia pelas 
entidades públicas descentralizadas. 
Controversa é a possibilidade do poder de polícia ser 
delegado a entidades integrantes da Administração 
Indireta que tenham personalidade de direito privado – 
Sociedades de Economia mista, Empresas Públicas e 
Fundações Públicas de direito privado. A orientação 
tradicional da doutrina é de que o referido poder só pode 
ser exercido por pessoas jurídicas de direito público. 
Porém, de acordo com recente entendimento do STJ, 
devem ser consideradas as quatro atividades relativas ao 
poder de polícia: legislação, consentimento, fiscalização 
e sanção. Assim, legislação e sanção constituem 
atividades típicas da Administração Pública e, portanto, 
indelegáveis. Consentimento e fiscalização, por outro 
lado, não realizam poder coercitivo e, por isso podem 
ser delegados. Observe a decisão: 
“ADMINISTRATIVO. PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO. 
SANÇÃO PECUNIÁRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE 
ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. No que 
tange ao mérito, convém assinalar que, em sentido 
amplo, poder de polícia pode ser conceituado como o 
dever estatal de limitar-se o exercício da propriedade e 
da liberdade em favor do interesse público. A 
controvérsia em debate é a possibilidade de exercício do 
poder de polícia por particulares (no caso, aplicação de 
multas de trânsito por sociedade de economia mista). 3. 
As atividades que envolvem a consecução do poder de 
polícia podem ser sumariamente divididas em quatro 
grupo, a saber: (i) legislação, (ii) consentimento, (iii) 
fiscalização e (iv) sanção. 4. No âmbito da limitação do 
exercício da propriedade e da liberdade no trânsito, 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
17 
esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece 
normas genéricas e abstratas para a obtenção da 
Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão 
da carteira corporifica a vontade o Poder Público 
(consentimento); a Administração instala equipamentos 
eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade 
estabelecida em lei (fiscalização); e também a 
Administração sanciona aquele que não guarda 
observância ao CTB (sanção). 5. Somente o atos relativos 
ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois 
aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do 
poder de coerção do Poder Público. 6. No que tange aos 
atos de sanção, o bom desenvolvimento por particulares 
estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro - 
aplicação de multas para aumentar a arrecadação.” (STJ, 
REsp 817534 / MG) 
 
FATOS ADMINISTRATIVOS 
A noção de fato administrativo tem o sentido da 
atividade material no exercício da função administrativa, 
que visa ter efeitos de ordem prática para aadministração. Exemplos são: apreensão de 
mercadorias, dispersão de manifestantes, 
desapropriação de bens privados, etc. Enfim, refere-se a 
tudo aquilo que altera a dinâmica da Administração, é 
uma verdadeira movimentação na ação administrativa. 
Pode-se constatar que os fatos administrativos podem 
ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos 
voluntários se materializam de duas maneiras: 
1º Por atos administrativos – que formalizam a 
providência desejada pelo administrador através da 
manifestação da vontade; 
2º Por condutas administrativas – que refletem os 
comportamentos e as ações administrativas, sejam, ou 
não, precedidas pelo ato formal. 
Já os fatos administrativos naturais são aqueles que se 
originam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se 
refletem na órbita administrativa. 
Assim, quando se fizer referência a fato administrativo, 
deverá estar presente unicamente a noção de que 
ocorreu um evento dinâmico da Administração. 
 
 
 
 
 
 
SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
 
A expressão “serviço público” é costumeiramente 
utilizada em um sentido subjetivo, quando se refere ao 
conjunto de órgãos e entidades que desempenham 
atividade administrativa, ou em um sentido objetivo, 
quando se refere a uma determinada coleção de 
atividades. 
A conceituação do serviço público, extremamente 
variável em nossa doutrina pátria, adota basicamente 
duas faces: conceitos em sentido amplo e em sentido 
restrito. 
Em sentido amplo a expressão “serviço público” é 
empregada como sinônimo de função pública ou 
atividade pública. Abrange, portanto, o conjunto de 
todas as atividades exercidas sob o regime jurídico de 
direito público, incluindo a atividade legislativa, de 
governo (formulação de políticas públicas) e as 
atividades da administração pública em sentido formal e 
prestadas pelos delegatários. 
No entanto, é mais comum que se adote uma acepção 
ampla em que a ideia do serviço público é tida como: a 
atividade da administração em sentido material, o 
exercício do poder de polícia, as atividades de fomento e 
a intervenção (excluídas as atividades econômicas 
prestadas pelo Estado). Ficam excluídos, portanto, as 
atividades legislativa e judicial e a atividade de governo. 
Em sentido estrito, nossos doutrinadores têm 
considerado serviço público como aquele prestado 
diretamente à população, pela administração pública ou 
por seus delegatários, e as atividades internas da 
administração. Também se verifica o conceito, ainda 
mais restrito, onde o serviço público é tão somente a 
atividade prestada pela administração ou por seus 
delegatários, fruída diretamente pela população. 
Para efeito de nosso estudo, conceituaremos o serviço 
público como todo aquele prestado pela administração 
pública ou por seus delegados, sob normas e controles 
estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou 
secundárias da coletividade ou simples conveniência do 
Estado. (Hely Lopes Meireles). 
Os elementos necessários para a caracterização de 
serviço público são: 
Elemento Subjetivo - o serviço público é sempre 
incumbência do Estado. É permitido ao Estado delegar 
determinados serviços públicos, sempre através de lei e 
sob regime de concessão ou permissão e por licitação. É 
o próprio Estado que escolhe os serviços que, em 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
18 
determinado momento, são considerados serviços 
públicos. Ex.: Correios; telecomunicações; radiodifusão; 
energia elétrica; navegação aérea e infraestrutura 
portuária; transporte ferroviário e marítimo entre portos 
brasileiros e fronteiras nacionais; transporte rodoviário 
interestadual e internacional de passageiros; portos 
fluviais e lacustres; serviços oficiais de estatística, 
geografia e geologia – IBGE; serviços e instalações 
nucleares; Serviço que compete aos Estados - 
distribuição de gás canalizado; 
Elemento Formal – o regime jurídico, a princípio, é de 
Direito Público. Quando, porém, particulares prestam 
serviço em colaboração com o Poder Público o regime 
jurídico é híbrido, podendo prevalecer o Direito Público 
ou o Direito Privado, dependendo do que dispuser a lei. 
Em ambos os casos, a responsabilidade é objetiva. (os 
danos causados pelos seus agentes serão indenizados 
pelo Estado) 
Elemento Material – o serviço público deve 
corresponder a uma atividade de interesse público. 
 
Esses serviços podem ser delegados a outras entidades 
públicas ou privadas, na forma de concessão, permissão 
ou autorização. 
 
Distribuição constitucional das competências para a 
prestação dos serviços públicos: 
Segundo a Constituição Federal, a execução dos serviços, 
diretamente ou mediante os delegatários, é assim 
disposta: 
Art. 21 (dispõe as competências exclusivas da União): 
a) manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; 
b) explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão, os serviços de 
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre 
a organização dos serviços, a criação de um órgão 
regulador e outros aspectos institucionais; 
c) explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão: os serviços de radiodifusão 
sonora, e de sons e imagens; os serviços e instalações de 
energia elétrica e o aproveitamento energético dos 
cursos de água, em articulação com os Estados onde se 
situam os potenciais hidroenergéticos; a navegação 
aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; os 
serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre 
portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que 
transponham os limites de Estado ou Território; os 
serviços de transporte rodoviário interestadual e 
internacional de passageiros e os portos marítimos, 
fluviais e lacustres; 
d) organizar e manter os serviços oficiais de estatística, 
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional. 
Art.25 (competências dos Estados-membros): A 
Constituição Federal atribui a chamada competência 
residual ou remanescente aos estados, ou seja, mesmo 
não estando expressamente enumeradas, competem 
aos estados as matérias que não tenham sido atribuídas 
discriminadamente à União, nem aos municípios. 
Adotando o sentido estrito de serviço público apenas há 
uma competência expressa: explorar diretamente, ou 
mediante concessão, os serviços locais de gás 
canalizado, na forma da lei. O STF já teve oportunidade 
de decidir que é de competência dos estados-membros 
a exploração e regulamentação do serviço de transporte 
rodoviário intermunicipal de passageiros (ADI 2.349/ES, 
rel. Min. Eros Grau, 31.08.2005). 
 
Art. 30 (competências dos municípios). Os municípios 
têm a chamada competência de interesse local. Não há 
uma enumeração expressa e taxativa desses assuntos, 
nem seria possível, dada a ampliação constante da gama 
de demandas sociais a serem atendidas pelo poder 
público, porém é cabível destacar: 
a) organizar e prestar, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, os serviços públicos de 
interesse local, incluído o de transporte coletivo que tem 
caráter essencial; 
b) manter, com a cooperação técnica e financeira da 
União e dos estados, programas de educação infantil e 
de ensino fundamental; 
c) prestar, com a cooperação técnica e financeira da 
União e dos estados, serviços de atendimento à saúde da 
população. 
Além disso, o STF decidiu que os serviços funerários 
constituem serviços municipais. 
 
Competências comuns: 
a) cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e 
garantia das pessoas portadoras de deficiência; 
b) proteger os documentos, as obras e outros bens de 
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as 
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
c) proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação 
e à ciência; 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
19 
d) proteger o meio ambiente e combater a poluição em 
qualquer de suas formas; 
e) promover programas de construção de moradias e a 
melhoriadas condições habitacionais e de saneamento 
básico. 
 
Ao Distrito Federal competem, em regra, os serviços 
públicos de competência dos estados, cumulativamente 
com os de competência dos municípios. 
 
Classificação dos serviços públicos 
Os serviços públicos podem ser classificados de diversas 
formas 
 
1. Quanto à essencialidade: 
Serviços públicos propriamente ditos ou originários – 
prestados pela Administração diretamente à 
comunidade por reconhecer a necessidade para a 
sobrevivência do grupo social. Exemplo: hospitais 
públicos e polícia. 
Serviços de utilidade pública ou derivados – prestados 
pela Administração diretamente ou por terceiros, têm 
sua conveniência reconhecida. Exemplo: transporte 
coletivo e fornecimento de energia. 
 
2. Quanto aos destinatários: 
Serviços uti universi ou gerais – satisfazem 
indiscriminadamente a coletividade. Indivisíveis, não 
mensuráveis. Exemplo: serviço de esgoto. 
Serviços uti singuli ou individualizáveis – satisfazem os 
usuários individualmente. Ex: telefonia. 
 
3. Quanto à adequação: 
Serviços próprios do Estado – inerentes à soberania do 
Estado, como a defesa nacional ou a polícia judiciária. 
Executados diretamente pela administração que usa sua 
supremacia sobre os administrados. Não cabe delegação. 
Em geral gratuitos ou de baixa remuneração, para que 
fiquem ao alcance de todos os membros da coletividade. 
Serviços impróprios do Estado – os que não afetam 
substancialmente as necessidades da comunidade e 
podem ser prestados por terceiros, geralmente 
mediante remuneração dos próprios usuários. 
 
4. Quanto ao objeto ou finalidade 
Serviços administrativos – executados pela 
administração para o atendimento das suas 
necessidades internas ou para preparar a prestação de 
outros serviços para o público. 
Serviços empresariais – executados pela administração 
de forma direta ou indireta para acolher necessidades 
coletivas de ordem econômica. 
5. Quanto à compulsoriedade 
Serviços compulsórios – não podem ser recusados, tais 
como a coleta de lixo, esgoto, etc. 
Facultativos – pode ser utilizado ou não. Exemplo: 
transporte coletivo. 
6. Quanto a titularidade – federais, estaduais, municipais 
e comuns. 
 
Regulamentação dos serviços públicos 
Os serviços públicos só podem ser executados se houver 
uma disciplina normativa que os regulamente, vale dizer, 
que trace as regras através das quais se possa verificar 
como vão ser prestados. Essa disciplina 
regulamentadora, que pode ser formalizada através de 
leis, decretos e outros atos regulamentares, garante não 
só o Poder Público como também o prestador do serviço 
e, ainda em diversas ocasiões os próprios usuários. 
A regulamentação do serviço público cabe à entidade 
que tem competência para prestá-lo. O poder 
regulamentar encerra um conjunto de faculdades legais 
para a pessoa titular do serviço. Pode ela estabelecer 
regras básicas e, depois, poderá optar por executá-lo 
direta ou indiretamente, neste caso celebrando 
contratos de concessão, e/ou quando necessário, 
retomando-o para si. 
 
Controle 
Além do poder de regulamentação, a competência 
constitucional para a instituição do serviço confere ainda 
o poder de controlar sua execução. 
O controle é inerente à titularidade do serviço. Se a 
determinada pessoa federativa (U, E, DF ou M) foi dada 
competência para instituir o serviço, é seu dever apurar 
as condições em que é prestado. 
O controle pode ser interno, quando a verificação disser 
respeito aos órgãos da Administração que exercem a 
atividade ou externo, quando a Administração fiscaliza 
os particulares colaboradores ou quando verifica 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
20 
aspectos administrativo, financeiro e institucional da 
Administração Indireta. 
 
Princípios do serviço público 
I — Princípio de permanência que impõe a continuidade 
no serviço (Princípio da continuidade do serviço público); 
Esse princípio indica que os serviços públicos não devem 
sofrer interrupção. Aqui repousa uma polêmica: há ou 
não a possibilidade de suspensão dos serviços públicos? 
A resposta parece estar no entendimento de que, em se 
tratando de serviços compulsórios, estes não podem ser 
suspensos. Quando se fala de serviços facultativos, e em 
caso de inadimplência do usuário, a situação é permitida. 
Já existe entendimento dos Tribunais nesse sentido. 
Note-se que também existe a possibilidade do usuário 
não ter se aparelhado de forma adequada para receber 
o serviço, hipótese em que o poder público não poderá 
prestar a atividade, enquanto o usuário não atender aos 
requisitos técnicos necessários para tanto. 
 
II — Princípio da generalidade que estabelece serviço 
igual para todos; 
O princípio da generalidade apresenta-se com duas 
faces: de um lado, os serviços públicos devem ser 
prestados a maior amplitude possível, ou seja, deve 
beneficiar o maior número possível de pessoas; por 
outro lado, também devem ser os serviços públicos 
prestados sem qualquer espécie de discriminação entre 
os beneficiários, quando tenham estes as mesmas 
condições técnicas e jurídicas para o aproveitamento do 
serviço (isonomia). Por este motivo alguns autores 
chama este princípio de princípio da igualdade dos 
usuários. 
 
III — Princípio da eficiência que exige adequação e 
resolutibilidade do serviço; 
Conexo ao princípio da continuidade, o princípio da 
eficiência prevê que o Poder Público se atualize com os 
novos processos tecnológicos, de modo que a execução 
seja mais proveitosa com menor dispêndio. 
 
IV — Princípio da cortesia que se traduz em bom 
atendimento e digno tratamento para com o público. 
Em relação a este último princípio, o mencionado autor 
faz um destaque para afirmar que os direitos dos 
usuários se configuram como direitos cívicos que dão 
ensejo à exigibilidade da prestação do respectivo serviço 
frente aos órgãos aos quais foram cometidas as 
atribuições pertinentes. 
 
V - O princípio da modicidade 
 Alguns autores também apontam este princípio, 
que se refere ao fato de que os serviços públicos devem 
ser remunerados a preços módicos, devendo o Poder 
Público avaliar o poder aquisitivo do usuário para que, 
por dificuldades financeiras não seja ele impedido de 
usufruir de tais prestações de serviços. Afinal, o lucro, 
meta da atividade econômica capitalista, não é objetivo 
da função administrativa. 
 
VI – Princípio da mutabilidade do regime jurídico (ou 
flexibilidade dos meios aos fins) 
 Este princípio se traduz no fato de que o regime 
jurídico pode sofrer alterações visando adaptá-lo ao 
interesse público, que se demonstra variável no tempo. 
 
VII – Princípio da Regularidade: Significa que a execução 
não deve apresentar variação nas características 
técnicas de sua prestação ao usuário. Tais características 
devem estar presentes expressas em normas jurídicas, 
sejam as legais, as contratuais ou as regulamentares. 
 
VIII – Princípio da atualidade: determina que o serviço 
seja prestado de acordo com as técnicas mais atuais. 
 
IX – Princípio da segurança: o serviço público não pode 
colocar em risco a vida dos administrados, os 
administrados não podem ter sua segurança 
comprometida pelos serviços públicos. 
 
Formas e meios de prestação de serviços 
A administração pública presta seus serviços de forma 
centralizada, descentralizada e desconcentrada. A 
execução pode ser direta ou indireta. 
- serviço centralizado: a prestação é centralizada quando 
a atividade é realizada por meio dos órgãos que o 
compõem, em seu próprio nome e sob sua inteira 
responsabilidade. 
- serviço descentralizado: ocorre quando a prestação do 
serviço é feito por outra pessoa que não a administração. 
Nesse caso, esta transferência de titularidade ou de 
execução ocorre por outorga ou por delegação. No caso 
da outorga, a administração transfere o serviço para 
uma nova entidade estatal, mediante lei. Ex: criação de 
POLÍCIA MILITAR DO ALAGOAS - PMAL

Continue navegando